UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E
MUCURI – UFVJM
GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA
AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES
DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO
JEQUITINHONHA, MG
DIAMANTINA - MG
2013
GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA
AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES
DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO
JEQUITINHONHA, MG
Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação Stricto Sensu em Produção Vegetal da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Produção Vegetal, área de
concentração Produção Vegetal, para obtenção do
título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. José Sebastião Cunha Fernandes
DIAMANTINA - MG
2013
Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecária Viviane Pedrosa
CRB6-2641
P436a
2013
Pereira, Gustavo Antônio Mendes
Avaliação de produção e florescimento de cultivares de cenoura em
duas regiões distintas do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. – Diamantina:
UFVJM, 2013.
37 f.
Orientador: José Sebastião Cunha Fernandes
Coorientador: Valter Carvalho de Andrade Júnior
Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Faculdade de Ciências
Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
1. Daucus carota L. 2. Genótipos 3. Produtividade 4. Análise conjunta 5.
Análise de crescimento I. Título.
CDD 575
Elaborada de acordo com dados fornecidos pelo (a) autor (a)
GUSTAVO ANTÔNIO MENDES PEREIRA
AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE CULTIVARES
DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE DO
JEQUITINHONHA, MG
Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação Stricto sensu em Produção Vegetal da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Produção Vegetal, área de
concentração Produção Vegetal, para obtenção do
título de “Mestre”.
APROVADA em 28 / 02 / 2013
Prof. Dr. Ernani Clarete da Silva– UFSJ
Membro
Prof. Dr. Evander Alves Ferreira – UFVJM
Membro
Prof. Dr. José Sebastião Cunha Fernandes – UFVJM
Presidente
DIAMANTINA - MG
2013
OFEREÇO
Aos meus pais, Antônio e
Terezinha, aos meus irmãos
Gualter e Guilherme, ao caro
prof. Dr. José Sebastião Cunha
Fernandes pela oportunidade e
pelo apoio crucial para o
desenvolvimento deste trabalho,
e a todos os familiares e amigos,
que sempre me apoiaram.
DEDICO
A Deus e todas as pessoas que tornaram
possível a conclusão deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus por me dar saúde e sabedoria para a conclusão de mais essa etapa da minha vida.
A meu pai e minha mãe, minha força e minha luz, que sempre torceram pela minha
vitoria sem medir esforços para que isso acontecesse.
Aos meus irmãos Gualter e Guilherme pelo carinho e incentivo.
À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), pela
oportunidade de realização do curso e pela contribuição à minha formação acadêmica.
Ao professor Dr. José Sebastião Cunha Fernandes, pela amizade, orientação e
exemplo de profissional.
Ao professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, pela amizade, conselhos e por estar
sempre disposto a ajudar quando precisei.
Ao Dr. Evander Alves Ferreira pela orientação, confiança e companheirismo durante
todo período do mestrado e por estar sempre me incentivando a continuar nesse caminho.
Ao professor Ernani Clarete da Silva por participar desta banca estando disposto a dar
suas contribuições a este trabalho.
Ao doutorando Daniel Valadão Silva, pela amizade e incentivo durante toda minha
vida acadêmica.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, pelos
ensinamentos durante as disciplinas cursadas.
A todos os meus familiares, pelo incentivo.
Agradeço ao meu amigo Maxwel Coura Oliveira pelos anos de amizade e pelo
companheirismo durante a condução deste trabalho.
Aos amigos do grupo de olericultura, Altino, Amanda, Marcus, Bárbara, Samuel
(Avatar) e Jorge, por sempre estarem dispostos a ajudar na condução dos experimentos.
Aos amigos do Manejo Sustentável de Plantas Daninhas, deixo meu agradecimento
pelas constantes ajudas nos experimentos e pela amizade.
A todos meus amigos pelo companheirismo, confiança e amizade demonstrados ao
longo dos anos. Em especial ao Felipe (Fi), Rafael (Torú), Miguel, Renan e Cristiano, por
sempre se fazerem presentes comigo. E aos companheiros de república (Luz Vermelha),
Bruno, Jeferson e Felipe Santana que mesmo não tendo envolvimento na área da pesquisa,
foram de grande ajuda na condução.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela
concessão de Bolsa de Estudo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio
financeiro na execução deste trabalho.
Aos colegas do curso, pelo constante apoio e consideração.
A quem torceu pela minha vitória.
Obrigado a todos!
i
RESUMO
PEREIRA, G. M. P. AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO E FLORESCIMENTO DE
CULTIVARES DE CENOURA EM DUAS REGIÕES DISTINTAS DO ALTO VALE
DO JEQUITINHONHA, MG. 2013. 37 p. (Dissertação - Mestrado em Produção Vegetal) –
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2013.
O sucesso na exploração comercial de raízes de cenoura depende da escolha de cultivares com
boa adaptação às condições edáficas e climáticas no local onde será cultivada e com boa
aceitação pelo mercado consumidor. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho
de cultivares de cenoura no cultivo de outono-inverno em dois municípios com características
edafo-climáticas distintas do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. Os experimentos foram
conduzidos na Fazenda Rio Manso, município de Couto de Magalhães de Minas, MG e no
Campus JK, município de Diamantina, MG. Foram avaliadas seis cultivares de cenoura
(Brasília, Nantes, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado) num delineamento experimental
em blocos ao acaso com três repetições. Para a evolução do crescimento, a partir do dia do
desbaste (35 dias após semeadura), até o dia da colheita (100 dias após semeadura), foram
avaliadas semanalmente as seguintes características: altura da parte aérea, comprimento de
raiz, massa seca de raiz, massa seca total, índice de colheita e produtividade total. Estas
mesmas características, acrescidas da produção comercial, foram consideradas para
representarem a produção final. As cultivares que se destacaram foram Planalto, Tornado e
Kuronan em Couto de Magalhães de Minas e Planalto em Diamantina. O desempenho
agronômico das cultivares foi superior em Couto de Magalhães de Minas para a maioria das
variáveis avaliadas, resultando em uma maior produtividade total e comercial de raízes. As
condições edafo-climáticas de Diamantina provocam indução de florescimento na maioria das
cultivares, causando perdas de produtividade comercial no cultivo de outono-inverno.
Palavras-chave: Daucus carota L., produtividade de raiz, ambiente, florescimento.
ii
ABSTRACT
PEREIRA, G. M. P. CARROT YIELDING AND FLOWERING ON TWO
JEQUITINHONHA VALLEY SITES. 2013. 37 p. Dissertation (Masters in Vegetable
Production) – Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri Valley, Diamantina, 2013.
Growing and trading carrots depends upon choosing cultivars with good adaptability on the
region where they grow and good acceptance by the consumers. This work aimed to evaluate
the performance of autumn-winter carrot cultivars growing in two diverse regions on
Jequitinhonha Valley: Fazenda Rio Manso – UFVJM, in Couto de Magalhães de Minas and
Campus II – UFVJM, in Diamantina. Six cultivars (Brasília, Nantes, Kuronan, Esplanada,
Planalto e Tornado) were evaluated in a randomized block design with three replications. The
evaluations were carried out weekly from 35th up to 100th day after sowing, on the traits: plant
height; root length; weight of dry roots; total dry weight; harvest index; and total yielding.
These traits, plus the commercial weight, were evaluated after harvest (at the 100th day). The
cultivars Planalto, Tornado and Kuronan had the best performance In Couto de Magalhães
while in Diamantina only Planalto exceeded. Couto de Magalhães showed better performance
than Diamantina for any cultivar in almost all evaluated traits. Early flowering on most of the
cultivars in Diamantina resulted in a significant loss of commercial weight, supposedly as a
consequence of its low temperature.
Key words: Daucus carota L.; root yielding; environment; flowering
iii
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Altura da parte aérea (I e II), comprimento de raiz (III e IV) e massa seca de
raiz (V e VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina
respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM,
Diamantina, MG, 2013.
Figura 2 - Massa seca total (I e II), índice de colheita (III e IV) e produtividade (V e
VI), em Couto de Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao
longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina, MG,
2013.
Figura 1-
11
14
iv
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1
Temperaturas máximas, mínimas, médias (°C) e precipitação pluviométrica
(mm), no período de condução dos experimentos para os municípios de
Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente aos meses
de maio a novembro de 2011. Dados do INMET. UFVJM, Diamantina, MG,
2013.
