Mp Mp SMIT, ATACA k1 ,mil, MOÇAMBÍQUE Montepio Deposite as suas economias nos bancos para serem aplicadas em actividades produtivas contribuindo assim para ~a Reconstrução Nacional .4. TROPAS DE SMITH INVADEM MOÇAMBIQUE A cerca do ataque desencadeado pelas tropas de Smith contra o nosso País, de que contamos dar mais pormenores em próximas edições, a Agência de In-. formação de Moçambique (AIM), divulgou no passado dia 1 a seguinte notícia: Tem lugar neste momento o maior ataque de sempre levado a cabo pelas tropas a soldo de lan Smith a território moçambicano. Esta invasão tem lugar na Província de Gaza - que faz fronteira com a Rodésia do Sul , a Africa do Sul - e na província de Tete - também fronteiriça com a Rodésia do Sul e onde se localiza a Barragem de Cahora Bassa-num momento em que os guerrilheivos do ZIPA organizam ataques em larga escala contra posições do exército de Smith, conforme foi também reconhecido por fontes oficiais de Salisbúria. O ataque a província de Gaza centra-se nas zonas de Chicualacuala e Chitanga, no distrito de Mavué, e teve início ontem pelas 5,25 horas da madrugada, estando os invasores racistas a utilizar tanques, canhões, morteiros, infantaria, aviões bombardeiros ýe cavalaria montada. Na provincia de Tete, o ataque teve também início ontem às 4 horas da madrugada, tendo as tropas de Smith utilizado o mesmo tipo de material de guerra. Nesta província, o ataque é feito em direcção às zonas de Changara, Nura, Chioco, Centu e Chicombizi, tendo o inimigo avançado sobre estas cinco posições. De acordo com informações provenientes das zonas de batalha, as Forças Populares de Libertação de Moçambique têm rechaçado estes ataques, estando firmes e determinadas a expulsar o invasor. A situação militar é ainda caracterizada por violentos combates. Na província de Gaza as forças inimigas pretendiam progredir em direcção a Mapai, tendo para isso cortado algumas linhas de comunicação, inclusive sabotando o troço da linha férrea entre a Malvérnia e o Mapai. Esta vila, que dista oitenta quilómetros da fronteira rodesiana, fora já alvo de ataques das tropas de Smith nos fins do passado mês de Junho, tendo destruído grande parte da povoação e provocado muitos mortos e feridos entre a população civil. Este ataque em larga escala, se por um lado demonstra o desespero e a agonia de Smith, por outro, revela n «vontade» do regime de permitir a passagem do poder para a maioria no Zimbabwe. ÚLTIMA HORA Informações divulgadas no dia 2 acrescentavam que as forças racistas atacaram a estação ferroviária do Mapai tendo nessa acção criminosa atacado um comboio de passageiros e sacrificado a vida de dez civis e ferido cerca de trinta pessoas, entre as quais mulheres e crianças. Entretanto, prosseguiam o s combates nas zonas de Chicualacuala, Lura e Chicumbizi, tendo-se registado um morto e um ferido do nosso lado, desconhecendo.se ainda o número de baixas do inimigo. Por outro lado, na fronteira de Changara, as forças inimigas foram retiradas pelas Forças Populares de Libertação de Moçambique e obrigadas e recuar até ao seu território, após longos combates. Uma Sugestão sobre a expue são de estudantes poz «co upÇão» sexuae Nos últimos tempos, tenho lido e ouvido na rádio çomunicados a res. peito de expulsão de estudantes «por corrupção sexual». Acho justo que o prevaricador pague pelo seu erro. O que me confun. de, nestes casos, é a função ética da publicidade. Não a alcanço e julgo ver duas razões contra ela: ,TEMPO, n.ý 318 - p&g, 2 1) Não exerce papel coercivo* junto da juventude estudantil. Mais forte do que ela é a pena da morte entre os assassinos e sabe-se que esta não eliminou os homicídios; 2) A sanção, como elemento punitivo, deve atingir Unicamente o deliquente; ultrapassando o desýinatdrio lá desempenha papel negativo: não serve a justiça então torna-se Injusta. E aqui reside, quanto- a mim, o senão da publicidade, já que atinge indistintamente o menor e o bom nome de todos os seus familiares como se estes, em vez de vítimas do comportamento daquele; fossem seus coniventes. Ignoro se o método aplicado foi sancionado por especialistas. Minha apreciaçdo fundamenta.se apenas no simples facto de, sendo pai, calcular o traumatismo psicológico que o impacto de uma noticia do género daquelas a que me venho reportando causaria em mim e nos meus, caso idêntica infelicidade ocorresse com familiar meu. Penso portanto, salvo o devido respeito por opinião em contrário, que a divulgação de tais factos se devia confinar estritamente ao meio estudantil porque são os estudantes os ,nios destinatários, ou, quando menos, os destinatários imediatos da coerção moral Insita na publiAdade. Quanto aos adultos, penso que.não é imperativo que todos tenham conhecimento destas tristezas, embora julgue indispensdvel que elementos idóneos expliquem aos pais as causas da expulsão. Isto não passa de uma sugestão que até pode não estar correcta, caso em que agradeceria uma explica ção plausíveL (A.A) N.R. É verdade que as consequências dos actos de um determinado jovem na escola ou noutra parte qualquer podem afectar «o bom nome dos seus familiares». Não Têm de ser, necessariamente, actos que envolvam prática sexual. A grande maioria do povo, a gran. de maioria das pessoas que toma conhecimento dos saneamentos feitos nas escolas ou, como aconteceu recentemente em Inhambane, saneamentos nas estruturas políticas, essa gente não tem oportunidade de conhecer de perto as pessoas envolvidas nem de conhecer as ramificações familiares ou de parentesco dos saneados. Uma escandaleira caseira têm, na realidade, efeitos mais Oinfelizes» quando nos acontece à porta. Todos nós sabemos como nas cidades ou no campo meio mgndo conhece a vida de outro meio mundo: os namoricos dos filhos, as infidelidades, as disussões nas nossas fletes (que não têm ísolamento de som) entre casais, etc, ete. Mas entremos na questão dos estu. dantes. O regime colonial-fascista mi. nou a mentalidade da nossa juventude. Os problemas da corrupção se. xual são apenas um sintoma mínimo dessa mentalidade. Os pais da juven. tude actual foram, eles próprios, minados por essa mesma ideológia, foram também vitimas do sistena colonial-fascista, até em mais elevado grau e, incconsciente e involuntariamente, terão contribuído para contaminar os seus filhos, a juventude actual. O nosso País necessita hoje de' uma juventude comprometida com a causa revolucionária. As nossas escolas são, como as define o Partido, uma base para o Povo tomar o Poder. Isto traduzido na, prática significa que o nosso estudante tem de aprender a fazer suas as grandes aspira. ções nacionais, o combate contra o subdesenvolvimento, contra a misé. ria, contra a fome. Potencialmente, o estudante é um futuro quadro do Par. tido ou do Governo. Um quadro do Partido ou do Governo tem de ser forjado ainda novo, incular-se-lhe quando ainda está na escola a noção de responsabilidade. Os problemas resolvidos dentro de quatro paredes, resolvidos a n~l de um estabeleèmento de ensino, têm o grande defeito de não permitirem que outras pessoas aprendam com as experiências adquiridas. No caso concreto dos saneamentos dos alunos quem deve aprender são, não só os alunos dos outros estabelecimentos de ensino, mas todos os Grupos Di. namizadores, todas as pessoas que, de facto, estão empenhadas na edifi1 cação de um Moçambique novo. Isto tem de ser feito mesmo que custe a dor de muitos pais porque são por corrupção que tem de ser combatida. Entendamo-nos: ainda reina muita confusão sobre o que é corrupção. Se o leitor desta carta nos perguntasse se é corrupção uma aluna en. gravidar do seu professor diríamos que sim. Se nos perguntasse se é corrupção uma menor engravidar de um adulto diríamos que sim e acrescentariamos que até os fascistas previam oito anos de prisão maior para tais casos. Se nos perguntasse se todas as relações sexuais são corrpção, diria. mos que não. Se nos pe untasse se em Moçambique queremo uma juven tude casta ao estilo da juventude católica ou das mil~cias fascistas, também diríamos que não. Simplesmen,te, qual a vantagem das mães de dezasseis anos, dos pais de dezassete anos? Nenhuma. Mais problemas po. líticos sociais a juntar aos graves problemas que já existem. Também se este leitor nos dissesse que todos os comunicados que foram publicados pecam por não esclarecer devidamente, por não aprofundarem as questões abordadas fazendo delas um Instrumento de estudo político mais denso, concordaríamos co. mo concordamos em como a pena de morte não elimina a criminalidade na sociedade mas serve para conter alguns criminosos que se escusam a actos mais ousados. "aeta de conttoeo na sectetazia da Di-ec cão P-ovincia2 de Educacão e cuetuta de 'Y¿ampuea Saudações de fraternidade e revoluciondrias a to d o s moçambicanos do Rovuma ao Maputo e bons sucessos de trabalhos da Reconstrução Nacional. Nesta Direcção Provincial de Educação e Cultura de Nampula, surgem c a s o s difíceis de compreender, na parte do pagamento dos Professores do Ensino primário. Há certos proles. sores que desde o Dezembro do ano findo,- até a data do ano em vigor, acusam de não terem recebido. Alguns contam já com. quatro, três e outros com dois me s e s sem ordenado. Por outro lado, hd certo grupinho que no fim de cada mês tem dinheiro nas mãos. Realmente esses que passam quatro a dois meses sem receber refere-se aos Monitores Escolares, aos professores de posto escolar isso sucede pouco. Essencialmente para os monitores do interior a Província passam seis a cinco meses sem dinheiro. No princípio, a Direcção desculpava-se dizendo que tinha instalações muito pequenas e possuíam poucos funcionários e prometeu mudar de instalações para maiores que aquelas. De certo, ,nós dávamos poucas razões visto que, o trabalho atrasava-se não devido às instalações por serem pequenas. A Direcção já mudou de instalações há meses atrás, e a situação mantém-se como dantes. Gostaríamos de .saber agora, o que é necessário, para que trabalhe em boas condições? Serd que as instalações continuam pequenas? E também nota-se outras observações: 1- Todos os meses são liquidados em primeiro lugar as folhas de vencimento dos d i.t o s professores de «E P <«TEMPO» n.o 318 - pag. 3 posto, mesmo que o coitadinho do monitor, seja o primeiro a meter a sua folha de vencimento. Seró que o monitor não tem direito de receber em primeiro 1 u g a r? E porque é que vai perder esse direito? Ou o referido não tem problemas a resolver com móxima urgência? Talvez não necessite de dinheiro? 2-Os funciondrios queixam-se de terem m u ito trabalho, de maneira que, o pagamento de vancimento demora devido a isso. Esses funcionórios abandonam o serviço e põem.se a passear cd fora, durante 2 ou mais quartos de hora. É do nosso prazer, sabermos e interrogarmos a esses camaradas ou senhores, com esse método de trabalhar, o serviço não aglomera? Depois dizem que tem muito trabalho. Pois tem razão, porque no dia, 25 de cada mês o vosso dinheiro estó nas vossas mãos deviam s a b e r as cfrcunstâncias dos vossos amigos!?... Qual serd o serviço dos vossos ser. ventes? Podemos colher informações porque é que tudo isso acontece? Agora, queriamos saber nas outras províncias do Pais se os mesmos ca. sos surgem ló e pdrque é? Ou talvez é somente nesta província de Nampula. Verifica-se outro ponto, que é falta do controlo dos responsdveis mdi. mos, que não se preocupam em observar o trabalho dos funciondrios da Direcção. Agradecemos se é por falta de funciondrios, que procurem melhorar as condições para que isso não acon. teça. Francelino Justino de Carolina Cabral. Monitor Escolar Quem tem dinhei2o a emptéstimos? todos? A razão é esta: Não de l primeiramente que os empréstimos eram só para aqueles que vão casar. E a maioria de nós sem saber do assunto gastamos o nosso rico tempo em tratar os papéis e no fim dos 15 dias que eles prometeram dar aquilo que o interessado necessitava, não foi capaz de ser satisfeito e a palavra é ló esta: vunha amanhã porque agora está ao despacho deve sair esta tarde. As manhás o as tardes sempre não acabam! Camaradas ponham o vosso parecer sobre este assunto, acham que o Montepio de Moçambique procedeu bem para os interessados? AO pare. cer penso que se o Montepto entender abrir o empréstimo deve logo no inicio esclarecer todos os pontos necessórios para poder adquirir o empréstimo, dizer a quem tem direito e aqueles que não têm direito, ao mesmo tempo dizer que os que têm direito são ... Não pon do asneiras porque uns lá foram inscritos como sócios por motivo de que por fim teró o empréstimo, e nada conseguiu. Estes j são descontados nos seus Servos o dinheiro de sócios, estão a ver ande esta o erro Camaradas! Ajudam-me por favor. Saudações Revolucionrias A Luta Continua Januário Sacaune Nhangumbe O meu pedido Há muitos anos que leio e até escrevo para «~EMPO». Mas data de Março de 1970, o meu sincero entusiasmo pela linha progressista que ld se lhe notava, pelo menos nas entrelinhas. Quando as relações entre Padres Brancos e governo português se tornaram escaldantes culminando tal tensão com a decisão histórica de em Maio desse ano abandonarem Moçambique, percebi claramente que na Equipa Redactorial de TEMPO havia muita boa gente que «torcia» a favor da auaactosa resotuçao aos atos radres, embora não pudesse .falat daramante. De resto artigos meus a remar veladamente contra a maré da sapatorra colonialdoutra forma seria ingenuidade pretender publled-os~vieram a público em 1972 e 1973 quando de Nacala alguém se lembrou de teimosamente se bater pela erecção de um Ciclo «não diocesano». Muitos anticlericais ficaram deveras espantados quando se deram conta que eu, director do colégio diocesano, s al a a terreiro a preconizar a cria de um estabelecimento de ensino desligado da Igreja. Mas fo as. sim mesmo: eu achava que Nacala merecia mais que um modesto colé. gio que nem sequer instalações pró. prias tinha. Agora, felizmente, os tempos mudaram. E quando digo felizmente fato com sinceridade, portanto, embora não tenha conhecido as masmorras do colonial fascismo, também eu fui socado, valado, apedrejado e final. mente expulso pela famigerada Ptde. Os tempos mudaram mas continuo a ler e, se'a actual Direcção achar por bem, poderei até escrever nova. mente para TEMPO, tal e qual como antes quando a liberdade de pensamento escasseava. Acho interessante a maneira airosa com que a Revista vem a público. Sobretudo, muito me apraz a deter. minação com que defende os interesses do povo. Realmente não hd tempo a perder pois os moçambicanos ló sofreram e ainda sofrem muito. Não acharia bem talvez uma coi. sa.. Acredito que os leitores «religiosos» não cessem de importunar a Redacção com problemas da sua crença. Mas, mesmo assim, desejaria pedir que TEMPO tivesse força para não responder, para ignorar o assun. to. É que para .mim a questão religiosa em Moçambique estd magnificamente definida na Constituição -da República, pelos artigos 19, 26, 27 e 33. Digo magnificamente definida pois que, sendo a liberdade religiosa um dos direitos fundamentais do ho, mem como atesta a Carta das Nações Unidas, é realmente de enaltecer a maneira sdbia como um Estado Laico JTEMPO' n.- 318 - pág, 4 Eu, quero s a b e r aos camaradas, que o Montepio de Moçambique, fez a abertura de empréstimo de dinheiro só para os que vão casar ou para souoe craaua-.a na sua z^ pw saamental. Honra a ele também se, na prdtica, souber assumir a responsablidade de responder por aquilo que 8e comprometeu a «garantir». Li com gosto, embora não concor. dando totalmente, o artigo «Assimilação cega da Cultura Hebraica na base do fanatismo religioso cristão», publicado no n.° 310, de 12 de Setembro de 1976. Multas considerações se poderão lazer a propósito. Uma re. flex~o, p o r é m, sobressai acima de todas: é muito difícil a isenço e tmparcialidade e cada um vê coisas pelas lentes que resolveu usar. Mais ainda: é quase Impossível encontrar um perito marxista que seja também competente em teologia das religiões. Não tenho a honra de conhecer o autor do citado artigo. Mas não faz mal porque, sinceramente, o que mais lamento em questões religiosas não são as inexactidões que porventura venham a escrever-se; o que acimq de tudo detesto é que o nome de Deus tenha contribuido ao longo da história - e isto a cargo dos crentes-para justificar a exploração, a resignação, o fatalismo e a lgnorãneia do homem. Agora, que a humanidade ganhou consciência mas continua ainda sujeita a errar, porque lhe serviram milhentas vezes diamantes falsos, a sua reacção mais normal é rejeitar toda e qualquer pedra pre. ciosa. Que se hd-de f a z e r? Paciên. cia ... «Ninguém pode ser ateu sem ter atravessado uma crise profunda (por vezes trágica) (..) Um ateu renega Deus e o Destino. Renega os deuses». Não se acredite porém que as crises aca. bem de uma vez para sempre; que depois de descobrir o ateísmo, a vida do homem decorra finalmente na se. renidade e na alegria. Álís, é salutar que recomecem. E. recomecem precisamente a partir do terreno em que o marxista se proclama perito: no campo do serviço ao seu seme. lhante que continua oprimido. Admiro a tenacidade com que TEMPO se degladia contra a exploração. É uma luta em que todos deveriam tomar parte, mas é uma luta exigente, que nos mata a nós mesmos. Quantas ve. zes o militante da, FreUmo ã volar pelos bofes para gritar contra a opressão, e depois encara com a sua mulher que não tem as coisas prontas como devia ter, e este militante deve roer-se as unhas para materlallzar com ela as directrizes que apre. goou aos quatros ventos a favor da emancipação da mulher, para ele mesmo não oprimir aquela que tem em casa... E no campo das massas oprimidas que o verdadeiro marxista, se o é realmente hdde entrar em crise. A Igreja Católica, ao nível oficial, fa. lhou redondamente na sua prdx~s de testemunha de Cristo, durante-o período colonial. Porque não olhou a realidade pela perspectiva das mas. sas, pelo prisma da maioria, que são sempre os pobres, as classes mais desprotegidas. Preferiu estar com os detentores do poder. Atenção porém: o perigo continua e existe -para todos. Para os colaboradores de uma revista como TEMPO, e para os ho. mens do governo em geral O Ex.-o Presidente Samora sabe bem pois não cessa de advertir: «A nossa força é o povo». A ordem estabelecida tende a apo. drecer e a instalar-se, se perde de vista a liberdade de todos, a perso. nalis~ão de todos, o bem-estar de todos, a humanização do povo todo, melhor ainda, das classes desprote. gidas. Um pais não são sobretudo os milhares de individuos inscritos num partido, são antes os milhões de pessoas que sempre esperaram justiça, mais justiça. A crise do verdadeiro marxi1sta lud-de nascer aqui: estou ao serviço dos milhões, ou estou eu servindo-me à eu s t a desses milhões? Estou fazendo a minha vontade, ou ajudando a realizar a vontade dasmassas que sempre esperam? Saudações Revolucionárias Rogério Sousa N. R. - Ficamos a aguardar a colaboracão prometida. gatão de ateia Nasci em cada Ü~ de areia do meu [pais Nesse momqnto Irmão meu,. eu não era vida, era o vento que se espalhava na minha Te r r a [querida, que de geração em, geraço à morte [se vendeu. Nasci em cada grão de areia do meu Nesse momento mão meu, eu não era vida, era um sonho irreal e lento, levantando nas m do s o sangue da que nos sorrisos das crianças morreu. Nasci em cada grão de areia do meu [pais Nesse momento nesse momento irmão meu eras tu e eu, mexendo no sangue da Terra tentando dominar a galera, que escutava os nossos suspiros de ódio e de an. [gúlsia, que também se adv'nhavam nos nos. [sos olhos de vermelho-lava. Nasci em cada grão de areia do meu [pais Nesse momento Irmão meu, uma arma nas minhas mãos nasceu, lutou e venceu! Nesse momento, nesse momento ir. [mão meu, a poesia :nas minhas mãos se perdeu e nos ouvidos do Povo nasceu! Morrerei em cada grão de areia do [meu pais José PastorI TEMPO» n.- 318 - pág. 9 A NOSSA CAPA: 1. Exames do ensino primário Dirtfer Inarino: Manadali Mamsadhu.s; Chefe da Rdacç.o Infrino: L.!s David: Roda*~ o: Albino Magaia. Alvas Gomas. Calane da Silve. Carios Cardoso. José 9aptista. Lula David, Mendes Oliveira, Narciso Castanheira: ~Sr i*ãd. da Rodacç&o: Ofélia Tabe; Fotografia: Ricardo Rangei. Kok No., SlNata Usena. Amn;ndo Afonso (colaborador); Maquflzaçtio: Eugénio Aldassa Coavaspondonts ntnrn.oiooais: Wilfred Surchet, Pietro, Pet-ucol: Propriedade Tospogrófica; Oficinas; Redacço e Serviços. Comerciais: Av. Ahmed Sekou Touré. 1078-A e 8 (Prédio Invicta). telefones 26191, 26192, 26193, Caixa Postal 2917- MAPUTO Rep6blica Popular de Moçambiqaa. LISIA Dos DISTRIBUIDORES Centro Comercial da Msidia m.. oo Issulo Adam ............................. NOAMIA LuísGumes #rada ........................ Ezequiel Pinto Môamo .................... IMAVAR! Magude Comercial, Lda ........... MAl.M UIl! IMOVINCA RE GAZA Amíicar Siiões Julai ..............CIMUAL U Casa Lis ................... XAI.I MiouelFrancisco de Oliveira, Lda. ..... CHIMITO Sociedade Literária de CamõesCIC* PROSEICIA DE ~ uEmB Africaf, lunee ........................... ICO * ZAVA I W0o Gonçalves Mutimba ........ . ....... IIAAVIU Joaquim Ribeiro Júnior ............... M ISAIM PROVINCIA DE NUC Tabacaria Desportiva .................... CIIOIS PROVIA SE SOK.ALA Augusta Frchut .................. MAROI Ajto VIlçio do Sol do Suve . REA PRom DE w5! Agência de Viagens Cabota Bas .... SONO Itis otete .................................. 'IOV . ItA A Alfredo José Sousa . ............. 6 Francisco Xavier Weg .................U A Jacinho Frederico Silva ............ ...... fl Malried lbal Áplb ...................NA m Maria Incia Osdro ...................... IUIAM Papelaria Central ................MA........... ,OCNA PROVUMI KE »^MU Cândido Calixe Munguana. Casa Spias .......... ... )08 Rodrigues Machado RosAio.. Papelaria Abrantin ......... FUA KE MOÇA~SI MfiOI Domingos da Silva Leal .............. MOCIMIOA A AIA S .t.l.............. PEMN A Casmiro José Alveos .. ..A........ :... A Livraria Lelio ............... Luanda Tropas de Smith invadem Moçambique ....... Ataques dos racistas é prova de fraqueza e não de força Jornais e revistas.. . SECÇõES Cartas dos leitores . Semana a, semdna nacional Semana a semana internacional Jornais e revistas ...... Factos e crítica . .... 20 DOCUMENTOS Resoluções do Seminário do Aparelho de Estado-" 1 A 'tarefa da policia é assegurar o bem estar do povo . . 49 REPORTAGENS Para passar ae classe e preciso saber .... .... A vida dos machimbombos está 2 nas mãos dos operários . INQUÉRITO Medidas de protecção à maternidade e II Conferência da OMM ........ .. .. APONTAMENTOS Panorama Cuba d a educação e m Os massacres em Ir Preparar a II Conferência da OMM. ............ Zimbabwe: situair Genebra . 61 K O sa ASSNIAIM #A RiVISTA <U4FOm A PARIT DO DIA D* PRÓXIMA SEMANA NOME . M On AoA. . ....... ........ .... .. ....... . . .. .................. .. .. ............... . . ........ ENVIO no O VALOR CORCESPONOENTE A UMA ASSINATURA SEMEST.A' CHEQUE ANUAL PROVINCIAs DE OUTRAS PaOVINCIAS ASSINATURAls CAPTO GAZO INHAMANE POn VIA AÊRLA t ANO 52 NUMEROS :60500 840500 6 MESES 26 NÚMEROS 380$00 420500 3 MESES 13 NÚMEROS 1500 210$00 0 PEDIDO DE INSCIIÇO DEVE SER ACOMP*NHADO DA IMPOTÂNCIA RESPECTIVA 1 Ir i . i ~. Terça-feira, 26 PA D R E PORTUGUêS EXPULSOPor determinação do Ministro do Inte. ror foi expulso da República Popular de Moçambique o cidadão português, padre António Antunes dos Santos. Este individuo foi expulso «pela prática de actos que Visam p6r em causa a autoridade e a soberania do Estado moçambicano». CEM MIL CONTOS PARA OBRAS DE SANEAMENTO-Vai ser posta à dis.posição da Câmara Municipal de Maputo a quantia de cem mil contos destinada a obras de saneamento da cidade, especialmente da zona suburbana. Este montante, atribuído por nota do Ministério das Obras Públicas e Haaitaçío, é o resultado de um acordo de cooperação assinado entra Moçambique e o Reino da Holanda. Quarta-feira, 27 DELEGAÇÃO MOÇAMBICANA NA INDIA E NO PAQUISTÃO -L Uma delegação moçambicana, chefiada por João Baptista Cosme, responsável pela Di. recÇão Nacional de Cooperação Internacional, do Ministério do Desenvolvimento e Planificação Económica, partiu para a índia e Paquistão, na sequência da ssinatura dos acordos de cooperação técnico-científica, firmados quando da recente estada entre nós do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da India, e, anteriormente, de uma missão oficial do Paquistão. Os referidos acordos, para além de outras cláusulas, prevêem, a vinda de técnicos especializados, da |ndia e do Paquistão, para prestarem serviço no nosso País, nos sectores da s a ú de, obras públicas e habitação, educação, transportes e comunicações e indústria a comércio. AJUDA *DA, FINLANDIA A MOÇAMBIQUE - Chegaram a Maputo duas delegações da Finlândia, chefiadas por Markku Aho, funcionário da Embaixada finlandesa -em Dar-es-Salaam. Uma das delegções trás como objectivo estabelecer conversações com elementos do Ministério do Desenvolvimento e Planificação Económica, com vista a fornecer uma ajuda agrícola ao nosso Pais no valor de 80 mil contos. A outra delegação t e r á conversações com elementos da Junta Autónoma de Estradas de Moçambique, com vista a fornecer material de terraplanagem e construção\ de estradas. Quinta-feira, 28 PR A T OS TIPICOS NOS HOTÉIS E RESTAURANTES - Dirigida por d u as resl)onsáveis da OMM, a nível da pro. vincia do Maputo, teve lugar no antigo Ateneu Grego uma reunião com trabalhadores da Indústria Hoteleira com a finalidade de estudar os meios para que hotéis e restaurantes passem a incluir nas suas ementas pratos típicos de todas as províncias do País. Após largo debate, os participantes consideraram que a curto prazo é possível iniciar a resolução do problema através da contribuição de moçambicanas das várias províncias, que vivem em Maputo. Sexta-feira, 29 MOÇAMBIQUE REPRESENTADO NA CONFERÊNCIA DA FAO- Partiu para Freetown, capital da Serra Leoa, uma delegação moçambicana, chefiada por Jorý ge Tembe, director nacional de Agricultura, a fim de tomar parte no Nona Conferéncia Regional da FAO. Naquele encontro, em que participam países africanos membros efectivos, entre os quais a Tanzania, Zâmbia, Congo, Angola e Guiné, serão debatidos diferentes aspectos sobre o desenvolvimento da agricultura em Africa nomeadamente as florestas, a comercialização dos produtos agrícolas, programas de investimentos necessários, além da pecuária. Sábado, 30 CARVAO PARA A ROMÉNIA - Moçambique vai exportar 250 mil toneladas de ,carvão mineral para a República Socialista da Roménia, até ao fim do corrente ano, no quadro do acordo de cooperação económica assinado entre os dois países aliados. A concretização desta cooperação mútua que se inscreve no âmbito do estreitamento das relações romeno-moçambicanas, foi acordada entre uma delegação de técnicos daquele pais socia. lista que visitou o nosso Pais e a Companhia Carbonífera de Moçambique. APOIO A LEI DA MATERNIDADEMilhares de trabalhadores da cidade de Inhambane manifestaram-se em apoio à recente decisão do Conselho de Ministros que concedeu às mulheres trabalhadoras 60 dias de licença no período da maternidade. Depois de terem percorrido as principais ruas da cidade, entoando canções revolucionárias e palavras de ordem, os manifestantes realizaram uma concentração durante a qual foram lidas mensagens que expressam o regozijo do povo trabalhador. Domingo, 31 DELEGAÇÃO HONGARA EM MOÇAMBIQUE - Com o objectivo de trocar experiências com a FRELIMO, cuja luta desde há muito é conhecida no seu Pais, chegou a Maputo uma delegação do Partido dos Trabalhadoreas Socialistas Húngaros, chefiada por Sandor Jakab, membro do Comité Central do PTSH. A referida delegação reuniu no dia seguinte com uma delegação da FRELIMO e depós uma coroa de flores no Monumento aos Heróis Moçambicanos. Segunda-feira, 1 MOATIZE IRA PRODUZIR 600 MIL TONELADAS ANUAIS DE CARVÃOA produção de carvão dás minas de Moatize será de 600 mil toneladas no próximo ano, segundo revela o Jornal «Noticias» do Maputo, citando uma fonte" oficial. Este aumento de produção, que se enquadra num plano mais vasto destinado à intensificação da exploração daquela matéria prima nas minas subterráneas e a céu aberto, prevê a criação de infraestruturas que possibilitem atingir um milhão de toneladas de carvão em 1979. COLOQUIOS SOBRE TURISMO - Teve início, em Maputo, um ciclo de colóquios sobre a promoção de turismo interno, promovido pelo Centro de Informação e Turismo de Moçambique e dirigido às agências de viagens e turismo do nosso Pais. ANA A SEM, ESEMANA A, SEMANAENCERRAMENTO DO SEM!NAitRO DE PREPARAÇÃO DO III CONGRESSO DA FREIMO Desencadear uma ofensiva ideológica que conduzirá à rotura completa com o esquema velho da vida decadente do inimigo - Samora Machel, no encerramento do Seminário de Preparação do III Congresso da FRELIMO O Presidente da Freli e da República Popular de Moçambi,;e, Samora Machel, presidiu na tarde ,o dia 1 de Novembro, ao encerramenm do Seminário de Preparação do III Congresso da FRELIMO. A esta cerimón3, que teve lugar na Escola do Partido r; Matola, estiveram também presentEz. Jorge Rebelo, Ministro da InformaçÈý. Daniel Mbanze, Vice-Ministro do lntercr. além de outros responsáveis pela, estruturas da Escola. Sobre o III Congresso da FRELIMO, fonte que irá traçar s>ovas orientações TEMPO, n.