A impressão docente e discente na inclusão do turismo pedagógico como componente de
aprendizado em uma escola da rede particular da cidade de Teresina – Piauí, Brasil
Ricardo Gomes Ramos1
Priscila Silva Teles2
Resumo: A modalidade de turismo pedagógico tem por objetivo a complementação da teoria vivenciada em
sala de aula nos diferentes níveis de ensino por meio de visitas técnicas, saídas de campo e aulas passeio. No
intuito de se verificar a impressão docente e discente quanto à eficácia dessa modalidade de turismo como
componente de aprendizado, foi apresentada a uma escola da rede particular de ensino da cidade de Teresina
duas propostas de roteiro que contemplam aspectos históricos, sociais e culturais trabalhados nas disciplinas
de História e Geografia, por meio de visita a elementos do patrimônio turístico piauiense. Como resultado,
observou-se que a noção do alunado quanto à saída do espaço da escola não se limita ao lazer. Para os
docentes, o principal entrave na realização desse tipo de atividade centra-se na questão financeira dos alunos.
Contudo, ambos demonstram perceber que o turismo pedagógico, quando bem planejado, pode ser um
importante aliado à práxis, colaborando com a formação de alunos com uma visão mais crítica em relação ao
meio em que estão inseridos.
Palavras-chave: Turismo pedagógico. Ensino médio. Piauí.
Introdução
A aquisição de conhecimento é intrínseca a atividade turística, pois pessoas ou grupos, ao
deslocarem-se para localidades distintas a de sua residência entram em contato com novas
representações sócio-culturais, agregando uma percepção diferenciada àquela observada em suas
cidades. Remetendo-se a história, especialmente a partir do século XVIII, nota-se a busca pelo
conhecimento enquanto fator propulsor da atividade turística, por meio dos grand tours, viagens que
tinham por objetivo a complementação dos estudos da alta burguesia européia.
No turismo contemporâneo, a concepção do grand tour assemelha-se a segmentação do
turismo pedagógico, o qual busca, por meio de aulas passeio, visitas técnicas e saídas de campo, a
contextualização do conteúdo teórico de determinada disciplina, seja no ensino fundamental, médio,
graduação ou pós-graduação. Beni (2002, p. 426) afirma que essa modalidade de turismo:
É uma prática amplamente utilizada nos Estados Unidos por colégios e
universidades particulares, e também adotada no Brasil por algumas escolas de
elite, que consistia na organização de viagens culturais mediante o
acompanhamento de professores especializados da própria instituição de ensino
com programas de aulas e visitas a pontos históricos ou de interesse para o
desenvolvimento educacional dos estudantes.
1
Bacharel em Turismo (Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR) e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(Universidade Federal do Piauí). Professor substituto do curso de Gestão de Turismo da Universidade Federal do Paraná –
Setor Litoral E-mail: [email protected]
2
Bacharel em Turismo (Faculdade Piauiense – Teresina, PI). E-mail: [email protected]
1
Em relação aos objetivos do turismo pedagógico, Ansarah (2005, p. 294) destaca que essa
segmentação busca:
Fazer com que o aluno/ turista tenha contato com a natureza (num conteúdo
como, por exemplo, o estudo do espaço), de vivenciar e conhecer lugares novos
(conteúdos de sociologia e antropologia) e, principalmente inserir nos alunos a
conscientização dos docentes acerca de problemas socioculturais e ambientais que
vivem muitas comunidades e promover valores construtivos.
Corroborando com a autora, Moreira, Avilés e Valle (2009, p. 01) citam que o turismo
pedagógico:
Es la rama del turismo que se especializa en viajes donde los turistas organizan los
mismos con el propósito no solo de conocer el lugar, si no de aprender, entender y
comprender el entorno visitado; sin ser realizado dicho aprendizaje
necesariamente dentro de un plan estricto y formal de aprendizaje; si no todo lo
contrario; dentro de un espectro amplio y utilizando toda la gama de opciones de
aprendizaje que nos brinda el avance en la rama educativa; utilizando los medios
necesarios para que el turista se involucre dentro de dichos espacios.
Sendo assim, o turismo pedagógico, por proporcionar uma percepção da realidade em
conformidade aos conteúdos vivenciados em sala de aula, pode ser considerado uma ferramenta
eficaz na expansão cultural de alunos, permitindo a complementação do conhecimento teórico com
a prática.
O turismo como instrumento pedagógico: considerações teóricas
A atividade educativa deve desempenhar um importante papel na vida de qualquer pessoa,
uma vez que sua função é oferecer conhecimentos que colaborem na formação social e profissional
do indivíduo e, o contato direto com os aspectos históricos, culturais, sociais e ambientais, deve ser
entendido como um auxílio à construção de um senso crítico de forma a possibilitar
questionamentos, cujas respostas podem ser obtidas nas várias situações vivenciadas fora dos limites
das escolas, como defendem Sanches e Pizzinato (2006, p. 230) ao afirmar que “el contacto directo
con el territorio permite alcanzar un mayor conocimiento del mismo, que por supuesto, permea
el acto educativo al invitar al análisis de lo local, con ventajas para el desarrollo de la conciencia
espacial del entorno”.
