UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA, MG DIAMANTINA - MG 2013 GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA, MG Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação Stricto Sensu em Produção Vegetal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, área de concentração Produção Vegetal, para obtenção do título de “Mestre”. Orientador Prof. Dr. José Sebastião Cunha Fernandes DIAMANTINA - MG 2013 Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM Bibliotecária Viviane Pedrosa CRB6-2641 P436a 2013 Pereira, Gustavo Antônio Mendes Avaliação de produção e florescimento de cultivares de cenoura em duas regiões distintas do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. – Diamantina: UFVJM, 2013. 37 f. Orientador: José Sebastião Cunha Fernandes Coorientador: Valter Carvalho de Andrade Júnior Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. 1. Daucus carota L. 2. Genótipos 3. Produtividade 4. Análise conjunta 5. Análise de crescimento I. Título. CDD 575 Elaborada de acordo com dados fornecidos pelo (a) autor (a) GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA, MG Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação Stricto sensu em Produção Vegetal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, área de concentração Produção Vegetal, para obtenção do título de “Mestre”. APROVADA em 28 / 02 / 2013 Prof. Dr. Ernani Clarete da Silva– UFSJ Membro Prof. Dr. Evander Alves Ferreira – UFVJM Membro Prof. Dr. José Sebastião Cunha Fernandes – UFVJM Presidente DIAMANTINA - MG 2013 OFEREÇO Aos meus pais, Antônio e Terezinha, aos meus irmãos Gualter e Guilherme, ao caro prof. Dr. José Sebastião Cunha Fernandes pela oportunidade e pelo apoio crucial para o desenvolvimento deste trabalho, e a todos os familiares e amigos, que sempre me apoiaram. DEDICO A Deus e todas as pessoas que tornaram possível a conclusão deste trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus por me dar saúde e sabedoria para a conclusão de mais essa etapa da minha vida. A meu pai e minha mãe, minha força e minha luz, que sempre torceram pela minha vitoria sem medir esforços para que isso acontecesse. Aos meus irmãos Gualter e Guilherme pelo carinho e incentivo. À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), pela oportunidade de realização do curso e pela contribuição à minha formação acadêmica. Ao professor Dr. José Sebastião Cunha Fernandes, pela amizade, orientação e exemplo de profissional. Ao professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, pela amizade, conselhos e por estar sempre disposto a ajudar quando precisei. Ao Dr. Evander Alves Ferreira pela orientação, confiança e companheirismo durante todo período do mestrado e por estar sempre me incentivando a continuar nesse caminho. Ao professor Ernani Clarete da Silva por participar desta banca estando disposto a dar suas contribuições a este trabalho. Ao doutorando Daniel Valadão Silva, pela amizade e incentivo durante toda minha vida acadêmica. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, pelos ensinamentos durante as disciplinas cursadas. A todos os meus familiares, pelo incentivo. Agradeço ao meu amigo Maxwel Coura Oliveira pelos anos de amizade e pelo companheirismo durante a condução deste trabalho. Aos amigos do grupo de olericultura, Altino, Amanda, Marcus, Bárbara, Samuel (Avatar) e Jorge, por sempre estarem dispostos a ajudar na condução dos experimentos. Aos amigos do Manejo Sustentável de Plantas Daninhas, deixo meu agradecimento pelas constantes ajudas nos experimentos e pela amizade. A todos meus amigos pelo companheirismo, confiança e amizade demonstrados ao longo dos anos. Em especial ao Felipe (Fi), Rafael (Torú), Miguel, Renan e Cristiano, por sempre se fazerem presentes comigo. E aos companheiros de república (Luz Vermelha), Bruno, Jeferson e Felipe Santana que mesmo não tendo envolvimento na área da pesquisa, foram de grande ajuda na condução. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela concessão de Bolsa de Estudo. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro na execução deste trabalho. Aos colegas do curso, pelo constante apoio e consideração. A quem torceu pela minha vitória. Obrigado a todos! i RESUMO PEREIRA, G. M. P. AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA, MG. 2013. 37 p. (Dissertação - Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2013. O sucesso na exploração comercial de raízes de cenoura depende da escolha de cultivares com boa adaptação às condições edáficas e climáticas no local onde será cultivada e com boa aceitação pelo mercado consumidor. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de cenoura no cultivo de outono-inverno em dois municípios com características edafo-climáticas distintas do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Rio Manso, município de Couto de Magalhães de Minas, MG e no Campus JK, município de Diamantina, MG. Foram avaliadas seis cultivares de cenoura (Brasília, Nantes, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado) num delineamento experimental em blocos ao acaso com três repetições. Para a evolução do crescimento, a partir do dia do desbaste (35 dias após semeadura), até o dia da colheita (100 dias após semeadura), foram avaliadas semanalmente as seguintes características: altura da parte aérea, comprimento de raiz, massa seca de raiz, massa seca total, índice de colheita e produtividade total. Estas mesmas características, acrescidas da produção comercial, foram consideradas para representarem a produção final. As cultivares que se destacaram foram Planalto, Tornado e Kuronan em Couto de Magalhães de Minas e Planalto em Diamantina. O desempenho agronômico das cultivares foi superior em Couto de Magalhães de Minas para a maioria das variáveis avaliadas, resultando em uma maior produtividade total e comercial de raízes. As condições edafo-climáticas de Diamantina provocam indução de florescimento na maioria das cultivares, causando perdas de produtividade comercial no cultivo de outono-inverno. Palavras-chave: Daucus carota L., produtividade de raiz, ambiente, florescimento. ii ABSTRACT PEREIRA, G. M. P. CARROT YIELDING AND FLOWERING ON TWO JEQUITINHONHA VALLEY SITES. 2013. 37 p. Dissertation (Masters in Vegetable Production) – Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri Valley, Diamantina, 2013. Growing and trading carrots depends upon choosing cultivars with good adaptability on the region where they grow and good acceptance by the consumers. This work aimed to evaluate the performance of autumn-winter carrot cultivars growing in two diverse regions on Jequitinhonha Valley: Fazenda Rio Manso – UFVJM, in Couto de Magalhães de Minas and Campus II – UFVJM, in Diamantina. Six cultivars (Brasília, Nantes, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado) were evaluated in a randomized block design with three replications. The evaluations were carried out weekly from 35th up to 100th day after sowing, on the traits: plant height; root length; weight of dry roots; total dry weight; harvest index; and total yielding. These traits, plus the commercial weight, were evaluated after harvest (at the 100th day). The cultivars Planalto, Tornado and Kuronan had the best performance In Couto de Magalhães while in Diamantina only Planalto exceeded. Couto de Magalhães showed better performance than Diamantina for any cultivar in almost all evaluated traits. Early flowering on most of the cultivars in Diamantina resulted in a significant loss of commercial weight, supposedly as a consequence of its low temperature. Key words: Daucus carota L.; root yielding; environment; flowering iii LISTA DE FIGURAS Pág. Altura da parte aérea (I e II), comprimento de raiz (III e IV) e massa seca de raiz (V e VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Figura 2 - Massa seca total (I e II), índice de colheita (III e IV) e produtividade (V e VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Figura 1- 11 14 iv LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 1 Temperaturas máximas, mínimas, médias (°C) e precipitação pluviométrica (mm), no período de condução dos experimentos para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente aos meses de maio a novembro de 2011. Dados do INMET. