1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RAFAEL DA SILVA BUSSOLO COMPARATIVO EXECUTIVO E ECONÔMICO DE MEDIÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 1 RAFAEL DA SILVA BUSSOLO COMPARATIVO EXECUTIVO E ECONÔMICO DE MEDIÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Civil no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. Esp. Nestor Back CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 2 RAFAEL DA SILVA BUSSOLO COMPARATIVO EXECUTIVO E ECONÔMICO DE MEDIÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DE ÁGUA EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheiro Civil, no Curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Medição Individualizada de Água. Criciúma, 30 de novembro de 2010. BANCA EXAMINADORA Prof. Esp. Nestor Back - Engenheiro – (UNESC) - Orientador Prof. Álvaro Back - Engenheiro – (UNESC) Robson Antunes Caciatori - Engenheiro – (Criciúma Construções Ltda.) 3 Dedico este trabalho a todos que, em algum momento desta difícil caminhada, me deram forças nos momentos de fraqueza, para seguir em frente. Principalmente aos meus pais, que estiveram sempre ao meu lado, me apoiando e sendo meu porto seguro. 4 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Carmen e Clarno, que sempre deram apoio em minhas escolhas. Eles são e sempre serão os responsáveis por cada obstáculo enfrentado e pelo meu sucesso conquistado. Às minhas avós, Ignês e Zuleima, que são meu porto de conforto e carinho nos momentos em que penso em desistir de tudo. Aos meus colegas de classe que nesses cinco anos de cooperação, nos momentos de estudos e descontração, me ajudaram com as dificuldades que surgiram no decorrer do curso. A todos meus amigos que ainda continuam ao meu lado mesmo depois de vários momentos de ausência por ter que dedicar meu tempo aos estudos. Aos amigos da Criciúma Construções, que me ajudaram com conhecimento e com incentivo para que mais este obstáculo fosse ultrapassado. Aos professores que me guiaram através das minhas dificuldades e me deram suporte em minhas conquistas e opiniões. Ao Prof. Nestor Back, que me orientou para que a elaboração deste trabalho se tornasse possível. E finalmente a Deus, que nunca permitiu que, mesmo nos momentos mais difíceis, eu fraquejasse ou desistisse dos meus objetivos, sem ele esta conquista não seria alcançada. 5 “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.” Albert Einstein 6 RESUMO O agravamento da escassez de água, a poluição das reservas hídricas e a má utilização da água doce do planeta exigem que alternativas sejam desenvolvidas e adotadas visando à redução do consumo de água. Uma das alternativas que é muito utilizada em outros países vem ganhando espaço no Brasil. O sistema de medição individualizada de água induz a redução no consumo por parte dos moradores de edifícios residenciais multifamiliares, bem como uma cobrança mais justa, visto que cada morador paga pela quantidade de água que consume, e não de forma rateada como é feito no sistema de medição coletivo, utilizado na grande maioria dos edifícios brasileiros. Este trabalho tem por objetivo apontar vantagens e desvantagens sob os pontos de vista do construtor, do morador e da empresa concessionária de água. Para tal, propôs se apresentar uma revisão bibliográfica dos trabalhos feitos sobre o tema, analisando sua importância e elaborar um projeto utilizando os dois sistemas de medição, dimensionando a rede, definindo seu traçado e apontando as dificuldades na elaboração do mesmo, para então fazer um levantamento de custos, comparando-os economicamente. Palavras-chave: Medição individualizada de água. Dimensionamento. Instalações hidráulicas. Recursos hídricos. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Sistema com medição coletiva ................................................................. 17 Figura 2 – Sistema de medição individualizada, coluna única com hidrômetros posicionados no pavimento tipo .......................................................................... 25 Figura 3 – Sistema de medição individualizada, colunas individuais com hidrômetros posicionados no pavimento tipo .......................................................................... 26 Figura 4 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros posicionados no pavimento térreo ................................................................................................. 27 Figura 5 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros posicionados no pavimento de cobertura ....................................................................................... 28 Figura 6 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros localizados em pavimento intermediário ...................................................................................... 29 Figura 7 – Hidrômetro monojato ................................................................................ 33 Figura 8 – Funcionamento do hidrômetro monojato. ................................................. 34 Figura 9 – Hidrômetro multijato ................................................................................. 34 Figura 10 – Funcionamento do hidrômetro multijato ................................................. 35 Figura 11 – Hidrômetro Woltman .............................................................................. 36 Figura 12 – Funcionamento do hidrômetro Woltman vertical. ................................... 36 Figura 13 – Esquema isométrico do banheiro da suíte ............................................. 56 Figura 14 – Esquema isométrico do banheiro social ................................................. 56 Figura 15 – Esquema isométrico da cozinha e área de serviço ................................ 57 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação da disponibilidade de água de acordo com a ONU. .......... 13 Tabela 2 – Valores de vazões nominais definidos pela ABNT .................................. 39 Tabela 3 – Pesos relativos nos pontos de utilização identificados em função do aparelho sanitário e da peça de utilização. ......................................................... 48 Tabela 4 – Perda de carga em conexões – Comprimento equivalente para tubo liso ............................................................................................................................ 50 Tabela 5 – Valor da vazão máxima á. em hidrômetros ...................................... 51 Tabela 6 – Altura adotada dos pontos de utilização de água .................................... 55 Tabela 7 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Banheiro suíte (CAF 1)................................................................................ 59 Tabela 8 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Banheiro social (CAF 2) .............................................................................. 60 Tabela 9 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Cozinha / Área de Serviço (CAF 3) ............................................................. 61 Tabela 10 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Barrilete ....................................................................................................... 62 Tabela 11 – Lista de materiais necessários para a execução do sistema com medição coletiva de água fria .............................................................................. 63 Tabela 12 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição individual de água fria ....................................................................................................................... 65 Tabela 13 – Lista de materiais necessários para a execução do sistema com medição individual de água fria ........................................................................... 67 Tabela 14 – Orçamento para execução do sistema de abastecimento de água fria com medição coletiva .......................................................................................... 68 Tabela 15 – Orçamento para execução do sistema de abastecimento de água fria com medição individual ....................................................................................... 69 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA – Agência Nacional de Águas ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará DPS – Dispositivos de proteção contra surtos INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas kPa – Quilo Pascal M-Bus – Meter Bus m. c. a. – Metros de coluna d’água mPa – Mega Pascal NBR – Norma Brasileira ONU – Organização das Nações Unidas PLC – Power Lines Communications Poli-USP – Escola Politécnica da Universidade Federal de São Paulo PURAE – Programa de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SMC – Sistema de Medição Coletiva SMI – Sistema de Medição Individualizada SMR – Sistema de Medição Remota 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12 2. OBJETIVOS ............................................................................................... 15 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 15 2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 15 3. SISTEMAS DE MEDIÇÃO ......................................................................... 16 3.1 Medição Coletiva ...................................................................................... 16 3.2 Medição Individualizada .......................................................................... 17 3.2.1 Vantagens da Medição Individualizada .................................................. 18 3.2.2 Desvantagens da Medição Individualizada ............................................ 20 3.2.3 Surgimento e Legislação do Sistema no Brasil ..................................... 21 3.2.4 Localização dos Hidrômetros ................................................................. 24 3.2.5 Posicionamento dos Hidrômetros .......................................................... 30 4. HIDRÔMETROS......................................................................................... 32 4.1 Definição ................................................................................................... 32 4.2 Tipos de Hidrômetros .............................................................................. 