ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DE CIRCUITOS SNUBBER EM CONVERSORES CC-CC Marina Padilha1 Felipe Jung1 Prof. Me. Tiago Dequigiovani1 Resumo: A eletrônica de potência é a ciência dedicada ao estudo de conversores aplicados ao controle do fluxo de energia entre uma fonte e carga, ambas com característica de corrente contínua (CC) ou corrente alternada (CA). Este controle de energia é geralmente realizado utilizando técnicas de modulação por largura de pulso (PWM) através de semicondutores comutados em alta frequência. Contudo, ao se trabalhar em altas frequências, ocorrem níveis adicionais de tensão e corrente nos semicondutores e aumento das perdas nesses dispositivos durante as comutações. Esses esforços adicionais podem ser destrutivos ao semicondutor além de contribuir com a emissão de interferência eletromagnética (EMI). Com o objetivo de minimizar estes problemas, circuitos auxiliares têm sido adicionados à topologia original do circuito conversor, contribuindo no processo de comutação e redução de perdas. Neste projeto, trata-se sobre o estudo e implementação destes circuitos, aplicados em conversores CC-CC abaixadores de tensão, com especificação de fornecer 5 Ampères a uma carga com tensão de saída de 5 Volts e tensão de alimentação de 12 Volts. A aquisição de dados será de forma experimental, a partir de circuitos construídos com componentes de especificações técnicas compatíveis com os requisitos de frequência, tensão e corrente, com auxilio de osciloscópio e ferramentas computacionais para o tratamento dos dados obtidos. A etapa inicial do projeto é desenvolver um circuito de comando utilizando circuitos integrados. O primeiro circuito de comando utilizado apresentou falhas no acoplamento do conversor, habilitando o sistema de proteção. O segundo circuito testado apresentou melhorias no chaveamento em relação ao primeiro, pois ao se conectar o circuito de potência, ocorreu apenas uma redução na frequência de chaveamento e modificou ligeiramente a forma da onda do sinal PWM, não sendo alterações significativas. Adotado este método de comando, as formas de onda de diferentes dispositivos do conversor serão obtidas, a fim de se realizar os cálculos de perdas no circuito e essas informações serem posteriormente utilizadas para confrontar com dados do conversor operando com o circuito auxiliar ao chaveamento conhecido como snubber dissipativo. Este circuito tem a principal característica de absorver os picos de tensão na chave, protegendo-a de eventuais sobre tensões que podem danificá-la. Contudo, por ser dissipativo, ainda existem perdas consideráveis no conversor. Futuramente, deseja-se ampliar as técnicas utilizadas para auxiliar na comutação, utilizando o circuito Zero Voltage Switching (ZVS) com componentes passivos, dentro do conceito de comutação suave, onde a potência dissipada no semicondutor é idealmente nula e os componentes do circuito auxiliar não dissipam energia, contribuindo para o aumento global do rendimento do conversor. Palavras Chaves: Conversores CC-CC, Comutação Suave, Circuitos Snubber. 1Filiação Institucional: Instituto Federal Catarinense – Câmpus Luzerna III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 1. INTRODUÇÃO A eletrônica de potência é a ciência dedicada ao estudo de conversores aplicados ao controle do fluxo de energia entre uma fonte e carga, ambas com característica de corrente contínua (CC) ou corrente alternada (CA). Este controle de energia é geralmente realizado utilizando técnicas de modulação por largura de pulso (PWM) através de semicondutores comutados em alta frequência. Contudo, ao se trabalhar em altas frequências, surgem níveis adicionais de tensão e corrente nos semicondutores e aumento das perdas nesses dispositivos durante as comutações. Esses esforços adicionais podem ser destrutivos ao semicondutor além de contribuir com a emissão de interferência eletromagnética (EMI), causada devido às ressonâncias em alta frequência que surgem quando a corrente de recuperação reversa característica dos semicondutores interage com as indutâncias parasitas do circuito (Havanur, 2007). Com o objetivo de minimizar estes problemas, circuitos auxiliares têm sido adicionados à topologia original do circuito conversor, contribuindo no processo de comutação e redução de perdas. Este projeto trata sobre o estudo e implementação de circuitos auxiliares, aplicados em conversores CC-CC abaixadores de tensão (Buck). Nas próximas seções serão apresentados tópicos do funcionamento do conversor, da modulação utilizada e dos circuitos snubber. Posteriormente será exposto o desenvolvimento do projeto e os dados experimentais obtidos. 