INFORMA
Ano 2 - nº 15
Novembro
2015
Socicana
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES DE CANA DE GUARIBA - 15-02-51
Gestão de custos
de produção de
cana-de-açúcar:
Estudo de caso dos fornecedores
da região de Guariba/SP
Considerando que o preço de venda
da cana-de-açúcar não é determinado
diretamente pelo fornecedor, o controle
dos custos de produção é fundamental
para analisar a rentabilidade da aividade. Como o sistema de produção de
cana é complexo, tendo em vista o elevado número de variáveis envolvidas, as
diferentes naturezas das mesmas e as
relações interdependentes observadas,
este controle e gerenciamento pode ser
realizado com o apoio de modelos computacionais dedicados. A uilização de
recursos como este, além de evidenciar
um resultado aproximado da situação,
permite a manipulação de cenários para
testar situações de interesse, sendo, portanto, uma ferramenta de gestão para
apoio em tomadas de decisão sob condições de risco e incerteza.
Um vislumbre do uso potencial
destas ferramentas é apresentado
neste arigo. A parir de dados técnicos
e econômicos apurados pelo Pecege1
junto a fornecedores da região de
Guariba/SP – por intermédio da Socicana
– determinou-se o custo de produção de
cana-de-açúcar por produtores rurais,
sendo realizadas algumas simulações
em torno de dúvidas recorrentes, como:
“minha estrutura de produção está
ociosa, devo arrendar mais área para
produzir e com isso diluir meu custo?”;
“quanto pagar pelo arrendamento?”;
“será que compensa adubar mais?”.
Desta forma, o presente documento é
apresentado em dois itens: 1) Custos de
produção de cana-de-açúcar na safra
2015/2016 para a região de Guariba/
SP e 2) Uilização do modelo de custos
Pecege como ferramenta de apoio ao
processo de tomada de decisão.
A matriz de coleta de dados para elaboração dos custos de produção é baseada na relação dos estágios de produção
de cana, a saber: formação do canavial
(preparo de solo, planio e tratos culturais da planta), tratos culturais soca e colheita, com as formas de condução das
operações – manual ou mecanicamente
–, além dos respecivos insumos uilizados. Para a região de Guariba/SP, os valores dos principais indicadores técnicos
considerados, bem como os custos por
estágio de produção podem ser visualizados no Quadro 1.
João Henrique Mantellato Rosa
Haroldo José Torres da Silva
João Henrique Mantellato Rosa
Haroldo José Torres da Silva
FECHAMENTO AUTORIZADO PELA ECT
INFORMA
Socicana
2
ASSOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES DE CANA DE GUARIBA - 15-02-51
SOCICANA - ASSOCIAÇÃO DOS
FORNECEDORES DE CANA DE GUARIBA
R. José Mazzi, 1450, Caixa Postal 64
14840-000, Guariba - SP
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente
Bruno Rangel Geraldo Martins
Vice-Presidente Francisco A. de Laurentiis Filho
1º Secretário
Fernando Escaroupa
Panobianco
2º Secretário Luís Fernando Casari
1º Tesoureiro José Antonio de Souza Rossato
Junior
2º Tesoureiro Paulo de Araújo Rodrigues
1º Vogal
Delson Luiz Palazzo
2º Vogal
Ismael Perina Junior
3º Vogal
Roberto Cestari
4º Vogal
Murilo Gerbasi Morelli
5º Vogal
José de Laurentiz Sobrinho
CONSELHO FISCAL
Sérgio Donizete Pavani
Manoel da Silva Carneiro
Márcio Almir Basso
Suplentes
Aldo Bellodi Neto
Luis Gustavo Lemos
Nicolau Baldan Filho
dade.
Indicadores técnicos
EXPEDIENTE
apresentado em dois itens: 1) Custos de produção de cana-de-açúcar na safra 2015/2016 para a região de
Guariba/SP e 2) Utilização do modelo de custos Pecege como ferramenta de apoio ao processo de
tomada de decisão.
A matriz de coleta de dados para elaboração dos custos de produção é baseada na relação dos
estágios de produção de cana, a saber: formação do canavial (preparo de solo, plantio e tratos culturais da
A produção
de soca
canaeécolheita,
extremamente
heterogênea,
no que diz
respeiplanta),
tratos culturais
com as formas
de conduçãotanto
das operações
– manual
ou
mecanicamente
dos respectivos
insumoscomo
utilizados.
a região econômicos
de Guariba/SP, envolvidos,
os valores dos
to às formas –,dealém
condução
da lavoura
aosPara
aspectos
principais indicadores técnicos considerados, bem como os custos por estágio de produção podem ser
sendo praicamente
visualizados
no Quadro 1. impossível estabelecer um pacote padrão de tecnologia de
A
produção
cana éos
extremamente
heterogênea, tanto
no ser
que entendidos
diz respeito àscomo
formasum
de
produção. Destadeforma,
valores apresentados
devem
condução da lavoura como aos aspectos econômicos envolvidos, sendo praticamente impossível
estudo deumcaso,
retratando
uma situação
“modal”
região
produtora
em quesestabelecer
pacote
padrão de tecnologia
de produção.
