Interpretação da figura 46 a) ICM - Se trabalharmos com valores de IC abaixo de ICM, estaremos fazendo com que o transistor trabalhe com segurança, não impondo nenhum risco ao seu funcionamento, para tanto, basta traçarmos por ICM (valor fornecido pelo fabricante) uma paralela ao eixo VCE onde todo valor de IC abaixo dela não conduz o transistor a risco algum). b) BVCEO - Pelo valor de VCE = BVCEO, traçamos uma perpendicular ao eixo VCE, onde qualquer valor de VCE inferior a BVCEO, não impõe risco algum ao transistor. Em geral, se escolhermos para VCC um valor inferior a BVCEO, já estaremos eliminando a hipótese desse valor ser ultrapassado. c) Hipérbole de dissipação máxima: Esta curva pode ser traçada ponto a ponto, pela expressão PCmáx = VCE x IC, onde PCmáx é fixo e conhecido, e variando os valores de VCE e IC de modo a manter o produto de ambos, constante e igual a PCmáx, obteremos uma série de pontos que determinarão quando unidos, seu traçado. Qualquer ponto abaixo desta curva estará num valor inferior a Pcmáx, portanto, não imporemos também esse risco ao transistor. 41 d) Região de alta deformação Deveremos sempre que possível, trabalharmos com valores de IC não muito próximos a zero, para fugirmos a influência da corrente de fuga dos transistores, pois qualquer ponto nessa área, poderá vir a ocasionar uma distorção no sinal aplicado. e) Região de saturação Esta região não apresenta pontos coordenados de VCE e IC, sendo também evitada, e em época oportuna compreenderemos facilmente o porquê disto, quando estudarmos o transistor no corte e na saturação. f) Área Útil Dentro desta região, qualquer ponto escolhido estará fora das limitações, de modo que caberá ao projetista a escolha e aproveitamento do ponto de operação dentro da mesma. Para maior clareza, representamos apenas esta área na figura 47. Passemos a um exemplo prático, para melhores esclarecimentos. Exemplo: Dados - Característica de saída da configuração Emissor-Comum. - ICmáx = 80mA - Pcmáx = 400mW - BVCEO = 30Volts Traçar sobre a característica de saída as limitações fornecidas. Obs.: 42 Uma vez que delimitaremos uma área onde o transistor pode operar livremente, o ponto de trabalho (ponto Q) deverá estar contido no interior dessa área, e como ele pertence a reta de carga esta também aí estará. - Pelo eixo IC passando por ICmáx, traçamos uma paralela a VCE. - Pelo eixo VCE passando por BVCEO, traçamos uma paralela a IC. - Devemos evitar sempre (no caso do transistor operando como amplificador) a região de saturação. - Devemos evitar também a região de alta deformação. - Quanto a hipérbole de dissipação máxima, esta será traçada ponto a ponto. PCmáx = VCE x IC (mw) (Volts) (mA) 400 400 400 400 400 20 16 10 8 5 20 25 40 50 80 P1 P2 P3 P4 P5 43 Com uma série de pontos (P1, P2,........) basta uni-los e teremos determinada a hipérbole. A Influência da Temperatura nos Transistores Já por diversas vezes, fizemos menção da influência da temperatura nos elementos semicondutores, porém reforçaremos agora os conceitos já apresentados de uma maneira geral. Os transistores para operarem com média e alta potência têm normalmente uma temperatura máxima admissível na junção. Como já nos referimos anteriormente, trabalhando o transistor em regime contínuo na máxima temperatura admissível, ficará sua vida útil reduzida. Para transistores de silício e germânio, existem faixas de temperatura a serem respeitadas. O Ge, por exemplo, possui sua faixa de temperatura máxima em torno dos 