I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 FIXANDO O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DE METODOS ALTERNATIVOS DE ENSINO Alisson dos Santos Pereira 1 1 Universidade Federal do Rio Grande - FURG /Instituto de Matemática estatística e Física/PIBID Física, [email protected] 1 CONTEXTO DO RELATO Hoje em dia a vida sem energia elétrica se tornaria algo inviável, até porque ela esta presente na maioria das nossas atividades. Esta afirmação também é válida para os alunos. Eles utilizam a eletricidade quando manuseiam o computador (para jogar, entrar na internet ou mesmo para digitar trabalhos escolares), quando tomam banho, quando ligam a luz ao anoitecer, etc. Mas será que eles sabem como é que a eletricidade estudada nas escolas se aplica ao mundo em que eles vivem? Aprender o conteúdo programático não é só a aplicação de números em fórmulas e, no final do cálculo, achar um valor numérico. Quando é ensinado determinado conteúdo de física ao aluno, este deve ter uma “visão” mais ampla sobre o assunto tratado em sala de aula e sobre o mundo onde ele vive. É muito comum ouvir de alunos que a tensão em sua casa é de 110 Ampères, ou que a potência de determinado aparelho é 1000 Volts. Eles têm muita dificuldade de diferenciar as grandezas físicas, fazendo, assim, confusão entre as unidades (Ampère, Volts, Watts, etc.). Esta dificuldade é normal em toda a física vista no ensino médio, mas é muito acentuada no 3° ano, onde o conteúdo programático é a eletricidade. 2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES O objetivo desse trabalho é reforçar o conteúdo de eletricidade apresentado no 3° ano do ensino médio. Para isso, a atividade será dividida em duas partes: 1° - Levantamento das chapinhas de aparelhos elétricos: cujo objetivo é conhecer e diferenciar as grandezas físicas, símbolos, unidades, etc. Para isso, será necessário um trabalho em conjunto entre os alunos e o professor. Assim, o professor sugere aos alunos que se façam um levantamento dos dados que constam nas chapinhas dos aparelhos elétricos resistivos de suas casas (dados fornecidos pelos fabricantes). A sistematização desses dados possibilitará uma visão das grandezas físicas relevantes no estudo dos aparelhos resistivos. Depois que todos os alunos tenham tais dados, em sala de aula, o professor deve construir uma tabela com o conjunto dos levantamentos feito por eles. A tabela abaixo é um exemplo: Tabela A Lâmpada 1..................................................................................................40W – 120V Lâmpada 2........................................................................................60W – (115-120)V Liquidificador........................................................................110/127V 350W 50/60Hz URI, 02-04 de setembro de 2010. I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 Chuveiro........................................................................Volts = 220 Watts = 2800/4400 Fusível de Rosca 1..................................................................................................10A Fusível de Rosca 2..................................................................................................20A Fusível de Rosca 3..................................................................................................30A Depilador........................................................................................120/220V 60Hz CA Após a construção da Tabela A, devemos organizar os dados que estão desorganizados. Para isso devemos construir uma nova tabela que apresente os dados separados por tipo. Como na tabela abaixo: Tabela B Aparelho Lâmpada 2 Tensão (115 – 120)V Liquidificador 110/127V Chuveiro Volts 220 Fusível 1 Depilador Potência 40W Freqüência Corrente 350W Watts 2800/4400 50/60Hz 10A 120/220V Outros 60Hz A construção da Tabela B deve ser feita em sala de aula, de forma que o maior número de alunos possa interagir para isso ela deve ser bem explicada e didática. O objetivo da construção da Tabela B é mostrar a diferença entre cada uma das grandezas físicas que eles coletaram nos aparelhos em suas casas. Ao surgir questionamentos do tipo: o que é AC (corrente alternada)? DC (corrente contínua)? O símbolo Ω (ohm – unidade de resistência elétrica)? etc., as respostas não podem se perder em explicações, uma vez que questões como essas serão respondidas à medida que a matéria vai avançando. 2° - Fusíveis, lâmpadas e chuveiros: cujo objetivo é relacionar o valor de resistência destes materiais com o comprimento e a espessura desta resistência. Começando pelos fusíveis, o professor irá distribuir alguns para os alunos, identificando quais são seus elementos essências, tais como: pontos de contato elétrico, filamento e outros materiais que o constituem. Depois, pedirá aos alunos que comparem a espessura do filamento dos fusíveis de 10A, 20A e 30A. Assim, em conjunto, estabelecerão uma relação quantitativa entre a espessura dos filamentos e a amperagem do fusível, sabendo que os filamentos são do mesmo material e tem o mesmo comprimento. Assim: quanto maior a espessura do filamento, maior é a corrente elétrica. O próximo passo serão as lâmpadas. O professor distribuirá algumas lâmpadas para os alunos, identificando nestas lâmpadas quais seus elementos essências, tais como: filamentos, pontos de contato elétrico e outros materiais que a constituem. URI, 02-04 de setembro de 2010. I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 Depois, o professor solicitará aos alunos que comparem a espessura do filamento de lâmpadas de um mesmo fabricante de diferentes potências (25W, 40W, 60W, 100W) e de mesma tensão (110V). Assim ele (juntamente com os alunos) deve estabelecer uma relação quantitativa entre a espessura dos filamentos das lâmpadas e a potência nominal, sabendo que os filamentos são do mesmo material e tem o mesmo comprimento. Assim: quanto maior a espessura do filamento, maior a potência dissipada pela lâmpada. Perguntas estimulantes devem ser realizadas, tais como: “o que vocês esperam que aconteça se ligarmos uma lâmpada de 110V na tensão de 220V? E uma lâmpada de 220V na tensão de 110V?”