32 4.2.1 Hidrômetros Monojato, Multijato e Woltman ......................................... 33 4.2.2 Hidrômetros de Relojoaria Seca e Relojoaria Úmida ............................ 36 4.2.3 Classe Metrológica ................................................................................... 38 4.2.4 Perda de Carga nos Hidrômetros............................................................ 39 4.3 Sistemas de Medição ............................................................................... 41 4.3.1 Medição Remota ....................................................................................... 41 4.3.1.1 Medição Remota Via Radiofreqüência .................................................... 43 4.3.1.2 Medição Remota Via Cabos ..................................................................... 44 4.3.1.2.1 Padrão M-Bus ........................................................................................... 45 5. DIMENSIONAMENTO DE TUBULAÇÕES DE REDE PREDIAL DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................ 46 5.1 Estimativa de Vazões ............................................................................... 46 5.1.1 Demanda Provável ................................................................................... 46 5.1.2 Pesos Relativos ........................................................................................ 46 5.2 Perda de Carga nos Componentes ......................................................... 48 5.2.1 Perda de Carga em Tubos ....................................................................... 49 11 5.2.2 Perda de Carga em Conexões ................................................................. 49 5.2.3 Perda de Carga em Hidrômetros ............................................................. 50 5.2.4 Cálculo da Velocidade no Interior da Tubulação ................................... 51 6. METODOLOGIA ........................................................................................ 52 7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................... 53 7.1 Características do Empreendimento ...................................................... 53 7.2 Dimensionamento do Sistema Predial de Água Fria ............................. 53 7.2.1 Dimensionamento do Sistema para Medição Coletiva de Água Fria ... 57 7.2.2 Dimensionamento do Sistema para Medição Individual de Água Fria 63 7.3 Custos de Implementação do Sistema Predial de Água Fria com Medição Coletiva e Individualizada ....................................................................... 67 8. RESULTADOS OBTIDOS ......................................................................... 70 9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................... 72 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74 APÊNDICES ............................................................................................................. 76 ANEXO ..................................................................................................................... 81 12 1. INTRODUÇÃO A escassez de água no planeta vem se agravando a cada ano que passa, seja por efeitos da poluição das águas potáveis, seja pelo desperdício em todos os setores de nossa sociedade. Segundo Tomaz (2003, apud Carvalho, 2010), no mundo, 97,5% da água é salgada, enquanto os 2,5% restantes são de água doce. Do total de água doce existente no planeta, 68,9% encontra-se em estado sólido nas calotas polares e nas regiões montanhosas. Do restante de água doce ainda temos 29,9% do volume que estão em aqüíferos subterrâneos e somente 0,266% da água doce estão nos rios, lagos e reservatórios, isto significa aproximadamente 0,007% da água total do planeta. Mesmo no Brasil, onde se encontram 12% da água doce disponível no mundo, o cenário não é diferente, já que a distribuição de água nas regiões é desigual. Na região amazônica, por exemplo, onde habitam 5% da população brasileira, armazena 80% do volume total de água presente em nosso país, enquanto grande parte da população concentra-se nas grandes cidades, exigindo um volume de água cada vez maior. Segundo Carvalho (2010) a disponibilidade per capita de água doce vem reduzindo de forma considerável. O fato é que já estamos em crise de disponibilidade de água. Na bacia do Alto Tietê, na região metropolitana de São Paulo, que abriga uma população superior a 15 milhões de habitantes, a disponibilidade de água é de 201 m³ por habitante por ano. A Organização das Nações Unidas (ONU) possui uma classificação para a disponibilidade de água, que é medida em metros cúbicos por habitante por ano, conforme a tabela 1. 13 Disponibilidade de Água Classificação Disponibilidade em m³/hab/ano Abundante >20.000 Correta >2.500 e <20.000 Pobre >1.500 e <2.500 Crítica <1.500 Tabela 1 – Classificação da disponibilidade de água de acordo com a ONU. Fonte: Agência nacional de águas – ANA (2000) Muitas tecnologias vêm sendo buscadas visando a economia de água, dentre as quais equipamentos e dispositivos desenvolvidos para consumirem menos água, bem como torneiras com redutores de vazão e bacias sanitárias com volume reduzido. Também se podem citar fontes alternativas que vem sendo utilizadas, bem como sistemas de tratamento de água para reuso e o aproveitamento da água da chuva para uso não potável. Além das soluções citadas acima, uma alternativa que vem sendo utilizada em grande escala em países desenvolvidos é o Sistema de Medição Individualizada de água (SMI) em edifícios residenciais multifamiliares. Este sistema de medição é caracterizado pela instalação de um hidrômetro para cada unidade habitacional constituinte do edifício. Desta forma o consumo de água, o faturamento e emissão das contas são específicos para cada consumidor. O SMI faz com que a cobrança seja feita de forma justa, pois cada morador vai pagar somente pela água que consumiu em seu apartamento, mais a parcela referente ao consumo de água nas áreas comuns do condomínio, que continua sendo rateada entre todos os condôminos, e uma pessoa não pagará pelo desperdício de outra. Além disso, fará com que os moradores tenham uma maior conscientização no consumo reduzido de água, pois saberão que cada gota consumida será paga por eles mesmos. O SMI ainda ajuda na detecção de vazamentos internos, pois será simples de identificar em qual apartamento está ocasionando o vazamento, fato que no sistema de medição coletiva é praticamente impossível se identificar. Para Dantas (2003), a conscientização da população, construtores e projetistas para a conservação de água é o grande desafio de todo trabalho nesta 14 área. Programas com este objetivo envolvem a participação de diferentes agentes que, em função das crises atuais, devem aproveitar para informar e educar a população sobre a necessidade da conservação da água. O que exige investimentos, incentivos e continuidade, sendo que seus resultados serão sentidos a médio e longo prazo. Acredita-se que uma cobrança mais efetiva do valor da água, associada à adequabilidade da forma de medição do consumo possa também contribuir para mudar atitudes e comportamentos. No Brasil este sistema, que é utilizado há poucos anos, vem ganhando destaque no que diz respeito à economia de água, além de ser uma forte tendência na concepção de futuros projetos. Algumas cidades brasileiras já têm leis obrigando e orientando que novos projetos sejam concebidos com SMI, entre elas Recife, São Paulo, Aracajú, Passo Fundo, Curitiba, Florianópolis, etc. Muitos autores fizeram estudos relacionados à medição individualizada de água, os quais foram utilizados para elaboração deste trabalho. 15 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Realizar uma análise técnica e econômica em instalações dos sistemas de medição de água com hidrômetros coletivo e individual. 2.2 Objetivos Específicos • Determinar os custos de implementação do sistema de medição individualizada em edifícios residenciais multifamiliares e compará-lo com os custos de execução de um sistema com medição coletiva; • Demonstrar os diferentes métodos para aquisição dos dados da medição; • Dimensionar um projeto de instalações hidráulicas com os sistemas de medição individual e coletiva de um edifício residencial multifamiliar, seguindo a norma brasileira 5626/1998, possibilitando um comparativo econômico entre os dois sistemas de medição. 16 3. SISTEMAS DE MEDIÇÃO 3.1 Medição Coletiva O sistema de medição coletiva de água é o mais utilizado no Brasil, e consiste na instalação de um hidrômetro localizado na entrada do edifício que abastecerá todas as unidades habitacionais. Dessa forma, o cálculo será feito a partir do volume total consumido no hidrômetro e esse valor será dividido por todas as unidades chegando a um valor de rateio comum. As formas mais usuais de medição coletiva são os de cobrança idêntica entre todos os apartamentos, o de cobrança referente à área do apartamento, e a de cobrança de acordo com o número de moradores de cada apartamento. Na cobrança em partes iguais, o consumo total do condomínio, somandose o consumo de todos os apartamentos e o da área comum é rateado de forma igual para todos, que o torna uma forma injusta de cobrança, pois não leva em consideração a área do apartamento ou o número de moradores. Já a divisão do consumo proporcional à área do apartamento parece ser uma forma mais razoável que a cobrança em partes iguais, porém esta aparência pode não ser real, já que em um apartamento maior pode haver um menor número de moradores do que em um apartamento menor. Na distribuição de acordo com o número de habitantes de cada apartamento, é levado em consideração os moradores fixos de cada unidade, o que não torna este tipo de rateio adequado, pois não é considerado o tempo de permanência desses moradores, bem como seus hábitos e consciência com a utilização da água, o que está diretamente ligado a variação do consumo de água. Na figura 1 pode-se observar o corte de um edifício demonstrando o funcionamento do sistema de abastecimento de água com medição coletiva. 