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CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA (MET-338-4) - 20 período de 2009
Dra. Marley Cavalcante de Lima Moscati
ASPECTOS NA ELABORAÇÃO DE UM TRABALHO CIENTÍFICO E SUA
APRESENTAÇÃO ORAL
ESTRUTURAÇÃO DE UMA APRESENTAÇÃO ORAL
1) Nível de profundidade da palestra
O público fica mais impressionado com a profundidade e o alcance do seu
raciocínio do que com erudição e senso de humor forjados.
Público alvo heterogêneo (leigos e especialistas no assunto):
Reservar 2/3 da apresentação para esclarecer bem o assunto e tratar de detalhes mais
avançados no final da apresentação. Assim, os leigos entendem boa parte da
apresentação e os especialistas tomam conhecimento dos pontos principais.
2) Estruturação do trabalho (sumário, índice, roteiro de apresentação): introdução, o
“corpo” e detalhes técnicos, e a conclusão. Cada parte tem seu objetivo, mas o conjunto
deve manter uma seqüência lógica.
INTRODUÇÃO – definição do problema, importância de estudá-lo, inclusão em
um contexto mais amplo e suas possíveis aplicações, e o objetivo do trabalho.
“CORPO” e DETALHES TÉCNICOS – deve conter a essência da apresentação:
dados e metodologia, descrição e discussão sucinta dos resultados.
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CONCLUSÃO – ressaltam-se os pontos mais importantes dos resultados, onde se
pode mencionar os problemas em aberto e possíveis pontos fracos ou generalizados
do trabalho.
3) Economia de Equações
Incluir apenas as equações que sejam realmente necessárias à compreensão do assunto, para
evitar dificultar a compreensão. Raramente é necessário demonstrar a solução de uma
equação, assim, concentrar-se nas hipóteses que levaram à equação, na técnica usada para
resolve-la e na explicação da solução obtida. Se for necessário apresentar alguma
matemática, apresenta-la com clareza e definindo símbolos não familiares, para facilitar a
assimilação.
4) Uso do tempo
Se o tempo é inferior ao que o orador acha necessário, deve-se re-programar a apresentação
ao invés de falar atropeladamente todo o conteúdo preparado. Assim, incluir apenas os
tópicos realmente essenciais, que contribuam especificamente para o entendimento do
assunto e não porque é interessante.
5) Recursos Visuais
Checar se há equipamentos disponíveis no local e se estão funcionando bem.
Pouco antes da apresentação, vistorie se o equipamento está funcionando corretamente.
A disposição do equipamento, das mesas de apoio e da tela também é importante para que a
platéia tenha uma boa visão da projeção.
Evite usar qualquer tecnologia com a qual você não está familiarizado.
6) A hora das Perguntas
As recomendações principais para esse momento são:
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-
Esperar a pergunta acabar de ser formulada para então responde-la;
-
Repetir perguntas que não foram ouvidas em toda a sala, em benefício da audiência,
reformulando as questões confusas ou complicadas;
-
Responder brevemente as perguntas, sempre evitando sair do assunto. Respostas
longas aborrecem a platéia;
-
Evitar defensiva ou irritação diante de perguntas difíceis ou descabidas. É melhor
admitir, com segurança , que não conhece o trabalho citado ou não considerou
realmente o ponto levantado no trabalho apresentado;
-
Evitar discussões e reações ríspidas à perguntas provocativas. Basta dizer que há
uma diferença de opinião e se prontificar a discutir o assunto em outra ocasião.
7) Cuidados Especiais
É importante praticar algumas vezes antes da apresentação. Isto vai ajudar na desenvoltura
e na tranquilidade do apresentador, além de ajudá-lo a cronometrar adequadamente o tempo
de apresentação;
Mostrar energia e vitalidade, e evitar o “humor enlatado”;
Não se deve escrever um texto para ler, é melhor usar anotações (idéias principais,
palavras-chave, transições).
Outro fator é o vestuário, já que muitas pessoas formam uma opinião a respeito do orador
por sua aparência. A roupa mais adequada depende do tipo de platéia e da descontração do
ambiente, mas sempre evitando exageros.
Durante a apresentação você pode ter uma platéia entediada ou hostil. Assim, identificar
pessoas com aparência mais amigável e apresentar olhando-as nos olhos, sem ignorar
nenhuma área da sala. Isso reforça a autoconfiança e ajuda a perceber se a fala está muito
rápida ou muito lenta, ou se é preciso repetir alguma coisa.
