NÃO JULGUEIS
Por Luciano R. Peterlevitz
Não julgueis, para que não sejais julgados – Evangelho Segundo Mateus 7.1
Lemos no texto uma ordem de Jesus: “não julgueis”. Jogar fora o espírito
inquiridor não significa aceitar de forma passiva os erros dos outros ou omitirse diante dos grandes desvios éticos que existem no mundo. Abandonar o
juízo crítico não significa anular nosso discernimento do certo e errado. Antes,
o que o Senhor Jesus está ordenando, é que não julguemos o erro dos outros
de forma severa, de forma a fazer do julgamento alheio um sinalizador de
nossa própria justiça. O que Jesus condena é a hipocrisia (v.5). É a tentativa de
assenhorar-se da verdade do erro dos outros para esconder uma fraqueza
pessoal. É dizer-se dono da verdade, como um juiz que condena o erro do
condenado, quando na verdade, o erro do condenado esconde-se no próprio
juiz. Assim, o hipócrita, quando condena, condena um erro no outro que na
verdade existe em sua própria vida.
Atentemos-nos para os versos 3 e 4: Por que vês tu o argueiro no olho de teu
irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a
teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?. O
que seria “o argueiro no olho do teu irmão” e a “trave que está no teu próprio
olho”? O argueiro seria uma lasca, e a trave uma tábua. Como pode alguém
remover o cisco no olho do amigo, se em seu próprio olho há um grande
pedaço de madeira?
Normalmente temos a tendência covarde de aumentar o pecado do outro e
diminuir o nosso próprio pecado. Tendemos a olhar as faltas dos outros com
uma lente telescópica, mas olhamos as nossas próprias faltas com os olhos de
um cego. Assim, o julgamento é o jeito mais covarde de jogar o farol no erro
dos outros, evitando assim que ele ilumine nosso próprio erro. É o jeito de
iluminar o erro dos outros e apagar a luz que aponta nosso próprio erro.
Deveríamos seguir o conselho de John Stott: “Precisamos ser tão críticos
conosco como somos geralmente com os outros, e tão generosos com os
outros como sempre somos conosco.”
Quando nos colocamos na posição de juizes, afirmamo-nos capazes de
administrar o erro dos outros. Passamos a ser administradores dos erros
alheios, quando deveríamos ser administradores do nosso próprio erro.
Martin Loyd-Jones disse que o cisco que vemos no olho do próximo é somente
o reflexo do pedaço de madeira que está em nosso próprio olho. Assim,
primeiro tiremos o pedaço de madeira do nosso próprio olho, e depois tiremos
o cisco do olho do irmão. Mas, pode ser que, quando a lasca de madeira for
removida do nosso olho, não vejamos mais o cisco no olho do outro. Pois o
cisco no outro era somente o reflexo da madeira que estava em nós...
Há um outro detalhe no texto para qual precisamos nos atentar: “para que não
sejais julgados”. É isso que disse Jesus: se julgarmos, seremos julgados; se
condenarmos, seremos condenados. Com a mesma medida que medimos,
seremos medidos. Recorro mais uma vez a John Stott: “Se gostamos de
ocupar a cátedra, não devemos ficar surpresos ao nos encontrarmos no banco
dos réus.” Assim, o espírito crítico em relação aos outros atrai sobre o crítico a
crítica de outras pessoas. Por isso, quem condena, geralmente é mais
condenado do que sua própria condenação. Mas, se transmitamos graça,
receberemos graça.
Portanto, joguemos fora o espírito inquiridor, e desenvolvamos um espírito
gracioso. Pois, com o mesmo teor que julgamos, seremos julgados.
Blog do Pastor Luciano http://lucianopeterlevitz.blogspot.com/
Site da Igreja Batista Vida Nova http://www.ibatistavidanova.org.br/
Download

NÃO JULGUEIS Por Luciano R. Peterlevitz Não julgueis, para que