Ferraz, Montagnoli e Bernardes (2010, p. 85) afirmam que “o compromisso do educador
com a realidade social do educando, notadamente dos trabalhadores, indica que os
conhecimentos cotidianos dos alunos devem ser a base do trabalho educacional no domínio do
conhecimento científico elaborado”. Dessa forma, a contextualização dos conteúdos à realidade do
2
alunado é uma necessidade no processo de ensino-aprendizagem e, por esse motivo, a escola
desempenha um importante papel ao trazer aspectos cotidianos para a sala de aula.
Mello (2007) observa a dificuldade, tanto pelo professor, como pelo aluno, na construção de
um espaço propício a discussão de experiências culturais heterogêneas sem que haja um desvio do
principal objetivo das práticas complementares de ensino-aprendizagem, fato que pode ser
justificado pela afirmação de Freire (2004, p. 47) ao destacar que ainda há uma necessidade
considerável, por parte dos educadores em “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Para Gadotti (2000), a
práxis pode ser uma alternativa de mudança nos aspectos educativos, já que um dos principais
problemas da educação brasileira é a ausência de vínculo entre a teoria e prática. Nesse sentido,
Vinha (2005, p. 15) afirma que:
Na intersecção entre atividades pedagógicas voltadas para o desenvolvimento dos
aspectos cognitivos, afetivos e sociais dos alunos com as atividades lúdicas e de
entretenimento próprio dos passeios e das viagens, reside o espaço do turismo
pedagógico. É o espaço da aprendizagem feita com prazer, mas não é aquele prazer
típico da alienação, é o prazer que é fruto da ampliação do conhecimento, do
esclarecimento, da convivência e do lúdico.
Dessa forma, o turismo insere-se como uma ferramenta complementar ao processo de ensinoaprendizagem por agregar diversos conhecimentos, articulando diferentes disciplinas, tais como a
língua portuguesa, sociologia, geografia, história, entre outros, fazendo da interdisciplinaridade uma
forma colaborativa à contextualização da teoria pela prática, como observa Gadotti (2000, p. 223):
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de
uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo
tornou-se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se inserem
nas experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo. Articular saber,
conhecimento, vivência, escola comunidade, meio ambiente, etc., tornou-se, nos
últimos anos, o objeto da interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um
trabalho coletivo e solidário na organização da escola.
Considerada uma atividade interdisciplinar e complexa, relacionada às questões sociais e
políticas, a atividade turística, quando inserida no processo de aprendizagem, oferece à comunidade
estudantil um conhecimento maior de sua identidade, por meio de suas tradições e costumes,
proporcionando condições de valorização e respeito às diferenças culturais observadas (Trigo, 2002).
O turismo pedagógico, portanto, deve ser planejado de forma a instigar a percepção do aluno em
conformidade a realidade em que se encontra inserido. Ilustrado por saídas de campo, visitas
técnicas ou aulas passeio, o turismo pedagógico tende a colaborar com a práxis. Para Lozano (2010,
p. 77):
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Las Salidas de Terreno, constituyen una posibilidad de enseñanza-aprendizaje
que permite explorar en aquellos conocimientos informales del estudiante,
pudiendo en terreno ir creando lectura del espacio y comprensión de sus
dinámicas sociales. La carga conservadora y tradicional que trae consigo los
fundamentos de la escuela, se reproduce en su función más veces contenidista y
que impide la posibilidad de indagar y relacionar los saberes informales de los (as)
estudiantes.
A eficácia de uma saída de campo, visita técnica ou aula passeio deverá, portanto, estar
atrelada ao planejamento da disciplina, exigindo do participante, não apenas a presença durante o
deslocamento, mas a construção de métodos que venham a colaborar com um aproveitamento
pleno de tal atividade. Para isso, é importante que exista um planejamento da viagem como um
todo, desde a leitura sugerida ao discente, a fim de proporcionar a construção de uma visão crítica
do alunado durante a visita, oportunizando questionamentos e observações que deverão ser
retomadas em sala de aula, por meio de registro fotográfico, elaboração de relatório e discussão pós
viagem, por exemplo. Nesse sentido, Vinha (2005, p. 6 -7), destaca que o roteiro a ser cumprido,
enquanto atividade relacionada ao turismo pedagógico deve ser:
Planejado e desenvolvido através de equipes multidisciplinares formadas por
Bacharéis em Turismo e por Professores de diversas áreas, visando elaboração de
propostas de atividades que incluam algum tipo de deslocamento do ambiente
escolar, como por exemplo, uma visita a um museu, a uma indústria, a um parque
ou participação em um acampamento. O que se pretende com essas atividades é a
organização de situações de aprendizagens, relacionadas a conteúdos curriculares,
a valores éticos e estéticos, além de atitudes formativas, tais como o
desenvolvimento da capacidade de iniciativa e solidificação de amizades; respeito
ao outro e fortalecimento da noção de pertencimento a um grupo ou a um
ecossistema; experiência de autonomia; elaboração conjunta de regras de
convivência, dentre outras.
