Integração com qualidade no ensino de engenharia: da geometria analítica ao cálculo vetorial Tânia Cabral Roberto Baldino Engenharia de Sistemas Digitais, UERGS E-mail: [email protected], [email protected] Apresenta-se a estratégia didática desenvolvida em um projeto de pesquisa sobre metodologias e técnicas de ensino, visando a atender ao ensino de matemática de um curso de Engenharia de Sistemas Digitais com grande heterogeneidade das turmas decorrente da política de reserva de vagas adotada pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, que foi fundada em 2002. Nesse projeto buscamos conciliar três objetivos: antecipar conteúdos e cumprir os programas no menor tempo possível a fim de permitir mais tempo para as disciplinas profissionais; adotar linguagem tal que os resultados fundamentais adquiram caráter de obviedade para o aluno, dispensando demonstrações e enfatizando aplicações; evitar a exclusão social pela matemática. A pedagogia de apoio dessa didática baseia-se em trabalho em grupo segundo o lema “ensina-se ouvindo, aprende-se falando”. prisma. As arestas da face chanfrada ficam visivelmente tangentes às interseções da superfície com planos paralelos aos planos coordenados e os coeficientes angulares são definidos como as derivadas parciais. Uma homotetia imaginária para a qual os alunos não apresentam dificuldades, torna a base do prisma infinitesimal. Obtém-se imediatamente a regra da cadeia em forma diferencial df = adx + bdy = ∂f ∂f dx + dy ∂x ∂y e a expressão do elemento de área da superfície 2 2 ∂x ∂y dS = + + 1 dxdy ∂x ∂y é a mera tradução de relação de áreas obtida antes, de modo que, desde a primeira aula, os alunos estão calculando áreas de superfícies curvas. É essa conseqüente obviedade dos resultados que permite a Detalharemos aqui um aspecto da estratégia. Na integração com qualidade. primeira aula de geometria analítica colocamos sobre a mesa do professor a maquete de um tronco de prisma reto situado no primeiro octante, Referências representado por peças e placas de acrílico. [l] Cabral, T.C.B. Lógica da intervenção didática. Propomos problemas a partir de medidas na Organizado por Helena Noronha Cury. Formação de maquete e instrumentos como um nível de bolha professores de matemática: uma visão multifacetada. para a primeira determinação das retas de nível e um Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 89-128. copo com água para a primeira determinação do gradiente. As determinações definitivas devem ser [2] Cabral, T.C.B e Baldino, R.R. Formal inclusion and real diversity through mathematics in a new public expressas apenas em termos das coordenadas de três university, Proceedings of PME28, Noruega, julho dos vértices da face chanfrada medidas diretamente de 2003. (A aparecer). na maquete. Especial ênfase é posta nos coeficientes angulares a e b em relação ao plano xy das arestas [3] Stewart, J. Cálculo. volumes 1 e 2. São Paulo: da face chanfrada com os quais a variação da Pioneira, 2001. ordenada ∆z em função das variações ∆x e ∆y é reconhecida por inspeção visual da adição de segmentos na maquete. A equação reduzida do plano sob a forma ∆z = a∆x + b∆y é tornada pivô do desenvolvimento das aulas seguintes em que trabalhamos os conceitos de soma vetorial, gradiente, vetor normal, cosseno diretor, áreas de paralelogramos, determinantes e o teorema de Pitágoras para áreas em três dimensões. A partir daí os alunos são remetidos aos exercícios do livro texto Stewart (2001, v. cap. 12). A disciplina de cálculo vetorial se inicia com a mesma maquete a qual se adiciona uma superfície curva tangenciando o plano da face do tronco de