Tabela 2
5
Composição química e física de amostras de solos da camada de 0-20 cm de
profundidade do solo das áreas experimentadas nos municípios de
Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano
2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Tabela 3
7
Fontes de variação com respectivos graus de liberdade e quadrados médios,
para uma análise de variância conjunta com sete variáveis e uma análise de
variância individual com uma variável, em cultivares de cenoura nos
municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG,
referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Tabela 4
Equações de regressão das variáveis em estudo para os munícipios de Couto
de Magalhães de Minas, MG e Diamantina, MG, referente ao ano 2011.
UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Tabela 5
9
10
Médias de altura da parte aérea (cm) da análise conjunta de cultivares de
cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de
Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Tabela 6
12
Médias de produtividade total (PRODT); comprimento de raiz (COMP);
índice de colheita (IC); diâmetro total (DIAM); e produtividade comercial
(PRODC) da análise conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de
Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano
2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Tabela 7
13
Médias de massa seca de raiz (MSR); massa seca total (MST); diâmetro
(DIAM); e produtividade de raízes (PRODT) da análise conjunta de
cultivares de cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de
Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG,
2013.
15
v
Tabela 8
Percentagem de florescimento de cultivares de cenoura aos 100 dias após
semeadura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de
Minas, MG, UFVJM, Diamantina, 2013.
17
Produtividade comercial de raízes (t.ha-1) da análise conjunta de cultivares de
cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de
Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
18
vi
SUMÁRIO
RESUMO.…………………………………………………………………………….
Pág.
i
ABSTRAT….…………………………………………………………………………
ii
LISTA DE FIGURAS.….…………………………………………………………….
iii
LISTA DE TABELAS.……………………………………………………………….
iv
1 INTRODUÇÃO………...…………………………………………………………..
01
2 REFERENCIAL TEÓRICO…..………........................…………………………....
02
2.1 Produções no Brasil e no mundo.......................................................................
2.2 Escolha da cultivar a cada época de semeadura................................................
02
3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................
3.1 Características dos genótipos utilizadas............................................................
04
3.1.1 Brasília.....................................................................................................
05
3.1.2 Nantes.......................................................................................................
05
3.1.3 Kuronan....................................................................................................
05
3.1.4 Esplanada.................................................................................................
06
3.1.5 Planalto.....................................................................................................
06
3.1.6 Tornado....................................................................................................
06
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................
09
CONCLUSÃO..............................................................................................................
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................
21
ANEXO.........................................................................................................................
25
03
05
1 INTRODUÇÃO
Considerando-se o consumo, a extensão da área plantada e valor socioeconômico, a
cenoura (Daucus carota L.) pode ser colocada entre as mais importantes olerícolas do mundo
(Freitas et al., 2009).
Atualmente é a quarta hortaliça mais cultivada no Brasil, com uma produção estimada
de 756 mil toneladas. A produtividade média brasileira, estimada em de 28 t ha-1, pode ser
considerada baixa quando comparada com regiões que têm alcançado valores de até 80 t ha-1
como em São Gotardo, MG e Brasília, DF (Embrapa, 2012). Esta baixa produtividade se deve
ao plantio de cultivares não adaptadas e à utilização de práticas como nutrição mineral e
densidade de plantio inadequadas, entre outros (Lopes et al., 2008).
Trata-se de uma espécie de clima ameno que, após o lançamento no mercado de
cultivares nacionais, passou a ser cultivada no país praticamente durante o ano todo (Silva et
al., 2012). Entretanto, fatores como temperatura, umidade relativa do ar, fotoperíodo, época
de colheita e preferência do mercado consumidor, devem ser observados na escolha da
cultivar adequada a cada região e época de semeadura, a fim de se obter sucesso na
exploração comercial de suas raízes (Duda e Reghin, 2000).
Geralmente, no período de outono e inverno são utilizadas tradicionalmente as
cultivares importadas do grupo Nantes e na primavera e verão as cultivares nacionais
Kuronan, Brasília, Kuroda e mais recentemente as cultivares Prima, Esplanada e Planalto
(Reghin e Duda, 2000; Vieira et al., 2005; Vieira et al., 2012). Tal divisão se deve aos altos
valores de florescimento precoce apresentados por cultivares nacionais no plantio em épocas
frias e a alta incidência de doenças nas folhas e baixa resistência ao calor apresentadas por
cultivares importadas no plantio em épocas quentes.
A recomendação de genótipos para extensas faixas de ambientes com base na média
de suas produtividades, ou seja, sem considerar a adaptação específica de cada genótipo em
cada ambiente, é uma decisão que facilita sobremaneira o trabalho do melhorista. Entretanto,
para características onde os efeitos da interação genótipo por ambiente são importantes, tal
prática pode causar grandes perdas pela não capitalização destas interações em cada ambiente
específico. Este é um aspecto que dificulta a recomendação de genótipos para regiões que
abrangem características edáficas e climáticas distintas (Cruz e Castoldi, 1991).
Existem diferenças microclimáticas dentro de uma mesma zona agrícola com
condições ecológicas aparentemente semelhantes. Os efeitos destas diferenças sobre o
desempenho de determinada cultura podem ser avaliados pela interação genótipo por
2
ambiente. Portanto, antes de se fazerem recomendações definitivas de genótipos em distintos
locais, são necessárias realizações de suficientes provas de seus respectivos desempenhos
(Larios et al., 1992). A análise de crescimento de comunidades vegetais é um dos primeiros
passos na análise de produção primária, caracterizando-se como o elo entre o simples registro
do rendimento das culturas e a análise destas por meio de métodos fisiológicos, podendo ser
utilizada para conhecer a adaptação ecológica das plantas a novos ambientes (Kvet et al.,
1971).
Os princípios e as práticas da análise de crescimento têm como objetivo descrever e
interpretar o desempenho de uma espécie crescendo em condições de campo ou em ambiente
controlado (Hunt, 1990). Normalmente, a medida sequencial do acúmulo de matéria orgânica,
considerando-se o peso das partes secas da planta (frutos, caule, folhas e outros) é o
fundamento da análise de crescimento (Fontes et al., 2005).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de cenoura no
cultivo de outono-inverno em dois municípios com características edafo-climáticas distintas
do Alto Vale do Jequitinhonha, MG.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A cenoura (Daucus carota L.) é uma hortaliça da família Apiaceae, do grupo das
raízes tuberosas, cujo centro de origem é a região do Himalaia, Afeganistão. É uma cultura de
alta expressão econômica, considerada a principal hortaliça-raiz em valor alimentício, rica em
vitaminas (principalmente pró-vitamina A) e sais minerais, sendo largamente empregada na
dieta alimentar brasileira.
2.1 Produções no Brasil e no mundo
Os maiores produtores mundiais de cenoura são a China, os Estados Unidos e a Rússia
(Vieira et al., 1999). Segundo a FAO (2013), a produção mundial em 2008, foi de 27,38
milhões de toneladas, cultivadas em área de 1,22 milhões de hectares, o que proporcionou
produtividade média de 22,4 t ha-1.
No Brasil a cenoura é cultivada em grande escala nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul
com uma área de cerca de 26 mil hectares com produção de 784 mil toneladas de raízes, o que
representa 2,85 % da produção mundial (Embrapa Hortaliças, 2013). No Estado de São Paulo,
principal estado produtor, destacam-se as regiões de Paranapiacaba (abrangendo
principalmente os municípios de Piedade e Ibiúna), Grande São Paulo (município de Mogi
das Cruzes) e São José do Rio Pardo. Em Minas Gerais destacam-se, na região do Alto
3
Paranaíba, os municípios de São Gotardo, Rio Paranaíba e Matutina, que são responsáveis por
praticamente todo o cultivo no estado. Realizado em extensas áreas e com aplicação de alto
nível de tecnologia, esta região é responsável pela produção de cerca de 50% da cenoura
comercializada no Brasil (Vieira, 2003). Outros Estados com destaque são: Paraná, Rio
Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina (Ferreira, 1991). A região do Alto Vale do
Jequitinhonha, MG, não apresenta nenhum registro de produção de cenoura em larga escala,
sendo sua produção concentrada na agricultura familiar e suprida em parte por grandes
centros de distribuição.
2.2 Escolha de cultivares para cada época de semeadura
Várias características são levadas em consideração na seleção de uma cultivar para ser
lançada no mercado: produtividade, exigência de mercado consumidor, cor, tamanho, teor de
açúcar, resistência a pragas e doenças, precocidade, teor de proteína e vitamina (Luz et al.,
2009).
