DISCURSO Do: Exmo. Sr. CONSELHEIRO IVAN BARBOSA DA CUNHA Para: Exmo. Sr. SENADOR JARBAS GONÇALVES PASSARINHO Motivo: Entrega da Comenda Serzedelo Corrêa, “Classe A”. Data: Brasília, 17 de maio de 2010. 1 “Vir eloquentíssimus et doctíssimus (homem de grande eloqüência e muito douto)” Excelentíssimo Senhor Senador Jarbas Gonçalves Passarinho Senhor Vice Presidente do TCE Conselheiro Cipriano Sabino Senhor Cônsul Honorário do Chile, no Pará, Empresário Lutfala Bittar Familiares do Senador homenageado A citação latina acima escrita revela, prima facie, a personalidade extraída do intelecto do homenageado. Sua excelência tem na vida um destino excepcional. Primeiramente, por causa do período histórico que lhe foi dado viver. Sua existência, do ano de 64 até os dias atuais, situa-o na fronteira de duas épocas: o Brasil antes de 1964 que assiste a uma fase de desentendimento político que ameaçava a democracia, e aquela outra, após o movimento revolucionário que pretendeu o entendimento político e a organização da sociedade brasileira. Não é fácil discorrer sobre a figura do Senador Passarinho. Às vezes a cultura, a que me curvo permanentemente, sugere um certo temor quando se dela faz alusão a uma pessoa. Tenho medo de cometer uma barbárie. Sua excelência tem em seu DNA o gene da cultura e da sabedoria. Ambas de conceito e entendimento diferentes: enquanto a primeira é obra cultivada, através dos tempos, pelo homem, a segunda, claramente, provem de Deus. A sabedoria é o sopro de Deus. É o espírito de Deus. A sabedoria fala por si só e se manifesta. E desta vez, a todos os homens de boa vontade, num processo global de transformações pelo qual o mundo passa. Amai a justiça. Assim fala a sabedoria. A justiça é algo de objetivo, de preciso, de vinculado às leis, às normas, aos preceitos, as ciências jurídicas. Mas não basta aplicar a justiça. É preciso amar a justiça. E só aquele que tem capacidade de amar a justiça é capaz de ter sabedoria, porque a sabedoria, se alimenta do amor. O amor que vossa Excelência tem em seu coração magnânimo, a serviço de nossa pátria. Isto é justiça! Isto é sabedoria! Pra Deus e para os homens todos somos iguais. Mas Deus e os homens privilegiam a santidade da alma dos que ainda não foram beatificados pela Igreja. Vossa excelência é um soldado 2 portador da mensagem do bem que impõe a aplicação da justiça com sabedoria. Muitos, difícil de enumerar, já falaram, descreveram e decantaram o comportamento do Senador Passarinho. Eu serei mais um, um humilde escriba que procura dentro do limite de inteligência que me é concedido por Deus, a falar do Senador Passarinho. E aí vem a figura de Santo Agostinho a encarnar e personalidade do homenageado. Homem de temperamento apaixonado, tanto que as palavras que emprega expressam bem como o fogo que o devora não é simples avidez da inteligência, mais aspiração incansável a um elevado ideal de vida. É militar, logo disciplinado. O ambiente cristão em que foi educado, o exemplo e a influencia de seus pais, e provavelmente outras solicitações, incitam Jarbas Passarinho a descobrir, pela cultura já despertada a face do intelecto que ele entrevia. Cumpridor de uma trajetória por si planejada, estrategicamente, fez lhe sentir a necessidade de jamais se afastar de seu objetivo maior e sublime: a carreira militar até último posto do glorioso exército brasileiro de Caxias; mas, o destino prega a cada um de nós, a necessidade do desvio do curso anteriormente traçado, por que somos pessoas pensantes e determinadas. A vida, por intermédio daquele movimento revolucionário, o fez governador do Pará, face os predicados culturais e de sapiência que no homenageado já se encerrava àquela altura. Daí em diante passou a participar ativamente da vida política nacional, como formador de opinião, sendo deveras útil a pátria brasileira até os dias atuais. Poderia encerrar aqui e agora estas breves palavras ao homenageado. Mas, estamos, aqui, para conferir-lhe uma outorga, uma comenda: a comenda Serzedelo Corrêa, classe “A”, a mais alta do Tribunal de Contas do Estado do Pará, por certo mais uma dentre tantas outras recebidas. Mas esta, com certeza brilhará cintilante em seu peito forte como um cedro e cândido como uma orquídea, eis que provem