abcdmaior.com.br Envie sua notícia agora pelo WhatsApp (11) 97589-3847 /abcdmaior Inspirado em craque africano, Camarões do Zaíra é o novo campeão de Mauá. PÁG. 14 Regional, de verdade amanda perobelli DESDE 2005 | ANO 10 | nº 955 | 20 e 21 de outubro de 2015 Prefeitura de São Bernardo aplica multas diárias à Sabesp A Prefeitura de São Bernardo aplica, desde março deste ano, multas diárias à Sabesp por não cumprir o cronograma de obras na cidade. A maioria das manutenções não realizadas é de obras em vazamentos de água e recapeamento de ruas. O total de multas chega a R$ 15,8 milhões. PÁG. 3 O MUNDO DO TRABALHO, VISTO PELO TRABALHADOR O mundo do trabalho, a partir do ponto de vista do trabalhador, é retratado no livro Contos do Trabalho: Capital e Cotidiano, escrito por Cauê Borges (foto). O autor, que é ex-metalúrgico, se baseou na própria experiência e resolveu reunir contos que mostram a humanidade por trás do cartão de ponto. Página 13 Andrea Iseki e s p ortes ci da d es ci da d es p olí t ica JOGOS ABERTOS agora vão ser em barretos PÁG. 16 emtu acaba com a área 5, de ônibus intermunicipal PÁG. 7 pedagogos questionam plano do governador PÁG. 6 professores e alunos se unem contra alckmin PÁG. 5 2 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 opinião EDITORIAL A multa, o sigilo e a má gestão na Sabesp A Prefeitura de São Bernardo cobra multas diárias da Sabesp, que deixou de fazer uma série de obras na cidade. Em 2003, a Prefeitura repassou os serviços de distribuição de água para a Sabesp, que se comprometeu a fazer reparos e obras necessárias para que a água chegasse à casa dos moradores, bem como às empresas do município. A empresa estadual também se comprometeu a consertar os buracos e outras intervenções que fazia nas ruas locais. Boa parte dos compromissos assumidos pela Sabesp não foi cumprida, e a Prefeitura não só está correta como tem o dever de aplicar as multas. A situação só comprova, mais uma vez, que a Sabesp é uma empresa boa para remunerar seus acionistas, muitos deles compradores de ações da empresa por meio da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Mas, para a população que por aqui vive, a Sabesp não presta bons serviços. O que deixa a situação mais grave é o governador Geraldo Alckmin não permitindo que uma série de documentos da empresa possa ser acessada pela população ou mesmo pela imprensa durante 15 anos. Isso mesmo, Alckmin determinou um sigilo de 15 anos para documentos e informações da Sabesp. O que está se tentando esconder na Sabesp? O mais provável é que se tente esconder a má gestão da empresa, que foi alertada – assim como o próprio governador Alckmin –, há 10 anos, que seriam necessárias obras de captação de água para que não acontecesse justamente a crise que agora vivemos, com reservatórios secos e torneiras secas por toda a Grande São Paulo. Por trás do sigilo da Sabesp, que o governador tenta manter por 15 anos, estão os buracos e vazamentos em ruas de São Bernardo, está a falta de água em redes de abastecimento em todo o ABCD e na Grande São Paulo. Enfim, está um modo de governar que beneficia os investidores da Bolsa de Nova Iorque e prejudica quem paga a conta de água todo mês. Aqui tem ABCD MAIOR A desorganização da Educação Matheus Pinho * Desde dia 23 de setembro uma nova “organização” proposta pelo governador do estado Geraldo Alckmin, junto do seu secretário de Educação, Herman Voorwald, vem deixando a população preocupada. A proposta é que cada unidade escolar passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação a partir de 2016. Algumas unidades podem ser fechadas - o número que vem sendo divulgado pela mídia é 127 escolas no estado -, 17 escolas no ABCD e seis escolas em Santo André. Uma das escolas que podem ser fechadas é uma das mais tradicionais da cidade, a Américo Brasiliense. Os dados não foram confirmados pelo governo. A população, pais, alunos e professores não foram ouvidos em nenhum momento. Queremos melhorias na qualidade de ensino sim, mas não portas de escolas fechadas, salas superlotadas, alunos sendo remanejados de escolas e o fechamento de salas no período noturno. O Estado precisa de uma reestruturação de toda a rede, isto é fato, mas todos devem ser ouvidos antes, não fazer da forma que es- www.abcdmaior.com.br tão fazendo. Em nenhum momento foi divulgado o número de salas ociosas que possivelmente existem nas escolas que correm o risco de ser fechadas. A educação precisa de melhorias, isso ficou bem nítido na greve dos professores que ocorreu há alguns meses, durou 92 dias e o governo insistiu em dizer que não houve greve, mas houve sim! Qualquer ação que almeje sucesso requer planejamento, não é só chegar e anunciar uma nova proposta, precisa de tempo, adaptação e ouvir a comunidade. Temos a maior rede de ensino do País, uma boa estrutura e professores qualificados, mas parece que o governo esqueceu-se que o tempo passou, e os alunos mudaram. O ensino não pode continuar o mesmo de 19 anos, esse sistema precisa mudar, entregando uma escola nova para alunos novos. A sociedade se modernizou com o passar dos anos, o governo vem tentando aplicar um sistema que é impossível de aceitar, muitos professores são contratados com regras absurdas, como os que estão na categoria “O”. É o que há de mais precário na rede estadual, uma verdadeira desva- lorização com todos aqueles professores que fazem parte desta categoria. Após dois anos de trabalho de contrato com o Estado, eles têm que ficar 200 dias fora da sala de aula, ou seja, o professor fica quase um ano desempregado forçado pelo Estado. Atualmente, nessa categoria se encontram 50 mil profissionais, eu não concordo com a existência dessa categoria, é uma verdadeira desvalorização profissional, que não tem direito a nenhum dos benefícios, como as outras categorias têm. Eu não concordo com essa “organização” proposta pelo governador, acredito que há outras formas de diminuir os gastos sem precisar fechar escolas e sem o fim do período noturno. Existem muitos estudantes que trabalham durante o dia e estudam à noite. Essa desorganização me deixa muito preocupado, pois hoje estamos matriculados em uma escola, próxima de nossa casa, onde estamos acostumados com uma rotina e no próximo ano tudo pode mudar e nos pegar de surpresa. * Matheus Pinho, 16 anos, é aluno secundarista em Santo André. /abcdmaior Expediente MP Editora Ltda | Endereço: Trav. Monteiro Lobato, 95, Centro, SBC | CEP 09721-140 | (11) 4930-7450 Biblioteca Erico Verissimo Rua Jaco do Bandolin, 81 - Paulicéia - SBC Ver lista completa no www.abcdmaior.com.br Diretor e Jornalista Responsável: Walter Venturini | Diretor Executivo: Silvio Berengani Editores: Política: Júlio Gardesani, (11) 4930-7467, [email protected] |Cidades: Mauricio Milani, (11) 4930-7470, [email protected] Economia: Silvio Berengani, (11) 4930-7457, [email protected] | Cultura: Marina Bastos, (11) 4930-7462, [email protected] | Esportes: Antonio Kurazumi, (11) 4930-7454, [email protected] | Fotografia: Amanda Perobelli, (11) 4930-7465, [email protected] | Projeto Gráfico: Ligia Minami | Diagramação e editoração: Evelyn Domingues | Tratamento de imagem: Fabiano Ibidi | Comercial: Paulo Lima (11) 4930-7452 , [email protected] | Distribuição: Casa da Arte - distribuicao@ abcdmaior.com.br (11) 4930-7474 Publicação trissemanal www.abcdmaior.com.br | Os artigos são de responsabilidade dos autores e não expressam a