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 2 5 Composição química e física de amostras de solos da camada de 0-20 cm de profundidade do solo das áreas experimentadas nos municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 3 7 Fontes de variação com respectivos graus de liberdade e quadrados médios, para uma análise de variância conjunta com sete variáveis e uma análise de variância individual com uma variável, em cultivares de cenoura nos municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 4 Equações de regressão das variáveis em estudo para os munícipios de Couto de Magalhães de Minas, MG e Diamantina, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 5 9 10 Médias de altura da parte aérea (cm) da análise conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 6 12 Médias de produtividade total (PRODT); comprimento de raiz (COMP); índice de colheita (IC); diâmetro total (DIAM); e produtividade comercial (PRODC) da análise conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Tabela 7 13 Médias de massa seca de raiz (MSR); massa seca total (MST); diâmetro (DIAM); e produtividade de raízes (PRODT) da análise conjunta de cultivares de cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. 15 v Tabela 8 Percentagem de florescimento de cultivares de cenoura aos 100 dias após semeadura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, UFVJM, Diamantina, 2013. 17 Produtividade comercial de raízes (t.ha-1) da análise conjunta de cultivares de cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. 18 vi SUMÁRIO RESUMO.……………………………………………………………………………. Pág. i ABSTRAT….………………………………………………………………………… ii LISTA DE FIGURAS.….……………………………………………………………. iii LISTA DE TABELAS.………………………………………………………………. iv 1 INTRODUÇÃO………...………………………………………………………….. 01 2 REFERENCIAL TEÓRICO…..………........................………………………….... 02 2.1 Produções no Brasil e no mundo....................................................................... 2.2 Escolha da cultivar a cada época de semeadura................................................ 02 3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 3.1 Características dos genótipos utilizadas............................................................ 04 3.1.1 Brasília..................................................................................................... 05 3.1.2 Nantes....................................................................................................... 05 3.1.3 Kuronan.................................................................................................... 05 3.1.4 Esplanada................................................................................................. 06 3.1.5 Planalto..................................................................................................... 06 3.1.6 Tornado.................................................................................................... 06 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 09 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 21 ANEXO......................................................................................................................... 25 03 05 1 INTRODUÇÃO Considerando-se o consumo, a extensão da área plantada e valor socioeconômico, a cenoura (Daucus carota L.) pode ser colocada entre as mais importantes olerícolas do mundo (Freitas et al., 2009). Atualmente é a quarta hortaliça mais cultivada no Brasil, com uma produção estimada de 756 mil toneladas. A produtividade média brasileira, estimada em de 28 t ha-1, pode ser considerada baixa quando comparada com regiões que têm alcançado valores de até 80 t ha-1 como em São Gotardo, MG e Brasília, DF (Embrapa, 2012). Esta baixa produtividade se deve ao plantio de cultivares não adaptadas e à utilização de práticas como nutrição mineral e densidade de plantio inadequadas, entre outros (Lopes et al., 2008). Trata-se de uma espécie de clima ameno que, após o lançamento no mercado de cultivares nacionais, passou a ser cultivada no país praticamente durante o ano todo (Silva et al., 2012). Entretanto, fatores como temperatura, umidade relativa do ar, fotoperíodo, época de colheita e preferência do mercado consumidor, devem ser observados na escolha da cultivar adequada a cada região e época de semeadura, a fim de se obter sucesso na exploração comercial de suas raízes (Duda e Reghin, 2000). Geralmente, no período de outono e inverno são utilizadas tradicionalmente as cultivares importadas do grupo Nantes e na primavera e verão as cultivares nacionais Kuronan, Brasília, Kuroda e mais recentemente as cultivares Prima, Esplanada e Planalto (Reghin e Duda, 2000; Vieira et al., 2005; Vieira et al., 2012). Tal divisão se deve aos altos valores de florescimento precoce apresentados por cultivares nacionais no plantio em épocas frias e a alta incidência de doenças nas folhas e baixa resistência ao calor apresentadas por cultivares importadas no plantio em épocas quentes. A recomendação de genótipos para extensas faixas de ambientes com base na média de suas produtividades, ou seja, sem considerar a adaptação específica de cada genótipo em cada ambiente, é uma decisão que facilita sobremaneira o trabalho do melhorista. Entretanto, para características onde os efeitos da interação genótipo por ambiente são importantes, tal prática pode causar grandes perdas pela não capitalização destas interações em cada ambiente específico. Este é um aspecto que dificulta a recomendação de genótipos para regiões que abrangem características edáficas e climáticas distintas (Cruz e Castoldi, 1991). Existem diferenças microclimáticas dentro de uma mesma zona agrícola com condições ecológicas aparentemente semelhantes. Os efeitos destas diferenças sobre o desempenho de determinada cultura podem ser avaliados pela interação genótipo por 2 ambiente. Portanto, antes de se fazerem recomendações definitivas de genótipos em distintos locais, são necessárias realizações de suficientes provas de seus respectivos desempenhos (Larios et al., 1992). A análise de crescimento de comunidades vegetais é um dos primeiros passos na análise de produção primária, caracterizando-se como o elo entre o simples registro do rendimento das culturas e a análise destas por meio de métodos fisiológicos, podendo ser utilizada para conhecer a adaptação ecológica das plantas a novos ambientes (Kvet et al., 1971). Os princípios e as práticas da análise de crescimento têm como objetivo descrever e interpretar o desempenho de uma espécie crescendo em condições de campo ou em ambiente controlado (Hunt, 1990). Normalmente, a medida sequencial do acúmulo de matéria orgânica, considerando-se o peso das partes secas da planta (frutos, caule, folhas e outros) é o fundamento da análise de crescimento (Fontes et al., 2005). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de cenoura no cultivo de outono-inverno em dois municípios com características edafo-climáticas distintas do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A cenoura (Daucus carota L.) é uma hortaliça da família Apiaceae, do grupo das raízes tuberosas, cujo centro de origem é a região do Himalaia, Afeganistão. É uma cultura de alta expressão econômica, considerada a principal hortaliça-raiz em valor alimentício, rica em vitaminas (principalmente pró-vitamina A) e sais minerais, sendo largamente empregada na dieta alimentar brasileira. 2.1 Produções no Brasil e no mundo Os maiores produtores mundiais de cenoura são a China, os Estados Unidos e a Rússia (Vieira et al., 1999). Segundo a FAO (2013), a produção mundial em 2008, foi de 27,38 milhões de toneladas, cultivadas em área de 1,22 milhões de hectares, o que proporcionou produtividade média de 22,4 t ha-1. No Brasil a cenoura é cultivada em grande escala nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul com uma área de cerca de 26 mil hectares com produção de 784 mil toneladas de raízes, o que representa 2,85 % da produção mundial (Embrapa Hortaliças, 2013). No Estado de São Paulo, principal estado produtor, destacam-se as regiões de Paranapiacaba (abrangendo principalmente os municípios de Piedade e Ibiúna), Grande São Paulo (município de Mogi das Cruzes) e São José do Rio Pardo. Em Minas Gerais destacam-se, na região do Alto 3 Paranaíba, os municípios de São Gotardo, Rio Paranaíba e Matutina, que são responsáveis por praticamente todo o cultivo no estado. Realizado em extensas áreas e com aplicação de alto nível de tecnologia, esta região é responsável pela produção de cerca de 50% da cenoura comercializada no Brasil (Vieira, 2003). Outros Estados com destaque são: Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina (Ferreira, 1991). A região do Alto Vale do Jequitinhonha, MG, não apresenta nenhum registro de produção de cenoura em larga escala, sendo sua produção concentrada na agricultura familiar e suprida em parte por grandes centros de distribuição. 2.2 Escolha de cultivares para cada época de semeadura Várias características são levadas em consideração na seleção de uma cultivar para ser lançada no mercado: produtividade, exigência de mercado consumidor, cor, tamanho, teor de açúcar, resistência a pragas e doenças, precocidade, teor de proteína e vitamina (Luz et al., 2009). No Brasil, até meados de 1980, devido à ocorrência da queima-das folhas (Alternaria dauci + Cercospora carotae + Xanthomonas campestris pv. carotae.), o cultivo de cenoura na época chuvosa de verão exigia a aplicação quase diária de fungicidas, chegando a 50 aplicações durante o seu ciclo, estimado em 120 dias. Consequentemente, baixas produtividades e elevados custos de produção gerados por aplicações excessivas de agrotóxicos tornavam baixa a rentabilidade da cultura. Assim sendo, devido aos fatores supracitados, o cultivo da cenoura em época chuvosa era limitado em área e produtividade, reduzindo a oferta do produto e inflacionando o seu preço. Os agrotóxicos e as sementes importadas eram os componentes que mais oneravam os custos finais da produção, e assim os lucros auferidos não estimulavam a expansão das áreas existentes e os baixos volumes produzidos não atendiam a demanda interna do produto (Vilela e Borges, 2008). O lançamento da cultivar de cenoura Brasília, pela Embrapa Hortaliças e ESALQ em 1981, mudou o agronegócio de cenoura no país, impulsionou a produção interna e regularizou o abastecimento ao decorrer do ano, pois tornou possível o cultivo em regiões antes não cultivadas, como por exemplo no Nordeste brasileiro e no verão nas demais regiões. Mas ainda existe a dependência de sementes provenientes de outros países para suprir a demanda nacional, principalmente na semeadura em estações mais frias, dada a maior resistência de cultivares importadas ao florescimento precoce. No entanto a recomendação de cultivares específicas para cada época de semeadura é feita apenas baseada na média de algumas 4 regiões, sem levar em consideração a existência de microclimas que possibilitem o cultivo de cultivares nacionais em períodos de temperaturas mais frias, sendo que ainda os gastos no processo de importação de sementes são da ordem de 2 milhões de reais ao ano (Filgueira, 2008). 3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado em campo em dois locais: a) Fazenda Experimental Rio Manso da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, localizada no município de Couto de Magalhães de Minas, MG, (18°07‟S e 43°47‟W; 726 m de altitude), índice pluviométrico médio anual de 1.269 mm (CPRM, 2013), temperatura média anual de 19,4°C e solo classificado como Latossolo Vermelho Distrófico, argiloso e geralmente mal drenado; b) Setor de Olericultura da UFVJM - Campus JK, localizado no município de Diamantina, MG, (18°12'S e 43°34'W; 1387 m de altitude) com temperatura média anual de 18°C, índice médio pluviométrico anual de 1404,7 mm, com clima Cwb, segundo a classificação Köppen, ou seja, temperado úmido, com inverno seco e chuvas no verão, localizado sobre um Neossolo Quartzarênico Órtico Típico, arenoso e moderadamente drenado. Na tabela 1 encontram-se as temperaturas mínimas, máximas, médias, e precipitação pluviométrica, avaliados no período para os dois municípios. Tabela 1 - Temperaturas máximas, mínimas, médias (°C) e precipitação pluviométrica (mm), no período de condução dos experimentos para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente aos meses de maio a novembro de 2011. Dados do INMET. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Variável Temperatura Máxima Temperatura Mínima Temperatura Média Precipitação Fonte: INMET, 2012. Local Diamantina Couto de M. Diamantina Couto de M. Diamantina Couto de M. Diamantina Couto de M. Mai 21,5 25,2 11,4 12,0 16,5 18,6 0,4 0,3 Jun 22,2 26,4 12,1 12,1 17,1 19,2 0,3 0,01 Ano de 2011 Jul Ago Set 22,3 25,4 25,2 26,6 29,5 29,1 11,4 13,0 12,5 10,9 11,3 11,5 16,9 19,2 18,8 18,7 20,4 20,3 0,01 0,5 0,1 5,7 0,01 0,01 Out Nov 23,1 22,8 27,1 26,2 14,5 14,3 16,9 17,2 18,8 18,6 22,0 21,7 178,8 342,5 82,6 269,4 5 O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados completos, com três repetições. Os tratamentos utilizados foram seis cultivares de cenoura (Brasília, Nantes, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado). 3.1 Características das cultivares utilizadas 3.1.1 Brasília Apresenta folhagem vigorosa com coloração verde escura e porte médio de 25 a 35 cm de altura. As raízes são cilíndricas, com coloração alaranjada clara e baixa incidência de ombro verde. As dimensões médias das raízes variam de 15 a 20 cm em comprimento por 2 a 3 cm em diâmetro. O ciclo da semeadura à colheita é de 85 a100 dias. Apresenta resistência ao calor, boa resistência de campo à Requeima de Alternária e resistência ao pendoamento prematuro para semeaduras de outubro a fevereiro. A cultivar apresenta uma produtividade média de 30 t ha-1 (Vieira et al., 1983). 3.1.2 Nantes Cultivar importada que apresenta folhagem verde escura, podendo atingir até 30 cm de altura; raízes de formato cilíndrico com 15 a 18 cm de comprimento, 3 a 4 cm de diâmetro e coloração alaranjada escura. Esta cultivar é muito sensível às doenças de folhagem, não sendo recomendável o seu cultivo em estação chuvosa e quente. Por sua exigência em temperaturas amenas é recomendada para plantio em época fria. Seu ciclo vegetativo é de 90 a 110 dias. Existem diversas cultivares deste grupo disponíveis no mercado (Embrapa Hortaliças, 2013). 