17 Figura 1 – Sistema com medição coletiva 3.2 Medição Individualizada Neste tipo de medição, cada apartamento possui um hidrômetro próprio, além do hidrômetro principal (coletivo), que continua instalado na entrada do condomínio. É o sistema de medição mais justo, pois cada um paga somente pela quantidade de água consumida no interior do seu apartamento, somado ao consumo da parte comum, que é rateada de forma igual entre todos os apartamentos. O sistema de individualização possui um grande incentivo e apoio da ANA – Agência Nacional das Águas, que investe no desenvolvimento de muitos projetos de leis para que se torne obrigatório o uso do sistema de individualização de água em novos edifícios (Coelho, 2004). 18 3.2.1 Vantagens da Medição Individualizada De acordo com Coelho (2004, apud Junqueira, 2005), do ponto de vista do consumidor as principais vantagens da medição individualizada de água nos edifícios são: • Pagamento proporcional ao consumo, ou seja, um apartamento com somente um morador, não pagará o mesmo que outro com 5 ou 6 moradores; • Um usuário não pagará pelo desperdício dos outros; • Um condômino que pague sua conta em dia, não terá seu fornecimento de água interrompido pela irresponsabilidade de outros; • Redução do pagamento da conta de água em até 50%; • Redução do consumo do edifício em até 30%; • Facilidade na localização de vazamentos internos nos apartamentos; • Satisfação do condômino, que passa a controlar sua conta de água. Yoshimoto (1996 apud Junqueira, 2005), diz que os benefícios do uso racional da água trazem: • A prorrogação da vida útil dos mananciais existentes, ou seja, preservando os recursos hídricos disponíveis; • A redução do consumo enfocada como alternativa à expansão da oferta; • A diminuição das demandas horárias de água e na conseqüente otimização dos sistemas – equipamentos e redes – implantados ou a serem implantados; • Diminuição da geração de esgoto com necessidade de investimentos em redes e estações de tratamento. De acordo com Coelho (2004), do ponto de vista da empresa de abastecimento de água os principais benefícios da empresa são: • Redução do índice de inadimplência, pois somente é cortada a água de quem não pagar; • Redução do consumo de água em até 30%; • Redução do número de reclamação de consumo; 19 • Redução de gastos com tratamento de água, pois o consumo irá diminuir, diminuindo também a vazão de recalque. Ainda segundo Coelho, do ponto de vista dos construtores, as principais vantagens são: • Em projetos elaborados para a medição individualizada de água, a economia nas instalações hidráulicas situa-se próximo a 22%; • Maior facilidade de venda dos apartamentos com medição individualizada de água. Junqueira (2005), baseado nos comentários de Coelho de que há redução no pagamento da conta de até 50% e do consumo em até 30% verificou ser possível reduzir em valores relativos a conta de água muito além do percentual de consumo de água. Coelho (2004) também relata as desvantagens de utilização de hidrômetros coletivos: • Não permitir a todos os usuários a cobrança proporcional ao consumo; • A conta de água é rateada com todos os apartamentos, independente do número de moradores; • Os condôminos que economizam pagam pelos que esbanjam a água; • Quando alguns apartamentos não contribuem para o pagamento da conta o fornecimento de água pode ser suspenso, não importando se a maior parte dos usuários tenha pagado em dia; • Neste sistema, os que pagam, respondem pelos que não pagam. Segundo Barbosa (2004 apud Junqueira, 2005), a conta de água é a segunda maior despesa dos condomínios residenciais e perde apenas para os gastos com folha de pagamento. A água representa em média 12% do total das despesas. Em edifícios onde a conta é dividida igualmente e os gastos são incorporados na taxa de condomínio, o morador não acompanha seu consumo e não paga diretamente por ele. Assim, a diferença entre o consumo de um apartamento e outro pode chegar a mais de 200% em alguns casos, o que significa que um apartamento pode estar gastando 20 metros cúbicos de água por mês e seu vizinho, 60 metros cúbicos. Uma alternativa para corrigir essa distorção é o uso da tecnologia da medição remota, onde um hidrômetro individual é instalado em cada apartamento, que recebe seu consumo em conta separada. Assim, naturalmente, os 20 gastos passam a pesar diretamente no bolso de cada condômino, de acordo com seu padrão de consumo de água. São bons “argumentos” a favor da redução do consumo e do desperdício. 3.2.2 Desvantagens da Medição Individualizada Segundo Foletto (2008), os autores citam várias desvantagens da medição individual, como: • Problemas de pressão, especialmente nos andares mais elevados, uma vez que o hidrômetro pode apresentar perda de carga de até 10 m.c.a. e haverá necessidade de se ter dispositivos pressurizadores ou redutores de pressão (em prédios com mais de 15 andares) e de se selecionar equipamentos hidráulicos com vazões não muito elevadas; • Reclamações à concessionária sempre que a soma das medições for menor que o volume registrado pelo medidor da mesma. Isso poderá ocorrer com freqüência através da defasagem entre as leituras e medidores descalibrados; • O sistema pode vir a ser um complicador para síndicos e administradores, quanto ao controle das manutenções preventivas e corretivas dos medidores; • Dificuldade de controle e inibição de eventuais furtos de água, na efetivação de corte e supressão de ligações, assim como no estabelecimento dos limites de competência da concessionária/serviços autônomos para prevenir eventuais acusações de invasão de propriedade ou desrespeito à privacidade dos condôminos; • Custo muito elevado dos hidrômetros e da manutenção, colocando em dúvida a viabilidade econômica desse sistema. Borges (1994 apud Foletto, 2008) cita vários entraves da medição individualizada e por isso sugere um modelo de rateio para o consumo de água. No entanto, Mayer et AL (2004, apud Foletto, 2008) constataram que não há 21 decréscimo significativo no consumo com sistema de rateio. Por isso, deve-se procurar resolver ou amenizar as desvantagens da hidrometração individual, para que sua utilização se generalize em todas as edificações. Segundo Mello (2010) um dos grandes problemas enfrentados quando se pretende implantar a individualização da medição em condomínios é a utilização das válvulas de descargas nos vasos sanitários das economias. O autor cita que embora se encontre no mercado brasileiro válvulas modernas adaptadas ao uso racional de água, com limitadores de fluxo por descarga, ou com possibilidade de seleção do volume de descarga desejado e com a exigência de uma pressão mínima bem menor para o seu funcionamento a vazão das válvulas continua muito elevada. Desta forma, os medidores de vazão nominal igual ou inferior a 1,5 m³/h, normalmente empregados para a medição individualizada, não podem ser utilizados, porque em pouco tempo estariam danificados, além de que, causariam elevada perda de pressão na instalação que a vazão disponível para o funcionamento da válvula seria insuficiente. Outro fator é o uso de medidores dimensionados para funcionarem em instalações com válvula de descarga, o resultado final seria uma grande submedição (volume não medido) em função das baixas vazões dos demais aparelhos hidrossanitários (em geral na faixa de 0,3 a 0,7 m³/h). Para solucionar a viabilidade da individualização de medição, uma proposta que tem sido bastante aceita e utilizada pelos construtores da nossa região, é a eliminação dos sistemas com válvula de descarga e o uso do sistema com caixa acoplada, onde se percebe mais vantagens, como o uso racional da água utilizada para descarga, e também o fácil acesso ao sistema da mesma, o que privilegia futuras manutenções. 3.2.3 Surgimento e Legislação do Sistema no Brasil Segundo Lippi (2009), este sistema há algum tempo já vem sendo amplamente utilizado em outros países, visto que estes lugares também apresentam alguns transtornos com a quantidade de água potável disponível, não sendo este 22 apenas um problema de esfera nacional, mas sim uma questão de âmbito mundial. Países como a Alemanha, Portugal, França e Colômbia utilizam o sistema de individualização em seus edifícios há décadas. No Brasil, este sistema vem sendo muito apoiado e utilizado nas grandes metrópoles, caso de Recife, Vitória, Belém, São Paulo e Palmas. Coelho (2004 apud Lippi, 2009), diz que o sistema de individualização possui um grande incentivo e apoio da ANA, que investe no desenvolvimento de muitos projetos de leis para que se torne obrigatório o uso do sistema de individualização de água nos novos edifícios. Lippi ainda lista um cronograma histórico da instalação do sistema de individualização do consumo de água predial no Brasil: • 1976/1977 – a Sabesp desenvolveu com IPT e apoio da Escola Politécnica (Poli-USP), um estudo para quantificar condomínios com sistema de medição individualizada de água, outros estudos como este também foram realizados na década de 80 e no início de 90; • 1980 – neste ano foi constatado cerca de 2880 apartamentos com o sistema de medição individualizada; • 1998 – foi estabelecida e aprovada a lei Municipal nº 12.638, onde constava uma previsão para os edifícios da cidade de São Paulo, para o sistema de medição individualizada. Nesse mesmo período ocorreu a aprovação dos mesmos decretos; • 2003 – surgiu o Projeto de Lei Federal nº 787, o qual constava que a cobrança do consumo de água de uma edificação passasse a ser individualizada para cada unidade, não podendo mais haver rateio entre os condôminos no consumo deste recurso; • 2004 – encontro promovido pela CAESB/Brasília, na sede da ANA: apresentações e debates sobre o tema: medição individualizada; • 2005 – recentemente a elaboração da Lei nº 14.018, de 28 de Junho de 2005, a qual institui o “Programa Municipal de Conservação e uso Racional de Água em Edificações”. Foletto (2008) cita que tendo em vista a necessidade de medidas que incentivem a utilização correta da água e a justiça na cobrança do consumo, várias 23 cidades e estados brasileiros já estabelecem a obrigatoriedade do novo sistema, como: • Campinas: Lei Complementar nº 13, de 4 de maio de 2006; • Curitiba: Lei Ordinária nº 10.785, de 18 de setembro de 2003; • Goiânia: Lei Ordinária nº 8.435, de 10 de maio de 2006; • Guarulhos: Lei Ordinária nº 4.650, de 27 de setembro de 1994; • Distrito Federal: Lei