2. CONVERSOR BUCK O conversor Buck está dentro da categoria de conversores de potência CC-CC, também conhecido como chopper abaixador de tensão, onde a tensão média na saída é sempre menor ou igual à tensão da fonte de entrada. Seu funcionamento se baseia na comutação entre estado ligado e desligado de um transistor em uma determinada frequência de chaveamento. Desta forma, a tensão na saída assumirá um valor médio de acordo com a relação entre o tempo do transistor fechado/ligado e o período de chaveamento, conforme descrito pela equação (1) (Barbi, 2006): V o= tc ∙ E[V ] Ts (1) III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Onde Vo é a tensão média de saída, o período de chaveamento, e E tc é o tempo em que a chave conduz, Ts é é a tensão CC de entrada. Na equação (2) é definida a razão cíclica ( D ). D= tc Ts (2) Para a aplicação deste conversor, há duas observações que devem ser consideradas (Barbi, 2006): I. Uma fonte de tensão só pode ser conectada a uma carga com características de fonte de corrente, e vice-versa. II. A abertura de uma carga com característica de corrente não é permitida. Logo, se a carga possui comportamento de fonte de tensão, deverá ser associado um indutor em série, para que a carga apresente característica de fonte de corrente e também deve ser adicionado um diodo em antiparalelo com a fonte, para que, no momento em a chave abrir, a corrente armazenada no indutor constitua etapa de roda-livre. Essa característica é obtida com a aplicação de um filtro passa-baixa na saída, constituído de um indutor e um capacitor, fornecendo tensão contínua de baixa ondulação à carga, além de promover a atenuação de harmônicas de ordem elevada. O conversor completo está ilustrado na Figura 1. Figura 1: Topologia do conversor Buck com filtro de saída. A Figura 2 ilustra as etapas de operação do conversor Buck com filtro de saída com modo de condução descontínua. Caso o modo de operação seja contínuo (no qual a corrente no indutor não se anula até o próximo ciclo) são somente duas etapas, (a) e (b). a) Quando a chave está fechada, o diodo está bloqueado e a fonte fornece corrente à carga, ao capacitor e ao indutor. No capacitor existe apenas a componente alternada da corrente e a corrente média está na carga; III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 b) Quando a chave esta aberta, a corrente armazenada no indutor é fornecida para a carga e para o capacitor, utilizando o caminho alternativo pelo diodo; c) Quando o indutor descarrega totalmente antes do próximo fechamento da chave, a condução torna-se descontínua. Desta forma, têm-se a terceira etapa de operação, quando o capacitor passa fornecer corrente à carga. (a) (b) (c) Figura 2: Etapas de funcionamento do conversor Buck. Para o projeto dos componentes deste filtro, pode-se estabelecer a variação máxima de tensão e corrente desejados na saída. A indutância ( L ) e a capacitância ( C ) podem ser obtidas a partir das equações (3) e (4), respectivamente (Barbi, 2006). L= C= E [H ] 4 ∙ f s∙ Δ I o (3) E [F ] 31 ∙ L ∙ f 2s ∙ ΔV o Onde E (4) é a tensão de entrada, variação máxima de corrente e ΔV o fs é a frequência de chaveamento, Δ Io éa é a variação máxima de tensão. Um aspecto importante a ser considerado no dimensionamento do filtro é a sua frequência de corte, que deve ser aproximadamente dez vezes menor do que a frequência de chaveamento, de modo a atenuar com eficiência as componentes harmônicas em III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 fs e seus múltiplos da tensão de saída. A frequência