III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 Variabilidade espacial da resistência a penetração de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico Henrique José Guimarães Moreira MALUF¹; Diogo Santos CAMPOS²; Guilherme Ebelem Guimarães Moreira MALUF3; Saulo Gomes COSTA3; Gislaine Pacheco TORMEN4. ¹Graduando em Agronomia do IFMG – Campus Bambuí e bolsista da FAPEMIG ²Professor Orientador, Dr. IFMG – Campus Bambuí 3 Graduando em Agronomia do IFMG – Campus Bambuí 4 Professora, Msc. IFMG – Campus Bambuí. Bambuí – MG - Brasil RESUMO O gerenciamento localizado das culturas agrícolas é uma das alternativas mais viáveis na busca do desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Assim, o principal objetivo desse trabalho foi determinar a variabilidade espacial da resistência à penetração de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico. Este trabalho é parte de um projeto de iniciação científica do IFMG - campus Bambuí, intitulado Variabilidade espacial dos atributos físico-químicos de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, onde estão sendo amostrados 64 pontos de uma grade quadrangular. Serão avaliadas as variáveis densidade, resistência à penetração, os elementos da análise de rotina da fertilidade, matéria orgânica e textura do solo. Serão feitas análises geoestatísticas com uso do programa computacional GS+ de cada atributo. Desta forma, até o momento, foram feitas medições da resistência à penetração até 0,60 m no perfil do solo. De posse dos dados, resistência a penetração máxima (kPa) e sua profundidade, foi observada certa variabilidade na área, expressa pelo coeficiente de variação. Essa variação pode ser visualizada pelos mapas confeccionados, onde demonstraram certa heterogeneidade nas profundidades amostradas, ocorrendo os maiores níveis de resistência à penetração abaixo de 0,20 m, onde as raízes da cultura poderiam ter encontrado uma intermediária resistência ao seu desenvolvimento, com pressões que alcançaram 3900 kPa. Com análises mais aprofundadas dos semivariogramas será possível verificar a dependência espacial dessa e de das outras variáveis. Palavras-Chave: Agricultura de precisão, mapas, geoestatística, solo. INTRODUÇÃO Em busca do desenvolvimento de uma agricultura sustentável foi idealizada a Agricultura de Precisão que pode ser considerada como a habilidade em se monitorar e acessar a atividade agrícola em nível local, com o objetivo de aumentar a eficiência do processo produtivo. A Agricultura de Precisão (AP) apresenta-se como um conjunto de ferramentas que podem auxiliar o produtor rural III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 na definição das melhores estratégias a serem adotadas para aumentar a eficiência do gerenciamento agrícola. A AP tem como principal conceito aplicar no local correto, no momento adequado, as quantidades de insumos necessários à produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam (DODERMANN & PING, 2004). Hoje é possível saber que o solo possui certa heterogeneidade dos atributos químicos e físicos, mesmo em uma área considerada uniforme, em suas características visíveis de campo, tais como topografia, cor do solo e vegetação. Para que a amostragem do solo represente, com exatidão, a sua fertilidade, é necessário o conhecimento dessa variabilidade, pois só assim as recomendações de calagem e adubação não estariam comprometidas (SILVEIRA et al., 2000). Objetivou-se neste trabalho determinar a variabilidade espacial da resistência à penetração de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, sob um manejo cultural de irrigação por pivô central. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho é parte de um projeto de iniciação científica do IFMG - campus Bambuí, intitulado Variabilidade espacial dos atributos físico-químicos de um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico. O experimento está sendo conduzido na Fazenda Varginha, Km 05 da estrada Bambuí – Medeiros, pertencente ao IFMG - Campus Bambuí. A área central do experimento está localizada nas coordenadas geográficas 20°02`22` de latitude sul e 46°00`27 de longitude oeste com altitude média de 685 m. O material de origem do solo é do tipo calcário e o experimento se encontra sob um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico de textura argilosa (EMBRAPA, 1999). O preparo do solo utilizado foi o convencional, utilizando uma aração com grade-aradora e duas gradagens com grade niveladora. Atualmente esta sendo cultivado o milho (Zea mays L.) que será destinado à produção de grãos, com uma população final de 52836 plantas.ha-1, onde se encontra em fase senescência. O manejo nutricional, fitossanitário e hídrico foi realizado seguindo as exigências da cultura, em aplicações usualmente homogêneas em toda a área, sendo que o hídrico foi realizado por irrigações com o uso do pivô central. Na área foi determinada um malha quadrangular de 70 m x 70 m que limitou a área do experimento, totalizando 4900 m². Os pontos da malha estão distanciados de 10 m em 10 m, resultando 64 pontos amostrais, identificados nas linhas pelas letras de “a” até “h” e colunas de 1 a 8 representados por um piquete (estaca de madeira) e uma estaca maior de bambu, para visualização. Os pontos foram distribuídos e locados por balizas das mesmas distâncias