O RENASCIMENTO
COMPONENTES HISTÓRICOS
O século XV inaugurava um novo período do processo histórico da Europa ocidental:
possuir terras já não era mais sinônimo seguro de poder; as relações sociais de
dominação e exploração também não eram mais as mesmas do mundo feudal.
Tendo sua origem no feudalismo, o mundo moderno evoluiria até culminar no seu
oposto – o capitalismo do mundo contemporâneo. Assim, em muitos aspectos, o
mundo moderno constituiu uma negação do mundo medieval, embora ainda não se
caracterizasse como um todo sólido, maduro, apresentando-se como uma época de
transição
Entre os séculos XV e XVIII, estruturou-se uma nova ordem sócieconômica,
denominada capitalismo comercial. Durante esse período, a nobreza passou a
buscar meios para se impor segundo os novos padrões econômicos.
Por seu lado, a burguesia, mesmo prosperando nos negócios, estava longe de ser
a classe social dominante, com prestígio junto à aristocracia
Com as cruzadas, no início da Baixa Idade Média, processou-se um conjunto de
alterações socioeconômicas, decorrentes do renascimento do comércio, da
urbanização e do surgimento da burguesia.
Cada vez mais ganhavam terreno e economia de mercado, as trocas monetárias,
a preocupação com o lucro e a vida urbana.
Por um lado, o mundo medieval se encerrava em crise (guerras e peste); por outro,
a Idade Moderna nascia com o início da expansão marítima e declínio do feudalismo,
afirmou-se uma nova tendência: o capitalismo comercial.
O ressurgimento do comércio na Europa e a exploração colonial do Novo Mundo
americano e afro-asiático propiciaram a ascensão vertiginosa da economia mercantil.
A expropriação das terras comuns e a exploração do trabalho possibilitaram
uma gradativa e crescente ampliação de riquezas nas mãos dos donos de terra e
dos meios de produção – a chamada acumulação primitiva de capitais.
Planisfério de Cantino, 1502.
Nas cidades, as relações produtivas também eram mescladas: o artesanato, praticado
em oficinas nas quais o mestre artesão os artesãos auxiliares eram produtores e
donos dos meios de produção, e as manufaturas, em que se processavam relações
de cunho capitalista
Dessa forma,
A sociedade de ordens (clero, nobreza e povo)
proprietários de terras (clero e nobreza)
Uma sociedade de classes
trabalhadores (servos, camponeses livres )
burguesia (mercantil, manufatureira)
O Estado moderno retratou a transição do período, refletindo os interesses dos grupos
sociais em conflito. O Estado característico da época moderna é conhecido como
absolutista, na medida que o poder estava concentrado nas mãos do rei e de seus
ministros, monopolizando também a vida política.
para sustentar os privilégios e estilo de vida
da côrte.
O mercantilismo caracterizou-se por ser uma política de controle e incentivo, por meio
do qual o Estado buscava garantir o seu desenvolvimento comercial e financeiro,
fortalecendo, ao mesmo tempo, o próprio poder.
Cada Estado procurou as medidas que mais se ajustavam ás suas peculiaridades:
alguns concentraram-se na exploração colonial, na obtenção de metais preciosos;
outros, nas atividades marítimas e comercial; e outros, ainda, optaram por incentivar
a produção manufatureira
Características
básicas do
mercantilismo
metalismo
balança comercial favorável
protecionismo
Dentro da lógica mercantilista, Portugal e Espanha iniciaram seus movimentos de
expansão.
Portugal inicia sua expansão com a conquista do entreposto comercial árabe de Ceuta
em 1415. A partir da segunda metade do século XV, Portugal já dispõe de
conhecimento para atingir longínquos territórios, culminando com a “descoberta do
Brasil”
A Espanha patrocinou Cristóvão Colombo, que acreditava na esfericidade da Terra e
imaginava ser possível atingir as Índias a partir do Ocidente. Conquistará grande parte
do Novo Continente.
A efervescência cultural da Renascença impulsionou o estudo do homem e da
natureza. O universo já não era mais aceito como obra sobrenatural, fruto dos
preceitos cristãos. O espírito crítico do homem partiu para a ciência experimental,
a observação, a fim de obter explicações racionais para os fenômenos da natureza.
Surgem então alguns grandes nomes da ciência.
A RAZÃO
No Renascimento, há uma retomada de vários valores da antiguidade clássica.
Entre eles está a retomada de um certo tipo de razão.
O sentido que os homens da renascença darão para a razão é tomado diretamente
da filosofia grega.
A palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega
logos . Na origem destas palavras estão antigos verbos que significam contar, medir,
reunir, juntar, calcular.
Quando contamos, medimos, reunimos, juntamos ou calculamos, estamos pensando
de forma ordenada e para expressarmos essa ordem usamos palavras (é bom
lembrar que os gregos e romanos usavam letras para se referir aos números)
Por isso, a razão significa pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção,
com clareza e de modo compreensível para o outro. Assim, na origem a razão é a
capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente para pensar
e dizer as coisas tais como são.
A razão é uma maneira de organizar a realidade (medir, contar,reunir, juntar, calcular)
pela qual esta se torna compreensível. É, também, a confiança de que podemos
organizar e ordenar as coisas porque são organizáveis, ordenáveis por elas mesmas.