de corte do filtro ( fo ) é definida pela equação (5). f o= 1 2 π √ ( LC ) [Hz ] (5) 2.1.Circuito de Comando com Modulação por Largura de Pulso (PWM) Entender a modulação por largura é um tópico essencial para o estudo de conversores CC-CC, pois é a técnica mais difundida para comando do interruptor. O principio básico desta técnica é variar a largura de pulso de um determinado sinal, cuja frequência é mantida fixa. Essa largura pode ser 0 a 100%, com amplitude fixa. Desta forma, no caso do conversor Buck, pode ser variada a largura em que o sinal de comando é mantido em nível alto, de modo a obter a tensão média desejada na saída. Para fazer este controle, é necessário comparar um valor analógico com uma onda triangular. Quando o sinal de referência for maior que a onda triangular o comando aciona a chave e quando o sinal for menor a chave é bloqueada. O princípio desta modulação pode ser visualizado na Figura 3, onde ta é o tempo de chave aberta. Figura 3: Geração do sinal PWM Para este projeto, o sinal de PWM é gerado através do circuito integrado TL494, projetado especialmente para aplicações em circuitos de fontes chaveadas. Seu diagrama de blocos é ilustrado na Figura 4. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Figura 4: Diagrama de blocos do CI Tl494 Fonte: ON Semicondutor. A frequência de chaveamento ( f osc ) é definida pelo capacitor CT e resistor RT que darão os parâmetros para o oscilador, cuja frequência é dada pela equação (6). A forma de onda obtida no capacitor é a chamada “dente de serra”, devido a sua característica triangular. Esta onda alimenta dois amplificadores operacionais: um para o controle do tempo morto, que não é utilizado nesta aplicação, e a outra para a comparação com a entrada do comparador. f osc= 1,1 [Hz] RT CT (6) Uma característica deste CI é a possibilidade da aplicação em conversores push-pull, cujo funcionamento necessita de duas chaves comutadas alternadamente, com razão cíclica limitada em 50% para cada saída do CI. Esta operação é realizada com auxilio do flip-flop, que possui duas saídas inversas, ou seja, enquanto uma está em nível alto, outra esta em nível baixo. Desta forma, cada saída somente será acionada quando a respectiva saída Q do flipflop estiver em nível baixo. Contudo, as saídas podem ser interligadas de forma a acionar apenas uma chave, sendo possível a razão cíclica ser de 100%. Esta configuração, utilizada na implementação deste conversor, pode ser visualizada na Figura 5. Figura 5: Configuração para o comando de uma única chave III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Fonte: ON Semicondutor. 2.2.Transistor MOSFET O MOSFET é um transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor, caracterizado por uma alta impedância de entrada, apropriado para aplicações em baixa e média potência e operação em alta frequência. O transistor é composto por três terminais: gate, source e drain, ou porta, fonte e dreno, respectivamente, podendo ser do tipo N ou tipo P. Um transistor MOSFET de canal N está ilustrado na Figura 6(a). Com a carga conectada no terminal de dreno, o controle da chave é feito aplicando uma tensão no terminal de gate. Desta forma, existirá uma diferença de potencial entre o terminal de gate e source e fechará a chave. Esteja a chave ligada ou desligada, a resistência de entrada é extremamente alta em ambos os casos, proporcionando um corrente idealmente nula no terminal de gate. Desta forma, os circuitos de comando se tornam mais simples e eficientes quando comparados com os circuitos de comando de transistores BJT. (a) (b) Figura 6: (a) MOSFET de canal N com diodo intrínseco; (b) MOSFET com reatâncias parasitas. Fonte: Maxim Integrated Products, 2002. 