ý 318 - pág. 8 ao Povo moçambicano, o Presidete Samora referiu, como pontos principais, a dado passo: «0 III Congresso da FRELIMO, deverá analisar a questão da transformação da Frente de Libertação de Moçambique em partido de vanguarda de classe operário-camponesa, libertada que está a Pátria moçambicana do colónialismo português, e estudar a aplicação do socialismo científico para o desenvolvimento do processo revolucionário em curso. O Congresso irá igualmente planificar e estabelecer prioridades desta fase de luta, e desencadear ums ofensiva ideológica que à conduzirá à rotura completa com o esquema velho da vida decadente do inimigo». Dirigindo-se aos 80 delegados vindos de todas as províncias do pais que participaram naquele Seminário, o presidente Sarnora Machel salientou que eles deveriam transformar-se em agentes de dinamização quando regressassem aos seus locais, onde irão transmitir e discutir com as populações as experiências obtidas ao longo daquele Seminário, experiências essas que possam permitir ao Congresso, a resolução dos probleUm aspecto da reunão, na qual Samora Machel escutou as intervenções dos partzcipantes, no Seminário de, Preparação do II Congresso da FRELIMO mas que preocupam actualmente o nosso pais. Ainda sobre o III Congresso, o dirigente máximo do nosso país, frisou: «0 III Congresso estudará, em pormenor, a difícil tarefa que é a Reconstrução Nacional, e que exige a clareza ideológica dos militantes». Após um longo diálogo com os participantes, durante o qual escutou as intervenções dos delegados provinciais, o Presidente Samora historiou as tarefas da FRELIMO, ao longo da luta de liber. tação Nacional, tendo-se referido aos Congressos já realizados, bem como aos objectivos que se pretendiam. Por fim, Samora Machel, afirmou que é neste momento tarefa prioritária, aumentar a produção em quantidade e qualidade, em todos os sectores de produção, bem como a organização da juventude nas escolas, para ,a formação do homem novo. '* e Teve lugar no passado dia 29 de Outubro, no Ministério do Desenvolvimento e Planificação Económica, a ass*natura de um acordo entre os governos de Moçambique e Finlândia, no âmbito do qual será drestadã uma ajuda "ao nosso pais, no valor de 80 mil contos. Este donativo sera empregue na compra de 17 mil toneladas de trigo à Finlândia, o que permitirá aliviar as necessidades do próximo ano, segundo informações de um elemento do Ministério do Desenvolvimento e Planificação Económica. Assinaram aquele. acordo, Luiz Gonzalez e Marlcku Aho em representação dos governos de Moçambique e Finlândia, respectivamente, como documenta a foto. «TEMPO,. n.0 318 - p& g. SEMANA A SEMANA -__ _-__ _---------__ __ _PRESIDENTE SAMORA ESCOLA SECUNDARIA "ESTRELA MA" SAODA HUA KDO-[ENG ASSINAM FINAL DO ANO LECTIVO O Presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambique, Semora Moisés Machel, enviou ao Presidente Hua Kuo-feng uma mensagem de saudações por ocasião da a u a designação como Presidente do Comité Central do Partido Comunista da China. É o seguinte o texto da mensagem: «Camarada Hua Kuofsng, Presidente do Comité Central do Partido Comunist, de China. Prieiro-Mlnto de República Popular de China. Em nome do Coni Central da FRELIMO e do povo moçamb~ andereço-lho as noesas mm is calorosas e fraternais saudações por ocasio da sul desgnaão como Presidente do Partido Comunista da China. O Partido Comunist dá China forjado, educado e temperado pelo Presidente Mao Teítumg na dura escola do combate de classes, do combate ani-amperlaliata, da lula" difcil e subtil para preservar e consolídar a cor vermelha na China, é hoje um baluarto da Revolução Mundial, além de ser a esperança e a vida do povo chins. Sabemos pois a pesada responsabilidad que e cal sobre os ombros, por isso vos acompanha a nossa solidariedado e o voto de sucesso total na grandiosa tarefa de cons~ r a ampliar as coni revoliucionrias do povo chinim no processo de edificaçãoda China como país socialista poderoso e avançado. Igualmente desejamos ver continuamente ampliadas as relações fretarnais e de aliança natural entre os nossos partidos, povos a estados, no interesa mútuo e da causa comum da reforço da nteImpriafrimundial anti.ip lista. Saudaçães Fraternais e Revolucionirias. Alta Considraç4o. A Luta Continua. SAMORA MOISilE1 MACHEL Assinalando o final do ano lectivo, os alunos da Escola Secunddria «EsP~R AMOt d FRELIMO trela Vermelha» promoveram, na passada semana, um espect.culo c. Presidente da RELIM o tural, que teve lugar no Cinema Nacional, em Maputo. A receita do refepes de Maebiue. rido espectculo, a que se referem as imagens, reverteu a favor do III Congresso da FRELIMO que terd lugarno pró o mês de Fevereiro.@ ANA A SEM, Terça-feira, 26 S EM I NA RI O INTERNACIONAL DI COOPERATIVAS - Teve' inicio em Kabwe, cidade situada a cerca de 138 quilómetros de Lusaka, um áeminério Internacional de Cooperativas, mais concretamente, um encontro do Conselho Regional e o Terceiro Encontro Geral para a Africa do Este e Central. Estãp presentes 25 delegados do Q u é n i a, Uganda, Tanzania e Zãmbia. POLISÂRIO DESTRÓI COMBOIO MILITAR - A Frente POLISARIO anunciou que os seus guerrilheiros destruíram, no sábado anterior, um comboio no norte da Mauritãnea, abatendo alguns soldados da escolta militar. Num comunicado distribuído em Argel, a POLISARIO esclarece ainda que doze dos efectivos da tropa maíritana estão presos e que o comboio, que carregava minério de ferro com destino ao porto de Nouadhibou, explodiu. ,Quarta-feira, 27 SESSÃO DA UNESCO EM NAIROBI - O Ministro queniano da Educação, Taita Toweto, foi eleito Presidente da 19.' Sessão da Conferência G e r a 1 da UNESCO, que está a decorrer em Nairobi. A agenda de trabalhos da Conferência comporta doze pontos, entre os quais os referentes à provação de resoluções de principio apresentadas em sessões anteriores, e que dizem respeito ao contributo desta, organização para a consolidação da paz, promoção dos direitos do homem e liquidação do racismo e do colonialismo, bem como a criação de uma ordem económica internacional mais justa. Quinta-feira, 28 INDONÉSIOS BOMBARDEIAM TIMOR-LESTE- Forças militares fascistas da Indonésia bombardearam com artilharia pesada a localidade de Madabano, uma das z o n a s ocupadas pela FRETILIN e que dista apenas 10 quilómetros de Dili, segundo noticia a AIM, citando informações transmitidas pela rádio Maabere, da República Democrática de Timor-Leste, captada em Darwin. As forças armadas da República De. mocrática de Timor-Leste controlam a maior parte das zonas em redor de Beucau, a segunda maior cidade do Pais, que continuam a ser bombafdesas pelos invasores indonésios, que têm torturado e executado elementos da população, prisioneiros no campo de concentração da mesma cidade. TRABALHADORES ESPANHÓIS EM GREVE ENFRENTAM A POLICIAPelo menos quatro trabalhadores ficaram feridos quando as forças de repressão espanholas dispararam balas de borracha, depois de arremessarem bombas de_ fumo para dentro de um depósito de machimbombos em Madrid, onde se encontravam em greve 120 condutores. A greve surgiu como último recurso quando os trabalhadores viram recusados os seus pedidos de aumento de salário, depois de conversações durante a noite anterior. Todas as carreiras de machimbombos ficaram paralisadas na capital espanhola, que conta com mais de um milhão de habitantes. Sexta-feira, 29 DJIBOUTLI: LUTAR POR UMA INDEPENDÉNCIA VERDADEIRA -A Frente Unida para a Libertação de Djibouti,. compreendendo tr-s organizaçÕes anteriormente independentes, afirmou a sua decisão de continuar a «luta pela independência nacional» daquele território sob dominação francesa, segundo noticias provenientes de Addis Abeba. O cqmunicado em que é enunciada a decisão seguiu-se a um encontro em Dishu. na Somália, dos três grupos políticos (Frente de Libertação da Costa da Somália FLCS, Liga para a Independência do Povo Africano - LPAI, e à Oposição Parlamentar). É ainda anunciado que a luta comum tem como objec, tivo conquistar uma «independência ver-. dadeira face às manobras coloniais francesas. Sàbado, 30 PRIMEIRO CONGRESSO DO MPLATerminou em Luanda a conferência plenária do MPLA, no decorrer da qual foi definida a fase actual da revolução angolana como «ditadura democrática revolucionária e de transição para a democracia popular». Na mesma ocasião foi anunciada a transformação do MPLA num partido operário marxista-leninista e a marcação do seu primeiro congresso para o terceiro trimestre de 1077. Foram Também confirmados as funções -de Agostinho Neto como Presidente da República Popular de Angola e do Comitê Cdntral do MPLA, e atribuída as funções de Chefe do Governo, até à data exercidas pelo Primeiro-Ministro. ESTUDANTES RECUSAM MATRICU. LAR-SE NO SOWETO - Com-espondendo a um apelo lançado pelo Conselho Representativo dos Estudantes do Soweto, os estudantes daquele «ghetto» recusaram matricular-se para os exames cujo inicio estava marcado para o dia 29. Em Mamelodi e Actridgeville, nos subúrbios de Pretória, as provas iniciaram-se sob forte dispositivo na previsão de eventuais manifestações. Domingo, 31 AUMENTO DE TROPAS SUL-AFRICA. NAS NA NAMIBIA -Sem Nujoma, presidente da Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO), denunciou na .capital angolana que o número de tropas sul-africanas aumentaram para 50.000 homens e classificou de «diabólicos» os esquemas de Vorster para a balcanização da Namibia. No decorrer da mesma conferência de imprensa, o dirigente da SWAPO apelou para os seus compatriotas que «ainda se deixam utilizar pelo inimigo que renunciem às suas actividades contra-revolucionárias e se liguem à luta de libertação nacional». Segunda-feira, 1 FRETILUN ABATE 50 INDONÉSIOSAs forças da FI"ETILIN mataram, na passada semana, 50 soldados indonésIos, capturando grande quantidade de material militar durante uma emboscada na área de Maukatar, segundo afirmou o Ministro da Informução * Segurança Nacional da República de Timor-Leste, nua mensagem radiodifundida e captada eM Darwin. SEMANA A SEMANA O DESENVOLVIMENTO DA CRISE LIBANESA A NOVA TRAGÉDIA DA RESISTÊNCIA PALESTINA E O MUNDO ÁRABE Pare se comnpreender o desenvolvi,mento da crise libanesa é preciso reconsiderar os acontecimentos dos últimos cinco meses, a partir do dia 1 de Junho de 1976, quando as tropas sírias atravessaram as fronteiras libanesas. Nessa altura as forças palestino/progressistas avançavam em todas as frentes. Na capital, Beirute, tinham debandado as milícias da Falange e seus aliados «chamounistes» (ver o artigo de Pietro Petrucci publicado na «Tempo» de 5 de Setembro) para além do centro da cidade. Na montanha uma série de avanços tinham tido sucesso e puseram a artilharia palestino/progressista em destruição de redutos das forças reaccionárias. No plano militar, o equilíbrio das forças estava, pois, rompido e as primeiras negociações encetadas nessa altura tiveram em conta esta nova situação. È, em primeiro lugar, para impedir a consolidação da vitória palestino/progressista, que excluia a Síria do controlo do conflito e impedia o seu compromisso com a Resistência palestina, que o presidente sírio, Assad decidiu intervir directamente no conflito. Contando com uma paralisia da Resistência face ao avanço das sus tropas e com a iniciativa decisiva conduzida nas cidades por Saika-a organização palestina de obediência síria - previu que a ofensiva se transformaria para o seu exército num «passeio militar». A resistência encarnecida e heróica dos palestinos e da esquerda libanesa -tendo à sua cabeça o Partido Comunista Libanês e o Partido Socialista Progressista de Kamal Jumblatt- frustrou este plano obrigando os sírios a uma táctica mais flexível. Tendo ocupado o centro e o sudoeste do país, eles interceptaram os palestinos/progressistas no seu bastião do norte, a cidade de Tripoli, e puderam, assim, exercer pressão sobre uma frente muito larga, difícil de aguentar por yma organização guerrílheira. «TEMPO, >. 318- p6g. 12 Usufruindo deste apoio «exterior» as forças reaccionárias libanesas tinham retomado seu folego e gradualmente ganharam ascendente. A guerra do Ubano ameaçava concluir-se com a liquidação definitiva da Resistência palestina assim como da emergente esquerda libanesa. Pode-se perguntar porque é que outropaís ma i s directamente engajado no «campo, de batalha» contra Israel, o Egipto, não intervieram. e preciso, pois, considerar que, apesar do diferendo que o separa da Síria depois do acordo concluído em Genebra em Setembro de 1975 com Israel, graças à mediação do dr. Kissinger, há uma convergência objectiva de interesses estratégicos e políticos entre os regimes de Cairo e Damasco. Os dois não querem perder o controlo da situação no Médio Oriente, ali um papel autónomo que ameaçaria não somente o Estado Sionista de Israel, mas o status quo político dos países árabes da «<área de batalha». Após a morte de Nasser em 1970, e o enterro do nasserismo efectuado por Sadat a seguir a 1973, os particularismos nacionais dos países árabes primam pelo arabismo, a unidade na nação árabe, a fraternidade árabe, etc. De facto, em nome da História e do Arabismo, em que a Grande Síria que existiu antes da divisão colonial entre a Grã-Bretanha e a França no fim da primeira guerra mundial e que resultou nos Estado actuais de Israel (Palestina) Jordánia, Líbano e a própria Síria, o regime do general Assad considerou sempre o Líbano como seu exclusivo feudo. Mesmo dentro da ideologia do Partido Socialista da Renascwiça Árabe (Boas) no poder em Damasco, e do seu braço palestiniáno, a SAIKA, a Palestina libertada é vista como havendo de vir a ser uma «,região» numa nação árabe finalmente unificada. Mas' esperando que a História complete o seu delineamento, a Síria (e não a $<nação árabe», ou a Liga Árabe) ocupa hoje mais de metade do Líbano. Esta ocupação foi sancionada, p e 1,o s acordos de Riad, em que a Arábia Seudita pôs em acordo os irmão-inimigos, Egipto o Síria. com os argumentos muito convicentes do medo do comunismo (no Líbano) e do petróleo do qual, é escusado dizê-lo, os dois países têm uma sede crescente. A força inter-árabe de cerca de 40000 soldados que foi encarregada de supervisar o cessar fogo será, com efeito, na sua esmagadora maioria, uma força síria: o contigente sírio anda à volta de 30000 soldados que estão já no Líbano e ai permanecerão. Há, entretanto, a i n d a um elemento que explica o desenvolvimento da crise libanesa: a intervenção, mesmo que disfarçada, de Israel. Toda a zona sul do Líbano, à excepção de alguns últimos focos de resistência, foi ocupada pelas forças reaccionárias libanesas que foram revitalizadas em armamento pesado, e mesmo em navios, pelo Estado Sionista. Isso ameaçava até a Resistência palestina. O equilíbrio que a Síria de Assad pretendia estabelecer aquando da sua intervenção em Junho último, quando ele rompeu a favor das forças palestino/ /progressistas, iria agora romper-se a f a v o r das forças de direita, tambéúi com o apoio de Israel, que ali via a possibilidade de estabelecer um «Estado sionista cristão» (como bem o definiu a «Afrique Asie») que lhe permitiria -sair do isolamento geopolítico no qual se encontra no Médio Oriente. Apesar da sua viragem na esfera da «paz americana»-que o dr. Kissinger soube muito bem arquitectar no Médio Oriente, jogando com as contradições no seio do mundo árabe, com o podei do sub-imperialismo -da Arábia Sauditt c o m o intermediário - nem o Egipto, nem mesmoa Síria poderão,ir até ao fim 'na liquidação total da Resistência palestina sem provocar sérios remorsos interiores que poderiam mesmo ameaçar os regimes no poder nos dois países. Os objectivos de ambos foram limitados, a redução da Resistência, é o que obtiveram. É um facto que no mundo árabe nãp se toleraria a liquidação total da Resistência, uma sobrevivência pelo menos simbólica era necessária para uma sã consciência árabe. A Resistência palestina pagou a pesada dependência doí países árabes cada um sustentando e condiFionando material e ideologicamente uma tendência diferente frequentemente em conflito com um outro (como é o caso da rivalidade bem conhecida entre a Síria o o Iraque,que se reflecte no interior do OLP sob forma de luta de tendêndas). Há, disfarçado, o aventureirismo de esquerda de certos dirigentes no seio da própria- OLP, que Yasser Arafat não parece capaz de controlar (e doutro lado a complexa estrutura da OLP não permite uma centralização do pode'r nem mesmo um centralismo democrático). Tudo isto provocou a repetição. dos mesmos erros que tinham sido cometidos na altura da batalha de AmA durante o '«Setembro negro» de 1970, contra o rei Houssein da Jordânia. Após uma grande subida no plano diplomático e político da OLP de 'Arafat- que em 1975 apresentou-se na assembleia das Nações Unidas com au-. toridade de um chefe de Estado reconhecido- uma nova tragédia abateu-se deste modo sobre a Resistência palestina. Mas, considerando os seus erros, poder-se-ia tombém dizer que a Resistència palestina enterrou-sepor si numa nova tragédia. É normal em movimentos revolucionários., Já o -vimos. Utilizamos de propósito a palavra .«tagédia», como nos livros famosos de Harold lsaacs, «A. tra-iédia da revolução chinesa» que nos reporta a derrota das massas proletárias d3 Xangai em 1927, derrota que possibilitou a Mao reconsiderar toda a estratégia*revolucionária chine§a e o papel do campesinato. Com efeito, não é preciso atribuir t o d o s estes males á possessão demoníaca, aos «complots» do imperialismo, como frequentemente se tem a tendéncia de fazer logo que se sofrem reveses. É preciso analisar também os próprios erros. O que não pareceria normal entretanto seria a repetição dos mesmos erros, a incapacidade de deles tira( lições. A encosta é ainda mais dura de subir que em 1970. Desejamos nós que os camaradas palestinos, cujas condições objectivas de luta são extremamente difíceis - ninguém, o i menospreza - possam vencer aindauma vez, e reencontrar sua longa marcha em direcção ao futuro, olhando atrás a marcha trágica dum povo sangrado até á última gota, não o esqueçamos, em, Der Yassim (massacres israelitas em 1955) em Amã (massacres jordanianos em 1970) em Tel el-Zaatar (massacres de fascistas libaneses em 1976)... e 310 ASSEMBLEIA GERAL DA ONU E AS ELEIÇÕES AMERICANAS Em pleno centro de Nova lorque, num enorme complexo de eficiéncia, no meio das peripécias. da campanha eleitoral americana, com os democratas e repu'blicanos «trocando» os seus pontos de vista, entre os «escândalos» da entrevista dada por Jimmy Carter à revista «Play Boy» e os frente a frente na tele*visão, assim se iniciou e assim decorre a 31. Assembleia Geral das Nações' Unidas. A assinalar a abertura, um novo membro foi admitido: A República das Seychelles. A ONU passou a contar com 145 membros, esperando-se ainda para este ano a admissão da República Popular de Angola e do Vietnam que anteriormente viram a sua entrada proibida pelo veto dos Estado Unidos. Assim, com mais -um elemento, com a perspectiva da admissão de mais dois p a i s e s revolucionários, o retrato das Nações Unidas vai-se completando. Em 1945, esta organização internacional contava apenas com 51 membros. A vitória das forças progressistas, a libertação dos países sob dominação colonial, deram uma nova face ao mundo, modificando a relação de forças. A ONU E AS ELEIÇÕES AMERICANAS No «convívio das nações», como se costuma chamar, se e s tá no terreno para a resolução dos conflitos internacionaís. Aí as questãos se põem, se discutem, se projectam soluções. Aí se discutem as manobras diplomáticas, se tratam há anos resoluções a dar a problemas que persistem. Entretanto, as Edifício sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque situações evoluem, o mundo adquire novas formas, as resoluções amontoam-se. Ali, durante anos os representantes do povo moçambicano defenderam as suas posições, mantiveram um dos seus campos de batalha: a frente diplomática. Ali se venceu, isolando-se o colonial-fascismo português, d a nd o-s e a conhecer ao mundo as vitórias cada vez maiores do povo moçambicano. . Mas a ONU não é alheia ao ambiente que a cerca, neste caso, à vida política Norte Americana. Não só a opinião do ,,T EMPO, r,. : n 1 - ad j 3ýj i quartel general do imperialismo influi de modo determinante, como a vida política interna desse país se reflecte nos trabalhos das Nações Unidas. Com a abertura da Assembleia Geral, os jornais americanos, ,em geral pouco afeitos a fazer a sua cobertura, pouco ou nada focaram sobre o inicio das sessões, sendo o foco das atenções dirigido para as eleições americanas e os últimos «feitos» de Kissinger na Africa Austral. A imprensa centrou. -se essencialmente sobre esse problema, afirmando nomeadamente que será sem dúvida o ponto mais importante a ser discutido. Por outr6 lado, segundo os observadores, a viagem de Kisinger e as suas manobras na Africa Austral, a par da situação de c ris e nesta zona, não é alheia ao inicio da Assímbleia Geral, pois se preparava então uma grande acção diplomática que incluiria a implementação das resoluções do Conselho de Segurança, nomeadamente no que diz respeito, ãs sanções à África do Sul. Tal acço diplomática e a discussão que dai adviria, isolaria perigosamente os Estados Unidos, já de si com muito pouco campo de manobra para defender as suas posições. Assim, embora Shirley Amerasinghe, actual presidente da assembleia, tenha afirmado publicamente que a campanha eleitoral americana não influiria no andamento dos trabalhos, tal não é a opinião geral dos representantes dos diversos p a i s e s e dos jornalistas que acompanham os trabalhos. Saliente-se que Amerasinghe ressalva, nas suas declarações qup essa influência não se verificará desde que os Estados Unidos queiram manter as suas eleições e a sua vida política interna, fora do recinto das Nações Unidas. 'De qualquer modo, o facto de neste momento se desenrolar a campanha eleitoral para- a presidência, não é alheia aos trabalhos da Assembleia Geral. Os americanos sabem, perfeitamente que os posições tomadas, poderão vir a ter grande influência na máquina eleitoral e na distribuição de votos. Ford, o actual presidente, sabe que toda a posição controversa agora assumida, em p 1 e n a campanha, com o bombardeamento constante nos inúmeros canais de televisão, lhe poderá ser TEMPO, n. 31- ágq. 14 fatal, Corter, candidato dos democratas, não perderia nunca a oportunidade de utilizar essa posição em seu beneficio p a ý a influenciar o eleitorado já de ,si pouco diferenciado, navegando ao sabor dos pequenos. escândelos construídos à volta da vida dos candiliatos. Neste momento tudo serve para fazer mover o eleitorado tentando convencê-lo de que essa escolha é fundamental, que a democracia assim seconstrói. P a r a os candidatos, trata-se de ganhar votos, de prometer resolver todos os problemas, nomeadamente os da crise do mundo capitalista, o desemprego. a inflação, a adopção de uma nova política externa. Aliás a todas essas promessas, não é estranha a frase eleitoral de Jimmy Carter que pretende «reconstruir> a felicidade e prosperidade dos americanos, «tal como nos bons velhos tempos». Mas face a todas estas promessas, a grande massa de desempregados con. tinua a manifestar o seu descontentamento. O INICIO DE UM ISOLAMENTO Deste modo, os assuntos considerados quentes, tais como a discussão da nova ordem económica, os debates sobre a regulamentação do direito do mar e a admissão dos novos países, só após as eleições poderão entrar claramente em discussão aprofundada. Mas o crescente isolamento das po. sições dos Estaos Unidos é evidente. A par das vitórias das forças progressistas em todos os continentes, o aparecimento de novos países armados de posições anti-imperialistas, têm, contribuído para esse isolamento. Por outro lado, a crescente influência da OUA e dos p a i s e s Não Alinhados, são uma evidência Para reagir a esse isolamento, os Estados UnidQs tentam novas tácticas. O seu apoio vem fundamentalmente dos países 'da Comunidade Económica Europeia. Contudo, os interesses da CEE nos pa I se s em desenvolvimento, faz com que eles não se pretendam #fastar dO «terceiro mundo»,'. pelo que as suas posições não se alinham totalmente com os Estado Unidos, tentando agora manifestar uma determinada distanciação, evidentemente aparente. Como resultado manifesto dessa preocupação, os jornais americanos ligados à alta finança e porta-voz das posições governamentais, iniciaram ,um ataque ái Nações Unidas, numa tentativa de diminuir a sua influência junto de opinião pública, não só americana como mundial, tentando por vezes ridicularizar os trabalhos da organização. O NOw York Times, o matutino mais -lido dos Estados Unidos, deu o sinal desse mal estar, num artigo recentemente publicado. O articulista ensaiava ai um ataque ao actual secretário geral da ONU, *urt Waldheim, acusando-o de utilizar um mau critério na admissão dos funcionários das Nações Unidas. Era evidente no artigo, que se pretendia, não só atacar a figura do secretário geral, figura preponderante na luta pela autodeterminação dos p o vo s, como também a organização em si, pretendando tirar:lhe toda a credibilidade e acusando-a de incompetência. Esse isolamento reflecte-se claramente na discussão do problema da Africa Austral. Apesar de Kissinger ter tentado mais uma jogada diplomática no seu já velho e conhecido estilo, tentando confundir as forças em presença, lançando-as pare soluções de compro. misso com o imperialismo e o poder colonial, as intervenções nas Nações Unidas dirigiram-se mais no apoio -das posições dos movimentos de libertação. Para isso contribuíram diversos países africanos e países socialistas que utilizaram aquele forum para desmascarar as intenções do imperialismo. Os Estados Unidos vêem-se assim com crescentes dificuldades:em manobrar e em fazer valer a sua opinião, a par da crescente influência dos Não Alinhados, o que se torna por demais evidente nas questões que dizem respeito à nova ordem económica, onde as posições saídas da cimeira de Colombo, têm vindo a ser definidas inabalavelmente. (Exclusivo AIM para TÈMPO) [ANA A SEM A Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou, no passado dia 27. a «independência» assumida, horasantes, pelos dirigentes fantoches do bantustão do Transkei, de conivéncia com as autoridades racistas de Africa do Sul. A resolução, coincidindo com o inicio do debate anual das Nações Unidas sobre o «apartheid», foi aprovada por 134 das 135 delegações presentes dum total de 145 países membros, A única abstenção foi e da delegação dos Estados Unidos numa resolução em que rejeitam a «independência» fictícia do bantustão de Transkei, dirigido pelo fantoche chefe tribal Kaíser Matanzima vendido aos interesses reaccionários do regime de Pretória e do imperialismo. Depois de notar que os objectivos da política dos bantustões do regime racista é destruir a integridade territorial do pais, permitir a dominação da .minoria branca e a retirar à população africana da África do Sul os seus direitos inalienáveis, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou. 1 - Rejeita a proclamação da «independência» do Transkei e declara que ela nula; 2- Apela para todos os Governos para que se recusem a .reconhecer a pretensa independência do Transiei por todas as formas e de ase absterem quaisquer relações com o Transkei ou outros bantustões; 3 -Apela a todos os Estados pare que tomem medidas eficazes no sentido de interditarem a todas as pessoas, sociedades o outros instituições sob a sua jurisdição de manterem relações de qualquer género com o chamado «Trenskei independente» e t o d os os outros bantustões. Entretanto, em Umtata, o primeiro-ministro ilegal e fantoche do Transkei, Kaiser Matanzima, anunciou a formação do seu «Governo» que conta com 12 memNamíba:> ONU:á REJEITADA INDEPENDÊNCIA FANTOCHE DO TRANSKEI PARTIDOS POLITICOS JUNTAM-SE A SWAPO Quatro partidos politicos da Namibia juntaram-se à SWAPO, movimento revolucionário que luta pela libertação total do território, segundo anunciou na quarta-feira Daniel Tjongarero, porta-voz da SWAPO. Esta decisão foi motivada pelos atraaos na nossa independência e pelos vetos das potências ocidentais nas Nações Unidas quanto a uma pressão sobre o regime sulafricano-acrescentou o mesmo informador. Os partidos em questão são o Partido Democrático da Namíbia, o Witboois, o Grupo Vaalgras e o Grupo Hoachanas, todos do sul da Namíbia. Há dois meses, um outro grupo político, o Rehoboth Volkspart, juntou-se à SWAPO depois de 14' anos de, existência independente. Embora estas adesões à luta .armada possam não ter significado no -contexto do combate que vem sendo desenvolvido pela SWAPO, servem para demonstrar o falhanço total a que está condenada a política divisionista e tribal posta em prática pelos colonizadores racistas sul-africanos. Oe bros, um deles Osepo Letwa é um an, tigo dirigente da organização nacionalista de orientação racista, Congresso Pan-Africano (PAC). Ressalta do estudo dos «ministros» agora nomeados unilateralmente, que o chefe Mantazima pretende um sistema tribal de administração no Transkei. Assim, a segunda posição no governo é assumida pelo seu irmão, chefe Vom. gey Matanzima, quese encarregará das pastas da Polícia, Justiça e Prisões, enquanto.a filha do «Chefe de Estado», Stella Jgcau, assume o Ministério do Interior. Pelo seu lado, o «Primeiro-Ministro» fantoche acumula as pastas da «Defesa de Estado» fantoche, chefe Jongilizwen lgcau, que é controlado por Kaiser Metanzima que, por sua vez, obedece ás ordens do regime de Pretória. De agora em diante até à derrota do regime do «apartheid»ý na Africa do Sul, , cerca de dois milhões de sul-africanos nautrais do Transkei, das tribos Xhisa e Shoto serão automaticamente privados da cidadania da África do Sul, para serem «estrangeiros» emigrados por necessidades de trabalho. Entretanto, no Transkei, outros 16 milhões de sul-africanos ficarão isolados e condenados a tentar lutar pela independência económica do território. e A «Semana»: novo jornal fascista de Kaulza e Jardim No edificio «Nogueira» da Avenida da República, propriedade de um cidadão do mesmo nome enriquecido no Congo, que se distinguiu na colaboração com Mobutu, encontra-se instalada a Redacção de um semanário ainda em preparação. <iA SEMANA»i. Director é Miguel Araújo, responsável na programação da RTP- antes do 25 de Abril. saneado de imediato. Administradores, Miguel de Sousa Machado e João Alarcão. Este último foi preso no 11 de Março, quando tentava alcançar o ex-general Spínola juntamente, entre outros, com Miguel Champalimaud, trajando ilicitamente a farda do Exército Português. O primeiro, como o seu nome indica, pertence á família Sousa Machado, potentado do colonialismo português em Angola (Mineira do Lobito>, que se «safou» a tempo para Portugal e se dedicou ao imobiliário de luxo, até se «(safar» da'qui para a Espanha, ao que se julga com vultosos capitais, depois do 25 de Abril. «A Semana» é propriedade da Editora «Margem», que dispõe de um capital e 1000 contos. Neste momento está a pro-, ceder ao seu aumento para 10 000 contos, através da venda de acções no valor de 1000$00 cada. Possíveis interessados na sua aquisição? - todas as assinaturas de apoio a Kaulza de Arriaga que chegaram a ser recolhidas por altura da campanha para as presidenciais. É e s t a, efectivamente, a lista de nomes que está a ser utilizada no contacto com accionistas potenciais. Pudemos apurar que Jorge Jardim também aparece associado, de r e s t o com posição influente, a esta publicação semanal; através de Kaulza, topamos com o M.I.R.N. E fontes geralmente bem informadas afirmam ligações do CDS com este projecto editorial. Escusado será dizer que a «Rue» se encontra ameaçada, à sua direita ... (in, «Gazeta». Portugal) «Cultura» e espionagem imperialistas via satélite As comuwiceções por satélite converteram-se no meio mais moderno utilizado .pelos Estados Unidos nos seus progra,,TEMPO, n., 318- pg., 16 mas de penetração ideológica e comercial para a América Latina. Ainda que este tipo de actividade não seja novo, já que mais de 65 por cento -de todas as comunicações têm a sua origem nos Estados Unidos, a tecnologia do satélite permite a utilização de novos métodos e vias mais eficazes. A política norte-americana neste campo articulou-se ainda mais, quando o Congresso pediu às autoridades governamentais, relacionadas com a política externa, que aumentassem ao máximo o uso da nova tecnologia, com especial ênfase para o uso privado do satélite. A Companhia Westinghouse abriu uma divisão especial, em 1966, para o desen. volvimento de métodos requeridos pela nova tecnologia e a ela ligou as maiores empresas aero-espaciais e electrónicas. Desde 1966, a Westinghouse começou o treinamento dos « Corpos da Paz» destinados ao Brasil e à Colômbia e, um ano mais tarde, à Columbia Broadcasting em cooperação com a Fundação Ford, inaugurou um laboratório p a r a a televisão educacional, exemplo seguido por outras agências governamentais ou semigovernamentais. Quanto aos padrões das séries de telaevisão norte-americanas chamadas «Sesame Street», numbrosos programas foram destinados a distintos países latinoamaricanos e começaram a ser avaliados os seus efeitos. Uma amostra típica foi construída