3.1.3 Kuronan Apresenta folhagens vigorosas, com coloração verde clara brilhante, com 35 a 45 cm de altura. As raízes são ligeiramente cônicas de coloração alaranjada escura e baixa incidência de ombro verde ou roxo. O comprimento das raízes varia entre 15 e 20 cm e o diâmetro entre 3 e 4 cm. Resiste bem ao calor, apresentando baixos níveis de florescimento prematuro sob condições de dias longos. Apresenta boa resistência de campo à queima-das-folhas, e produz em média 30 t/ha quando semeada em estação quente e chuvosa. A colheita inicia-se 95 a 120 dias após a semeadura. É recomendada para semeaduras de novembro a março na região Sudeste do Brasil (Embrapa Hortaliças, 2013). 6 3.1.4 Esplanada Apresenta alta resistência à queima-das-folhas, produz raízes de formato cilíndrico, alongadas e finas, com aproximadamente 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, com coloração externa alaranjada intensa, coloração interna alaranjada e uniformemente distribuída entre o xilema e floema e baixa incidência de ombro verde. A produtividade obtida nas principais regiões de produção é de 30-35 t ha-1, o que possibilita a obtenção de cerca de 10 a 12 t ha-1 de cenourete. É recomendada para o plantio em sistemas de produção convencional e orgânico no verão, sendo a colheita realizada aos 90 dias após o semeio, visando à produção de maior número de raízes finas, que são mais adequadas para a produção de cenourete (Vieira et al., 2005). 3.1.5 Planalto Apresenta coloração de raiz laranja escura quando comparada com „Brasília‟, resultado do maior acúmulo de β-caroteno. Manifesta baixa incidência de florescimento precoce no verão. Reduzida presença de halo branco e coloração alaranjada intensa, com pouco ombro verde e roxo, lisas, com formato cilíndrico e ponta arredondada. Apresenta alta resistência aos nematoides formadores de galhas nas raízes. Essa cultivar apresenta ainda formato padronizado das raízes, comprimento de raiz variando de 16 a 20 cm e diâmetro médio de 2,5 cm. A produtividade média esperada é de 50 a 60 t ha-1 de raízes comerciais (Vieira et al., 2012). 3.1.6 Tornado É uma cultivar recomendada para qualquer época de plantio com um ciclo e 110 a 130 dias, altura da planta entre 40 a 50 cm e com boa tolerância a Alternaria. Possui plantas vigorosas com folhas de coloração verde escura, muito tolerante a baixas temperaturas. Apresenta raízes cilíndricas e alongadas (18 a 25 cm) de parede lisa, de coloração laranja intenso com coração interno muito pequeno (Tecnoseed, 2013). As áreas experimentais foram submetidas a uma aração e uma gradagem, em seguida foram feitos canteiros, sendo as parcelas constituídas de uma área de 2 m², com 4 fileiras de plantio, espaçadas por 0,24 m. A correção da acidez e a fertilização do solo foram feitas de acordo com os resultados das análises de solo das áreas experimentais (Tabela 2) seguindo critérios da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999). 7 Tabela 2: Composição química e física de amostras de solos da camada de 0-20 cm de profundidade do solo das áreas experimentadas nos municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Ambiente Diamantina Couto de M. Ambiente Diamantina Couto de M. pH 5,6 5 V % 38 62 P K _mg/dm3 _ 2,49 12,6 6,1 111 Ca Mg Al H + Al SB T T 3 _________________cmolc/dm _________________ 0,7 0,45 0,12 1,9 1,18 3,08 1,3 2,4 1,2 0,02 2,4 3,89 6,29 3,91 Granulometria Fe Cu Zn Mn B Areia Silte Argila __________mg/dm__________ ______%_______ 202 0,59 4,41 1,89 2,09 86 3 11 43,3 1,28 1,2 233 0,14 60 13 27 A semeadura nos dois locais foi realizada no dia 26 do mês de agosto de 2011 e os experimentos foram irrigados duas vezes por dia durante todo o ciclo da cultura. O desbaste foi efetuado aos 35 dias após semeadura, mantendo-se 5 cm de distância entre plantas na fileira. Cinco plantas por parcela foram amostradas semanalmente a partir do dia do desbaste (35 dias após semeadura), até o dia da colheita (100 dias após semeadura), nas quais se avaliaram as seguintes características: altura da parte aérea (ALT); comprimento de raiz (COMP); massa seca da raiz (MSR), massa seca total (MST); índice de colheita (IC) = (Rendimento econômico/Rendimento biológico)x100; e produtividade total (PRODT). O índice de colheita (IC) foi calculado utilizando-se as seguintes fórmulas (Floss, 2006): - Rendimento biológico (RB) = massa seca total (kg) x número de plantas por ha; e - Rendimento econômico (RE) = massa seca de raiz (kg) x número de plantas por ha; A ALT e COMP foram medidas utilizando uma régua graduada. Posteriormente, o material vegetal colhido foi lavado em água destilada e seco em estufa com circulação forçada de ar, a 70ºC, até peso constante. A determinação da MSR e MST foram realizadas em balança eletrônica com precisão de 0,0001 g e a MST foi calculada somando-se as massas secas de parte aérea e MSR. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância. Dessa forma, para as cultivares foram escolhidos um modelo de regressão que melhor explicou os efeitos das épocas de avaliação sobre as variáveis consideradas, e foram obtidas através do software Sigmaplot®12. As cultivares cujos modelos escolhidos foram idênticos foram agrupadas e seus valores médios foram utilizados para ajustar a equação de regressão. Estas equações ajustadas foram comparadas pelo teste de identidade de modelo para se verificar a hipótese de nulidade 8 de que as equações são iguais estatisticamente e quando nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os modelos, os mesmos foram agrupados e representados pela mesma linha de tendência (Regazzi, 1999). Para análise de rendimento final, na ocasião da colheita aos 100 dias após semeadura (data média de colheita das cultivares), 10 plantas por parcela foram coletadas e avaliadas para as seguintes características: ALT; COMP; diâmetro da raiz (DIAM); MSR; MST; IC e PRODT. Para o calculo da PRODT utilizou-se a produção média de raízes obtida nas plantas avaliadas multiplicadas pelo número de plantas previsto em um hectare. Os dados foram submetidos à análise de variância conjunta e as médias, quando significativas pelo teste F, foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Também aos 100 dias após semeadura avaliou-se a percentagem de florescimento (% FLOR) que é a razão entre o número total de plantas que apresentaram emissão de haste floral e o número total de plantas na parcela. Para o cálculo da produtividade comercial (PRODC), retiraram-se da PRODT as raízes que apresentavam florescimento, sendo as variáveis % FLOR e PRODC também submetidas à análise de variância conjunta e ao teste Tukey a 5% de probabilidade, quando se encontrou diferença significativa no teste F. A análise de variância para cada local foi feita considerando-se o modelo: yij = m + ti + bj + eij onde yij se refere ao valor observado do tratamento i na repetição j; m é a média geral; ti é o efeito do tratamento i; bj é o efeito do bloco j; e eij é o efeito da parcela (erro) associado ao tratamento i na repetição j. A análise de variância conjunta foi feita considerando-se o modelo: yijk = m + ti + aj + taij + bk(j) + eik(j) onde yijk se refere à observação k do tratamento i no ambiente j; ti é o efeito do tratamento i; aj é o efeito do ambiente j; taij é o efeito da interação entre o tratamento i e o ambiente j; bk(j) é o efeito do bloco k dentro do ambiente j; e eik(j) é o erro médio. Nas variáveis em estudo, com exceção do florescimento, a relação entre o maior e o menor quadrado médio do resíduo foi inferior a sete para os dois ambientes, atendendo ao requisito para a execução e interpretação da análise de variância conjunta (Pimentel Gomes,1990). 