Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos HIDROJATEAMENTO: EFICIÊNCIA TÉCNICA E GRANDE RISCO ALIADOS À SEGURANÇA MÁXIMA João Manoel Ventura Rodrigues Aracruz Celulose S.A 6°° COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Materiais 22°° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão Salvador - Bahia 19 a 21 de agosto de 2002 As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do (s) autor (es). Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos SINOPSE O histórico de ocorrências de acidentes com lesões graves é crescente na atividade de hidrojateamento, tendo como um dos fatores mais destacados a utilização de pressões de jato d'água cada vez maiores, atualmente ultrapassando aos 2.000 kg/cm2 (BAR), para finalidades bastante diversificadas em que se destacam a decapagem de estruturas metálicas para recomposição de pinturas e a preparação de estruturas de concreto para recuperação das suas armações metálicas, além do seu uso para limpezas de superfícies e desobstruções de ordem geral, foram desenvolvidos nas instalações industriais da Aracruz Celulose S.A, no município de Aracruz - ES, estudos e recursos técnicos específicos para a completa e constante eliminação de possíveis anormalidades que têm causado danos consideráveis à integridade física dos trabalhadores que operam diretamente os equipamentos de aplicação dessa poderosa lâmina d´água. Com base em referências técnicas internacionais, tanto americanas como européias, em função de que não existe a nível nacional normas e legislações específicas para essa atividade, foram iniciados processos de análise junto aos trabalhadores quanto às suas condições de exposição aos riscos, principalmente em relação à postura corporal, esforço físico e forma de utilização dos seus equipamentos de trabalho, que estariam expondo-os de forma significativa, e quais as principais medidas de prevenção necessárias para a sua neutralização. Paralelamente procurou-se avaliar e comparar quais os impactos ambientais e de exposições ocupacionais de maior agressividade entre essa atividade, o jateamento abrasivo e a preparação de estruturas de concreto com equipamento mecânico (martelete). Neste trabalho pioneiro com 12 meses de duração dentre testes, pesquisas, reavaliações, desenvolvimento de equipamentos de proteção individual e de dispositivos mecânicos, foram estabelecidas, conclusivamente, exigências contratuais de ordem geral, específica e técnica suficientes para considerar totalmente neutralizadas as possibilidades de anormalidades na atividade de hidrojateamento, sendo obtidos também, no contexto geral, ambientes mais limpos, riscos controlados, maior eficiência técnica, menor exposição aos agentes ocupacionais e acidente zero, nosso objetivo maior. Palavras-chaves: 1. Hidrojateamento 2. Eficiência técnica 3. Decapagem 4. Segurança 5. Exigências contratuais Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 1. INTRODUÇ ÃO 1.1 - Hidrojateamento - O processo de hidrojateamento é o uso da água em forma de lâmina ou neblina, projetada em baixa, alta e ultra-alta pressões, ou seja, até 5.000 psi (baixa), entre 5.000 e 10.000 psi (alta) e acima de 10.000 a mais de 36.000 psi (ultra-alta), que são equivalentes, em kg/cm², a até 2.500 Bar, servindo para usos diversos na indústria e hoje também sendo utilizado por estabelecimentos comerciais voltados para a prestação de serviços de limpeza de residências, máquinas e veículos. O objetivo deste trabalho é estabelecer procedimentos e padrões de segurança para o ganho de produtividade, a maior eficiência técnica e a possibilidade de completa eliminação das ocorrências de acidentes. 