No Brasil, até meados de 1980, devido à ocorrência da queima-das folhas (Alternaria
dauci + Cercospora carotae + Xanthomonas campestris pv. carotae.), o cultivo de cenoura na
época chuvosa de verão exigia a aplicação quase diária de fungicidas, chegando a 50
aplicações durante o seu ciclo, estimado em 120 dias. Consequentemente, baixas
produtividades e elevados custos de produção gerados por aplicações excessivas de
agrotóxicos tornavam baixa a rentabilidade da cultura. Assim sendo, devido aos fatores
supracitados, o cultivo da cenoura em época chuvosa era limitado em área e produtividade,
reduzindo a oferta do produto e inflacionando o seu preço. Os agrotóxicos e as sementes
importadas eram os componentes que mais oneravam os custos finais da produção, e assim os
lucros auferidos não estimulavam a expansão das áreas existentes e os baixos volumes
produzidos não atendiam a demanda interna do produto (Vilela e Borges, 2008).
O lançamento da cultivar de cenoura Brasília, pela Embrapa Hortaliças e ESALQ em
1981, mudou o agronegócio de cenoura no país, impulsionou a produção interna e regularizou
o abastecimento ao decorrer do ano, pois tornou possível o cultivo em regiões antes não
cultivadas, como por exemplo no Nordeste brasileiro e no verão nas demais regiões. Mas
ainda existe a dependência de sementes provenientes de outros países para suprir a demanda
nacional, principalmente na semeadura em estações mais frias, dada a maior resistência de
cultivares importadas ao florescimento precoce. No entanto a recomendação de cultivares
específicas para cada época de semeadura é feita apenas baseada na média de algumas
4
regiões, sem levar em consideração a existência de microclimas que possibilitem o cultivo de
cultivares nacionais em períodos de temperaturas mais frias, sendo que ainda os gastos no
processo de importação de sementes são da ordem de 2 milhões de reais ao ano (Filgueira,
2008).
3 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em campo em dois locais: a) Fazenda Experimental Rio
Manso da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, localizada
no município de Couto de Magalhães de Minas, MG, (18°07‟S e 43°47‟W; 726 m de
altitude), índice pluviométrico médio anual de 1.269 mm (CPRM, 2013), temperatura média
anual de 19,4°C e solo classificado como Latossolo Vermelho Distrófico, argiloso e
geralmente mal drenado; b) Setor de Olericultura da UFVJM - Campus JK, localizado no
município de Diamantina, MG, (18°12'S e 43°34'W; 1387 m de altitude) com temperatura
média anual de 18°C, índice médio pluviométrico anual de 1404,7 mm, com clima Cwb,
segundo a classificação Köppen, ou seja, temperado úmido, com inverno seco e chuvas no
verão, localizado sobre um Neossolo Quartzarênico Órtico Típico, arenoso e moderadamente
drenado. Na tabela 1 encontram-se as temperaturas mínimas, máximas, médias, e precipitação
pluviométrica, avaliados no período para os dois municípios.
Tabela 1 - Temperaturas máximas, mínimas, médias (°C) e precipitação pluviométrica (mm),
no período de condução dos experimentos para os municípios de Diamantina, MG e Couto de
Magalhães de Minas, MG, referente aos meses de maio a novembro de 2011. Dados do
INMET. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Variável
Temperatura
Máxima
Temperatura
Mínima
Temperatura
Média
Precipitação
Fonte: INMET, 2012.
Local
Diamantina
Couto de M.
Diamantina
Couto de M.
Diamantina
Couto de M.
Diamantina
Couto de M.
Mai
21,5
25,2
11,4
12,0
16,5
18,6
0,4
0,3
Jun
22,2
26,4
12,1
12,1
17,1
19,2
0,3
0,01
Ano de 2011
Jul
Ago
Set
22,3 25,4 25,2
26,6 29,5 29,1
11,4 13,0 12,5
10,9 11,3 11,5
16,9 19,2 18,8
18,7 20,4 20,3
0,01
0,5
0,1
5,7
0,01 0,01
Out
Nov
23,1 22,8
27,1 26,2
14,5 14,3
16,9 17,2
18,8 18,6
22,0 21,7
178,8 342,5
82,6 269,4
5
O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados completos, com três
repetições. Os tratamentos utilizados foram seis cultivares de cenoura (Brasília, Nantes,
Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado).
3.1 Características das cultivares utilizadas
3.1.1 Brasília
Apresenta folhagem vigorosa com coloração verde escura e porte médio de 25 a 35 cm
de altura. As raízes são cilíndricas, com coloração alaranjada clara e baixa incidência de
ombro verde. As dimensões médias das raízes variam de 15 a 20 cm em comprimento por 2 a
3 cm em diâmetro. O ciclo da semeadura à colheita é de 85 a100 dias. Apresenta resistência
ao calor, boa resistência de campo à Requeima de Alternária e resistência ao pendoamento
prematuro para semeaduras de outubro a fevereiro. A cultivar apresenta uma produtividade
média de 30 t ha-1 (Vieira et al., 1983).
3.1.2 Nantes
Cultivar importada que apresenta folhagem verde escura, podendo atingir até 30 cm
de altura; raízes de formato cilíndrico com 15 a 18 cm de comprimento, 3 a 4 cm de diâmetro
e coloração alaranjada escura. Esta cultivar é muito sensível às doenças de folhagem, não
sendo recomendável o seu cultivo em estação chuvosa e quente. Por sua exigência em
temperaturas amenas é recomendada para plantio em época fria. Seu ciclo vegetativo é de 90
a 110 dias. Existem diversas cultivares deste grupo disponíveis no mercado (Embrapa
Hortaliças, 2013).
3.1.3 Kuronan
Apresenta folhagens vigorosas, com coloração verde clara brilhante, com 35 a 45 cm
de altura. As raízes são ligeiramente cônicas de coloração alaranjada escura e baixa incidência
de ombro verde ou roxo. O comprimento das raízes varia entre 15 e 20 cm e o diâmetro entre
3 e 4 cm. Resiste bem ao calor, apresentando baixos níveis de florescimento prematuro sob
condições de dias longos. Apresenta boa resistência de campo à queima-das-folhas, e produz
em média 30 t/ha quando semeada em estação quente e chuvosa. A colheita inicia-se 95 a 120
dias após a semeadura. É recomendada para semeaduras de novembro a março na região
Sudeste do Brasil (Embrapa Hortaliças, 2013).
6
3.1.4 Esplanada
Apresenta alta resistência à queima-das-folhas, produz raízes de formato cilíndrico,
alongadas e finas, com aproximadamente 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, com
coloração externa alaranjada intensa, coloração interna alaranjada e uniformemente
distribuída entre o xilema e floema e baixa incidência de ombro verde. A produtividade obtida
nas principais regiões de produção é de 30-35 t ha-1, o que possibilita a obtenção de cerca de
10 a 12 t ha-1 de cenourete. É recomendada para o plantio em sistemas de produção
convencional e orgânico no verão, sendo a colheita realizada aos 90 dias após o semeio,
visando à produção de maior número de raízes finas, que são mais adequadas para a produção
de cenourete (Vieira et al., 2005).
3.1.5 Planalto
Apresenta coloração de raiz laranja escura quando comparada com „Brasília‟,
resultado do maior acúmulo de β-caroteno. Manifesta baixa incidência de florescimento
precoce no verão. Reduzida presença de halo branco e coloração alaranjada intensa, com
pouco ombro verde e roxo, lisas, com formato cilíndrico e ponta arredondada. Apresenta alta
resistência aos nematoides formadores de galhas nas raízes. Essa cultivar apresenta ainda
formato padronizado das raízes, comprimento de raiz variando de 16 a 20 cm e diâmetro
médio de 2,5 cm. A produtividade média esperada é de 50 a 60 t ha-1 de raízes comerciais
(Vieira et al., 2012).
3.1.6 Tornado
É uma cultivar recomendada para qualquer época de plantio com um ciclo e 110 a 130
dias, altura da planta entre 40 a 50 cm e com boa tolerância a Alternaria. Possui plantas
vigorosas com folhas de coloração verde escura, muito tolerante a baixas temperaturas.
Apresenta raízes cilíndricas e alongadas (18 a 25 cm) de parede lisa, de coloração laranja
intenso com coração interno muito pequeno (Tecnoseed, 2013).