opinião deste jornal. Circulação em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra @ABCD_MAIOR TIRAGEM 20 mil exemplares certificação: FONE 4193-5357 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR política 3 Em busca da CPMF Os prefeitos do ABCD seguem em busca de novos investimentos para as cidades. Agora, cobram a aprovação pelo Congresso da implantação da CPMF, que aliviaria os cofres públicos. Ruas esburacadas rendem multa para a Sabesp em SBC Prefeitura de São Bernardo afirma que companhia estatal não cumpre contrato rodrigo pinto Karen Marchetti [email protected] Desde fevereiro deste ano, a Prefeitura de São Bernardo passou a cobrar multas diárias da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) por não cumprir o cronograma de obras previsto para a cidade. A maioria das intervenções não realizadas prevê manutenções, como vazamento de aguá e recapeamento de vias. Até agora, de acordo com a Administração municipal, foram aplicadas 430 punições, que somam um total de R$ 15,8 milhões. O valor da multa varia entre R$ 900 e R$ 3,4 mil, de acordo com a gravidade e o risco das intervenções não cumpridas. A última lista divulgada pela Prefeitura aponta o descumprimento de dez obras. Casos as notificações não sejam atendidas, a multa será cobrada diariamente. Entre o que a Sabesp não cumpriu e deveria ter realizado está a reposição asfáltica de parte da avenida Lucas Nogueira Garcez e conserto de vazamento de água no Rudge Ramos (confira tabela ao lado). De acordo com a Prefeitura, o levantamento das obras que estão em atraso é feito por meio de vistorias, reclamações diretas da população, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. Um outro mecanismo para comunicar a Administração é pelo aplicativo VcSBC, que pode ser baixado gratuitamente. “É uma política adotada com o intuito de exigir da Sabesp o cumprimento dos contratos firmados. Porém cabe salientar que todas as notificações são entregues e protocoladas junto à companhia e na sua grande maioria dos casos (95%) acom- Rua Marabá, localizada no Bairro Rudge Ramos, está na lista de onde a Sabesp não realiza obras; Prefeitura de São Bernardo pode rever contrato Confira algumas das ruas onde a Sabesp não cumpre o calendário de obras panhadas de relatório fotográfico”, explicou a Prefeitura, em nota. Novo contrato Em agosto passado, a Sabesp foi à Justiça prestar esclarecimentos sobre possíveis irregularidades do contrato firmado em 2003 com a Prefeitura. Uma das decisões poderia ser a anulação do contrato. Porém, a companhia de saneamento aceitou renegociar um novo acordo com a Administração. “Não creio em rompimento. Estamos discutindo com a Sabesp para fazer um novo contrato. Eu estive duas vezes com o presidente da companhia e estamos em negociação para regularizar o contrato que é é irregular. A Sabesp finalmente está sentando para reavaliar”, concluiu Marinho. VAZAMENTO DE ÁGUA NA RUA MARABÁ BAIRRO RUDGE RAMOS VAZAMENTO DE ÁGUA NA ESTR. DO RIO ACIMA BAIRRO RIACHO GRANDE REPOSIÇÃO ASFÁLTICA NA RUA BELMIRO PARDO ROMAN BAIRRO DOS FINCO REPOSIÇÃO ASFÁLTICA NA AV. LUCAS NOGUEIRA GARCEZ BAIRRO JD DO MAR REPOSIÇÃO DE PASSEIO NA AV. NICOLA DEMARCHI BAIRRO DEMARCHI É uma política adotada com o intuito de exigir da sabesp o cumprimento dos contratos Luiz marinho, prefeito de São Bernardo REPOSIÇÃO ASFÁLTICA NA RUA ANGELO BISOGNINI FILHO BAIRRO JD. TUPÃ REPOSIÇÃO ASFÁLTICA NA ESTRADA DO RIO ACIMA BAIRRO RIACHO GRANDE REPOSIÇÃO ASFÁLTICA E CORREÇÃO DE VAZAMENTO DE ÁGUA NA ESTRADA RIO ACIMA BAIRRO RIACHO GRANDE 4 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 política Corrigindo a confusão A Prefeitura de Diadema publicou neste sábado (17/10) o veto à nomeação de Paulo Guerreiro, ligado ao vereador Reinaldo Meira (PSC), aos quadros de funcionários. Guerreiro afirma que sequer foi comunicado que seria indicado ao cargo. Auricchio perde mais uma ação na Justiça e continua inelegível Ex-prefeito de São Caetano tentou anular sessão da Câmara que rejeitou suas contas de 2012, após parecer do Tribunal de Contas Gislayne Jacinto [email protected] O ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PSDB) perdeu mais uma ação na Justiça. O tucano tentou cancelar novamente a sessão ordinária da Câmara, realizada em agosto, que o tornou inelegível após votação de parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Auricchio argumentou que não teve direito à defesa, o que foi rejeitado pela juíza da 1ª Vara Cível do Fórum de São Caetano, Paula Mareie Kenno. Na sentença, a juíza indeferiu mandado de segurança e despachou pela extinção do processo; além disso, o ex-prefeito terá que arcar com as custas e despesas processuais. O tucano poderá recorrer da sentença junto ao TJ (Tribunal de Justiça do Estado). O MP (Ministério Público) também já havia se manifestado com parecer contrário ao pedido do ex-prefeito de São Caetano. A Promotoria entendeu que os pedidos à Justiça tratavam-se de “desespero”. Auricchio está inelegível por oito anos após o julgamento de suas contas pela Câmara, que acatou o posicionamento do TCE por dez votos a oito. O tucano ainda pode ser enquadrado na Lei de Ficha Limpa. Auricchio, que mesmo com o imbróglio jurídico pretende disputar a Prefeitura da cidade novamente em 2016, não foi localizado para comentar o assunto. amanda perobelli Mesmo inelegível, PSDB aceita filiação de ex-prefeito, que ainda pretende disputar o pleito municipal de 2016 TCE aprova contas do primeiro mandato de Paulo Pinheiro em SCS O TCE (Tribunal de Contas do Estado) aprovou as contas do primeiro ano de mandato (2013) do prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB). O órgão responsável pelas análises dos atos administrativos das prefeituras reconheceu a diminuição da dívida herdada da gestão passada. O Tribunal informou que os demonstrativos contábeis apontaram um superávit de R$ 56,7 milhões. De acordo com o TCE, Pinheiro conseguiu reverter a situação deficitária de 33,58% (R$ 227,6 milhões) em 2012, último ano do governo de José Auricchio Júnior (PSDB), caindo para R$ 155,3 milhões em 2013. “Tais resultados demonstram que a atual gestão buscou o equilíbrio das contas, mas ainda assim é necessário que o prefeito continue envidando esforços para que produza superávit fiscal a fim de diminuir o endividamento municipal”, despachou o TCE. Pelo parecer do Tribunal de Contas, Paulo Pinheiro aplicou 32,85% da arrecdação no ensino. A legislação federal determina um investimento de no mínimo 25% na Educação. Na Saúde, o peemedebista investiu 21,35%, também acima da lei. Com relação à folha de pa- gamento dos servidores, o prefeito gastou 45,06% da receita corrente líquida. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o limite prudencial é de 51,3%, podendo chegar a 54%. O recolhimento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Pú- blico) também foi considerado regular pelo TCE. Quando Pinheiro assumiu o governo, teve de negociar uma dívida de R$ 33 milhões com o INSS deixada por seu antecessor. Após o acordo, São Caetano passou a receber recursos do governo federal, como R$ 6 milhões para a reforma do Estádio Anacleto Campanella. (Gislayne Jacinto) 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR Integração O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, elogiou o Consórcio Intermunicipal, que ajudará na elaboração de um Plano Diretor Metropolitano. 