Neste contexto mostra-se a fundamental importância de inserir a cultura e/ou costumes do
destino a se visitar, ainda em sala de aula, de forma a proporcionar a integração dos alunos,
enquanto visitantes, ao objeto visitado de forma respeitosa. Tal questão é integrante dos parâmetros
curriculares nacionais, como cita Abreu (2007, p. 21):
A escola, na perspectiva de construção de cidadania, precisa assumir a valorização
da cultura de sua própria comunidade e, ao mesmo tempo, buscar ultrapassar
seus limites, propiciando às crianças pertencentes aos diferentes grupos sociais o
acesso ao saber, tanto no que diz respeito aos conhecimentos sociais relevantes
da cultura brasileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte do
patrimônio universal da humanidade.
Uma das formas de se proporcionar a integralidade do disposto nos parâmetros curriculares
nacionais é o uso do turismo pedagógico enquanto ferramenta complementar ao aprendizado, como
cita Machado (2011, p. 1408):
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Viajar, conhecer pessoas e apreciar lugares possibilita ao aluno justamente o que é
proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, a cidadania ativa que só se dá
por meio da vivência que se tem com objeto de estudo. Conhecer os recursos
naturais, a diversidade cultural ou os problemas do país somente através de
contextualizações superficiais em sala de aula não caracteriza a cidadania ativa.
Para intervir positivamente é preciso literalmente conhecer, in loco.
O turismo e a educação, portanto, podem ser consideradas atividades paralelas, as quais
promovem a práxis, de forma a transformar os conhecimentos/saberes escolares em
contextualizações mais claras e concisas para o alunado em conformidade aos aspectos sociais,
econômicos e culturais inerentes à comunidade visitada. Portanto, nota-se que disciplinas como
história e geografia encaixam-se facilmente nos parâmetros do turismo pedagógico, pois retratam,
em seus conteúdos, informações sobre a formação cultural de localidades.
O ensino de História no contexto piauiense
Dentre os objetivos do ensino da História, está a oferta de possibilidades no
desenvolvimento de competências que permitam ao estudante uma reflexão sobre si próprio de
forma a participar, de maneira ativa e critica no espaço social e cultural em que se encontra inserido.
O conhecimento de sua origem, dos movimentos sociais e da evolução política das nações tornamse, portanto, o arcabouço do ensino da História, como observado por Brasil (2006, p. 70):
O objeto da História são todas as ações humanas na dimensão do tempo, a escolha
dos temas, dos assuntos ou dos objetos consagrados pela historiografia depende
necessariamente de posições metodológicas assumidas ou mesmo de preferências
ideológicas.
A representação histórica é percebida em diferentes meios, como edificações, mídia
impressa, objetos de arte, costumes repassados de geração em geração, folclore e cultura popular.
Nessa perspectiva, a história e o turismo progridem na mesma proporção, pois um fato, muitas das
vezes transforma-se num atrativo, tangibilizando determinado momento inserido na linha do tempo
da história.
Da História, portanto, fazem parte o tempo (temporalidade histórica), os sujeitos históricos
(identidades sociais e pessoais), o trabalho (representado pela transformação imposta pelo homem à
natureza), o poder (relação entre os sujeitos históricos), a cultura (relação de aspectos históricos,
antropológicos e filosóficos), a memória (como cidadania cultural e preservação da obra humana) e
cidadania (participação individual e coletiva na construção de determinada sociedade). Tais
características tornam a disciplina complexa em sua compreensão, demandando aplicação de
5
metodologia que busque contextualizar os aspectos que compõem a história de forma cognitiva.
Nesse sentido:
Introduzir na sala de aula o debate sobre o significado de festas e monumentos
comemorativos, de museus, arquivos e áreas preservadas permite a compreensão
do papel da memória na vida da população, dos vínculos que cada geração
estabelece com outras gerações, das raízes culturais e históricas que caracterizam a
sociedade humana. Retirar os alunos da sala de aula e proporcionar-lhes o contato
ativo e crítico com ruas, praças, edifícios públicos, festas e outras manifestações
imateriais da cultura constituem excelente oportunidade para o desenvolvimento
de uma aprendizagem significativa e crítica de preservação e manutenção da
memória (Brasil, 2006, p. 79).
O uso de espaços alternativos para uma melhor compreensão da história, contemplam
recursos que também servem ao turismo enquanto atrativo. Dessa forma, a história, quando
transformada em produto turístico, possui importante papel na preservação e conservação do
patrimônio como um todo, seja ele histórico, arquitetônico, cultural ou natural. Da mesma forma
quando se destaca uma cidade como pólo turístico deve-se utilizar o turismo como ferramenta de
resgate histórico e cultural de um destino, possibilitando a revitalização da identidade cultural, a
preservação de patrimônios, bens culturais, tradições e costumes da população local estimulando,
assim,
a
participação
da
comunidade
no
desenvolvimento
da
atividade
turística
e,
conseqüentemente, da sociedade.
Em relação aos aspectos históricos do Piauí, pinturas rupestres demonstram que o homem
esteve no atual território do estado desde doze mil anos atrás. Com uma das maiores concentrações
de pinturas rupestres do mundo, o Parque Nacional da Serra da Capivara, localiza-se no sul do
estado. Alem deste, toda a região leste do Piauí, de sul a norte, apresenta esse tipo de registro,
inclusive na área do Parque Nacional de Sete Cidades, localizado nos municípios de Piracuruca e
Brasileira (Fundação CEPRO, 2001).