2.2.1. Perdas no Transistor III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 A chave ideal não dissipa potência, pois tem resistência nula quando fechada e quando aberta não passará corrente, além disso, a comutação entre estado ligado e estado desligado é instantânea. Contudo, segundo Ahmed (2000), as perdas no MOSFET real podem ser de três fontes diferentes: perdas na condução, perdas com a chave aberta e perdas na comutação. Quando a chave está conduzindo, existe a perda relativa à resistência interna entre os terminais de dreno e source, resistência RDS ( on ) . A potência em condução ( PON ), dissipada nessa resistência é determinada pela expressão (7): P❑ON =I D 2 R DS( on ) Onde ID t ❑c Ts é a corrente de dreno e (7) RDS ( on) é a resistência interna do transistor quando fechado. As perdas no período em que a chave permanece aberta ( POFF ) são dadas por POFF=V DS ( max ) I DSS Onde V DS ( max ) ta Ts (8) é tensão de pico entre os terminais de dreno e source, I DSS é a corrente de saturação do transistor. As perdas na comutação podem ser obtidas a partir da análise da energia envolvida nas etapas de condução e bloqueio do interruptor (Ahmed, 2000). No momento em que a chave passa do estado de bloqueio/desligado para condução, e vice-versa, devido às não idealidades do transistor, existe um tempo necessário para a entrada em condução (t r) e um tempo para o bloqueio (tf). Portanto, durante estes intervalos, existem tensão e corrente no transistor, resultando na dissipação de potência, conforme ilustra a Figura 7. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Figura 7: Perdas na comutação No fechamento da chave, a energia dissipada ( W ON = Onde tr (9) é o tempo de subida da corrente de dreno. W OFF = tf ) é: V DS ( max ) I D t r [J ] 6 No fechamento, a energia dissipada ( Onde W ON W OFF ) é: V DS ( max) I D t f [J ] 6 (10) é o tempo de descida da corrente de dreno. Logo, a perda por chaveamento ( PS ) é: PS =( W OFF +W ON ) f s [W ] E a perda total ( PT (11) ): PT =P S +POFF +P❑ON [W ] (12) 2.3.Circuitos Snubber Um circuito snubber é adicionado à topologia de um conversor com o objetivo de auxiliar nas comutações do transistor, podendo amortecer oscilações, reduzir picos de tensão/corrente, suavizar taxas de variação da tensão/corrente. Em consequência, pode-se obter a diminuição de ruídos eletromagnéticos, redução das perdas no transistor, aumento da frequência de chaveamento e diminuição do volume dos filtros. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Existem inúmeras topologias de circuitos snubber, que podem ser classificados como passivos ou ativos, regenerativos ou não-regenerativos. Compreende-se snubber ativo aquele que utiliza semicondutores controlados no seu circuito. Com os circuitos regenerativos podese obter aumento significativo no rendimento do conversor, uma vez que a energia do processo de comutação é armazenada e posteriormente devolvida para a entrada ou carga, contudo há um aumento da complexidade e custo do conversor. Neste trabalho são abordados circuitos auxiliares passivos e não-regenerativos, sendo topologias de alta confiabilidade e de baixo custo. São analisados dois circuitos de modo a verificar sua contribuição para a melhoria no processo de comutação do transistor. A topologia ilustrada na Figura 8(a) é um RC simples, cuja função é o amortecimento de oscilações. Neste circuito, a resistência do snubber deve ser próxima à impedância parasita que causa a ressonância que se deseja amortecer e o capacitor deve ter valor maior que a capacitância do circuito ressonante, mas a mínima possível para não dissipar potência desnecessária no resistor (Tood, 1993). Para a determinação mais otimizada dos parâmetros do resistor e do capacitor, a ressonância pode ser analisada experimentalmente. A capacitância predominante é a presente na saída do MOSFET, determinada COSS . Ela pode ser obtida mediante curvas características do dispositivo no seu datasheet. Uma vez que a frequência de ressonância é dada pela equação (13), a indutância pode ser determinada (Havanur,2007). T RES =2 π √ LRES COSS [s ] (13) 2 LRES = Onde T RES T RES 2 4 π COSS [H] (14) é o período da ressonância e ressonância. A resistência do snubber ( causa a ressonância ( Z RES RSNU =Z RES = √ RSNU LRES é a indutância característica desta ), que deve ser próxima à impedância que ), é dada por: LRES [Ω] COS (15) III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 O capacitor ( ( τ SNU C SNU ) é determinado a