1.2 - Eficiência Técnica - Estudos científicos co mprovam que o preparo químico de superfícies para revestimentos tem sua eficiência acrescida em no mínimo 10 vezes quando efetuado com jatos d'água, em decorrência da reduzida deposição de resíduos salinos, como os cloretos, sais ferrosos, sulfatos, etc. (1,00 a 2,05 µg/cm²) se comparado com os tradicionais processos de jateamento com abrasivos, cujos valores excedem a 25,5 µg/cm². O Hidrojateamento, para efeito de decapagem de pinturas e preparo de armações metálicas de concreto, atende às normas internacionais da SSPC - SP 12 (Society for Productive Coatings SP 12) e da NACE International Nº 5 (National Association of Corrosion Engeneers - USA), devendo ser destacado ainda que é, atualmente, o único recurso técnico possível de se obter a classificação SC1 para o preparo de superfícies. Na indústria naval da Alemanha e Inglaterra tem-se demonstrado que altos resíduos salinos (acima de 07 µg/cm²) atacam a própria tinta e a superfície (ferro e aço), excluindo-se os agentes externos. Ressaltando que cerca de 90% do desprendimento natural das tintas deve-se ao mal preparo do perfil de ancoragem, ilustramos abaixo formas comparativas de superfícies metálicas com preparos diferenciados: Perfil dobrado por ação do material abrasivo Jateamento Abrasivo Perfil Original Hidrojateamento Contaminantes incrustados: sais, sílica, ferrugem, etc. Além da sua utilização para remoção de tintas, oxidações e incrustações de difícil remoção em estruturas, chapas e pisos, sua eficiência também é destacada no processo de desobstrução de tubulações, de orifícios em equipamentos industriais, em limpezas de forma geral e até de demolição de estruturas de co ncreto. Suas principais vantagens são: Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos • • • • • • • Fotos Ideal para aplicação em locais ou áreas onde não é permitida a contaminação com partículas sólidas diversas, principalmente metálicas. Não produz faiscamentos, portanto sendo ideal para aplicação em locais ou equipamentos com riscos de incêndios ou explosões. No local de aplicação fica somente uma pequena névoa a qual não apresenta maiores impactos ambientais e que tem dissipação rápida. Não danifica a superfície jateada, não erosiona ou deforma, retirando apenas a tinta, borracha, plástico ou qualquer outro material incrustado. Não é necessária a limpeza posterior da superfície jateada. Utiliza-se somente água limpa sem aditivos químicos. Possibilita manter o local de trabalho em perfeitas condições de limpeza. nº 1 e 2 Na Aracruz Celulose S.A os índices técnicos de eficiência e produtividade têm sido comprovados nos diversos aspectos de sua utilização. Citamos alguns deles: • Desobstrução do Resfriador (Sector-Cooler) do Forno de Cal - redução do tempo de paralisação de produção em 76 horas. • Limpeza das Fornalhas das Caldeiras de Recuperação nas Paradas Gerais redução de 12 horas de trabalho e com maior eficiência de limpeza. • Decapagem de 10.000 m² de estruturas metálicas com rendimento de 15 m² /hora, trabalhando com duas pistolas simultaneamente. 1.3 - Grande Risco - Devido à velocidade de saída da lâmina d'água, que pode ultrapassar aos 2.600 km/h, portanto mais que a velocidade do som e mais que a maioria dos projéteis das armas de fogo, sendo assim o prin cipal e maior risco apresentado pelo hidrojateamento, que pode causar lesões de altíssimo potencial de gravidade e até fatal. Ao se operar os equipamentos e acessórios que compõem essa "poderosa arma" é imprescindível levar em consideração que não pode haver descuidos, displicências ou mesmo negligências quanto às suas técnicas operacionais, às perfeitas condições de funcionalidade dos seus mecanismos e às rigorosas medidas de prevenção de acidentes. 1.4 - Segurança Máxima - É um ideal perseguido desde o início deste trabalho em função do histórico de ocorrências de acidentes com lesões graves, crescente nessa atividade, tendo como um dos fatores "negativos" mais destacados a utilização indiscriminada de pressões cada vez maiores, e por outro lado não have r em disponibilidade no Brasil normas e legislações de segurança específicas para esse processo assim como equipamentos de proteção individual aprovado por órgãos competentes, sendo necessário, portanto, o desenvolvimento de estudos e recursos técnicos próprios para a completa e permanente eliminação das possíveis anormalidades, o que se acredita ter sido alcançada, para a sua finalidade maior que é a preservação da integridade física dos trabalhadores que operam diretamente ou que estão envolvidos com os equipamentos de aplicação dessa poderosa lâmina dágua. 