De acordo com Moreira e Mavignier (2007) o atual território do estado era povoado por
índios, principalmente a Tribo dos Tremembé, localizada na região do Delta do Parnaíba (norte do
estado). Rígidos com os seus inimigos, ágeis nadadores, famosos por seus mergulhos, os Tremembé
furtavam as embarcações dos aventureiros e eram chamados de peixes racionais. Lutaram até o fim,
para que fossem expulsos de seu habitat natural que compreendia a região deltaica e parte do
continente. O nosso território, primitivamente, recebeu a denominação de Piagui, nome dado pelos
indígenas que povoavam esta região. Mais tarde foi chamado de Piagoi. A grafia Piauhy só ficou
conhecida, oficialmente, depois que o Brasil tornou-se independente. A palavra é de origem tupi,
com significado ligado ao rio dos piaus. Piau é um peixe muito comum nos rios e açudes piauienses.
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No início do século XVII, originaram-se as primeiras incursões ao território piauiense, quando
o atual território serviria de elo entre as Capitanias de Pernambuco e Maranhão, iniciando a
ocupação na região sudeste, abrindo campos para os rebanhos bovinos, multiplicando-se
rapidamente e, em paralelo, combatia os indígenas. Em termos administrativos, o Piauí esteve sob a
bandeira de Pernambuco até 1701, quando obteve sua autonomia através de uma Carta Régia
enviada ao Governo de Pernambuco, a qual anexava o Piauí ao Maranhão. A completa autonomia
veio no ano de 1814, por força de um Decreto Real, quando o Governo Militar do Piauí foi separado
do Governo Militar do Maranhão, em ocasião, uma nova Carta Régia isentava o Piauí da jurisdição
maranhense.
A colonização do Piauí deu-se do centro para o litoral, ocasionada por Fazendeiros do São
Francisco aspirando novas expansões para suas criações de gado passando a ocupar, em 1674,
através das cartas de sesmarias concedidas pelo Governo de Pernambuco, todas as terras situadas às
margens do Rio Gurguéia. Fazia parte destes sesmeiros, o Capitão Domingos Afonso Mafrense,
também conhecido como Domingos Sertão, estabelecendo trinta fazendas de gado, promovendo-se
o mais eminente colonizador da região. Contudo, Domingos Sertão instituiu que suas fazendas
fossem legadas, após sua morte, aos padres da Companhia de Jesus. Hábeis gerentes, os jesuítas
contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento da pecuária piauiense, que atingiu seu auge
em meados do século XVIII. Nesta época, os rebanhos da região abasteciam todo o Nordeste e
Províncias do Sul. Com a expulsão dos jesuítas, as fazendas de Mafrense foram incorporadas à Coroa
e, conseqüentemente, entraram em declínio.
As terras das populações nativas foram ocupadas para o desenvolvimento da economia
pecuarista que se estendeu por toda a região, dando origem as primeiras vilas que foram
oficialmente criadas por João Pereira Caldas, primeiro governador da capitania São José do Piauí
(atual cidade de Oeiras), em 1748.
A cultura piauiense é originária da união de tradições dos portugueses, dos índios e dos
negros. Como dança característica do Estado do Piauí tem a Roda de São Gonçalo que reúne duas
fileiras de homens e mulheres que se colocam em frente ao altar do santo, movimentando-se em
círculos em forma de cruz e, ao mesmo tempo, reverenciando o santo e beijando o altar. Outra
dança típica é o Cavalo Piancó, originária da cidade de Amarante, onde os negros, para sobressaírem
do sono nas noites de luar, às margens do rio Gurguéia, imitavam o galope de um cavalo manco,
onde cavalheiros e damas formariam pares e, em círculo, trocam de pares e sempre improvisando
versos.
O bumba-meu-boi é o folguedo mais característico do Piauí onde conta a estória de Catarina,
que, estando grávida, deseja comer a língua do boi mais bonito da região. Há dúvidas se Chico,
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marido de Catarina, apenas feriu ou matou o animal. Sabe-se que a notícia se espalhou e o dono do
boi descobriu o autor do crime. Vários médicos são chamados para curar o boi. Após muita confusão,
depois de julgamento e perdão, tudo termina bem, com muita dança e festa, em decorrência da cura
do boi. O reisado, ao lado do Bumba-Meu-Boi, está entre os folguedos folclóricos do Estado do Piauí,
comemorado em todo o estado, iniciando no natal e terminando no dia de Reis. Esta dança é
composta por Caretas, a Burrinha, o Boi, o Jaraguá, a Cigana, a Ema, a Arara, o Caipora e o Cabeçade-Fogo. Cada componente apresenta-se com sua respectiva música, acompanha por um coral
feminino e uma orquestra.