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POSTURA:
• Colocar-se em pé. Ao final da apresentação, geralmente mantém-se de pé. Numa
apresentação para uma banca examinadora, caso deseje sentar-se, consulte-a;
• Evitar mostrar-se extremamente nervoso, suando frio, tremendo. Isto já deixa a platéia
constrangida e apreensiva;
Sugestão: Respirar fundo, falar pausadamente, até que volte a ter o controle da
situação. Evitar usar apontador/caneta para indicar o texto, se a transparência estiver
em um retro-projetor, pois isto vai mostrar claramente seu nervosismo;
• Olhar para o horizonte. Nunca fitar apenas uma única pessoa da platéia;
• Evitar se posicionar na frente do que está sendo projetado;
• Falar alto e compassado;
• Mostrar que domina o assunto;
• Responder ao que foi perguntado de forma clara e breve, sem evasivas;
• Evitar usar muits ah, humm, err, etc.......
TRANSPARÊNCIAS:
• Organizadas e legíveis;
• Enxutas (não enchê-las de texto);
• Em uma quantidade que não extrapole o tempo de apresentação, por exemplo, 10-15 min
para apresentações de 30 min. O ideal é fazer algumas transparências extras, para caso
seja necessário falar sobre algo não discutido em profundidade durante sua apresentação;
• Evitar a monotonia de uma única cor (em geral, fundo branco e texto em preto).
Sublinhar títulos ou tópicos com outras cores. Porém, ter cuidado para não
transformá-las em um carnaval de cores. As cores têm que estar em harmonia. Além
disto, se a transparência tem fundo colorido, ficar atento com a cor usada para o
texto, de forma a não ficar cansativo para o público lê-las (exemplo, fundo azul
claro e letras brancas);
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• Não ler transparências;
• Figuras que não são de sua autoria, deve-se colocar a fonte (autor, ano, pág.);
• Na revisão bibliográfica, nunca copiar na íntegra o texto do artigo (isso é plágio e tem
implicações legais, caso seja constatado seu uso), sempre sintetizar a idéia do autor e suas
conclusões.
APRESENTAÇÃO:
• Apresentar uma transparência com o título do seminário e seu nome (folha de rosto);
• Indicar ao público a ordem que vai apresentar seu seminário. Em geral, é interessante
colocar uma transparência com o sumário;
• Apresentar o seminário exatamente dentro do TÍTULO proposto;
• É fundamental ser objetivo e claro. No final de sua apresentação, é importante que você
constate que conseguiu passar a mensagem central do tema apresentado;
• Linguagem científica: não usar gírias, saudosismos, patriotismos, regionalismos ou
expressões que dêem margens a piadas que distraiam a platéia e seja difícil fazê-la voltar
a prestar atenção ao que você estava falando. Isto não quer dizer que você não possa fazer
piadas, algumas vezes isto até descontrai a platéia e torna a apresentação mais leve. Uma
ressalva é em apresentações para bancas examinadoras (exames, concursos, etc), onde não
cabe piadas;
• Falar sempre na 3ª pessoa do singular ou do plural, isto é, nunca dizer eu fiz ou nós
fizemos tal coisa e chegamos a este resultado; usar fez-se, verificou-se; etc;
• Dividir os tópicos de forma a não se aprofundar muito em um aspecto e não em outro;
• Ordenar as transparências de forma que, durante a apresentação, não ficar procurando
folhas ou figuras. Isto vai deixá-lo mais nervoso e pode perder minutos preciosos do
tempo total de apresentação;
• Cronometrar o tempo de apresentação de forma que sobre algum tempo para deixar a
platéia colocar/perguntar algo sobre o que foi apresentado. No caso da apresentação ser
para uma banca examinadora, o presidente da banca estipula o tempo que você terá
disponível para a apresentação. É importante respeitar o tempo e, se possível, até acabar
alguns minutos antes (no caso de apresentação em cursos de graduação/pos-graduação, isso
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conta pontos a seu favor. Em concursos públicos, deve-se cumprir o horário estipulado na
íntegra, para não ser penalizado (desclassificação));
• Recursos visuais utilizados na apresentação. Caso só disponha de retroprojetor e quadro,
saber usá-los com sabedoria;
• Se na apresentação alguma transparência estava fora de ordem e você não a localizou,
demonstrar desenvoltura para contornar a situação (nada de demonstrar desespero,
derrubar outras transparências para achar aquela mais rápido, ou coisas no gênero);
• Ao final, é interessante fazer uma síntese de tudo o que foi apresentado, destacando os
pontos centrais que você quer que a platéia absorva;
• No final da sua apresentação, agradecer a platéia e se colocar à disposição para perguntas;
• Sempre apagar o quadro antes de terminar seu seminário. Esta atitude demonstra respeito
com a pessoa que for usar o quadro em seguida.