2. HISTÓRICO Já em uso no Brasil há mais de 20 anos, inicialmente utilizado na indústria para a desobstrução de dutos e tubulações dos mais variados diâmetros, através de lanças metálicas acionadas à distância, passou a ser testado e ter sua eficiência comprovada em diversas outras atividades, principalmente quanto a decapagem de estruturas Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos metálicas para limpeza ou revestimentos, através de pistolas de projeção e demais equipamentos de aplicação espec ialmente desenvolvidos, passando a ser, nesta era de maior controle ambiental e de preservação à integridade humana, uma das mais eficazes alternativas de mercado para a finalidade a que se propõe, acompanhando sobremaneira a evolução tecnológica e viabilizando com eficiência a solução de problemas antes dispendiosos. Foto nº 3 2.1 - Acidentes - Neste período ocorreram alguns acidentes no parque industrial da Aracruz Celulose em que houve lesões em pernas, pé e flanco de trabalhadores, sendo o último em abril/99, com lesões graves na mão esquerda de um dos operadores durante a utilização de uma pistola de jateamento, e também de recentes informações de acidentes fatais ocorridos em estaleiros navais e plataformas de petróleo, o que determinou o desenvolvimento desse trabalho objetivando garantir a eliminação definitiva de qualquer tipo de anormalidade que pudesse ocasionar lesões durante a atividade de hidrojateamento. 2.2 - Testes - Inicialmente houve a preocupação de se conhecer as condições mais críticas que pudessem determinar a pressão máxima a ser utilizada, uma vez que a tendência na aplicação do hidrojateamento é de se utilizar sempre pressões mais elevadas a fim de reduzir o tempo de trabalho e mesmo de se obter alguma melhoria complementar na qualidade da decapagem de pinturas e limpeza de armações das estruturas de concreto. Identificadas as condições mais severas, foram iniciadas as aplicações em variadas pressões, sendo testados tipos de bicos diferentes, assim como desenvolvidos dispositivos duplos de acionamento das pistolas e acessórios de filtragem e drenagem rápida da água pressurizada, passando a ser analisada também a possibilidade de desenvolvimento de equipamentos de proteção individual complementares (EPI's especiais). 2.3 - Experiência Profissional - Por se tratar de uma fase de testes houve a preocupação em exigir das empresas que estariam participando desse processo em dispor da mão-de-obra mais qualificada possível, sendo analisados previamente currículos, certificados de formação específica e experiências profissionais através dos registros nas carteiras de trabalho. 2.4 - Cláusulas Contratuais - Existem na empresa normas internas de segurança que determinam padrões de prevenção de acidentes para as diversas atividades desenvolvidas no seu parque industrial, contempladas em programas específicos que constam nas cláusulas contratuais das empresas prestadoras de serviços, porém com vulnerabilidades para a possível reincidência das anormalidades, sendo então, efetuadas análises e revisões para sua melhor adequação às necessidades. 2.5 - Estudos - Contando com o apoio técnico e a participação de profissionais da área de Engenharia da Aracruz Celulose S.A, da gerenciadora de contratos Timenow Ltda e da empresa especializada Acquablast Ltda, inicialmente foram analisadas, junto aos operadores, as condições de exposição aos riscos, principalmente em relação à sua postura corporal, esforço físico e utilização dos equipamentos de trabalho, que estariam expondo-os de forma significativa, e quais as principais medidas de prevenção necessárias para a sua neutralização. Paralelamente procurouse avaliar e comparar quais os impactos ambientais e de exposições ocupacionais de Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos maior agressividade entre essa atividade, o jateamento abrasivo e a preparação de estruturas de concreto com equipamento mecânico (martelete). 