80 a 100oC, enquanto que para o Si esta faixa de temperatura vai de 150 a 200oC. Outra característica já mencionada é sobre a correntede fuga ICBO ou simplesmente ICO. Reunindo estas e outras características já apresentadas, o aluno deve ter notado a necessidade da estabilização da temperatura, pois dela depende o bom funcionamento do transistor. Para contornar o problema temperatura, passaremos sempre que necessário, a prover o transistor de um dissipador de calor. Dissipadores de Calor O dissipador é um elemento que permite elevar consideravelmente a capacidade de dissipação dos semicondutores. Abordaremos a seguir de maneira completa, o cálculo de um dissipador, possibilitando ao aluno a escolha correta do mesmo que já se encontra a venda no mercado, porém, qual deveremos escolher, dependerá de uma série de fatores que trataremos da forma mais simples possível. a) Cálculo da Potência Dissipada em um Transistor PC = VCE x IC, expressão esta já por nós utilizada anteriormente em exercício. Obs . : O aluno já deve ter notado que no transistor temos duas junções: a junção baseemissor e a junção coletor-base. Na junção base-emissor a corrente e tensão são muito pequenas comparadas à junção coletor-base, e analogamente a potência dissipada também será, de modo que a quase totalidade é dissipada na junção coletor-base. Resistência Térmica (Rth) A facilidade apresentada por um corpo de transmitir calor, chama-se condutância térmica, e seu inverso será a resistência térmica denotada por Rth. Analisemos então o transistor e a forma com que o calor é irradiado ao meio ambiente e a relação deste com Rth. 44 Rthj-c = Resistência térmica junção-caixa Rthc-r = Resistência térmica caixa-radiador Rthj-a = Resistência térmica junção-ar Na figura 49, apresentamos em corte um transistor com um dissipador. Sua resistência térmica total será dada pela seguinte expressão. Rth = Rthj-c + Rthc-a + Rthr-a Outra expressão que também utilizaremos será: Tjmáx = Tamb + Rth x Pcmáx Onde Tamb = Temperatura ambiente. Tjmáx = Temperatura máxima da junção. Consideremos o seguinte exemplo: Rthi-a = 0,25oC/mW = 250oC/W ! Rthj-c = 0,15oC/mW = 150oC/W !Transistor BC556 PCmáx = 0,5 W (junção = 25o) ! Tjmáx = 150oC Conhecemos as seguintes expressões: Tjmáx = Tamb + Rth x PCmáx 45 Rth = Rthj-c + Rthc-r + Rthr-a a) Calcular o valor de PCmáx para a temperatura ambiente 25oC sem radiador. Tjmáx = Tamb + Rth x Pcmáx 150 = 25 + 250 x PCmáx Sem radiador, foi utilizada direta a Rthj-a 150 - 25 = Pcmáx = 125 = 0,5W (dado fornecido acima) 250 250 b) Calcular o valor de PCmáx para a temperatura ambiente 50oC sem radiador. Tjmáx = Tamb + Rth x PCmáx 150 = 50 + 250 x PCmáx 150 - 50 = Pcmáx = 100 = 0,4W 250 250 c) Para a temperatura ambiente de 50oC utilizando radiador, calcular Rthr-a para obtermos um PCmáx = 0,45W. Tjmáx = Tamb + Rth x PCmáx 150 = 50 + Rth x 0,45 150 - 50 = Rth = 100 = 222 oC/W 0,45 0,45 A resistência térmica caixa-radiador, assume pequenos valores, ainda mais se acoplarmos o dissipador ao transistor utilizando graxa de silicone, um ótimo condutor de calor. Adotaremos aqui Rthc-r igual a 4 oC/W, desta forma teremos: Rth = Rthj-c + Rthc-r + Rthr-a 222 = 150 + 4 + Rthr-a Rthr-a = 68oC/W. 46 Diagrama de Dissipação Pode-se calcular também a potência média dissipada na junção, através do diagrama da figura 50. No caso da figura 50 supomos que para temperaturas maiores que 50oC, a capacidade de dissipação diminui linearmente com o aumento da temperatura. A montagem sem