ORIENTAÇÕES BÁSICAS SOBRE
ELABORAÇÃO DE MONOGRAFIA OU
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
1. Trabalho científico
O trabalho de conclusão de curso universitário consiste num trabalho de
iniciação científica.
Um trabalho científico, ainda que voltado à graduação, somente se justifica se o
pesquisador/orientando conseguir visualizar a importância e a relevância do
TEMA escolhido, as dificuldades a serem enfrentadas no universo da pesquisa,
a problemática e principalmente, o método de trabalho e as variáveis acerca da
sua conclusão, as quais somente se justificam em razão da sua incerteza quanto
ao seu universo de atuação.
É isso que o professor Eduardo de Oliveira Leite tem sustentado em sua obra
Monografia Jurídica
“Todo o estudioso que se propõe a realizar um trabalho de
pesquisa
de
certa
envergadura
encontra-se,
inevitavelmente, num estado de perplexidade decorrente
de inúmeras e infinitas variáveis que se apresentam à sua
curiosidade e observação de pesquisador.
As questões relativas ao estabelecimento de objetivos,
determinação do valor da pesquisa bem como dos
obstáculos a enfrentar, a escolha dos métodos viáveis e a
coleta dos dados são alguns dos aspectos que se colocam
primeiramente a desafiar a argúcia do pesquisador, muito
antes de qualquer preparação preliminar”1
Sendo assim, é muito importante que o orientador em conjunto com o
orientando/pesquisador determine um método de trabalho, suas etapas e os
processos a serem enfrentados ordenadamente na busca da verdade sobre o
TEMA escolhido. Daí a importância da METODOLOGIA CIENTÍFICA.
Como bem destaca o professor Eduardo de Oliveira Leite
1
Leite. Eduardo de Oliveira. Monografia Jurídica. 9ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2011, p. 15
“... a metodologia científica, como ciência auxiliar das
demais e como campo de treinamento da atividade
intelectual e da pesquisa, deveria ter lugar de destaque
nos cursos superiores, desenvolvendo o hábito do estudo,
da reflexão, do rigor da análise, da crítica e da
documentação, muito antes de introduzir o discente no
trabalho de pesquisa, ou informa-lo sobre a filosofia do
Direito”2
Todo o trabalho científico nasce fundamentalmente da dúvida do pesquisador
acerca do TEMA; por isso é correto dizer que todo o trabalho científico é crítico,
rigoroso, objetivo e se justifica nas incertezas do próprio pesquisador. Eis aqui a
justificativa ou a premissa de qualquer trabalho científico: a dúvida.
Descartes propôs um método para a iniciação científica, o qual é composto por 4
(quatro) regras a:
1 – evidência;
2 – análise;
3 – síntese;
4 – enumeração.
1.1 Regra da Evidência
Consiste na não aceitação de nada como verdadeiro que não seja reconhecido
pela sua evidência. A coisa deve ser clara!
1.2 Regra da análise
Consiste em analisar as dificuldades a serem enfrentadas no universo da
pesquisa, desmembrando-as em partes para melhor resolvê-las.
1.3 Regra da síntese
Segundo o professor Eduardo de Oliveira Leite a “regra da síntese consiste em
conduzir os pensamentos por ordem, começando pelos objetos mais simples e
mais fácies de conhecer, para ir pouco a pouco, gradualmente, até aos
conhecimentos mais complexos, supondo que haja uma ordem entre os objetos
que não procedem naturalmente uns dos outros”3
1.4 Regra da enumeração
2
3
Op. cit. p.. 15
Op. cit. p. 19
Num trabalho científico, nada se pode omitir.
1.2 Trabalho eficiente
Segundo a maioria dos pesquisadores, um trabalho eficiente é aquele que é
desenvolvido com base em 3 (três) regras básicas:
1 – Ser preciso;
2 – Ser exaustivo;
3 – Ser claro.
1.2.1 Ser preciso
É muito comum em pesquisadores iniciantes, em fase de prospecção, a busca
por uma vasta referência bibliográfica, sem, contudo, o mínimo de cuidado:
Referências bibliográficas, fontes, páginas corretas, datas, autores.
Atualmente, a internet tem se mostrado para a maioria dos universitários um
instrumento interessante de pesquisa, isto porque, o mundo contemporâneo
requer informações rápidas, as quais muito das vezes imprecisas.
Isso não significa dizer que o pesquisador não se pode valer da internet como
meio de pesquisa; ao contrário, é inegável a sua importância para o mundo
acadêmico, desde que o ele se vala de algumas regras básicas, aplicáveis a
qualquer pesquisa científica:
A representatividade do autor na comunidade científica;
As fontes - originais;
A veracidade das informações;
A autenticidade das informações;
As datas, o número da página entre outras.
1.2.2 Ser exaustivo
Diz respeito à anotação das referências sem omissões. Portanto, qualquer obra,
citação ou referência dever completa. Esgotar a fonte de consulta. A utilização
de um fichário, é sempre recomendada.
1.2.3 Ser claro
O pesquisador nunca poderá perder vista que “escreve para outros”, uma vez
que sua tese não é algo imaginário, ao contrário, é algo de análise jurídica, de
reflexão, fruto de um trabalho científico. 4
Um bom trabalho científico fornece ao seu leitor um instrumento de referências,
de citações, de questionamentos, de variáveis e ao final, conclusões acerca do
trabalho.