partir da constante de tempo do circuito snubber ), dada pela expressão (16), sendo esta constante três vezes o período da ressonância. τ SNU =RSNU C SNU [s ] τ SNU =3 T RES C SNU = (16) [s] (17) 3T RES [ F] R SNU (18) A potência dissipada no circuito snubber ( PSNU ) pode ser obtida por: 1 PSNU = C SNU V 2 f s [W ] 2 (19) A Figura 8(b) e Figura 8(c) ilustram topologias de snubber polarizados. O circuito ilustrado em (b) é utilizado tanto para grampeamento quanto para manutenção da taxa de crescimento de tensão ou corrente, enquanto o ilustrado em (c) é utilizado apenas para o grampeamento. D R D R C C R C (a) (b) (c) Figura 8: Circuitos Snubber para (a) Amortecimento de oscilações, (b) controle de derivadas, (c) grampeamento de tensão. No projeto para o controle de derivadas, a constante de tempo do circuito de snubber deve ser menor que o período de chaveamento, garantindo que o capacitor carregue e descarregue a cada ciclo do chaveamento. Sendo a corrente no capacitor definida pela expressão (20), para o projeto, pode ser adotada a taxa de variação da tensão desejada, que pode se basear em parâmetros do transistor, como tf, que é o tempo de subida da tensão na abertura da chave. I D =C ∆ V DS [A] ∆t C SNU =I C ∆t [F ] ∆ V DS (20) (21) III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Onde ID é corrente no transistor antes da abertura da chave, pico na chave e ∆ t ∆ V DS é a tensão de é o tempo em que o pico de tensão é atingido. O resistor é determinado para que o capacitor descarregue a cada ciclo. Desta forma, a constante de tempo do circuito deve ser um décimo menor que o período em que a chave está conduzindo (Todd, 1993). tC [s] 10 (22) tC [Ω] 10 C SNU (23) τ SNU = RSNU = A potência dissipada no circuito de snubber também é calculada pela equação (19). 3. PROJETO DO CONVERSOR As especificações do conversor Buck estão listadas na Tabela 1. Utilizando o equacionamento descrito anteriormente, os componentes foram calculados para atender estes requisitos e estão descritos na Tabela 2. Tensão de alimentação (E) Frequência de chaveamento (fs) Tensão de saída (Vo) Corrente de saída (Io) Potencia de saída (Po) Ondulação de tensão (ΔIo) Ondulação de corrente (ΔVo) 12V 70kHz 5V 5A 25W 50mV 500mA Tabela 1: Especificações do conversor Buck Componente Capacitor Indutor EE 30/15/7 – 26 espiras Carga Diodo MUR460 Mosfet IRF540N Unidade 22µF Tensão 5V 5A 86µH 1Ω X X Corrente 5V 600V 100V 5A 4A 33A Tabela 2: Parâmetros dos componentes do conversor Buck Alguns dos componentes utilizados possuem características superiores àquelas que seriam necessárias para o funcionamento do conversor. Entretanto, os componentes disponíveis para a realização do projeto eram limitados, sendo escolhidos os de características mais próximas do desejado. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 4. RESULTADOS EXPERIMETAIS 4.1.Conversor sem auxílio à comutação Inicialmente o conversor Buck foi implementado com nenhum circuito auxiliar, de modo a verificar as condições de comutação, especificamente a tensão sobre o transistor (VDS). (a) (b) Figura 9: (a)Tensão VDS; (b) Ressonância da tensão VDS. A tensão VDS apresenta grande ressonância quando não possui circuitos auxiliares, pois a corrente que passa pela chave não cessa instantaneamente com a abertura da chave. Assim, esta corrente circula por indutâncias e capacitâncias parasitas até o momento em a chave será fechada novamente ou até que seja dissipada em alguma resistência interna. 4.2.Snubber para amortecimento de oscilações Adicionando o circuito da Figura 8(a) paralelo à chave, conforme ilustra a Figura 10, obtiveram-se as formas de onda mostradas na Figura 11. A partir da Figura 9(b) e do datasheet do transistor utilizado, podem ser obtidos os dados apresentados na Tabela 3. Destes dados, os componentes C SNU e RSNU puderam ser calculados a partir das equações (13) a (18). III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Figura 10: Conversor Buck com snubber dissipativo Parâmetros para cálculo f RES 7,86MHz Parâmetros calculados LRES 1,64µH T RES 127,2ns RSNU 80Ω COSS 250pF C SNU 4,7nF Tabela 3: Parâmetros para cálculo do snubber RC (a) (b) Figura 11: (a) Tensão VDS, (b) Ressonância com circuito snubber Observa-se que utilizando apenas um circuito RC simples, a ressonância presente na chave foi minimizada, completando apenas dois períodos de oscilações. 