3 - IMPACTOS AMBIENTAIS Especificamente quanto à utilização do hidrojateamento para decapagem de pinturas e limpeza das armações metálicas das estruturas de concreto, em substituição aos demais processos de jateamento com abrasivos em que a areia teve sua utilização proibida no Estado do Espírito Santo desde 22.08.96, através da Lei Estadual nº 5.221/25.05.96, e que, posteriormente, a alternativa mais viável passou a ser a escória de cobre que mesmo com sua composição metálica são dispersadas micropartículas nos ambientes de trabalho gerando resíduos que dependem de descarte específico. É de se acrescentar ainda o dispêndio de mão-de-obra adicional para limpeza posterior dos locais contaminados. A mesma condição se dá com relação ao uso de recursos mecânicos como os desencrustadores pneumáticos (marteletes e agulheiros). Já o hidrojateamento, por utilizar um insumo naturalmente aplicável em limpezas, os impactos ambientais são atenuados em função da possibilidade de sua reutilização, se destacando pelo melhor aspecto visual e também pela facilidade de escoamento e controle final do material desencrustado. Foto nº 4 4 - HIGIENE OCUPACIONAL No que tange à exposição dos trabalhadores aos agentes ocupacionais existentes nesses processos de aplicação (hidrojateamento, jateamento abrasivo e recurso mecânico com martelete) foram realizados levantamentos qualitativos e quantitativos de ruído, aerodispersóides, umidade, gases e vibração, em que se sobressai consideravelmente o hidrojateamento por estar isento de aerodispersóides e gases e apresentar menor nível de ruído e vibração, porém é o único que expõe o trabalhador à umidade apesar de existirem e serem adotados os recursos específicos de proteção individual para sua completa neutralização. Devem ser também mencionadas outras exposições que todos esses processos ainda oferecem que são quanto à postura e à fadiga pelo uso dos equipamentos em relação aos locais de sua aplicação. O hidrojateamento apresenta condições semelhantes à demolição com martelete e um pouco mais acentuada em relação ao jateamento abrasivo. Quadro comparativo de exposições ocupacionais RISCOS Ruído Poeira Umidade Gases Vibração Postura Fadiga ATIVIDADE Hidrojateamento X X Jateamento XX XX XX XX X X XX XX XX XX X XX XX XX Abrasivo Demolição com Martelete Legenda: X - exposição menos acentuada XX - exposição mais acentuada Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 5 - RETROPULSÃO Denomina-se a força que o equipamento de aplicação do hidrojateamento exerce sobre o operador durante o uso da pistola, cuja intensidade está diretamente relacionada com a pressão utilizada e a vazão d'água de saída no bico. Historicamente tem-se como base, para melhor entendimento e controle, de que na Alemanha até 1980 se permitia a operação de pistolas com retropulsão de até 25 kgf, sendo que a partir desse ano foi limitada em 15 kgf, além do peso da pistola que é variável entre 02 a 06 kg, havendo, portanto, a necessidade de desenvolvimento de outros recursos técnic o-operacionais que atendessem às suas diversas finalidades. Existem equipamentos que permitem utilizar o hidrojateamento com retropulsões teoricamente muito mais elevadas, porém que estes sejam fixos. Qualquer retropulsão nesse limite exige grande esforço físico do operador, havendo maior condição à fadiga e, conseqüentemente, passando a expô-lo a maiores situações de riscos de acidentes. (Ver Tabela Ilustrativa em anexo) Em decorrência dessa condição e também de que é possível um maior controle da vazão d'água em função dos tipos de bicos que podem ser utilizados, manteve-se este limite máximo de 15 kgf e se determinou que a cada hora de trabalho haja o revezamento obrigatório do operador independentemente do seu estado físico. (Ver "Check- list" em anexo) 6 - VELOCIDADE E RETROPULSÃO Foram calculadas as velocidades de saída dos jatos d'água de 03 (três) diferentes