com o inquérito realizado com a ajuda de equipas de sociólogos, psicólogos e antropólogos, em 1973, sobre os efeitos de «Se-" sarna Street» entre as crianças mexicanas. Ligado ao desenvolvimento destes programas, que abarcam quase 60 países do mundo, iniciou-se o estudo daquilo a que se chamou a logística da transmisso por satélites. A Corporação Hughes, em união com a agência norte-americana de satélites «Comsat» e representantes de Universidades deste pais, reunidos em Santiago do Chile em 1969. propuseram programas para o desenvolvimento da comunicação por satélites a 14 Universidades do país. A «Hughes Aircraft Corporation» é a maior produtora de satélites do Mundo, com conhecidos laços com a CIA. Os primeiros frutos brotaram no Brasil, em 1972, com a assinatura de um acordo entre o governo desse país e a «General Electric», que foi completado com a «Hughes». posteriormente. Estes acordos incluíam a colocação em órbita de- três satélites que permitiriam cobrir 86 por cento do território nacional com transmissões oficiais, supostamente dedicadas á educação. Mas os satélites podem faze-r mais. Uma informação da «General Electric» resume o uso do sistema como fonte para obter, transmitir e computap informações praticamente em todos os campos. Unido ao aumento consequente da penetração ideológica, verificou-se o aumento dos beneficios para as transnacionais relacionadas com o uso desta nova técnica de comunicações. Um exemplo é a utilização dos satélites para catalogar e explorar as fontes minerais dos países subdesenvolvidos, feita pela «General Electric» em 1972. Não é por acaso que a maioria dos satélites têm a sua órbita sobre o território brasileiro, de onde uma análise da junta de directores da «General Electric» mostrou que 99 por cento das grandes companhias têm interesses económicos apreciáveis. (In. «Diário de Luanda» Angola) Retórnados pobres são despejados Também na Madeira, os moradores pobres estão a ser alvo de grande ofensiva dos senhorios ricos e dos polícias, seus lacaios. Lá como cá. as conquistas duramente alcançadas estão a ser postas em causa. Os moradores pobres estão a ser violentamente e desumanamente atingidos. Recentemente, uma casa ocupada por um casal de retornados pobres, a sua sogra de 79 anos, doente de cama, três meninas de 14, 16 e 9 anos e uma criança de 9 meses, foi despejada e desalojados todos os habitantes por 14 PSP. A moradora esteve um dia presa e foi levada ao Comando, porque chamou mpito justamente de fascista a um dos polícias. Toda a mobília foi apreendida e até levaram a comida que naquela altura havia em casa. Os moradores não tiveram outra solução, para não ficarem ao relento, senão abrigarem-se em casa de uma irm ã da ocupante. (In. «Voz do Povo», Portugal) iANA A SE/N 1 Biblint,1... Originários das Províncias Ultramarinas Não foi no «Diário do Governo», foi no «Diário da República», Não foi em 9 de Outubro de 1973, foi há dias, em 9 de Outubro de 1976. Referimo-nos ao Decreto-Lei n. 720-C/76,,assinado pelo Primeiro-Ministro do Governo Constitucional, Mário Soares e pelos ministros do Plano e Coordenação Económica, Sousa Gomas. e das finanças, Medina Carreira, p elo qual os portugueses ficaram a saber que ficam sujeitos à efectivação de depósito prévio as importações de certos ivros de publicidade comercial e turistica, quando «originários das p r o v i n c i a s ultramarinas»... O leitor que nos escreva a chamar a atenção para o caso, diz-nos que pensava que até 25 de Abril de 1974 o fascismo mantinha colónias que hoje são, quase' todas, países independentes. Nós também... Mais do que isso: como o nosso leitor, tínhamos e temos a certeza de que assim é. Por isso não solicitamos ao Governo que dê execução ao que dispõe no Art. 4.' desse seu decreto-lei segundo o qual «tas dúvidas suscitadas na interpretação deste diploma serão esclarecidas mediante despacho dos ministros das Finanças e do Comércio Externo e Turismo». Mas ousamos exigir do Governo que se despache a actualizar a terminologia Utilizada nas pautas aduaneiras. E que, de passagem, mande substituir alguns cartazes alusivos às ex-colónias, que ainda se vêem no Aeroporto da Portela, com dizeres, por certo, ditados pelo Ministério fascista do Ultramar. Exige-o. além do mais, o respeito devido a Esta. dos soberanos com os quais, parece, o Governo pretende manter boas reações. (in «Diário>,, Portugal) A defesa da Âfrica Austral Segundo a BBC em yeportagem do seu correspondente de Carolina do Norte,. nos Estados Unidos, um g r u p o de Bancos norte americanos presididos p e 1 o City BanK a inda 'alguns bancos britnicos mantêm conversações com a República racista da Africa do Sul para a concessão de um empéstlmo de cento e cinquenta mile de dólares para cobdr dsp militares do regime do apatheid, Refere a mesma noticia que também houve conovaraçfs entra o regime de Voratar e o do Xá de Pérsia Iguuimente no sentido de um empréstimo vultuoso por parte daquele produtor de petróleo, à RSA. Em comentário final da noticia diz o correspondente da BBC que os cento e ciquenta milhões de dólares somados ao empréstimo global deste ano feito pelos EUA á RSA ultrapassa de longe a casa do dois mil milhões de dólares o que represente mais do dobro dos empréstimos feitos o ano passado. Maior clareza de propósitos por parte do Imperialismo americano, não obstante es decisões do seu Congresso, não podaria exigir-se. Maior empenho por parte do regime racista de Vorster para perma. necer no poder e continuar a dominar de forma assassina e cruel o povo da Africa do Sul, também se. não pode exigir. Poderia pergunta-se porque razão é o próprio imperialismo a anunciar tea propõsitos através exactamente da BBC? Também este facto parece clro. O imperialismo sai Inegavelmente derrotado de todos as confrontaç6es pacficas, porque pel paz senhão satisfaz o sangue de que necessita para sobreviver. O imperialismo corre, tente-criar um novo clima de guerra, fomentar a corrida ao * armamento afim de criar obstáculos ao desenvolvimento harmonioso da sooidade humana. A África Austral devido à vitória do Povo .Angolano na sua luta pela independência total, devido ainda às riquezas do subsolo desta parta do nosso continente constitui no momento, uma das zonas de polarização do interesse do Imperialismo. Um tal montante de emprétimo à RSA. pais já de si extremamente rico, embora com a riqueza concentrada nas milos dos monopólios e das multinacionais ser ve apenas a um ulter or desenvolvimento dos planos atómicos e riucleares do seu exército criminoso. Não é poss continuar de braços cruzados. Não é possível continuar a deixer passar o tempo na condenação e denúncia dos factos. A República Popular de Angol, pais jovem ainda na fase de cria-ç a o e consolidaçlo de etruturas. transformação de sociedade rumo ao aocialiamo, tem amaumido as suas responsablidades e não hesitou em resistir até à vitórie, mesmo quando ameaçada de estrangulmento. O que se está a vrifi. Cota car agora" no entanto. é a canso de uma ameaça para todo o continente e que de certo modo vai bem mais longeo. O plano do Atlântico Sul, congregando a Afica do Sul. EUA, Argentina. Brasil e outros é bem a prova da estratégia globel do imperialismo para esta parte do mundo. Os países socialistas, os países pro. gressistas, as organizações revolucionãrias dos países capitalistas têm de passar à acção quer nos seus próprios países. quer na 1ntensificação da ajuda às organizações de libertação da Namíba, Zimbabwe, e Africa do Sul. A )NU tem, de demonstrar, nesta que poder& bem ser uma última oportunidade, a razo de ser d sua existência. Os povos africanos, os mais directamente ameaçados, acabarão por tomar nas suas mãos o dever de defender a vida. A Luta Continua[ A Vitória é Certal (In, «Jornal de Angola»> Angola) Mais bases da nato em Portugal 1- O Governo diz que defende a Independência Nacional. 2- Medeiros Ferreira é o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo. 3-Medeiros Ferreira admitiu n u m a entrevista à «Voz da América» que poderiam ser instaladas mais bases da NATO em PortugaL 4 -As bases da NATO são bases militares estrangeiras, e são um atentado á nossa soberania e Independência Nacional. 5- Medeiros Ferreira não tem n a d a contra o facto de serem instaladas bases militares estrangeiras em Portugal. S6-Logo Medeiros Ferreira não se importa em comprometer a nossa independência nacional. 7-Se Medeiros Ferreira é ministro dos Negócios Estrangeiros deste Governo. e não se importa em meter cá dentro mais bases militares estrangeiras que comprometem a Independência Nacional de Portugal, como é que o Governo pode dizer que a defende? (In, «Voz do Povo», Portugal) «TEMPO» n.- 318- pág. 17 PANORAMA IA EDUC4AO .. . .. . .. .. Um dos factores dominantes e -mais interessantes do panorama social cubano são as escolas. Elas estão por toda a parte, e apresentam-se com maravilhosos aspectos. A atenção que lhes é dada na localização, arquitectura, traçado e facilidades de estudo, simbolizam bem a importância que Fidel Castro dá à Juventude, como futuro da nação. A abertura de uma nova escola é pretexto para festividade local, enquanto Fidel geralmente em atenção ao facto, comparece para testar (tomando para isso parte activa) a qualidade do basebol, ping-pong, ou mesmo as facilidades na prática do Voleibol. 98,5 por cento das crianças com idade compreendida entre os 6 e os 12 anos vão à escola. Se 1,5 por cento o não faz, é na maior parte dos casos por questões de saúde, mas mesmo para esses está a ser dada atenção particular na criação de condições especiais de escolarização que permitam superar tais problemas. Mas Fidel não está ainda satisfeito, pois afirma-o num importante discurso proferido na abertura da escola de ,formação profissional «General Máximo Gomez», inaugurada em 1 de Setembro passado na província de Camanguey. Ele não está satisfeito porque apenas 78,3 por cento das crianças com idade compreendida entre os 13 e os 16 anos frequentam as escolas secundárias. - Depois de fazer referência a um aumento positivo de frequência das escolas secundárias de 3 por cento em relação aos anos anteriores, Fidel diz: «.... mas nós lutamos, e continuaremos a lutar ainda ainda para que todas as crianças' e adolescentes cgm essa idade frequentem também as escolas». Uma outra razão para a insatisfação é o facto de em certas regiões onde 80 por cento das pessoas com idade compreendida entre os 13 é os 16 anos estudam, 90 por cento são rapazes e apenas 70 são raparigas, e Castro é campeão pela completa igualdade sexual. Na educação tal como em muitos outros campos, Cuba é original, abrindo novas experiências mesmo em relação aos outros países socialistas. Nas escolas secundárias de instrução rural básica, que constituem um interessante aspecto do .panorama, os alunos trabalham três horas por dia e estudam cinco,- é um longo dia escolar - mas os resultados tanto em produção como em educação são excelentes. E quanto à educaOao física, não só o facto, de em mlia dúzia de diferentes estabelecimentos de educação que eu '~ftei apresentarem uma excelente constituição física, mas ainda o facto de os jovens cubanos terem ganho nos jogos olímpicos de Montreal mais medalhas de ouro do que todo o res, to dos países da América Latina todos'juntos, fala por si. O siste ma de trabalho-estudo encontra-se aplicado nas escolas secundârias de instrução básica rural, nas escolas politécnicas, escolas técnicas bem como nas universidades. Eles cultivam intensamente dezenas de milhares de acres de terra, tal como nas plantações de açúcar onde eles fazem tudo com excepção do actual corte de cana eles estão encarregados de extensas machambas de legumes, bem como da maior parte do projecto de expansão da produção de fruta na ilha de Pines. Isto, não mencionando por outro lado o facto de terem as suas próprias pequenas fabricas e o de tomarem parte no processo de produção de outras fábricas anexas às suas escolas e colégios. O valor obtido daprodução agrícola e industrial pelos 4.500 alunos da «Escola de formação profissional Lenin» nos arredores de Havana, chegaram não só para co. brir as despesas anuais correntes da Escola bem como ainda ajudar no pagamento do investimento inicial da construção dessa mesma escola. Ela foi inaugurada em Janeiro de 1973 - sendo 55 por cento dos seus alunos raparigas - e os seus resultados são considerados tão positivos que inúmeras semelhantes escolas de formação profissional estão neste momento a abrir em todas as províncias. Na escola «Lenin», os estudantes participam nos trabalhos de uma plantação de cana de açúcar, em machambas de legumes, uma fábrica de manteiga, e na construção de um projecto de duas estações de rádio que constituirão grande parte do sistema de emissão da televisão cubana. Dispender três horas por dia na produção. Não irá isso criar efeitos negativos nos seus estudos? Foi o que nós discutimos numa mesa redonda com estudantes e professores. O consenso era pelo contrário, de que a participação na produção estimulava os estudantes, tornava-os mais maduros e aptos a tomar os seus estudos de forma mais séria. Os argumentos utilizados para provar isso situam-se na excepcionalmente alta percentagem de aprovações para classes mais elevadas em cada ano, bem como da decisão governametital em remodelar o programa préviamente considerado como necessário para a aptidão à universidade de 13(marca anteriormente estabelecida) para apenas 12 clãsses. A «Escola de formação profissional Lenin» parecia ao princípio ter um carácter elitista. De facto para serem admitidos nesta esco-la, os alunos têm que obter uma classificação mínima de 85 por cento no exame final da escola primária. Mas, porque a média naTEMPO, 3ý,,, - 's M CUA cional dos resultados obtidos nos exames finais das escolas primárias no ano lectivo de 1975/76 foi de 97,3 por cento e nas escolas secundárias 93,3%, os 85% mínimos para a «Escola de formação pro. fissional Lenin» não constituem uma verdadeira limitação, pois que os resultados das passagens em 1973 não eram tão altos como os deste ano. A minha visita à escola «Lenin» foi feita de'improviso, nos primeiros dias do novo ano escolar. Tudo estava numa grande confusão - estudantes de um grupo artístico tentando ensaiar uma exibição, alunos de um grupo de música tentando descobrir em .que sala poderiam praticar. Foi interessante saber que'todos os estu. dantes fazem parte de um ou de outro grupo culturál-teatro, pintura, música dança etc-. Um dos segredos para acelerar estudos, é sêm dúvida o facto de que acontece por exemplo quando alguém tem uma inclinação especial para as matemáticas, química ou física. AI ele pode inscrever. -se num «centro especial de estudos aplicados» e terá laboratórios, oficinas próprias, ou um horário de trabalho numa fábrica próxima, ou ainda um professorespecialis.. ta à sua disposição para trabalho extra-escolar. A escola mantem especiais relações com o Ministério das Comunicações, e se um estudante se sente por acaso interessa. do em trabalhar em certa fábrica relacionada com o que ele estava estudando por alguns dias, ou mesmo por algumas horas todas as semanas, ele poderá ser libertado das suas três' horas de trabalho diá. rio ligado à escola., Na «Escola de formação profissional Lenin», existem duas piscinas olímpicas de competição e no seu discurso em Camanguey, Fidel lembrou a determinado passo o facto de Cuba ser uma ilha, e de que a natação era um desporto que não tinha sido ainda convenien. temente çdesenvolvido. «Nós pode. mos ter mais medalhas de ouro com isso» disse ele «e nós gosta. muito mais importante é o factor mos de medalhas de ouro». Mas educação física. As estatísticas são um meio pobre de expor o que se passa na educação, mas a minha observação, baseada no entusiasmo dos estu, dantes, a devoção e espírito de responsabilidade dos professores e catedráticos, as facilidades de frequência atingidas e a atenção dos dirigentes para este problema, diz-me que se se houvesse uma Olim. piada no campo da educação, os cubanos ganhariam u m muito maior numero ainda de medalhas ouro, prata e bronze--do que as que ganharam em desporto em Montreal. Quandoo ano lectivo de 1976/77 abriu, 3,320.000 cubanos estudavam nos diferentes níveis, portanto em .mais de um terço da população total. Em 1958~-o último ano antes da vitória da revolução cubana, o número de alunos matriculados e de estudantes, era de 811.000. E Fidel Castro está provávelmente certo quando diz no seu discurso de Camanguey, que nos 12, em lugar dos anteriores 13 anos de formação pré-universitária, a juventude cubana «vai aprender duas ou três vezes mais do que aprendiam no mesmo tempo anteriormente». Quando numa viagem pelo interior, pude' observar alternadamente e ao lado de posters ao longo das ruas exortando toda a gente a .ajudar o Povo angolano, também havia posters chamando todos os cubanos a acabar a sua 6."1 classe. Faz parte de uma campanha lançada pela orgnização sindical, para todos'os trabalhadores sem limites de idade, a completar seis anos de educação em 1980. Apenas alguns anos antes posters idênticos exortava-os a aprender a ler e a escrever. O facto de 140.000 trabalhadores estarem habilitados com a sexta classe em 1976 foi reportado pela imprensa como um importan. te acontecimento. Quando a campanha contra o \analfabetismo e pela escolarização de massas foi lançada apenas há uma dúzia de anos, qualquer pessoa que fosse capaz de ler ou escrever era recrutado para o serviço como professor. De facto em 1972, apenas 23 por cento dos professores detinham diplomas de professores passados por uma es. cola de formação de professores. Hoje a percentagem de 60 por cen. to, e em 1980 ela será de 100 por cento. Este é o estado de coisas em Cuba. A percentagem de promoção nas instituições de formação e treino de professores em 1975/76 era de 99,7 por cento! Certas críticas afirmam que isso tem como causas o facto de certas passagens de classe terem sido descuradas mas eu não estou de certo qualificado para o julgar. O que se pode setitir é que aquela ideia de educar e ser educado foi aceite como uma importante tarefa a nível nacional, que é cumprida com a mesma energia, entusiasmo e senso de responsabilidade, que o Povo cubano trouxe para cumprir outras tarefas nacionais. Outra coisa que qualquer pessoa pode ver é que a educação está directamente ligada à vida. Estudantes que tetminaram a escola secundária ou a universidade podem seguir directamente para qualquer emprego, utilizando instrumentos de trabalho que lhes são famíliares; trabalhando em fábricas e firmas onde aplicam técnicas que lhes são também familiares, com um completo à vontade quando se trata de saltar de uma sala de aulas para a produção ou administraçaão. E eles transportam para os seus locais de trabalho o princípio de que trabalhar para a familia cubana e para solidariedade internacional são os mais altos valores da vida. «Estuda bem e prepara-te para o futuro» é outro dos slogans que se, vêem em toda Cuba durante o início do ano escolar de 1976/77. ,TMPO, n. 3i8- Q0q ,t FACTOS E CRITICA Cultura Moambicaa e exploração de menores depois selecciona-los em grupos, que mais tarde vêm a aparecer nas «boites» apresentando espectáculos. Esta forma de recrutamento, desenrola-se mais ou menos da mesma formna como antigamente actuavam os empresáServindo-se de crianças de menor idade, empresários sem escrúpulos f azem dinheiro à sua custa. É o que acontece hoje, nas «boites» da cidade do Maputo, onde e s s as crianças cantam e dançam numa violação da nossa cultura, violação fomentada por capitalistas. A maior parte das crianças a que nos referimos, não têm outras tarefas definidas senão ensaiar de dia para «trabalhar» de noite. As outras actividades que poderiam desenvolver, são esquecidas pelo hábito, que lhes é ihcutido, de ganhar dinheiro. No «Búzio», por exemplo, as crianças que lá actuam, têm menos de 15 anos de idade. Há também um outro caso, na conhecida «Boite Folclore», onde uma criança t a m b é m menor, actua em palco, cantando e acompanhando músicas. Segundo opiniões dos frequentadores, aquele jovem está munido de uma «personalidade artística bastante progressista», como se fosse em actuações de cabaré que uma criança ganha tal personalidade. Embebidos pelo álcool que ali é excessivamente consumido, os clientes envolvem de a pl a u s o s aquelas crianças, pondo de lado os problemas que futuramente v i r á o a prejudiêar as mesmas, bem como à sociedade moçambicana em geral. Este facto torna-se a i n d a mais impressionante, q u a n d o são cobrados cem escudos pela entrada, para no interior da «b 0i t e» presenciar-se cenas humilhantes. C o m o apareceram a que 1 a s crianças nas «boites»? Do Rovuma ao Maputo, o Povo moçambicano livre e independente, tenta recuperar e desenvolver a cultura moçambicana como tarefa revolucionária. Jovens e adultos aguçam constantemente as experiências que se v ão adquirindo ao longo deste processo, que se desenrola a nível de escolas, bairros e localidades, engajados nos seus respectivos grupos dinamizadores. É lá que 'os exploradores apreciam na sombra, os que melhor dançam ou cantam, para As vendedeiras das ruas, que já inspiraram alguns dos nossos poetas, perdem toda i possibilidade de moverem compreensão . sentimentalista quando praticam esperios proprietários de cabarés, que levavam os «s eu s» artistas aos espectáculos. A semelhança da forma, leva a uma conclusão: tentativa de recuperação capitalista da cultura moçambicana, transportada para os palcos em versão comercial mesmo que o chamariz s e j a m crianças que deviam, neste momento, assumir valores que delas fariam continuadores. culação. Na verdade, o seu problema é um dilema. São pobres -muito pobres - e fazem parte do grupo de explorados. Remedeiam os magros vencimentos dos maridos ,TEMPO,, n.- 318- p g. 20 Mil.. dez escues O0 exemplo veio das escolas das areas libertadas e generaliza-se Na Escola Secunddria de Nacala o cumprimento da zado e é um combate electivo. No Jornal de parede que mais moscas mataram. A ser assumida a tarefa sa saúde teria os seus dias contados. palavra de ordem «morte às moscas» foi interiorida Escola um quadro de honra assinala os alunos como esses alunos assumiram, esse inimigo da nósvendendo amendoim e milho nas ruas. Frequentemente é o seu único meio de subsistência. Como, pois, condená-las? Como, acusá-las de praticarem exploração? Presentemente andam a vender uma espiga de mil h o so no carvão, ali mesmo à beira da rua, por 5$00, 8$00 e mesmo 10$00. A venda de milho não é novidade. A novidade são estes preços verdadeiramente escandalosos. E quando se pensa que em Maputo, por exemplo, nunca em ano nenhum no passado se viu tanta gente a cultivar milho nos bairros dos arredores, este facto torna-se mais um elemento complicativo desta questão. Claro que a razão de tal especulação está na carestia de vida, única justificação aceitável para tal prá. tica. Mas de qualquer maneira, vender um bocado de milho por 10$00 é exploração descarada. Poderão nos a p o n t a r porque nos preocupamos tanto com as pobres «mamanas» que, no fim ao cabo, só tiram da bolsa do compra. dor uns tantos eseudos que ainda por cima são gastos, pelo mesmo comprador, na aquisição de um produto (milho assado) que pode muito bem v i v e r sem comer? Adiantar-nos-o que há comercíantes que exploram mais, há tubarões humanos que sugam quilolitros de sangue, os senhores capitalistas. E é verdade. O que apontamos e condenamos é o espirito que se encontra por detrás de tal atitude nas vendedeiras. A exploração, a especulação, não são mais simpáticas nem menos repugnantes consoante a classe social da pessoa que as pratica. Sejam quais forem as razões que alegam. As mesmas vendedeiras compram um saco de cebolas e vão depois vender cada cebola a 10$00, 20$00. No total revendem o saco de cebolas com um lucro de 200 ou 300 %.Foi assim quan4o havia falta. Não nos parece que sejam as pessoas de grandes rendimentos mensais as que compram m i 1 h 9 assado na rua. Salvo raras excepções o comprador da vendedeira é o operário que quer iludir a fome, é a criada que quer enganar a barriga enquanto não chega a hora dd almoço com o regresso do patrão à casa, são os estudantes que vivem nos subúrbios, etc. Não há nenhuma moral que possa defender que o pobre explore outro pobre, que o explorado emagreça a bolsa de outro explorado, Todavia, a liquidação desta forma de comércio especulativo só poderá ser levada a cabo com a integração das vendedeiras de rua nas estruturas existentes, como os bazares, onde se pratica um controlo severo sobre os preços e onde se está a travar uma luta pela higiene que as vendedeiras estão longe de conhecer. Finalmente, n ão concordamos com a denominação «Xiconhoca» para as vendedeiras de rua como o fazem alguns jornais do povo. O conceito Xiconhoca não cabe aqui. Xiconhoca não é uma pessoa mal esclarecida, uma pessoa sem consciência de classe. Xiconhoca é o inimigo e as vendedeiras não são inimigas do povo. São o povo. Uma parte dele, pelo, menos. 61 «TEMPO» n. 3)8- pág. 21 41< >3 ,1 .1< 3: 3 1> 3 4 1 '1 3 4 3Y 3 333:1~ jj~~ 33 -~ <4~ F~mes do ensino primário PARA PASSAI* DE CLASSE PRECOSO SABER EM CIMA: A aluna que se vê diante do quadro, foi uma dos que tiveram dificuldades na realização das provas. AO LADO: Aspecto das provas escritas dos exames numa das escolas primárias. Registouse este ano, um elevado número de alunos no ano passado, sem que para isso os a~uos estivesreprovados nos exames primários, principamente sem. devidamente preparados. nas primeiras classes. Esta sitação deve-se à falta de professoresqualificados, bem como à euforia de passagens verificadas Por outro lado, todos os alunos foram levados aos ex a m e s, tivessem ou nio bom aproveitamento durante os três períodos do ano lectivo, o que nio se passou nos anos anteriores. Momento em. que aluna prestava Provas or.is. Houve muitos alunos que nes. sas provas demonstraram alguns conhecimentos políticos a*nivel da revolução em Moçambique Antes das provas escritas, os alunos reuniram-se tora das salas, para em conjuntos discutirem as dúvidas de cada um. <NÃO IMPORTA A QUANTIDADE, MAS SIM A QUALIDADE» Terminaram já em todo o País, os exames primários da L., 2.- e 3" classe, do ano lectivo de 1976 (primeiro ano escolar após a independência), estando previsto o rcio dos exames da 4.a classe, para o dia 10 de Novembro. Emquase todas as escolas, registou-se e s te ano um número maior de reprovados em relação ao ano anterior. Esta situação deve-se ao facto de haver uma euforia de passagens de classe no ano passado, não atendendo à qualidade, mas sim à quantidade <TEMPO» n. 18 - póg. 24 de de aprovações, enquanto que no ano há pouco terminado foi dada prioridade à qualidade e não há quantidade. E s t e ano, encontramos uma quantidade enorme, de alunos muito mal preparados, principalmente na primeira classe, onde a maior parte dos alunos não sabiam ainda falar a língua Nacional, pelo que achamos que,é preferível ficarem muitos alunos na m e s m a classe que vinham frequentando, do que transitarem sem que para isso tenham qualidades - disse um porta voz duma escola que visitámos. O facto de ter havido alunos que transitaram paraas outras classes sem que para isso estivessem devidamente preparados veio, de e e,r t o modo, atrasar o b o m andamento do programa, pois em algumas escolas houve necessidade de criar turmas especiais para recuperação, o que além de dar m a i s trabalho aos professores, cansava os alunos. Sobre este assunto fomos informados do seguinte: Uma circular da Comissão Provincial de Educação e Cultura, no Maputo, determinava que todos os alunos que tivessem i d a d e superior a seis anos, e que frequentassem a prê-primria, deveriam transitar automaticamente para a 1.a classe, soubessem ou não falar português. Portanto, o maior problema que os alunos tiveram de enfrentar nos exames, foram as provas de português. O programa do exame vinha de acordo com as qualidades dos alunos que não sofreram a referida transição. Naturalmente que as provas não deveriam ser de modo nenhum diferentes, pois isso não resolveria o problema. P o d i a ser até que muitos passassem de classe, mas no ano seguinte haveriam de enfrentar problemas difíceis p a r a acompanhar os demais, pois não teriam a mesma preparação. Tempo - Qual a vossa opinião sobre o modo como sé estão a processar os exames, em particular a questão das muitas reprovações? DIALOGO COM ALUNOS: Alunos-Este ano e s t ã o a «chumbar» muitos dos n o s s o s companheiros. Os exames foram féceís p ara uns e difíceis para outros. No principio do ano, conhecemos muitos alunos da nossa idade e alguns até mais velhos, que andavam na pré. Depois das primeiras férias, a m a i o r parte deles vieram estudar junto a nós, na mesma classe, mas não sabiam n a da. Os professores disseram que haviam de ter aulas de recuperação, que depois tiveram, mas mesmo assim eles não conseguiam fazer aquilo que nós fa-zíamos. Alguns nem sabiam falár bem o português e não compreendiam bem o que nós estdvamos a estudar. T. -Então eles não sabiam mesmo nada? Alunos- Eles sabiam algumas coisas, c o m o contar ... aritmética. Sim isso eles conseguim fazer bem, e mesmo n o s erames eles fizeram bem as contas, aritmética, mas as outras coisas, eles não sabiam. Sobre a questão de os alunos terem conseguido melhores result a d o s na matemática afirmam que embora isso tenha acontecido, não deviam de modo nenhum admitir que os mesmos passasem de classe, sem que conhecessem t o d a a matéria, porque os exames, segundo nos informou um responsável, este ano estão bastante rigorosos. INTRODUÇAO POLITICA NAS PROVAS ORAIS As provas o r a i s foram feitas com bases em vários aspectos políticos vividos pelas populações de cada zona, bem como do pais em geral. As provas o r ai s, decorreram num bom 'ambiente, em que os alunos se adataram com facilidade, como se se tratasse de um estudo histórico colectivo, e não duma prova oral onde se abordassem temas sem interesse ne nhum, como o que acontecia anteriormente no tempo colonial disse-nos uma examinadora. FALTA DE PROFESSORES QUALIFICADOS A falta de profesores qualificados, foi também um dos problemas que deu origem às reprovações. Como anteriormente nos referimos, houve fugas de professores nas escolas. Esta situação de fuga de pessoal especializado, que se :vem notando em geral nos diversos sectores de produção, reflecte-se também nas escolas, onde os alunos não se encontram. devidamente preparados para fazerem os exames com bons resultados finais. Um exemplo disto, foi o abandono de 16 professores numa escola situada na Avenida das Forças Populares, no Maputo, entre os meses de Abril e Março do ano em curso. Com isto, h o u v e necessidade de a d m i t i r professores novos, tendo na maior parte deles, como habilitações literárias a 4.a classe, e sem preparação nenhuma para leccionar. Alguns desses professores davam as aulas em dialecto, achando ser a m e 1 h o r forma de os alunos compreenderem melhor as lições. Esse método de ensino não veio facilitar, mas sim agravar a situação, Como sempre-aconteceu, o rascunho também foi utilizado. Não só para evitar os borrões, mas também porque no acto de passar a limpo, o aluno pode notar as possíveis talhas que tenha cometido. criando a confusão entre os alunos porque nem todos eles falam dialecto. E por outro lado, o programa de ensino é obrigatoriamente elaborado com b a s e s na língua Nacional. T.