5 Mais habitações sociais A Câmara de Santo André vota nesta terça (20/10) projeto do prefeito Carlos Grana (PT) que desafeta áreas da categoria de bem de uso comum para que sejam transformas em ZEIS. Pais e alunos se unem contra fechamento de escolas em SP Ato unificado será realizado na Capital, nesta terça; governador Alckmin continua sem dar explicações rodrigo pinto Bruno Coelho [email protected] Professores e alunos realizam nesta terça-feira (20/10) novos atos contra a proposta que pode fechar 167 escolas no Estado de São Paulo (sendo 17 no ABCD), apresentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como uma “reestruturação” do ensino público. Protesto unificado foi convocado pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a partir das 15h, na praça da República, na Capital. A proposta do governo estadual atinge, na Região, unidades situadas em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá e causa incertezas aos pais, preocupados com a transferência de alunos, superlotação de salas de aula e fechamento de salas do período noturno. Diretor estadual da Apeoesp, André Sapanos avalia que a união entre alunos e docentes é reflexo da política educacional, diante da falta de diálogo de Alckmin e do secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, que ainda não apresentaram explicações oficiais sobre a proposta. “Este projeto é a tentativa Protestos tiveram início após governo do Estado apresentar proposta e não dar nenhuma explicação, preocupando pais, estudantes e professores de resgatar o volume morto de 1995, quando a então secretária de Educação, Rose Neubauer, tentou fazer o mesmo. Tudo que o governo quer é economizar onde deveria se investir mais”, considerou. Em meio à polêmica, a Secretaria de Educação tem enfatizado que desconhece a lista de escolas apresentada pela Apeoesp e ratifica que o estudo que definirá as unidades que passarão pelo processo de reorganização ainda é feito pelas diretorias regionais de ensino e educadores. Na última sexta-feira (16/10), manifestantes se concentraram em frente ao Palácio dos Bandeirantes para cobrar explicações sobre o fechamento de escolas, mas foram reprimidos com bombas pela Polícia Militar. Investigação O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) abriu na semana passada um inquérito civil para apurar o fechamento das escolas no Estado. A Promotoria quer que Alckmin esclareça os efeitos do programa de reorganização da rede estadual, aponte quais unidades escolares serão fechadas e quais os benefícios que o governo espera com a mudança. Mais informações na pág. 6. Cidades do ABCD terão mais protestos nesta semana tudo o que o governador quer é economizar onde deveria se investir ainda mais André SAPANOS, diretor estadual da Apeoesp Os protestos contra o fechamento das escolas também ocorrem no ABCD. Nesta quarta-feira (21/10), estudantes fazem novo ato em Santo André, nas proximidades da Paróquia Senhor do Bonfim, no Parque das Nações. Um dos organizadores da manifestação, Matheus de Oliveira, que é aluno do período noturno do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Professora Inah de Mello, teme que a unidade feche as portas à noite. “É a única escola (de Santo André) que vai perder o período noturno (de acordo com a Apeoesp); a única escola que atende deficientes visuais que participam desse período. A situação é péssima para nós, alunos, porque vamos perder funcioná- rios, vamos perder salas de aula. Além disso, trabalho de manhã e de tarde e preciso do período noturno para estudar. Então esse projeto pode me fazer perder o emprego”, explicou. Professores e alunos de Mauá se concentram, nesta terça-feira, na praça 23 de Novembro, região central da cidade, também contra o programa do governo paulista. No mesmo dia, as câmaras de Diadema e Ribeirão Pires realizam, às 18h e 19h, respectivamente, audiências públicas para debater a reorganização das escolas estaduais. Em Santo André, a bancada do PT afirmou que irá procurar a Justiça em busca de uma liminar que impeça o fechamento de escolas na cidade. 6 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 cidades Fila Zero atende 3 mil mulheres em S. Caetano Mais três mil moradoras foram atendidas em 22 especialidades médicas no Mutirão da Saúde da Mulher em alusão ao Outubro Rosa, sexta edição mensal do Programa Fila Zero da Prefeitura de São Caetano, realizado sábado (17/10), no Hospital São Caetano. Educadores questionam impacto de reestruturação proposta pelo Estado Divisão de escolas em ciclos, isolando faixas etárias, deve entrar em vigor em 2016 e tem gerado protestos em todo o Estado Rosângela Dias [email protected] A adoção de estratégias pedagógicas específicas para cada ciclo educacional é apontada pela Secretaria de Educação do Estado como um dos principais ganhos da chamada reestruturação do ensino, anunciada em setembro pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O impacto da separação dos estudantes por ciclos (primeiros anos do ensino fundamental, últimos anos do ensino fundamental e ensino médio) é questionado por educadores ouvidos pelo ABCD MAIOR. A ampliação de escolas de ciclo único a partir de 2016 tem gerado protestos em todo o Estado, incluindo o ABCD. Uma das consequências da mudança será o fechamento de escolas por todo o Estado. As melhoras na gestão das unidades e na qualidade do ensino são apontadas pelo governo estadual como efeitos do novo modelo, justificativa contestada pelo professor Alexandre Ferraz, da Apeoesp (Sindicato dos Professores Estaduais) de Santo André. “O argumento é que, ao dividir por ciclos, melhora o desempenho. Mas a Secretaria não foca na formação integral do aluno”, argumentou. “A formação global envolve a convivência com outras faixas etárias.” A criação dos ciclos poderá levar também ao fechamento de salas noturnas, de acordo com o sindicato da categoria. O impacto nos laços formados entre alunos e professores é apontado como outra falha da medida estadual. “Quando o aluno fica na mesma escola cria vínculo com o local, com professores. Faltam condições nas escolas, o aluno não tem perspectiva de continuidade e a tendência é maquiar com a criação dos ciclos”, avaliou Ferraz. Para Marilena Nakano, professora da Fundação Santo André e doutora em Educação, a reestruturação vai contra a Lei de Diretrizes e Bases, que regulamenta o sistema educacional desde 1996. “É a lei maior da educação no Brasil e propõe a integração entre as diferentes séries e idades.” Marilena frisa que há um movimento da sociedade a favor da redução no número de alunos por sala de aula, oposto do que poderá ocorrer com a reestruturação. “Se quisessem oferecer vagas para todos, não poderiam fechar escolas. Utilizam argumentos meramente econômicos e não conseguem justificar a questão educacional.” Em nota, a Secretaria de Educação do Estado afirmou que “o plano de reorganização visa melhorar a qualidade de ensino e aprimorar as condições de trabalho dos educadores”. rodrigo pinto Proposta do governo do Estado tem gerado protestos de estudantes, professores e pais: sem informação e sem diálogo Comunidade escolar não foi consultada As informações sobre a chamada reestruturação na rede estadual de ensino ainda são escassas. O Estado diz que o estudo que definirá as escolas selecionadas para o novo modelo está sendo finalizado e será divulgado em novembro. As diretorias de ensino terão prazo para validar as escolas e após isso os alunos serão comunicados sobre a mudança. Os que forem realocados não poderão escolher a nova escola, uma vez que a matrícula será feita automaticamente. A ausência de debate com os pais, estudantes e professores é criticada pelos educadores. “É tipico de governos não democráticos”, afirmou Marilena Nakano. Opinião semelhante tem o professor da Metodista e membro do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Alves. O docente ressalta que não há informações sobre como será a reestruturação paulista e, por isso, preferiu não opinar sobre a questão pedagógica da proposta. Mas desaprova como o assunto está sendo conduzido pelo governo do Estado. “A informação deve suscitar a reflexão e o diálogo entre os educandos, educadores e gestores. Eu lastimo que isso de fato não esteja ocorrendo”, finalizou. 