As áreas experimentais foram submetidas a uma aração e uma gradagem, em seguida
foram feitos canteiros, sendo as parcelas constituídas de uma área de 2 m², com 4 fileiras de
plantio, espaçadas por 0,24 m. A correção da acidez e a fertilização do solo foram feitas de
acordo com os resultados das análises de solo das áreas experimentais (Tabela 2) seguindo
critérios da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999).
7
Tabela 2: Composição química e física de amostras de solos da camada de 0-20 cm de
profundidade do solo das áreas experimentadas nos municípios de Diamantina, MG e Couto
de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Ambiente
Diamantina
Couto de M.
Ambiente
Diamantina
Couto de M.
pH
5,6
5
V
%
38
62
P
K
_mg/dm3 _
2,49 12,6
6,1 111
Ca
Mg
Al
H + Al
SB
T
T
3
_________________cmolc/dm _________________
0,7
0,45 0,12
1,9
1,18
3,08
1,3
2,4
1,2
0,02
2,4
3,89
6,29
3,91
Granulometria
Fe
Cu
Zn
Mn
B
Areia Silte Argila
__________mg/dm__________
______%_______
202 0,59 4,41 1,89 2,09
86
3
11
43,3 1,28 1,2
233 0,14
60
13
27
A semeadura nos dois locais foi realizada no dia 26 do mês de agosto de 2011 e os
experimentos foram irrigados duas vezes por dia durante todo o ciclo da cultura. O desbaste
foi efetuado aos 35 dias após semeadura, mantendo-se 5 cm de distância entre plantas na
fileira.
Cinco plantas por parcela foram amostradas semanalmente a partir do dia do desbaste
(35 dias após semeadura), até o dia da colheita (100 dias após semeadura), nas quais se
avaliaram as seguintes características: altura da parte aérea (ALT); comprimento de raiz
(COMP); massa seca da raiz (MSR), massa seca total (MST); índice de colheita (IC) =
(Rendimento econômico/Rendimento biológico)x100; e produtividade total (PRODT). O
índice de colheita (IC) foi calculado utilizando-se as seguintes fórmulas (Floss, 2006):
- Rendimento biológico (RB) = massa seca total (kg) x número de plantas por ha; e
- Rendimento econômico (RE) = massa seca de raiz (kg) x número de plantas por ha;
A ALT e COMP foram medidas utilizando uma régua graduada. Posteriormente, o
material vegetal colhido foi lavado em água destilada e seco em estufa com circulação forçada
de ar, a 70ºC, até peso constante. A determinação da MSR e MST foram realizadas em
balança eletrônica com precisão de 0,0001 g e a MST foi calculada somando-se as massas
secas de parte aérea e MSR. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância.
Dessa forma, para as cultivares foram escolhidos um modelo de regressão que melhor
explicou os efeitos das épocas de avaliação sobre as variáveis consideradas, e foram obtidas
através do software Sigmaplot®12.
As cultivares cujos modelos escolhidos foram idênticos foram agrupadas e seus
valores médios foram utilizados para ajustar a equação de regressão. Estas equações ajustadas
foram comparadas pelo teste de identidade de modelo para se verificar a hipótese de nulidade
8
de que as equações são iguais estatisticamente e quando nenhuma diferença significativa foi
encontrada entre os modelos, os mesmos foram agrupados e representados pela mesma linha
de tendência (Regazzi, 1999).
Para análise de rendimento final, na ocasião da colheita aos 100 dias após semeadura
(data média de colheita das cultivares), 10 plantas por parcela foram coletadas e avaliadas
para as seguintes características: ALT; COMP; diâmetro da raiz (DIAM); MSR; MST; IC e
PRODT. Para o calculo da PRODT utilizou-se a produção média de raízes obtida nas plantas
avaliadas multiplicadas pelo número de plantas previsto em um hectare. Os dados foram
submetidos à análise de variância conjunta e as médias, quando significativas pelo teste F,
foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Também aos 100 dias após semeadura avaliou-se a percentagem de florescimento (%
FLOR) que é a razão entre o número total de plantas que apresentaram emissão de haste floral
e o número total de plantas na parcela. Para o cálculo da produtividade comercial (PRODC),
retiraram-se da PRODT as raízes que apresentavam florescimento, sendo as variáveis %
FLOR e PRODC também submetidas à análise de variância conjunta e ao teste Tukey a 5%
de probabilidade, quando se encontrou diferença significativa no teste F.
A análise de variância para cada local foi feita considerando-se o modelo: yij = m + ti
+ bj + eij onde yij se refere ao valor observado do tratamento i na repetição j; m é a média
geral; ti é o efeito do tratamento i; bj é o efeito do bloco j; e eij é o efeito da parcela (erro)
associado ao tratamento i na repetição j. A análise de variância conjunta foi feita
considerando-se o modelo: yijk = m + ti + aj + taij + bk(j) + eik(j) onde yijk se refere à observação
k do tratamento i no ambiente j; ti é o efeito do tratamento i; aj é o efeito do ambiente j; taij é o
efeito da interação entre o tratamento i e o ambiente j; bk(j) é o efeito do bloco k dentro do
ambiente j; e eik(j) é o erro médio.
Nas variáveis em estudo, com exceção do florescimento, a relação entre o maior e o
menor quadrado médio do resíduo foi inferior a sete para os dois ambientes, atendendo ao
requisito para a execução e interpretação da análise de variância conjunta (Pimentel
Gomes,1990).
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo das análises de variância conjunta e individuais dos experimentos encontrase na tabela 3.
9
Tabela 3: Fontes de variação com respectivos graus de liberdade e quadrados médios, para
uma análise de variância conjunta com sete variáveis e uma análise de variância individual
com uma variável, em cultivares de cenoura nos municípios de Diamantina, MG e Couto de
Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
FV
GL
Bloc/Amb 4
Ambiente
1
Cultivares 5
Interação
5
Resíduo 20
FV
Bloco
Tratamento
Resíduo
ns, * e **
ALT
8,97 ns
3926,17**
51,19**
47,52**
7,91
GL
2
4
8
Quadrados médios para as variáveis avaliadas
COMP
MSR
MST
DIAM PRODT PRODC
2,04 ns 139,75 ns 166,41 ns 0,26 ns 21,26 ns 17,02 ns
86,86**
28,36 ns 567,51 ns 2,29** 900,14** 2805,4**
ns
9,60
788,01 * 1373,84* 0,52** 288,14* 123,9 ns
ns
2,47
247,65 ns 458,15 ns 0,11 ns 33,79 ns 111,9 ns
3,57
251,23
342,45
0,06
72,17
65,12
% FLOR
Couto de Magalhães de Minas
Diamantina
ns
4,29
14,71 ns
ns
1,54
285,80**
1,80
32,77
= não significativo, significativo a 5 e 1%, respectivamente.
Para a análise da ALT, para ajustar todas as equações de regressão utilizou-se nas
medições realizadas em Couto de Magalhães modelos lineares e em Diamantina modelos
quadráticos (Tabela 4). A diferença de modelos na adequação das equações nos ambientes
mostrou que as cultivares se comportaram de maneira diferente em cada ambiente, em Couto
de Magalhães as cultivares tiverem crescimentos lineares com maiores valores finais em
quanto que em Diamantina as plantas apresentaram estabilização de ALT (Figura 1, I e II)
(Tabela 4). Tal comportamento pode ser explicado pelos maiores valores de temperaturas
observadas em Couto de Magalhães de Minas. Segundo Taiz e Zeiger (2006), as taxas
fotossintéticas mais altas observadas em respostas à temperatura, as chamadas “temperaturas
ótimas” são o ponto em que as capacidades das várias etapas da fotossíntese estão otimamente
equilibradas, com algumas destas etapas tornando-se limitantes quando ocorrem variações de
temperatura. De acordo com Silva e Silva (2007), para a maioria das plantas C3, como a
cenoura, esta temperatura ótima se encontra próxima aos 25 °C, valor mais próximo das
temperaturas médias mensais encontradas em Couto de Magalhães de Minas (Tabela 1).
10
Tabela 4: Equações de regressão das variáveis em estudo para os munícipios de Couto de
Magalhães de Minas, MG e Diamantina, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina,
MG, 2013.