-Qual na sua opinião, a melhor forma de se conseguirem melhores resultados nos próximos anos lectivos? U m professor - Primeiro t em o s a questão de não admitirmos al u n o s com mais de seis anos anos de idade, na classe pré-primária. Este problema s e r i a resolvido, se os encarregados de educação colaborassem connosco, no sentido de levar os seus filhos à escola, com idades inferiores a essa. Sabemos que anteriormente havia dificuldades na questão das matrículas, mas h o j e esse problema já não existe, embora muitos pais ainda estejam habituados ao antigo processo. Não quero com isso dizer que as crianças com mais de seis anos não t e n h a m direito ao ensino, mas acho que se deveria a partir de já, evitar que elas fiquem em casa e ultrapassem a idade dos seis anos, sem que estejam matriculadas na escola. Sobre a questão de nós, os professores, j u 1 g o que devíamos ir t o d o s para a reciclagem, aliás muitos de nós já foram, e mesmo os que venham a ser admitidos, fossem submetidos a n t e s a um teste, no qual se aprovariam as possibilidades de cada elemento, até porque isto acontece em qualquer tipo de trabalho. Soube-se também, que este ano todos os alunos foram -levados às p r o v a s de passagem, não atendendo às classificações por eles obtidas durante os três períodos do ano lectivo. Nos anos anteriores, os alunos que participavam nas p r o va s de passagem, eram todos seleccionados mediante as classificações conseguidas no decurso do ano. Com esta nova experiência, deu-se a )possibilidade a todos os alunos de fazerem os exames finais, embora se tenha verificado que muitos deles não conseguiram ficar aprovados, devido aos factores já apontados e na medida em que o factor principal é formar alunos em qualidade e nâoem quantidade. T «TEMPO» n.o 318- p8g. 2 A VIDA. ESTA HI «TEMPO, n.- 318- phg, 2b OFENSIVA DA PRODUTI' DOS, Ds MACIIMDOMBDS 'AoS "Dos OPEDRiOS' «Nós aqui trabalhamos como se a empresa fosse de cada um de nós. A velha mentalidade de que isto é do estado acabou. Nesses tempos trabalhávamos meia hora, depois parávamos. Fazíamos tudo nas calmas. Hoje, mal entramos às sete é vida, vida, vida. Quando toca a sinete a malta fica surpreendida: «o quê, já são onze e meia ?» Todos os dias é isso». Estas nalavras foram confiadas à nossa reportagem por um trabalhador das oficinas dos Serviços Municipalizados de Viação,'em Manuto, empresa cA marária resuonsável pe 1o s transportes urbanos. O mesmo trabalhador, Benjamim Lopes Soberano, nosso acompanhante juntamente com o responsável da Organização e Mobilização, acrescentou: «Depois há a escala para sábado e domingo que são dois dias de trabalho ainda mais pesado que durante a semana porque seis. sete indivíduos estão a tomar conta da frota toda. Há, alturasi que temos avaria de um carro, digamos na Costa do Sol, outro no Jardim, outro no Hospital do Infuleneo outro no Benfica. E estão sete homens aqui dentro. Dois com carta e o resto sem carta». O que resulta desta situação? Que pensam as pes. soas quando vêem os autocarros parados com avaria? Diz o responsável de Mobilização, Mário Makwakwa: As pessoas passam por ali, vêem uma viatura p a r a d a durante duas horas, três horas. Criticam-nos mas não sabem como é que nós trabalhamos nem as dificuldades que temos. Estivemos nos SMV precisamente para sabermos, junto dos operários e da Direcção, como é que trabalham e quais as dificuldades que tém. O resultado desse contacto honra os trabalhadores oficinais daquela empresa. Eles, de fac. to, têm nas suas mãos a vida dos machimbombos. Sem eles, sem o'seu trabalho, sem a sua iniciativa criadora, o problema dos transportes públicos em Maputo seria bem pior. Porqúê? OS SMV NAO ESTAO ACIMA DOS PROBLEMAS DO PAIS Ê impossível abordar os problemas actuais das empresas moçambicanas sem passar por algumas datas históri. cas: 25 de Abril, 7 de Setembro, 21 de Outubro, 25 de Junho. As três primeiras enquadram os tempos que, em termos de produção significam anarquia, baixa de produtividade, fuga de pessoal especializado, desorganização das estru. turas capitalistas ou do Estado Colonial. A última, 25 de Junho, significa a herança pesada de todo este caos. E temos aqui a história dos SMV, a histó«TEMPO n.- 31E p5 , 57 Algumas peças fabricadas pelos operários dos SMV e que vão ser aplicadas nos Machimbombos. A primeira, do, lado esquerdo, é uma maxila de travão. Na maxila aplica-se a balata é este conjunto .que para o carro quando é travado, isto é, a sua acção exerce-se imediatamente na roda. As outras peças são suportes para caixas de velocidade ria de qualquer empresa moçambicana. Depois do 25 de Abril, para além das greves dos condutores-cobradores houve formas de sabotagem, principalmente após o 7 de Setembro que deitaram abaixo as estruturas dos SMV. Assim, vamos encontrar três razões principais para a explicação do problema dos machimbombos: L- - Sabotagem d o s condutores-cobradores experientes manifestada por falsos atestados de doença. Cerca de duzentos homns com prática, diz-nos Lopes Soberano, meteram parte doente. O que tivemos de fazer? Recorremos aos novatos. E esses, quando começaram a agarrar-se ao v o 1 a n t e o que aconteceu? Cada dia era um rebentamento de um ou dois ou três carros. O que é que podíamos fazer? Arranjamos o que pudemos na altura. 2.- Para além da parte doente simultâneamente', abandona Moçambique g r a n &le número de pessoal especializado; 3.- Verificava-se uma desorganização total no mercado de peças. Na direcção dos SMV colhemos a seguinte informação: O mercado estava (e ainda está) n u m a desorganização tremenda em matéria de peças. Neste momento estão algumas empresas grandes a orTEMP0, . 31 2ganizarem-se. Mas o resultado disto foi que os SMV ficaram dois anos sem receberem uma única peça. Tentamos a importação directa mas a importação directa implica a montagem de uma máquina administrativa que neste mo, mento nos ultrapassa. Nestes três pontos vê-se que aquela empresa camarária limitou-se a reflectir os problemas gerais do pais. Mas como pela natureza dos seus serviços dá muito nas vistas, qualquer pessoa está em condições de criticar os transportes públicos em Maputo. Vejamos, porém como é que os trabalhadores superam as dificuldades. Se não fosse o seu esforço, os machimbombos da câmara estariam, neste momento, todos imobilizados. Sem exagero. A FROTA Os Serviços Municipalizados de Viação têm, presentemente uma frota de 177 machimbombos. Desses 177 cerca de 47 a 50 % estão em condições de andar. Por razões de ordem técnica (revisões, reservas para o caso de avarias) Ma"puto é diariamente servida por 74 carros apenas. Comecemos por um ponto importante: qual é o estado dos autocarros dos SMV? Sem entrarmos em números, podemos classificar os autocarros da câmara em três categorias. NOVOS, VELHOS e MUITO VELHOS. NOVOS: São constituídos por carros da marca «MERCEDES», «Guy» e «Layland». Quando estes autocarros foram encomendados pelo Eng. Mertens, presidente da Câmara colonial, n a s c e u grande discussão em que a nossa revista esteve envolvida, pois defendiamos que a única marca que já tinha dado provas de resistência para as exigências de transportes urbanos era a «Volvo». Todavia, através de cunhas das empresas representantes, a «Volvo» foi re. legada pard último lugar sob desculpa de que as suas cotações eram demasia-. damente altas. Presentemente esses carros, novos na frota dos SMV, apresentam deficiências. Oiçamos um dos nossos guias à visita que efectuamos naquela empresa: Os carros novos já nos trouxeram problemas no sistema de travões, na embraiagem, nas pás das ventoinhas. É um assunto que ainda vai ser estudado pelos trabalhadores. Praticamente, mal começaram a trabalhar rebentaram com as caixas de velocidades. As jantes também, Estas rebentam de- material. Há dois anos que não rece. -nos: Daqui a nada vai a n d a r. Havia vido ao excesso de lotação, bem peças novas. Veremos mais adian. dois, tiramos o material de um e, coloO excesso de lotação, é verdade, le- te como é, que estes carros ainda an- camos no outro. O motor está quase vanta muitos outros problemas de que dam. pronto. A sua carroçaria está ali a ser falaremos. MUITO VELHOS: É o caso de dois arranjada. D e n t r o de dias, é só uma «Laylands» que entraram em circulação questão de dias, não chega a um mês, VELHOS: Os carros velhos dos SMV nos fins dos anos cinquenta. Um deles estara a andar. uns são da marca «Volvo» e outros da já foi, a abate para permitir que as suas Esse «Layland» é um carro que se os «Layland». São carros com mais de dez peças fossem aproveitadas para fazer SMV fossem ricos deitavam-no fora tão anos de actividade e, portanto, carros o outro circular ante o problema de velhinho que é. que registam um elevado desgaste de ficarem ambos imobilizados. DisseramNINGUÉM MAIS SENAQ O HOMEM FAZ MILAGRES Esta é a questão central desta reportagem. Trata-se da recuperação dos autocarros. que permite que, apesar do excesso de trabalho a que estão submetidos, permanecem de pé. Se a frota dos SMV ainda transporta pessoas pela cidade e mesmo fora dela (há carreiras que são interurbanas como as do Benfica e Infulene) isso deve-se ao traba-. lho dos operários das oficinas daquela empresa. Nós aqui quase que fazemos milagres diz-nos sem presunção Benjamim Lopès Soberano. Que milagres são esses? FABRICAÇÃO DE PEÇAS: Os trabalhadores dos SMV fabricam peças para poderem suprir a falta delas. Se bem que multas vezes essas peças sejam de curta duração, permitem que uni determinado carro preste serviço durante algum tempo. Sem essa iniciativa cria. dora, os habitantes do Maputo há muito não teriamh transporte. Isto é um trabalho que começou devido à falta de material nas casas de representação, dizem-nos. Nos tornos fazemos vários trabalhos: casquilhar, torneamos parafusos para as molas, barras, peças para embraiagens, etc. Na Direcção da empresa ouvimos mais: Não sei se. os trabalhadorès. falaramvos disso mas estamos a encaminhar os nossos problemas de «stock,» para a fabricação interna de pequenas peças. E vamos pôr um indivíduo só para fabricar os nossos «stocks». ADAPTAÇÃO DE PEÇAS DE OUTROS CARROS: No mercado não há deste material. O que é que temos estado a fazer? Aproveitamos material dos outros carros que por vezes arranjamos no mercado e fazemos nova furação sobre a outra. Este tipo de adaptação de uma peça que vem com características de uma de. terminada marca causa problemas de tamanho: E s t a diferença é acertada com esta mdquina. Por e'xemplo, a maxila para travões não há no mercado. Alves Neves, torn.eiro, exibindo uma vedante por si fabrwcada já aplicada ao rolaCalços também não há. Andamos de mento que enéaixa no eixo que se vê na roda que teqW na mão. São estas peças, casa em casa à procura de calços que para cujo fabrico é necessária precisão de milímetros, que põe os carros para- hã fossem próprios e vimos lazer esdos. A luta contra a falta de peças no-mercado. A produção como acto criador, te trabalho. Adaptar. Os trabalhadores «TEMPO» n.- 318- pág. 29 A revisão de um mtor é um trabalho de estudo colectivo As molas não suportam o excesso de carga a que são submetidas. Para lhes aumentar a resistência os trabalhadores aumentaram-lhes o numero de folhas (folha é cada uma das barras que fazem a mola) superararm deficiências nas pás das ventoinhas dos carros novos fazendo adaptações. DESFAZAMENTO DE UM CARRO PARA MONTAR OUTRO: Esta explicação foi-nos dada diante do esqueleto de um chassi: Aproveitamos material de outros carros que estão dados por incapazes e vamos completar o chassi. O chassi vai sair daqui Id por pé próprio, como se costuma dizer. Vai sair daqui a trabalhar. .1 tem a direcção, lá tem as mudanças, jd se começou a aplicar. Depois vai-se a parte das molas, suspensão, veio de transmissão, caixa, motor <TE MPO, n. 318- pàg. 30 e por ai, até fazê o andar por si. Daqui sai um machimbombo. Estamos com ideias de aproveitar isto como centro de formação para pessal cá dentro. Iniciar os. indivduos aqui dentro. Um trabalhador vem e não tem conhecimentos nenhuns sobre a questão. Então agarramos nele e ensinamos. Quem olha para um pneu é capaz de pensar que uma coisa pesadíssima. Mas, um miúdo com leito pode metêlo. Tempo: Pelo processo de aproveitamento de peças de um carro inutilizado, quantos machimbombos puseram em funcionamento? Uma série deles. Por exemplo, tinhamos o carro n.* 148. Este carro estava arrumado porque. não tinha a válvula principal do travão. E então o que é que nos lembramos? Tínhamos ai muitos «L Ylands». Agarramos'numa válvula daquelas e experimentamos a ver se dava. E deu. E está ai a trabalhar na praça. Como esse temos muitos. Tempo: Mas quantos aproximadamente? Já fizemos t a n t a s transformações! Vinte, trinta, quarenta? Isso é todos os dias. Nós aqui quase que fazemos milagres., TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA DOS CARROS: Os autocarros dos SMV, devido ao excesso de trabalho, sofrem danificações e desgaste de material cott muita frequência. Todos os dias. Em carroshovos para além desse desgaste verifica-se que não suportam o trabalho com a estrutura com que vieram da fábrica. Comecemos por um problema geral que afecta carros novos e velhos. O problema das molas. Todos os autocarros registam um desgaste anormal das molas no lado esquerdo. principalmente, que é -aquele que mais peso suporta. Os nossos machimbombos têm capacidade para 52 passageiros mas levam sempre o dobro - diz-nos utw dos nosaos guias nas oficinas - Estas fossas, em número de três, estão preparadas só para o trabalho, de molas. Há sete elementos a trabalhar aqui. E então, tira, mola, mete mola, reforça mola, substitui folhas, 'cbrta abraçadeiras, substitui parafusos. Os parafusos partem e muitas vezes é necessário o aparelho de soldar p a r a tird-os lá de dentro. Tudo isto provocado pelo excesso de passageiros, excesso de carga. Todos os dias há machimbombos para aqui. Mesmo sábados e domingos. Há escala para isso. Temos esse ,problema por falta de material. O que estamos a utilizar é aquele que veio da fábrica mas anda sempre a partir. Tiramos fora, mandamos soldar, aplicamos, torna a partir. Os carros carregam muito. Estes carros vêm com molas de 14 folhas, mas nós aumentamo-las para 16 e 17 folhas. Em relação aos novos carros «Mercedes» os operários verificaram que o cabo da bateria, por passar ao longo da p a r t e Inferior do soalho do machimbombo, com o excesso de carga é friccionado e chegou até a causar in~êndios. Presentemente andam a introduzir uma alteração na colocação desse c a b o. Transformação na estrutura de fabrico para tornar os carros adaptados às necessidades concretas de uso. Como dizem os próprios operáriòs dos SMV: uma pessoa tem que puxar .Mal entramos aqui às sete horas uma pessoa tem de estar a magicar, a magicar ... Alguém poderá levantar o problema de que com t a n t a s adaptações, com tantas improvisações não se 'põe em causa a segurança dos carros, não se põe em causa a vida dos passageiros? Não temos material para arranjar de uma vez para sempreeis a resposta -Ajeitamos. E uma coisa ajeitada,já se sabe, não oferece garantias. Só uma coisa asseguramos: são as possibilidades de desastre. N e s s a s condições, quando o carro não fornece garantia, pomo-lo fora da circulação. Estes trabalhadores dão-nos uma lição de produção, produtividade e apanharam no seu sentido correcto o espírito de contar com as próprias forças. Fechamos com as palavras de José Gomes, responsável da secção de electricidade que nos diz: Ainda há alguns dias tive de desenrascar alguns «flashes», alguns comutadores numa oficínazinha. Ainda não fomos ao ferro velho mas qualquer dia Demo-nos, obrigados a ir. RESPEITAR ESTE TRABALHO Apesar d e s t e esforço tremendo de que tentamos dar a face real o trabalho dos operários dos SMV muitas vezes não é respeitado quer por alguns condutorescobradores quer por alguns elementos da população. Muitos passageiros atrasados forçam as portas dos machimbombos para entrarem o que, repetido várias vezes, danifica-as. Outros riscam os assentos e há aqueles que, apesar de rigorosamente proibido, penduram-se no parachoques traseiro do carro. Mas se a população, porque não faz a mínima ideia de como é que numa altura em que os carros da «Teresa Lino» estão uma lástimt, os c a r r o s da «Companhia de Transportes», idem, se a população, como dizíamos, não faz a mínima ideia do trabalho dos operários das oficinas dos SMV o mesmo não se pode dizer de alguns condutores-cobradores que danificam os autocarros com excesso de velocidade, manobras perigosas, etc. Felizmente é uma minoria. Mas vejamos as situações provocadas por condutores irresponsáveis ou com pouca prática. Fala a Direcção dos SMV: Um condutor leva o carro, arranca em quarta, arranca em terceira, desce em quarta ,desce em quinta. Acontece que a maior parte dos nossos autocar. ros travam por compressão de ar. O que é que acontece? Faz as decidas em quinta, o carro ganha grande velocidade. Ele tenta controlar o carro. Como é que tenta controlar o carro? Aplican. do o travão. À medida que vai travando vai descarregando o compressor. E quando chega aofim da descida, surge um problema qualquer, uma emergência, carrega o travão mas já não tem ar porque o compressor não voltou a encher. Então vai contra uma árvore, vai contra os carros que estão aí, etc. Aspecto da recuperação de uma roda de coroa. Se em vez de recuperdá.as estas peças fossem deitadas fora, quanto dinheiro se perderia na importação? Alias, neste momento nem existem no mercado Um machimbombo recuperado, pronto a andar, sofre os últimos acabamentos ,,TEMPO»>n., 318-. Qb, 1, .É assim quase sempre que há aqueles desastres espectaculares em que o condutor bate em cinco, seis carros, bate numa drvore ou rebenta com um poste. Se ele conhecesse esse mecanismo todo e tomasse precaução nunca havia de suceder isto. Tempo: Quer dizer, a inaior parte das vezes que se diz que houve um desastre por falta de travões, essa falta de travões é momentânea? R: Exacto, é momentdnea. Mas h ou. tros aspectos. Por exemplo, o e a r r o tem uma peça desgastada. Faz barulho ou as mudanças não entram bem. Nose caso a condutor devia chamar um mecânico, substituia-se a p e ç a. Mas não, só quando o defeito já estd nas últimas é que trazem o carro. Depois do, desgaste do cubo, uma sri de coisas. Isto é mesmo falta de atençdo, falta de consciência, falta de, conhecimento técnico. Há também problemas de óleo. O machimbombo pode ter uma fuga de óleo por defeito dos vedantes. Neste TEMPO, - . 318- pg, 32 caso há um desgaste anormal de óleo. OUTROS COMPORTAMENTOS O condutor verificando isso não para. ERRADOS anda e provoca um gripanço. Assim obriga-nos a mobilizarmo-nos para a Mas não são só estes condutorescocompra de órgãos danificados e como bradores que causam problemas. Cernão hd no mercado, essa mobilização é tas pessoas a necessitarem de reeduca. maior. ção causam transtornos nos machimbombos. O problema e peciflco de que Por isto tudo, as pessoas que estão a ,nos aaa breo dsSVo em entrar tê", aos sábados, lições que pro- nos fala a Direão dos S V não tem curam dar4hes conhecimentos sobre os nada a ver com os 'operários olcinais ,,,na pu q.c JLOi *. c.4.~ 1^v SMV: o que são, quais os seus objecti vos, o que são as pessoas que traba. lham nos SMV. Qua~ se trata de um indivíduo que demonstra imperíea na condução, primeiro .vo para a cobrança e depois é reciclado na conduç o. Obsevamos, acompanhamos a evoluçdo do Individuo. Se descobrimos que não dd para conduzir, tem desastres frequentes (e é por negligência) quando descobrimos que a pessoa ndo serve, então tomamos outras medidas. Colocamo-la definitivamente na função que ele é capaz de desempenhar. Estamos à espera que a população que é quem utiliza os autocarros cola. bore connosco. E colabore connosco não s6 no sentido de detectar, chamar a atenção dos condutorescobradores quando eles estMo em franca violação das n o r m a s de disciplina e conduta mas em relação aos próprios elementos da população que criam problemas e fazem com que o machimbombo atrase, fazem com que o machimbombo pare e criam dificuldades aos trabalhadores dos SMV. Muitos dos problemas que sucedem a própria população 'poderia resolver porque é um individuo que E também um acto de militãncí~ O chassi de mactimbombo que se ré ao lado vai servir de escola para os trabalhadores iniciados nas várias tarefas de assistência a um auto-carro. Como disseram à nossa reportagem, daqui sai um carro a andar por si. Quais são as várias secções das oficinas dos SMV? Mecânica (revisão, reparação e afinações, motores, diferenciais, caixas de velocidade, travões, suspensão - molas e pneus) Soldadura, Máquina e Ferramenta (torneiros) Serralharia (mecânicas e estruturas) Chaparia, Carpintaria, Estofaria, Pinttra, Electricidade (baterias, geral, bobinagem) e ainda uma estação de. serviço não quer pagar o bilhete ou é um indivíduo que não quer, estar na bicha (enquanto as outras pessoas estão na bicha ela não estd na bicha). O facto de a pessoa não estar na bicha e tentar entrar, a proibiçáo 4isso cabe mais às pessoas que estão na bicha do que ao próprio condutor. Muitas vezes o condutor não lhe quer vender o bilhete, não deixa que ela entre para o machimbombo, mas como não tem apoio das pessoas que e s t do directamente pre~dicadas, que são as pessoas que 14 estão na bicha hd muito tempo, ele acaba por cair. Nasce uma discussão que leva muito tempo, e acaba por levar o carro a policia o que vem demorar ainda mais a carreira quando o problema podia ser resolvido se os pró. prios passageiros tomassem uma atitude. DISCIPLINA Por razões que fio têm cabimento aqui, o Grupo Dinamizador dos SMV está inoperante a nivel de Circulo. Os problemas são vários e já foram comunicados à Sede. Mas porque esse mesmo Grupo antes de. ficar ultrapassado tinha levado a cabo um trabalho correcto, os frutos ainda hoje são colhidos. Não há problemas com a t r a s o s à chegada às oficinas. Em relação ao pessoal do tráfego, quando lá fomos h a v 1 a dois elementos suspensos por quinze dias em virtude de terem sido encontrados a conduzir em estado de embraguês. O sector do tráfego é o mais difícil de mobilizar devido às ca. racteristicas do, próprio trabalho feito por turnos muito apertados. Em virtude da inoperância do Grupo Dinamizador os problemas são resolvidos administrativamente com base em normas estabelecidas quando a estrutura política estava funcional. Diz-nos o responsável da Organização e Mobilização, MáriN Makwaka: Em relação ao discurso do Camarada Presidente por acaso aqui, como disse logo de principio, o Grupo estava a trabalhar mais ou menos como deve ser. Havia esses problemas mas foram esuperados através das n o s s a s reuniões constantes. 34 hd mais de um ano que não verificamos Isso. Havia de facto, em especial aqui nas oficinas, víamos trabalhadores que chegavam a horas mas ficavam ld fora. Tocava para a entrada, uma vez, duas vezes. Então é que vinham nas calmas, iam para as casernas mudar de roupa. Pegavam no trabalho quase meia hora depois da segunda sinete que é para começar a tra. balhar. E de facto andamos a discutir e a coisa melhorou bastante. E com os próprios trabalhadores definimos um critério que é quem viesse atrasado dez minutos depois tinha que voltar para casa. Não mareava o dia. E as massas concordaram numa reunião geral. E, por isso, l4 não tínhamos problemas mesmo antes do discurso do Camarada Presidente. DA CONCLUSAO Foram estas as realidades de produção, disciplina e espírito de autosuficiência militante que encontramos nos SMV. Abarcar todos os aspectos é-nos praticamente impossível. A concluir po. demos adiantar mais umas informações' s o b r e machimbombos, poupança de material e consciência de servir as mas. sas. Multa gente não gostou quando tempos atrás foi lhe tirada uma paragem que ficava mesmo defronte da sua ca. sa ou-do seu.serviço. Qual foi o objectivo dessa alteração de paragens? O objectivo foi alargar mais as distâncias de modo a que os machimbombos passassem a ter menos paragens. Qual a vantagem disto? Poupança de material. Se de uma paragem para a outra pode parecer insignificante, isso desaparece quando nos lembramos dos qui. lómetros que um autocarro faz por dia, por semana, por mês ... Um carro sofre mais desgaste ao arrancar e ao travar. De m a n h ã, há machimbombos que sempre que vêm das terminais d cidade em direcção aos subúrbios e arredores, não obedecem aos sinais de paragem. Esses carros, que são uma Inovação dos trabalhadores dos SMV, só carregam passageiros num sentido: de casa para os locais de trabalho. São um reforço nos períodos de ponta. Assim, ao meio dia, voltam a entrar em circulação. Não obedecem a horários e, depois de deixarem os passageiros, não obedecem o roteiro fixo para regressarem e carregarem mais. Voltam pelo caminho mais curto. São uma espécie de expresso rápido. Uma coisa de que a Câmara fascista nunca'se teria lembrado nos tempos da outra senhora ... ,Tf-MPC<,. 31 - , 33 Págsna a ,stôria da resistência do povo moçamb"no os MASSACRES DE, INHAMINGA Camponeses enforcados. Cartazes pendurados no pescoço: «eu era da FRELIMO», «eu era turra». Sistematicamente eram mortos e torturados homens, mulheres e crianças, apanhados desarmados só porque, muitas vezes, era mais cómodo matá-los do q{ue transportá-os para os futuros aldeamentos. Deixavamnos pendurados nas árvores para intimidar outros camponeses e combatentes A sua dor transformava-se porém em força. Numa força imparvel. Quando, enxovalhado pela desastrosa derrota de «Nó Górdio», se viu obrigado a retirar de Moçambi. que o melhor dos seus eritos-Kaúlza de Arriaga - o exército colonial fascista português ficou com. pletamente desmoralizado. Ée n t o que - conhecendo inümameute esse es. tado de espírito e esse desespero quando vê seu amigo Arriaga condenado, Jorge Jardim resolve jogar JEMPO n. 318 - p&g, 4 a sua última cartada, para o tentar salvar, 3, simultaneamente reforçar a sua autopromoção «Nunca poderia destruir um exército de guerrilha como o da FRELIMO com uma oper do tipo da «Nó Górdio», de cerco e aniquilamento. A FRELIMO tem o Povo do seu lado e conhece o terreno que, são princípios essenciais de guerrilha. A úmica hipótese de destruir a FRELIMO é iniciar uma contra-guerra de guerrilha. E, para isso eu tenho a sobiço .,.» A s o 1 u ç ã o por ele proposta foi a formação dos «grupos especiais» e «grupos especiais paraquedistas» que seriam mercenários bem pagos, recrutados nas próprias regiões onde posteriormente actuariam. Era fácil recrutá-los nos «aldeamentos», eles conheceriam a região, estão ligados ao Povo - argumentou Jar. dif. «Perdido por cem, perdido por mil», Araa acede tentar convencer os seus patrões a pôr em prática a multiplicação desses grupos de Jardim. Os seus p a tr õ e s acederam, mas contrapuseram: «agora é demasiado tarde... Os terroristas já estão em Inhaminga, por toda a Gorongosa, quase ao pé da Beira ,... a única hipótese que vemos é conciliar a vossa ideia com a nossa - fazer uma linha de de. tenção que os não deixe descer dessa zona, que será então mantida pelos vossos grupos, por outras tro. pas especiais - comandos e paraquedistas, enquadra das e apoiadas por tropa normal de quadricula ..» E Jardim foi 'então autorizado a constituir quarenta grupos especiais e doze grupos especiais paraý quedistas para actuar nessa zona. A p o i a do pela Africa do Sul e pela Rodésia, construiu um quartel especial no Dondo para preparar os grupos. Suas tarefas foram bem deteras: recolher e aldear à força as populações, e imp edir aualquer contacto destas com os combatentes da FRELMO. O processo - era dada liberdade absoluta nos métodos de actuação. Isto passase em 1973. Porém, desde 1970 que a FRELIMO efectuava trabalho político na região. As populações estavam per. feitamente consciencializadas dos objectivos dos combatentes e das suas tarefas na Luta de Libertção Nacional, já havia material introduzido, tudo estava pronto para fazer estender à Província de Sofala o fogo devorador da Liberdade. (Correu célebre na Beira o pânico nas hordas fascistas quando os combatentes fizeram saltar a linha de comboio que passava a um, quilómetro por trás do quartel, onde Jardim treinava quatro mil homens para posterior selecção para os seus grupos especiais). Com as populações consciencializadas era impossível cortar a sua ligação com os combatentes, apanhá-las à espera que as fossem buscar a casa para enfiã-las em campos de concentração. A frustação de não conseguirem os seus objectivos, a sua preparação ideológica naturalmente em mol. des ultra-fascistas - e o facto de verem a FRELIMO e o apoio popular crescerem dia a dia conduziu a que esses grupos especiais, e as outras tropas especiais efectuassem como represália sobre as populações, as maiores barbaridades sobre o nosso Povo. Denunciadas em inúmeras instâncias internacionais, e em particular num relatório e declarações em conferência de imprensa por um grupo de padres holandeses que viviam na região, e de lá fugiram, essas selváticas atrocidades ficaram conhecidas por «massacres de Inhaminga». Porque divulgado logo após o 25 de Abril de 1974, e n e s s e contexto ficou «diluído», esse relatório é muito pouco conhecido entre nós, publicamos nesta edição alguns dos seu extractos mais Amportantes, bem como algumas das declarações desses padres holandeses na conferência de imprensa à sua che gada à Europa. Essa página amarga da história da resistência é uma imagem elucidtiva da contribuição de Jardim para a «libertação do nosso Povo. ». «Há centenasde Wyriamus em Moçambique. Desde Janeiro a Março foram massacradas mais de quinhentas pessoas em Inhamingaf - o ra m as primeiras palavras de José Martens, um padre da missão de Inhaminga, quando na Europa, perante os microfones e as câmaras fotográficas e de televisão, revelou que partira de Moçambique--onde não podia evidentemente falar-para dar a conhecer ao mundo o seu testemunho dos hedion. dos crimes das tropas e polícia fascistas portuguesas sobre o nosso povo, cujo único crime era querer ser livre, e só poi isso lutava, apoiava os combatentes heróicos da FRELIMO (seus pais, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs). Saldo de Moçambique em 26 de Abril de 1974, segundo o descreveram então os jornais. a sua voz ainda vinha marcada pelos gritos dos torturados, pelo medo de 35 mil pessoas fugidas para o mato». «Os verdadeiros culpados dos massacres são os exploradores do' trabalho africano, os maníacos das glórias pátrias, os bispos que sabiam e não quiseram f a la r, os colonialistas que não querem perder os privilégios». -acrescentou ainda José. Martens. E, é ele ainda quem explica a situação: «Os primeiros ataques em for ç a da Frelimo ao Quartel de Inhaminga deram-se em 23 de Janeiro, mas já nesse mês vários comboios da Tranz-Zambézia Railways (TZR) tinham sido atingidos e, desde fins de Julho, diversas acções armadas haviam sido conduzidas pelos guerrilheiros contra objectivos estratégicos. As prisões e torturas foram a resposta sobre a população. Mas a Frelimo já estava na zona desde fips de 1970, num persistente trabalho de conscienc'aNzação. Pelo menos desde que, nesta data, o Governador fez conhecer o projecto de alargamento do Parque da Gorongosa para o Norte, até à linha férrea internacional da Trans-Zambézia Railways, onde se situa o centro ferroviário de Inhaminga, vila com uma população de oito mil africanos e 1.100 europeus, num concelho com cerca de 45 mil habitantes». COMO O POVO ERA OPRIMIDO E EXPLORADO Sobre como o Povo daquela região era oprimido e* explorado contou: «Os 400 quilómetros de linha férrea da TZR foram construídos com sangue do Povo, há cinquenta anos. Os salários dos trabalhadores das serrações e da TZR não passavam de 180$00 por mês, antes da eclosão da guerra. Nas serrações de Cheringoma. uma das zonas mais ricas em toda a Africa em madeiras preciosas, os negros trabalhavam, vestidos com um saco enfiado, e partiam das aldeias ás 4 horas da manhã em camiões empilhados. O TEMPO. ' 318-. pág. Z ibeeo de pahnta era 290,00 por ano, sob pena de trabalho forçado pm os que e dlexssOem no pagamento. Embora guspenms o trabalho forçado em 1961, a verdade é que os administradores continuam a usar de todas as arbitrriedades para mTegimenUm trabalhadores à custa de um comissão paga polos fazenderos e donos ds serções». E contou, a este respeito, uma história recente: <Há dus emanas, pr m-s à porta do posto dois moços africanos pedindo certidão de nascimento para tirarum o bilhete da identidade. Mas como não tinham pago o imposto de domicilio (cercs da 300$00). o chefe de posto nandu-os Uabalhar para a serração. Com todo o requint acrescentou: «Já agora, primeiro quê tudo, vocks vão ali encher-me o tanque de águal». E os rapazes não tiveram outro frmédio, mas pode-s imaginar a revolta que sentiram! Nlo longe de Inhaminga. a Sena Sugar arregimentou 30 mil negros para trabalharem nas plantações de açúcar. em clrcunsnl tais que, durante o ano de 1973 a apesar da repressão, os trabalhadores desencadearam quatro greves importantes. Os de Inharminga não foram arregimentados desta vez, mas estavam sujeitos eo mesmo. O Povo nunca esquecerá ter sido espolido das terras. Depois das terras proparadas, os colonialistas iam à administração e conseguiam facilmente dois ou trás mil hectares abrangendo terras já arroteadas peles populações. (Grande parte dessas pessoas do Povo eram empregados de TZIF que tinham fora da Vila as suas paquenas plantaçõs). AS BARBARIDADES DA PIDE E DA TROPA FASCISTA Os maiores sofrimentos da população de Inhaminga começaram no final de Julho de 1970, como em pormenor se descrave num relatório então divulgado pelos mis,'ionários. Falando ainda -;r,ý'3 o qt, vira, José Martens recorda: «eu vi o terror de Inhaminga. Era «a varrer» rna .ujas, nas a1deis. Era a pide. eram os soldados. eram os milicias, eram os cipaíos. As duas prisões foram-se enchendo de suspeitos, ms a Pide não conseguiu prender um único guerrilheIro, porque o Povo nunca os denuncia nem mesmo de. baixo de tortura». aNos últimos dias de Dezembro, é preao o régulo Pangcha. surpreendido com elementos suspeitos. 