. Logo depois, deverá testar e explicar fisicamente para que os alunos entendam. Agora, a experiência deverá ter foco em duas lâmpadas de mesma potência, mas tensões diferentes. O professor deverá pedir para os alunos observarem os filamentos de duas lâmpadas de 100W (por exemplo), mas uma delas com tensão nominal de 110V e a outra de 220V. Assim, todos em sala de aula devem estabelecer uma relação quantitativa entre a espessura dos filamentos das lâmpadas e a tensão estabelecida nos terminais da lâmpada, para um mesmo valor da potência a der dissipada. Assim, para filamentos de mesmo comprimento, mesmo material e potências fixas, quanto maior a tensão, menor a espessura no filamento. Por último: chuveiro. O professor deve chamar a atenção dos alunos e abrir um chuveiro elétrico, identificando neste os mecanismos internos. Também deve estabelecer a relação entre o circuito elétrico e circuito hidráulico, lembrando que quando o diafragma é pressionado pela água, fecha o circuito elétrico. Localizando a resistência no chuveiro, o professor deve mostrar que ela tem três pontos de contato, onde um deles sempre estará ligado, mostrando que o chuveiro tem duas posições que são: verão e inverno. Deve se estabelecer uma relação entre o tamanho da resistência e as duas posições do chuveiro. O educador deve escutar as opiniões dos alunos, e depois explicar que quando colocamos a chave na posição “verão” (água pouco aquecida) o trecho utilizado no circuito é maior do que quando a chave está na posição “inverno”. Assim, ele (juntamente com os alunos) deve estabelecer uma relação quantitativa entre o comprimento do resistor e a potência dissipada. Logo para uma mesma tensão e espessura do filamento, quanto maior for o comprimento do resistor, menor será a potência dissipada. Assim, ao final dessas atividades, deve ser construída uma tabela que sintetize essas relações. Tais como: Aparelhos resistivos Material do resistor Comprimento Espessura Grandezas Fusível Liga contendo estanho Fixo Variável A corrente elétrica varia de acordo com a espessura URI, 02-04 de setembro de 2010. Lâmpada Tungstênio Fixo Fixo Para tensão constante, a potência varia de acordo com a espessura Chuveiro Liga de níquelcromo Variável Fixo Para tensão constante, a potência varia inversamente ao comprimento I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO Apesar do experimento citado neste relato ainda não ter sido testado, a atividade complementar descrita acima tem a função de fixar a matéria dada em sala de aula de uma forma mais descontraída, mas para isso toda a visão teórica que relaciona corrente elétrica, as leis de ohm, potência dissipada, etc. já devem ter sido vistas em sala de aula. A atividade deve ser bem pensada e elaborada para não perder a atenção do aluno, já que será realizada em grupo, o aluno terá grandes chances de perder o foco, devido à “n” fatores, tais como: conversas, brincadeiras, etc. A falta de interesse de um único aluno pode causar uma reação em cadeia em toda a turma. Esta atividade está de acordo com a proposta de uma física com menos cálculo e mais focada em conceitos, de forma que ela possa ser entendida mais claramente, fazendo parte do nosso cotidiano em diversas áreas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Penso que, na física, TODA a parte teórica deve ser acompanhada por uma atividade experimental em grupos visando à fixação e o entendimento do assunto discutido, mas visto que normalmente a grande dificuldade dos alunos no ensino médio está na parte de eletricidade, pelo fato desta ser muito “abstrata” (é pouco “palpável”, já que o discente não vê a corrente elétrica, a diferença de potencial, o campo elétrico etc., mas através de experiências, podemos provar sua existência), seria de grande importância a realização de mais experimentos no 3° ano do ensino médio para que todos os alunos consigam entender vários conceitos elétricos, sabendo assim diferenciá-los. Também acredito que a inclusão de atividades em que todos “botem a mão na massa” em sala de aula serão mais prazerosas tanto para o aluno como para o professor, pois com isso o aluno vai entender a matéria, o que vai dar muita satisfação para ambos. A fuga do ambiente clássico da sala de aula quebra a rotina, o que impede que a aula seja maçante e cansativa para docente/discente. Para finalizar, é importante dizer que a oportunidade oferecida pelo PIBID é de extrema importância para todos os bolsistas, já que este inclui o futuro professor na sala de aula, mostrando-o todas as dificuldades que existem nas escolas, mas também dando muito prazer para todos os “PIBIDISTAS”, já que, muito provavelmente, este deve ser o primeiro contato com as escolas como docente. 5 REFERÊNCIAS Física 3: Eletromagnetismo/GREF.2ª edição.- São Paulo: Editora Universidade de São Paulo,1995 URI, 02-04 de setembro de 2010.