A lenda mais popular do Piauí relata a estória de um pescador, Crispim, que morava apenas
com sua mãe na Vila do Poti (em Teresina). Depois de um dia cansativo, em seu trabalho, por ter
apenas um caldo de ossada para comer, enraivecido, bate na sua mãe com a ossada que ela havia
preparado. Ainda caída no chão, antes de morrer, lança uma maldição contra o filho, sendo
transformado em um monstro que viverá nas águas do rio Poti e o encanto só será quebrado se o
monstro comer sete Marias virgens.
Como culinária típica do Piauí destacam-se o baião-de-dois, Maria-isabel, arroz com
galinha d’angola, paçoca, carne-de-sol, beiju de côco, bolo frito, doces de limão em calda, caju,
manga, batata-doce, umbu. Como bebidas típicas, os licores de caju, tamarindo e jenipapo além da
cajuína, bebida não alcoólica preparada com o suco do caju, considerada o símbolo do Estado.
O artesanato piauiense é a própria expressão da cultura de seu povo. Em cada peça são
mostradas as experiências, os costumes e a crença de sua população. Os artesãos utilizam de
matérias, como: fibras, arame, flandres, cerâmica, madeira e couro, com destaque para a arte
santeira, cujo trabalho tornou-se conhecido internacionalmente através de esculturas de santos,
anjos e oratórios. Os municípios que merecem destaque, no que diz respeito ao desenvolvimento do
artesanato são: Teresina, Parnaíba, Campo Maior, Luís Correia e Parnaíba.
O ensino de Geografia no contexto piauiense
De acordo com Brasil (2006), a Geografia não deve ser vista como uma disciplina descritiva e
empírica. Dela, fazem parte dados econômicos, populacionais e ambientais que não devem ser
descritos de forma linear. Especialmente na era da tecnologia digital, os professores dessa disciplina
devem refletir sobre sua prática e vivência em sala de aula de forma a proporcionar uma
contextualização atualizada do mundo. Nesse sentido, seu objetivo, enquanto disciplina é fazer:
Compreender a dinâmica social e espacial, que produz, reproduz e transforma o
espaço geográfico nas diversas escalas (local, regional, nacional e mundial). As
relações temporais devem ser consideradas tendo em vista a historicidade do
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espaço, não como enumeração ou descrição de fatos que se esgotam em si
mesmos, mas como processo de construção social (Brasil, 2006, p. 43).
Dessa forma, o ensino da geografia demanda conceitos de natureza, paisagem, espaço,
território, região, rede, lugar e ambiente, contextualizados a relações econômicas e sociais, podendo
ser considerada a ciência dos lugares, da diversidade de espaços terrestres e sua importância. De
acordo com Nogueira e Carneiro (2009, p. 12):
A educação geográfica apoiará os sujeitos-alunos a formarem uma consciência da
espacialidade dos fenômenos vivenciados como parte da sua história sóciocultural: consciência da possibilidade de intervenção no mundo, do agenciamento
da condição de sujeitos nesse mundo. Assim, os atos de ler o mundo, indagar-se
sobre ele, questioná-lo, explicá-lo, implicam – ao educador – entender a educação
geográfica como processo que entende o sujeito-aluno enquanto agenciador,
alguém que, ao ler o mundo, projeta um mundo; e a Geografia escolar assume
capital relevância na formação da consciência espacial-cidadã.
No ensino médio, a Geografia relaciona-se com as múltiplas possibilidades de ampliação do
conceito da ciência geográfica atrelada a idéia de cidadania, por meio de noções de convívio
contextualizado ao mundo contemporâneo, considerando a realidade do meio em que o aluno está
inserido. Sendo assim, Castellar (2005, p. 211) afirma que o ensino da geografia visa:
Aumentar o conhecimento e a compreensão dos espaços nos contextos locais,
regionais, nacionais, internacionais e mundiais e, em particular: conhecimento do
espaço territorial; compreensão dos traços característicos que dão a um lugar a sua
identidade; compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares;
compreensão das relações entre diferentes temas e problemas de localizações
particulares; compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico e a
maneira como os lugares foram sendo organizados socialmente; compreensão da
utilização e do mau uso dos recursos naturais.
Percebe-se que, tanto o turismo quanto a Geografia se sustentam na diversidade das
culturas, e ambos concentrados no mesmo fenômeno social. O turismo diversifica seu espaço,
transforma o meio conforme o crescimento da atividade turística, com isto a Geografia analisa os
fluxos, redes de transportes, entorno ambiental através da perspectiva do espaço. Portanto, o
objetivo da Geografia no turismo baseia-se justamente nos planejamentos sobre turismo e espaço;
criação e remodelação de espaços e paisagens; estagnação de espaços turísticos; influência das
poucas alterações, deterioração e transformação de espaços que acabam perdendo sua função
principal e a produção de espaços artificiais.
Em relação aos aspectos geográficos do Piauí, destaca-se que o estado é o terceiro maior em
área da Região Nordeste, ocupando com o Estado do Maranhão a porção ocidental Meio Norte do
Brasil. Existe, desde o período colonial até os dias de hoje, questões envolvendo a fronteira do Piauí
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com o Estado do Ceará, fazendo com que os mesmos tenham em média de zona litigiosa uma área
de 2.614 Km², abrangendo a serra da Ibiapaba, questão essa mantida desde 1880 .