4.3.Snubber para controle de derivadas Adicionado o circuito da Figura 8(b) ao conversor, obteve-se a topologia ilustrada na Figura 12. O pico de tensão no transistor antes da implementação do snubber é mostrado na Figura 13, onde o tempo de subida é aproximadamente 88ηs. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 Figura 12: Conversor Buck com snubber para controle de derivadas Figura 13: Taxa de variação da tensão em relação ao tempo Para o projeto deste snubber, foram definidas condições de operação e utilizando as equações (21) e (23), foram calculados os valores dos elementos do snubber, descritos na Tabela 4. Condições de projeto Tensão máxima 12V Corrente na chave 2,5A Tempo de subida desejado tempo de condução da chave 100ns 7us Parâmetros calculados C SNU 20nF RSNU 33Ω Tabela 4: Parâmetros para cálculo do snubber para controle de derivadas III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 (a) (b) Figura 14: (a) Tensão na chave com snubber para controle de derivadas; (b)Detalhe do pico de tensão. Apesar de não mudar significativamente a inclinação da tensão, a redução da ressonância e do pico de tensão é visível, sendo possível utilizar esta topologia para o grampeamento de tensão. 5. CONCLUSÃO Circuitos snubber dissipativos possuem topologia relativamente simples, tendo como vantagem o custo e o volume baixos, sendo facilmente aplicados sem grande complexidade de projeto em conversores de potência. Apesar da simplicidade, proporcionam ao conversor melhoria em relação aos picos de tensão e ressonâncias, causadas devido às não idealidades do circuito e do transistor. A principal dificuldade encontrada neste projeto foi a implementação do sinal de PWM eficaz para o comando do transistor, sendo testados dois métodos até se chegar ao mais adequado na terceira tentativa. A carga é também um fator que impede o conversor de trabalhar na condição nominal, pois para atender as especificações é necessária uma carga de característica muito específica, de 1 Ω com potência de 25W. No decorrer dos experimentos, a potência máxima consumida na carga foi de aproximadamente 20W. Na sequência deste projeto, será implementada a topologia de snubber para grampeamento de tensões, completando a análise destes circuitos snubber dissipativos. Futuramente, deseja-se ampliar as técnicas utilizadas para auxiliar na comutação, utilizando o circuito Zero Voltage Switching (ZVS) com componentes passivos, dentro do conceito de comutação suave, onde a potência dissipada no semicondutor é idealmente nula e os III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014 componentes do circuito auxiliar não dissipam energia, contribuindo para o aumento global do rendimento do conversor. REFERÊNCIAS [1 Sanjay Havanur,“Snubber Design For Noise Reduction In Switching Circuits”, Alpha e ] [2 Omega Semicondutor, Maio, 2007. ON Semiconductor, “Switcher Efficiency & Snubber Design”. Disponível em: ] [3 <http://www.onsemi.com/pub_link/Collateral/TND396-D.PDF>. Acesso em 27/08/2014. Philip C. Todd, “Snubber Circuits: Theory , Design and Application”, Maio, 1993. ] [4 Yales Rômulo De Novaes, “Projeto de Conversores Estáticos”. Disponível em: ] <http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/yales/materiais/snubbers_yales_v6.pdf>. [5 Acesso em 26 ago. 2014. ON Semiconductor , “SWITCHMODE ] TL494”. Disponível em: <http://www.onsemi.com/pub_link/Collateral/TL494-D.PDF>. [6 Acesso em 30 jul. 2014. Asfaq Ahmed, “Eletrônica de Potência ”, São Paulo: Prentice Hall, 2000. ] [7 Maxim Integrated Products, “Input and Output Noise in Buck Converters Explained”. ] Disponível em: Pulse Width Modulation Control Circuit: <http://www.maximintegrated.com/en/app-notes/index.mvp/id/986>. Acesso em 30 ago. 2014. III SECITEC: Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável – 2, 3 e 4 de setembro de 2014