desta Corte de Contas, aqui representada pelo Senhor Vice Presidente, Conselheiro Cipriano Sabino e por mim Corregedor, membros do corpo diretivo do Tribunal, portanto, legitimamente constituído, o que dá legitimidade ao Senhor a recebe-la. 3 Por ocasião da vinda de João Paulo II ao Brasil ao visitar a favela do Vidigal, em certa manhã de 1980, o papa nos fala uma linguagem simples e direta, por vezes enérgica, sempre serena, sincera e contundente, como um bom pastor. Trata-se de uma mensagem instigante. Sua Excelência em sua obra nos fala também com uma linguagem simples e direta por vezes enérgica, mas sempre serena, sincera e contundente, como um escritor de alto coturno. São mensagens instigantes. Sinto-me incapaz e humildemente incompetente para traçar um perfil de sua obra literária. Mas ouso a afirmar que me encanta, me deleita, me alegra com entusiasmo toda vez que leio alguma coisa escrita por vossa excelência. Do conceito de filosofia à teologia dogmática; da geografia a sociologia; da estratégia militar a usina nuclear; da física a matemática; da história ao direito, são temas os quais vossa excelência domina, e o faz como mestre, como tão poucos que conheço fazem. É ou não dom de Deus a vossa sabedoria? Vossa excelência discorre, sobre trabalho, não como ex-ministro do trabalho, mas com ser trabalhador, portanto vossa excelência penetra nas entranhas dos temas que escreve. É neste momento, que a verdadeira cultura se humaniza em vossa inteligência, que para o bem e, somente para o bem, sempre é usada. Senhor Senador, senhores aqui presentes, avulta a minha legítima ufania ao considerar que me dirijo a um homem de bem como vossa excelência, cujo pensamento e ação são voltados para a reflexão da realidade da modernização das instituições por que passa esta transformação do nosso país e do mundo. Alegro-me sobremodo poder estar aqui, presente para a entrega desta comenda, homenageando vossa excelência, homenagem esta que provem do coração de cada um de nós, tanto que ao ser proposta pelo Conselheiro Cipriano Sabino em plenário, foi, também, pela Conselheira Lourdes Lima, pelo Conselheiro Nelson Chaves, pelo Conselheiro Ivan Cunha que vos fala neste instante e pelo Conselheiro Substituto Auditor Edílson Silva aprovada a unanimidade. Sinta, Senador Passarinho, aqui e agora nesta singela homenagem a presença viva impregnada na medalha que Vossa Excelência acaba de receber, a figura de ícones como Fernando Guilhon, Anunciada 4 Chaves, Clara Pandolfo e Aldebaro Klautau, que, com Vossa Excelência ajudaram a formar uma sociedade mais justa e solidária, tendo como destinatário a dignidade da pessoa humana no elevado conceito filosófico cristão de que o homem é um ser sobre o qual em sua volta devem circundar todos os valores que solicitam o bem comum. São palavras testemunhais do Eminente Conselheiro Nelson Luiz Teixeira Chaves. Saiba Senador e fique certo, absolutamente certo, sem qualquer dúvida, que este momento para nós e para o nosso egrégio Tribunal de Contas do Estado do Pará é um momento histórico, de indelével marco na história do Tribunal e de nossas vidas, posto que o fazemos sob as benções de Deus, desejando a vossa excelência, saúde, e tão somente saúde, para que possa, ainda por muito tempo nos legar esta acervo cultural, de bondade, de apreço, de carinho, de amor pelo nosso povo, o povo do Pará, que lhe ama. Seja feliz senador! O senhor e todos os seus familiares. São os votos deste humilde escriba e de todos os pares que compõem o corpo vivo do Tribunal de Contas do Estado do Pará. E, para concluir da forma mais fraterna que se poderá alcançar, cito, em tom de oração o poema da paz, do amor e da fraternidade que se corporifica dessa maneira: “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, Onde houver discórdia, que eu leve a união, Onde houver dúvida, que eu leve a fé, Onde houver erro, que eu leve a verdade, Onde houver desespero, que eu leve a esperança, Onde houver tristeza, que eu leve a alegria, Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado, Compreender, que ser compreendido, amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, É perdoando que se é perdoado É morrendo que se vive para a vida eterna. AMÉM! SÃO FRANSCISCO DE ASSIS 5