Ordinária nº 3.557, de 18 de janeiro de 2005; • Mato Grosso do Sul: Lei Ordinária nº 3.493, de 13 de fevereiro de 2008; • Minas Gerais: Lei Ordinária nº 17.506, de 29 de maio de 2008; • Pernambuco: Lei Ordinária nº 12.609, de 22 de junho de 2004; • Porto Alegre: Lei Ordinária nº 10.506, de 5 de agosto de 2008; • Ribeirão Preto: Lei Ordinária nº 10.489: de 24 de agosto de 2005; • Santo André: Lei Ordinária nº 8.967, de 3 de setembro de 2007. Carvalho (2010) também cita outras leis referentes à utilização de medição individualizada: • Paraná: Lei nº 10.895: de 25 de julho de 1994; • São Paulo: Lei nº 12.938/1998; • Aracajú: Lei nº 2.879: de 14 de dezembro de 2000; • Rio de Janeiro: Lei nº 3.915: de 12 de agosto de 2002; • Passo Fundo: Lei nº 110: de 8 de janeiro de 2003; • Curitiba: Lei nº 10.785: de 18 de setembro de 2003, que criou o PURAE (Programa de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações); • Piracicaba: Lei nº 169: de 17 de novembro de 2004; • Natal: Lei nº 238:/2006. Segundo a ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará, em seu artigo sobre Legislação Sobre Uso Racional da Água (2004) cita outra lei, esta da cidade de Recife, que institui a obrigatoriedade da instalação de hidrômetros individuais nos edifícios, tal lei sancionada sob nº 16.759, no dia 17 de abril de 2002. Em Santa Catarina existem leis municipais que incentivam o uso racional da água, são os casos das seguintes cidades: • Blumenau: Lei nº5935: de 24 de Junho de 2002; 24 • Florianópolis: Lei nº 8080: de 09 de Novembro de 2009; • Itajaí: Lei nº 3429: de 20 de Setembro de 1999. 3.2.4 Localização dos Hidrômetros A distribuição dos medidores individuais pode ser feita de forma concentrada, onde os mesmos podem ser posicionados no pavimento térreo, no pavimento de cobertura ou então em pavimentos intercalados. Pode ser feita também de forma distribuída, onde em cada pavimento se localizam os medidores dos apartamentos constituintes deste. Esta última forma de distribuição será adotada na elaboração deste trabalho. A localização dos medidores determina a forma de distribuição da água no edifício. Se os mesmos estiverem localizados nos pavimentos-tipo, o sistema pode ser com uma única coluna ou com várias colunas. No caso de sistema com coluna única, esta distribui a água para todos os apartamentos, e os medidores são posicionados na área comum do pavimento, pois, no caso de leitura manual, esta pode ser feita por agentes das empresas de fornecimento de água, sendo fácil o acesso aos hidrômetros. Na figura 2 pode-se observar o sistema de medição individualizada com os hidrômetros localizados nos pavimentos-tipo, com uma única coluna de alimentação. 25 Figura 2 – Sistema de medição individualizada, coluna única com hidrômetros posicionados no pavimento tipo Outra opção com os hidrômetros localizados nos pavimentos-tipo é a utilização de uma coluna específica para cada apartamento, que está demonstrada na figura 3. 26 Figura 3 – Sistema de medição individualizada, colunas individuais com hidrômetros posicionados no pavimento tipo Já o posicionamento no pavimento térreo facilita muito para que o funcionário da concessionária efetue a leitura de consumo, pois o acesso aos medidores individuais é bastante privilegiado. Este é o mesmo sistema utilizado pelas concessionárias de energia elétrica há muitos anos e pode ser observado na figura 4. 27 Figura 4 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros posicionados no pavimento térreo Se os hidrômetros estiverem localizados no pavimento de cobertura, cada apartamento possuirá uma coluna de distribuição, e a partir dela um único ramal abastece todos os pontos de utilização do apartamento. Tal sistema está demonstrado na figura 5. 28 Figura 5 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros posicionados no pavimento de cobertura Outro modelo de distribuição é com os hidrômetros localizados em pavimentos intermediários, onde a distribuição pode ser feita com uma ou com várias colunas. Este tipo de instalação permite uma melhor distribuição das pressões atuantes sobre os hidrômetros. O maior inconveniente é a necessidade de um local reservado para a instalação destes hidrômetros, o que diferenciaria estes pavimentos dos demais pavimentos-tipos, e também reduziria a área útil dos mesmos. Além disso, se a medição for feita manualmente, tem-se a desvantagem de difícil acesso aos medidores, o que pode ser resolvido com medição remota. Este sistema pode ser observado na figura 6. 29 Figura 6 – Sistema de medição individualizada com hidrômetros localizados em pavimento intermediário O sistema de medição individual deve atender de maneira abrangente tanto o aspecto técnico quanto o econômico. A pressão estática disponível a montante do medidor é um aspecto a ser considerado para o seu posicionamento e, conseqüentemente, o número de colunas a serem previstas. A perda de carga introduzida pelo hidrômetro pode inviabilizar, por exemplo, a sua instalação nos pavimentos superiores, dependendo da diferença de cotas entre o reservatório superior e o medidor. Foletto (2008) comenta que a instalação dos hidrômetros nos pavimentos inferiores proporciona fácil medição, caso seja efetuada a leitura manual, porém, os custos das colunas ascendentes são consideráveis. 30 3.2.5 Posicionamento dos Hidrômetros O posicionamento dos hidrômetros necessita de alguns cuidados que interferem diretamente na precisão dos valores fornecidos pelo mesmo. Carvalho (2010) comenta que todo hidrômetro possui fundido junto com a carcaça uma seta que indica o sentido do fluxo de água. Como infelizmente no Brasil a qualidade da mão de obra ainda não é um ponto forte, recomenda-se a supervisão pelo responsável da instalação do sentido de fluxo dos hidrômetros. Segundo reportagem na revista Hydro (Novembro de 2007, p.26) a leitura com o hidrômetro instalado no sentido invertido pode ser desconsiderada. O autor ainda comenta que o fluxo da água em regime turbulento também pode afetar a precisão do hidrômetro. Esta turbulência pode ser causada, por exemplo, por um registro semi-aberto instalado a montante do hidrômetro. Estes registros devem trabalhar totalmente abertos ou totalmente fechados. Por este motivo, recomenda-se a instalação de registros de ¼ de volta. No trecho a montante do hidrômetro também deve ser previsto um trecho de regularização de fluxo, ou seja, um trecho horizontal de tubulação que permita que a água passe pelo hidrômetro em regime laminar. Esta recomendação muitas vezes é de difícil execução devido à indisponibilidade de espaços quando os hidrômetros são instalados nos halls dos andares de apartamentos e acaba por existir uma conexão de ângulo interno de 90º imediatamente a montante do hidrômetro. Semelhante, também não devem ser instaladas na entrada do hidrômetro peças que reduzem a seção nominal da tubulação, causando estricção, que gera alteração no regime laminar da água. Carvalho ainda cita que segundo reportagem na revista Hydro (Novembro de 2007, p. 28), outra fonte de erros de medição do consumo é a posição do hidrômetro. A dificuldade de localização dos hidrômetros leva a situações desfavoráveis de instalação, por exemplo, quando a situação do local leva a instalação dos hidrômetros no entre forro, acessados por alçapão no mesmo. Desta forma o hidrômetro acaba sendo instalado de “cabeça para baixo” para facilitar a visualização da relojoaria. Os hidrômetros devem, preferencialmente, ser instalados 31 com sua relojoaria na posição horizontal devido a sua construção. Caso a turbina do hidrômetro seja instalada na vertical, ela irá sofrer com a força gravitacional sobre seu eixo e engrenagens que pode distorcer a medição apresentada, principalmente em baixas vazões. 32 4. HIDRÔMETROS 4.1 Definição São instrumentos de precisão utilizados para efetuar a medição volumétrica do consumo de água, permitindo a emissão das contas de acordo com o volume consumido por cada um. Podem ser classificados em diferenciais, especiais e mecânicos. Segundo Tamaki (2003 apud Foletto, 2008) no Brasil, utilizam-se na maioria hidrômetros mecânicos nas instalações, pois a adoção desse tipo de medidor para a micromedição se torna mais eficaz, devido às suas capacidades de integração das funções de medição, totalização e armazenamento de dados em dimensões reduzidas, facilidade de emprego, robustez dos medidores face às diversas condições de exposição e de uso, simplicidade de manutenção e custos reduzidos quando comparado aos demais medidores. 4.2 Tipos de Hidrômetros Os hidrômetros mecânicos se classificam em volumétricos ou velocimétricos. Segundo Pereira (2007) o hidrômetro volumétrico tem seu princípio de funcionamento baseado na medida real de volumes a partir do enchimento e esvaziamento, de forma cíclica, de sua câmara. Essa característica torna-o bem mais sensível a baixas vazões que os velocimétricos. Alguns medidores têm seu início de funcionamento próximo da vazão de 1 litro por hora, porém seu uso ainda é muito restrito no Brasil. Já no hidrômetro velocimétrico, segundo Tamaki (2003 apud Foletto, 2008), a medição do volume de água é realizada pela contagem do número de revoluções de uma turbina, através de uma relação entre a revolução da turbina e o 33 volume escoado correspondente. No Brasil, os hidrômetros mais utilizados são os velocimétricos. Os mesmo são divididos em três grandes grupos em função da forma de incidência do jato sobre a turbina: monojato, multijato e Woltman. 