DIÁRIO DE SANTA MARIA TERÇA-FEIRA, 8 DE SETEMBRO DE 2009 | 13 | GERAL Transtornos por todo lado FOTOS LAURO ALVES Travessia arriscada Na Vila Jockey Club, moradores se arriscavam ao transitar a pé pela Rua Lavras do Sul. A via, assim como outras daquela região, estava completamente alagada. Segundo moradores, a água da chuva se misturou à sujeira dos bueiros, entupidos pelo lixo, e até com uma sanga que corta a região. A pensionista Catarina da ConceiPara muita gente que planejava descansar no feriado, o Dia da Inde- ção Forcin, 63 anos, foi uma das dependência não correspondeu. Cen- zenas de moradores da Vila Jockey tenas de moradores de Santa Maria Club que procuraram o Corpo de tiveram de substituir o sossego por Bombeiros em busca de lonas. Além de ter móveis danificados muito trabalho. A chuva e o pela água, que entrou pelos granizo que caíram ontem à DIÁRIO DA REGIÃO buracos abertos no teto, ela tarde provocaram estragos ficou também sem comida. em diversos pontos da cidade. Casas ficaram alagadas e cerca de O estoque de mantimentos molhou 300 residências tiveram o telhado da- durante o temporal. Veja nesta página o drama de alnificado pelo granizo. O jeito foi unir forças para reparar os danos provo- guns moradores de Santa Maria que tiveram prejuízos com o temporal. cados pelo mau tempo. Acesso alagado Principal acesso à Cohab Santa Marta e à Nova Santa Marta, a Avenida Mallmann Filho foi tomada pela água. No entroncamento com a BR-287, a pista virou um lago. A maioria dos motoristas preferiu desviar por ruas secundárias a arriscar cair com o carro em um buraco submerso pela água suja. Cachoeira no portão Um rio na calçada Armadilha da chuva A água que descia pela escada de acesso ao pátio da casa da aposentada Maria Dejanira da Silva Soares, 89 anos, parecia uma cachoeira. A correnteza vinha da Rua Elvídio Azevedo, na Vila Jockey Club.A casa fica em um terreno abaixo do nível da rua, que ficou tomada pela água. A idosa estava com a filha Shirlei Maria Soares Mendes, 60 anos, que mora em Nova Prata, na Serra gaúcha, e aproveitou o feriadão para visitar a mãe. Shirlei ajudou a conter a correnteza, que chegou a atingir algumas peças. – Minha mãe ficou muito assustada porque a água não parava de entrar na casa. Vinha pelos fundos, pela frente. Estamos tendo uma trabalheira, mas, pelo menos, estamos inteiras – aliviou-se Shirlei. Depois de controlar a situação na sua casa, o autônomo Itamar Canabarro, 44 anos, foi conferir os estragos na rua onde mora, a Elvídio Azevedo, na Vila Jockey Club. Com um rastelo em punho, ele e outros vizinhos tentavam desobstruir dois bueiros entupidos, que colaboraram para o alagamento da pista. Mesmo ocupado, Itamar manteve o otimismo: – Não caindo a casa da gente, está tudo bem. Ele diz que não é sempre que a rua fica alagada, mas reforça que, quando chove bastante, a rotina dos moradores é a mesma: barrar a força da água para que ela não prejudique a estrutura das casas, e limpar a sujeira dos cômodos alagados. – Não dá para dizer que alaga em qualquer chuva, mas os bueiros não vencem um temporal desses – afirmou. A força da água dos mais de 43 milímetros de chuva que caíram sobre a cidade ontem contribuíram para prejudicar ainda mais o acesso a algumas casas no final da Rua Canário, no bairro Campestre do Menino Deus. Há oito meses, os moradores convivem com um buraco na via, que ficou ainda mais profundo. O motorista Paulo Roberto Silva de Oliveira, 49 anos, diz que já preencheu a cratera com entulhos e terra, mas não foram suficientes para impedir que o buraco atingisse cerca de meio metro de profundidade na noite de ontem. – Vamos ter de ver com a prefeitura qual é a solução. Por enquanto, quem tem carro e mora no fim da rua vai ter de deixar o veículo fora de casa, porque o buraco pode ficar ainda mais profundo – diz Oliveira. MAU TEMPO JÁ CASTIGOU OUTRAS VEZES Temporais já trouxeram prejuízos e causaram duas mortes na região. Confira algumas das mais graves ocorrências dos últimos sete anos: 11 de setembro de 2002 ■ Com ventos de até 140 km/h, o maior temporal dos últimos sete anos em Santa Maria deixou 1,6 mil casas destelhadas e, pelo menos, 150 completamente destruídas. Foram mais de 2 mil ocorrências na cidade. O estoque de 23 mil metros quadrados de lona da prefeitura esgotou em um dia de ventos de até 85 km/h, granizo e raios. Em Santa Maria, 20 mil clientes ficaram sem luz das 8h às 14h30min do dia 9 de junho 26 de setembro de 2007 ■ O temporal deixou dezenas de famílias desabrigadas em cidades como Dona Francisca, Nova Esperança do Sul, Quevedos, São João do Polêsine e São Vicente do Sul. Em Jaguari, a cheia do Rio Jaguari fez uma vítima, uma mulher de 57 anos 9 de junho de 2007 ■ A chuva forte de três dias deixou estragos em 15 cidades da região. Além dos alagamentos, o temporal veio acompanhado 5 de dezembro de 2007 ■ Um temporal de granizo causou muita destruição na Colônia Grápia, no distrito de Santa Flora. A chuva de pedra deixou casas destelhadas, danificou lavouras e matou animais 25 de abril de 2008 ■ Granizo foi responsável por destruir lavouras de soja nos distritos de Palma e Santa Flora. Prejuízos chegaram a 70% da colheita nessas localidades 12 de agosto de 2008 18 de janeiro de 2009 ■ Um vendaval destelhou casas e estabelecimentos comerciais em Santa Maria e em mais cinco cidades da região. Um dos maiores estragos foi em Santa Margarida Sul, onde o telhado do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Plácido de Castro foi arrancado ■ Um temporal fez Santa Maria escurecer mais cedo. A chuva alagou ruas e casas. O muro da Escola Estadual Marieta D’Ambrósio foi levado pela água 22 de julho de 2008 11 de setembro de 2008 ■ Ventos de até 84 km/h causaram destruição na região. Foram casas destelhadas, árvores caídas e mais de 10 mil clientes sem energia elétrica. Em Santa Maria, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros distribuíram 184 metros quadrados de lona ■ São Sepé foi atingida por uma chuva de granizo, que deixou 1,2 mil casas destelhadas. A Defesa Civil atendeu a 250 famílias e distribuiu 5 mil metros de lona. Em São Francisco de Assis, um homem de 40 anos morreu ao ser atingido por um raio 20 de fevereiro de 2009 ■ Uma tempestade de 40 minutos levou estragos a São Gabriel. As aulas na Escola Estadual de Ensino Médio João Pedro foram adiadas. O Estádio Sílvio de Faria Corrêa também foi atingido 2 março de 2009 ■ A chuva que trouxe alívio para as lavouras da região causou o desabamento de uma residência na Rua Floriano Peixoto, no centro de Santa Maria. Diversas casas foram alagadas e ficaram sem energia elétrica