1. um chefe nativo de 46 anos muito estimado em toda a reguo. Foi levado para o Quartel de Inha. mIngas Freilmo quiz libertá-lo desncadeando o pri ataque em força «TEMPO,, n.- 31t- p6g. 36 à unstalaçóes militares, depois de ter e.viado ao Comandante um ultimato escrito em portugu6s, ingls e chissa (a íngu da região). Duram o ataque, os soldados fizeram fogo sobre a prisão, morreram alguns presos mas Pangacha nada sofreu. Continua sob vigiláncia apertada. A sui filha Sebestiana, jovem recém-casada, vem ao Quartel trazer-lhe comida. Em 6 da Março, são abatidos pSla Pid ci n c o pessoas ditas suspeitas durante uma festa organizada por um cabo-ve<diano desertor do PAIGC que se instalara como colaborador da Pide entre os trabalhadores da uma serração. E n t r os mortos . s t ã o dois filhos de Pangacha, que ste se negou a reconhecer. Sebestiana, chamada depois da recusa do pai identifica os cadáveres dos k ,mãos morta, ao lado do pai, que entretanto fica ferido e é supultado vivo, Não conseguindo pistas através dos adultos torturados, a Pida prende crianças de sete a oito anos que também são torturadas. Um dos métodos de tortura baseia-se em choques eléctricos aplicados nos ouvidos e noutros pontos sensveia com uma máquina inventada pelo caçador Faria, conheio como infomador da Pide. Mas em mdultos casos, lsso reforça ainda mais a reúIstência dos torturados, para quem a morte é somente a libertação do povo inteiro, Por seu lado, a população branca colonialisia estimulada pelas recentes maniãestações da Beira, pressiona as autoridades a tomar medidas cada vez mais drásticas: exigem a expulsão dos padres, blindagem dos comboios, helicópteros para acompanharem as formações ferroviárlas, limpeza da zona. O pessoal branco da TZR entra em greve, a população é compelida a residir na Vila sem poder sair para as plantaos». COMO O TERRORISMO FASCISTA LIGAVA AINDA MAIS OS COMBATENTES AO POVO As humilhantes condições de opressão-exploração a que era sujeito o Povo, e esta actuação de barbárie fascista, em vez de isolarem os combatentes da FRELIMO do seu Povo, mais fortaleceram os laços naturais que os uniam e mais faci. litaram o trabalho de mobilização. O próprio Povo diz que a Frelimo ain~a não faz Ir pelos aros os cabos elécricos o as condutas da água da cidade da Beira porque não'tem pressa nem preparou ainda a populção. O próprio Povo conta que a Frelimo diz que há em Moçambique muitos broncos que não terão'da sair, porque não são culpados dos crimes. Mas os pid os patres da seraçc, os bispos com-~ prometedo os fazendeiros exploradores o toda a gente que roubou não tem outia coisa a fazer senão partir. Os miltentes de Frelimo dizem assim ao povo: «Moçambique é grande e tem riqueza para todos, os brancos não precisam de sair, mas nós faremos a escolha». Os atentados dos guerrilheiros atingiram apenas os exploradores, os denunciantes, alguns régulos que, depois da avisados, persistem em colaborar com as tropas portuguess. E o missionário comenta: «Se os brancos fossem tio lúcidos como os africanos, se tratassem os negros como estes são capazes da tratar os brancos. não haveria problemas, porque este povo é amigo dos brancos que o respeitem, sente-os como gente sua, não olha para o cor da pela. Mas eles sabem muito bem quem são os «Jorges Jardins».. Outro dos missionários contou aos jornalistas epsódios que o Povo contava, como índices do prestígio que os combatentes da FREUMO tinham junto do seu Povo. «Um dia entraram -dis moços na loja duma aldeia do mato e, enquanto o empregado lhes servia duas cervejas, tra. vou-se este simples diálogo: -Olá, sabes o que é a FRELIMO? - Já ouvi mais ou menos, mas não sei bem -respondeu o moo. - Olha, a FRELIMO somos nós que andamas a combater para libertar todo o nosso Poo. do Rovura ao Maputo E agora vai dZer ao teu patrão que a FRELIMO passou aquil Dito isto, sumiram-se no mato, mas na mesma tarde já toda a gente sabia que a FRELIMO estava no aldeia e todos o colonialistas começaram a tremer, A outra história pode não ser tão objectiva mas o Povo conta-a já como uma «leganda» reveladora do prestigio da Fralimo. Um dia, p e r to de Inhaminga, os guerrilheiros montaram uma emboscada num sitio muito apertado. Passou um camilão cheio de tropa e logo trinta guerrilheiros cercaram o camião, de metralhadom em punho. Tão rápida foi a operação que os soldados nem tiveram possibilidades de saltar do camião e ficaram gelados da medo, enquanto o motorista, dessprado, tantava, uma manobra impossivel para fazer marcha-atrás. Foi então que os guerrilheiros, sem disparar um ti. ro, desataram a rir e deixaram os solda, dos em paz. Mais tarde explicaram a histéris plas aldeias. «Nós queremos pro ver-lhes-diziem elas- que podemos dominar Moçambique Inteiro, que até 9o moa capazes de nos dominarmos a nós». VerdadeIr ou não, é, assim que o Povo conta a história paa prestgo dos guerrilheiros. Ao fim de trs anos de trabalho poli. tios e reivindicativo toda a zona de Inhaminga está completamente dominada pela Frelimo que se apresenta aos olhos, do povo como um movimento de liber. <ação. RELATORIO DOS MASSACRES Para além dessas declarações os missionários de Inhaminga -tornaram na altura público, um relatório claro e elucidativo, em que eram divulgados por ordem cronológica os inúmeros massacres, torturaS, violação e abusos do colonialfascismo português na zona de Inhaminga e naquele período. Assinavam o relatório-de que a seguir publicamos extractos - além de José Martens, António Verdaasdonk, João Mateus Van Rijen, André Ván Kampen e João Tielamans, todos holandeses missionários ou irmãos picpus. RELATÓRIO DE INHAMINGA (MEMORANDUM DE 4 DE MAIO DE 1974) Obeservas wf perliminares: 1. - Os &baixo assinados deste memorandum declaram que os seguintes acontecimentos estão anotados conforme a verdade. 2.- A fim de não porem em risco a vida dos Africanos citados neste mamorando, os seus nomes foram substituidos por outros. Os nomes autênticos estão escritos e conservados em artigo confidencial da Congregação dos Sagrados Corações em Bavel (Holanda). 3. - O seguinte memorandum é extraído de um diário acerca dos principais acontecimentos que tiveram lugar de Agosto de 1973 a Março do 1974 e em redor de Inhaminga, diário no qual tinha sido anotado à medida que os acontecimantos se desenvolveram. 4. - E s t e memorandum descreve os acontecimentos resumidamente e tem em atenção principalmente as prisões, as torturas e os massacres. 5.- Podemos determinar com bastante exactidão o lugar perto de Inhaminga onde se encontram as valas comuns em que foram enterrados os mortos em massa. 6. - Declaramos expressamente q u a existe o lugar de Inhaminga. Isto para o caso de, depois de publicados os massacres, o nome de Inhaminga -como o de Wiriyàmu em 1973-vir a ser negado. 7.- Estamos dispostos a testemunhar diante de todos e de cada um em particular, porque deste modo somos ainda capaze de servir o nosso povo; pela limitação drástica da liberdade de moviJEMPO» n.0 318 - p g. 37 oentos, o nosso trabalho em Inhaminga tomou-se inteiramente- impossível. 8.- Esperamos que a s t e a acontecimantos, descritos a anotados segundo a verdade, sejam publicados com a maior amplitude possível para que, pela sua publicação a pelos protestos que suscitem, possam evitar-se futuros massacres e práticas desumanos em Moçambique. 9.- Não sentimos necessidade de provocar sensação, tanto mais que é clero terem as autoridades eclesiásticas de Moçambique omitido até hoje a denúncia dessas e de outras injustiças para com o Povo Africano. 10,- Finalmente esperamos que, por falermos, isso não acarrete, em m a i o r perseguições e mortes a Africanos Acontecimentos o declaçaée FIm de Julho de 1973: Recebemos e primeira noticia de um ataque da Frelimo o Exército Português a uma distância d 45km de Inhaminga, junto do cruzamento Mazamba-Gorongose e d um desvio para uma escola do mato em Inhasol, em que houve dois feridos entre o exército português. O exército começa a fazer pressão sobre a população. há rusgas nas casas, interrogatórios, o c h e f e da população é maltratado, suspenso pelos pés de uma árvore durante o interrogatório, em seguida é transportado pela DGS para a Beira; a fuga ds Africanos; principalmente dos mais.jovens- num só dia 14 rapazes de Nhamsol togem para o mato para a Frelimo. 16 da Agosto de 1973: A Frelimo em Massandza, ataca dois camiões do exército com soldados portugueses; há trás ýeridos da parte do exército português; Uma mulher ,e uma criança que, por acaso, voltava n da moagem e fugiem ao ver os soldados, são mortas a tiro. Os cadáveres são levados e enterrados no quartel de Inhaminga. Além disso seis homens, entre os quais o professor da escola da missão Cerlito Chapo, são presos e lavados para um in. terro t6ro. 26 de Agosto de 1973: João Tielemens é chamado ao edifício de DGS da Beira. Interrogatório ácerca de Frelimo. ácerca das suas actividades de lavoura entre a populaçãoi Africana; ácerca do encerramento da missão Io Lundo, fim de Março de 1973; ácerca da posse de documentos a' respeito dos messcres em Wiriyamu. - Não passa' de um interrogatório. .to-Novamro de 1973 Tudo fica tranquilo na região com ex«TEMPO» n.- 318- pãg. 38 cepção ý alguns pequenos incidentes. Chegam-nos cada vez mais noticias do meto ácerca da formação de elementos para o movimento de libertação e àcerca da consciencialização do povo pela Frelimo. Os portugueses encontram apeaição quanto ao levantamento dos chama dos aldeamentos. 12 de ~ezembro de 1973: O pessoal africano, 18 pessoas no seu conjunto, da bomba de á g u a da -ZR, junto ao rio Mazamba, das bombas de Inhamatope e de Muanza, transferido para Inhaminga nos fins de Novembro, é trensportado para a Beira sem a mínima explicação. Nasce um grande medo entre o outro pessoal da Trans-Zambézia Railway. Ainda mais pessoal é transportado para a Beira posteriormente. 31 da Dezembro4 1973: A Frelimo faz explodir a boml dó água da Administração de Inhaminga. . O exército prende várias pessoas dos arredores; como Rocha' Nampouca, Nham Vez, José Cheka, etc.; para interrogatório. São torturados pela DGS. Entretanto a DGS estabeleceuse definitivamente em Inhaminga. Os seguintes agentes da DGS são-nos conhecidos por estes nomes: Pepe, Afonso, Libertino, Carneiro. 5 de Janeiro de 1974: O superior da missão, Padre José Martens, é chamado pela DGS. Antes do interrogatóri9 consegue falar com o chefe de Massandza que está preso. Este de. clara que está a sofrer horrivelmente. O padre José ouve também os gritos de terror de mulheres que estão a ser torturadas nas trazeoiras da esquadra da policia. Quando o chefe da policia, o Sr. Gordulho, se apercebe da presença do missionário manda alguém com ordem de interromper as torturas. 13 de Janeiro de 1974: Na medido em que as actividades da Fretimo vão aumentando são presos e interrogados c a da vez mais africanos. Deste modo os africanos encontram sempre cada vez maiores dificuldades no processo dos Interrogatórios; torna-se cada vez mais refinado pelo uso de aparelhos com o qual se dão choques eléctricos às vítimes nos sítios maisý sensíveis do corpo; ouvidos, cabeça, seios etc; pelos espancamentos com cintos, paus, matracas de borracha, até as pessoas caírem feridas e sem sentidos; 'por pisaduras des mãos e dos pés. Há presos tombados pelo espancamento e também por pontapés em outras partes do corpo. 23 de Janeiro de 1974: A Frelimo ataca o quartel de Inhaminga. O exército não consegue apanhar nenhum dos atacantes. Quando, de madrugada, ás cinco e trinte, passam dois africanos pelo 4uartel a caminho do trabalho, são mortos a tiro à queima roupa. São eles: Creva, ajudante de pedreiro que trabalhava por conta do fiscal da madeira de Vila, e Catemo, pintor da TZR. Os cadáveres dos dois africanos abatidos ficam expostos durante muito tempo a fim de convencer a população branca de que o exército se esforça e para servir de aviso aos africanos. Gera-se um estado de pânico entre os brancos, que .querem virar-se c o n t, r a a Missão a pretendem destruir a bomba de água da Missão. Isto pode ser evitado com o argumento de que muitas famílias de Inhaminga poderiam ficar privadas de água potável, O governador da Beira, imediatamente depois do ataque ao quartel de Inhaminga pela Frelimo, chegou à Vila e a população branca pede-lhe que tome medidas contra os missionários. A população branca apresenta as seguintes declarações: A missão é um ponto de apoio para ,os guerrilheiroê; estas escondem-se lá: lá se encontram os depósitos de-armas e munições; um guerrilheiro feridó é lá tratado. Segue-se uma busca à casa. Depois de revistados minuciosamente todos os ediffcios durante duas horas, nada se encontra que poss comprometer os missionãrios. Na casinha da ,.Viúva Mamba Chale, que se encbntra em terreno da missão, acham-se peças de farda do seu filho Adolfo Renco, que há pouco acabou a troPa. Levam-no e sujeitam-no a longos interrogatórios. 1É posto em liberdade a 26 de Janeiro 'de 1974. 26 de Janeiro de 1974: O padre Jo3é Martens é chamado pelo administrador de Inhaminga que o notifica que os missionários já não podem sair da parte urbana da Vila. Praticamenté, isto significa prisão domíciliária. aS de Janeiro de 1974 Nhamataka Miti, de 18 anos de idade, que esteve preso durante cinco dias por ter sido encontrado a conversar com dois rapazes numa loja , foi posto em liberdade. Vem à missão para pedir tratamento de um dedo cuja unha foi arrancada e da outras feridas que lhe infligiram. 0 de Janeiro de 1974. O padre José Mertens esteve na Beira, numa conversa com o administrador apostólico da Diocese, Dom Francisco Nunes T*ixeira, a quem' relata novamente tudo o que se passa na Missão de Inhaminga. Depois o padre dirige-se, juntamente com o vigário geral da Diocese., padre José de Sousa, ao governidor do distrito, a fim de protestar conte os meus tratos infligidos â população africana. pela DGS. Tudo sem o mínimo resultacido. 21 de Janeir, de 19W4: Várias crianças-entre outras Tembe Leia, de oito anot e meicar- são presas e interrogadas pa agentes da DGS. A fim de chegarem i saber se os pais dão alimentação aos ;uerrilheiiros e se os guerrilheiros já esiveram com suas casas. O método de extirquir inltformações que continham acusaç[c por cl'oques eléctricos é aplicada tanbém e eestas crianças. Um rapa de cerctde 18 aonos disse, depois de ter sofri#o um tal tratamento: «Dora avante já rnio tenho(o medo do colonialistas». 7 de Feverin de 19754: Uma 'patrulha «b exércirito, junto das lojas do Condué, é fugirsem alguns homens que são tida por guaierrilheiros. Ao persegui-los os solodos vêe6m um homem, guarda de um arm,ém pertrto da estação, sentado diante da ialhota, ; Zeca Thembo, juntamente com a uiulher RiFarença Thembo, sua cunhada Fora Thetembo, e os filhos Carlos, Rita, lufa e CXhana. O homem apanhi um tir"o no braço, a mulher é morta es cunha"da, foge com um tiro na perna. Os soldados levim o hoimmem ferido e a mulher para dento da poelhota que incendeiam. Quando > honenm tenta escapar através de uo tábua a arrancada é descoberto de novír pelos ssoldados. Estes disparam-li um tíreio no lado difeito do peito e e#ancam-r4no até Ô deixarem meio morto.Não Ie 'e dão o golpe de mesiricórdia porque pensam que já está morto. Os soldados retiram-se mas algumas pessoas dos arredores salvam o homnem que é transportado para o hospital de Inhaminga. 9 de Feveiro de 1974: O director da Fábrica de'Cimento de Nova Macieira, Eng.. Góis, durante uma visita á pedreira Muanza, vê lá os cadáveres do 12 africanos mortos por soldados coloniais e que estão expostos para meter medo ao Povo. O eng.' Góis, fica também a saber que no mato, atrás da pedreira um número terrivelmente elevado, de pessoas teria sido assassinado pelo exército e pela Guarda CivIl (OPV). Fala-se em mais de três mil mortos. O eng.° Góis faz ver ao Sr. Jacinto, responsável português pela pedreira, que isto assim não pode continuar. 10 de fevereiro de 1974: O chefe SOUGA, Chico lRomão, é preso juntamente com alguns outros homens e interrogado, com as costumadas torturas, porque se acha suspeito que até agora nada de especial tenha acontecido na sua aldeia. Durante o interr gatÓrio o chefe perde os sentidos. Exigelí, ele que mande o seu povo para os aldeamentos. Luis Nhaouta, um africano que tinha uma lavoura também da região de Souga, é chamado e interrogado. Exigem dele que abandone* sua casa a os seus campos no espaço de sete dias. 13 de Fevero de 1974: Três operários da serração do José Mendonça Teixeira são alvejados, a camiaho de casa, por soldados que estão ,den. tro de um comboio. Um fica ferido na cabeça e um outro num braço. 14 de Fevereiro de 1974 Catarina Bramo, a mulher de Rengo Charengi, que resida junto do campo de aviação é violada por dois soldados quando se encontra sózinha em casa. 16 de Fevereiro de 1974: Todas as casas e palhotas em TUTU são incendiadas pelo exércit9. As pessoas fogem sem poder salvar nada dos seus haveres. 18 de Fevereiro de 1974: Sabemos na Administração que os chefes Inhaminga, Shiquire, Nhansol, Muanandimai, Goinha, Nhatedza e de toda a zona de Goronga desaparecem. Suspõe-se que fugiram para a Frelimo com toda a sua gente. Trata-se de mais da 12 m; pesoas que se internaram no mato. A DGS de Inhaminga quer desfazer-se de uma parte dos presos que se amontoaram na prisão do exército e na da DGS durante as últimas semanas. Segundo uma èstimativa, 35 africanos, entre os quais os presos do dia 16 de Fevereiro de Matando e Cherimadzi, são metidos num camião e transportados para um atio no mato à beira do caminho que passa por detrás do hospital de Inhaminga na direcção de Thombola Massandza, enquanto um Buldozer procura um caminho ,na mesma direcção passando pelo campo da aviação. Naquele sítio é aberta uma grande vala pelo Buldozer o dentro dela são fuzilados e soterrados os homens. O transporte, a deslocação do Buldozer e o fuzilamento são executados pelos soldados do exército colonial. 20 de Fevereiro de 1974: De novo são transportados uns trinta homens num camião na direcção de Massondza e Thomo la Mphala, a fim de lá sprem mortos.também. Tudo se passa como da primeira vez. Entre eles se endontram homens e rapazes oriundos de Inhaminga, Muanza, Massandza, Mbawa. Codze, Nhamabera, etc. 23 de Feveiro de 1974: Outra vez sai um camião, transportado pelo menos 48 pessoas, para o mesmo sítio no mato, atrás do hospital, entre os caminhos para Massandza e Thomo la Mpahala. Os presos são fuzilados. Uma Companhia de comandos vem reforçar a força do exército e põe as sua .tendas junto da estação de CF de Inhamitanga, 27 Kms. ao norte de Inhaminga; a partir de onde começa as suas Operações entre a população africana. Deste modo a força total do Exército «TEMPOC ,. 3 3- pãq ,9 cresce até 1.500 homens, entre as forças do Exército normal (400 homens), Piaquedistas (240 homens), Comandos 120 homens, Guarda Civil (80 homens), as Milícias 650 homens, e tudo isto pelo bem de 1.100 colonos a controle de 45.000 africanos. 2 de Março de 1974: Através de um intermediário que trabalha na Administração conseguimos saber. com muita dificuldade, os nomes de alguns que foram mortos nos, fuzilamentos que continuam e repetir-se ainda no mao. Entre eles se encontra: o nosso professor Dimba, Luanga Manuel Chombe. Mais: Luís Vontade e dois filhos; José Chidangue, filho do régulo morto antes dele; Joria Sampaio; o régulo Santove; Manuel Penga; Jorge Maio'Chale Nkalamu; Nicolau Alfândega; José Candeado; Sanie Nansa. Além destes homens que antes disso tinham sido transportados do Dondo e de Mafambisse para Inhaminga. 7 de Março de 1974: De manhã cedo, o povo dirige-se ao quartel dos Páraquedistas para vir admirar 5 guerrilheiros mortos e 2 presos e as suas armas e a euforia vitoriosa da tropa colonial. As 11.30 horas os civis eferecem um almoço aos vencedores e às sua autoridades. O régulo, Pangache é tirado da prisão da DGS para identificar os mortos e os vivos. Não quer diz3r os nomes apesar de ter aos pés entre os mortos, dois dos seus filhos; Domingo Moisés Pangache e Marco Moisés Pangache. Também a sua filha já casada, Sebastina Moisés Pangache, que levava todos os dias alimento ao pai, foi trazida de casa para identificar os corpos. Ignorando que o pai se recusara a faze-lo, ela reconhece os seus irmãos, dá os seus nomes a conhecer. A seguir também ela é presa, e posteriormente fuzilada juntamente com seu pai, os dois guerrilheiros sobreviventes e mais alguns outros presos. O régulo Pangache, embora ferido mas ainda vivo, é soterrado na vala comum. 7-10 de Março de 1974: Operações militares são executadas na região onde estão situadas as aldeias do régulo Pangache, isto é; Nhamatope, Massandza, Metodo, Nhamabere, Mphepe. Forças de terra e do ar com helicópteros a bombardeiros, tomaram parte da operação. É assaltado mas com pbuco êxito, um acampamento de guerrilheiros; são incendiadas, sim, muitas palhotas. Grande parte do povo consegue fugir para o mato, «TFMPO,, 318- pg. 40 outros são assassinados. Poucos são levados prisioneiros para Inhaminge. Nos bombardeiros usaram-se bombas NAPALM. 15 de Março de 1974: Mais uma vez, sai um camião cheio de pessoas presaq para o lugar já conhecido, para lá serem assassinados da mesma maneira. 19 de Março de 1974: Mandamos vir da Beira avionetas para pôr em s3gurança as irmãs e alguns africanos da missão. Nós próprios partimos na última avioneta. Antes de partirmos aparecem na missão o chefe da pqlicia, o Sr. Gorgulho; comandante das milícias, o Sr. Teixeira; dois informadores da DGS. os Srs. Maria e Co3ta e Silva; e um pequeno grupo de cipais e millcias. Enquanto esperámos pela avioneta passam ainda três camiões cheios de homens e rapazes a caminho da prisão da DGS. d;stanciada uns 700 metros da pista. Fim de Março-Abril de 1974: Durante a nossa estadia na missão do Dondo, aguardando a partida para a Holanda, ainda ouvimos qu:- Foram assassinados as seguintes pessoas de Inhaminga: os dois irmãos Jorge Quéu Antônio Sapateiro; os dois irmãos Manual e Lourenço Espanhol; Francisco Salis; Albino, o fiscal do contadores da água da Administração e, Vontade, trabalhador dos CF. -No principio da semana santa um grupo de Páraquedistas perseguiu to povo que tinha fugido de Muanza em direcção à serração Chinapamimba e de Shinadziva. Foram assassinados todos os homens e raazes; as mulheres e crianças foram levadas para Muanza. O Comandante zangou-se com os soldados, pois achava que também aqueles deviam ter sido mortas. As mulheres e crianças foram levadas para o Dondo. -O Vigário Geral da Diocese da Beira, padre de Sousa, verifica, durante a sua visita a Inhaminga em 19 a 22 de Abril, que nada tinha mudado na horrorosa situação; continuava-se a matar e a prender. A população que fugiu é avaliada em 35.000 pessoas: gente, portanto, que procura de todas as maneiras uma salda. - No mês de Abril uma das altas patentes de NampUla visita os túmulos já mencionados: verifica que, sob a 'influência das chuvas, a terra que cobria os corpos tinha começado a subir.' - Muitos militares exprimiram o seu horror perante as repugnantes condições dos camiões que voltavam das execuções, sujos de urina e fezes. Conscientes do que lhes ia acontecer, os presos, na sua agohia, perdem todo o controle sobra as funções físicas. «NAO PODEMOS FALAR AQUI» Em 16 de Março de 1974, o superior da missão, padre José Martens. regressa de uma visita às outras missões, de avião. Em Inhaminga discute a situação com o padre António Verdaasd0nk e, os irmãos André Vem Kampen e João Tielemans. A tarde entre em contacto com os irmãos africanos, naturais da Rodésia, que também trabalham na missão de Inhaminga, para lhes pedir a opinião. A seguir há um reunião dos missionários e missionárias, na qual se chega ã decisão de que todos se retirarão -de Inhaminga. As razões são as seguintes: -O africano que sofre re morre já não tem voz para falar: por isso as injustiças que se lhe infligem devem ser publicamente denunciadas por nós. -A igreja Oficial nada faz e envolve-se o silêncio, por isso a Igreja tornou-se cúmplice do 'tratamento desumano doi africano aqui e noutros lugares. Nós, não podemos falar aqui por falta de apoio das autoridades eclesiásticas, de maneira que não há outra coisa. a fazer se não levantar a voz fora das fronteiras de Moçambique. - Pela pouca liberdade de movimentos e por outras limitações que nos foram, impostas, pelo medo dos africanos de entrarem em contacto connosco tornando-se assim suspeitos, a nossa presença. aqui em Moçambique perdeu todo o seu sentido. - Os africanos sabem agora que já nã podemos dar-lhes qualquer protecção. Po isso tammbém 'j não a procuram junt( de nós e não querem causar-nos aind mais dificuldades. -Também já não podemos fazer no nhum bem à população branca, o qu se manifestqu claramente na sua hostilida de para connosco. -Afinal abusa-se da nossa presen como igreja e como sacerdotes, 'de um naneira descarada, apenas para manifes tações militares e patrióticas, cujo ,apara to religioso serve para encobrir actividai des e acontecimentos criminosos. Decide-se a partida de Inhaminga. Isto é comunicado ao Administradoi Apostólico da Diocese, D. Francisco Nu nas Teixeira, e ao Vigário Geral Padrd José António de Sousa que, confori4 um convite feito já anteriormente, vierami a Inhaminga por causa da situação proe cária. Resolução de Semínário do Aparelho de Estado BIFORCAR A COLECTIZACÃO DA DlRECCAO PARA INTEGRAR AS MASSAS NO PODER ,Recomendações sobre o Aparelho de Estado A primeira recomendação aprovada pelo Seminário Nacional sobre o Aparelho de Estado e Função Pública que se realizou na base aérea de Nacala de 15a 20 de Outubro, divide.a em cinco títulos: - A natureza de classe do Estado; -Organização do Aparelho de Estado na RPM; PUI mportáncla do aparelho estata] de direcção da economia; valorizar as conquistas populares: as nacionalizaçbes; Reforçar a colectvizaýço da direcção a fim de integrar as massas no poder. Dada a reconhecida importância de que e reveste tal documento, que deve merecer aprofundado estudo por todos, em particular os trabalhadores do Estado, passamos a trans. owo na integra: INTRODUÇAO O Seminário considerou necessário iniciar os seus trabalhos por uma análise da natureza de classe do -Estado & luz das seguintes directivas da. 8.a Sessão do Comité Central da FRELIMO: 4 «RESOLUÇAO SOBRE ESTRUTURAS DO APARELHO DE ESTADO» A. estruturação dos órgãos ao Estado constitui uima tarefa fundamental da fase presente. Os órgãos de Estado na República Popular de Moçambique devem reflectir, a todos os níveis, o poder da aliança operário-camponesa, assim como a natureza democrática do novo Poder, através da participação activa das massas na resolução dos seus problemaS. Devemos recordar as caracteristicas do Estado colonial, P características que ainda subsistem ao nível de ývárias estru turas do Aparelho de Estado, a fim de demarcar com preÀI 0iMo D' cís§o a natureza e métodos do nosso Poder, dos do inimigo. No fundamental, podemos dizer que o Aparelho de J Estado existente exprime, na sua concepção, composição e funcionamento, a ditadura da burguesia colonial sobre a PRÀVtUI sociedade, os interesses da burguesia colonial de garantir a opressão e a exploração Não destruimos, ainda, o Aparelho que organizava a dominação colonial A experiáncia colhida durante o período «TEMPO» n.o 318 - pãg. 41 de transição e durante os primeiros meses de independén cia, mostra-nos que não é possível utilizar o Aparelho de Estado existente, orientando-o para novos objectivos. Trata-se de destruir a maquina existente para criar em seu lugar uma estrutura que exprima o Poder e os interesses da aliança operário-camponesa e que reflicta na sua composição, organização e métodos, o novo Poder. Em particular, trata-se de incorporar, ao nível do Aparelho de Estado, as conquistas já realizadas pelas massas .na estruturação dos órgãos embrionários do Poder Popular, de modo a estabelecer uma democracia real e o poder da aliança operário-camponesa que continua a ser uma abstracção. Este documento será dividido nas seguintes partes: 1 Natureza de classe do Estado i1 Organizaç5o do Aparelho de Estado na Repúbliem Popular de Moçambique A. Recapitulação dos princípios orlentadores B. Situação actual C. Propostas de acção III Importância do aparelho estatal de direcção da economa IV Valorizar as conquistas populares: -as nacionalizações. 