Composto por 223 municípios, tem como fronteiras os Estados do Maranhão e Tocantins (ao
Oeste), o oceano Atlântico (ao Norte), o Estado da Bahia (ao Sul) e os Estados do Ceará e
Pernambuco (a Leste). Devido ao processo de desenvolvimento e a criação de novos municípios e
alguns estados, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística achou necessário a atualização
das divisões meso e microrregional do País, levando-se em conta o processo social, o quadro natural
e a articulação do espaço de cada estado. O Piauí, por sua vez, ficou dividido em 15 microrregiões
que foram agrupadas em 4 mesorregiões, assim definidas: Norte Piauiense, Centro Norte Piauiense,
Sudoeste Piauiense e Sudeste Piauiense (Araújo, 2006).
Os tipos climáticos do espaço piauiense são, de acordo com Moreira e Mavignier (2007), o
tropical e o semi-árido. Em relação ao relevo, este é modesto com topografia regular. Os grandes
conjuntos de formas e os tipos de formas locais que ocorrem nos compartimentos regionais são
identificados, de acordo com Araújo (2006, p. 55), como:
I – Depressões Periféricas à Bacia Sedimentar do Maranhão-Piauí; II - Chapadões do
Alto-Médio Parnaíba; III - Planalto Oriental da Bacia Sedimentar do MaranhãoPiauí; IV - Baixos Planaltos do Médio-Baixo Parnaíba; V - Tabuleiros PréLitorâneos;VI- Planície Costeira.
Recobrem o Piauí quatro tipos de formação vegetal: a caatinga, nas porções sul e sudeste do
estado; o cerrado e o cerradão, que é mais denso, no norte e no leste; a floresta, bastante devastada,
numa estreita faixa a oeste, ao longo do Parnaíba, e a leste, sobre a serra de Ibiapaba. Tanto nas
áreas de floresta como nas do cerrado encontram-se extensos carnaubais e babaçuais. A fauna varia
de acordo com essas diferenças da flora e corresponde à encontrada no cerrado e na caatinga dos
estados limítrofes (Moreira & Mavignier, 2007).
A densidade demográfica do estado permaneceu sempre muito baixa, apesar de que, no seu
processo de colonização, o Piauí recebeu grande contingente de brasileiros de outros estados,
sobretudo da Bahia e de São Paulo. As áreas de maior densidade demográfica correspondem ao vale
inferior do Parnaíba e à região drenada pela bacia do Canindé, que são as principais áreas agrícolas
do estado.
A população do Piauí é de aproximadamente 3 milhões de habitantes, onde o Estado
apresenta uma densidade de 12,06 hab/Km². Etnicamente, a população do Piauí é composta por 73%
de pardos, 23% de brancos e 3% de negros, onde a formação étnica da maioria dos piauienses é
resultado da mistura entre brancos e índios, resultando no caboclo. Este exerceu por sua vez, um
relevante papel no processo de ocupação do território através da expansão da criação de gado, o
que resultou na formação de fazendas (Araújo, 2006).
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A economia do Piauí se assenta basicamente na agricultura e na pecuária, complementadas
pelo extrativismo vegetal. A agricultura constitui a atividade econômica mais importante, sendo
chamada de pequena lavoura, porque o preparo da terra, de um modo geral, ainda é praticado por
enxadas, facões e foices. No entanto, em muitos lugares já se utilizam arados e tratores. A pecuária
já foi a principal atividade econômica do Piauí e ainda é bastante ativa, com rebanho de caprinos,
bovinos, suínos, ovinos. Além desses rebanhos, destacam-se os eqüinos, muares e asininos. A
pecuária é mais desenvolvida no interior do estado. De acordo com Araújo (2006, p.98) “Na
agricultura pode-se citar: fruticultura, olericultura, floricultura, silvicultura, dentre outras; Na
pecuária pode-se citar: ovinocaprinocultura, apicultura, carcinicultura, bovinocultura, avicultura e
aqüicultura”.
É típica da região uma extração vegetal que envolve várias palmáceas, como o tucum
(Artrocaryum chambira Burret), a carnaúba (Copernicia prunifera) e o babaçu (Orrbignya speciosa), e
também a das castanhas de caju, cascas de angico (Albizia polycephala) e sementes de oiticica
(Licania rígida). A carnaúba é o principal produto extrativo do Piauí. Dela extrai-se o pó que dá a cera,
de grande valor comercial, a madeira e a palha que servem para a construção de casas rústicas e
confecção de certos utensílios domésticos. Os vastos carnaubais se acham localizados,
principalmente, nos vales dos rios Longá, Poti e Canindé. (Silva, 2011)
O Estado do Piauí possui a principal bacia hidrográfica nordestina, a bacia do Rio Parnaíba,
tendo como critério a extensão e a perenidade do rio principal. Toda a rede de drenagem do Piauí
pertence à bacia hidrográfica do rio Parnaíba, o principal do Estado, cujo curso forma o limite com o
Maranhão. É um rio perene, pois além de receber durante 5 a 6 meses do ano águas das chuvas, ele
é alimentado por um lençol subterrâneo através de olhos d’água, durante o ano todo. Também é
através deste mesmo rio que se apresenta uma foz do tipo delta, através do desmembramento do
seu leito em cinco largos canais de água, onde o principal deles, chamado de rio Igaraçu, está do lado
piauiense formando a Ilha Grande de Santa Isabel. Segundo Araújo (2006), o Delta do Parnaíba tem
significativa importância para o turismo do Piauí.