4.2.1 Hidrômetros Monojato, Multijato e Woltman A principal diferença entre hidrômetros monojatos e multijatos é o número de jatos que incidem na turbina do hidrômetro, dessa forma os hidrômetros monojatos possuem um tamanho menor que os hidrômetros multijatos com a mesma vazão. Segundo Coelho; Maynard (1999), outra característica dos hidrômetros monojatos, é que o jato de água incide diretamente na turbina, podendo os hidrômetros ser afetados pelas impurezas retidas no filtro. Uma obstrução do mesmo pode provocar o aumento da velocidade da incidência do jato sobre a turbina alterando a precisão do aparelho. Figura 7 – Hidrômetro monojato Fonte: Energyrus Saneamento Ltda. 34 Figura 8 – Funcionamento do hidrômetro monojato. Fonte: Econologic Segundo Carvalho (2010), os hidrômetros multijatos se caracterizam pela incidência de vários jatos na turbina. A câmara de medição onde se localiza a turbina possui furos distribuídos radialmente na parte inferior e na parte superior, de modo que a água entra na câmara de medição pela parte inferior e é expulsa pela parte superior. A entrada de água através de vários orifícios na câmara de medição permite um funcionamento mais balanceado da turbina em seu eixo de rotação, resultando em uma maior vida útil do equipamento. Figura 9 – Hidrômetro multijato Fonte: Energyrus Saneamento Ltda. 35 Figura 10 – Funcionamento do hidrômetro multijato Fonte: Econologic Normalmente os hidrômetros monojatos são mais baratos que os respectivos hidrômetros do tipo multijato. Atualmente no Brasil são fabricados hidrômetros monojatos com vazão nominal de 1,5 m³/h e 3,0 m³/h, já os hidrômetros multijatos são encontrados também com vazões superiores. Ambos os tipos de hidrômetros podem ser fabricados tanto com a relojoaria seca ou com a relojoaria úmida. Segundo Tamaki (2003 apud Foletto, 2008) no hidrômetro tipo Woltman, a direção do fluxo de água sobre a turbina é axial, dispensando a utilização de câmara de medição, pois a água não passa através de orifícios ou fendas para incidir tangencialmente as pás da turbina (como nos hidrômetros monojato e multijato), mas aproveitando-se de praticamente toda a seção transversal. As principais características desse medidor são: a baixa perda de carga, funcionamento equilibrado e durabilidade quando submetido a regimes de vazões elevadas por longos períodos. É mais utilizado em ligações de grande porte, como indústrias, e também é usado na macromedição. 36 Figura 11 – Hidrômetro Woltman Fonte: LAO Indústria Figura 12 – Funcionamento do hidrômetro Woltman vertical. Fonte: Econologic 4.2.2 Hidrômetros de Relojoaria Seca e Relojoaria Úmida Para Carvalho (2010) os hidrômetros também podem variar de acordo com a presença ou não de água no interior de sua relojoaria. De uma forma geral, as concessionárias no Brasil não têm utilizado os hidrômetros de relojoaria úmida, que possuem todo o mecanismo interno submerso em água, o que, de acordo com 37 Coelho; Maynard (1999) possibilita que estes hidrômetros trabalhem com baixas vazões com maior precisão, tendo em vista que pelo princípio de Arquimedes a inércia da máquina é reduzida. O autor ainda comenta que os hidrômetros de relojoaria úmida se caracterizam por possuir um vidro muito espesso, já que este vidro é solicitado a suportar toda a pressão da água proveniente da rede. O fato de possuir seu mecanismo imerso em água também faz que a qualidade da água que passa em seu interior afete o funcionamento do hidrômetro, o que segundo Coelho; Maynard (1999) foi o motivo pelo qual as concessionárias no Brasil não têm utilizado deste tipo de hidrômetro em suas instalações. Já os hidrômetros com relojoaria seca, como o próprio nome diz, trabalham livre de água em seu mecanismo interior, necessitando de um sistema de transmissão que conecte a câmara onde a água passa para girar a turbina para a relojoaria. Esta transmissão pode ser mecânica ou magnética. Os hidrômetros de transmissão mecânica já estão ultrapassados, são menos sensíveis e possuem o problema de possibilitarem o embaçamento do vidro de leitura. O hidrômetro de transmissão magnética é aquele em que a transmissão dos movimentos da turbina dá-se através de um par de ímãs, posicionado acima e abaixo da placa separadora. O ímã propulsor é fixado na ponta do eixo da turbina e aciona o ímã propelido que se aloja no outro lado da placa separadora. Quando gira a turbina, gira também o mecanismo (totalizador) acoplado ao ímã propelido. Ao contrário dos hidrômetros de relojoaria úmida, os de relojoaria seca não são afetados pela qualidade da água. Os dispositivos totalizadores armazenam as informações das revoluções da turbina e indicam estas informações. Estas indicações podem ser feitas por meio de ponteiros que se deslocam cada um sobre uma escala circular, ou por algarismos alinhados, ou ainda pela combinação dos dois sistemas. Segundo a portaria do INMETRO nº 246 (2000, p.4), o dispositivo totalizador de um hidrômetro para água fria deve poder registrar, sem retornar a zero, um volume correspondente a, pelo menos, 9.999 m³ para vazão nominal até 6 m³/h, inclusive e, 99.999 m³ para vazão nominal acima de 6 m³/h. 38 4.2.3 Classe Metrológica Dantas (2003) diz que a designação é baseada em sua vazão nominal, que corresponde à metade de sua vazão máxima ( ). Na operação com medidores também é necessário conhecer a vazão de transição ( ) e a vazão mínima ( ). Segundo Carvalho (2010), de acordo com a portaria do INMETRO n° 246, os hidrômetros podem ser classificados como classe A, B e C, sendo os hidrômetros de categoria A com menor precisão do que os de categoria B e assim por diante. Existem também hidrômetros considerados de categoria D, mas que não são abordados na referida portaria do INMETRO. O autor define a vazão máxima ( ) como a maior vazão que o hidrômetro é exigido a trabalhar por um curto período de tempo, dentro de seus erros máximos admissíveis, mantendo seu desempenho metrológico. Muitas vezes percebe-se que os fabricantes apresentam hidrômetros nomeados a partir da vazão máxima, mas não é esta a vazão que deve se considerar para o correto dimensionamento de um hidrômetro para a vazão normal de funcionamento. A vazão mínima por sua vez, é o limite inferior de vazão, no qual o hidrômetro ainda consegue ter precisão na sua leitura com valores de erros admissíveis. É exatamente a vazão mínima de um hidrômetro que difere as classes A, B e C e esta precisão está correlacionado com o valor da vazão nominal. Por definição pela portaria do INMETRO, a vazão nominal é a maior vazão nas condições de utilização, expressa em m³/h, nas quais o medidor é exigido para funcionar de maneira satisfatória dentro dos erros máximos admissíveis. Existe uma seqüência padronizada pela NBR-8193/1997 para os valores de vazão nominal em m³/h que são normalizados. Esta seqüência é apresentada na tabela 2, juntamente com os valores de vazão mínima e vazão de transição. 39 Classe Vazão A B C Valores de vazão nominal (m³/h) (l/h) 0,6 0,75 1,0 1,5 2,5 24,0 30,0 40,0 40,0 100,0 60,0 75,0 100,0 150,0 250,0 350,0 500,0 1000,0 1500,0 12,0 15,0 20,0 30,0 70,0 48,0 60,0 80,0 6,0 7,5 9,0 11,0 50,0 3,5 5,0 140,0 200,0 10,0 15,0 400,0 600,0 100,0 200,0 300,0 120,0 200,0 280,0 400,0 800,0 1200,0 10,0 15,0 25,0 35,0 50,0 100,0 150,0 15,0 22,5 37,5 52,5 75,0 150,0 225,0 Tabela 2 – Valores de vazões nominais definidos pela ABNT Fonte: NBR-8193 de 30 de Outubro de 1997. 4.2.4 Perda de Carga nos Hidrômetros Um fator importante que deve ser levado em consideração na elaboração de um projeto, considerando a medição individualizada de água, é a perda de carga gerada pelo hidrômetro. Carvalho (2010) diz que em projetos convencionais, em sua maioria, a perda de carga gerada pelos hidrômetros pode ser desprezada, pois a água que passa pelo hidrômetro é proveniente da rede pública de abastecimento de água potável, que chega com pressões elevadas e segue diretamente para o reservatório de água, ou seja, a vazão no ramal predial que passa pelo hidrômetro é constante e a perda de carga interfere apenas no desnível geométrico disponível entre o ponto de chegada e o reservatório de água potável. Ainda segundo o autor, em um projeto que contemple a medição individualizada de água, o hidrômetro estará localizado após o reservatório de água portável e por ele passará a água que abastece diretamente os pontos de consumo, alterando inclusive a forma de dimensionamento do hidrômetro, que deverá atender 40 a uma determinada vazão instantânea variável em vez de atender a uma vazão média baseada no consumo diário. Como esta vazão é variável, a velocidade da água também será o que acarretará em diferentes valores de perda de carga gerada pelo atrito da água no interior do hidrômetro. Cada hidrômetro apresenta uma curva de perda de carga de acordo com a vazão da água, a qual deverá ser observada junto ao fabricante quando da elaboração de um projeto de instalações hidráulicas para a correta especificação do hidrômetro. Carvalho (2010) também comenta que na falta de informações do fabricante no que diz respeito à perda de carga dos hidrômetros, poderá ser tomada como base a portaria do INMETRO nº 246 de 17 de outubro de 2000, que estabelece as condições a que devem satisfazer os hidrômetros para água fria de vazão nominal de 0,6 m³/h a 15 m³/h. De acordo com a portaria do INMETRO, a perda de carga não deve ultrapassar a 0,025MPa (2,5 m.c.a.) na vazão nominal e a 0,1 MPa (10 m.c.a.) na vazão máxima do hidrômetro. Para hidrômetros individuais, Coelho; Maynard (1999) recomendam que o hidrômetro deva ser dimensionado numa bitola tal que não provoque uma perda de carga exagerada que limite o consumo nos pontos de utilização da instalação predial de água. Ainda, outro aspecto a considerar é que o “campo de medição” do hidrômetro cubra o campo de vazões com o qual vai trabalhar o ramal de alimentação no qual está instalado o aparelho. Na prática os medidores a instalar nos apartamentos terão capacidade ( ) entre 3 e 5 m³/h. Os autores dizem que na prática, verificou-se ser conveniente a utilização de hidrômetros de Classe Metrológica C. Tamaki (2003 apud Foletto, 2008) diz que se deve observar a perda de carga que o medidor provoca no sistema, que é significativa. Muitas vezes, nos pavimentos superiores, como em apartamentos de cobertura, em que a disponibilidade de pressão é baixa, pode-se optar por hidrômetros de diâmetros maiores, que resultam em perda de carga menor para uma mesma vazão. Hidrômetros de diâmetros maiores possuem menos sensibilidade para baixas vazões, sendo necessário especificar a Classe Metrológica melhor, a fim de corrigir o problema. 41 Rech (1999 apud Foletto, 2008) sugere utilizar os medidores para o ramal predial, dentro de faixas de vazões compreendidas entre a vazão superior de trabalho ( ) e a vazão inferior de trabalho ( ). Segundo o autor, a vazão superior de trabalho é a que limita superiormente a faixa de trabalho e corresponde metade da vazão nominal. Através de experiências práticas, o autor comprovou que acima dessa vazão, ocorrem altos desgastes no hidrômetro. A vazão inferior de trabalho limita inferiormente a faixa ideal de trabalho do medidor e corresponde a 1,2 vezes a vazão de transição, de forma a evitar perdas por submedição. 