Como já ressaltado neste texto, o pesquisador nunca poderá se esquecer “ele
escreve para os outros”, motivo pelo qual dever ser claro, por mais complexo
que possa ser o trabalho.
Para o professor Eduardo de Oliveira Leite
“Como a preocupação básica do autor será informar,
explicar e descrever ao leitor um determinado assunto,
tese deve se revelar um instrumento de trabalho maleável
que, sem esquecer a austeridade e disciplina comuns ao
trabalho científico, deve ser interessante s, sobretudo,
atraente.
Quando se escreve para os outros, o objetivo primeiro,
além da contribuinte de ideais pessoais, deverá ser o de
suprir o leitor com informações precisas e sérias.
(...) entenda-se aqui o rigor no sentido de nada informar
que não tenha sido totalmente verificado e analisado, sem
dissimular incertezas e assinalando os obstáculos
intransponíveis que ficam sem solução (...)”5
Não se pode, ademais, perder de vista que não existem regras para um “bom
estilo”, isto porque, cada pesquisador, cada indivíduo, através da sua produção,
revela o seu espírito, e o mais importante, suas capacidades intelectuais, digase, o seu “estilo”. Para Descartes “ (...) estilo; quanto mais simples e direito, mais
claro e adequado será (...)”.
1.3 Cronograma
Todo trabalho de pesquisa implica numa sequência de atos ou etapas sem a
qual o pesquisador ficaria sem rumo. Trata-se de uma garantia de que o trabalho
iniciado será terminado num prazo previamente estabelecido pelo pesquisador.
4
5
“Quanto maior o grau de entendimento, maior a clareza e vice-versa”
Op. cit. p. 30
Claro, o prazo previamente estabelecido é variável, dependendo de inúmeros
fatores, especialmente, do tipo de pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa
bibliográfica geralmente é mais rápida do que uma pesquisa de campo (coleta,
tabulação, codificação dos dados etc). Assim, o pesquisador poderá se valer do
cronograma como instrumento controlador da duração e da sequência dos atos
ou etapas da qual lançará mão no decorrer da sua pesquisa.
Como bem ressalta Cláudio de Moura Castro, em sua obra, A prática na
pesquisa – o cronograma se resume num “planejamento”. Assim, segundo o
autor, tem-se:
1 – Planejamento;
2 – Coleta de dados;
3 – Análise;
4 – Redação;
5 – Revisão.
1.5 Projeto de pesquisa
Como vimos, todo o trabalho científico requer um planejamento (cronograma).
Sendo assim, a maioria dos cursos de graduação e pós-graduação inseriram a
apresentação do projeto de pesquisa, como elemento determinante da
capacidade do candidato/aluno.
A capacidade, ora mencionada, não se limita apenas a capacidade intelectual do
candidato/aluno. Ela requer mais! Visa demonstrar ao professor orientador a
importância e a relevância da sua pesquisa para a comunidade
científica/estudiosos/mundo acadêmico.
Nesse sentido a importância do projeto de pesquisa, uma vez que ele se revela
imprescindível para determinar o sucesso ou não da pesquisa. Portanto, o
projeto de pesquisa visa indicar as intenções do pesquisador.
Com relação a relevância do projeto de pesquisa, pede-se a liberdade ao
professor Cláudio de Moura Castro, citado pelo também professor Eduardo de
Oliveira Leite
“toda pesquisa, por mais singela que possa se revelar
(como é o caso das monografias de conclusão de curso),
submete-se a uma fase preparatória de planejamento. “A
própria necessidade de sua realização deve ser
obrigatoriamente posta em questão. Devem estabelecer-se
certas diretrizes de ação e fixar-se uma estratégia global.
Certas decisões cruciais deverão ser colocadas em
primeiro plano, embora a vitalidade da pesquisa dependa
de um certo grau de flexibilidade que se deve manter. A
realização deste trabalho prévio é imprescindível”6
Segundo Castro, o projeto de pesquisa deve, no mínimo: “contamos para alguém
o que pretendemos fazer, por que fazer e como fazer”.
Ainda segundo o autor, o projeto de pesquisa deve conter 8 (oito) informações,
pelo menos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Determinação do tema;
Importância do tema (justificativa);
Lacuna no corpo do conhecimento (dúvida);
Formulação do problema;
Objetivo da pesquisa;
Esboço do plano (divisão do trabalho, subdivisões, capítulos, títulos,
subtítulos etc);
7. Bibliografia básica;
8. Cronograma de atividades.
2. Aspectos relevantes de um trabalho científico
2.1 Tema
2.1.2 Escolha do Tema
2.1.3 Delimitação do Tema
2.1.4 Importância do Tema
2.1.5 Viabilidade do Tema
2.2 Redação
2.2.1 Estrutura lógica
2.2.1.1 Introdução
2.2.1.2 Desenvolvimento
2.2.1.3 Conclusão
6
Op. cit. p. 41
Todo o trabalho científico é dividido em 3 (três) partes essenciais: a introdução, o
desenvolvimento e a conclusão.
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