Declaração do DCE sobre o adiamento das aulas por conta da gripe suína A cada dia que passa se torna mais evidente a incapacidade dos governos de controlar a disseminação da gripe suína, também conhecida como gripe A. O discurso oficial é de que o país está preparado, porém a realidade tem se mostrado diferente. Segundo dados do Ministério da Saúde, até o dia 12 de junho, haviam sido confirmados 54 casos de gripe suína. No dia 1º de agosto já eram 2959 casos, incluindo 96 mortes. Nesta data os casos de gripe suína já eram 67,5% de todos os casos de gripe. Vale ressaltar que os números reais devem ser muito superiores aos números oficiais, uma vez que boa parte dos casos não é notificada. É diante deste quadro que milhares de estudantes em todo o Brasil tiveram suas aulas adiadas, como forma de combater o contágio da doença. Mas será que isso é suficiente? Desmonte da saúde pública... O rápido aumento do número de casos desta doença deixa flagrante o verdadeiro caos que a saúde pública vive hoje. Os hospitais estão superlotados, as filas são intermináveis. Não é raro ouvir relatos de pessoas que passaram o dia inteiro na fila e não conseguiram atendimento. Mesmo quando se é atendido, isto ainda ocorre de forma precária. Na rede pública falta de tudo. Desde treinamento dos profissionais de saúde, até máscaras e remédios. O medicamento para a gripe só é distribuído para pacientes que fazem parte do grupo de risco ou que apresentaram sintomas graves nas primeiras 48 horas da doença. Ou seja, a maioria dos casos não é medicada, podendo depois se agravar e levar o paciente à morte, como já ocorreu. ... e também do HU O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho inicialmente era tido como referência para casos de gripe suína. Porém essa situação não poderia se sustentar por muito tempo, devido a grave crise que nosso HU vive. A falta de verbas é evidente. Como consequência disso hoje o hospital só atende casos graves de gripe suína. Essa situação chegou ao cúmulo, quando o HU se recusou a atender um ônibus da UFRJ que trazia alunos da universidade de volta do Encontro Nacional de Estudantes de Direito, em que tiveram vários casos confirmados de Influenza A, inclusive entre pessoas que estavam no ônibus. Isso só foi revertido após a intervenção do DCE junto à reitoria da universidade. É preciso medidas concretas para combater a gripe Infelizmente as medidas que os governos têm apresentado para combater a epidemia têm sido muito ineficientes. Ações como o adiamento das aulas de universidades e escolas são, na melhor das hipóteses, paliativas, e que de jeito nenhum atacam a raiz do problema. O investimento em saúde hoje, é muito abaixo do necessário. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o gasto mínimo aceitável para países com saúde universalizada é de 6% do PIB. O Brasil, somando os gastos dos governos federal, estaduais e municipais, investe apenas cerca de 3,34%. Sendo que os gastos do governo federal entre 1995 e 2008 se mantiveram praticamente constantes, flutuando entre 1,5% e 1,7% do PIB. No dia 20 de maio o governo federal editou uma Medida Provisória destinando R$129 milhões para o combate a gripe suína. Porém, cerca de 2 meses depois, menos de 7% desse valor havia sido utilizado. O Brasil precisa aumentar drasticamente o orçamento da saúde pública, além de garantir verbas emergenciais durante a epidemia de gripe. Além disso, o tratamento para a doença deve ser disponibilizado gratuitamente para todos os casos de gripe A, e não apenas os mais graves. O medicamento utilizado é o Tamiflu, que custa cerca de R$160 nas farmácias. Não é possível que a indústria farmacêutica siga lucrando com o sofrimento da população. É necessário quebrar a patente deste remédio para massificar a sua produção e distribuir a quem precisa.