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo das análises de variância conjunta e individuais dos experimentos encontrase na tabela 3. 9 Tabela 3: Fontes de variação com respectivos graus de liberdade e quadrados médios, para uma análise de variância conjunta com sete variáveis e uma análise de variância individual com uma variável, em cultivares de cenoura nos municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. FV GL Bloc/Amb 4 Ambiente 1 Cultivares 5 Interação 5 Resíduo 20 FV Bloco Tratamento Resíduo ns, * e ** ALT 8,97 ns 3926,17** 51,19** 47,52** 7,91 GL 2 4 8 Quadrados médios para as variáveis avaliadas COMP MSR MST DIAM PRODT PRODC 2,04 ns 139,75 ns 166,41 ns 0,26 ns 21,26 ns 17,02 ns 86,86** 28,36 ns 567,51 ns 2,29** 900,14** 2805,4** ns 9,60 788,01 * 1373,84* 0,52** 288,14* 123,9 ns ns 2,47 247,65 ns 458,15 ns 0,11 ns 33,79 ns 111,9 ns 3,57 251,23 342,45 0,06 72,17 65,12 % FLOR Couto de Magalhães de Minas Diamantina ns 4,29 14,71 ns ns 1,54 285,80** 1,80 32,77 = não significativo, significativo a 5 e 1%, respectivamente. Para a análise da ALT, para ajustar todas as equações de regressão utilizou-se nas medições realizadas em Couto de Magalhães modelos lineares e em Diamantina modelos quadráticos (Tabela 4). A diferença de modelos na adequação das equações nos ambientes mostrou que as cultivares se comportaram de maneira diferente em cada ambiente, em Couto de Magalhães as cultivares tiverem crescimentos lineares com maiores valores finais em quanto que em Diamantina as plantas apresentaram estabilização de ALT (Figura 1, I e II) (Tabela 4). Tal comportamento pode ser explicado pelos maiores valores de temperaturas observadas em Couto de Magalhães de Minas. Segundo Taiz e Zeiger (2006), as taxas fotossintéticas mais altas observadas em respostas à temperatura, as chamadas “temperaturas ótimas” são o ponto em que as capacidades das várias etapas da fotossíntese estão otimamente equilibradas, com algumas destas etapas tornando-se limitantes quando ocorrem variações de temperatura. De acordo com Silva e Silva (2007), para a maioria das plantas C3, como a cenoura, esta temperatura ótima se encontra próxima aos 25 °C, valor mais próximo das temperaturas médias mensais encontradas em Couto de Magalhães de Minas (Tabela 1). 10 Tabela 4: Equações de regressão das variáveis em estudo para os munícipios de Couto de Magalhães de Minas, MG e Diamantina, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Local Variável Modelos ajustados R2 Cultivares 0,9706 1,3,4,5,6 Yˆ = 7,304 + 0,921x ALT 0,9883 2 Yˆ = 4,236 + 0,855x 0,9875 1,3,5 Yˆ = 3,82634 + 0,503x – 0,0036x² COMP 0,9361 4 Yˆ = 4,262 + 0,54692x – 0,0042x² ˆ 0,9458 2,6 Y = 2,476 + 0,559875x – 0,004x² 0,9775 1,4,5 Yˆ = 2,215 – 0,74227x + 0,0286x² Couto de MSR 0,9610 2,3,6 Magalhães Yˆ = 1,5327 – 0,5403x + 0,0213x² de Minas 0,9696 1,3,4,5 Yˆ = 1,8003 – 0,7386x + 0,0346x² MST 0,9557 2,6 Yˆ = 1,573 – 0,56343x + 0,0243x² ˆ 0,9975 1 Y = 0,889 – 0,3562x + 0,01891x² PRODT 0,9683 2,4,6 Yˆ = 2,7196 – 0,6976x + 0,0246x² 0,9814 3,5 Yˆ = 2,88 – 0,794848x + 0,0307x² IC 0,9610 Todas Yˆ = 0,14016 + 1,35596x 0,9843 1,3,4,5 Yˆ = 5,988 + 1,0214x – 0,00913x² ALT ˆ 0,9831 2,6 Y = 4,514 + 0,9215x – 0,00787x² COMP 0,9371 Todas Yˆ = 7,753 + 0,321x 0,9112 2 Yˆ = 2,401 – 0,5738x + 0,01816x² Yˆ = 3,5323 – 0,8281x + 0,0262x² 0,9423 1,3,4 MSR ˆ 0,9448 5 Y = 4,3227 – 1,0325x + 0,0327x² 0,9229 6 ˆ Y = 3,1043 – 0,7134x + 0,0211x² Diamantina MST PRODT IC Yˆ = 3,822 – 0,8546x + 0,0302x² Yˆ = 2,3075 – 0,5266x + 0,019x² Yˆ = 4,16997 – 0,974x + 0,0351x² Yˆ = 2,9357 – 0,65665x + 0,022x² Yˆ = 1,180 – 0,3567x + 0,01791x² Yˆ = 0,6745 – 0,25475x + 0,013x² Yˆ = 1,3149 – 0,4541x + 0,0228x² Yˆ = 1,07063 + 1,43362x 1 = Brasília; 2 = Nantes; 3 = Kuronan; 4 = Esplanada; 5 = Planalto; e 6 = Tornado. 0,9526 1,3,4 0,9130 0,9568 0,9515 2 5 6 0,9916 1,3,4,6 0,9637 0,9824 2 5 0,9795 Todas 11 I 60 Faz. Rio Manso 60 (A) (B) Campus JK 50 Altura de parte aérea (cm) 50 Altura de parte aérea (cm) II 40 30 20 40 (A) (B) 30 20 10 10 (A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Planalto (B) Nantes e Tornado (A) Brasília; Kuronan; Esplanada; Planalto; Tornado (B) Nantes 0 0 0 7 14 21 28 35 42 49 56 0 63 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Dias após desbaste Dias após desbaste III 30 IV 30 Faz. Rio Manso Campus JK (A) 25 (B) (A) (C) 20 Comprimento de raiz (cm) Comprimento de raiz (cm) 25 15 10 (A) Brasília; Kuronan e Planalto (B) Esplanada (C) Nantes e Tornado 5 20 15 10 5 (A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto; Tornado 0 0 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 0 7 14 Dias após desbaste 21 28 35 42 49 56 V VI Faz. Rio Manso Campus JK 60 50 (A) 40 (B) (C) 50 Massa seca de raiz (g) Massa seca de raiz (g) 60 30 20 63 Dias após desbaste (A) Brasília; Esplanada e Planalto (B) Nantes; Kuronan e Tornado 10 0 (B) 40 (D) 30 (A) Nantes (B) Brasília; Kuronan e Esplanada (C) Planalto (D) Tornado 20 (A) 10 0 -10 -10 0 7 14 21 28 35 Dias após desbaste 42 49 56 63 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Dias após desbaste Figura 1. Altura da parte aérea (I e II), comprimento de raiz (III e IV) e massa seca de raiz (V e VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. 12 Na comparação em cada ambiente observou-se que em Couto de Magalhães de Minas as cultivares, Brasília, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado, curva “A”, apresentaram crescimento de ALT superiores significativamente a Nantes, curva “B” (Figura 1, I) (Tabela 4). Comportamento semelhante ocorreu em Diamantina, mas com destaque agora para as cultivares Brasília, Kuronan, Esplanada e Planalto, que atingiram seu crescimento máximo próximo aos 56 dias após desbaste, curva “A” (Figura 1, II) (Tabela 4). A análise conjunta da ALT apresentou interação significativa entre ambientes e cultivares (Tabela 3). Entre ambientes, observou-se que todos os genótipos em Couto de Magalhães de Minas apresentaram estimativas superiores aos de Diamantina (Tabela 5). E na análise entre cultivares, em Couto de Magalhães de Minas os maiores valores foram encontrados para Brasília, sendo superior às cultivares, Nantes, Esplanada e Tornado. Na mesma comparação realizada em Diamantina, o destaque foi os menores valores apresentados pela cv. Nantes, que não se diferenciou apenas da cv. Brasília. Em ensaio realizado por Lopes et al., (2008), em Mossoró-RN, os autores relataram que os genótipos que apresentaram maior ALT, também obtiveram maiores desempenhos de produtividade. Tabela 5: Médias de altura da parte aérea (cm) da análise conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Culvivar Brasília Nantes Kuronan Esplanada Planalto Tornado CV (%) Couto de Magalhães 61,77 aA 50,85 aB 54,65 aAB 51,74 aB 57,49 aAB 51,21 aB 6,0 Diamantina 32,55 bAB 26,79 bB 34,99 bA 37,64 bA 34,79 bA 35,63 bA 6,0 Médias não seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. O CV foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta. Para a característica COMP todas as regressões em Couto de Magalhães de Minas foram representadas pelo modelo quadrático (Tabela 4), com três grupos, curva “A”, “B” e “C” (Figura 1, III) (Tabela 4), e em Diamantina nenhuma diferença foi encontrada entre cultivares, sendo todas representadas por uma única linha de tendência linear, curva “A” (Figura 1, IV). Tal comportamento observado em Diamantina pode ser atribuído às características físicas do solo local, as porcentagens de areia são elevadas facilitando o desenvolvimento das raízes das plantas (tabela 2). Já na avaliação conjunta somente foi 