'V Reforçar acolectivízação da direcção a fim de int3grar as massas no poder. 1 NATUREZA DE CLASSE DO ESTADO O SeminárlO fez o estudo da experiêncla de FRELIMO na construção do Estado nas zonas libertadas e dos documentos fundamentais da'República Popular de Moçambique. Através deste estudo, os participantes Identificaram algumas das caracteristIcas do Estado colonial. 1. Toda a sua máquina administratva, militar, policial, eoonómica e Ideológica era concebida para oprimir e em seguida explorar; o Aparelho de Estado burocráticocolonlal era um Aparelho de Estado dedicado ao controlo dos moçambicanos, h sua prisão, punição, cobrança de impOstos. envio para trabalhos forçados e sua escravização mental. Estas eram as principais tarefas'dos administradores coloniais e as suas estruturas eram as .«administrações-., O Estado colonial não se procupava pois em organizar a vida do povo. Era uma estrutura *autoritária, antidernocrática e que recusava a partícipaçio popular. - 2. O Estado colonial não dirigia nem organizava a vida económica. Essa era uma prerrogativa dos capitalistas e suas empresas. O Estado limItava-se a policiar, a fiscalizar a sua actuação e a resolver os pequeno§. conflitos que surgiam entre eles. As estruturas económicas existentes eram assim construldas segundo os interesses dos capitalistas e, como no caso de transportes, no intere5e dos países vizinhos. Assim, por exemplo, todas as linhas de caminho de ferro serviam essencialmente o exterior. Oprimir era, pois, o primeiro objectivo do Estado colonial-capitalista. Era normal que as suas relações com o povo fossem relações de opressão., Essa característica comunicava-se aos próprios moçambicanos ao serviço do Estado colonial, cujas relações com a população eram de opressão e de desprezo. Era normal assim, que esses moçambicanos «TEMPO n. 318- p g. 42 copiassem do modelo capitalista todos os seus defeitos, complexos e preconceitos: desprezo pelo trabalho manual, adoração pelo trabalho de escritório considerado superior porque era privilégio da elite colonial, burocratismo, desinteresse pelo, trabalho, desprezo pelo campo e gosto pela cidade, procura desenfreada de privilégios. Foi este o Estado que a FRELIMO começou a destruir pela força das armas em 25 de Setembro de 1964 com. o 'fogo da luta armada revolucionária de libertação nacional. A luta de libertação nacional, na sua fase mais avançada, coloca já questões práticas sobre como materializar a implantação de um Estado de tipo novo. No processo de criação da vida social nas zonas libertadas surgiram aqueles que, no seio da FRELIMO, procuraram criar estruturas destinadas a perpetuar sob novas formas a exploração a que o povo moçambicano estava sujeito. Foi a tentativa de Lázaro Kavandame e seus seguidores de utilizar em proveito próprio o poder réconquistado pelo povu. A FRELIMO e o povo moçambicano triunfaram porque tinham sabido criar as estruturas que garantiam a participação do povo na resolução dos seus problemas. O Estado moçambicano nasceu assim como a forma organizada da participação Zfas massas na resoiuçao aos seus problemas. Não tinha nome de Estado e 'não aparecia como um instrumento distante e alheio ás preocupações. ga massds. Era um instrumento conquistado pelo povo para realizar os seus interesses. Foi neste processo que todas as formas antidemocráti. cas de poder, tais como os régulos, foram revelando a sua natureza profundamente antipopular e foram sucessivamente rejeitadas pelo povo consciente e organizado. Esta participação popular dinâmica e activa, as frequentes reuniões que tém lugar nas zonas libertadas e nas bases, em que se discutem todos os problemas do povo, cOnstituem a base da unidade e da identificação profunda da FRELIMO com as massas populares. Há. pois, um Estado que nasce durante a guerra, o qual, embora orientado no sentido de resolver os problemas mais urgentes relativos à própria manutenção das zonas sub. traídas à dominação estrangeira, contém já nas suas formes de funcionamento o embrião dos grandes princioos do novo Estado. O povo Intervém na discussão dos seus problemas, toma decisões, implementa-as. Organiza-se numa vida colectiva. Quadros da FRELIMO, combatentes das FPLM e o, povo resolvem em conjuntp problemas da produção, transportes, comércio, saúde e educação. As escolas, as cooperativas e os hospitais são para todos e acessíveis a todos. Ai, de novo se prova que o Estado não é uma máquina neutra, cuja organização é indeferente qualquer que seja a sociedade e a linha política, A constituição da República Popular de Moçambiquâ consagra as-vitórias e conquistas do povo moçambicano dirigido pela FRELIMO, durante a luta de libertação nacionaL e afirma com clareza a natureza do novo poder: poder dá aliança operárIo-camponesa, que dirige todas as camadas populares na construção da nova sociedade, livre da'exploração do homem pelo homem, Os operários e camponeses., unidos e dirigidos pela FRELIMO, exercem através dd Aparelho de Estado a sua ditadura sobre todas as classes expioradoras e todos os reaccionários que ae opõem ao avanço da Revolução. Para o povo moçambicano, no momento presente, a questão central é retomar o processo de construção do Estado popular, iniciado nas zonas libertadas, retomar, implementar à escala de toda a Nação e de forma sistemática métodos revolucionários, democráticos e populares de direcção do Estado. I1 ORGANIZAÇAO DO APARELHO DE ESTADO NA REPOBICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE A Principios erientadores A organização do Aparelho de Estado a nível nacional, provincial, distrital e local tem de obedecer lis decisões da 8.1 Sessão do Comité Central de FRELIMO, refietindo através das suas estruturas a participaço 'das massas nas tarefas governativas. Essa participação faz-se de forma organizada, através das Assembleias Populares, rgáo supremos do Poder. Isto permite a colect,zação da 'rcçao a todos os nveais. O principio orientador das estruturas criadas pela Conetituição. assim como pele 8& 'Sessão do Comité Central é o centralismo democrático. A repolução da 8.4 Sessão do Comité Central da FRELIMO sobre. Estruturas do Aparelho de Estado diz o seguinte: .0 aparelho de Estado centraliza democraticamento o Poder.iDesta maneira: primeiro, em todos os ecalýea o Poder é exercido colectivamente pelos órgãos desse escalão e Isso conduz ao fim da dispersão do Poder, à visão conjunta dos problemas, à elaboração conjunta das soluções e da ostratégia da sua aplicação; segundo, o õrg&o de cada escalão exerce um controlo e supervisão efectiva da totalidade dos órgãos ao seu escalão e a ele subordinados. Os órgãos de cada e.scalão elaboram as suas decisões em todos os õrgos a eles subordinados; cada escalão eabora as suas decisões na base das orientações dos escaIões superiores e submete propostas à esses mesmos sca. iões sempre que, pela sua natureza, a decisão a tomar ultrapasse a sua competência. «0 principio do centralismo democrático deve ser seguido escrupulosamente e aplicar de forma criadora-. Tomemos um exemplo de como funcionam as novas estruturas no plano das rela?ões entre estruturas centrais e estruturas provinciaJs. Segundo as novas estruturas, o representante do Ministério na Província está ligado a dois órgãos: o Ministério respectivo e o Governo Provincial. A subordinação do Ministério é vertical; a subordinação do Governo Provincial £i horizontal. Este é o principio da dupla subordinação que existe a todos os níveis do Aparelho de Estado. Assim se passam as relações também entre o Governo Provincisl e o Sacretariado-Distrital, entre os representantes dos Ministérios nas Províncias e representantes, doe Ministério. nos Distritos e localidades, etc. (Veja-s o organograma anexo). B A sltuação actual 1- Fase presente da criação das nevas eamturíL, Nas Províncias de Sofala e N~asa, s irentçõse da 8.a Sessão do Comité Central jd e encontram numa fase adiantada de implementação. Nas restantes Provínoias, a'implementação das decis da 8.a Sessão do Comitê Central varia. Assim, por exemplo na Província de Manias, existem .Jái na prática o principio da colectivlzação de direcção e o principio da dupla sUber dinação. O Governo reúne frequentemente com ao várias estruturas que permite planificar e evitar confitos de de competências. Um caso especial vérifica-se com a Pròvoncia de Mapuio, onde o não funcionamento efectivo do Governo Provincil e a não existência de Direcções Provinciais em muito Minis térios, conduz a que as Direcções Nacionais se ocuiem de. problemas ali existentes, não cunprindo, por íeso, a função nacional que verdadeiramente lhes compete. Os Minlst'ios. eles próprios, também se ocupam muito fortemente' do Maputõ, o que compromete o desenvolvimento nacional equilibrado. Esta situaoço está a repetir-se nas capitais de Provincias, pois as estruturas contrais d0 Províncias têm tendência a ocupar-se essencialmente d'os problemas da capital. reproduzindo-s o principio do desenvolvimento desequi. librado. Da anãlise realizada oncluiu.se: -a. implementação das delsões la a.& Se~sao do Comité Central não se tem proaessdo com a nes. sária urgência. Uma das causas é a fraca mobilização das mass para a realização dessas tarefas. Há um grande descónheclImento dos documentos da 8.1 Ses. são do Comité Central da FRELIMO, documntoý de grande valor polltio, vitais para a consolidação do Poder Popular Democrático. -O processo de construç.o do Estado, tem sido e seguinte: Primeiro, criaram-se Ministérios; depois, começaram as Direcções Nacionais; depois, os Governos Provinciais. Não se deu a devida atenção aos distritos e localidades que, entretanto, continuam a funci0ner com' estruturas coloniais a entregues a ei próprios. Tal processo de criação de estruturas tem es seguintes risos: -Cóntinuar'a privilegiar o que já era privilegiado; - Esquecer o campo e dar prioridade Inevitavelmente &cidade. Isso retorça o áxoco de populaçõos do campo para a cidade e toma difícil convence-las a aben4onar a actividade parasita que têm nas cidades: -14o se implementa -a palavra de ordem «Dar prioridado às zonaes libertadas. Este desvio só tem sido corrigido com Intervenções presidenciais (Ex.: visita preýIdenolal a Cabe Delgado).' . Dificuldades na aplicação efectiva do principio de dupla subordina ão. O princípio de dupla subordinação não é respeitado. com raras excepções. Isto 6, os responsávels dos departamantos dos Ministérios nas Províncias tais como directores provinciais, regionais e outros de nível Inferior, não conhecem o grau da sua dependência em relaçeo ao Governo JTEMPO» n.o 318- pág. 43 Provincial. Eles consideram que apenas dependem do «seuMinistro, Esta situação aparece-nos com clareza à medida que avança o processo de implementação das Resoluções da 8.a Sessão do Comité Central da FRELIMO. É o que acontece na Província do Nlassa, onde, por exemplo, os CFM e os CTM não aceitam orientações do Governo Provincial, alegando que se encontram unicamente dependentes da «sua» estrutura regional de Nampula. O mesmo sucede em Cabo Delgado, em que os Serviços provinciais da Junta Autónoma das Estrados recusam a autoridade do Governo Provincial, alegando que dependem da direcção nacional em Maputo. Esta situação tem várias causas: por um lado, esses serviços habituaram-se a trabalhar Isoladamente; em teoria estão sob a direcção do Ministério, mas na prática essa direcção não ae faz sentir. Como as novas estruturas os sujeitam a um controlo efectivo, tem tonelAncla a juntar-se a elas. Chegam a Invuoar a legislação colonial para se oporem à constituição, artigo 57.0 e .à resolução da 8. Sessão do Comité Central da FRELIMO. <Em outros casos, trata-se da necessidade de cumprir um plano nacional, o que significa que o funcionamento de certos serviços não pode ser alterado por decisão provincial. Isto é, há certas matérias nas quais o Governo Provincial não tem competência para modificar ou adaptar a decisão nacional. Por exemplo, a companhia aérea nacional, DETA, cujo horário e seu cumprimento não pndem ficar na dependência da decisão de cada Governo Provincial. A decisão local de atrasar a salda de um avião pode desorganizar múitas carreiras nacionais e Internacionais. Um outro exemplo: o traçado de uma estrada nacional não pode ser modificado por decisão unilateral do Governo Provincial. Na realidade, essa autonomia de decisão justificava-se no passado, devido à incapacidade da Administr'ação Colonial, sua lentidão, burocratismo e ausência de planificação. Na nova situação, o caminho contra a ineficiência e o burocratismo do' Aparelho de Estado não deve ser a multiplicação de serviços autónomos. Isso é extremamente perigoso. Conduz à criação de muitos centros de decisão, & dispprsão e fragmentação do poder. O que é necessário é criar. métodos de trabalho colectivo, e, sobretudo, de planificação conjunta. Todos os serviços envolvidos participam nessa planificação conjunta. Não há serviços «especiais». Uma vez a decisão tomada, ela deve ser rigorosamente aplicada por todos. 3. O destino a dar ás Câmaras Municipais. O destino a dar às Câmaras Municipais ainda não foI decidido de forma completa. As Câmaras Municipais são estruturas importadas pelo Estado colonial, a fim 'de, através delas, organizar a vida dos colonos nos locais onde eles se concentravam. A organização da vida do povo, da vida dos «indigenas», era deixada às Administrações. 4. A sobrevivência da Administração Civil. Continua a subsistir a Administração Civil, estrutura típica da dominação estrangeIra, cujo verdadeiro nome devia ser «Administração Colonial», mAdministração dos Colonizados». Ela era o órgão por excelênciado Aparelho de Estado colonial, incorporando em si a essência, natureza e métodos «TEM PO» n.o 318 - pág. 44 de trabalho de estrutura colonial de dominação e opressão A Administração Civil representa no espírito e na forma tudo o que havia de odioso na Administração colonial. A sua continuação significa na prática que os novos administradores não conseguem criar métodos de trabalho pouleres e acabam por ser absorvidos pela estrutura reaccionária, submetendo-se gradualmente aos conselhos e orien-tações dos velhos funcionários. 5. A divisão Administrativa. A divisão administrativa actual continua a ser essencialmente a divisão administrativa colonial. Devemos ver se ela serve os nossos interesses. A divisão administrativa colonial caracterizava-se por abranger áreas muitas extensas definidas pelos objectivos e necessidades da colonização: -Penetração, Implantação e consolidação da soberania e administração portuguesa; -Fixação dos colonos e defesa dos colonatos" - Introdução de relações de produção capitalistas na economia moçambicana; -Repressão e controlo da vida das populações mo,çambicanas; -Necessidades militares, principalmente após o desencadeamento da luta irmada de Libertação Nacional (exemplo: a subdivisão de Manica e Sofala em duas Provlncias). Se tomarmos o exemplo da Província do Niassa, verificamos que a sua di'mensão A ,*<cessiva para a população. A causa de tal extensão é que a presença dos colonos nesta zona era insignificante, e a exploração económica reduzida. Deste modo, temos que uma área de 129 056 quilómetros quadrados constitui urra única Província. Por outro lado, em todo o Pais há distritos e Iocalidades ou muito extensos ou demasiado populosos, o 1que impede o trabalho efectivo o a participação real das massas no exerclcio do poder. 6. A sobrevivência de legislação colonlal-fasclta. As regras e funcionamento dos Governos Provinciais 0 das suas relações com os distritos e localidadas continuam a ser as da famigerada «Reforma Administrativa Ultramarina». No conjunto dós serviços do Estado continuam a vigorar as regras do Estatuto do Funcionalismo Ultramarino, mesmo as mais reacdonárias. Por exemplo, a regra do EFU, pela qual um funcionário não pode preencher, um impresso dum elemento da população e só lhe pode dar esclarecimentos é uma regra totalmente desfasada da realidade. O objectivo destas leia era fazer com que os serviços servissem só a parte dápopulação, que soubesse ler e escrever e explbfsse a esmagadora maioria dos moçambicanos. Por outro lado. justificar a existência de castas paraaltárlas como a dos solicitadores e outros intermediários com a profissão de «explicar as leis. A manutenção de disposições deste tipo permite a continuação dodomlno dos funcionários Xiconhocas, cujo poder deriva de só eles conhecerem tal legislação. O artigo 71.° da Constituição da República Popular de Moçambique c'nsigna que: (Toda a legislação anterior, no que for contrária à Constituição, fica automaticamente revogada.; A legislação anterior, no que não for contrária h Constitulção mantémJse em -vigor até que seja modificada ou revogada.). Na prática, esta disposição não tem sido operante. Ela raramente é Invocada para afastar leis ou regulamentos coloniais. A 'permanência de legislação, antipopular que ainda não foi revogada constitui motivo de insatisfação e desmo. bilizção das. massas. C Proposta de Acçio 1. Quanto ao processo de criação de estruturas, A implementação das estruturas ao nível de Localidade é tão urgente como ao níve Provincial ou Distrital. Não se deve esperar ue termine a criação dos Governos Provinciais para começar a criação dos Secretariados Distritais 'a depois Secretariados de -Localidade. É neo«srio que a 'criação de estruturas a todos os níveis do Aparelho de Estado se efectue da forma simultána e paralela. 2. Uuanro ao DrMnciplo da dupla subordinação: O Principio da dupla subordinação, que é uma regra fundamental de funcionamento das novas estruturas, deve ser rigorosamente aplicado.' Dado as dificuldades surgidas, indicam-as as conclusões dos longos debates do Seminário sobre este problema: -Como regra geral, nas re!ações Ministérios/Provínclas, o Ministério decide e o Governo Provincial coordena. Isto é, a decisão. de ordem geral é sempre tomada pelo Ministério, que a coordena com o Governo Provincial. Deste modo, ao nível da Província, a decisão Ministerial passa a ser assumida por todo o Governo .W, ............ w .......... .......... «TEMPO» n.o 318-- 06g. 46 Provinciat, A partir dai, a sua implementação. e con. trolo fazse sobra a coordenação do Governo Provincial. Como realizar na prática este princpio.-Pela troca Lonstante de informações: assim o Governo Provincial será sempre informado das decisões que o Ministério tenha em relação à Província e poderá dar o seu parecer antes dela entrar em execução. O próprio Governo Provincial deve tomar a iniciativa de enviar as suas propostas aos Ministérios respectivos; Este primeiro método, porém, não se deve limitar a trocar documentos. Ele serve para ai assuntos secundários. Para os assuntos fundamentais é preciso seguir outro processo. O método-chave para Implementar com eficácia e sem atritos o principio da dupla subordinação . o da prática de reuniões perl6licas de planificação. Todas as grandes decisões do Ministério que afectam as Províncias devem ser tomadas em reuniões periódicas das estruturas centrais do Ministério com os Governos Provinciais. Essas reuniões devem ter ordem do dia fixado com antecedência, para que os Governos Provinciais preparem a sua opinião. Assim, a coordenação faz-se desde a própria tomada de decisão. Isto contribui para que a decisão seja a mais correcta e integre harmoniosamente as opções nacionais e as necessidades das Províncias. 3. Quanto às Câmaras Municipais. É necessário decidir o processo de extinção das Câmaras Municipais e que estrutura se encarregará das tarefas próprias das cidades. O princípio da centralização o unidade do Poder Implica que as Câmaras Municipais deixem de existir como estruturas autónomas à margem da estrutura vertical do poder. Porém, o desaparecimento das Câmaras Municipais deve ser presidido de uma proposta clara quanto à sua substituição, pois de contrário corre-se Oórisco de sumergir o Governo Provincial com as tarefas da Câmara Municipal da capital da Província. O mesmo risco existe nas capitais de distrito. Devem ser dadas orientações concretas para se ímpl. mentarem as resoluções da 8.' Sessão do Comité Central da FRELIMO na parte ém que estabelecem: «0 conjunto destas disposições é extensivo às zonas urbãnas com as rectificações que se revelarem necessárias(ponto 5.1 da resolução sobre Estruturas do Aparelho de Estado, 8.' Sessão do Comité Central da FREíLIMO. 4. Quanto à Administração Civil. A existência da Administração Civil desmobilíza as populaçõýs, pelo que se impõe a sua destruição imediata com a entrada em funcionamento simultâneo das novas estruturas. S. Quanto à Divisão Administrativa. A divisão administrativa deve, como regra, corresponder às necessidades de trabalho e às prioridades de cada fase. Assim, durante a luta armada de libertação nacional. a Província do Niassa foi dividida em 3 zonas operacionais: região do Lago, região Oriental, e região Austral. As necessidades presentes do Pais exigem que se estude uma nova divisão administrativa. A nova divisão deverá guiar-se pelas prioridades da política nacional: - Garantir a participação das massas, nos orgãos do poder e de organização de nova vida; -Consolidar a Defesa Nacional; - impulsionar o desenvolvimento económico, 6 Quanto à legislação colonial-fascista. A legislação colonial deve ser claramente revogada. Na impossibilidade de empreender um-estudo sistemático, código por código, lei. por lei, deve ser lançada à semelhança do que aconteceu com o estudo da Lei -de Terras, uma campanha popular nacional de denúncia dos aspectos mais escandalosos da legislação colonial. Essas leis denunciadas devem ser revogadas irnqdiatamente, sem esperar a reorganização dos serviços ou os estudos mais aprofundados que muitas veze têm sido invocados. Deve-se implementar a criação de Tribunais Populares. Além de garantir soluções justas, os Tribunais Populares vão servir para identificar os problemas e acelerar a criação das novas leis revolucionárias. III IMPORTÂNCIA 00 APARELHO ESTATAL DE DIRECÇÃO DA ECONOMIA Na República Popular de Moçambique, o Estado deve promover a planificação da economia com vista a garantir o aproveitamento correcto das riquezas do País e a sua utilização em beneficio do povo moçambicano. O Seminário constatou porém que não temos dado até agora a atenção merecida ao aparelho estatal de direcção de economia. Por exemplo,, não temos conseguido fazer das lojas do povo um instrumento fundamental na organização do noss, comércio, capazes' de desempenhar um papel determinante no abastecimerrto das populações e no mecanismo dos pre ços. Acontece mesmo que elas é que estão na dependência de um intermediário, comerciante privado, o que eleva o p.eço dos produtos. Também o importante movimento das machambas colectivas tem estado a perder grande patte dos resultados práticos, ao nível da .roducão. por o Estado não ter sido capaz de-assegurar o escoamento e comercialização. Até hoje, não fomos capazes de criar formas eficazes de escoamento em importantes zonas do interior do nosso Pais, princioalmente em Níassa e Cabo Delgado, onde muitas vezes os produtos apodrecem sem conseguirem chegar ao mercado. O Aparelho de Estado deve ter como" preocupação orga<TEMPO,,, n.° 318- pág. 46 nizar e dirigir a vida económica. No entanto, as estruturas atuais são Incapazes, no seu estado presente, de assumir essa direcção económica, tanto a nível nacional, como provincial ou distrital. Os ministérios económicos têm-se visto forçados a recorrer a soluções de emergência, tais como a criação de Gabinetes de Apoio às indústrias ou- h, agricultura. Um exemplo que reflecte claramente esta situaão, foi o que se -verificou em Manica. Com efeitos das sanções aplicadas à Rodésia, paralisaram em Mania serraçõei que vendiam madeira à Rodésia. 'Ao mesmo tempo, a alguns quilómetros de distância, toneladas de citrinos. colhidos graças à mobilização empreendida .,pelo Governo, perante o abandono das propriedades, estragavam-se por falta de cal. xas de madeira onde pudessem ser acondicionados. Este é um exemplo de uma tarefaque devia competir ao Governo no quadro da organização de uma economia popular e planificada. Dada a inexistência das estruturas esta, tais de direcção e organização económica, o Governo Provincial só teve possibilidade de realizar parte da tarefa recolher e distribuir uma parte dos citrinos. O restante perdeu-se. As aldeias comunais - espinha dorsal do nosso desenvolvimento no campo e a forma elevada de organização coleo-' tive da vida do nosso povo nas áreas rurais continuam por vezes sem receber apoio efectivo por parte do Estado. sendo a iniciativa das populações frequentemente bloqueada pelo morosidade dos serviços que deveriam apolá-las. Outras vezes, por razões técnicas que as massas não compreendem as aldeias comunais têm sido mudadas várias vezes de lugar. Por falta de coordenação, os meios que o Estado possui. em vários sectores, não têm sido postos ao serviço do pro-, grama de edificação de aldeias comunais. O mecanismo das comissões administrativas, constituindo embora uma conquista na medida em que assegurou o controlo peio Estado das empresas privadas, não representou no entanto uma mudança radical -das. estruturas dessas empresas, continuando elas a reflectir, no essencial. as características do modo de produção capitalista, e continuando a sua produção, a não ser planificada pelo Estado. A adopção de soluções 1populares para a resolução deý muitos dos problemas que afectam a nossa economia continua a ser bloqueada não só pelas estruturas u]trapassa, das do aparelho económica do Estado, como sobrevivência da, legislação colonial-capitalista que ainda não fomos capazes de eliminar. Debruçando-se sobre estas questões, o. Seminário deldiu propor: 1.- A criação urgente de órgãos operativos que coor denem e dinamizam no plano kprátlco à acção do diversos ministérios ligados ao desenvolvimento económico e assegurem a sua ligação com os Governos Provinciais 2. A constituição dos Governos Provinciais e a exten são das estruturas Ministeriais até ao nível do distrito e localidade são indispensáveis par a garantir a direcção efectiva da nosa economia peIo aparelho de Estado. 3.0 A procura sistemática. ao nível de todo o Pais, Os formas eficazes, de direcção estatal em -relação às, empresas com intervenção do Estado, com o objectivo de desenvolver a produção, elevar a produti' vidade, transformar as relações de trabalho e os métodos de gestão nelas capitalistas. 4. Romper com a concepção colonial de dar prioridad. ao desenvolvimento do litoral, onde era mais forte a implantação do colonialismo, concepção essa que continuamos a seguir inconscientemente. 5.0 A adopção de formas eficazes de articulação orgánica das Aldeias Comnais com aparelho de Estado. 6.1 O estudo de formas concretas de vencer a dependência colonial da nossa rede de transporte em relação ao imperialismo, verificando-a para as necessidades da nossa economia e do nosso povo, O aparelho de Estado actual tem tendência para se transformar numa máquina burocrática preocupada consigo próprio. É necessário quebrar essa tendência ligando o aparelho de Estado à conquista de oblectivos concretos na frente de produção. Neste sentido a intervenção do Presidente da FRELIMO e Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Moisás Machel em 13-10-1976 dirigida á classe operária constitui também uma directiva para o aparelho de Estado. Assim, propõe-se que cada serviço do Estado se associe com uma unidade de produção do Estado ou Cooperativa empenhando os seus recursos humanos e materiais na conquista das metas a alcançar por essa unidade. Tomemos um exemplo, a Direcção, Nacional de Cooperação Internacional que dispõe de algumas viaturas para a realização das suas tarefas poderia associar-se a uma pequena fábrica ou sob controlo do Estado colocando o seu equipamento aos fins-de-semana ou fora das horas de serviço, à disposição daquelas unidades. Isso poderia facilitar o transporte de matérias-primas ou o escoamento dos pro-. dutos, resultando assim aumento de produção. Os operários trabalhadores da Direcção Nacional de Cooperação Internacional poderiam participar nas tarefas de planificação. organização e mesmo produção, pondo ao serviço daquelas unidades as suas capacidades e experiências. IV VALORIZAR AS CONQUISTAS POPULARES: AS NACIONALIZAÇOES As nacionalizações constituem a mais importante conquista do nosso povo desde a independência nacional, 'Elas são a medida da FRELIMO e do Governo que mais profundamente concretiza os objectivos de classe do nosso. Estado de operários e camponesas. Verifica-se porém que não existe ao nível dos trabalhadores do Estado uma consclência clara da Importâncla dessa conquista e da necessidade de a defender, consolidar e valorizar, Isso é notório nos hospitais, nas escolas, e ou tros sectores nacionalizados, onde a produtividade é baixa e a indisciplina, o liberalismo e a corrupção continuam a imperar o mesmo aumento. Os particpantes no Seminário dedicaram uma atenção especial a um problema especfico que ilustra essa situação dá nio valorização das nacionalizações. É .o caso do Parque «TEMPO», n.- 318. - p&g. 47 Imobiliário do Estado, onde ainda não, se. conseguiu auseu. rar a valorização dos prédios nacionalizados, nem o funcionamento eficiente dos respectivos serviços. Esta eitulaçã leva a que o povo ainda não beneficie plenamente desas conquistas. Por seu lado o facto de a APIE' pender ~imultensamente de dois Ministérios (Obas Públicas e Habitações e Finnçao) provoca dificuldades de funcionamento e deveria ser revista. O acesso das massas às casas nacionalizadas continua em muitos casos a ser bloqueado por impedimentos burocrtlicos. Não tendo sido assumido por todos o valor das nacionalizaç6es, os restantes serviços de Estados que dispunham de meios úteis que poderiam servir para a dinamização do trabalho de organização do Parque Imobilário do Estado, continuam com o mesmo espírito de departamentalismo e não deram a APIE o apoio que deveriam ter fornecido. Por seu lado a APIE nio temr realizado um trabalho político constante e adopta métodos administrativos e conduzem a uma burocracia complicada, muito lenta e pouco acessivel. Analisando algumas das dificuldades concretas com Que se debate a APIE, o Seminário decidiu propor: 1." A criação na APIE de Conselhos de forma a permitir que as massas populares possam ter uma particlipação mais activa no controlo da eficlncia das tarefas que cabem á APIE. 2.0 Os diversos serviços do Estado deverão estudar a possibilidade de enviar alguns funcionários temporariamente para apoiar a APIE. 3.' A APIE deve funcionar nos fins-de-semana e fora das horas normais de trabalho facilitando a todos os tralbalhadores a utilização dos seus servicos; concretizando o prinoipio de que o serviço público existe para o povo e não o povo para o serviço público. 