Local
Variável
Modelos ajustados
R2
Cultivares
0,9706
1,3,4,5,6
Yˆ = 7,304 + 0,921x
ALT
0,9883
2
Yˆ = 4,236 + 0,855x
0,9875
1,3,5
Yˆ = 3,82634 + 0,503x – 0,0036x²
COMP
0,9361
4
Yˆ = 4,262 + 0,54692x – 0,0042x²
ˆ
0,9458
2,6
Y = 2,476 + 0,559875x – 0,004x²
0,9775
1,4,5
Yˆ = 2,215 – 0,74227x + 0,0286x²
Couto de
MSR
0,9610
2,3,6
Magalhães
Yˆ = 1,5327 – 0,5403x + 0,0213x²
de Minas
0,9696
1,3,4,5
Yˆ = 1,8003 – 0,7386x + 0,0346x²
MST
0,9557
2,6
Yˆ = 1,573 – 0,56343x + 0,0243x²
ˆ
0,9975
1
Y = 0,889 – 0,3562x + 0,01891x²
PRODT
0,9683
2,4,6
Yˆ = 2,7196 – 0,6976x + 0,0246x²
0,9814
3,5
Yˆ = 2,88 – 0,794848x + 0,0307x²
IC
0,9610
Todas
Yˆ = 0,14016 + 1,35596x
0,9843
1,3,4,5
Yˆ = 5,988 + 1,0214x – 0,00913x²
ALT
ˆ
0,9831
2,6
Y = 4,514 + 0,9215x – 0,00787x²
COMP
0,9371
Todas
Yˆ = 7,753 + 0,321x
0,9112
2
Yˆ = 2,401 – 0,5738x + 0,01816x²
Yˆ = 3,5323 – 0,8281x + 0,0262x²
0,9423
1,3,4
MSR
ˆ
0,9448
5
Y = 4,3227 – 1,0325x + 0,0327x²
0,9229
6
ˆ
Y = 3,1043 – 0,7134x + 0,0211x²
Diamantina
MST
PRODT
IC
Yˆ = 3,822 – 0,8546x + 0,0302x²
Yˆ = 2,3075 – 0,5266x + 0,019x²
Yˆ = 4,16997 – 0,974x + 0,0351x²
Yˆ = 2,9357 – 0,65665x + 0,022x²
Yˆ = 1,180 – 0,3567x + 0,01791x²
Yˆ = 0,6745 – 0,25475x + 0,013x²
Yˆ = 1,3149 – 0,4541x + 0,0228x²
Yˆ = 1,07063 + 1,43362x
1 = Brasília; 2 = Nantes; 3 = Kuronan; 4 = Esplanada; 5 = Planalto; e 6 = Tornado.
0,9526
1,3,4
0,9130
0,9568
0,9515
2
5
6
0,9916
1,3,4,6
0,9637
0,9824
2
5
0,9795
Todas
11
I
60
Faz. Rio Manso
60
(A)
(B)
Campus JK
50
Altura de parte aérea (cm)
50
Altura de parte aérea (cm)
II
40
30
20
40
(A)
(B)
30
20
10
10
(A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Planalto
(B) Nantes e Tornado
(A) Brasília; Kuronan; Esplanada; Planalto; Tornado
(B) Nantes
0
0
0
7
14
21
28
35
42
49
56
0
63
7
14
21
28
35
42
49
56
63
Dias após desbaste
Dias após desbaste
III
30
IV
30
Faz. Rio Manso
Campus JK
(A)
25
(B)
(A)
(C)
20
Comprimento de raiz (cm)
Comprimento de raiz (cm)
25
15
10
(A) Brasília; Kuronan e Planalto
(B) Esplanada
(C) Nantes e Tornado
5
20
15
10
5
(A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto; Tornado
0
0
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
0
7
14
Dias após desbaste
21
28
35
42
49
56
V
VI
Faz. Rio Manso
Campus JK
60
50
(A)
40
(B)
(C)
50
Massa seca de raiz (g)
Massa seca de raiz (g)
60
30
20
63
Dias após desbaste
(A) Brasília; Esplanada e Planalto
(B) Nantes; Kuronan e Tornado
10
0
(B)
40
(D)
30
(A) Nantes
(B) Brasília; Kuronan e Esplanada
(C) Planalto
(D) Tornado
20
(A)
10
0
-10
-10
0
7
14
21
28
35
Dias após desbaste
42
49
56
63
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
Dias após desbaste
Figura 1. Altura da parte aérea (I e II), comprimento de raiz (III e IV) e massa seca de raiz (V e VI), em Couto de
Magalhães de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM,
Diamantina, MG, 2013.
12
Na comparação em cada ambiente observou-se que em Couto de Magalhães de Minas
as cultivares, Brasília, Kuronan, Esplanada, Planalto e Tornado, curva “A”, apresentaram
crescimento de ALT superiores significativamente a Nantes, curva “B” (Figura 1, I) (Tabela
4). Comportamento semelhante ocorreu em Diamantina, mas com destaque agora para as
cultivares Brasília, Kuronan, Esplanada e Planalto, que atingiram seu crescimento máximo
próximo aos 56 dias após desbaste, curva “A” (Figura 1, II) (Tabela 4).
A análise conjunta da ALT apresentou interação significativa entre ambientes e
cultivares (Tabela 3). Entre ambientes, observou-se que todos os genótipos em Couto de
Magalhães de Minas apresentaram estimativas superiores aos de Diamantina (Tabela 5). E na
análise entre cultivares, em Couto de Magalhães de Minas os maiores valores foram
encontrados para Brasília, sendo superior às cultivares, Nantes, Esplanada e Tornado. Na
mesma comparação realizada em Diamantina, o destaque foi os menores valores apresentados
pela cv. Nantes, que não se diferenciou apenas da cv. Brasília. Em ensaio realizado por Lopes
et al., (2008), em Mossoró-RN, os autores relataram que os genótipos que apresentaram maior
ALT, também obtiveram maiores desempenhos de produtividade.
Tabela 5: Médias de altura da parte aérea (cm) da análise conjunta de cultivares de cenoura
para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao
ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Culvivar
Brasília
Nantes
Kuronan
Esplanada
Planalto
Tornado
CV (%)
Couto de Magalhães
61,77 aA
50,85 aB
54,65 aAB
51,74 aB
57,49 aAB
51,21 aB
6,0
Diamantina
32,55 bAB
26,79 bB
34,99 bA
37,64 bA
34,79 bA
35,63 bA
6,0
Médias não seguidas pelas mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem, entre si, pelo teste
de Tukey a 5 % de probabilidade. O CV foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta.
Para a característica COMP todas as regressões em Couto de Magalhães de Minas
foram representadas pelo modelo quadrático (Tabela 4), com três grupos, curva “A”, “B” e
“C” (Figura 1, III) (Tabela 4), e em Diamantina nenhuma diferença foi encontrada entre
cultivares, sendo todas representadas por uma única linha de tendência linear, curva “A”
(Figura 1, IV). Tal comportamento observado em Diamantina pode ser atribuído às
características físicas do solo local, as porcentagens de areia são elevadas facilitando o
desenvolvimento das raízes das plantas (tabela 2). Já na avaliação conjunta somente foi
13
encontrada diferença entre ensaios, onde Diamantina apresentou maior média (Tabela 6).
Lima e Athanázio (2008), em Londrina-PR, Resende et al. (2005), em Marília-SP e Reghin e
Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, encontraram valores médios de 18,55; 17,46; e 13,2 cm,
respectivamente, valores abaixo dos observados em Couto de Magalhães de Minas (21,84 cm)
e Diamantina (24,95 cm). Os valores médios encontrados neste trabalho estão dentro da
“classe 22”, a classe que enquadra as raízes consideradas de maior comprimento para
comercialização (CEAGESP, 2013).
Tabela 6: Médias de produtividade total (PRODT); comprimento de raiz (COMP); índice de
colheita (IC); diâmetro total (DIAM); e produtividade comercial (PRODC) da análise
conjunta de cultivares de cenoura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de
Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Ambiente
Couto de Magalhães
Diamantina
PRODT (t.ha-1)
47,64 A
38,23 B
COMP (cm)
21,84 B
24,95 A
IC
72,91 B
81,55 A
DIAM (cm)
32,61 A
27,57 B
PRODC (t.ha-1)
49,06
31,40
A
B
CV (%)
26,0
8,0
6,0
8,0
20,0
Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade. O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta.