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR BRASKEM PODE SER MULTADA A autuação da Cetesb à Braskem, pela explosão ocorrida na quarta-feira (14/10), pode ir de simples advertência a multa de R$ 212 mil. Relatório técnico vai definir a autuação. 7 Obra deixa 94 bairros sem água em Mauá Partes de Mauá ficarão sem água nesta terça-feira (20/10), devido a manutenção na rede. Ao todo, 94 bairros serão afetados com as intervenções. Leia mais em www.abcdmaior.com.br. Estado acaba com a Área 5 Viagens de ônibus entre as sete cidades poderão ser assumidas por empresas da Grande SP Renan Fonseca [email protected] Depois de 30 anos engavetada e de sofrer boicote empresarial desde 2006, a Área 5 de transporte intermunicipal foi cancelada pelo governo estadual. Em abril deste ano aconteceu a última concorrência pública, que não recebeu proposta. A manobra é adotada há 10 anos por empresários de 19 viações que comandam as linhas entre cidades do ABCD. Agora, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) vai publicar novo edital no primeiro trimestre de 2016 que divide a Grande São Paulo em quatro macrorregiões, em vez de cinco. A Área 5 era alternativa para melhorar o transporte na Região. Hoje, 19 empresas atuam como permissionárias, pagando taxa por veículo que roda entre as sete cidades. Essa taxa varia conforme o tipo e modelo de ônibus. O valor das passagens fica integralmente com as empresas. Com isso, veículos sucateados e intervalos irregulares são as principais características dos coletivos intermunicipais. Além do mais, os itinerários estão desatualizados e não acompanharam o crescimento do ABCD. Conforme a lei federal número 8.666, de 1993, todo tipo de serviço público prestado por empresas privadas deve ser regulamentado por licitação pública. A aplicação dessa lei começou em 2006. As empresas que controlam o setor regional, porém, se uniram para evitar que o edital vingasse. Parte das 19 viações é ligada ao empresário Baltazar José de Souza, que possui dívidas com a Justiça. Se o modelo correto de contratação fosse aplicado na Área 5, o empresário não poderia mais operar na Região. Conforme a EMTU, operam no ABCD 112 linhas que circulam com 829 ônibus, transportando em média 300 mil passageiros por dia. A empresa estadual garantiu fiscalização até o novo edital ser lançado. “Uma das possibilidades é instituir quatro áreas de operação, incluindo os municípios do ABCD. A publicação do edital para toda a Região Metropolitana está prevista para ocorrer no primeiro trimestre de 2016”, informou em nota. rodrigo pinto Área 5 tem veículos sucateados que circulam com intervalos irregulares 8 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 cidades SUS capacita para coleta de vestígios em casos de violência sexual Cerca de 300 profissionais de 52 hospitais já foram capacitados para a realização de coleta de vestígios pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em casos de violência sexual. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (19/10) pelo Ministério da Saúde. ABCD usa agrotóxico no combate ao mosquito transmissor da dengue Malathion havia sido trocado por outros inseticidas, mas o Aedes aegypti criou resistência e por isso o produto voltou a ser usado Carlos Bassan/Fotos Públicas Claudia Mayara [email protected] O funcionário veste roupa especial e a cada casa ou quintal em que entra usa o equipamento que leva nas costas para pulverizar o malathion, um agrotóxico potente, usado há quatro anos no Brasil para matar o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. No ABCD, a cena se repete desde 2013, toda vez que as prefeituras registram algum caso autóctone (quando a doença é contraída dentro do município) e a nebulização é feita nas imediações da residência da vítima. Neste ano, até agosto, foram mais de 6,9 mil casos autóctones na Região. O Ministério da Saúde é o responsável por adquirir o malathion, que chega ao ABCD via Sucen (Superintendência de Controle das Endemias), da Secretaria de Estado da Saúde. Em nota, o Ministério da Saúde explicou que o insumo é utilizado no Brasil no controle de epidemias de dengue desde a década de 1980 e chegou a ser substituído por outros inseticidas, mas, como o mosquito criou resistência, o malathion voltou a ser usado em 2011. “É o único produto do mercado ao Para nebulização com malathion, agente de saúde precisa usar roupa especial; agrotóxico é o único efetivo contra o mosquito qual o Aedes aegypti não é resistente”, reforçou em nota a Prefeitura de São Caetano. Somente em 2015, as cidades do ABCD usaram mais de 532 litros de malathion no combate ao mosquito da dengue. No Estado foram 113,6 mil litros e no País, 328 mil litros. A substância usada na saúde pública está desde 2008 na lista de revisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser abolida do País e foi classificada como provável cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, vinculada à Organização Mundial da Saúde. Na Região, apenas Ribeirão Pires negou o uso do agrotóxico. Ainda conforme o Ministério da Saúde, o malathion compõe a lista da Organização Mundial da Saúde de inseticidas indicados para ações de saúde pública. E garantiu que a utilização do produto na nebulização (fumacê) deve obedecer às orientações sobre armazenamento, transporte e utilização dos insumos, observando as boas práticas de segurança da atividade previstas no Manual de Procedimentos de Segurança em Controle de Vetores, do governo federal. “O malathion não tem seletividade alguma, pois atinge qualquer ser vivo. Mata o que vir pela frente”, criticou o engenheiro agrônomo Marco Antônio de Moraes. Na avaliação do especialista, todo agrotóxico é um produto de risco que varia conforme a quantidade e forma que é usado. “A eficácia é discutível, pois não atinge os criadouros, apenas os mosquitos em voo”, destacou o defensor público de Santo André, Marcelo Novaes. INTOXICAÇÃO O clínico geral do Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, Richard Rosenblat, já atendeu pessoas intoxicadas por malathion quando trabalhava no CCI de São Paulo (Centro de Controle de Intoxicação). A maioria dos doentes vinha das lavouras, onde o produto também é comumente usado. “É uma das intoxicações mais graves que já vi”, destacou o médico. “A intoxicação por agrotóxico é muito difícil de ser provada. E muitos médicos nem cogitam essa hipótese nas fichas dos pacientes”, argumentou o engenheiro agrônomo Gabriel Sollero. IMPLANTE DENTÁRIO SEGURANÇA, CONFORTO E QUALIDADE NA MASTIGAÇÃO. REALIZE SEU SONHO; AUMENTE SUA AUTO-ESTIMA; TRANSFORME SEU SORRISO. Estamos