4.3 Sistemas de Medição 4.3.1 Medição Remota Segundo Carvalho (2010), com a adoção de sistema de medição individualizada do consumo de água em substituição ao sistema de leitura tradicional em que a medição é feita apenas no hidrômetro global da edificação, surge a necessidade de sistemas mais avançados de leitura dos hidrômetros. A leitura visual, com a necessidade de que um leiturista vá todo mês até o condomínio para fazer a leitura dos medidores individuais pode ser viável para edifícios pequenos, de até quatro pavimentos, porém para edifícios maiores com um número expressivo de medidores torna este sistema de leitura praticamente inviável. Os sistemas de medição remota (SMR) são a alternativa para que a leitura de um grande número de hidrômetros seja viabilizada em pouco tempo e praticamente sem gerar custo de mão de obra. Outra vantagem deste sistema é o fato de não necessitar de que um funcionário da concessionária de água ou de alguma empresa terceirizada para tal passe em todos os andares dos condomínios para fazer a leitura dos medidores, garantindo uma maior segurança aos moradores e também reduzindo custos para a empresa responsável pela emissão das contas individualizadas. Outro fato que pode acontecer em um sistema de leitura visual é a ausência do responsável pela 42 edificação no ato da medição, impossibilitando que o leiturista tenha acesso ao hidrômetro, obrigando, desta forma, o retorno em outra oportunidade ou mesmo que a cobrança seja feita por estimativas, que no caso do SMR não acontece. Existem SMR sem fio, via radiofreqüência e cabeados, com diferentes tecnologias envolvidas para cada caso. Carvalho (2010) cita que ainda não existe nenhuma norma brasileira ou mesmo projeto de norma que trate especificamente sobre medição individualizada de água, porém, em julho de 2009, foi disponibilizado para consulta pública um projeto de norma ABNT pelo Comitê Brasileiro de Máquinas e Equipamentos Mecânicos (CB-04) que trata mais detalhadamente sobre sistema de medição remota e centralizada de consumo de água e gás, este projeto de norma teve seus trabalhos iniciados pelo referido comitê em julho de 2007. Embora os sistemas sejam diferentes e usem tecnologias diferenciadas, podem-se considerar algumas características em comum entre eles, como por exemplo: • Facilidade de acesso aos dados por parte do usuário que são atualizados diariamente e em alguns casos chega a ser atualizados em intervalos de 15 minutos; • Todos os sistemas possuem dispositivos transdutores que convertem os valores de vazão do hidrômetro em sinais eletrônicos. Podem ser do tipo ampola de contato, do tipo hall, ótico ou indutivo; • Emitem alarme em caso de falta de alimentação principal superior a 12 horas, ou em caso de rompimento da selagem eletrônica; • Possibilidade de detecção de possíveis vazamentos, alertando em casos de consumo ininterrupto em 24 horas. Carvalho ainda explica que é importante ao conceber um projeto com medição individualizada que seja prevista a infra-estrutura necessária para possibilitar a utilização dos diversos tipos de SMR. Os componentes de uma infraestrutura predial necessária para futuras instalações de SMR são: • Provisão de local para subconjunto medidor, válvulas de bloqueio remotas e transdutor de medição; 43 • Caixas de passagens; • Eletrodutos ou eletrocalhas principais; • Eletrodutos ou eletrocalhas de ramificações; • Eletrodutos ou eletrocalhas de interligações; • Provisão de local para central de operações e coleta de dados do SMR; • Provisão para componentes SMR para proteção contra surtos e descargas atmosféricas. O projeto de norma citado acima recomenda ainda que sejam instaladas caixas de dimensões 300 mm x 300 mm x 120 mm nas proximidades da central de operações de dados do SMR e caixas de dimensões 100 mm x 100 mm x 50 mm nas interligações das prumadas verticais com os eletrodutos ou eletrocalhas de interligações. Segundo Carvalho (2010) os SMR são basicamente compostos por equipamentos eletrônicos e estão sujeitos a surtos de tensão e corrente elétrica, devendo estar protegidos contra tais ocorrências. A especificação da classe dos dispositivos de proteção contra surtos (DPS) deverá estar de acordo com a ABNT NBR-5410/2004 referente à especificidade de cada sistema. Os eletrodutos que conduzem cabos de dados, posicionados no exterior do edifício devem ser de material metálico e devidamente aterrados. 4.3.1.1 Medição Remota Via Radiofreqüência Carvalho comenta que um dos tipos de SMR que tem tido bastante aceitação no mercado são sistemas com transmissão de dados via radiofreqüência. Este tipo de sistema elimina grande parte da infra-estrutura de eletrodutos e se torna bem atrativo em casos de edificações existentes, onde se tem dificuldade de implantar novas instalações. Neste sistema de medição, os dados adquiridos nos hidrômetros são convertidos de pulsos magnéticos em sinais de radio e enviados até um receptor 44 instalado num veiculo ou nas mãos de um leiturista que percorre a rua, próximo ao local da leitura. Em alguns locais dos Estados Unidos e Europa, segundo Dantas (2003), a aquisição dos dados via rádio tem sido bastante utilizada. Na cidade de Filadélfia, EUA, foram implantados aproximadamente 1.000.000 de hidrômetros que possuem este sistema. A leitura é feita por veículos credenciados que captam as medições conforme se locomovem, próximos às residências. Os sistemas de medição remota podem ser do tipo unidirecional ou bidirecional. Os do tipo unidirecional normalmente têm preço reduzido e funcionam perfeitamente quando não há interferências físicas da construção. Por isso, os sistemas unidirecionais são utilizados principalmente na transmissão remota de dados em residências, e em alguns casos podem necessitar do uso de repetidores de sinal. No sistema bidirecional um aparelho receptor dispara o impulso de leitura para o medidor, o qual envia o valor de consumo. Estes são aplicados em sistemas de abastecimentos comunitários de água e são pouco utilizados no Brasil. 4.3.1.2 Medição Remota Via Cabos Segundo Carvalho (2010), em geral, quando existe a possibilidade de passagem de eletrodutos para passagem de cabos é interessante que esta infraestrutura seja considerada para flexibilizar o sistema de medição. Este sistema de medição se utiliza de cabeamento para realizar a transmissão das informações dos transdutores dos hidrômetros para o concentrador, e por este motivo distâncias bem maiores podem ser percorridas entre os aparelhos de medição e a central. Carvalho (2010) cita que este cabeamento poderá se utilizar de cabos de lógica, no caso do sistema M-Bus ou mesmo utilizar os próprios cabos da rede elétrica, em caso de sistemas baseados em PLC (Power Lines Communications). Esta última poderá ser utilizada até em casos de edificações existentes, em função de, na maioria dos casos, já ter disponível a infra-estrutura da rede elétrica no local. 45 O autor ainda diz que no caso de sistema via cabos, a questão da segurança da infra-estrutura deverá ser levada em consideração, procurando evitar que atos de vandalismo possam interromper a transmissão de informações. 4.3.1.2.1 Padrão M-Bus Segundo Silva; Tamaki; Tonetti; Gonçalves (2005), o sistema Meter Bus (M-Bus) é um sistema digital de comunicação de dados, composto por hidrômetros eletrônicos, rede de comunicação, computador central com programa específico e interface de comunicação rede-computador. Outros elementos podem ser incorporados ao conjunto para melhorar os graus de segurança, de confiabilidade e de alcance da rede como um todo, como o sistema de aterramento e os amplificadores e regeneradores de sinal. Foi desenvolvido para ser um sistema de fácil implementação e operação, empregando-se cabos comuns e o menor número de componentes possível, possibilitando também a alimentação remota dos medidores via rede, normalmente são utilizados cabos comuns de telefonia, do tipo par trançado de 0,5 mm². É um sistema de abrangência local que adota uma topologia de rede de barramento de campo serial bidirecional, isto é, todos os pontos da rede estão conectados a uma linha de transmissão em comum e recebem a mesma mensagem ao mesmo tempo. Carvalho (2010) diz que a central de gerenciamento de telemedição é composta por um microcomputador dotado de um programa de supervisão e gestão. O autor ainda cita que grandes distâncias podem afetar a qualidade do sinal dos sistemas de padrão M-Bus, nestes casos podem ser necessárias a implementação de amplificadores ou de regeneradores de sinal. 46 5. DIMENSIONAMENTO DE TUBULAÇÕES DE REDE PREDIAL DE DISTRIBUIÇÃO O dimensionamento de um projeto hidráulico tem por objetivo definir os diâmetros das tubulações, das conexões e de todos os componentes do sistema, para garantir que a vazão nos pontos de utilização seja suficiente para utilização do usuário e eficiência dos aparelhos. Neste trabalho, o dimensionamento do projeto hidráulico foi realizado baseado na NBR-5626: Instalação Predial de Água Fria, de 30 de Outubro de 1998, visto que esta norma abrange os cálculos necessários para o dimensionamento de todos os componentes, levando em consideração a vazão necessária e a perda de carga em todo o sistema. 5.1 Estimativa de Vazões 5.1.1 Demanda Provável Segundo a NBR-5626 por razões de economia, é usual estabelecer como provável uma demanda simultânea de água menor do que a máxima possível. Essa demanda simultânea pode ser estimada tanto pela aplicação da teoria das probabilidades, como a partir da experiência acumulada na observação de instalações similares. O método de pesos relativos usado nesta norma se enquadra no segundo caso. 5.1.2 Pesos Relativos Ainda conforme a NBR-5626, os pesos relativos são estabelecidos empiricamente em função da vazão de projeto. A quantidade de cada tipo de peça 47 de utilização alimentada pela tubulação, que está sendo dimensionada, é multiplicada pelos correspondentes pesos relativos e a soma dos valores obtidos nas multiplicações de todos os tipos de peças de utilização constitui a somatória total dos pesos (Σ). Usando a equação 5.1, esse somatório é convertido na demanda simultânea total do grupo de peças de utilização considerado, que é expressa como uma estimativa da vazão a ser usada no dimensionamento da tubulação. 