dos pontos III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 e com o auxílio de um teodolito. Os pontos amostrais foram georeferenciados com o uso de um GPS Pathfinder Power da Trimble e pós-processados com uso da estação de referência localizada na PRODABEL em Belo Horizonte, MG. No dia 13 de agosto de 2010, em cada um dos 64 pontos, foram amostrados três repetições da resistência à penetração com uso do penetrômetro PLG1020 até 0,60 m de profundidade. Para fins de padronização foram coletadas 5 amostras do perfil inteiro (0,00 m a 0,60 m) para determinação da umidade de acordo com método padrão de estufa a 105°C por 48 horas (EMBRAPA, 1997). Após a colheita do milho, serão avaliadas as variáveis físicas da densidade e da textura. Após essas determinações serão amostradas e analisadas a fertilidade do solo (pH, P, K, Ca, Mg, Al, H+Al, e P-rem ), além da matéria orgânica. Estas variáveis juntamente com a resistência à penetração serão submetidas a análises de correlação ao nível de 5% de significância, além de análises geoestatísticas com o uso do programa computacional GS+. Para gerar os mapas tridimencionais de relevo do atributo físico de resistência à penetração foi utilizado o programa GS+ e os dados foram interpolados por meio da técnica da krigagem, a qual utiliza os parâmetros de semivariograma. A análise do semivariograma, considerando todos os atributos, possibilitará não só verificar a variabilidade e dependência espacial dos indicadores de qualidade do solo, como também correlacionar à estrutura de variação dessas variáveis. Isto poderá fornecer indicativos importantes da qualidade do solo e propor alternativas de manejo nas diferentes condições estudadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados parciais da resistência à penetração foram determinados com um solo constituído de 20,30% de umidade, calculado na base úmida. Os dados de resistência foram armazenados e processados no programa computacional PenetroLOG do próprio penetrômetro. A partir destes dados foram analisadas as pressões máximas e a profundidade dessas pressões ao longo dos 0,60 m avaliados em cada ponto. Estes valores foram analisados para determinação do coeficiente de variação (C.V.), que foram de 21,11% e 26,76% para a pressão máxima de resistência (kPa) e profundidade da pressão máxima da resistência, respectivamente. Com estas variações podese observar que a pressão e suas profundidades possuem uma pressão máxima não só nas primeiras camadas de solo, mas também nas subsuperficiais, sendo um indicativo de variabilidade. Para melhor investigar e visualizar tais variabilidades foram confeccionados mapas tridimensionais (Figura 1) das pressões exercidas ao longo dos 0,60 m. Assim, foi possível observar III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 as variações dos valores de pressão em uma mesma profundidade, esta diferenciação representada por cores, nos indica a heterogeneidade da área experimental. Figura 1: Mapas tridimensionais para as pressões (kPa) de resistência à penetração, profundidades 0 a 0,10 m, 0,10 a 0,20 m, 0,20 a 0,30 m, 0,30 a 0,40 m, 0,40 a 0,50 m e 0,50 a 0,60 m. III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 Analisando as profundidades amostradas foi observado que houve pouca limitação ou impedimento ao desenvolvimento do sistema radicular da cultura, principalmente nas primeiras camadas, até 0,20 m, com pressões que variam de 150 a 2100 kPa. As maiores pressões encontradas foram na subsuperfície, a partir de 0,20 m até 0,60 m, alcançando uma pressão máxima de 3900 kPa em determinados pontos da profundidade de 0,30 m a 0,40 m. Sendo classificada por Canarache (1990) um nível de compactação médio (intermediário) do solo, com alguma limitação ao desenvolvimento das raízes. É notável que nas camadas mais profundas amostradas no perfil do solo (0,40 m a 0,60 m) ocorre uma resistência contínua, com pressões que chegam a 2950 kPa. CONCLUSÕES Há evidências da variabilidade espacial do atributo físico da resistência à penetração, embora haja necessidade de realizar mais análises. Para que tenha maior amplitude do estudo é necessário analisar e correlacionar todos os atributos a serem amostrados e analisados, esperando entender as possíveis variabilidades favorecendo o auxilio em recomendações práticas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPEMIG pela concessão da bolsa para execução do projeto, o professor Diogo Santos Campos pela paciência e orientação, bem como aos funcionários do IFMG – Campus Bambuí pelo auxílio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANARACHE, A. PENETR. A generalized semi-empirical model estimating soil resistance to penetration. Soil Till. Res., Amsterdam, 16:51-70, 1990. DODERMANN, A.; PING, J.L. Geostatistical integration of yield monitor data and remote sensing improves yield maps. Agronomy Journal, Madison, v.96, n.1, p.285-297, 2004. EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de Métodos de Análise de Solos, 2ª edição, CNPS-Rio deJaneiro, 1997. 212p. EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 1999. 412p. SILVEIRA, P. M. et al.. Amostragem e variabilidade espacial de características químicas de um Latossolo submetido a diferentes sistemas de preparo. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 35:2057-2064, 2000.