A MSR e MST apresentaram comportamentos semelhantes, mostrando que grande
parte dos fotoassimilados são direcionados para a produção de raízes (Figura 1, V e VI)
(Figura 2, I e II) (Tabela 4). O modelo quadrático foi utilizado em todas as regressões (Tabela
4), sendo que em Couto de Magalhães de Minas as cultivares que apresentam valores mais
elevados foram, Brasília, Esplanada e Planalto, representados pela curva “A”, apresentando
maior discrepância de valores a partir dos 28 DAD (Figura 1, V) (Tabela 4). O mesmo
comportamento foi observado em Diamantina, com as cultivares Brasília, Kuronan e
Esplanada, curva “B”, e Planalto, curva “C”, que se destacaram em relação a Nantes, curva
“A”, e Tornado, curva “D”, a partir dos 35 DAD (Figura 1, VI) (Tabela 4). Em ensaio
realizado em Mossoró-RN, Teófilo et al., (2009) observaram que as cultivares Alvorada e
Brasília apresentaram comportamento superior à cv. Esplanada, também a partir dos 35 DAD.
14
I
II
80
80
Faz. Rio Manso
Campus JK
(A)
(C)
60
(B)
(A)
Massa seca total (g)
Massa seca total (g)
60
40
20
40
20
0
(D)
(B)
(A) Brasília; Kuronan e Esplanada
(B) Nantes
(C) Planalto
(D) Tornado
0
(A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Planalto
(B) Nantes e Tornado
-20
-20
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
0
7
14
21
Dias após desbaste
28
35
42
49
56
63
Dias após desbaste
III
IV
Faz. Rio Manso
100
100
80
80
Índice de colheita
(A)
Índice de colheita
60
40
20
0
60
40
20
0
(A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto e Tornado
0
7
14
21
28
35
42
49
Campus JK
(A) Brasília; Nantes; Kuronan; Esplanada; Planalto e Tornado
56
63
0
7
14
21
Dias após desbaste
28
35
42
49
56
V
60
63
Dias após desbaste
VI
60
Faz. Rio Manso
Campus JK
(C)
50
50
(C)
(A)
-1
40
Produtividade (t.ha )
-1
Produtividade (ton/ha )
(B)
30
(A) Brasília
(B) Nantes; Esplanada e Tornado
(C) Kuronan e Planalto
20
10
40
(A)
(A) Brasília; Kuronan; Esplanada e Tornado
(B) Nantes
(C) Planalto
30
(B)
20
10
0
0
-10
-10
0
7
14
21
28
35
Dias após desbaste
42
49
56
63
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
Dias após desbaste
Figura 2. Massa seca total (I e II), índice de colheita (III e IV) e produtividade (V e VI), em Couto de Magalhães
de Minas e Diamantina respectivamente, ao longo do ciclo de crescimento das cultivares. UFVJM, Diamantina,
MG, 2013.
15
A única diferença observada na análise conjunta de MSR foi entre cultivares, onde o
genótipo Planalto apresentou os maiores valores se diferenciando das cultivares Nantes e
Tornado (Tabela 7). Observação semelhante também foi evidenciada por Teófilo et al.,
(2009), em Mossoró-RN, onde as cultivares que apresentaram comportamento mais
acentuados de crescimento foram superiores também na avaliação final de MSR.
Tabela 7: Médias de massa seca de raiz (MSR); massa seca total (MST); diâmetro (DIAM); e
produtividade de raízes (PRODT) da análise conjunta de cultivares de cenoura, para os
municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG, referente ao ano 2011.
UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Cultivar
Brasília
Nantes
Kuronan
Esplanada
Planalto
Tornado
CV (%)
MSR (g.pl-1)
41,77
33,14
39,34
45,77
62,72
30,68
38,0
AB
B
AB
AB
A
B
MST (g.pl-1)
53,09
42,31
51,18
61,94
80,90
39,30
34,0
B
C
B
A
A
C
DIAM (cm)
3,32
2,88
3,21
2,65
3,25
2,72
8,0
A
AB
A
B
A
B
PRODT (t.ha-1)
39,27 AB
35,43 B
47,06 AB
42,34 AB
54,04 A
49,83 AB
19,0
Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade. O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta.
As cultivares não apresentaram diferenças em relação ao IC para nenhum dos
ambientes pelo teste de identidade de modelo, sendo todas representadas pela mesma linha de
tendência. Nos dois ambientes o comportamento do índice foi linear e muito semelhante
(Figura 2, III e IV) (Tabela 4). E na análise conjunta, só foi encontrada diferença para
comparação entre ambiente onde Diamantina apresentou-se superior (Tabela 6).
Na análise conjunta de DIAM foi observada diferença entre cultivares, onde, Brasília,
Planalto e Kuronan se diferenciaram de Esplanada e Tornado (Tabela 7), e entre ambientes,
onde Couto de Magalhães foi superior à Diamantina (tabela 6). Bernardi et al. (2004), em
Bragança Paulista-SP e Reghin e Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, trabalhando em ensaios
com diferentes cultivares de cenoura também encontraram variações entre os genótipos para
esse caráter. Os menores valores encontrados para a cv. Esplanada podem ser explicados pelo
direcionamento no melhoramento genético desta cultivar para a produção de cenourete, o que
levou à formação de raízes mais finas (diâmetro <3 cm), garantindo maior rendimento na
produção industrial (Vieira et al., 2005). Já os baixos valores apresentados pela cv. Tornado
podem ser atribuídos ao maior ciclo deste genótipo (130 dias), sendo que as cultivares foram
16
colhidas aos 100 dias após semeadura, antes que este genótipo atingisse seu ciclo de colheita
(Tecnoseed, 2013).
O modelo quadrático foi o mais adequado em todas as equações de regressão para a
variável PRODT (Tabela 4). Em Couto de Magalhães de Minas, as cultivares Kuronan e
Planalto, curva “C”, apresentaram comportamento com valores mais altos (Figura 2, V). O
mesmo ocorreu em Diamantina, também com a cv. Planalto representada pela curva “C”
(Figura 2, VI) (Tabela 4).
Na análise conjunta de PRODT, não foi observada interação significativa entre
cultivares e ambientes, evidenciando a uniformidade na resposta dos materiais aos ambientes
avaliados para esta variável. No entanto em ensaios realizados por Vieira et al. (2012), em
cinco ambientes, os autores observaram interação significativa, os genótipos Esplanada e
Brasília apresentaram respostas diferentes aos ambientes analisados.
Entre ambientes foi encontrada diferença na análise conjunta de PRODT, Couto de
Magalhães de Minas apresentou valores superiores a Diamantina (Tabela 6). Também foi
encontrada diferença entre cultivares, onde as maiores estimativas foram observadas para o
genótipo Planalto, mas com diferença significativa apenas em relação à cv. Nantes (Tabela 7).
Vieira et al. (2012), encontraram valores médios superiores para a cv. Planalto nos ensaios
realizados em Brasília-DF, evidenciando o grande potencial produtivo desta nova cultivar. Já
a cv. Nantes apresentou resultados semelhantes aos encontrados nos ensaios realizados por
Luz et al. (2009) em Uberlândia-MG e Reghin e Duda (2000) em Ponta Grossa-PR, onde
também foi observado que este material foi o de menor desempenho em PRODT.
A cv. Nantes foi o único material que não apresentou % FLOR nos ambientes em
estudo, por este motivo foi retirado da análise de variância para este caráter (tabela 8). Este
genótipo é de origem francesa, possui exigência em temperaturas amenas e é recomendado
para plantio em épocas frias do ano, apresentando alta resistência ao florescimento prematuro,
principal problema no cultivo de outono - inverno no Brasil (Embrapa, 2013), sendo este o
mais provável motivo que resultou nos valores observados para esta cultivar.
Resultado semelhante de % FLOR para a cv. Nantes foi encontrado por Cardoso e
Della Vecchia (1995), em Bragança Paulista-SP, onde não observaram nenhuma incidência de
florescimento precoce em diferentes meses de semeadura durantes três anos consecutivos.
Portanto, quando cultivada em diferentes épocas de semeadura no Brasil, a cv. Nantes não
apresenta perdas de produtividade por florescimento precoce mesmo para ambientes com
temperaturas mais amenas como é o caso de Diamantina (Tabela 1).
17
Tabela 8: Percentagem de florescimento de cultivares de cenoura aos 100 dias após
semeadura para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG,
UFVJM, Diamantina, 2013.