O turismo pedagógico em territorio piauiense: roteiros para o ensino da história e geografia e sua
eficácia enquanto componente de aprendizagem na visão docente e discente
Sabendo que o turismo pedagógico visa o contato do aluno com o espaço extra classe, de
forma a proporcionar um complemento de conhecimentos abordados em sala de aula, foram
elaboradas duas propostas de roteiro, para as disciplinas de História e Geografia, contextualizados
aos aspectos inerentes ao estado do Piauí, como observado nos quadros 01 e 02:
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Quadro 01 – Roteiro Norte do Piauí e Delta do Parnaíba – origem Teresina
Destino
Distância da
origem
Campo Maior
80 km
Parque Nacional de
Sete Cidades
160 km
Parnaíba
350 km
Contribuição para História
* Batalha do Jenipapo;
* Carne de sol na culinária típica.
* Inscrições rupestres;
* Uso de lendas pela experiência turística do parque.
* Formação social Parnaibana por meio do patrimônio edificado
durante o ciclo da carnaúba;
* Lendas e folclore típicos da região litorânea do estado.
Contribuição para Geografia
* Produção de cera de carnaúba.
* Estudo geológico da porção meio-norte do estado do Piauí;
* Exclusão social das comunidades que vivem no entorno do Parque.
* Importância do rio Parnaíba para diferentes atividades econômicas
(turismo, pesca);
* Problemática na sazonalidade do turismo de sol-e-praia para a
economia da região;
* Conservação na APA Delta do Parnaíba.
Fonte: elaborado pelos autores
Quadro 02 – Roteiro Sul do Piauí e Parque Nacional da Serra da Capivara – origem Teresina
Destino
Distância da
origem
Amarante
160 km
Oeiras
300 km
São Raimundo
Nonato
650 km
Contribuição para História
* Casario de estilo colonial português;
*Comunidade Mimbó (remanescente de população escrava);
* Cavalo Piancó – folclore piauiense
* Primeira capital do estado;
* Reisado – folclore piauiense.
* Pinturas rupestres;
* Patrimônio arqueológico piauiense.
Contribuição para Geografia
* Territorialidade piauiense definida pelo Rio Parnaíba;
* Condição social da comunidade Mimbó
* A mudança da capital devido a sua posição geográfica;
* Ocupação do território piauiense
* Formação geológica do sul do Piauí;
* Relevância turística do Parque Nacional da Serra da Capivara;
* Questões políticas e o entrave no desenvolvimento da região.
Fonte: elaborado pelos autores
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Para verificação das impressões docente e discente sobre a eficácia do turismo pedagógico
enquanto componente de aprendizado nas disciplinas de História e Geografia, as propostas de
roteiro foram apresentados ao universo pertencente ao Colégio Uni, reconhecido pelo Conselho
Estadual de Educação do Piauí e credenciado ao MEC com a resolução CEE/PI nº. 100/2006,
publicada no Diário Oficial da União, em 27 de março de 2006. O colégio é caracterizado como
instituição privada de Ensino Secundário, com atividades relacionadas aos Ensinos Fundamental (6º
ano ao 9º ano) e Médio (1º ano ao 3º ano) que tem como missão: “A formação integral do educando,
por essa razão, deve não somente possibilitar o desenvolvimento cognitivo e físico do aluno, mas,
também,
sua
capacidade
de
criatividade,
espírito
crítico,
socialização,
autonomia
e
responsabilidade”.
A coleta dos dados utilizou de questionário semi-estruturado levando em consideração o
programa proposto em ambos os roteiros e sua possível eficácia enquanto componente de
aprendizado. A amostra discente correspondeu a 20% do universo total de alunos (32 indivíduos),
escolhidos de forma aleatória, equivalente a 04 questionários por série e, a amostra docente
relacionada aos professores de História e Geografia (02 indivíduos). A escolha das disciplinas citadas
se deu em razão de serem matérias que não devem ser vistas como “decorebas”, mas sim
interpretativas, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Os dados referentes à impressão docente serão apresentados da seguinte maneira: disciplina
de Geografia – (G) e História – (H).
Os docentes, quando questionados se sua disciplina utiliza de aulas passeio como
instrumento de aprendizagem, responderam negativamente. Em relação a adoção desse
componente de aprendizado pela escola, ambos concordam com sua viabilidade, expressando-se da
seguinte maneira: “concordo com a utilização de aulas passeio com a finalidade de aperfeiçoar o
conhecimento do aluno sobre o conteúdo ministrado” (G); “acho importante a função das aulas
passeio, contudo não foram realizadas dentro da escola, devido a impossibilidade de recursos em
relação ao educando” (H).