4., A colaboracão de. outras estruturas governamentais para resolução de alguns dos seus problemas mais prementes, nomeadamente o das cobranças, que poderão a fazer-se através de estruturas implantadas localmente, como os SMAE, Correios, Instituto de Crédito, Lojas do Povo, etc. V REFORÇAR A COLECTIVIZAÇAO DA DIRECÇÃO A FIM DE INTEGRAR AS MASSAS NO PODER O Seminário debruçou-sesobre as estruturas de natureza colectiva - tipo, Conselho à luz das directivas do Presidente ,da FRELIMO e Presidente da República Popular de Moçambique Samora Moisãs Machel na reunião com os traba. .lhadores do Hospital Central do Maputo em 9 de Outubro de 1976, tendo analisado as formas da sua implementaçã, no aparelho de Estado. No selo do aparelho de Estado existem actualmente os seguintes tipos de Conselhos. Consultivo, Técnico e Executivo. A multiplicidade destas estruturas não responde' às necessidades de um órgão colectivo unitário e operacional. O Conselho deve ser essencialmente um instrumento de trabalho e de funcionamento colectivo. A sua função á a de preparar decisões, programar as actividades, estudar a implementaçÃo das decisões da FRELIMO e do Conselho de .Ministros e coptrolar a execução, ao nível do sector que lhe está subordinado. Trata-se, assim de um processo de, trabalho centralizado e operativo, sob a responsabilidade individual do dirigente (Ministro, Director Nacional, répresentante do Ministério na Província, ato.) consoante o nível. sector ou estrutura. Normalmente deverá funcionar em reuniões semanais ou quinzenaýs. Este processo colectivo de trabalho pode e deve repreduzir-se a todos os níveis do parelho de Estado. Trata-se assim de uma forma de implementação eficaz e unitária das decisões tomadas centralmente, através da perticipáção do órgão Inferior na preparação das decisões do Õrglio superior e no estudo conjunto de, planificação. Além dlsso, considerou-se essencialmente que esses colectivos de trabalho funcionem em estreita ligação com os sectores de actividade que dirige, isto é, com os serviços públicos e as unidades de produção. Os Conselhos representam uma estrutura de base de organização da vida e de actividade num determinado sec tor. Este tipo de estruturas pode ser adoptado no caso de ,serviços como os de APIE ou os transportes colectivos ou outros que sirvam directamente as massas Integrando repre, sentantes destas. No quadro da ofensiva na frente de produção e da produtividade, o Seminário sauda e apoia as directivas do Presidente da FRELIMO e Presidente da República Popular de Moçambique Semora Moisés Machei, em 8-10-976, visando a transformação radical das estruturas da Saúde para as colocar ao serviço, das massas e em 13.10-97d no sentido de desencadear a ofensiva generalizada na frente de produção. Por último, o Seminário Úaudou calorosamente o decreto recentemente adoptado pelo Conselho de Ministros prolbindo a salda do Pais de valores importados de qualquer tipo como um importante medida em defesa da nosn economia e do bem-estar do Povo. Nacale, tos 21 de Outubro da 1976. «TEMPO» n.- 318- ~de. 48 A TAREFA DA POIICIA E ASSEGURAR O BEM ESTA-R DO POVO Presíd~ m umient SM-1aeento do rmá Crso de Unidades Poas Teve lugar na manhã da passada sexta-feira, no Centro de Matalane, a cerimónia de encerramento do Primeiro Curso de Formação de Unidades Policiais, que contou com a presença do Presidente da FRELIMO:e da República Popular de Moçambique, Samora Machel, de Membros dos Comités Central e Executivo, do Governo e do Estado-Maior General das FPLM, bem como dos instrutores do Curso e dos 413 poli cias formados. A cerimónia principiou com o juramento dos novos elementos da policia, seguindo-se uma parada militar, após o que o Presidente Samora proferiu o discurso que adiante publicamos, em que definiu as tarefas da polícia. também lugar actividades de caráèter miiodesportivo e cultural, que foram seguidas de mensagens da direcção do centro, que apoio à luta justa dos povos oprimidos de [o e em particular aos povos do Zimbabwe, Africa do Sul; e dos finalistas do curso, que nálise à polícia do tempo colonial e afirma deve ser a polícia do Moçambique indepenTe. nia encerrou com uma sessão cultural, no Ia oual foram apresentadas danças e canieionrias. ýO-Se aos novos elementos da polícia, o Premora proferiu as seguintes palavras: ,rEIPC , . . 3 pág. 49 Hoje é uma cerimónia grande para a nossa República Popular de Moçambique. Esta cerimónia é o resultado da vitória do Povo moçambicano na sua luta justa contra' o colonialismo, contra o imperialismo e contra a exploração do homem pelo homem. . o resultado da combinação da força dos operários e camponeses. E essa combinação, podemos ver de maneira clara a composição destas forças que aqui fizeram juramento hoje. Faze o juramento como Forças Policiais significa assumir a responsabilidade para que o nosso Povo continue a triunfar na sua luta justa, no seu combate contra a exploração, contra a opressão e é necessário que haja homens responsáveis. TAREFA QUE CABE A POLICIA A policia tem uma tarefa particularmente difícil, já definimos antes de encerrar este curso. Em Maputo temos as taretas essenciais da nossa polícia. Temos repetido várias vezes às Forças Populares de Libertação de Moçambique bem como às, Forças Policiais. Os primeiros elementos que devem ser destruidos é o fribalismo, o regionalismo e o racismo. O poder que as Forças Policiais defendem é o poder popular, é o poder dos operários. é o poder dos camponeses. A tarefa que devem assumir as Forças Policiais em primeiro lugar, repetimos: a destruição do tribalismo, do regionalismo e do racismo. A fase actual é uma fase difícil. é unm pouco difícil e, sobretudo para definirmos o nosso inimigo. E as nossas polícias que não têm a noção correcta do que é o nosso Inimigo, terão que cair constantemente nos aspectos secundários. Se não assumir correctamente a definição do «TEMPO, n.o 31B- p&g. 50 ~1j~ i~. nosso inimigo, vai definir os nossos amigos como inimigos. O nossa amigo, por mais graves que sejam as contradições, nunca confundir com o nosso inimigo. E o nosso amigo, assim como o nosso inimigo, não se definem através da cor da pele. O nosso amigo, o nosso inimigo não se definem através da raça. Nnsamos que esta é a primeira preocupação, é a primerd arefa que devem assumir as Forças Policiais, porque no ýel, trabalho, no trabalho do dia a dia, as polícias estão ligadas 4 população e como estão ligadas com a população no seu trabalho do dia a dia representam o poder dos operários reoesentam o poder dos camponeses. Reoresentam o nosso poder, o nosso Poder Popular. Representam o Estado, representam o Governo. É através das forças populares, é através das forças policiais que o povo terá que ce'rtificar-se realmente de que* a polícia está ao serviço 'o Povo. . plicia, no seu trabalho e sobretudo quando um elementl, da polícia está isolado, é aí onde se deve manifestaf a sua identidade cóm o povo, é aí que deve mdstrar a sua noção de responsabilidade. Há a tendência de actuar de uma maneira arbitrária quando os elementos da polícia estão isolados, quando estão longe dos olhos do seus responsáveis. N6S queremos no seio das Forças Policiais, disciplina consciente,,que resulta de assumir o papel político. Não queremos disciplina de medo, disciplina de fingir. A tarefa da polícia é assegurar o bem.estar do Povo, OSEGURAR O BEM-ESTAR DO POVO Em qualquer sítio onde esteja a polícia deve assegurar o bem-estar do Povo. Esteja onde estiver deve estar certo o elemento da polícia que assegura o bemestar do nosso Povo. Estabelece a tranquilidade no seio do povo. O elemento da polícia deve- praticar a justiça, em qualquer circunstância. O'elementõ da polícia, deve materializar a consolidação das vitórias do Povo, as vitórias da República Popular de Moçambique Deve garantir a integridade territorial, devegarantir (, orocesso da revolução no nosso País. E para isso é necessá!o desenvolver ,a unidade no seio da polícia: a unidade polici-' wve e povo-polícia. A nossa polícia deve ser uma polícia popular pela sua composição pela sua forma e pela sua actuação. Quer dizer, a policia no espírito e na forma, deve reflectir os interesses fi, Povo, garantir a unidade nacional, garantir o processo da revoluçãO, no nosso. Pais, consolidar as conquistas do nosso Povo e assumir o infernacionalismo. Esta deve ser a preocuno. ção fundamental de todo o elemento da policia. 0 elemento da polícia deve ser um elemento incorruplível. Deve ser politicamente incorruptível, ideologicamente incorruptível, materialmente incorruptível e deve ter noção de que o elemento da polícia constitui'o órgão essencial da reacção. A luta dos reaccionários é corromper os elementos da polícia, sobretudo quando esses elementos estão isolados, nas fronteiras, nas estações isoladas da polícia, e para se defender é preciso um estudo constante para revigorar o seu espírito, para estimular as suas ideias revolucionárias e para isso é necessário um estudo assíduo,'ut, estudo constante da política da FRE1IMO, para elevar constantemente o seu nível de consciência política. Esta é a defesa maior do elemento da polícia: o estudo individual e o estudo colectivo; acompanhar, engajar-se na luta, engajar-se no processo da revolução, adquirir constantemente as ideias vivas, e as ideias vivas são prestadas através da luta constante, através da prática, só praticando. Desfile dos 413 novos elementos da policia perante o Presidente da FRELIMO Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Machel. ~~ .~-,. ,..~ .~.. ,,~ .7 Momento em que os novos elemenos da polícia erguiam um livro contendo a Constituição da República Popular de Moçambique, que juraram cumprir'na íntegra. UNIDADE E DISCIPLINA E a caracferística do elemento da polícia é a unidade, unidade nacional, unidade de todos os elementos da polícia com a população, unidade política, unidade ideológica e a disciplina A disciplina alimentase do nosso comportamento, uma vez bem alimentada, com ideias vivas e novas, transforma-se a disciplina em sentinela do nosso comportamento, e devemos sensibilizar constantemente o nosso sentido de disciplina, devemos sensibilizar constantemente a nossa consciência para. podermos detectar, ainda no estado embrionário, qualquer desvio, qualquer agressão à nossa política. «TEMPO» n.o 318.ý- pãg. 51 Sabermos classificar os elementos que nos corrompem, o que significa a "corrupção material? O que significa a corrupção moral' Significa a destruição da nossa política. Significa a destruição da nossa vida. O elemento da polícia deve ser sensível à< estruturas. Conhecer e viver as estruturas. Conhecer sempre o seu lugar dentro das estruturas, para poder assumir de maneira criadora, de maneira viva, a sua tarefa. RESPONSABILIDADE O elemento da policia não tem momento de actividade e moment, de relaxamento. O elemento da polícia é um responsável durante 24 horas. Vinté e quatro horas de vigilância. A responsabilidade não é um guarda-chuva que esticamos quando nos encontramos à chuva e dobramos quando estamos dentro da casa ou dentro de uma sombra. Não é guarda-chuva que nós estendemos quando nos encontramos ao sol, nã é o «casse-tête» da polícia. Responsabilidade significa viver todos os momentos, ser responsável 24 horas sobre 24 horas. Só assim é que nos identificaremos com ,o nosso Povo. Só assim estaremos em 1 A cerimónia de encerramento do curso terminou com uma sessão cultu(ral, de conteúído ftndqmentalmente político. Demonstração de exercícios de judo, que faz parte do curso de preparação de auto-defesa. «TEMPO, n. 3:8- p6g. 52 condições de defender as conquistas do nosso Povo. Só assim e que estaremos em condições de desenvolver o processo da 'revolução no nosso Pais. Só assim é que transformaremos esta sociedade velha em nova sociedade. Só assim é que criaremos o 'Homem Novo, o homem novo que confia na ciência, luta contra a superstição seja de que forma for. REPRIMIR OS REACCIONÁRIOS Portanto, a primeira tarefa de um elemento da polícia: unidade, luta contra o tribalismo e regionalismo, luta contra o racismo, elemento difícil e que muitas das vezes nos leva a confundir o inimigo. Confundir o amigo com o inimigo. Esta tarefa uma vez assumida, o elemento da polícia estará em condições de lutar contra os vícios, os vícios da velha sociedade. Estará em condições de lutar contra a corrupção, corrupção material, corrupção moral, corrupção ideológica, cor.rupção política. Estará em condições de neutralizar a acção da reacção, e então dirá, a Polícia da República Popular de Moçambique tem como tarefa reprimir os reaccionários, reprimir os sabotadores da nossa economia, estará em condições de reprimir a criminalidade, estará em condições de destruir o banditismo, estará em condições de neutralizar e destruir o roubo, estará assim em condições de denunciar os agentes infiltrados, estará assim em condições de medir o crescimento da consciência de cada um de vocês, estará assim em condições de estabelecer o gráfico do crescimento da vossa consciência. Para isso é preciso praticar a legalidade revolucionária, Saber que a nossa luta é uma luta política, é uma luta per. manente contra o imperialismo, é uma luta permanente contra a exploração. Pensamos que estas são as tarefas essenciais das Forças Policiais da República Popular de Moçambique: identificar-se com o Povo, em todo o momento e em todas as circunstâncias, defender o Povo e assegurar o bem-estar do nosso Povo. As Forças Policiais colocadas nas escolas defendem os interesses, as conquistas do Povo. Representam o Povo. Portanto, não devem ser elementos estrInhos a essa comunidade. Uma vez colocado um elemento da polícia nos hospitais, representa os interesses do nosso Povo Defende as conquistas da Revolução, promove o processo da revolução. Mobiliza, or ganiza e produz com as qualidades do novo polícia, polícia do novo tipo. A tarefa da polícia, para se identificar com o Povo: mobilização, organização e a produção. Produzir não é somente produzir os cereais. Produzir no. vas ideias Produzir novos elementos. Produzir efectivos. Poi isso dizemos mobilização, organização e produção - tarefa dos elementos da polícia, para se identificarem com o Povo e assumirem essas tarefas, consolidarem essas tarefas, am. pliarem essas tarefas, é o papel da nova polícia. A polícia deve viver empre programada, deve viver sem. pre planificada, deve viver sempre com tarefas definidas, deve viver sempre com tarefas distribuídas. A polícia deve viver realizando sempre. E assim dizemos: não tem momento de actividade e momento de relaxamento. A polícia deve lutar contra o alcoolismo. A polícia não se deve considerar elemento de élite na nossa sociedade e deve saber que é elemento da polícia, objectivo da reacção. A reacção luta sempre por ganhar elementos da polícia. Enquanto tiver a nossa farda, tem valor. É objeclivo da reacção, para ser ganho pela reacção, enquanto tiver a nossa farda no corpo Uma vez sem a nossa farda, a reacção não tem interesses pelo elemnto da polícia. Portanto, ,a policia não deve envergar a nossa farda para facilmente se corromper, utilizar a farda para lutar contra a Constituição da República Popular-de Moçambique, utilizar a farda para destruir as nossas conquistas, utilizar a farda para passar despercebida aos olhos do Povo, utilizar a farda para infiltrar o veneno no nosso seio. A polícia deve viver organizada em comités do Partido. Tem como tarefa instalar no seio da polícia comités do Partido, porque a policia é do Partido. Por isso a polícia é com. posta por elementos militantes da FRELiMO. Todo o elemento da policie deve ser membro efectivo e activo da FRELIMO. E para ser elemento da FRELIMO não basta o cartão, não basta dizer que eu sou elemento da FRELIMO. È previso viver integrado nas tarefas concretas da FRELIMO, nas tarefas definidas pela FRELIMO. A polícia de Moçambique deve trabalhar no sentido de 41 Após a execução de vdrios exercíios militares (em cima) teve lugar uma liç#o sobre uma arma de guerra (ao lado). criar e desenvolver o socialismo que é defendido na nossa Constituição. O nosso País a nossa República, não é uma República capitalista. Somos contra o capitalismo e lutamos pelo socialismo. Não podemos construir o, socialismo com elemento da polícia enquanto forem marginais. O inimigo já definiu a nossa República como seu alvo a abater, Uma vez militantes da FRELIMO, uma, vez organizados em comités do Partido, devem promover o trabalho ideológico e o trabalho político, para o III Congresso da FREUIMO, que terá de definir a sociedade moçambicana, terá de criar muitas organizações de massas. A participação dos elementos da polícia deve ser uma participação activa como militantes da FRELIMO, como elementos engajados no processo, como elementos engajados na construção do socialismo. Por isso, dizemos a este primeiro cuiso que a corrupção da polícia, porque a corrupção no seio da polícia define a natureza da política, na polícia capitalista, a sua natureza é a corrupção. A característica da polícia capitalista, polícia que tem como tarefa reprimir o povo, é a corrupção. E a polícia que tem como tarefa reprimir, a ,reacção, os reaccionários, a sua característica fundamental é a identificação com o Povo e a luta intransigente, luta pela construção do socialismo. Parece que são as vossas palavras quando fizeram o vosso juramento: a minha vida pertence à revolução. O significado do juramento é esse: a minha vida pertence a revolução. Tudo o que for exigência da revolução, cada um de nós não deve duvidar, deve entregar-sé completamente à revolução. Por isso pensamos que a vossa característica deve ser a luta permanente, lutar para se identificarem com o Povo, perante o povo e pelo povo. E obrigado a todos. «TEMPO, n.o 3 - pg. 53 Réaliza-se a partir do próximo dia 10, no Maputo, a 2.a Conferência Nacional da Organização da Mulher Moçambicana. Os seus trabalhos serão dirigidos pela Comissão Coordenadora Nacional da OMM e nela serão debatidas a estratégia e tácticas a adoptar pela Organização na presente fase de edificação e desenvolvimento do Poder Democrático Popular, em que a emancipação da mulher e sua plena participação no processo de liber económica e de Reconstrução Nacional são factores decisivos para mo processo. Para a preparação da Conferência a Comissão Coordenadora da OMM difundiu alguns textos em que são analisados de forma correcta alguns dos mais prementes problemas que preocupam a mulher moçambicana, enquanto na sua grande maioria elemento da classe trabalhadora, e enquanto mulher -no sistema herdado do colonialismo objecto de du. pia explor Ainda no âmbito de preparação da Conferência divul. gamos extractos de alguns desses textos e, a abrir, extractos de uma entrevista com combatentes do Destacamento Feminino. BITRFVlSTA COM COMBATL:i1s DO D.f. «A mulher só servia para casar, ter filhos, ir para a machamba ... Foi uma surpresa muito grande para as popula«TEMPC), 1,." 3,C-- pág. $ ções ver o Destacamento Feminino a marchar, limpar armas., atirar. Era preciso uma mobilização muito forte para aceitarem. Dep:is não houve mais resistência, habituaram-se. Nessa altura éramos todas solteiras, mais tarde algumas de nós casámos mas não deixamos a luta. Se vinham crianças, logo que deixavam de mam,r iam para os infantários. Cumpriamos todas as nossas missões da mesma maneira que os homens. Mutas camaradas foram mortas e feridas durante a luta. Era bom saber que sempre contámos com o apoio das populações». ...Teresa encaminha a conversa para as dificuldades que encontraram no seu caminho: «Sabe, é uma região com vício$ muito antigos, muito difíceis de combater. São zonas onde é normal os homens terem 4 e cinco mulheres e os casamentos serem feitos na infância. Como se vão transformar assim de repente? Como vamos dizer-lhes que as suas mulheres têm de ser tratadas como iguais? Vão mandar as outras mulheres embora e ficar só com uma? Elas não teriam para onde ir, nem quereriam ir. São costumes que vão levar tempo a desaparecer. Depois há outro problema sério, o das mães acharem que as filhas devem casar aos doze, treze anos, ou menos. E a escola? Quando há 3 ou 4 crianças em casa, é normal só uma ir para a escola, ou, duas, quando muito. As outras ficam em casa para ajudar na machamba, para irem buscar água quando a mãe está doente. Agora a nossa tarefa tem sido também explicar às populações que isso está errado, que todas as crianças devem ir para a escola e náo só estudarem as primeiras classes, mas até crescerem, até à 4.a e mais, por ai fora. E se não há escola para elas continuarem perto de casa, então as mães devem mandá-las para longe. Não é tudo MOçambique?» ... «Todas estas ideias são novas e só agora começam a ser entendidas pelo povo. Não que todas as cumpram, mas ouvem e entendem. Agora quea nossa esperança está nas crianças. A gente sabe que não vai conseguir modificar os velhos, esses dizem a tudo que sim e continuam a fazer o mesmo de antigamente. A nossa tarefa tem sido explicar às mulheres então, que têm a obrigação de educai os seus filhos de outra maneira. As nossas crianças têm de conhecer outra vida. w1.1, l £119 811,1 Só assim, na próxima geraç remos talvez dizer que acabou que acabou a poligamia, que n zem mais ritos de iniciação ne sam crianças. Isso va ser um demorado. Não adianta muito igualdade entre homem e mul mulher não tem condições de ri sa igualdade. Mas talvez os se tenham. Estamos a fazer tudo tenham». PREPAREMOS UMA NOVA FASE NA ORGANIZAÇO. DA MULHER MOÇAMBICANA ...Temos de assumir que a lut lher pela sua completa emanci inscreve na luta geral de todos dos pela sua libertação face á e à exploração, Temos de con que, se a grande maioria dos r afectam a mulher moçambicana de velhas práticas da sociedade nal, elas afectam em diversos di sociedade moçambicana inteira. A prática e ideologia tradicic conservadora persistem ainda r sociedade, porque têm um alii a burguesia interna. Devemos analisar profundan que modo se comporta a burgue na perante as manifestações tra porque é que os seus interesses a condescender e mesmo encora manifestações. Finalmente constataremos de q essa comunhão ideológica entr tradicionalistas e conservadoras guesia interna desejosa de o'cupa dos antigos exploradores, favo designios do inimigo externo. Se queremos empreender de uma luta autêntica pela emancip mulher, temos de partir do prin que- a libertação da mulher passa toriamenté pela sua participação balho social, ta produção, o q acontece com o homem. As condições estão criadas çambique para que a grande maioria das mulheres, no campo e na cidade, através das aldeias comunais e da chamada à produção, abandonem o papel que a;té agora têm tido de servas da pequena unidade familiar, pelo de trabalhadoras integradas na vida da comunidade. O espírito parasitário só poderá ser realmente combatido neste contexto, assim como todas as ideias velhas que impedem a mulher de ter consciência da discriminação e da humilhação de que é vitima. Será difícil a uma mulher, que tem ão, pode- consciência da importância do trabalhe o lobolo. que faz e da riqueza que produz, aceitar ão se fa- a Poligamia. am se ca- É impossível a uma mulher que tem processo confiança nas possibilidades conjugadas falar de da força das suas mãos e da sua inteliher, se a géncia, não lutar ela própria, a nível poealizar es- litico, contra a prática do Lobolo que hoeus filhos je defende. para que A consciência da mulher sobre a sua própria dignidade, que tem de defender, é uma consciência de classe. Nascerá da prática do trabalho social e da participação política. Será da massa das mulheres trabalhadores que sairão as militantes activas, os quadros da OMM e da FRELIMO, pois ta da mu- só elas são portadoras dos valores da sopação se ciedade revolucionária. os oprimiopressão REVOLUÇAO MOÇAMBICANA ipreender REVOLUÇO DE CAMPONESAS lales que provêm A Camponesa em Moçambique é, dum tradicio- modo geral, aquela que representa o grau omínios a mais elevado da situação de opressão atraso e exploração da mulher na nossa onalista e sociedade. na nossa Reduzida ao papel de objecto de prado que é zer, reprodutora de filhos, produtora de alimentação para a subsistência da fanente de mília, trabalhadora sem salário ao serviço esia inter- do «chefe de família», a mulher campodicionais, nesa possu também um potencial revoa levam lucionário muito grande de que a Revojar essas lução moçambicana não pode prescindir. Esta afirmaçãq baseia-se na observaue modo ção das condições objectivas da nossa ie odos sociedade: a nossa actividade principal re bur- é a agricultura, a maior parte da agriculir o lugar tura é de subsistência e feita por mulhe. orece os res. A revolução econômica e social do nosso pais passa pela transformação dessa agricultura em agricultura organizada, f a c t o planificada e co!ectivizada. >ação da A mulher, moçambicana não só não pocipio de derá ficar fora deste processo, como tea obriga- rá de ser a principal agente e beneficiáno tra- ria, já que foi ela quem sofreu as oonseiue aliás quãncias de atraso imposto pela exploração colonial-capitalista à economia traem Mo- dicional moçambicana. A camponesa moçambicana terá de ter asseguradas i g u a i s oportunidades de ;aprendizagem de novas técnicas, d3 ter acesso à utilização de máquinas, à aquisição de conhecimentos teóricos e sobretudo de participação nos órgãos políticos, de direcção e gestão na mesma medida da sua participação no trabalho. Desde já devemos e st a r prevenidas contra as falsas considerações paternalistas que vão invocar a menor resistência física, a maternidade e a criação dos filhos pequenos, Esses problemas. foram resolvidos há muito noutros países que encaram de frente a emancipação da mulher numa perspectiva revolucionária. Cabe à Organização da Mulher Moçambicana mobilizar as mulheres para lutar contra a discriminação que vai encontrar a política, contra a tendência para as colocar nas tarefas de executar o que outros decidem, as tarefas menores que eles não sabem ou não querem fazer. Sabemos que são muitas vezes as próprias mulheres, sobretudo as mais velhas, que resistem à mudança, que aceitam a situação existente como a melhor porque sempre foi assim. '4 O. M. M. como vanguarda das mulheres, mobilizará as mais jovens e combativas para que demonstrem pelo seu exemplo que tudo se pode transformar, incluindo as próprias pessoas, através da transformação das relações sociais. A O. M. M. não luta por pequenas reformas que tornam menos dura ou mais atraente a situação da mulher como cidadão de segunda. A O. M. M. mobiliza e organiza as mulheres para que lutem contra a divisão do trabalho em feminino e masculino, contra a injustiça e discriminação nâs oportunidades de aprender e participar na produção e no benefício dos seus frutos o na tomada de decisões que dizem respeito à sociedade. Porque as camponesas constituem a grande maioria das mulheres moçambicanas, a O. M. M. deve dedicar a elas grande parte dos seus esforços. Deverá tórná-las conscientes de que o trabalho em geral, o trabalho no campo em particular, não é servidão. É libertação quando livremente assumido, e quando a quem o faz é reconhecida a dignidade e a participação social e Iolltica que lhe correspo.de. EMPRESCINVEL PARTICIPAÇAO DA MULHER CAMPONESA NO PROCESSO REVOLUCIONARIO Processa-e neste momento em Moçambique um vasto movimento no sentido de aumentar, organizar e colectivizar «TEM PO» n.o 318- pg. 55 a produção agrícola. Mas em que medida está a mulher moçambicana a participar neste movimento? A mulher moçambicana está a participar nq aumento de produção, mas estará presente e participante na sua organização colectiva, está a beneficiar da aquisição duma mentalidade nova, do aumento do nível ideológica que a prática política dá, estará integrada na Revolução? Sabemos que espontaneamente as mulheres se engajam nas tarefas de produção, que a sua mobilização para a produção colectiva não oferece dificuldades. Mas sabemos também que ,ao passar-se da fase da mobilização para a de organização. elas deixam de ter voz activa, daixam de estar presentes. A falta de trabalho da OMM, a ausência de consciência em certas estruturas Sobre a urgência da tarefa da emancipação da mulher, fazem com que o entusiasmo da sua adesão seja frustrado. Receamos ver as mulheres relegadas de novo para o seu papel de servas domésticas de agricultoras isoladas. Pesamos que um dos problemas que está na base desta situação, é não se fazer desde já combate contra a divisão de tarefas em masculinas e femininas segundo os 'costumes tradicionais. Será lógico por exemplo que na construção de casas para'uma aldeia comunal, se continue a seguir a tradiç.o que manda que os homens cortem os paus e as mulheres o capim, que os homens levantem a estrutura e as mulheres matiquem? Dai resultará, conforme foi dito no seminário de aldeias comunais na Beira, que nesta altura em determinada aldeia, estejam 350 homens a participar e nenhuma mulher, porque 6 a época das queimadas e não há capim. De notar que neste seminário nenhum dos participantes era mulher. Situação idêntica se verificou no Seminério Nacional de Cooperativas de Quelimane, onde os 200 delegados eram todos homens, Se são cooperativas agrícolas, não são as mulheres também agricultoras? Se são cooperativas de consumo, não são também as mulheres consumidoras? Não podemos desperdiçar esta fase inicial de mobilização e organização, para ne!a integrar as mulheres como participantes em parte inteira, pois corremos o risco de dar passos atrás, difíceis de remediar. Só integrando as mulheres nas novas formas de produção podemos eliminar as manifestações da sociedade tradicional que são entraves à sua libertação, como a poligamia, os casamentos prematuros por compra e venda, o lobolo e todas as formas de desumanização de que hoje é vitima. MULHERES COMPLEXO DE INFERIORIDADE E O DIVÓRCIO Não-só a sociedade colonial, mas também a própria sociedade tradicional, incutiram à mulher separada ou divorciada fortes complexos. Em ambos os tipos de sociedade, a mulher divorciada foi sempre marginalizada, sem se levarem em conta os motivos do divórcio ou, separação, sem se analisarem correctamente os comportamentos das pessoas em questão. É pois esta, ainda hoje, a perspectiva dominante de se encarar a mulher divorciada ou separada entre nós. É uma perspectiva profundamente errada. Tal como outros vícios deixados pelo colonialismo ou existentes na sociedade tradicional, esta maneira de encarar a mulher divorciada, deve ser combatida. Na sociedade tradicional, em que o divórcio pode ter por base razões tão absurdas como o facto da mulher não poder ter filhos, ela é geralmente marginalizada pela sociedade, não contando por vezes nem com o -apoio da sua própria família. É tratada como pessoa sem dignidade e tem poucas possibilidades de voltar a casar-se, como se dela fosse a culpa de não poder ter filhos. Este é o exemplo de uma situação que pode ter consequências graves, tais como o afastamento da mulher da sociedade e da produção, pois ela própria, sentindo-se hostilizada, facilmente cria complexos e se coloca à margem de todo o processo. Na sociedade colonial, em que uma das mais marcantes características da opressão era a religião, vimos que a mulher divorciada ou separada doseumarido era geralmente tida como «pessoa de baixos princípios morais». Não havia a preocupação de analisar correctamente a questão.. A actuação do homem não era levada em conta. A mulher era pura e simpf-rsmente considerada «maluca», «leviana». Também aqui, a mulhbr tinha poucas possibilidades de voltar a casar-se. pelo menos, num meio em que o seu passado fosse conhecido. A mulher divorciada era pois considerada como portadora de uma doença virulenta ou contagiosa. A religião católica, arma fundamental dos colonialistas, não aprova o divórcio. É essencial merite neste princípio que a sociedade colonial se apoia para marginajizar a mulher divorciada. É mais. um dos aspectos da opressão, na sociedade colonial. A família é a base da sociedade nova que estamos a construir. No entanto temos que aceitar que existem ainda na nossa sociedade variadíssimos motivos que podem conduzir ao divórcio, independentemente da falta ser responsabilidade do homem ou da mulher. Qual a atitude correcta a tomar perante o divórcio e os divorciados? O facto de uma mulher ser divorciada, ou estar separada do marido, não a impede de ser um elemento vâlido, integrado no processo de reconstrução do seu país Não a impede de ser um elemento politicamente engajado que dá uma educação correcta aos seus filhos, futuros continuadores da revolução. Infelizmente os complexos do inferioridade que foram inculcados na mulher a sua colonização mental em relação ao homem, fazem com que ela própria não se considere uma pessoa válida se não tiver um marido. Esse facto constatámo-lo nós quando fizemos uma reportagem com operárias do Maputo. Estas mulheres apesar de ganharem a sua própria vida, de contribuírem para a economia doméstica, de sustentarem e educarem com sacrifício e heroismo uma família, de participarem na vida política da sua empresa, ao falarem de divórcio, tendem à considerá-lo como uma tragédia: pessoal para a mulher. Quando pusémos o problema de ser por vezes a mulher que abandona a lar, uma delas respondeu que de facto na nossa sociedade raramente a mulher toma iniciativas no que respeita não só ao namoro, como ao casamento e ao divórcio. A mulher mesmo que se sinta infeliz e oprimida no casamento, considera ser seu dever suportá,lo. Mas o homem por sua vez, acha-se no direito de abandonar a -família nem que seja por um capricho Enquanto a mulher não se libertar desse complexo de inferioridade, está ela pró pria a colocar-se na situação de objectc de, compra ou venda, de conquista e dE repúdio. Algumas mulheres porém estão já, cons cientes de que no divórcio não é a mu lher a vitima principal e de que o motivc porque a dissolução da família é um ma social, é sobretudo por causa das criançao que'ficam no abandono, material e'moral Por isso umas das mulheres que con. tactámos sugeriu que nós, mulheres tra balhadoras, poderíamos contribuir com un imposto para ajudar o Governo Moçamý bicano , resolver o problema das Crian ças abandonadas. Isto significa que a nossa preocupaçã dominante são as crianças. Elas não sã culpadas dos problemas dos adultos, têm direito a uma infância tão feliz co mo as que vivem nu ma família sã e unída ,TEMPO, n. 3.' - póg, 56 INQUERITO MEDIDA DE PROTECCAO A MATERNIDADE E 11 CONFERNCIA DA OMMý - uonseio de Ministros da República Popular de oçambique aprovou recentemente um Decreto que tabelece uma licença de 60 dias para as mulheres abalhadoras, no período da maternidade, cujo texto tegral publicámos em edição anterior. Sobre esta importante medida de protecção à marutdade colhemos algumas. opiniões de trabalhadoras e trabalhadores, bem assim como de uma entidade patronal, a quem perguntámos a opinião sobre o alcance deste Decreto. Dado que se Inicia em breve a Segunda Conferência da OMM cujos preparativos estão ainda a decorrer pedimos também a todos os entrevistados a sua opinião sobre a realização desta reunião e quais os "TEMPO, n 31.. p& . 