Cadastrando Pacientes para Implantes Dentários AGENDE SUA AVALIAÇÃO ! * TRATAMENTOS SOB SUPERVISÃO DOS PROFESSORES O sorriso que você merece com a qualidade que você precisa ! Contato Localização (11) 4316 0316 / 4316 0320 [email protected] www.ceepo.com.br R. Antônio Cardoso Franco, 27 Casa Branca - Santo André - SP CEP: 09015-530 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR 9 entrevista Apenas estabilidade política pode derrubar a inflação Fausto Augusto Júnior, técnico do Dieese , analisa que população e mercado não querem incertezas Para o sociólogo e técnico do Dieese DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Fausto Augusto Júnior, a estabilidade política é o único remédio contra a alta da inflação. Fausto vê um conjunto de fatores que impulsionam a inflação para cima, mas acredita que a instabilidade política é o que impede a economia de se reerguer. Enquanto isso, a inflação e suas conseqüências para o bolso do consumidor mantêm o cenário econômico em um impasse. Michelly Cyrillo [email protected] ABCD MAIOR – Há uma insatisfação com as elevações de preços. Como essas altas interferem na vida da população? Fausto Augusto Júnior - Há sim um mau humor na população devido as constantes elevações de preços, sejam por meio da inflação, impostos, alta do dólar ou até a crise política. Tudo tem impacto direto no bolso do consumidor. A alta dos preços é uma realidade e por isso a população tem percebido seu potencial de consumo diminuir e está a reclamar. É um conjunto de fatores que fizeram ocorrer estas altas como a própria inflação e a crise política que desestabiliza a economia do País. Não é infundada a crise. As coisas não estão boas, mas não estão tão ruins como pintam. Com este cenário, entramos num círculo vicioso. Todo mundo para de comprar, todo mundo para de investir e fica todo mundo ruim. Mas o aumento de preços tem se baseado no valor dos tributos que aumentaram, ou as pessoas estão aumentando pela especulação? As duas coisas. Temos um histórico inercial muito grande. A pessoa não sabe qual é o impacto da alta de eletricidade e por isso aumenta os produtos além do que devia. Mas temos tendência de achar que isso acon- tece muito com os pequenos negócios, como bares que aumentam cerveja. Isto é relativo, muitas vezes são esses negócios pequenos que seguram o preço para não perder venda e manter o cliente. Porém, às vezes, vão na onda do pessimismo e aumentam mais do que deviam. Porém, o que assistimos mais é a inércia inflacionária que vem de cima, das grandes empresas, que combinam os preços, como o setor automotivo, que mesmo diante da queda em vendas de 20% este ano e pátios cheios aumentaram os preços e a justificativa é que boa parte das autopeças e componentes são importados e o dólar esta alto. Por que a inflação está tão alta? Fazia anos que a inflação brasileira não ficava tão alta. A média praticada nos últimos anos é de 5,5% ou 6,5%. A inflação dos últimos 12 meses é de 9,9%. E a população está sentindo no bolso. O principal problema na economia que a inflação gera é a perda do poder de comprar da população. O que é a inflação? E quais produtos estão puxando esta alta? A inflação é o aumento dos preços em uma cesta de produtos ao consumidor. É feita uma pesquisa mensal de orçamento das famílias, que define quanto uma família média gasta os seus recursos ao longo de um mês e pondera através dos índices esses gastos. Serve para verificar o quanto aqueles gastos pesam no andris bovo Para Fausto Augusto, fenômeno da inflação inercial está presente e faz os preços serem reajustados além do que deviam orçamento. Por exemplo: quanto a família gastou com transporte, alimentação, educação, vestuário, saúde, comunicação, moradia, entre outros? É evidente que o que está pesando na inflação este ano são os aumentos no conjunto de preços administrados pelo governo água, luz, gás de cozinha e combustível. Estes sofreram grandes altas. Qual o impacto da alta da inflação na economia? A economia fica mais fria. Isto é uma realidade, não é suposição. Com a inflação a quase 10%, a população perdeu 10% da renda ao ano. As pessoas estão comprando menos. Por exemplo, a inflação de setembro foi alta de 0,5%. O que significa que a população não comprará os mesmos produtos pelo mesmo valor do mês anterior. Ficaram 0,5% mais caros. E esse valor não é pouco. Isso sem contar que este poder de compra pode estar ainda mais comprometido se algum membro da família perdeu o emprego. Com a renda familiar menor, o consumo diminuiu drasticamente. E o que acontece com a inflação daqui para frente? A expectativa é de a inflação não subir mais e sim cair. Existem várias previsões para o ano que vem de que a taxa deve voltar ao eixo de 5,5% ou 6,5% ao ano. Porém, a parcela da inflação que vai puxar a queda não é boa, porque é chamada inflação de serviços. Isto é da empregada doméstica, da cabeleireira, eletricista, por um motivo simples: a economia está girando devagar e isso leva com que os preços se reduzam. Esta é sensação, que as pessoas já sentiram. E o que precisa ser feito para a retomada da economia? É necessário estabilidade política, porque o mercado e as pessoas olham para o que está acontecendo. Se as pessoas não sabem se a presidente da República estará lá mesmo no ano quem, se o ministro será o mesmo, se a política econômica será esta, como faz qualquer tipo de previsão? Boa parte da crise econômica é crise política. Enquanto não resolvermos a crise política, não saberemos de fato o tamanho da crise econômica. Se vencermos a crise política, melhoramos as situações macroeconômicas. Por exemplo, não dá para o dólar estar com uma oscilação tão grande. Com que câmbio a empresa faz o seu negócio? Como alguém investe no País se não sabe a taxa de câmbio. O Banco Central precisa definir logo o que fará para estabilizar o câmbio. Se isso acontecer começa um pouco de harmonia, a inflação vai se estabilizando, começa a ter uma previsibilidade melhor da taxa de inflação no ano que vem e no próprio orçamento público. Precisa votar logo o orçamento que o governo terá o ano que vem e criar uma relativa estabilidade política e econômica, e dai sim construir alguma saída. 10 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 economia O arrocho continua O Banco Central espera pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para estas terça e quarta-feiras (20 e 21/10). Com economia morna, comércio adia contratações temporárias Comerciantes da Região não sinalizam abertura de vagas em outubro, como costumava acontecer em anos anteriores Iara Voros [email protected] Os trabalhadores em busca de vagas temporárias neste final de ano se deparam com poucas ou nenhuma oportunidade no comércio da Região. As baixas expectativas em relação às vendas de Natal fazem os comerciantes e lojistas prorrogarem a contratação temporária, geralmente realizadas no início de outubro. Esse cenário não está apenas na Região. Estudo da Fecomercio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) aponta que as contratações temporárias deste ano não devem ultrapassar 15 mil profissionais, sendo que no ano passado foram 25 mil postos de trabalho criados no final de ano. De acordo com o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto, os comerciantes menores estão esperando mais tempo para contratar até a movimentação ser intensificada. “Nos anos anteriores as pessoas antecipavam as compras