bombas de hidrojateamento em operação na Empresa, cujas pressões máximas de operação são variáveis entre 300 e 1.800 Bar, a fim de avaliar seus potenciais de riscos para início dos testes previstos. Na tabela abaixo exemplificamos essas velocidades relacionando-as à retropulsão, com suas respectivas formas de cálculo: Velocidade e Retropulsão Pressão X Velocidade Bar Km/h Retropulsão l/m) (Vazão de 30 Newton Kgf 300 856 121 12,1 700 1.307 185 18,5 1.800 2.097 296 V(m/s) = P(bar) x 13,73 29,6 R = V(m/s) x Q (l/min) x 0,017 V(km/h) = V (m/s) x 3,6 Retropulsão reduzida para aproximadamente 13 kgf devido à redução da vazão para ±14 l/m. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 7 - TESTES E APROVAÇÕES 7.1 - Limitação de Pressões - Para determinação da pressão máxima a ser utilizada no parque industrial da Aracruz Celulose foram efetuados hidrojateamentos em diversos equipamentos com oxidações acentuadas, em estruturas metálicas com revestimentos de grande aderência, nas desencrustações de materiais cristalizados em tanques de estocagem e na demolição e limpeza de estruturas de concreto, sendo determinado o limite máximo de 1.800 Bar (26.000 psi) de pressão para essas condições mais adversas, até 1.400 Bar (23.300 psi) para desobstrução de tubulações e até 700 Bar (10.150 psi) para limpeza de pisos, máquinas e equipamentos operacionais. 7.2 - Equipamentos de Proteção Individual - Apesar dos operadores usarem normalmente os equipamentos de proteção básicos, esses não são os mais adequados e eficazes para garantir sua total integridade física uma vez que em todas as ocorrências analisadas se constatou o uso dos mesmos mas que não evitaram as lesões pelo violento contato direto do jato d'água com o corpo, ou seja, as proteções são adequadas para evitar a absorção da umidade, para neutralizar a ação da projeção de partículas sólidas no rosto e mesmo para proteger os dedos dos pés da ação lacerante do jato. Como não foram encontrados, no país e mesmo no exterior, os EPI's que atendessem às necessidades de proteção requeridas quanto a conforto, segurança e mobilidade do operador, seria necessário, portanto, o desenvolvimento dos mesmos e assim, testando uma peça de tecido composto de 14 camadas com altíssima resistência mecânica e aplicando jatos d'água de 1.800 Bar, a 04 cm de distância, numa velocidade de translação em torno de 0,08 m/seg, inclusive simulando um acidente em que se utilizou uma parte das costelas de um bo vino e posteriormente de um suíno, se concluiu pela confecção de um conjunto completo de vestimentas com esse tecido "aramida" (usado na fabricação de coletes à prova de balas de armas de fogo), composto de luvas com canos médios e longos (05 camadas), perneiras (08 camadas), blusão com alças de ajustes nas costas (07 camadas) e peça frontal de proteção da região pélvica e pernas (07 camadas), sendo obtido pleno sucesso em todos os aspectos. Nota: - Registra-se que essas roupas de proteção foram desenvolvidas pela profissional de Design de Modas paranaense, Srta. Cecília Ortega Lyng. Complementando a segurança máxima requerida, ainda se avaliou a proteção ideal não somente para o rosto, mas para toda a parte frontal e lateral da cabeça, em função da possibilidade de impactos de partículas sólidas projetadas em várias direções, e também que reduzisse o embaçamento normal durante a operação. Optou-se então pelo protetor facial de acrílico transparente tipo "Apolo", sendo este atualmente o mais adequado. Foto nº 5 7.3 - Equipamentos de Hidrojateamento - Um dos principais equipamentos de aplicação desse processo é o de projeção do jato d'água, denominado neste trabalho como pistola, sendo utilizado mundialmente com somente um dispositivo de acionamento, apesar de existir também com sistema duplo. Para garantir que a saída do jato seja interrompida quando qualquer uma das mãos se desprender da pistola e assim neutralizar o risco do operador ser atingido pelo Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos mesmo, tanto por desatenção ou mesmo por