13 encontrada diferença entre ensaios, onde Diamantina apresentou maior média (Tabela 6). Lima e Athanázio (2008), em Londrina-PR, Resende et al. (2005), em Marília-SP e Reghin e Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, encontraram valores médios de 18,55; 17,46; e 13,2 cm, respectivamente, valores abaixo dos observados em Couto de Magalhães de Minas (21,84 cm) e Diamantina (24,95 cm). Os valores médios encontrados neste trabalho estão dentro da “classe 22”, a classe que enquadra as raízes consideradas de maior comprimento para comercialização (CEAGESP, 2013). Tabela 6: Médias de produtividade total (PRODT); comprimento de raiz (COMP); índice de colheita (IC); diâmetro total (DIAM); e produtividade comercial (PRODC) da análise conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Ambiente Couto de Magalhães Diamantina PRODT (t.ha-1) 47,64 A 38,23 B COMP (cm) 21,84 B 24,95 A IC 72,91 B 81,55 A DIAM (cm) 32,61 A 27,57 B PRODC (t.ha-1) 49,06 31,40 A B CV (%) 26,0 8,0 6,0 8,0 20,0 Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta. A MSR e MST apresentaram comportamentos semelhantes, mostrando que grande parte dos fotoassimilados são direcionados para a produção de raízes (Figura 1, V e VI) (Figura 2, I e II) (Tabela 4). O modelo quadrático foi utilizado em todas as regressões (Tabela 4), sendo que em Couto de Magalhães de Minas as cultivares que apresentam valores mais elevados foram, Brasília, Esplanada e Planalto, representados pela curva “A”, apresentando maior discrepância de valores a partir dos 28 DAD (Figura 1, V) (Tabela 4). O mesmo comportamento foi observado em Diamantina, com as cultivares Brasília, Kuronan e Esplanada, curva “B”, e Planalto, curva “C”, que se destacaram em relação a Nantes, curva “A”, e Tornado, curva “D”, a partir dos 35 DAD (Figura 1, VI) (Tabela 4). Em ensaio realizado em Mossoró-RN, Teófilo et al., (2009) observaram que as cultivares Alvorada e Brasília apresentaram comportamento superior à cv. Esplanada, também a partir dos 35 DAD. 14 I II 80 80 Faz. Rio Manso Campus JK (A) (C) 60 (B) (A) Massa seca total (g) Massa seca total (g) 60 40 20 40 20 0 (D) (B) (A) Brasília; Kuronan e Esplanada (B) Nantes (C) Planalto (D) Tornado 0 (A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Planalto (B) Nantes e Tornado -20 -20 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 0 7 14 21 Dias após desbaste 28 35 42 49 56 63 Dias após desbaste III IV Faz. Rio Manso 100 100 80 80 Índice de colheita (A) Índice de colheita 60 40 20 0 60 40 20 0 (A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto e Tornado 0 7 14 21 28 35 42 49 Campus JK (A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto e Tornado 56 63 0 7 14 21 Dias após desbaste 28 35 42 49 56 V 60 63 Dias após desbaste VI 60 Faz. Rio Manso Campus JK (C) 50 50 (C) (A) -1 40 Produtividade (t.ha ) -1 Produtividade (ton/ha ) (B) 30 (A) Brasília (B) Nantes; Esplanada e Tornado (C) Kuronan e Planalto 20 10 40 (A) (A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Tornado (B) Nantes (C) Planalto 30 (B) 20 10 0 0 -10 -10 0 7 14 21 28 35 Dias após desbaste 42 49 56 63 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Dias após desbaste Figura 2. Massa seca total (I e II), índice de colheita (III e IV) e produtividade (V e VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. 15 A única diferença observada na análise conjunta de MSR foi entre cultivares, onde o genótipo Planalto apresentou os maiores valores se diferenciando das cultivares Nantes e Tornado (Tabela 7). Observação semelhante também foi evidenciada por Teófilo et al., (2009), em Mossoró-RN, onde as cultivares que apresentaram comportamento mais acentuados de crescimento foram superiores também na avaliação final de MSR. Tabela 7: Médias de massa seca de raiz (MSR); massa seca total (MST); diâmetro (DIAM); e produtividade de raízes (PRODT) da análise conjunta de cultivares de cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Cultivar Brasília Nantes Kuronan Esplanada Planalto Tornado CV (%) MSR (g.pl-1) 41,77 33,14 39,34 45,77 62,72 30,68 38,0 AB B AB AB A B MST (g.pl-1) 53,09 42,31 51,18 61,94 80,90 39,30 34,0 B C B A A C DIAM (cm) 3,32 2,88 3,21 2,65 3,25 2,72 8,0 A AB A B A B PRODT (t.ha-1) 39,27 AB 35,43 B 47,06 AB 42,34 AB 54,04 A 49,83 AB 19,0 Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta. As cultivares não apresentaram diferenças em relação ao IC para nenhum dos ambientes pelo teste de identidade de modelo, sendo todas representadas pela mesma linha de tendência. Nos dois ambientes o comportamento do índice foi linear e muito semelhante (Figura 2, III e IV) (Tabela 4). E na análise conjunta, só foi encontrada diferença para comparação entre ambiente onde Diamantina apresentou-se superior (Tabela 6). Na análise conjunta de DIAM foi observada diferença entre cultivares, onde, Brasília, Planalto e Kuronan se diferenciaram de Esplanada e Tornado (Tabela 7), e entre ambientes, onde Couto de Magalhães foi superior à Diamantina (tabela 6). Bernardi et al. (2004), em Bragança Paulista-SP e Reghin e Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, trabalhando em ensaios com diferentes cultivares de cenoura também encontraram variações entre os genótipos para esse caráter. Os menores valores encontrados para a cv. Esplanada podem ser explicados pelo direcionamento no melhoramento genético desta cultivar para a produção de cenourete, o que levou à formação de raízes mais finas (diâmetro <3 cm), garantindo maior rendimento na produção industrial (Vieira et al., 2005). Já os baixos valores apresentados pela cv. Tornado podem ser atribuídos ao maior ciclo deste genótipo (130 dias), sendo que as cultivares foram 16 colhidas aos 100 dias após semeadura, antes que este genótipo atingisse seu ciclo de colheita (Tecnoseed, 2013). O modelo quadrático foi o mais adequado em todas as equações de regressão para a variável PRODT (Tabela 4). Em Couto de Magalhães de Minas, as cultivares Kuronan e Planalto, curva “C”, apresentaram comportamento com valores mais altos (Figura 2, V). O mesmo ocorreu em Diamantina, também com a cv. Planalto representada pela curva “C” (Figura 2, VI) (Tabela 4). Na análise conjunta de PRODT, não foi observada interação significativa entre cultivares e ambientes, evidenciando a uniformidade na resposta dos materiais aos ambientes avaliados para esta variável. No entanto em ensaios realizados por Vieira et al. (2012), em cinco ambientes, os autores observaram interação significativa, os genótipos Esplanada e Brasília apresentaram respostas diferentes aos ambientes analisados. Entre ambientes foi encontrada diferença na análise conjunta de PRODT, Couto de Magalhães de Minas apresentou valores superiores a Diamantina (Tabela 6). Também foi encontrada diferença entre cultivares, onde as maiores estimativas foram observadas para o genótipo Planalto, mas com diferença significativa apenas em relação à cv. Nantes (Tabela 7). Vieira et al. (2012), encontraram valores médios superiores para a cv. Planalto nos ensaios realizados em Brasília-DF, evidenciando o grande potencial produtivo desta nova cultivar. Já a cv. Nantes apresentou resultados semelhantes aos encontrados nos ensaios realizados por Luz et al. (2009) em Uberlândia-MG e Reghin e Duda (2000) em Ponta Grossa-PR, onde também foi observado que este material foi o de menor desempenho em PRODT. A cv. Nantes foi o único material que não apresentou % FLOR nos ambientes em estudo, por este motivo foi retirado da análise de variância para este caráter (tabela 8). Este genótipo é de origem francesa, possui exigência em temperaturas amenas e é recomendado para plantio em épocas frias do ano, apresentando alta resistência ao florescimento prematuro, principal problema no cultivo de outono - inverno no Brasil (Embrapa, 2013), sendo este o mais provável motivo que resultou nos valores observados para esta cultivar. Resultado semelhante de % FLOR para a cv. Nantes foi encontrado por Cardoso e Della Vecchia (1995), em Bragança Paulista-SP, onde não observaram nenhuma incidência de florescimento precoce em diferentes meses de semeadura durantes três anos consecutivos. Portanto, quando cultivada em diferentes épocas de semeadura no Brasil, a cv. Nantes não apresenta perdas de produtividade por florescimento precoce mesmo para ambientes com temperaturas mais amenas como é o caso de Diamantina (Tabela 1). 