e nesses três meses que antecedem a principal data para o comércio as lojas já estavam mais movimentadas e necessitavam de mais pessoal. Este ano as vagas podem começar a surgir no início de novembro”, afirmou. Em Mauá, a intenção dos lojistas também é de postergar as contratações temporárias, sendo que alguns já demonstram que neste ano não irão aumentar o quadro de funcionários. O presidente da ACIAM (Associação Comercial e Industrial de Mauá), Luiz Augusto Gonçalves de Almeida, afirmou que a expectativa é de redução de 10% no faturamento dos comerciantes neste Natal. “Os nossos associados não demonstram otimismo e percebem que os consumidores não têm deixado de comprar, mas diminuíram o valor do presente e, dessa forma, fica insustentável para os menores comerciantes investirem em mais funcionários”, disse. Diante deste cenário, as pessoas que buscam o mercado de trabalho temporário permanecem nas ruas procurando por vagas no comércio. É o caso da estudante Maria Aparecida Alves, que ajuda o primo de 19 anos a conseguir uma oportunidade. “Ele já trabalhou como estoquista e está desempregado há cinco meses e vamos aproveitar esse final de ano, que geralmente tem contratação, para ir atrás de alguma coisa, mas achei que seria mais rápido de chamarem ele”, afirma. No caso do auxiliar de montagem, Luiz Garcia Martins Filho, 57 anos, a vaga temporária é vista como a principal oportunidade após cortes que a antiga empresa onde trabalhava realizou há três meses. “Na minha idade é mais complicado encontrar algo fixo, por isso busco qualquer vaga temporária, nem que não seja na minha área, para eu pelo menos entrar na empresa e, quem sabe ser contrato”, disse otimista. Andrea Iseki Comércio espera ver primeiro o aumento das vendas, o que tornou mais difícil conseguir uma vaga temporária neste final de ano Só um shopping abriu vagas na Região Com maior variedade de produtos e preços, os shoppings costumam ser a preferência dos consumidores para encontrar o presente em datas comemorativas. Dessa forma, as contratações temporárias acabam superando às realizadas pelos comércios de rua. Segundo projeções da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) serão abertas 90 mil vagas temporárias no Estado de São Paulo e 35 mil na Capital, com destaque para lojas de joalheria, perfumaria, artigos de beleza e telefonia. No entanto, mesmo com maior movimento, os shoppings instalados no ABCD estão em ritmo lento de contratações. Até o momento, apenas o Metrópole, em São Bernardo, apresenta lojas anunciando vagas abertas por meio da internet, sendo esperado um incremento de 450 profissionais para cargos como vendedor, operador de caixa e estoquista, mantendo a média do ano passado. Os demais oito shoppings da Região não contabilizaram as oportunidades disponíveis para este final de ano. Na avaliação da consultora de recursos humanos da Luandre, agência de emprego de Santo André, muitos lojistas estão reduzindo as contratações mesmo com boa movimentação. “Alguns contratantes agem de acordo com o senso comum de que a economia está ruim e por isso atuam com precaução, mesmo sem sentir efeitos econômicos”, disse. Por outro lado, a especialista comenta que há uma mudança nas contratações temporárias. “Nos anos anteriores eram selecionados profissionais para três meses, com possível prorrogação. Agora, o tempo foi reduzido para 30 dias”, afirmou. Autoatendimento prejudica movimento de greve dos bancários A greve nacional dos bancários chega ao 15° dia sem nem uma proposta ou contraoferta à pauta de reivindicações da campanha salarial da categoria. De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Moreira, esse silêncio por parte dos banqueiros é devido à falta de grandes impactos da paralisação nas transações bancárias influenciadas pelo autoatendimento dos clientes, pelo caixa eletrônico, internet e redes autorizadas, como supermercados e lotéricas. “Os bancos estão se adaptando a esses mecanismos alternativos e oferecem aos clientes acesso aos serviços bancários mesmo enquanto estamos em greve. Com as pessoas conseguindo realizar suas tarefas, os bancos não sentem prejuízos suficientes para nos procurar e negociar melhorias para a categoria”, constatou o sindicalista. Diante dessa necessidade de intensificar as ações, os sindicatos representantes do trabalhador bancário analisam a possibilidade de estender a greve e mobilizar funcionários responsáveis pelo sistema dos sites dos bancos. “Com os sites fora do ar, com certeza o efeito será muito maior e teremos algum retorno”, avaliou Moreira. No ABCD são 293 agências em greve, com total de 5.220 trabalhadores que aderiram ao movimento. Os bairros que ainda possuem agências abertas são Piraporinha (Diadema), Planalto (São Bernardo) e Parque das Nações (Santo André). (Iara Voros) 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR nacional/internacional 111 Fronteiras fechadas nos Balcãs Alegando ser incapaz de lidar com o aumento no fluxo de refugiados, a Eslovênia decidiu nesta segunda-feira (19/10) fechar a fronteira com a Croácia. Brasil continua seguro para investimentos, afirma Dilma Presidente garantiu a empresários na Suécia que País ainda é opção atraente para novos negócios Agência Brasil [email protected] A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira (19/10) a um grupo de empresários brasileiros e suecos que o governo está trabalhando para retomar o equilíbrio fiscal, que o Brasil continua sendo uma “opção segura e atraente para investimentos” e destacou áreas com potencial de ampliação da parceria bilateral, como tecnologia e saúde. “O Brasil continua a ser uma opção segura e atraente para investimentos. Somos um país que oferece grandes oportunidades e possui ambiente de negócios sofisticado e seguro. Somos uma grande democracia. Nossa economia tem fundamentos sólidos e estamos trabalhando de maneira decidida para fortalecer sua saúde fiscal, retomando o equilíbrio, reduzindo a inflação, consolidando a estabilidade macroeconômica, para aumentar a confiança e garantir a retomada do crescimento”, disse a presidente em discurso na abertura de um seminário empresarial em Estocolmo após reunir-se com o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven. Dilma está na Suécia em visita oficial para ampliar parcerias comerciais. Aos empresários, a chefe de Estado brasileira lembrou que o intercâmbio entre Brasil e Suécia cresceu 45% em dez anos e disse que é possível ampliar as parcerias. “Nós temos de ampliar esses números, diversificando a pauta comercial. Existe um potencial para a participação de produtos manufaturados brasileiros e também para se aumentar a presença de produtos manufaturados suecos no nosso fluxo comercial”, avaliou. Roberto Stuckert Filho/PR Em visita à Suécia, presidente Dilma afirmou que Brasil é boa opção para negócios 12 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR cultura 13 Terças musicais em Santo André Os 25 anos da Emia Aron Feldman serão homenageados nas Terças Musicais (20/10) com a luteria experimental do GEM e a música brasileira do + Madrigal. Os shows serão no teatro Municipal (pça. 4º Centenário, s/n) e começam às 20h. Grátis. Poesia e aspereza da vida operária são narradas em livro O livro Contos do Trabalho: Capital e Cotidiano, do ex-metalúrgico Cauê Borges, traz contos e crônicas sobre o mundo do trabalho Andrea Iseki Marina Bastos [email protected] As histórias que compõem