Desta na
forma,
os valores
apresentados
devem
ser
como um estudo deo caso,
umado
situação
“modal” ou
na de
região
produtora
em
tão,entendidos
e não necessariamente
custoretratando
individual
fornecedor
uma
propriequestão, e não necessariamente o custo individual do fornecedor ou de uma propriedade.
Superintendente José Guilherme A. Nogueira
Gerente Técnico César Luiz Gonzalez
SOCICANA INFORMA
Contato: (16) 3251-9270
Valor
ha
70
Produtividade média
t/ha
85
Cortes por ciclo
n
7
ATR
kg/t de cana
132
Preço do ATR
R$/kg ATR
0,4741
Raio médio
Km
28
% de colheita mecanizada
%
100
% de plantio mecanizado
%
100
Arrendamento praticado
t/ha
28
Preparo de solo
R$/ha
1.892
4.033
Plantio
R$/ha
Tratos planta
R$/ha
969
Formação do canavial
R$/ha
6.894
Tratos soca
R$/ha
1.899
Colheita
R$/t
28
Administrativo
R$/ha
657
Quadro
indicadores
técnicos
e custos
por estágio,
na safra
para a região
Quadro11- -Principais
Principais
indicadores
técnicos
e custos
por estágio,
na2015/2016,
safra 2015/2016,
paradea
Guariba/SP
região de Guariba/SP
CONSELHO EDITORIAL
Comitê de Comunicação - Carlos Eduardo
Mucci, César Gonzalez, Cristiane de Simone,
Elaine Maduro, Helton Bueno, José Guilherme
Nogueira, Regiane Chianezi.
associação dos
custos
por estágio
de produção,
as respectivas
de realização e áreas
A Aassociação
dos
custos
por estágio
de com
produção,
comáreas
as respecivas
quantidade de cana produzida, permite a determinação do custo de produção da matéria-prima,
de realização e quanidade de cana produzida, permite a determinação do custo
apresentado na
de produção da matéria-prima, apresentado na Figura 1 sob duas perspecivas,
Departamento
Jurídico
determinando, consequentemente, as respecivas margens de lucraividade. No
caso, “Margem líquida (ML)” representa a diferença entre preço e COT e “Lucro” a
diferença entre preço e CT.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
COT
0
19,85
74,93
74,93
Magens - R$/t
Atendimento
Figura
sob duas perspectivas, “Custo operacional total (COT)” e “Custo total (CT)”, cujas
“Custo operacional
total (COT)”
“Custo
total (CT)”,docujas
diferenças
limitamé
diferenças
se limitam à incorporação
dosecustos
de oportunidade
capital
pelo CT. Naseilustração
possível
visualizar dos
aindacustos
a relação
dos custos comdooscapital
preçospelo
praticados,
à incorporação
de oportunidade
CT. Nadeterminando,
ilustração
consequentemente, as respectivas margens de lucratividade. No caso, “Margem líquida (ML)” representa a
é possível
visualizar
relaçãoentre
dospreço
custos
diferença
entre preço
e COT eainda
“Lucro” a
a diferença
e CT. com os preços praicados,
Custo - R$/t
PRODUÇÃO
Neomarc Comunicação – Produção/edição de
textos e projeto gráfico. Jornalista Responsável
Regiane Alves (MTb 20.084)
Layout – Karlinhus Mozzambani
Produção - Daiana Scaldelai e Ewerton Alves.
Associado (a), sempre que precisar,
procure os serviços de nosso
Departamento Jurídico.
Segunda à sexta-feira, das 14h às 17h.
Telefone: (16) 3251-9250.