Sobre a eficácia das aulas passeio como componente de aprendizado do alunado,
responderam: “A aprendizagem torna-se eficaz por relacionar a teoria com a prática” (G); “mesmo
não tendo realizado neste estabelecimento, tive a possibilidade de realizar em outras oportunidades.
Desta forma, afirmo que é uma das melhores atividades educacionais” (H)
Em relação à existência de conteúdo a ser abordado em aulas passeio, correspondente a
disciplina que trabalha, afirmam: “sim, a geografia possui elementos a serem relacionados com as
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aulas passeio” (G); “sim, principalmente em nosso Estado (PI), já que temos vários espaços a serem
trabalhados, como: Campo Maior, São Raimundo Nonato, etc.” (H)
Em relação aos roteiros apresentados, foi pedido que os professores apontassem a
viabilidade dos mesmos, bem como a forma de colaboração em suas respectivas disciplinas. As
respostas foram: “destacando as potencialidades do Estado, mostrando como o turismo pode
influenciar, positivamente, na economia e aprofundar no conhecimento do Estado” (G); “são várias
as possibilidades, onde alguns projetos podem ser interdisciplinares, o que possibilita, entre outros
aspectos, o conhecimento de seu estado e auto-estima” (H).
Por fim, foi pedido que os professores se expressassem sobre o uso do patrimônio turístico
piauiense para aulas passeio: “é muito importante, pois conhecendo as potencialidades turísticas, o
aluno passa a conhecer melhor o estado. Outro fator importante é que eleva a auto-estima do aluno
sobre seu Estado” (G); é bastante eficaz, já que neste ponto podemos trabalhar não só o
conhecimento, mas a integração entre professor e aluno, parcerias família/escola, etc.” (H)
A pesquisa realizada com o corpo discente foi norteada no intuito de se averiguar a opinião
dos mesmos quanto a função da aula passeio, a importância da práxis e os benefícios que se pode
obter numa aula passeio. Tratando da função da aula passeio, 9,3% da amostra a considera uma
atividade de lazer, enquanto 18,7% a percebe como lazer e aprendizado e 72% entendem essa
atividade como aprendizado. Em relação à importância em se relacionar teoria e prática para um
melhor aprendizado, 87,5% da amostra considera a práxis importante no processo de aprendizagem.
Sobre os benefícios que uma aula passeio pode oferecer, 15,6% afirmam ser o incentivo ao
aprendizado; 15,6% uma atividade sócio-cultural; 21,9% a relação teoria-prática e 46,9% uma melhor
compreensão dos conteúdos trabalhados pelos professores. Dentre os relatos obtidos, destacam-se:
a) Através das aulas-passeio teremos a oportunidade de obter novos conhecimentos e assim
melhorarmos nosso aprendizado;
b) Com as aulas passeio temos a oportunidade de conhecer melhor os pontos turísticos e entender
melhor a nossa cultura;
c) Quando se passeia se conhece um pouco mais das histórias do local, como os centros-históricos, o
clima e demais ambientes da localidade;
d) Você ainda sai do âmbito teórico para o prático de forma descontraída;
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e) Incentiva melhor no aprendizado do aluno, pois o professor junta o útil ao agradável fazendo com
que o aluno aprimore da melhor forma possível o seu aprendizado, tendo um conhecimento mais
amplo;
f) O assunto tratado é mostrado ao vivo, ultrapassando os limites de apenas fotos e livros, e
ajudando a fixar mais o assunto, pois se torna inesquecível um momento de lazer e aprendizado;
g) Além de trabalhar em livros, aulas-presenciais, os locais ou itens históricos que têm a ver com o
assunto estudado ajudam na compreensão, pois os alunos estão presenciando, não apenas ouvindo
o professor lendo, podendo aprender através de novidades.
Conclusões
A estreita relação entre a teoria e a prática é uma necessidade apontada pelos professores
investigados e, por meio do turismo pedagógico é possível envolver os conteúdos vislumbrados por
suas respectivas disciplinas, especialmente se planejado de forma dinâmica e participativa, como
forma de despertar a curiosidade do aluno. Porém, demonstram que a escola não dispõe de projetos
ou estruturas para realização deste tipo de atividade, especialmente por dificuldades financeiras do
corpo discente.
O entendimento do turismo pedagógico como componente de aprendizagem também é
percebido no corpo discente de forma positiva, acreditando que, além de proporcionar uma melhor
fixação dos assuntos ministrados, pode despertar seu interesse individual e coletivo pelos conteúdos
e disciplinas relacionados aos locais visitados.
Nesse sentido, a utilização de aulas passeio como complementação do conhecimento será
possível a partir do momento em que existir um planejamento que inclua, por exemplo, os gastos de
uma viagem dissolvidos na mensalidade do aluno, de forma a promover, além do aprendizado e
melhor interação com os professores, a participação efetiva da turma ou classe onde a atividade será
aplicada.
Dessa forma, constata-se que a adoção do turismo pedagógico como componente de
aprendizado deve ser pautado em discussões que tratem da questão pedagógica da escola
investigada, pois uma vez adotado e, utilizando o patrimônio turístico piauiense, desempenhará um
papel considerável à formação de alunos cidadãos, conscientes da realidade sócio econômica de seu
estado, portanto em conformidade aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
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Referências
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