desequilíbrio do corpo durante a operação, conforme constatado no acidente ocorrido em abril/99, foi adaptado mais um dispositivo de acionamento nas pistolas com a condição de interromper automaticamente a saída do jato ao ser solto qualquer um dos gatilhos. Posteriormente esses acionamentos tiveram seu sistema mecânico substituído por sistema pneumático a fim de reduzir o esforço do operador em manter os gatilhos acionados, assim como um outro sistema "by pass", também pneumático, foi desenvolvido para alívio automático da pressão de trabalho quando o operador soltar qualquer um dos gatilhos da pistola. Um dos acessórios utilizados para evitar o chicoteamento das mangueiras de ar e de água que irregularmente possam se desprender das conexões foi testado quanto à sua eficiência e se definiu pela utilização somente das denominadas meias metálicas (fios de aço entrelaçados com sistema de fixação nas extremidades) ao invés de cabos metálicos simples e fitas de tecido de alta resistência. Fotos nº 6 e 7 8 - EXIGÊNCI AS CONTRATUAIS Os excelentes resultados obtidos determinaram os padrões e as medidas técnicoadministrativas que passam a ser exigido para a contratação e desenvolvimento da atividade de hidrojateamento doravante. 8.1 - De Ordem Geral - Exigências de segurança comuns a todas as empresas prestadoras de serviços com atividades no parque industrial da Aracruz Celulose S.A, no município de Aracruz - ES, são elas: • Conhecimento prévio do Programa para Prestadores de Serviços-PPS (Normas Internas e Legais). • Visita técnica para conhecimento de todos os aspectos de segurança das atividades. • Treinamento quanto aos riscos ambientais do parque industrial, dos procedimentos de bloqueio de fontes de energia e do plano de controle de emergências. • Aplicação de Permissões para Trabalho-PPT's. • Elaboração de Análises Prevencionistas de Atividades-APA’s. • Realização diária do Diálogo Direto de Segurança-DDS. • Aplicação do “Bloqueio e Etiquetagem de Fontes de Energia”. • Disponibilização dos Certificados de Aprovação-CA's de todos os EPI's utilizados. • Disponibilização dos equipamentos de proteção e de operação em perfeitas condições de uso e conservação. • Disponibilização de equipamentos de isolamento e sinalização específicos aos locais das atividades (Cordas, cavaletes, placas de sinalização, luminosos, etc). 8.2 - De Ordem Específica - Exigências de segurança específicas para a atividade de hidrojateamento no parque industrial da Aracruz Celulose S.A, no município de Aracruz - ES, são elas: • Mão-de-obra própria com experiência profissional específica (Carteira de Trabalho/Registros de Treinamentos com Conteúdo Programático). Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos • • • • • • • Escala de revezamentos periódicos obrigatórios a cada hora de trabalho. Preenchimento obrigatório e disponibilização do "check-list" para início de cada atividade. Efetivação de inspeções e manutenção periódicas nas bombas e em todos os seus acessórios, disponibilizando a documentação para auditorias. Credenciamento para operação de máquinas de içamento e movimentação. Treinamentos periódicos sistemáticos de operação dos equipamentos de alta pressão. Protetor facial tipo “Apolo” acoplado ao capacete. Creme de proteção quanto às reações químicas possíveis nos ambientes de trabalho. 8.3 - De Ordem Técnica - Exigências técnicas referentes aos equipamentos utilizados na aplicação do hidrojateamento no parque industrial da Aracruz Celulose S.A, no município de Aracruz - ES, são elas: • Limitação da pressão máxima em 1.800 Bar para decapagem de pinturas e remoção de concreto. • Limitação da pressão entre 700 e 1.400 Bar para desobstruções em equipamentos de processo de produção. • Limitação da pressão em até - 700 Bar para limpeza de pisos, máquinas, etc. • Pistolas com dispositivos duplos de segurança. • Equipamentos de proteção individual em tecido ou material de alta resistência (Aramida - mínimo de 05/07/08 camadas). • Tubos metálicos para condução da água às partes mais elevadas de trabalho ou dispositivos de proteção nas mangueiras. • Meias metálicas nas conexões evitando o chicoteamento dos mangotes em caso de desconexã o. • Dispositivos de filtragem e drenagem rápida de água nas linhas de alimentação. 