o livro Contos do Trabalho: Capital e Cotidiano permeiam o mundo real, do ponto de vista do assalariado. O protagonismo é merecido e o porta-voz das experiências relatadas tem conhecimento de causa. Cauê Borges, o autor, é ex-metalúrgico de São Bernardo, e conversa nesse livro sobre o cotidiano e o que considera a maior insanidade social: o trabalho estranhado. O termo apresentado por Karl Marx, intelectual e idealizador do comunismo, defende que o trabalhador é visto como um produto e não como ser humano. O homem é “coisificado” pelo trabalho e se reconhece apenas nesse trabalho mecanizado. Sua vida se resume àquilo e ele acaba por se deslocar na sociedade, passando a ser “estranho” a ela e a si mesmo. Nem Marx e nem Cauê Borges são contra o trabalho, são a favor, desde que não seja imposto, forçado, estranhado e sem prazer. Por isso o autor resolveu reunir contos que mostrem a humanidade por trás do cartão de ponto. Cauê conheceu a teoria na prática. O autor conciliou o chão de fábrica da Mercedes-Benz, onde trabalhou por 15 anos, com o interesse pela literatura, e conheceu na pele temas estudados por sociólogos. As relações de trabalho se tornariam alvo de suas pesquisas e questionamentos. “Vi na prática o pêndulo entre o sacrifício dessa dura labuta, e a descontração, a alegria gerada pela solidariedade e convivência dos companheiros. Depois do lançamento em Genebra, na Suíça, o livro de Cauê Borges foi lançado durante a Feira Literária de São Bernardo, realizada entre 14 e 17 de outubro no Cenforpe A organização, luta por direitos e contra a exploração, a mortificação pelo trabalho e principalmente os temas de alienação e estranhamento no trabalho”, disse. “Se você lê sobre isso, verá que já sabia de tudo isso na prática, como trabalhador, é assustador.” Os contos reunidos no livro estavam guardados e vagueiam não somente sobre o trabalho. “Eram temas como cidadania, coisas do cotidiano das pessoas (e pessoas, o povo, são trabalhadores, o mundo é feito de trabalhadores e patrões). Daí comecei a escrever sobre o trabalho, do ponto de vista do trabalhador, considerando minha história operária e a vontade de oferecer literatura sobre esse tema, que não fosse científica, que fosse um tanto bem humorada.” contos do trabalho: capital e cotidiano Em breve o livro estará à venda no site do autor: www.caueborges.com. br, mas por enquanto pode ser adquirido pelo Mercado Livre (http:// produto.mercadolivre.com.br/MLB-692532410-contos-de-trabalhocapital-e-cotidiano-_JM) por R$ 29,90. Quem quiser adquirir também pode entrar em contato com a autor pelo e-mail [email protected]. Além disso, está disponível para leitura na Pinacoteca de São Bernardo. Experiência e observação inspiram contos As histórias narradas são baseadas na experiência e na observação de Cauê. “Às vezes [se trata de] apenas intenção de explorar um tema, às vezes contos de criação, histórias fictícias baseadas no que realmente acontece com os trabalhadores, um ou outro conto inteiramente baseado em história real (os mais tristes). E como inspiração, a vida dentro da fábrica”, explicou. “Nem foi preciso ouvir histórias dos companheiros, a gente vivia elas.” O lançamento de Contos de Trabalho: Capital e Cotidiano aconteceu primeiro em Genebra, na Suíça. “Eu participaria do Salão do Livro e da Imprensa de Genebra com meu livro infantil, sobre Rousseau, da Coleção Filosofinhos, da Tomo Editorial. Por conta disso, pedi para traduzir os Contos de Trabalho. Esses meus dois livros são bilíngues (português/francês). Foi enriquecedor, o trabalhador faz parte de uma mesma classe, pelo mundo todo. Os suíços podem entender um pouco mais sobre a vida operária do trabalhador brasileiro, e nosso cotidiano.” Literatura engajada O lançamento na Região aconteceu durante a Felisb (Feira Literária de São Bernardo), realizada pela Prefeitura no Cenforpe entre 14 e 17 de outubro. Na ocasião, Cauê participou, ao lado de Valter Limonada, escritor e militante do movimento hip hop, de um bate -papo intitulado Literatura e Engajamento, onde foi debatido a literatura como forma de luta e resistência, como voz aos movimentos populares, aos anseios sociais, e como forma de uma imprensa alternativa. 14 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 esporte Dá-lhe final Pela Segunda Divisão do futebol amador de Santo André, Jardim Utinga e Centre Ville se classificaram para a final. No domingo (18/10), em jogos no campo do Nacional, o Utinga fez 3 a 0 no Mocidade e o Centre Ville despachou o Ana Maria com placar de 2 a 1. Inspirado em Roger Milla, Camarões do Zaíra é o novo campeão de Mauá Time que nasceu em 1990, motivado pela seleção que jogou a Copa do Mundo, conquistou o título da Série Prata em cima do Ampa Marcelo Mendez [email protected] Inspirado em uma seleção de Copa do Mundo, um time nasceu em 1990 e aí surgiram Arruda, Zeca, Lata, Cricri, Quê Quê, Curumim, Cabrobró, Jacaré, Capetinha e Magrelo. A porção insólita dessas alcunhas acaba na hora que se volta o olhar para a final da Série Prata, a terceira divisão do futebol amador de Mauá. São esses homens os responsáveis pelo inédito título do Camarões, que venceu o Ampa por 3 a 0, domingo (18/10), no estádio Pedro Benedetti. No campo, um jogo sem maiores sustos. Contando com ótimos jogadores no setor de meio campo, a equipe do Jardim Zaíra mandou na partida e venceu o Ampa com dois gols de Curumim e um de Cabrobró, quase que em ritmo de treino Canela de ferro - sem o menor dos problemas. Um Camarões que há tempos vinha sendo preparado para finalmente vencer o campeonato. “Temos disputado esse torneio há anos e sempre batemos na trave, com vários vices. Conseguimos desta vez e vamos comemorar sem hora para acabar”, comemorou o técnico João Paulo. Autor de dois gols, o meia Curumim é o craque do time aos 34 anos e tem passagem por Vietnã, Japão, Alemanha, Coréia, Manaus e Londrina. “Eu entendo que a origem do bom jogador tem que ser a terra. Dessa forma, você aprimora fundamentos, aprende a solucionar problemas e aumenta a velocidade do raciocínio. Eu vim desse meio, para mim não tem novidade e é um grande prazer atuar aqui”. A história dos Camarões do Zaíra já tem um tempo considerável. A equipe completa nesta temporada 25 anos de história e o surgimento tem muito a ver com o lendário grupo que os homônimos africanos montaram em 1990. “Nós já atuávamos no futebol amador e em 1990 estávamos começando a terminar os detalhes da filiação na Liga, quando começou a Copa do Mundo e a Seleção Camaronesa começou a despontar no campeonato. Ficamos maravilhados com o futebol daquele time, que tinha Roger Milla e Makanaki e então montamos o nosso, aqui no Zaíra”, conta o presidente Rafael Natal. A estrutura não é muito diferente dos concorrentes na várzea. Bingos, doações, patrocínios locais e outras ações de marketing mantém a agremiação, agora campeã, em atividade. amanda perobelli Camarões do Zaíra fez jus à Seleção Camaronesa de 1990 no Pedro Benedetti por marcelo Mendez Curumim e a salvação da várzea Já me perguntaram várias vezes o porquê desse prazer todo em acompanhar um jogo de futebol de várzea. Eu não sei. Da beira do campo do estádio Pedro Benedetti, em Mauá, assistindo o jogo final da terceira divisão da cidade entre Camarões e Ampa valendo o caneco, ficou difícil de ter algum entendimento pela dureza que ali se apresentava. Era um jogo horroroso! Mas sem problemas quanto a isso. Afinal