DOCUMENTO:
• Definir previamente o número de páginas total para que não canse quem vai lê-lo;
• Escrito sempre na 3ª pessoa do singular ou do plural. Usar sempre linguagem científica;
• Atenção na elaboração dos tópicos e subdivisões (apresentados no sumário), para não
criar sub-tópicos muito pequenos (é adequado que cada tópico tenha no mínimo 3 páginas,
senão não se justifica sua necessidade). Por exemplo, se criar o item 1.1, tem que haver o
1.2. Assim, é recomendável menos tópicos e mais conteúdo.
• Construa parágrafos com pelo menos oito linhas.
• Organizado, limpo, objetivo e direto (evitar as inversões de frases, que cansam o leitor.
Em geral este é um vício adquirido da leitura de textos escritos em inglês, e na tradução
para o português, repete-se a mesma estrutura do texto em inglês);
• Atualizado, com originalidade e personalidade própria;
• Não confundir objetivos (geral e específico) com metas.
• Na revisão bibliográfica, respeitar a ordem cronológica dos artigos;
• Aprofunde-se no assunto. Quando destacar as especulações, discuta suas implicações;
• Não fazer uso de referências para citar trivialidades. Isto é, use as referências que
realmente são necessárias, onde são necessárias, pois trazem explicações adicionais sobre o
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assunto abordado, mas que não será possível dar mais detalhes no seu texto por falta de
espaço (seu texto é limitado a XX páginas, lembra-se?);
• Não omitir passos necessários ao desenvolvimento do assunto, ou da formulação
matemática.
• Ao escrever, manter uma seqüência lógica constante. As idéias devem ser apresentadas e
todos os argumentos sobre ela devem ser colocados na seqüência. Assim, evita-se parcelar
as explicações ao longo do texto, pois torna difícil sua compreensão e acompanhamento por
parte de quem lê, além do risco do autor perder o fio da meada do assunto.
• Usar poucas abreviaturas de termos (uso de siglas). Use apenas se estes forem ser usados
repetidas vezes ao longo do texto.
• É importante fazer um item de conclusões (quando você gerou resultados próprios), ou
considerações finais (se você está apenas citando resultados de outros autores).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1) Como fazer apresentações – seu guia de estratégia pessoal. PUBLIFOLHA.
2) O desafio de encarar a platéia. Revista Ciência Hoje, 24(144)):56-58, 2000.
3) Lakatos, E. M; Marconi, M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, Ed. Atlas
S. A., 3a. Ed. Revista e Ampliada, 1990, 214 p.
4) Lakatos, E. M; Marconi, M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, Ed. Atlas
S. A., 3a. Ed. Revista e Ampliada, 1996, 270 p.
5) Parberry, I. How to present a paper in theoretical computer science: a speaker´s guide for
students. SIGACT News, 19(2):42-47, 1988.
6) Rudio, F. V. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. Petrópolis, Ed. Vozes, 11a. Ed.,
1986, 121 p.
7) Victoriano, B.A.D.; Garcia, C.C. Produzindo Monografía – Trabalho de conclusão de Curso.
São Paulo, Publisher Brasil, 1996, 67 p.
8) Soares, M. C. S. Redação de Trabalhos Científicos. São Paulo, Cabral Editorial, 1995.
167 p.
9) Sand-Jensen, K. How to write consistently boring scientific literature. Oikos, 116:723-727, 2007.
(doi: 10.1111/j.2007.0030-1299.15674.x).
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10) Varella, M. D. Regras gerais para escrever os trabalhos acadêmicos. Disponível em
http://br.geocities.com/marcelodiasvarella/arquivos/regras_gerais_para_escrever_trabalhos
_Professor_Varella.doc).
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