9 - CONCLUSÕES Certamente o sucesso e as garantias alcançadas com este trabalho somente serão consolidados com o efetivo cumprimento dessas exigências contratuais, destaca ndose aí a relação de comprometimento que possam existir entre contratante e contratadas em que a boa supervisão (inclui-se perfeita conservação das bombas e acessórios) e o condicionamento preventivo de acidentes dos operadores sejam a excelência da ativ idade. 9.1 - Ambientes mais limpos - Pelas próprias características e pelo uso da água como insumo básico, os locais de trabalho realmente se mantêm em condições visuais de melhor aparência que quaisquer das atividades com abrasivos secos, atendendo perfeitamente aos padrões ambientais exigidos com base nas ISO 14.000, e eliminando a necessidade de descarte permanente de resíduos sólidos em aterros industriais. 9.2 - Riscos controlados - Os riscos nessa atividade permanecem inalterados, porém passaram a ser totalmente neutralizado através das exigências determinadas, inclusive com redução de ruído quando no uso de bicos rotativos em que se adaptou Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos um dispositivo de barreira acústica na ponta das pistolas para algumas atividades mais críticas e eventuais. 9.3 - Maior eficiência técnica - A principal demonstração das vantagens atribuídas ao hidrojateamento é a contratação permanente desses serviços para manutenção geral de uma unidade produtiva (fábrica), abrangendo 50.000 m² de decapagem de estruturas me tálicas e a disponibilização de uma equipe em plantão permanente (24 horas) no parque industrial para atendimento emergencial de produção. 9.4 - Menor exposição aos agentes ocupacionais - Comparativamente com os demais jateamentos elimina-se a possibilidade de exposição aos agentes de maior agressividade evitando a ocorrência de pneumoconioses e intoxicações crônicas, como também minimiza a exposição a riscos de perda auditiva e às doenças da vibração (Osteoartrites e Patologias Ósteo-articulares e Angio-neurológicas). A obrigatoriedade dos revezamentos obrigatórios a cada hora de trabalho foi determinada em função desta última e também da ocorrência normal de fadiga pela exposição permanente a retropulsão. 9.5 - Acidente zero - Durante esses 12 meses em que foram efetuados os testes e as avaliações houve a ocorrência de um acidente, no dia 28/03/00, de média gravidade, porém por características bem atípicas ainda não previstas ou vivenciadas, em que o operador teve sua mão esquerda parcialmente atingida por uma lâmina d'água quando utilizava uma lança flexível introduzida entre duas chapas metálicas por uma abertura lateral, conduzida através das mangueiras de alimentação d'água, e esta se curvou no interior do compartimento retornando em direção ao operador sem possibilidade de sua visualização, causando-lhe a lesão. As irregularidades, imediatamente administradas, se deveram à falha de supervisão ao não considerar as dimensões da abertura de introdução da lança e à falta de exigência do uso das luvas de aramida por parte do operador. Um ideal com totais possibilidades de ser alcançado e mantido, logicamente em decorrência do cumprimento das ações propostas. "Esta ínfima parcela de conhecimentos, a honestidade de propósitos e a dedicação dispensada neste trabalho nos dão a esperança de também estarmos contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros." Ventura - 17.05.2002 BIBLIOGRAFIA Labus, Thomas J. - Proceedings of the 8th American Water Jet Conference - Houston - Texas , EUA - 1995 Frenzel, M. Lydia - The Industrial Protective Coatings Conference and Exhibit - Adivisory Corencel - Houston - Texas, EUA - 1999 Trotter, Ortega Luís - Comparativos de Contaminantes Não-visíveis entre Diferentes Processos de Preparo de Superfície - Aracruz - ES, Brasil - 