Unidade
Área total produtiva
Custos por estágio
Efetivos
Estágio de Produção
ML
L
-10
-12,35
-20
-30
COT
-32,20
CT
Terra + Capital
a)
Preço
-40
b)
Figura 1 - Custos de produção, preços e margens para a produção de cana-de-açúcar, na safra
2
3
região depreços
Guariba/SP:
a) Custo
operacional
total
, Custo total (CT)
e
Figura 1 2015/2016,
- Custos dena
produção,
e margens
para
a produção
de(COT)
cana-de-açúcar,
na safra
4
5
6
Preço
;
b)
Margem
líquida
e
Lucro
2
3
2015/2016, na região de Guariba/SP: a) Custo operacional total (COT) , Custo total (CT) e Preço4; b)
Margem líquida5 e Lucro6
Custo operacional total (COT) - R$/t
Como se observa na Figura 1, consi- demanda altos valores, a opção mais palpável é o arrendamento, práica,
derando o cenário proposto, a situação inclusive, muito comum no setor sucroenergéico. Ainda que o aumento
é de prejuízo ao fornecedor de cana, de de área proporcione uma redução nos custos, deve-se levar em conta que a
modo que o preço não foi suiciente para incorporação do arrendamento, aumentaria os custos de produção. Desta
cobrir os custos de produção, indepen- forma, o quesionamento que ica é: o cenário de redução de custos é viável até
dente da análise econômica, incorporan- qual valor de arrendamento?
do ou não os custos de oportunidade do
Na Figura 2 é apresentado o custo operacional total (COT), em função de
Na Figura
2 é apresentado
custo operacional
total (COT),
funçãovalores
de aumentos
capital. Em uma análise técnica, o prinaumentos
na área deoprodução
via arrendamento,
paraem
diversos
de con- na área de
para adiversos
valores
deprodução
contrato. éComo
se nota,
a queda
cipal agente desta situação é produção
a pequenavia arrendamento,
trato. Como se nota,
queda do
custo de
observada
apenas
para ar-do custo de
produção
apenas
para arrendamentos
abaixo
das
20 t/ha, para
sendo
mais evidente para
escala de produção do produtor
ípico deé observada
rendamentos
irmados
abaixo das 20firmados
t/ha, sendo
mais
evidente
menores
menores valores. Posto de outra forma, se o valor a ser pago na área de arrendamento for superior a 20
Guariba/SP, determinada, principalmen- valores. Posto de outra forma, se o valor a ser pago na área de arrendamento
t/ha, a negociação não se mostra viável.
te, pelo módulo de produção considera- for superior a 20 t/ha, a negociação não se mostra viável.
do, no caso 70 hectares.
Arrendamento
Veriicou-se que o fornecedor em
80
questão possui uma estrutura de maqui78
nário própria, que quando associada a
76
esta dimensão de área e ao fato de terceirizar por completo os estágios como
74
planio e colheita, resulta em uma alta
72
ociosidade, onerando os custos de pro70
dução, em função da pouca diluição dos
custos ixos. Desta forma, duas alternai68
vas se tornam evidentes: desfazer-se dos
66
maquinários e terceirizar por completo
as operações – o que exigiria contratos
64
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
bem irmados com os prestadores de
serviços para miigar riscos de não cumÁrea adicional a ser arrendada
primento das operações – ou aumentar a
Simulação: Custo operacional total (COT) em função da quanidade de área a ser
escala de produção até um ponto
óimo Figura 2 –Custo
Figura 2 – Simulação:
operacional
total (COT)
da quantidade
de área a ser arrendada
arrendada (hectares),
para diferentes
valoresem
de função
arrendamento
(t/ha)
de uilização de maquinário. Essas
deci(hectares), para diferentes valores de arrendamento (t/ha)
sões dependem, entretanto, de análises
A simulação
em conta
fatores
podem
interferir
reA simulação
não levanão
emleva
conta
outrosoutros
fatores
que que
podem
interferir
no no
resultado,
como
fundamentais e criteriosas, e neste senprodutividade
agrícola,
que
foi
mantida
constante
nos
cenários
propostos.
Eventualmente,
se
ido simulações podem ser realizadas de sultado, como produividade agrícola, que foi manida constante nos cenários houvessem
aumentos
na Eventualmente,
produtividade agrícola
média,aumentos
os resultados
seriam
O objetivo deste
propostos.
se houvesse
ou quedas
naoutros.
produividaforma a apoiar tomadas de decisão.
Noou quedas
exercício é, na verdade, demonstrar o potencial da ferramenta como apoio na tomada de decisão,
item a seguir é apresentado um exemplo de agrícola média, os resultados seriam outros. O objeivo deste exercício é, na
permitindo a percepção antecipada de resultados, principalmente num momento em que as estratégias do
de simulação, uilizando comosetor
diretriz
o verdade, demonstrar o potencial da ferramenta como apoio na tomada de desucroenergético estão focadas na redução de custos atrelada ao aumento de produtividade.
aumento de área para diluição dos custos cisão, permiindo a percepção antecipada de resultados, principalmente num
momento em que as estratégias do setor sucroenergéico estão focadas na reixos.