17 Tabela 8: Percentagem de florescimento de cultivares de cenoura aos 100 dias após semeadura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, UFVJM, Diamantina, 2013. Cultivar Brasília Kuronan Esplanada Planalto Tornado Média CV (%) Couto de Magalhães de Minas 0,28 1,53 2,13 1,24 1,89 1,41 95,0 Diamantina 11,68 B 24,03 AB 20,01 B 22,60 AB 38,60 A 23,38 24,0 Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. A % FLOR em Couto de Magalhães de Minas não apresentou diferenças significativas entre cultivares (Tabela 8). Pessoa e Cordeiro (1997), avaliando cultivares de cenouras semeadas no cultivo de outono-inverno em Brasília-DF, região também de temperaturas mais elevadas que Diamantina, encontraram resultados semelhantes. Já no cultivo em Diamantina foram observadas diferenças significativas entre as cultivares, onde o genótipo Tornado apresentou % FLOR superior às cultivares Brasília e Esplanada com valores próximos a 40% de florescimento, sendo estes semelhantes aos encontrados por Reghin e Duda (2000), para o genótipo Kuronan, em Ponta Grossa-PR, local também de clima ameno como Diamantina. Segundo informações fornecidas pela empresa, não existe restrições relacionadas às épocas de semeadura para o híbrido Tornado (Tecnoseed, 2013), sendo o único genótipo utilizado nos ensaios sem restrições quanto à época de cultivo. No entanto este foi o material que apresentou os maiores valores de porcentagem de florescimento precoce no cultivo em Diamantina, o que pode torna-lo impróprio para a semeadura em estações mais frias por sofrer grandes perdas de produção causada pelo florescimento precoce. Dentre as cultivares avaliadas em Diamantina, a cv. Brasília foi a que apresentou os menores valores de % FLOR (11,68%) (Tabela 8), no entanto, em trabalhos de Cardoso e Della Vecchia (1995), em Brasília-DF e Reghin e Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, os valores encontrados foram de 32,7 e 27,3%, respectivamente, no mesmo mês de semeadura, mostrando que este genótipo apresenta variabilidade para % FLOR no cultivo de outono – inverno, como já comprovado no trabalho de Galvani (2008), conduzido em Botucatu-SP. Isso ocorreu provavelmente porque grande parte das seleções da cv. Brasília disponíveis no mercado estão geneticamente descaracterizadas, mostrando padrão varietal diferente do originalmente descrito. Essa degeneração genética se deve, certamente, à falta de manutenção 18 dos estoques básicos de sementes adquiridos na Embrapa Hortaliças por algumas empresas do setor sementeiro (Andrade et al., 2003). Ao mesmo tempo em que o florescimento é de suma importância para a produção de sementes comerciais por indução natural, tal fenômeno causa grandes perdas de produção de raízes comerciais. Raízes de cenoura rapidamente tornam-se muito lignificadas após vernalização natural, mesmo antes do alongamento do pedúnculo floral, de modo que o início da floração resulta em completa perda de valor comercial (Alessandro e Galmarini, 2007). Sendo assim, as cultivares que apresentaram altos valores de porcentagem de florescimento nesta época de plantio estão sujeitas a perdas de produção de raízes tuberosas. Em contrapartida os resultados de % FLOR apresentados em Diamantina mostram que este ambiente apresenta grande potencial para induzir o florescimento natural em plantas de cenoura, sendo um possível ambiente para produzir sementes através de vernalização natural pelo método semente-semente. Para a variável PRODC, nota-se que não houve interação significativa entre ambientes e cultivares e nem entre tratamentos (tabela 3). No entanto devemos considerar que apesar de não ter sido observada distinção entre as médias das cultivares pelo teste de Tukey, a diferença entre alguns genótipos chegou a ser de mais de 10 toneladas por hectare, valores que no ponto de vista comercial influenciam diretamente no lucro do produtor. Sendo assim temos como destaque em Couto de Magalhães as cultivares Planalto, Tornado e Kuronan que apresentaram PRODC acima de 50 t ha-1 e em Diamantina o destaque foi o genótipo Planalto com valor próximo a 38 t ha-1 (tabela 9). Tabela 9: Produtividade comercial de raízes (t.ha-1) da análise conjunta de cultivares de cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013. Cultivar Brasília Nantes Kuronan Esplanada Planalto Tornado CV (%) Couto de Magalhães de Minas 40,15 40,32 54,59 46,02 58,47 54,79 8,0 O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta. Diamantina 33,91 30,54 28,97 30,29 37,77 26,93 8,0 19 A única diferença significativa encontrada para a variável PRODC foi entre ambientes, com média superior para Couto de Magalhães de Minas (Tabela 6). Lopes et al. (2008), em Mossoró-RN e Carvalho et al. (2005), em Brasília-DF, realizaram ensaios também no período de outono-inverno, enquanto que Luz et al. (2009), em Uberlândia-MG realizaram ensaios no período de primavera-verão encontrando os seguintes valores médios de produtividades comerciais, 35,16; 24,93; e 25,59 kg ha-1 respectivamente, valores este que se encontram abaixo do observado em Couto de Magalhães de Minas (49,06) e entre o encontrado em Diamantina (31,40), o que mostra que os valores obtidos em Couto de Magalhães de Minas podem ser considerados elevados em comparação com outras regiões. Apesar da diferença entre ambientes para a variável PRODC, ainda assim os valores observados no cultivo em Diamantina são considerados expressivos por terem sido realizados em período desfavorável para a maioria das cultivares e por estarem acima da média de produtividade brasileira, que é de 28,0 t ha-1 (Embrapa, 2013). Outra questão importante deve ser levantada a respeito dos resultados observados nestes ambientes. Ao contrário do que se esperava a cv. importada Nantes, não se destacou das demais no cultivo de outono-inverno, mesmo em Diamantina onde a maioria das cultivares apresentaram altos valores de florescimento precoce, sendo assim, nestes locais, no cultivo de outono-inverno o recomendado não deve ser a utilização de sementes de cultivares importadas como Nantes e sim cultivares nacionais (supostamente recomendadas somente para o verão), por serem de menor valor aquisitivo e não apresentarem diferenças de PRODC em relação as importadas, o que reduziria consideravelmente os custos de produção neste período. CONCLUSÕES a) As cultivares que se destacaram foram Planalto, Tornado e Kuronan em Couto de Magalhães de Minas e Planalto em Diamantina. b) O desempenho agronômico das cultivares foi superior em Couto de Magalhães de Minas para a maioria das variáveis avaliadas, resultando em uma maior produtividade total e comercial de raízes. c) As condições edafo-climáticas de Diamantina provocam indução de florescimento na maioria das cultivares, causando perdas de produtividade comercial no cultivo de outono-inverno. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALESSANDRO, M.S.; GALMARINI, C.R. Inheritance of Vernalization Requirement in Carrot. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 132, p. 525–529, 2007. ANDRADE, F.F.; MELO, P.C.T.; MORO, J.R. Seleção massal em duas populações de cenoura do tipo „Brasília‟. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43. 2003, Recife: ABH (CD-ROM): Disponível em www.abhorticultura.com.br. BERNARDI, W.F.; FREITAS, J.A.; SILVA, V.A.R.; TULMANN NETO, A. Avaliação de espaçamentos de cenoura para os híbridos AF845 e AF750. Acta Scientiarum, v. 26, p. 125130, 2004. CARVALHO, A.M.; JUNQUEIRA, A.M.R.; VIEIRA, J.V.; REIS, A.; SILVA, J.B.C. Produtividade, florescimento prematuro e queima-das-folhas em cenoura cultivada em sistema orgânico e convencional. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 250-254, 2005. CARDOSO, A.I.I.; DELLA VECCHIA, P.T. Considerações sobre o florescimento prematuro e suas implicações para o melhoramento de cenoura para primavera. Horticultura Brasileira, v. 13, p. 146-149, 1995. CEAGESP. Cenoura: no caminho da modernização: relatório do ano de 2000, São Paulo: Programa brasileiro para a melhoria dos padrões comerciais e embalagens de hortigranjeiros. Disponível em: http://www.hortibrasil.org.br/jnw/images/stories/folders/cenoura.pdf. Acesso em: 3 de jan. 2013. CFSEMG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª Aproximação. Viçosa: Sbcs, 1999. 359 p. CPRM. Serviço Geológico do Brasil: relatório do ano de 2007, Brasília. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/rel_anual_2007.pdf/. Acesso em: 2 de fev. 2013. CRUZ, C.D.; CASTOLDI, F.L. Decomposição da interação genótipos x ambientes em partes simples e complexa. Revista Ceres, v. 38, p. 422-430, 1991. DUDA, C.; REGHIN, M.I. Efeito da época de semeadura em cultivares de cenoura. Ciências Exatas e da Terra, Ciência Agrárias e Engenharias, v. 6, p. 103-114, 2000. EMBRAPA HORTALIÇAS. Hortaliças em números: relatório do ano de 2008, Brasília: Embrapa hortaliças. Disponível em: http://www.cnph.embrapa.br/paginas/hortalicas_em_numeros/balanca_comercial_1997_2008. xls. Acesso em: 24 de jan. 2013. 21 EMBRAPA HORTALIÇAS. Agência de informação Embrapa – cenoura: Relatório de 2011, Brasília: Embrapa hortaliças. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cenoura/arvore/CONT000gnhfy7ha02wx5ok0ed acxlso5fmok.html. Acesso em: 7 de fev. 2013. FAO. Agricultural production, primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org> Acesso em: 05 fev. 2013. FERREIRA, M.D.; CASTELLANE, P.D.; TRANI, P.E. Cultura da cenoura: recomendações gerais. 1991. 421 p. (Boletim Técnico Olericultura, 3) Guaxupé: Cooxupé. FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura. Viçosa: UFV, 2008. 402 p. FLOSS, E. Fisiologia de plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que se vê. Passo Fundo: UPF, 2006. 751 p. FONTES, P.C.R.; DIAS, E.N.; SILVA, D.J.H. da. Dinâmica do crescimento, distribuição de matéria seca e produção de pimentão em ambiente protegido. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 94-99, 2005. FREITAS, F.C.L.; ALMEIDA, M.E.L.; NEGREIROS, M.Z.; HONORATO, A.R.F.; MESQUITA, H.C.; SILVA, S.V.O.F. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura da cenoura em função do espaçamento entre fileiras. Planta Daninha, v. 27, p. 473-480, 2009. GALVANI, R. Variabilidade para florescimento prematuro em cenoura ‘Brasília’ no cultivo de outono-inverno. 2008. 65 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu. 2008. HUNT, R.; CAUSTON, D.R.; SHIPLEY, B.; ASKEW, A.P. Basic growth analysis. London: Unwin Hyman, 1990. 112 p. INMET. Dados históricos: Relatório do ano de 2012, Brasília: INMET, 2012. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep. Acesso em: 15 set. 2012. LARIOS, A.L.; DIAZ, C.A; TORREGOZA, M.C.; MARTINEZ, O.W. Estabilidad fenotípica y adaptabilidad de cinco híbridos de sorgo granífero en clima caliente colombiano. I. Rendimento. Revista ICA, Medellín, v. 27, p. 293-303, 1992. LIMA, C.B.; ATHANÁZIO, J.C. Caracterização comercial de raízes de cenoura de seis ciclos de seleção da variedade „Londrina‟. Semina: Ciências Agrárias, v. 29, p. 507-514, 2008. LOPES, W.A.R.; NEGREIROS, M.Z.; TEÓFILO, T.M.S.; ALVES, S.S.V.; MARTINS, C.M.; NUNES, G.H.S.; GRANGEIRO, L.C. Produtividade de cultivares de cenoura sob diferentes densidades de plantio. Revista Ceres, v. 55, p. 482-487, 2008. 22 LUZ, J.M.Q.; SILVA JÚNIOR, J.A.; TEIXEIRA, M.S.S.C.; SILVA, M.A.D.; SEVERINO, G.M.; MELO, B. Desempenho de cultivares de cenoura no verão e outono-inverno em Uberlândia-MG. Horticultura Brasileira, v. 27, p. 96-99, 2009. KVET, J.; ONDOK, J.P.; NECAS, J.; JARVIS, P.G. Methods of growth analysis. In: SESTÁK, Z.; CATSKÝ, J.; JARVIS, P.G. (Eds.). Plant photosynthetic production: manual of methods. The Hague : W. Junk, 1971. p. 343-391. PESSOA, H.B.S.; CORDEIRO, C.M.T. Avaliação de cultivares de cenoura no outono inverno no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v. 15, p. 72-74, 1997. PIMENTEL-GOMES, F. Curso de estatística experimental. Piracicaba: Nobel, 2000. 477 p. REGAZZI, A.J.; SILVA, C.H.O. Teste para verificar a identidade de modelos de regressão e a igualdade de parâmetros no caso de dados de delineamentos experimentais. Revista Ceres, v. 46, p. 383‑409, 1999. RESENDE, F.V.; SOUZA, L.S.; OLIVEIRA, P.S.R.; GUALBERTO R. Uso de cobertura morta vegetal no controle da umidade e temperatura do solo, na incidência de plantas invasoras e na produção da cenoura em cultivo de verão. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, p. 100-105, 2005. SILVA, A.A.; SILVA, J.F. Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa: UFV, 2007. 45 p. SILVA, G.O.; CARVALHO, A.D.F.; VIEIRA , J.V.; FRITSCHE-NETO, R. Adaptabilidade e estabilidade de populações de cenoura. Horticultura Brasileira v. 30, p. 80-83, 2012. TAIZ, L.; ZEIGER, E. 2009. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2009. 217 p. TECNOSEED. Produtos: Cenoura híbrida Tornado: relatório do ano de 2010, Ijuí: Tecnoseed, 2010. Disponível em: http://www.tecnoseed.com.br/produtos.php?tit=CENOURA&t=&log=n&filtro=cenoura Acesso em: 2 de fev. 2013. TEÓFILO, T.M. S.; FREITAS, F.C.L.; NEGREIROS, M.Z.; LOPES, W.A.R.; VIEIRA, S.S. 2009. Crescimento de cultivares de cenoura nas condições de Mossoró-RN. Caatinga, v. 22, p. 168-174, 2009. VIEIRA, J.V.; SILVA, G.O.; CHARCHAR, J.M.; FONSECA, M.E.N.; SILVA, J.B.C.; NASCIMENTO, W.M.; BOITEUX, L.S.; PINHEIRO, J.B.; REIS, A.; RESENDE, F.V.; CARVALHO, A.D.F. 2012. BRS Planalto: cultivar de cenoura de polinização aberta para cultivo de verão. Horticultura Brasileira, v. 30, p. 359-363, 2012. 23 VIEIRA, J.V.; SILVA, J.B.C.; CHARCHAR, J.M.; RESENDE, F.V.; FONSECA, M.E.N.; CARVALHO, A.M.; MACHADO, C.M.M. 2005. Esplanada: cultivar de cenoura de verão para fins de processamento. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 851-852, 2005. VIEIRA, J.V. Desenvolvimento de cultivares e populações de cenoura com resistência às principais doenças da cultura e melhor qualidade da raiz: Projeto MP2 – 440/02. 2003. 63 p. Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças, Brasília. VIEIRA, J.V.; PESSOA, H.B.S.V.; MAKISHIMA, N. A cultura da cenoura (Coleção plantar; 43). 1999. 77 p. Embrapa Hortaliças, Brasília. VIEIRA JV; DELLA VECHIA PT; IKUTA H. Cenoura „Brasília‟. Horticultura Brasileira v. 1, p. 42, 1983. VILELA, N.J.; BORGES, I.O. Retrospectiva e situação atual da cenoura no Brasil (Circular Técnica, 59). 2008. 10 p. Embrapa Hortaliças, Brasília. 24 ANEXO