1999 Hammelmann - Manual de Instrução - Alemanha Labus, Thomas J. - Proceedings of the 10th American Water Jet Conference - Houston - Texas, EUA – 1999 Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos TABELA DE RETROPULSÃO CHECK-LIST OBRIGATÓRIO PARA INÍCIO DE OPERAÇÃO DE HIDROJATEAMENTO Cliente: Aracruz Celulose S/A Data: ____/____/____ Área: Supervisor: 1) Isolamento na área da Bomba e no Local do Serviço 8) Locais Confinados a) Sinalização próxima a andares/níveis de plataformas (Alerta/advertência) a) Cinto de segurança/corda para resgate b) Isolamento total ao redor da bomba e no local do serviço b) 2º jatista no lado externo com registro de alívio para pronto uso c) Sinalização acentuada ao redor da bomba e no local do serviço c) Iluminação: 12 / 24 volts à prova d'água d) Ventilação forçada/Exaustão 2) Dispositivo de Segurança a) Conferir dispositivo de segurança entre mangueiras 9) Bomba de Alta Pressão a) Vazamento nas mangueiras de alta pressão b) Conferir dispositivo de segurança entre mangueiras e pistola b) vazamento nas mangueiras de ar comprimido c) Conferir dispositivo de segurança entre mangueiras e flexíveis/lança c) Alimentação de água limpa e fria d) Conferir dispositivo de segurança no By-Pass d) Conferir óleo lubrificante da Bomba e do Motor e) Vazamento nos pistões f ) Conferir temperatura nos cabeçotes g) Pressão de alimentação de água da bomba (correto:06 bar) 3) EPI's 10) Bico/Pressão e RPM do Motor a) Óculos de segurança, viseira tipo apolo, protetor auricular a) Bico adequado para o serviço b) Botinas - botas com biqueira de aço c) Capacete, máscara contra gases b) Pressão usada para o serviço c) RPM da bomba d) Macacão Brim/conjunto aramida/luva de aramida/macacão de PVC d) Vazamento no porta-bico e) Cinto de segurança (acima de 2 metros)/Cabo guia p/ fixação do cinto e) Entupimento do bico 4) 11) Sistema By-Pass Andaimes bar RPM a) Guarda-corpo duplo a) Lubrificação: 1 gota a cada 40 segundos b) Tábuas bem fixadas ou pregadas c) Estabilidade do andaime b) Copo decantação sem água c) Filtrações de água d) Escada interna quando elevações acima de 2 metros d) Filtrações de ar comprimido 5) 12) Revezamento dos Jatistas (de hora em hora) Uso da Mangueira Flexível a) Mangueira marcada na distância entre o bico e o local Hora de início: seguro de manuseio (35 cm) quando tubulação com curva b) Tubulações sem curva: lança de 50 cm ou lança de até 6 mts 1) Nome: Ass.: c) 2º jatista no registro de alívio de alta pressão/funcionalidade do rádio 2) Nome: 6) 3) Nome: Ass.: Ass.: Pistola Rotativa a) Estado dos bicos 4) Nome: b) Bomba desligada para troca dos bicos Ass.: c) Vibrações na pistola d) Filtrações de ar nas mangueiras 5) Nome: Ass.: e) Filtrações de água a alta pressão 6) Nome: 7) Maquinista / Mecânico a) Caixa de ferramentas 7) Nome: Ass.: b) Caixa com peças emergenciais 8) Nome: Ass.: c) Funcionalidade do rádio Ass.: Notas: a) Na troca de bicos, reaperto das mangueiras de ar, de alta pressão, manutenção da pistola e/ou do sistema de By-Pass - MANTER O MOTOR DESLIGADO. b) A partida da bomba somente poderá ocorrer com autorização do jatista. ESTE DOCUMENTO DEVE FICAR NO EQUIPAMENTO DURANTE TODA EXECUÇÃO DO SERVIÇO Observações: Supervisor Responsável: Nome: Mecânico: Nome: Ass: Ass: Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos DIÂMETRO DO BICO - mm P R E S S Ã O 50 15 VAZÃ O 25 1980 Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Foto 1 - Desobstrução de tubos num Trocador de Calor Foto 2 - Demolição de concreto e decapagem da armação metálica Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Foto 3 – Decapagem de estrutura metálica para recuperação de pintura IMPACTO AMBIENTAL e HIGIENE OCUPACIONAL DEMOLIÇÃO C/ MARTELETE HIDROJATEAMENTO Foto 4 – Tipos de Aplicações Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Proteção Frontal Ajustes Traseiros Foto 5 – Vestimentas de Aramida e Protetor Facial Tipo “Apolo” Foto 6 - Pistola de Gatilho Único de uso mais comum Foto 7 - Pistola com Gatilho Duplo com dispositivo adaptado