Desde o começo da
filosofia, a origem da
palavra razão fez com
que ela fosse
considerada oposta a
quatros outras atitudes
mentais.
Ao conhecimento ilusório, isto é, ao conhecimento da mera
aparência das coisas que não alcança a realidade ou verdade
delas. As ilusões criam as opiniões que variam de pessoa
para pessoa e de sociedade para sociedade. A razão se
opõe à mera opinião
Às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas,
caóticas, desordenadas, contrárias umas às outras, ora
dizendo “sim” a alguma coisa, ora dizendo “não” a essa mesma
coisa. A razão é vista como atividade ou ação (intelectual e
da vontade) oposta à paixão.
À crença religiosa, pois nesta, a verdade nos é dada pela fé
numa revelação divina, não dependendo do trabalho do
conhecimento realizado pela nossa inteligência
Ao êxtase místico, no qual o espírito acredita estar em relação
direta com o ser divino e participar dele, sem nenhuma
interferência do intelecto, nem da vontade. Pelo contrário,
o êxtase místico exige um estado de abandono.
Os princípios da razão apresentam algumas características importantes e imutáveis:
Não possuem conteúdo determinado, pois são formas: indicam como as coisas devem
ser pensadas, mas não nos dizem quais coisas são nem quais os conteúdos que
devemos ou vamos pensar;
Possuem validade universal, isto é, onde houver razão, em todo tempo e em todo
lugar, tais princípios são verdadeiros e empregados por todos (os humanos) e
obedecidos por todos (coisas, fatos, acontecimentos)
São necessários, isto é, indispensáveis para o pensamento e para a vontade. Indicam
que algo é assim e não pode ser de outra maneira. Necessário significa que é
impossível que não seja dessa maneira e que possa ser de outra.
No renascimento, os estudiosos acreditam na corrente filosófica chamada de
empirismo.
Para os empiristas, a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por nós
pela experiência. Antes da experiência, o empirismo diz que nossa razão é como uma
folha em branco, onde nada foi escrito. Somo como uma cera sem forma e sem nada
impresso nela, até que a experiência venha escrever na folha ou dar forma à cera.
Nicolau Copérnico
Copérnico foi o primeiro cientista
a formular matematicamente a
hipótese de um sistema
heliocêntrico, isto é um sistema
planetário com o sol em seu
ponto central.
A teoria aceita até então e
defendida pela Igreja era o
geocentrismo ptolomaico, que
colocava a Terra no centro do
universo.
Capa do famoso livro de Nicolau Copérnico,
no qual demonstra sua hipótes de um sistema
heliocêntrico: De revolutionibus Orbium
Celestium
Galileu Galilei
Eppur Si Muove
Galileu Galilei desenvolveu os primeiros
estudos sistemáticos do movimento
uniformemente acelerado e do movimento do
pêndulo.
Descobriu a lei dos corpos e enunciou o
princípio da inércia e o conceito de referencial
inercial, ideias precursoras da mecânica
newtoniana.
Galileu melhorou significativamente o
telescópio refrator e com ele descobriu as
manchas solares, as montanhas da Lua, as
fases de Vênus, quatro dos satélites de
Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via
Láctea. Estas descobertas contribuíram
decisivamente na defesa do heliocentrismo.
Contudo a principal contribuição de Galileu foi
para o método científico, pois a ciência
assentava numa metodologia aristotélica.
Giordano Bruno
Elevado à categoria de mártir do livre
pensar
Um dos pontos chaves de sua cosmologia é
a tese do universo infinito e povoado por uma
infinidade de estrelas, como o Sol, e por
outros planetas, nos quais, assim como na
Terra, existiria vida inteligente
Johannes Kepler
figura-chave da revolução
científica do século XVII. É mais
conhecido por formular as três
leis fundamentais da mecânica
celeste, conhecidas como Leis de
Kepler. Elas também forneceram
uma das bases para a teoria da
gravitação universal de Isaac
Newton.
Nicolau Machiavel
É reconhecido como fundador do
pensamento e da ciência política moderna,
pelo fato de haver escrito sobre o Estado e
o governo como realmente são e não
como deveriam ser.
Andreas Versalius
A falta de aulas práticas de
anatomia na Universidade de Paris
acabou levando Versalius, assim
como Michelangelo, a frequentar
cemitérios em busca de ossadas de
criminosos executados e vítimas de
praga.
sua principal obra, que foi concluída
em 1543 após inúmeras
dissecações de cadáveres
humanos. É uma espécie de atlas
do corpo humano ricamente
ilustrado, dividida em sete partes –
ossos, músculos ,sistema
circulatório , sistema nervoso ,
abdômen , coração, pulmões e
cérebro .
O Renascimento retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas do mundo.
Aos poucos, o método experimental passou a ser o principal meio de se alcançar
o saber científico da realidade
A verdade racional precisava ser sempre comprovada na prática empiricamente.
Assim, estavam lançados os fundamentos que derrubariam definitivamente o
pensamento escolástico, fundamentada na fé. A crítica, o naturalismo, a dimensão
humana culminaram no racionalismo, no empirismo científico dos séculos XVII e
XVIII.
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Renascimento 1