Cultivar
Brasília
Kuronan
Esplanada
Planalto
Tornado
Média
CV (%)
Couto de Magalhães de Minas
0,28
1,53
2,13
1,24
1,89
1,41
95,0
Diamantina
11,68 B
24,03 AB
20,01 B
22,60 AB
38,60 A
23,38
24,0
Médias não seguidas pelas mesmas letras na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade.
A % FLOR em Couto de Magalhães de Minas não apresentou diferenças significativas
entre cultivares (Tabela 8). Pessoa e Cordeiro (1997), avaliando cultivares de cenouras
semeadas no cultivo de outono-inverno em Brasília-DF, região também de temperaturas mais
elevadas que Diamantina, encontraram resultados semelhantes. Já no cultivo em Diamantina
foram observadas diferenças significativas entre as cultivares, onde o genótipo Tornado
apresentou % FLOR superior às cultivares Brasília e Esplanada com valores próximos a 40%
de florescimento, sendo estes semelhantes aos encontrados por Reghin e Duda (2000), para o
genótipo Kuronan, em Ponta Grossa-PR, local também de clima ameno como Diamantina.
Segundo informações fornecidas pela empresa, não existe restrições relacionadas às
épocas de semeadura para o híbrido Tornado (Tecnoseed, 2013), sendo o único genótipo
utilizado nos ensaios sem restrições quanto à época de cultivo. No entanto este foi o material
que apresentou os maiores valores de porcentagem de florescimento precoce no cultivo em
Diamantina, o que pode torna-lo impróprio para a semeadura em estações mais frias por sofrer
grandes perdas de produção causada pelo florescimento precoce.
Dentre as cultivares avaliadas em Diamantina, a cv. Brasília foi a que apresentou os
menores valores de % FLOR (11,68%) (Tabela 8), no entanto, em trabalhos de Cardoso e
Della Vecchia (1995), em Brasília-DF e Reghin e Duda (2000), em Ponta Grossa-PR, os
valores encontrados foram de 32,7 e 27,3%, respectivamente, no mesmo mês de semeadura,
mostrando que este genótipo apresenta variabilidade para % FLOR no cultivo de outono –
inverno, como já comprovado no trabalho de Galvani (2008), conduzido em Botucatu-SP.
Isso ocorreu provavelmente porque grande parte das seleções da cv. Brasília disponíveis no
mercado estão geneticamente descaracterizadas, mostrando padrão varietal diferente do
originalmente descrito. Essa degeneração genética se deve, certamente, à falta de manutenção
18
dos estoques básicos de sementes adquiridos na Embrapa Hortaliças por algumas empresas do
setor sementeiro (Andrade et al., 2003).
Ao mesmo tempo em que o florescimento é de suma importância para a produção de
sementes comerciais por indução natural, tal fenômeno causa grandes perdas de produção de
raízes comerciais. Raízes de cenoura rapidamente tornam-se muito lignificadas após
vernalização natural, mesmo antes do alongamento do pedúnculo floral, de modo que o início
da floração resulta em completa perda de valor comercial (Alessandro e Galmarini, 2007).
Sendo assim, as cultivares que apresentaram altos valores de porcentagem de florescimento
nesta época de plantio estão sujeitas a perdas de produção de raízes tuberosas. Em
contrapartida os resultados de % FLOR apresentados em Diamantina mostram que este
ambiente apresenta grande potencial para induzir o florescimento natural em plantas de
cenoura, sendo um possível ambiente para produzir sementes através de vernalização natural
pelo método semente-semente.
Para a variável PRODC, nota-se que não houve interação significativa entre ambientes
e cultivares e nem entre tratamentos (tabela 3). No entanto devemos considerar que apesar de
não ter sido observada distinção entre as médias das cultivares pelo teste de Tukey, a
diferença entre alguns genótipos chegou a ser de mais de 10 toneladas por hectare, valores
que no ponto de vista comercial influenciam diretamente no lucro do produtor. Sendo assim
temos como destaque em Couto de Magalhães as cultivares Planalto, Tornado e Kuronan que
apresentaram PRODC acima de 50 t ha-1 e em Diamantina o destaque foi o genótipo Planalto
com valor próximo a 38 t ha-1 (tabela 9).
Tabela 9: Produtividade comercial de raízes (t.ha-1) da análise conjunta de cultivares de
cenoura, para os municípios de Diamantina, MG e Couto de Magalhães de Minas, MG,
referente ao ano 2011. UFVJM, Diamantina, MG, 2013.
Cultivar
Brasília
Nantes
Kuronan
Esplanada
Planalto
Tornado
CV (%)
Couto de Magalhães de Minas
40,15
40,32
54,59
46,02
58,47
54,79
8,0
O CV para cada variável foi estimado a partir do resíduo médio da análise conjunta.
Diamantina
33,91
30,54
28,97
30,29
37,77
26,93
8,0
19
A única diferença significativa encontrada para a variável PRODC foi entre ambientes,
com média superior para Couto de Magalhães de Minas (Tabela 6). Lopes et al. (2008), em
Mossoró-RN e Carvalho et al. (2005), em Brasília-DF, realizaram ensaios também no período
de outono-inverno, enquanto que Luz et al. (2009), em Uberlândia-MG realizaram ensaios no
período de primavera-verão encontrando os seguintes valores médios de produtividades
comerciais, 35,16; 24,93; e 25,59 kg ha-1 respectivamente, valores este que se encontram
abaixo do observado em Couto de Magalhães de Minas (49,06) e entre o encontrado em
Diamantina (31,40), o que mostra que os valores obtidos em Couto de Magalhães de Minas
podem ser considerados elevados em comparação com outras regiões.
Apesar da diferença entre ambientes para a variável PRODC, ainda assim os valores
observados no cultivo em Diamantina são considerados expressivos por terem sido realizados
em período desfavorável para a maioria das cultivares e por estarem acima da média de
produtividade brasileira, que é de 28,0 t ha-1 (Embrapa, 2013). Outra questão importante deve
ser levantada a respeito dos resultados observados nestes ambientes. Ao contrário do que se
esperava a cv. importada Nantes, não se destacou das demais no cultivo de outono-inverno,
mesmo em Diamantina onde a maioria das cultivares apresentaram altos valores de
florescimento precoce, sendo assim, nestes locais, no cultivo de outono-inverno o
recomendado não deve ser a utilização de sementes de cultivares importadas como Nantes e
sim cultivares nacionais (supostamente recomendadas somente para o verão), por serem de
menor valor aquisitivo e não apresentarem diferenças de PRODC em relação as importadas, o
que reduziria consideravelmente os custos de produção neste período.
CONCLUSÕES
a) As cultivares que se destacaram foram Planalto, Tornado e Kuronan em Couto de
Magalhães de Minas e Planalto em Diamantina.
b) O desempenho agronômico das cultivares foi superior em Couto de Magalhães de
Minas para a maioria das variáveis avaliadas, resultando em uma maior
produtividade total e comercial de raízes.
c) As condições edafo-climáticas de Diamantina provocam indução de florescimento
na maioria das cultivares, causando perdas de produtividade comercial no cultivo
de outono-inverno.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALESSANDRO, M.S.; GALMARINI, C.R. Inheritance of Vernalization Requirement in
Carrot. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 132, p. 525–529,
2007.
ANDRADE, F.F.; MELO, P.C.T.; MORO, J.R. Seleção massal em duas populações de
cenoura do tipo „Brasília‟. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43.
2003, Recife: ABH (CD-ROM): Disponível em www.abhorticultura.com.br.
BERNARDI, W.F.; FREITAS, J.A.; SILVA, V.A.R.; TULMANN NETO, A. Avaliação de
espaçamentos de cenoura para os híbridos AF845 e AF750. Acta Scientiarum, v. 26, p. 125130, 2004.
CARVALHO, A.M.; JUNQUEIRA, A.M.R.; VIEIRA, J.V.; REIS, A.; SILVA, J.B.C.
Produtividade, florescimento prematuro e queima-das-folhas em cenoura cultivada em
sistema orgânico e convencional. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 250-254, 2005.
CARDOSO, A.I.I.; DELLA VECCHIA, P.T. Considerações sobre o florescimento prematuro
e suas implicações para o melhoramento de cenoura para primavera. Horticultura Brasileira,
v. 13, p. 146-149, 1995.