0,3 √Σ (5.1) Onde: é a vazão estimada na seção considerada , em litros por segundo; Σ é a soma dos pesos relativos de todas as peças de utilização alimentadas pela tubulação considerada. Na tabela 3 pode-se observar os pesos e vazões de projeto das peças de utilização indicados pela NBR-5626. 48 Aparelho sanitário Bacia sanitária Banheira Bebedouro Bidê Chuveiro ou ducha Chuveiro elétrico Lavadora de pratos ou de roupas Lavatório Com sifão integrado Mictório cerâmico Sem sifão Mictório tipo calha Pia Tanque Torneira de jardim ou lavagem em geral Vazão de projeto L/s 0,15 1,70 0,30 0,10 0,10 0,20 0,10 Peso Relativo 0,3 32 1,0 0,1 0,1 0,4 0,1 Registro de pressão 0,30 1,0 Torneira ou misturador (água fria) 0,15 0,3 Válvula de descarga 0,50 2,8 0,15 0,3 0,15 por metro de calha 0,3 0,25 0,7 0,10 0,25 0,1 0,7 0,20 0,4 Peça de utilização Caixa de descarga Válvula de descarga Misturador (água fria) Registro de pressão Misturador (água fria) Misturador (água fria) Registro de pressão Caixa de descarga, registro de pressão ou válvula de descarga para mictório Caixa de descarga ou registro de pressão Torneira ou misturador (água fria) Torneira elétrica Torneira Torneira Tabela 3 – Pesos relativos nos pontos de utilização identificados em função do aparelho sanitário e da peça de utilização. Fonte: NBR-5626 de 30 de Outubro de 1998. 5.2 Perda de Carga nos Componentes Existe perda de carga distribuída que ocorre ao longo dos trechos retos da tubulação devido ao atrito. Esta depende do diâmetro e do comprimento do tubo, da rugosidade da parede, das propriedades do fluído, da massa específica, da viscosidade e da velocidade do escoamento. A rugosidade da parede depende do material de fabricação do tubo bem como do seu estado de conservação. De maneira geral um tubo usado apresenta uma rugosidade maior que um tubo novo. 49 Além desta, existe a perda de carga localizada que ocorre sempre que um acessório é inserido na tubulação, seja para promover a junção de dois tubos, para mudar a direção do escoamento ou ainda para controlar a vazão. 5.2.1 Perda de Carga em Tubos No cálculo da perda de carga em tubos, será utilizada a expressão de Fair-Whipple-Hsiao, considerando que serão utilizados tubos lisos, que se determina por: 8,69 10 , , (5.2) Onde: é a perda de carga unitária, em quilopascals por metro; é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo; é o diâmetro interno do tubo, em milímetros. 5.2.2 Perda de Carga em Conexões Para o cálculo da perda de carga em conexões que ligam os tubos, deve ser expressa em termos de comprimentos equivalentes desses tubos. A tabela 4, retirada da NBR-5626, apresenta esses comprimentos para o caso de equivalência com tubos lisos. 50 Tipo de conexão Diâmetro nomial (DN) Cotovelo 90° Cotovelo 45° Curva 90° Curva 45° 15 20 25 32 40 50 65 80 100 125 150 1,1 1,2 1,5 2,0 3,2 3,4 3,7 3,9 4,3 4,9 5,4 0,4 0,5 0,7 1,0 1,0 1,3 1,7 1,8 1,9 2,4 2,6 0,4 0,5 0,6 0,7 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,9 2,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 Tê Tê passagem passagem direta lateral 0,7 2,3 0,8 2,4 0,9 3,1 1,5 4,6 2,2 7,3 2,3 7,6 2,4 7,8 2,5 8,0 2,6 8,3 3,3 10,0 3,8 11,1 Tabela 4 – Perda de carga em conexões – Comprimento equivalente para tubo liso Fonte: NBR-5626 de 30 de Outubro de 1998. 5.2.3 Perda de Carga em Hidrômetros Ainda segundo a NBR-5626 a perda de carga em hidrômetros pode ser estimada empregando-se a equação 5.3. ∆" #36 $% #á. $% (5.3) Onde: ∆" é a perda de carga no hidrômetro, em quilopascals; é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo; á. é a vazão máxima especificada para o hidrômetro, em metros cúbicos por hora. (Conforme tabela 5) 51 á. Diâmetro nominal m³/h DN 1,5 15 e 20 3 15 e 20 5 20 7 25 10 25 20 40 30 50 Tabela 5 – Valor da vazão máxima á. em hidrômetros Fonte: NBR-5626 de 30 de Outubro de 1998. 5.2.4 Cálculo da Velocidade no Interior da Tubulação A NBR-5626 recomenda que, para evitar vazamentos e ruídos indesejados nas tubulações pela ação do escoamento da água, a velocidade máxima no interior da tubulação seja igual a 3 metros por segundo. Para garantir tal recomendação, a equação a seguir pode ser utilizada, sendo que se a velocidade resultante for maior que 3 metros por segundo, o diâmetro interno da tubulação deverá ser aumentado. & 4 10( ) % Onde: & é a velocidade no interior da tubulação, em metros por segundo; é a vazão estimada, em litros por segundo; é o diâmetro interno da tubulação, em milímetros. (5.4) 52 6. METODOLOGIA Para obtenção dos resultados esperados e apresentar resposta ao questionamento a que foi proposto este trabalho, será feita uma explanação sobre os sistemas de medição existentes, caracterizando seus componentes, bem como a localização e instalação destes, além dos métodos de obtenção dos dados das medições. Após isto, será realizada uma pesquisa utilizando como objeto de estudo edifícios residenciais multifamiliares para que sejam feitas todas as observações referentes aos modos de instalação do sistema de medição individualizada, bem como os entraves para a instalação do mesmo. Utilizando como base um projeto arquitetônico de um edifício com seis pavimentos tipo, com quatro apartamentos por andar, e utilizando a norma brasileira NBR 5626, de 30 de Outubro de 1998, serão elaborados um projeto hidráulico utilizando medição coletiva e outro utilizando medição individualizada de água, dimensionando os seus componentes e definindo seus traçados. Com os projetos concluídos, serão levantados os custos de todos os componentes dos sistemas para implementação de ambos, permitindo que se faça um comparativo econômico entre os sistemas de medição de água. Ao fim do trabalho serão apresentados os resultados obtidos a partir do comparativo econômico, demonstrando se a utilização do sistema de medição individualizada de água é realmente vantajosa a todos os envolvidos: consumidor final, empresa construtora e empresa concessionária de água. 53 7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 7.1 Características do Empreendimento O projeto arquitetônico, utilizado para o dimensionamento do sistema predial de água fria neste trabalho, contem um andar térreo e seis pavimentos tipo. Cada pavimento tipo possui quatro apartamentos, que são idênticos entre si, desta forma o dimensionamento será desenvolvido a partir de um deles, e este dimensionamento será o mesmo para todos os demais apartamentos do empreendimento. Cada um dos apartamentos terá abastecimento de água fria nos seguintes ambientes: banheiro da suíte, banheiro social, cozinha e área de serviço. Em cada um dos banheiros foi considerado o uso de um chuveiro, um vaso sanitário com caixa acoplada e um lavatório. Na cozinha foi considerado o uso de uma máquina de lavar louça e uma pia. Na área de serviço foi considerado o uso de uma máquina de lavar roupas, uma pia e um tanque. No anexo A consta a planta baixa do pavimento tipo. 7.2 Dimensionamento do Sistema Predial de Água Fria O dimensionamento de um sistema de água fria tem por finalidade garantir que o abastecimento de água seja contínuo e suficiente em todos os pontos de consumo e limitar a velocidade para que não ocorram vazamentos e ruídos indesejáveis. Além disso, também serve para garantir que a pressão estática máxima seja de 40 m.c.a. e que a pressão dinâmica seja superior a 0,5 m.c.a. O projeto de instalações hidráulicas dimensionado neste trabalho baseouse na norma brasileira NBR-5626 – Instalações Prediais de Água Fria. Primeiramente é importante ressaltar que o dimensionamento do hidrômetro principal (que está ligado à rede pública) até o reservatório superior será desconsiderado, visto que para ambos os sistemas de medição este 54 dimensionamento seria idêntico, o que não influenciaria no comparativo dos mesmos. Em ambos os casos o dimensionamento será feito a partir da planilha de cálculos sugerida pela norma NBR-5626, tal planilha possui quinze colunas, as quais são explicadas na referida norma da seguinte forma: 1) Trecho: é a identificação do trecho de tubulação a ser dimensionado, apresentando à esquerda a letra correspondente à sua entrada e à direita a letra correspondente à sua saída; 2) Soma dos pesos: é o valor referente à somatória dos pesos relativos de todas as peças de utilização alimentadas pelo trecho considerado (pesos relativos apresentados na tabela 3); 3) Vazão estimada, apresentada em litros por segundo: é o valor da vazão total demandada simultaneamente, obtida pela equação 5.1; 4) Diâmetro, apresentado em milímetros: é o valor do diâmetro interno da tubulação; 5) Velocidade, apresentada em metros por segundo: é o valor da velocidade da água no interior da tubulação, obtida pela equação 5.4; 6) Perda de carga unitária, apresentada em quilopascal por metro: é o valor da perda de carga por unidade de comprimento da tubulação, obtida pela equação 5.2; 7) Diferença de cota (desce + ou sobe -), apresentada em metro: é o valor da distância vertical entre a cota de entrada e a cota de saída do trecho considerado, sendo positiva se a diferença ocorrer no sentido da descida e negativa se ocorrer no sentido da subida; 8) Pressão disponível, apresentada em quilopascal: é a pressão disponível na saída do trecho considerado, depois de considerada a diferença de cota positiva ou negativa; 9) Comprimento real da tubulação, apresentado em metros: é o valor relativo ao comprimento efetivo do trecho considerado; 10) Comprimento equivalente da tubulação, apresentado em metros: é o valor relativo ao comprimento real mais os comprimentos equivalentes das conexões; 11) Perda de carga na tubulação, apresentada em quilopascal: é o valor calculado para perda de carga na tubulação no trecho considerado; 55 12) Perda de carga nos outros componentes, apresentada em quilopascal: é o valor relativo da perda de carga provocada por singularidades ocorrentes no trecho considerado, obtida conforme equações 5.3 para hidrômetros; 13) Perda de carga total, apresentada em quilopascal: é o somatório das perdas de carga verificadas na tubulação e nos outros componentes; 14) Pressão disponível residual, apresentada em quilopascal: é a pressão residual, disponível na saída do trecho considerado, depois de descontadas as perdas de carga verificadas no mesmo trecho; 15) Pressão requerida no ponto de utilização, apresentada em quilopascal: é o valor da pressão mínima necessária para alimentação da peça de utilização prevista para ser instalada na saída do trecho considerado, por recomendação da norma, foi adotada a pressão de 5 kPa. Para o início do dimensionamento é necessário preparar o esquema isométrico da rede e numerar cada nó ou ponto de utilização. Os pontos de utilização têm sua altura definida de acordo com o aparelho, que foram definidos conforme convenção de projeto e segue a orientação na tabela 6. Aparelho Cota (m) Chuveiro (CH) 2,10 Lavatório (L) 0,65 Máquina de lavar louças (MLL) 0,30 Máquina de lavar roupas (MLR) 0,80 Pia (P) 0,65 Registro de gaveta (RG) 1,80 Registro de pressão (RP) 1,10 Tanque (T) 1,10 Vaso sanitário com caixa acoplada (CDA) 0,33 Tabela 6 – Altura adotada dos pontos de utilização de água Os esquemas isométricos dos banheiros (suíte e social) e da cozinha e área de serviço são demonstrados nas figuras 13, 14 e 15. 