7821 Trabalho 389 - 1/3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE UM PRONTO SOCORRO SOB A ÓTICA DOS USUÁRIOS* Matsuda, Laura Misue 1 Inoue, Kelly Cristina 2 O conceito Qualidade, muito utilizado nos dias de hoje, não tem uma definição precisa e de consenso entre os estudiosos do tema, por englobar dimensões e perspectivas diferentes. Na área da saúde, são apontados obstáculos que dificultam a definição desse conceito, mas, apesar disso, um aspecto que certamente contribui para a obtenção da qualidade ou para o direcionamento da atuação profissional, é o bem-estar do cliente que só pode ser viabilizada se este participar do processo de atenção à sua saúde. Estudos de avaliação relacionados ao atendimento podem ser realizados nas instituições hospitalares principalmente com vistas às ações futuras de melhoria da qualidade do cuidado, ou também à otimização dos processos para redução de custos. Nesse contexto, o usuário (cliente externo) e os trabalhadores (clientes internos) têm especial valor e devem ser considerados como parceiros indispensáveis. Ao pensar em qualidade no ambiente hospitalar, o Pronto Socorro (PS), definido como o estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato, se destaca pela complexidade que lhe é peculiar. Como objetivos deste estudo, estabeleceu-se: Avaliar a qualidade do atendimento do PS de um hospital ensino e, levantar sugestões de melhorias. Trata-se de um estudo exploratóriodescritivo, desenvolvido em um hospital-ensino da região Sul do Brasil. O Projeto foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisas com Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá, sob o Parecer n.º 029/2007. Participaram os usuários/clientes/pacientes que estiveram internados no PS por, no mínimo 48 horas e que no momento da coleta de dados se encontravam no Ambulatório, para realização de consulta de retorno. Os dados foram coletados uma vez por semana em horários aleatórios, durante o período * Estudo resultante do Projeto de Iniciação Científica – PIBIC, “Avaliação da Qualidade dos Serviços de um Hospital Universitário sob a Ótica dos Usuários do Pronto Socorro”. 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento da Universidade Estadual de Maringá. Maringá-PR, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Intensivista do Hospital Universitário de Maringá. Professora Assistente da Faculdade Ingá – UNINGÁ. Maringá-PR, Brasil 1 7822 Trabalho 389 - 2/3 de setembro a dezembro de 2007, por meio de entrevista. Para tanto, utilizou-se um questionário estruturado em que parte dos dados foi tratada com base nas categorias estrutura e processo, utilizadas em processos de avaliação em saúde. Quanto aos resultados, no que se refere aos dados de caracterização da amostra, dos 51 sujeitos que participaram da pesquisa, 19 (37%) eram do sexo masculino e 32 (63%) do sexo feminino, cuja faixa etária de maior frequência se inseriu entre 40 e 49 anos (27%), seguida daqueles com 60 anos ou mais (26%). Sobre a característica econômica e de escolaridade, 47 (92%) recebiam entre 1 e 3 salários mínimos, mais da metade (51%) tinha apenas o Ensino Fundamental e 9 (18%) não sabiam ler e escrever. No que se refere à parte específica, na categoria estrutura, obteve-se que para 45 (88%) entrevistados a estrutura da Recepção era adequada; para 37 (73%) havia muito barulho na enfermaria; e, 29 (57%) afirmaram que havia excesso de iluminação nesse ambiente. Os dois últimos dados, possivelmente ocorreram devido à frequência e à urgência dos atendimentos no setor e também pelo grande número de pessoas que circulam no local. Dentre as principais críticas apontadas pelos clientes, em relação à estrutura, destacam-se a falta de espaço físico e o número reduzido de funcionários. Na categoria processo, 11 (22%) sujeitos relataram que nenhum funcionário do hospital os acompanhou até o quarto/enfermaria e 21 (42%) relataram que nenhuma informação foi fornecida pela equipe de saúde no momento da internação. Quando às orientações acerca da rotina do setor, 33 (65%) referiram ter recebido informações a respeito. Já com relação à manutenção da privacidade, 30 (59%) afirmaram que a equipe atuou de maneira satisfatória visto que, na realização de procedimentos como: banho, exames, coleta de urina e sangue, os profissionais respeitavam a sua privacidade. Com relação à avaliação do atendimento da equipe médica, percebeu-se que a comunicação foi o fator que mais se destacou de maneira negativa, pois 6 (12%) verbalizaram dificuldades em encontrar o médico para conversar e 5 (10%) disseram que os mesmos não forneciam informações detalhadas sobre suas doenças e tratamento. No tocante à avaliação do processo de atendimento da enfermagem, a comunicação também mereceu destaque visto que, 17 (34%) clientes apontaram que a enfermagem não forneceu informações detalhadas sobre os medicamentos que lhes eram administrados, 8 (16%) mencionaram que 7823 Trabalho 389 - 3/3 a enfermeira-chefe do setor não realizava visitas em todos os plantões e 34 (67%) disseram que nenhum funcionário de enfermagem os acompanharam até à portaria. Apesar disso, quase a totalidade, 50 (98%), afirmou que a enfermagem atuava de maneira segura e organizada. Dentre as principais sugestões para melhorar a qualidade do atendimento no PS destacaram-se: necessidade de aumento do espaço e da estrutura física (21 citações); contratação de mais funcionários (10 citações) e rapidez no atendimento (6 citações). Concluiu-se que no serviço investigado, para a melhoria da qualidade do atendimento são necessárias adequações na estrutura, relacionadas à necessidade de maior número de trabalhadores; falta de espaço físico, redução de ruídos, dentre outros. Já na categoria processo de atendimento, é preciso melhorar, principalmente, a comunicação entre a equipe de saúde e o cliente e também, os aspectos relacionados à sua segurança. Palavras-chave: Avaliação em Saúde; Serviços de Saúde; Pacientes Internados; Serviços Hospitalares. a) DONABEDIAN, A. The definition of quality and approaches to it assessment. Chicago: Health Administration Press, 1980. b) GOUVÊA, M. A.; KUYA, J. Qualidade de atendimento do sistema hospitalar – o caso de alguns hospitais da cidade de São Paulo. In: IV Seminários em Administração – SEMEAD. São Paulo, 1999. c) MATSUDA, L. M.; ARREGUY-SENNA, C.; ÉVORA, Y. D. M.; CARVALHO, E. C. Satisfação dos usuários de uma instituição de saúde: em evidência a comunicação da equipe de enfermagem durante o processo de punção venosa periférica. In: 7º Simpósio Brasileiro de Comunicação em Enfermagem. Ribeirão Preto, 2000. d) SELEGHIM, M. R.; TEIXEIRA, J. A.; MATSUDA, L. M. Avaliação da qualidade dos serviços de um hospital universitário sob a ótica dos usuários do Pronto Socorro. In: XVII Encontro Anual de Iniciação Científica – EAIC, 2008, Foz do Iguaçu. XVII EAIC - Encontro Anual de Iniciação Científica. Foz do Iguaçu: UNIOESTE, 2008.