CEAGESP. Cenoura: no caminho da modernização: relatório do ano de 2000, São Paulo:
Programa brasileiro para a melhoria dos padrões comerciais e embalagens de hortigranjeiros.
Disponível em: http://www.hortibrasil.org.br/jnw/images/stories/folders/cenoura.pdf. Acesso
em: 3 de jan. 2013.
CFSEMG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª
Aproximação. Viçosa: Sbcs, 1999. 359 p.
CPRM. Serviço Geológico do Brasil: relatório do ano de 2007, Brasília. Disponível em:
http://www.cprm.gov.br/publique/media/rel_anual_2007.pdf/. Acesso em: 2 de fev. 2013.
CRUZ, C.D.; CASTOLDI, F.L. Decomposição da interação genótipos x ambientes em partes
simples e complexa. Revista Ceres, v. 38, p. 422-430, 1991.
DUDA, C.; REGHIN, M.I. Efeito da época de semeadura em cultivares de cenoura. Ciências
Exatas e da Terra, Ciência Agrárias e Engenharias, v. 6, p. 103-114, 2000.
EMBRAPA HORTALIÇAS. Hortaliças em números: relatório do ano de 2008, Brasília:
Embrapa
hortaliças.
Disponível
em:
http://www.cnph.embrapa.br/paginas/hortalicas_em_numeros/balanca_comercial_1997_2008.
xls. Acesso em: 24 de jan. 2013.
21
EMBRAPA HORTALIÇAS. Agência de informação Embrapa – cenoura: Relatório de
2011,
Brasília:
Embrapa
hortaliças.
Disponível
em:
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cenoura/arvore/CONT000gnhfy7ha02wx5ok0ed
acxlso5fmok.html. Acesso em: 7 de fev. 2013.
FAO. Agricultural production, primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org>
Acesso em: 05 fev. 2013.
FERREIRA,
M.D.;
CASTELLANE,
P.D.;
TRANI,
P.E.
Cultura
da
cenoura:
recomendações gerais. 1991. 421 p. (Boletim Técnico Olericultura, 3) Guaxupé: Cooxupé.
FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura. Viçosa: UFV, 2008. 402 p.
FLOSS, E. Fisiologia de plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que se vê. Passo
Fundo: UPF, 2006. 751 p.
FONTES, P.C.R.; DIAS, E.N.; SILVA, D.J.H. da. Dinâmica do crescimento, distribuição de
matéria seca e produção de pimentão em ambiente protegido. Horticultura Brasileira, v. 23,
p. 94-99, 2005.
FREITAS, F.C.L.; ALMEIDA, M.E.L.; NEGREIROS, M.Z.; HONORATO, A.R.F.;
MESQUITA, H.C.; SILVA, S.V.O.F. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura
da cenoura em função do espaçamento entre fileiras. Planta Daninha, v. 27, p. 473-480,
2009.
GALVANI, R. Variabilidade para florescimento prematuro em cenoura ‘Brasília’ no
cultivo de outono-inverno. 2008. 65 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu. 2008.
HUNT, R.; CAUSTON, D.R.; SHIPLEY, B.; ASKEW, A.P. Basic growth analysis. London:
Unwin Hyman, 1990. 112 p.
INMET. Dados históricos: Relatório do ano de 2012, Brasília: INMET, 2012. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep. Acesso em: 15 set. 2012.
LARIOS, A.L.; DIAZ, C.A; TORREGOZA, M.C.; MARTINEZ, O.W. Estabilidad fenotípica
y adaptabilidad de cinco híbridos de sorgo granífero en clima caliente colombiano. I.
Rendimento. Revista ICA, Medellín, v. 27, p. 293-303, 1992.
LIMA, C.B.; ATHANÁZIO, J.C. Caracterização comercial de raízes de cenoura de seis ciclos
de seleção da variedade „Londrina‟. Semina: Ciências Agrárias, v. 29, p. 507-514, 2008.
LOPES, W.A.R.; NEGREIROS, M.Z.; TEÓFILO, T.M.S.; ALVES, S.S.V.; MARTINS,
C.M.; NUNES, G.H.S.; GRANGEIRO, L.C. Produtividade de cultivares de cenoura sob
diferentes densidades de plantio. Revista Ceres, v. 55, p. 482-487, 2008.
22
LUZ, J.M.Q.; SILVA JÚNIOR, J.A.; TEIXEIRA, M.S.S.C.; SILVA, M.A.D.; SEVERINO,
G.M.; MELO, B. Desempenho de cultivares de cenoura no verão e outono-inverno em
Uberlândia-MG. Horticultura Brasileira, v. 27, p. 96-99, 2009.
KVET, J.; ONDOK, J.P.; NECAS, J.; JARVIS, P.G. Methods of growth analysis. In:
SESTÁK, Z.; CATSKÝ, J.; JARVIS, P.G. (Eds.).
Plant photosynthetic production:
manual of methods. The Hague : W. Junk, 1971. p. 343-391.
PESSOA, H.B.S.; CORDEIRO, C.M.T. Avaliação de cultivares de cenoura no outono inverno no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v. 15, p. 72-74, 1997.
PIMENTEL-GOMES, F. Curso de estatística experimental. Piracicaba: Nobel, 2000. 477 p.
REGAZZI, A.J.; SILVA, C.H.O. Teste para verificar a identidade de modelos de regressão e a
igualdade de parâmetros no caso de dados de delineamentos experimentais. Revista Ceres, v.
46, p. 383‑409, 1999.
RESENDE, F.V.; SOUZA, L.S.; OLIVEIRA, P.S.R.; GUALBERTO R. Uso de cobertura
morta vegetal no controle da umidade e temperatura do solo, na incidência de plantas
invasoras e na produção da cenoura em cultivo de verão. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, p.
100-105, 2005.
SILVA, A.A.; SILVA, J.F. Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa: UFV, 2007.
45 p.
SILVA, G.O.; CARVALHO, A.D.F.; VIEIRA , J.V.; FRITSCHE-NETO, R. Adaptabilidade e
estabilidade de populações de cenoura. Horticultura Brasileira v. 30, p. 80-83, 2012.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. 2009. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2009. 217 p.
TECNOSEED. Produtos: Cenoura híbrida Tornado: relatório do ano de 2010, Ijuí:
Tecnoseed,
2010.
Disponível
em:
http://www.tecnoseed.com.br/produtos.php?tit=CENOURA&t=&log=n&filtro=cenoura
Acesso em: 2 de fev. 2013.
TEÓFILO, T.M. S.; FREITAS, F.C.L.; NEGREIROS, M.Z.; LOPES, W.A.R.; VIEIRA, S.S.
2009. Crescimento de cultivares de cenoura nas condições de Mossoró-RN. Caatinga, v. 22,
p. 168-174, 2009.
VIEIRA, J.V.; SILVA, G.O.; CHARCHAR, J.M.; FONSECA, M.E.N.; SILVA, J.B.C.;
NASCIMENTO, W.M.; BOITEUX, L.S.; PINHEIRO, J.B.; REIS, A.; RESENDE, F.V.;
CARVALHO, A.D.F. 2012. BRS Planalto: cultivar de cenoura de polinização aberta para
cultivo de verão. Horticultura Brasileira, v. 30, p. 359-363, 2012.
23
VIEIRA, J.V.; SILVA, J.B.C.; CHARCHAR, J.M.; RESENDE, F.V.; FONSECA, M.E.N.;
CARVALHO, A.M.; MACHADO, C.M.M. 2005. Esplanada: cultivar de cenoura de verão
para fins de processamento. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 851-852, 2005.
VIEIRA, J.V. Desenvolvimento de cultivares e populações de cenoura com resistência às
principais doenças da cultura e melhor qualidade da raiz: Projeto MP2 – 440/02. 2003.
63 p. Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças, Brasília.
VIEIRA, J.V.; PESSOA, H.B.S.V.; MAKISHIMA, N. A cultura da cenoura (Coleção
plantar; 43). 1999. 77 p. Embrapa Hortaliças, Brasília.
VIEIRA JV; DELLA VECHIA PT; IKUTA H. Cenoura „Brasília‟. Horticultura Brasileira
v. 1, p. 42, 1983.
VILELA, N.J.; BORGES, I.O. Retrospectiva e situação atual da cenoura no Brasil
(Circular Técnica, 59). 2008. 10 p. Embrapa Hortaliças, Brasília.
24
ANEXO
Download

1 INTRODUÇÃO GERAL