O aumento de área pode ser dução de custos atrelada ao aumento de produividade.
realizado basicamente de duas formas,
João Henrique Mantellato Rosa e Haroldo José Torres da Silva
adquirindo mais área ou arrendando
de
são pesquisadores da Esalq/USP e do Pecege
terceiros. Como a aquisição de terras
Pecege - Programa de Educação Coninuada em Economia e Gestão de Empresas, é um grupo de extensão vinculado ao departamento de
Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP. • 2 Estão inclusos gastos com maquinário, mão de obra, insumos, arrendamentos, despesas
administraivas, inanciamento de capital de giro, depreciações e remuneração do proprietário • 3 CT = COT + Remuneração da terra e capital • 4
Determinado a parir de quanidade e preço do ATR. Valores acumulados até agosto/15 • 5 ML = Preço – COT • 6 L = Preço - CT
1
Números do Setor
1,60
1,40
1,20
1,00
R$/LITRO
Variação
do Etanol
Hidratado
CEPEA
Circular
Consecana
0,80
0,60
0,40
0,20
-
SAFRA 14/15
SAFRA 15/16
ABR
1,34
1,26
MAI
1,20
1,23
JUN
1,21
1,22
JUL
1,23
1,20
AGO
1,21
1,18
SET
OUT NOV
1,20
1,14
1,22
1,27
1,53
MESES DA SAFRA
DEZ
1,27
JAN
1,33
FEV
1,38
MAI
37,59
40,30
JUN
38,23
39,65
JUL
38,67
39,95
AGO
38,84
42,27
SET
OUT NOV
37,83 39,20 41,05
44,85 42,68
MESES DA SAFRA
DEZ
41,97
JAN
41,44
FEV
43,26
MAR
1,26
60,00
50,00
R$/SC
40,00
Variação
do Açúcar
VHP CEPEA
Circular
Consecana
30,00
20,00
10,00
-
R$/KG
ABR
SAFRA 14/15 35,85
SAFRA 15/16 42,89
Variação
do ATR
Acumulado
Circular
Consecana
MAR
47,90
0,4950
0,4900
0,4850
0,4800
0,4750
0,4700
0,4650
0,4600
0,4550
0,4500
0,4450
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
SAFRA 14/15 0,4802 0,4697 0,4666 0,4662 0,4654 0,4637 0,4615 0,4629 0,4650 0,4680 0,4717 0,4763
SAFRA 15/16 0,4909 0,4820 0,4765 0,4734 0,4741 0,4793 0,4902
MESES DA SAFRA
EVOLUÇÃO DO ATR QUINZENAL EM USINAS DA REGIÃO – SAFRAS 14/15 E 15/16
165
160
155
150
146,34
145
140
132,78
135
129,81
130
ATR
119,09
115
115,90
108,76
110
105
103,82
100
96,49
95
SÃO MARTINHO 15/16
BONFIM 15/16
STA. ADÉLIA 15/16
SÃO MARTINHO 14/15
BONFIM 14/15
STA. ADÉLIA 14/15
120,15
138,72
140,06
145,95
143,05
140,09
141,14
139,21
139,01
127,72
127,14
120
134,86
141,90
133,22
131,19
126,36
125
136,18
128,79
135,71
141,61
139,37
124,73
119,98
118,84
115,26
113,39
112,73
102,96
1ª Q ABR 2ª Q ABR 1ª Q MAI 2ª Q MAI 1ª Q JUN 2ª Q JUN 1ª Q JUL 2ª Q JUL 1ª Q AGO 2ª Q AGO 1ª Q SET 2ª Q SET 1ª Q OUT 2ª Q OUT 1ª Q NOV 2ª Q NOV
96,49 102,96 112,73 115,26 118,84 124,73 128,79 133,22 138,72 141,90
108,76 115,90 119,09 126,36 129,81 132,78 136,18 135,71 139,37 140,06
103,82 113,39 120,15 119,98 127,14 131,19 127,72 134,86 141,61 146,34
QUINZENAS
DA SAFRA
147,01 151,06
144,39 144,21
114,77 117,43 120,74 127,6 135,71 142,08
118,43 120,66 127,77 131,84 136,69 138,75 142,35 144,11 144,84 149,38
133,79 133,79 139,29 139,57 141 142,46 147,97 155,3
142,09 139,01 134,96 131,39
143,05 139,21 137,63 137,09
145,95 141,14 139,40 136,21
150,86 150,46 146,52 143,53 132,44 126,06
150,64 147,56 148,01 145,35 135,17 129,42
159,74 150,96 151,25 149,13 135,45 130,53
Download

informa - Socicana