de contas, uma das ótimas coisas da várzea é a intrínseca verdade que nela existe, o que me permite dizer sem rodeios, sem floreios, sem voltas no verbo, que ali diante de minhas retinas eu via um péssimo jogo de futebol. Era uma penumbra de lascar na manhã mauaense ali naquele estádio. O céu escuro, o vento frio, o pouco interesse do torcedor, a ausência do vendedor de amendoim... Tudo combinava perfeitamente com aquele triste futebol ali apresentado. Era de uma pobreza técnica de dar dó. Nada ali parecia encantar. Os times estavam cansados de alguma coisa, os técnicos não vociferavam táticas, o torcedor não fazia rezas e tudo ali caminhava para algo muito triste de se ver quando então, do profundo lodo do comum, da inércia total de sonhos, eis que surge um camisa 10 no time do Camarões... Era um chutão pérfido. Por intermédio de um bicuda desferida de maneira indecente por um caneludo vil, a bola, a sofrida bola, viajava pelo céu cinza de Mauá. Não esperava por nada enquanto descia e ficou feliz quan- do encontrou o peito do 10. Desceu feliz e em uma linda jogada o menino meteu o pé embaixo dela, a bola, para aplicar um chapéu épico em um desesperado zagueiro. “Boa Curumim!”, gritou um torcedor solitário atrás de mim. Curumim... Era um garoto como tantos outros garotos que correm pelos campos de várzea do mundo. Caboclo da pele bronzeada de lutas, canelas adornadas por meias coloridas, chuteiras de um cítrico capaz de iluminar toda a cidade, Curumim corria... De seus pés saíam passes precisos, de sua cintura vinham gingas e dribles desconcertantes para iluminar as jogadas que pareciam perdidas. Em uma delas, com a malemolência de um sambista da Lapa dos anos 40, deu uma caneta em um afoito zagueiro, de corar. Lépido como um jaguar, escapou da primeira pernada que tentaram desferir contra suas canelas, mas sucumbiu na segunda tentativa do outro zagueiro bufão. Não se abalou. Sorriu para a jogada, da mesma forma que se sorri para uma das tantas durezas da vida. Levantou e seguiu bailando. De seus pés saíram os gols necessários. De sua inteligência, veio um toque de cobertura para que saísse assim um golaço. Comemorou e seguiu feliz pelo campo. Como que sabedor de sua missão, Curumim jogou para salvar o domingo, a crônica e o encanto. Não desistiu. Quanto mais desperdiçavam seus passes, mais ele os fazia. Quanto mais o batiam, mais ele jogava. Contra tudo e contra todos, Curumim seguiu jogando lindamente em Mauá como que em um mundo à parte em um universo seu, em um mundo criado pelo camisa 10 onde só a beleza é possível. Vendo-o ali buscando incessantemente o encanto e o verso, chego então a tão clamada resposta sobre o que é o futebol de várzea. Oras... A várzea é a luta de Curumim pela beleza, pelo sonho, pela poesia. É a batalha de quem acredita que pode mudar o mundo com um drible, que pode por um sorriso em um rosto sisudo, por mais que o dia insista em ser frio e cinza. Sendo assim não me resta dúvida. A várzea meus caros é o Curumim. Grande Curumim! 20 e 21 de outubro de 2015 | ABCDMAIOR volta às origens Desde 1998, o São Caetano joga o Campeonato Brasileiro, mas a sequência será interrompida no próximo ano. O Azulão terá de recomeçar quase do zero, afinal só tem a A-2 do Paulista. 15 Capitão de saída? Com contrato no fim, o goleiro e capitão do São Caetano, Saulo, não quis falar sobre uma possível renovação de contrato após jogo contra o Botafogo (SP) no Anacleto Campanella. Neneca, o ídolo andreense que evitou o acesso do Azulão Depois do jogo, porém, goleiro não poupou critícas à briga política que atrapalhou a vida do ex-clube Antonio Kurazumi e Guilherme Menezes Se não fosse o goleiro Neneca, o São Caetano estaria comemorando o acesso na Série D do Campeonato Brasileiro e não teria se despedido da competição nacional após 18 anos. O ídolo do Santo André fechou o gol do Botafogo (SP) no jogo decisivo, inclusive com um milagre aos 48 minutos do segundo tempo, e fez a alegria dos torcedores do Ramalhão. Mas, em entrevista à reportagem depois da partida, o arqueiro criticou a briga política que atrapalhou a vida do Ramalhão, em especial quando jogou lá - de 2007 a 2010 e de 2010 a 2011. Essa questão é um dos motivos que interfere negativamente no futebol. “Existia uma briga política. Quando eu cheguei, tinha uma parte que tocava o futebol de uma forma e aí depois veio outra parte que quis colocar o futebol no caminho certo, tanto que fomos campeões da A-2 (do Paulista) e conseguimos acesso para a Série A (do Brasileiro). Mas tinha um pessoal da primeira parte que dificultava o trabalho e prejudicava o próprio Santo André, e hoje está do jeito que está (também fora do Brasileiro)”, revelou o goleiro de 35 anos. Vale lembrar que, naquele período, o clube do ABCD foi administrado por uma empresa e, em outro momento, pela diretoria que gere o Ramalhão hoje. Com a experiência de ter jogado na Região, Neneca diz que a falta de planejamento pode ter sido um dos motivos para que, por enquanto, o ABCD não tenha uma equipe sequer no Campeonato Brasileiro -- São Bernardo e Água Santa têm chances de classificação pelo Paulistão. Andrea Iseki Neneca fez alegria da torcida do Ramalhão, mas criticou política do ex-clube 16 ABCDMAIOR | 20 e 21 de outubro de 2015 esporte Bola laranja Na revanche dos Jogos Regionais, o Santo André se vingou do São Bernardo e garantiu vaga na final do Campeonato Paulista Feminino de Basquete. O time do ABCD irá enfrentar o Corinthians/ Americana na decisão, sábado (24/10), em Americana. São Bernardo não aceita condições e Jogos Abertos vão para Barretos Estado disponibilizaria apenas 30 escolas para alojamento dos atletas, número insuficiente para atender todas as delegações Guilherme Menezes [email protected] Há menos de um mês, o governo do Estado procurou São Bernardo para salvar os Jogos Abertos de 2015 após Ribeirão Preto desistir de última hora. A cidade do ABCD aceitou o desafio, mas a falta de escolas estaduais suficientes para servirem de alojamento impediu que o evento viesse para cá. A disputa, que era para ter início nesta segunda-feira (18/10), irá para Barretos no fim das contas. “Na quinta-feira (15/10), eu recebi uma ligação do Estado disponibilizando apenas 30 es- colas para utilização. Precisávamos de algo em torno de pelo menos 50, sendo que em Ribeirão Preto seriam 115. Não teríamos as condições mínimas para atender da melhor forma”, revelou o secretário de Esportes e Lazer de São Bernardo, José Alexandre Devesa. “Fico chateado por ver isso acontecer depois de tantos anos vivendo em meio ao esporte, e que fique claro que São Bernardo não desistiu dos Jogos. Pelo contrário, nós aceitamos fazer de forma emergencial, só que não tivemos as escolas estaduais de que precisávamos para dar continuidade”, explicou. A cidade de Barretos abrigará a Olimpíada Caipira de 30 de novembro a 12 de dezembro. O município havia recusado o convite do Estado, mas reconsiderou a ideia e a Secretaria Estadual de Esportes oficializou a escolha. “São Bernardo disputará, mas já sabemos que, dentre os 259 municípios que participariam, apenas por volta de 140 estarão neste ano. De qualquer maneira, mesmo que esvaziada, é importante que a competição aconteça”, opinou Devesa. Referência no esporte, a cidade do ABCD organizou os Jogos Regionais desta temporada e será sede dos Jogos Abertos em 2016. rodrigo pinto São Bernardo já havia salvado os Jogos Regionais deste ano