57 #assuntos que entendem como mais importantes a serem debatidos. Publicamos a seguir as respostas a estas duas questões: mesmo dos princípios decadentes, dos gostos deixados pela sociedade colonialcapitalista. Eu penso portanto, que deve de bruçar-se em primeiro lugar sobre o problema social Falando no problema social, estou-me a referir. como realmente deve viver cada família, dentro dessa mesma sociedade. Há lares em que assistimos neste momento, a desfazerem-se, porquê ? É na verdade o mal entendido e talvez uma deturpação dos princípios traçados no contexto da nova sociedade em construção. Essa seria uma linha onde iriam nascer todas as virtudes que estão sendo aspiradas neste momento. António Domingos-Seerethrlo do G.). Minerva -Central 1." Resposta- <Acho que já era altura de o Governo tomar essa medida. Nós sabemos o que foi a mulher no tempo colonial Esse decreto veio mais ou menos beneficiar a dignidade da mulher, pois os sessenta dias de férias aquando do parto, vêem minimizar uma dor que a mulher sempre teve. No parto cor-em-se muitos riscos, até a perda da própria vida. Portanto, acho que esta é mais uma conquista que o povo alcançou, pois as mães terão mais tempo para cuidar dos bebés, futuros continuadores da revolução moçambicana. 2.a Resposta - N ã o sei ... s e quando se fala na palavra (Emaneipação) o que nós entendemos. Há várias interpretaçóes, mas eu julgo que a mulher deve ser realmente uma verdadeira mãe, conscien-te.... é uma instrutora e difusora da nova sociedade que está a nascer em Moçambique. Estou a par do passo que a OMM está a dar, até porque há pouco tempo tivemos reunião com a sub-secção da OMM, aqui no serviço. Julgo que a II Conferência da OMM, vai ser um sucesso, vão sair muitas orlentações, que neste momento estão sendo deturpadas, para que a mulher assuma verdadeiramente o seu papel na revolução. Toda a OMM tem problemas complexos, p.a r ti n d o TEMpO ,. - p69.'58, julgo que tudo está correcto para as mães que ainda fazem filhos. 2.a Resposta -Eu sei que agora estão sendo feitos os preparativos para isso, embora eu não tenha ainda participado neles, pois a n d a doente e só há uma semana recomecei a trabalhar. Sobre o que se devia debater nessa Conferência, eu acho que devíamos resolver o seguinte: eu estou a verificar desde que o Povo moçambicano se tornou livre, que as mulheres interpretam mal essa liberdade. Vejo por exem. pío muitas mulheres nas cerveja. rias, a beber cerveja, principalmen. te aqui na baixa. Deixam as crianças em casa, sem estarem bem cui. dadas, enfim, não assumiram ainda a sua verdadeira personalidade. Portanto eu acho que se devia aca. bar com este tipo de coisas, e para isso é necessário que seja discutido e fornecidas, orientações para podermos, a nível dos nossos Grupos Dinamizadores, tentar resolver da melhor forma, todos esses problemas. Maria Jac de 3 ilhos. 1.8 Resposta- Eu, na m in h a opinião, achei tudo muito justo e fiquei satisfeita, porque nós as mulheres antigamente sofríamos tanto e mesmo aqui onde eu trabalho, não tinhamos nem trinta dias, davam-nos só 15. Se por qualquer motivo não aguentássemos vir ao trabalho após o parto, depois daqueles quinze dias éramos descontadas nos vencimentos. Vinhamos, portanto, trabalhar ainda com dores, porque a falta de condições assim exigia. Nessa altura, apanhávamos doenças, principalmente no útero. Carregávamos coisas pesadas e ninguém tinha pena de nós. Por isso, embora eu já não faça filhos, Beta Vitória Cardoso - funcionaria. 1.a Resposta Concordo pl e na mente com isso, porque a mulher depois do parto, tem muitas dificuldades e às vezes há partos di. fíceis que provocam fraquezas que devem ser recuperadas num bom descanso, de modo a não prejudi. car o próprio organismo, que muitas vezes, até acontece, a mulher provocar doenças devido ao excesso de trabalho após os partos. Há também o caso de mulheres que le vam pontos e isso não é fácil de se curar sem descanso. 2.a Resposta-Há muitos problemas, não posso neste momento de. finir especificamente, qual seria portanto, o principal tema. 1.' Resposta - Acho que é muito bom para as mulheres que têm partos difíceis. Para as outras não sei, mas também não haviam de dividi-Ias, seria divisionismo. 2.a Resposta-Tenho conhecimen to. Para mim, julgo que seria de se resolver primeiro, o problema da falta de engajamento da mulher. Este problema acontece porque não há apoio moral ainda. Por exemplo, há maridos que não deixam as suas mulheres participar nas reuniões, isto atrasa muito o engajamento. Por isso eu acho que devíamos fazer um apelo para que o homem participasse no engajamen. to da mulher. Sanso MaIuel - funcionlrio 1.8 Resposta-Estou plenamente de acordo com isso, na medida em que antigamente, ,ela só tinha direito a quinze dias nos serviços particulares, se tivesse. No Estado, embora tivesse os trinta dias, havia que atender ao seu estado civil, se não fosse casada, as vezes não tinha esse direito. Estou de acordo, também porque além de a mulher poder agora descansar mais, terá tempo para cuidar do seu filho nos seus primeiros dias de vida. 2.a Resposta-Engajar a mulher na revolução, para a participação política em todos os domínios. Isto, porque ainda, há má compreensão por parte de muitas que nãocompreendem bem o que se pretende. Não participam nas reuniões, pelo que ficam ultrapassadas, formando uma barreira para o bom andamen. to do processo. Rbsa Cossa- empregada de Super-mercado. 1.8 Resposta-Tenho sim, ainda há dias estivemos a discutir isso numa reunião, em que muitas mulheres ficaram muito satisfeitas com isso, porque terão mais tempo para recuperar as forças perdidas durante o parto.. Eu já não faço filhos, sou mãe de filhos grandes que já se casaram, até sou avó. Mesnio assim, não é que tenha ficado satisfeita só porque se tivesse que fazer filhos,,teria férias, como muitas mulheres pensam. Acontece que isso, como já disse tive filhos, e quando fosse ao hospital dar o parto, só depois de 2 ou 3 meses é que ficava em condições de trabalhar, mesmo em casa. Por isso acho que está muito bem que as mulheres gozem desse descanso. R - Tenho participado nesses preparativos, e temos discutidos muitos problemas que dizem respeito à mulher e a sua participação na questão da emancipação. Quanto ao que se deveria discutir principalmente não sei ainda bem. Há muitbs problemas com as mulheres e possoi mesmo dizer, que ainda não assumimos bem o nosso papel na revolução. 1.1 Resposta- Se já tivesse tido algum bebé, talvez fosse capaz de falar melhor sobre isso. Eu estou de bebé e daqui a pouco vou dar o parto, kpor isso tenho procurado junto às mulheres que já tiveram, as dificuldades por elas encontrados durante os partos. Pelo que me dizem, posso afirmar que está muito bem isso. Depende das pes. soas, mas há mulheres que ficam doentes depois dos partos, por isso devem descansar. 2.' Resposta-Há muitas coisas. Por mim não sei qual seria o principal problema. «TEMPO, n. 3n18 - og. 59 2." Resposta: Nas reuniões a que t e n h o assistido, são levantados muitos problemas que dizem respeito às mulheres. Não sei qual d e vi a ser o problema principal, mas sei também q u e há muitas mulheres que não sabem o que quer dizer emancipação. Elas pensam que ser livre é não fazer nada, dando trabalhos ao marido, trabalhos que não servem para ele, só porque quer ser livres. 'H á também mulheres que dizem aos maridos, que vão para as ieuniões, enquanto vamos encoiýtrá-las nos bares a beber. Tudo isso sao coisas que devem acabar. que não participam nos trabalhos da revolução. Isso deveria ser resolvido, procurando uma maneira de t o d a s nós½participarmos nas reuniões, para sermos bem esclarecidas sobre como levarmos para frente os trabalhos de Reconstrução Nacional. Manuel Rezende Tomés -Vntidade patronal 1" Resposta-Para mim acho que nem dois meses deveriam chegar, isto dependendo dos casos, porque há mulheres que têm partos difíceis, que às vezes correm mal. Por exemplo a minha mulher, levou pontos que correram mal, e terá de levar outros, enfim coisas do género. S e r i a portanto, por mim, conceder à mulher durante esse período, o tempo que fosse necessário conforme os casos, e dois meses, por lei acho bem. Co. mo patrão acho que é uma necessidade, mesmo para o bom andamento do trabalho, até quando a mulher -estiver em condições de trabalhar. Eu sei que há muitos casos que se dão com patrões que não admitem empregadas que na altura apresentem estado de gravi. dez, isso acontece muitas wezes, mas não devia ser assim. Carolina Enoque - Doméstica 1.a Resposta: Tenho conhecimento disso. Eu não trabalho mas sei muito bem o que uma mulher passa depois de um parto. Eu como mãe, felizmente nunca tive grandes problemas, mas vejo muitas mulheres que passam mal. * TEMPO,, . 318- pãg, 60 Maria Sitói - Doméstica. 1I Resposta: Muito bem. Vem ajudar-nos muito isso, porque antigamente passava-se mal. Foi uma atitude muito boa do nosso Governo. Eu não trabalho, mas também era obrigada a fazer trabalhos forçados lá na machamba. Vínhamos do hiospital e tínhamos de pegar logo na enxada. Agora penso que os homens também vão compreender que esse direito não só será para as mulheres que trabalham, mas também para nós que ficamos em casa. Somos .mulheres também e acho que devemos ter os mes. mos direitos. 2.3 Resposta: Só vou dizer que,,a mulher para ser livre, não só deve dizer viva a liberdade, mas também fazer com isso aconteça na prática. Até hoje, ainda há muitas Maria de Fátima - Funcionária 1' Resposta: Sou funcionária dos SMV e comecei à gozar as minhas férias no dia 2 de Outubro, quando dei parto. Essa lei dá-me direito a gozar mais t r i n t a dias, e foi oportuna, pois terei mais tempo para cuidar do bebé. Sinceramente que não esperava que essa lei saísse tão já, mas julgo ser uma alegria para nós, mães moçambicanas. Por o u tro lado ainda, a questão de termos tempo mesmo depois das férias, termos tempo para ir dar de mamar o bebé, está tudo muito bem estabelecido. 2." Resposta: Acho que devíamos procurar uma maneira de haver maior esclarecimento sobre as tarefas que a mulher deve levar a cabo neste momento, quer dizer, como devem as mulheres participar nas tarefas da revolução. 'A mulher deve estar engajada, o que ainda não aconteceu, porque eu digo tivemos muitas experiências que nos levam a dizer isso. Muitos problemas são debatidos nas nossas reuniões que demonstram que, a mulher ainda não está devidamente engajada. Zimbabwe: SITUA R -.,. 4 GENEBRA, Como foi largamente noticiado, nacionalistas da frente patriótica constituída para o efeito do movimento nacionalista do Zimbabwe, encontraram-se no passado dia 29 de Outubro, em Genebra, com o representante do governo colonialista britânico, Ivor Richards. O /objectivo do encontro era, uma vez m ai s em conferência constitucional, discutirem o processo da Independência da colónia britânica da Rodésia do Sul. D e s t a vez porém, embora as personagens permanecessem praticamente as mesmas, o contexto em que se realiza o encontro é bem distinto do das vezes ante riores. No momento em que redigimos este apontamento, a conferência e s t á interrompida, e decorrem consultas privadas entre os representantes da potência colonizadora, seus aliados imperialistas, e os nacionalistas da frente patriótica. Segundo foi anunciado, os trabalhos seriam retomados em meados desta semana. Quando e s t a edição chegar às mãos dos nossos leitores é possível que já existam resultados concretos da conferência, que desactualizem o apontamento. . no entanto possível -independéntemente desses resultados -situar a Conferência de Genebra nas suas reais dimensões e no-contexto da luta de libertação do Povo irmãodo Zimbabwe, em particular, e da libertação desta parte do nosso continente em geral. COMO SURGE GENEBRA A primeira questão a pôr é: como surge Genebra? Genebra s u r g e, como causa própria e fundamental, da vitoriosa, justa e correcta, luta armada do P o v o do Zimbabwe, empreendida e organizada pelo ZIPA, seu exército popular. É um facto incontestável, e muito claro. Só o abono da estratégia legalista, da política de «tentar convencer os colonialistas britânicos da capacidade dos nacionalistas para dirigirem os destinos do país, e a oiiníão internacional da justeza da sua causa» -' métodos de luta até aí usados pelo movimento nacionalista--e o engajamento num processo de luta armada consequente empreendido e dirigido pelo ZIPA- criaram condições para o Povo do Zimbabwe se afirmar de maneira decisiva, impôr a sua vontade de pôr fim ao odioso regime racista de opressão-exploração de que é ví. tima. A nível ma i s global, Genebra s u r g e: Primeiro - da modificação da correlação de forças entre o imperialismo e o amplo movimento de libertação dos Povos da sua dependência. Com a libertação dos p o v o s asiáticos e africanos, em geral, e dos povos moçambicano e angolano, em particular, e a instituição de regimes populares e portanto progressistas nos países dirigidQs por esses povos, a correlação de forças tornou-se largamente desfavorável ao Imperialismo, a nível de toda a Humanidade em geral, e a nível da Africa Austral em particular. Aumentou largamente a zona libertada da humanidade e, consequentemente, a rectaguarda de a p o i o aos povos em luta. Segundo - Genebra surge (a s condições para o ZIPÁ conduzir a luta às proporções que conduziu e que impuseram o encontro de Genebra) do sólido, consequente e incondicional apoio concedido pelos países e povos da Linha da Frente ao Povo do Zimbabwe organizado no s e u exército popular, o ZIPA. E, dentre esses em especial o Povo bicano, a FRELIMO da República Popular bique. Aceitando misturar o seu sangue com o sangue do Povo do Zimbabwe, consentindo enormes sacrifícios - que foram desde dividir as suas precárias colheitas de sobrevivência com os comba-tentes e refugiados do Zimbabwe, aceitar perder milhares de postos de trabalho, com o cumprimento das sanções impostas pela comunidade mundial ao regime racista, a aceitar perder todos os seus haveres e as próprias vidas nos actos de retaliação terrorista das forças fascistas rodesianas - o Povo moçambicano tem tido um comportamento exemplar, determinante no processo da luta armada de libertação e no colapso do r e g i m e fascista e lacaio de Smith. O QUE REPRESENTA? Nesse âmbito a questão imediata que se põe é: o que representa a Conferência de Genebra? A resposta é também clara, e e s t á implícita na exposição de «como surge». Genebra representa essencialmente o reconhecimento declarado do Imperialismo da impossibilidade de travar ou se opor ao fogo devorador da liberdade no Zimbabwe. Genebra é a aceitação formal por p a r t e do Imperialismo de que: <JEMPO, n.~31~ pág. 61 Nacionalistas que integram a frente patriótica. Da esquerda para a direita, zorewa e Reverendo Ndabaningi 8 ert Mugabe, Joshua Nkomo, Bispo Muole. -O regime de Ian Smith não è senão um regime lacaio do imperialismo (maquinação sua ou não, a p e s a r de universalmente «condenado», Smith era um instrumento do próprio colonialismo britânico e do imperialismo em geral). - Com o desenvolvimento atingido pela luta armada, Smith está irremediávelmente condenado, e comprometida assim a possibilidade de ele poder continuar a defender os interesses imperialistas na Rodésia do Sul. -O imperialismo não tem o mínimo de condições para pela violência confrontar o Povo do Zimbabwe, nem de, muito menos, generalizando o conflito, confrontar os Povos livres da África Austral. Genebra é a rendição do colonialismo britânico à imposição do Povo do Zimbabwe de o fazer assumir as suas responsabilidades, atitude a que se vem frustra.ndo desde 1965, quando Smith «tomou o poder». Genebra é a rendição do racista Smíth à realidade que o seu regime já não serve os interesses dos seus patrões imperialistas, e tem que ser apagado da história. Por confrontação de posições, Genebra é p o i s, essencialmente também, u m a significativa vitória do Povo do Zimbabwe, dos Povos da África Austral, e de todos os Povos livres em geral, evidência de que o processo histórico se desenvolve ránida e segu- ramente. Que a correlação de forças é cada vez mais favorável aos Povos em luta e desfavorável ao imperialismo. QUEM ESTÁ E O QUE SE DEFENDE EM GENEBRA Um outro ponto fundamental que tem sido alvo das mais -tendenciosas especulações é «quem está em Genebra, e que posições lá se defendem». Primeiro (q u e m convocou a conferência) está a potência colonizadora - a GrãBretanha. Depois de inúmeras manobras para tentar apresentar-se na Conferência como «árbitro», com estatuto de juiz 'ou conciliador, a Grã-Bretanha foi .obrigada por impo. sição do P o v o do Zimbabwe e dos países africanos, a tomar o único papel -possível - o de colonialista. E m representação d o movi mento nacionalista do Zimbabwe, contrariamente às manobras de propaganda imperialista, não estão em Genebra três; ou quatro ou cinco «facções». Está uma frente patriótica, de objectivos claros e unificados no essencial. Está uma frente patriótica que corresponde, pela posição que defende, à realidade da luta do Povo do Zimbabwe na presente fase. Na delegação britânica, colonialista, está Ian Smith, seu filho «rebelde». Também em relação a e s s e seu lacaio o Imperialismo q u i z estabelecer confusão atI buindo-lhe um estatuto especial Não há cinco nem seis partes ý negociar. Há duas: o moviment5, nacionalista e a potência colonf zadora. E só há duas partes, porque sý há d u a s posições a defender: ý posição do P o v o do ZimbabwE - que de armas na mão luta na Zimbabwe pela sua independên cia - e a posição imperialista que condenado no campo de ba. talha tenta salvaguardar os seus interesses através de manobras neocoloniais. A posição dos, nacionalistas é bem clara: se querem que nó paremos a luta armada, pois mais não tem a fazer que nos entrega' aquilo porque lutamos. Para fa. cilitar, a frente patriótica foi até mais longe. Se aceitarem fazer isto e aquilo neste e naquele prazo, pois até aceitaremos parar já a luta. A posição do imperialismo é também no essencial clara.- tentar não perder tudo, E, para isso tenta confundir com planos Kissinger, correcções Smith, correcções dos ultra-racistas, pseudo -concessões, pseudo-conciliações.. O QUE SE PASSOU EM GENEBRA F a c e a essa realidade, pouco era de esperar da conferência de Genebra. E, de fàcto, logo no primeiro contacto se gerou um cli. Zimbabwe: SITUAR GENEBRA ma de frustração. Ao fim de umE hora e meia da primeira sessãc plenária, as conversações forair interrompidas, para serem reto, madas «em data a anunciar». Confrontadas as duas posições e constatada de imediato a ine viabilidade de qualquer subterfú. gio ou «saída airosa», os colonia. listas britânicos e s eu s aliados imperialistas resolveram readop. tar a velha e carcomida táctica de tentar dividir a frente patriótica, reganhando para seu lado, algum ou alguns dos nacionalistas, com quem - é um facto se habituaram a jogar e manobrar. Foi nesse sentido que uma vez anunciada a interrupção da reu nião «para consultas informais» entre o delegado britânico e os nacionalistas, Ivor Richards conferenciou com cada um dos elementos em separado. E o mesmo fez William Schaufelle, que um dia depois de iniciadas as conversações surge descaradamente em Genebra como enviado especial.,de-Henry Kissinger parasegundo s u a s desassombrosas afirmações - vir. actuar «c o m o ponto de contacto entre os participantes na Conferência e o Secretário de Estado norte-ameri-, cano». E que, por outro lado, e com o mesmo objectivo - tentar comprometer cada um dos dirigentes nacionalistas - também «um grupo de capitalistas rodesianos» se deslocou a Genebra,, para com eles «negociar». PERSPECTIVAS Como dizíamos acima, escrevemos e s t e apontamento quando decorrem estas conversações «p r i v a d a s» na interrupção da conferência. As perspectivas para o desenrolar da conferência são essencialmente as mesmas: dependem de d o is factores fundamentais: primeiro - o factor determinante - o desenvolvimento da 1 u t a armada conduzida pelo ZIPA no território rodesiano. Segundo'e condicionado desde o início pelo primeiro - a firmeza das posições dos nacionalistas constituídos na frente patriótica presente à Conferência. Notícias recentes divulgam a interrupção da via férrea que liga a Rodésia ao Botswana devido a importante acção de sabotagem empreendida pelos combatentes do ZIPA. O fogo libertador espa lha-se como em palha seca e todo o território. Face a isso é praticamente imp o s s i v e 1 para o imperialismo «comprar» qualquer dos dirigentes nacionalistas. Smith, .por seu lado, está num beco sem saida. Em declarações recentes Pat' Bàshford, dirigente do ultra-fascista Partido Multirracional RoIvor Richard, chele da delegaçclo colonialista e Presidente da Conlerência de Genebra. desano, foi bem claro. Genebra foi a última «concessão» dos ultra-racistas. A última oportunidade que deram a Smith para provar que ele e seus patrões imperialistas conseguiriam assegurar o fim da «intolerável acção de guer. rilha dos terroristas que ... está a tomar proporções assustadoras» Se Smith «falhar» será substituido -foi a advertência dos ultra-racistas. E, cumpri-lo-ão, certamente. (Quem sabe se em conivência com o prório Smith? ....) «Smith falhar» para os ultra-racistas, significa ceder, ou não conseguir enganar os nacionalistas. Isolados pelos seus patrões imperialistas (incluindo Vorster) os defensores desta atitude inconsequente não têm no entanto possibilidades nenhumas, senão de se afogarem num desastroso banho de sangue. É nesse âmbito que se enquadram os mais receiltes ataques da camarilha fascista ao território moçambicano. A minoria branca na Rodésia, é numericamente insignifcante e não tem capacidade para aguentar uma guerra de guerrilha dois anos que seja ... Para o imperialismo essa é em última análise a esperança de que se não desenvolva no Zimbabwe um processo de Guerra Popular Prolongada e, consequentemente uma Revolução. No entanto, a possante ofensiva desencadeada pelo ZIPA, se como é natural se não converteu ainda num processo revolucionário, já logrou transformar a resistência do Povo do Zimbabwe num largo movimento de massas, unitário e organizado, e de correcta definição do inimigo, campo básico para o desenrolar de um processo de luta de classes, necessariamente longo e árduo, mas garantia da irreversibilidade da libertação .do Povo do Zimbabwe de todas as'formas de opressão e de exploração. «TEMPO» '.o 31p , g. 63 ATAQUE DOS RACISTAS É PROVA DE FRAQUEZA E NÃO DE FORÇA No dia seguinte ao desencadeamento- da invasão contra * República Popular de Moçambique pelas tropas do regime racista de Smith, a Agência de Informação de Moçambique (AIM) fez o seguinte comentário ao acontecimento: MAPUTO, 1 (AIM)- Enquanto decorrem em Genebra conversações que têm supostamente por objectivo estabelecer a independência nacional e a democracia no Zimbabwe, o regime racista rodesiano desencadeou uma invasão contra a República Popular de Moçambique. Enquanto as potências imperialistas afirmam ao mundo que o regime de Ian Smith se comporta finalmente de forma responsável, as forças armadas terroristas da colónia britânica da Ro. désia do Sul, lançaram um assalto militar de grandes dimensões, contra u'm estado independente e soberano. Enquanto o povo do Zimbabwe é massacrado, torturado e aprisionado em grande número, devido à sua re-' sistência à opressão racista, os fascistas rodesianos assassinam moçambicanos numa tentativa de desviar as atenções mundiais do que se passa no interior do Zimbabwe. Estes criminosos pretendem que o mundo acredite que Moçambique é responsável pela luta de libertação do povo do Zimbabwe, uma luta que começou no século passado, muito antes da independência de Moçambique. Os crimes do regime racista rodesiano estão registados, em primeiro lugar, nos arquivos da luta de libertação do Zimbabwe. Estão inscritos no espírito daqueles que oý sofreram directamente. Em segundo lugar, esses crimes estão registados nos arquivos de organizações internacionais como as Nações Unidas, a Comissão Internacional de Juristas, a Amnista Internacional e o Comité de Defesa e Auxilio. Em terceiro lugar, esses crimes estão regIstados nas publicações das poucas organizações humanitárias, a quem é permitido actuar no interior do Zimbabwe, como a Comissão Católica para a Paz e a Justiça. Nunca antes existiu uma tal quantidade de documentos sobre a violência, a barbaridade e a tirania fascistas, como existe no caso do regime racista rodesiano de Ian Smith. Os crimes internacionais deste regime não constituem novidade. Nos primeiros anos da luta do povo moçambioano pela libertação, militantes da FRELIMO combateram contra soldados racistas rodesianos na zona oriental de Moçambique, a centenas de quilómetros do Zimbabwe. Os criminosos racistas rodesianos começaram, então, a exIortar o terror, e nunca mais deixaram de o fazer. O seu assalto, contra o povo de Moçxnibique-e contra a Zâmbia e o Botswana-é um assalto contra a liberdade e a luta pela liberdade. Estes três' países desempenharam o seu papel na luta para libertar o mundo desta excrecência cancerosa. Eles não têm estado isolados. No apoio à justa luta do povo do Zimbabwe pela liberdade'e independência, juntou-se a estes países toda a humanidade progressista. Por isso, ao atacar Moçambique, o regime de Smith não ataca um só pais. Ataca toda a ,humanidade progressista. O sangue do povo moçambicano estã hoje a ser derramado. Está a.ser derramado em defesa do nosso Pais, da nossa liberdade, da independência que conquistamos através de dez anos de árdua luta armada. Mas, para além disso, estamos a dar o nosso sangue pelo povo do Zimbabwe e por todos os povos amantes da liberdade no mundo. Damos o sangue, não como um gesto, mas como um dever, o nosso dever para com os povos do mundo. Não temos medo de derramar este sangue. O povo moçambicano enfrentou assassinos fascistas durante demasiado tempo, para ser intimidado por uma nova arremetida. Quando combatemos o colonialismo português, dissemos ao mundo que a nossa vit6ria era certa. Hoje, sabemos que o regime racista rodesiano ataca Moçambique devido às vitórias do Exército de Libertação do Zimbabwe. O ataque dos racistas é um sinal de fraqueza e dedesespero, e não de força. Por isso, dizemos novamente que a vitória é certa. Expulsaremos os invasores. O povo do Zimbabwe aplicará o golpe de misericórdia. Entretanto, vejamos de que lado se colocarão os governos que lançaram o chamado plano anglo-americano, em particular o governo colonialista britânico. Eles sentam-se em Genebra com um arqui-criminoso, criminoso não só aos olhos do governo colonial de Sua Majestade. O crime foi agora agravado, durante esta iniciativa de «paz» e o chefe da quadrilha senta-se ao seu lado em Genebra. Essas potências prenderão o criminoso? Ou continuarão a tratar este maníaco homicida como um estadista responsável? Agora todo o mundo poderá ver claramente, se essas potências apoiam a liberdade de África ou a tirania e a agressão racistas. POR CERTOI Foi assim que a pouco e pouco, fomos adquiri de forma a corresponder cada vez mais o Hoje, com seis anos de existência, a vontade e o orgulho que ni desde a primeira hora foram o nossa deram lugar a uma empresa gráfica de Técnica e profissionalismo, n e meios guindaram-nos a uma pos Estão aqui representados alguns trabal É possível que Estamc PASSE A 4i Ii~m \ 4 \ '~, ,~ \\ A nossa qualidade gráfica promove a venda dos seus produtos CONTACTENOS. Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem Av. Ahmed Sekou Touré, 1078-A e 8 (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3. C.P. 2917 MAPUTO' produzir economizar depositar para desenvolver Moçambique Aumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZAR é evitar despesas desnecessárias, gastar menos do que ganhamos. DEPOSITAR e garantir a segurança das nossas economias. As economias de cada um depositadS no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUE transformam-se na força que contribue para a reconst-ução nacional.