dissipador só é viável quando a potência dissipada no semicondutor for pequena, pois como vimos a resistência térmica junção-ar (Rthj-a) é relativamente grande. Outro detalhe que também podemos notar no exemplo da figura 49 é o fato da resistência térmica total Rth ser constituída de três parcelas: a resistência térmica entre junção caixa, a resistência térmica entre caixa e radiador (obs:- esta resistência é a do elemento isolante que se interpõe entre a caixa e o radiador, portanto conhecida) e a resistência térmica radiador-ar. Pela tabela da figura 51, você poderá ter uma melhor idéia do que resulta o uso de dissipadores. Fig. 51 Transistor BC107 BS454 BD109 2N3054 Rthj-a (oC /W) 500 220 Pmáx Sem Dissipador 300 mW Tj=175oC 0,8 W Tj=200oC Rthj-c (oC /W) 200 35 7 6 Pmáx com Dissipador T=25oC 750 mW Tj=175oC 3W Tj=200oC 21,5 W Tj=175oC 29 W Tj=200oC Quando a potência dissipada por um semicondutor aproxima-se a 1W, ou excede, a transmissão direta de calor da caixa ao ar livre, não assegura uma temperatura tolerável na junção. A montagem de um semicondutor sobre um dissipador aumenta a superfície de irradiação reduzindo a resistência térmica junção-ar. Cálculo do Dissipador Rth = Rthj-c + Rthc-r + Rthr-a Os valores de Rthj-c e Rthc-r são fornecidos pelo fabricante, conforme já especificado. 47 A resistência térmica total pode ser calculada como já tivemos oportunidade de verificar, e através dela a resistência térmica radiador-ar que determinará o dissipador a ser utilizado. Logo, Rthr-a pode ser dada pela expressão já por nós uti1izada. Rth r −a = ∆T − Rth j−c − Rth c − r PCmáx Obs.: PCmáx é o valor a ser dissipado pelo transistor. Até agora, mencionamos apenas as propriedades dos radiadores, porém gostaríamos de lembrar que existe uma infinidade de modelos diferentes, dos quais representaremos um a seguir. Será em função do número de aletas, dimensões (a,b,c,d) e Rthr-a que determinaremos o radiador a ser utilizado, nesse ou em qualquer elemento. A tabela a seguir, fornece-nos a resistência térmica entre caixa e radiador, para vários tipos de montagem e algumas embalagens. Embalagem Montagem a seco Rth (oC/W) Montagem c/silicone Rth (oC/W) T0.3 T0.220 T0.202 0,5 a 0,7 1,0 a 1,3 1,5 a 2,0 0,3 a 0,5 0,6 a 0,8 0,9 a 1,2 Montagem c/ mica e silicone Rth (oC/W) 0,4 a 0,6 0,8 a 1,1 1,2 a 1,7 De posse do valor de Rthr-a basta entrarmos numa tabela de radiadores com o mesmo, e escolhermos o radiador desejado. Nas figuras 53a,b,c e d, fornecemos uma série de curvas para cálculo da área de dissipadores de calor, utilizando chapas planas de alumínio e cobre, brancas ou enegrecidas. Em cada figura, vamos encontrar uma série de curvas, onde os respectivos radiadores irão operar livremente ou através de ventilação forçada. Exemplo Dados: 48 Potência a ser dissipada: 10 W Rthr-a calculada 3 oC/W Calcular as áreas dos radiadores para chapas de cobre ou alumínio, brancos e enegrecidos. Se entrarmos na figura 53a, com os dados fornecidos, tiramos os seguintes resultados. Chapa de cobre enegrecida = 140 cm2 Chapa de alumínio enegrecida = 140 cm2 Se entrarmos na figura 53b, com os dados fornecidos, temos: Chapa de cobre branca = 180cm2 Chapa de alumínio branca = 180cm2 Obs. :Por branca entenda-se não enegrecida. Resistência térmica para Radiadores utilizando chapas planas de Alumínio 3mm e cobre 2mm. 49 50 Bibliografia Cipelli, A.M.V. e Sandrini, W.J., Teoria e Desenvolvimento de Projetos de Circuitos Eletrônicos, Livros Érica Editora Ltda, 8a Ed., 1984. 51