56 Figura 13 – Esquema isométrico do banheiro da suíte Figura 14 – Esquema isométrico do banheiro social 57 Figura 15 – Esquema isométrico da cozinha e área de serviço O dimensionamento apresentado a seguir será para o sistema de abastecimento coletivo, que é o mais usual em nosso país. Logo após será apresentado o dimensionamento para o sistema de medição individual de água fria. Ao término dos dois dimensionamentos será feito um comparativo econômico para a execução de ambos os sistemas. 7.2.1 Dimensionamento do Sistema para Medição Coletiva de Água Fria A diferença básica entre o sistema hidráulico com medição coletiva e com medição individual, no que diz respeito ao método de abastecimento de água, é o número de colunas de distribuição. No sistema hidráulico com medição coletiva, são necessárias várias colunas de distribuição, já no sistema com medição individual, são necessárias poucas colunas, em alguns casos uma única coluna de distribuição de água é o suficiente. Neste trabalho, no sistema de medição coletiva, serão adotadas três colunas de distribuição para cada apartamento, ou seja, um total de doze colunas de 58 distribuição em todo o edifício. Dentre as três colunas em cada apartamento, uma será utilizada para abastecimento do banheiro da suíte, uma para o banheiro social e uma abastecerá a cozinha e a área de serviço. Cada coluna de abastecimento será dimensionada individualmente, e após esta etapa será dimensionado o barrilete, que se localiza no pavimento de cobertura do edifício. O apartamento utilizado nos cálculos foi o de final 01, porém os demais, por serem idênticos, adotarão o mesmo dimensionamento. Desta forma a coluna de distribuição do banheiro da suíte receberá a denominação CAF-1, a do banheiro social CAF-2, e a coluna de distribuição da cozinha e área de serviço CAF-3. Após a conclusão dos cálculos para o dimensionamento da rede de abastecimento de água fria com medição coletiva, foi desenvolvido o projeto que demonstra as colunas de abastecimento de água a partir da planta de corte do projeto arquitetônico, e também o projeto do barrilete a partir da planta de cobertura do edifício. Estes projetos são demonstrados nos apêndices A e B, respectivamente. Nas tabelas 7, 8, 9 e 10 podem-se observar as planilhas de dimensionamento para o sistema de medição coletiva do edifício em estudo. 59 1 Trecho 2 Soma dos pesos 3 4 5 Vazão Diâmetro Velocidade estimada Interno Adotado 6 Perda de carga unitária 7 Diferença de cota no trecho . desce + sobe - 8 Pressão disponível 9 10 Comprimento da tubulação Real 11 12 Perda de carga Equivalente Tubulação 13 Outros Total 14 Pressão disponível residual 15 Pressão requerida no ponto de utilização L/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa 1-2 0,4 0,1897 15 1,074 1,228 0,55 194,50 2,80 9,50 11,670 0,000 11,670 182,830 5,000 4-3 0,3 0,1643 15 0,930 0,955 2,32 212,20 2,32 6,32 6,036 0,000 6,036 206,164 5,000 3-2 0,6 0,2324 15 1,315 1,752 2,00 209,00 0,55 5,15 9,021 0,000 9,021 199,979 5,000 2-5 1,0 0,3000 15 1,698 2,739 0,00 189,00 13,13 18,23 49,927 0,000 49,927 139,073 5,000 2º PAVIMENTO 2,0 0,4243 15 2,401 5,023 -2,80 161,00 2,80 5,10 25,617 0,000 25,617 135,383 5,000 3º PAVIMENTO 3,0 0,5196 20 1,654 1,826 -5,60 133,00 2,80 5,20 9,497 0,000 9,497 123,503 5,000 4º PAVIMENTO 4,0 0,6000 20 1,910 2,349 -8,40 105,00 2,80 5,20 12,215 0,000 12,215 92,785 5,000 5º PAVIMENTO 5,0 0,6708 20 2,135 2,856 -11,20 77,00 2,80 5,20 14,849 0,000 14,849 62,151 5,000 6º PAVIMENTO 6,0 0,7348 20 2,339 3,349 -14,00 49,00 2,80 5,20 17,417 0,000 17,417 31,583 5,000 BWC SUITE 1º PAVIMENTO Tabela 7 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Banheiro suíte (CAF 1) 60 1 Trecho 2 Soma dos pesos 3 4 5 Vazão Diâmetro Velocidade estimada Interno Adotado 6 Perda de carga unitária 7 Diferença de cota no trecho . desce + sobe - 8 Pressão disponível 9 10 Comprimento da tubulação Real 11 12 Perda de carga Equivalente Tubulação 13 Outros Total 14 Pressão disponível residual 15 Pressão requerida no ponto de utilização L/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa 9-8 0,4 0,190 15 1,074 1,228 0,55 194,50 2,88 7,98 9,803 0,000 9,803 184,697 5,000 8-6 0,7 0,251 15 1,420 2,005 2,32 212,20 0,35 4,95 9,922 0,000 9,922 202,278 5,000 7-6 0,3 0,164 15 0,930 0,955 2,00 209,00 0,67 5,17 4,938 0,000 4,938 204,062 5,000 6-5 1,0 0,300 15 1,698 2,739 0,00 189,00 6,46 12,06 33,029 0,000 33,029 155,971 5,000 2º PAVIMENTO 2,0 0,424 15 2,401 5,023 -2,80 161,00 2,80 5,10 25,617 0,000 25,617 135,383 5,000 3º PAVIMENTO 3,0 0,520 20 1,654 1,826 -5,60 133,00 2,80 5,20 9,497 0,000 9,497 123,503 5,000 4º PAVIMENTO 4,0 0,600 20 1,910 2,349 -8,40 105,00 2,80 5,20 12,215 0,000 12,215 92,785 5,000 5º PAVIMENTO 5,0 0,671 20 2,135 2,856 -11,20 77,00 2,80 5,20 14,849 0,000 14,849 62,151 5,000 6º PAVIMENTO 6,0 0,735 20 2,339 3,349 -14,00 49,00 2,80 5,20 17,417 0,000 17,417 31,583 5,000 BWC SOCIAL 1º PAVIMENTO Tabela 8 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Banheiro social (CAF 2) 61 1 Trecho 2 Soma dos pesos 3 4 5 Vazão Diâmetro Velocidade estimada Interno Adotado 6 Perda de carga unitária 7 Diferença de cota no trecho . desce + sobe - 8 Pressão disponível 9 10 Comprimento da tubulação Real 11 12 Perda de carga Equivalente Tubulação 13 Outros Total 14 Pressão disponível residual 15 Pressão requerida no ponto de utilização L/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa 14-12 0,7 0,251 15 1,420 2,005 2,00 209,00 0,60 2,40 4,811 0,000 4,811 204,189 5,000 13-12 1,0 0,300 15 1,698 2,739 2,30 212,00 0,45 3,85 10,544 0,000 10,544 201,456 5,000 12-11 1,7 0,391 15 2,213 4,357 2,00 209,00 0,80 3,10 13,507 0,000 13,507 195,493 5,000 16-15 0,7 0,251 15 1,420 2,005 2,00 209,00 3,95 9,55 19,143 0,000 19,143 189,857 5,000 19-17 0,7 0,251 15 1,420 2,005 1,55 204,50 1,25 6,35 12,729 0,000 12,729 191,771 5,000 18-17 1,0 0,300 15 1,698 2,739 1,85 207,50 0,25 3,65 9,996 0,000 9,996 197,504 5,000 17-15 1,7 0,391 15 2,213 4,357 2,00 209,00 0,40 1,10 4,793 0,000 4,793 204,207 5,000 15-11 2,4 0,465 15 2,630 5,892 2,00 209,00 0,75 5,25 30,931 0,000 30,931 178,069 5,000 11-10 4,1 0,607 20 1,934 2,400 0,00 189,00 2,95 11,35 27,244 0,000 27,244 161,756 5,000 2º PAVIMENTO 8,2 0,859 20 2,734 4,402 -2,80 161,00 2,80 5,20 22,892 0,000 22,892 138,108 5,000 3º PAVIMENTO 12,3 1,052 25 2,143 2,175 -5,60 133,00 2,80 5,90 12,832 0,000 12,832 120,168 5,000 4º PAVIMENTO 16,4 1,215 25 2,475 2,797 -8,40 105,00 2,80 5,90 16,505 0,000 16,505 88,495 5,000 5º PAVIMENTO 20,5 1,358 25 2,767 3,401 -11,20 77,00 2,80 5,90 20,063 0,000 20,063 56,937 5,000 6º PAVIMENTO 24,6 1,488 32 1,850 1,235 -14,00 49,00 2,80 7,40 9,137 0,000 9,137 39,863 5,000 COZINHA / A. SERVIÇO 1º PAVIMENTO Tabela 9 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Cozinha / Área de Serviço (CAF 3) 62 1 Trecho 2 Soma dos pesos 3 4 5 Vazão Diâmetro Velocidade estimada Interno Adotado 6 Perda de carga unitária 7 Diferença de cota no trecho . desce + sobe - 8 Pressão disponível 9 10 Comprimento da tubulação Real 11 12 Perda de carga Equivalente Tubulação 13 Outros Total 14 Pressão disponível residual 15 Pressão requerida no ponto de utilização L/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa 21-24 6,0 0,735 20 2,339 3,349 0,00 46,50 8,69 9,89 33,126 0,000 33,126 13,374 5,000 22-24 6,0 0,735 20 2,339 3,349 0,00 46,50 1,35 2,55 8,541 0,000 8,541 37,959 5,000 24-25 12,0 1,039 25 2,117 2,128 0,00 46,50 6,17 9,27 19,730 0,000 19,730 26,770 5,000 23-25 24,6 1,488 32 1,850 1,235 0,00 46,50 3,74 7,74 9,557 0,000 9,557 36,943 5,000 25-26 36,6 1,815 32 2,257 1,748 0,00 46,50 0,93 5,53 9,667 0,000 9,667 36,833 5,000 29-32 6,0 0,735 20 2,339 3,349 0,00 46,50 8,69 9,89 33,126 0,000 33,126 13,374 5,000 30-32 6,0 0,735 20 2,339 3,349 0,00 46,50 1,35 2,55 8,541 0,000 8,541 37,959 5,000 32-33 12,0 1,039 25 2,117 2,128 0,00 46,50 6,17 9,27 19,730 0,000 19,730 26,770 5,000 31-33 24,6 1,488 32 1,850 1,235 0,00 46,50 3,74 7,74 9,557 0,000 9,557 36,943 5,000 33-26 36,6 1,815 32 2,257 1,748 0,00 46,50 2,88 7,48 13,076 0,000 13,076 33,424 5,000 26-27 73,2 2,567 40 2,043 1,111 0,00 46,50 6,65 20,35 22,605 0,000 22,605 23,895 5,000 Tabela 10 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição coletiva de água fria - Barrilete 63 Com o dimensionamento de toda a rede de abastecimento de água fria com medição coletiva, é possível listar todos os materiais que são necessários para a execução deste sistema no edifício em estudo. Tais materiais, e suas quantidades, podem ser observados na tabela 11. Material Tubo de PVC soldável Ø20mm Tubo de PVC soldável Ø25mm Tubo de PVC soldável Ø32mm Tubo de PVC soldável Ø40mm Tubo de PVC soldável Ø50mm Joelho PVC soldável 90° Ø20mm Joelho PVC soldável 90° Ø25mm Joelho PVC soldável 90° Ø32mm Joelho PVC soldável 90° Ø40mm Joelho PVC soldável 90° Ø50mm Tê PVC soldável Ø20mm Tê PVC soldável Ø25mm Tê PVC soldável Ø32mm Tê PVC soldável Ø40mm Tê PVC soldável redução Ø32 x 25mm Tê PVC soldável redução Ø40 x 32mm Tê PVC soldável redução Ø50 x 40mm Registro de Pressão 3/4" Registro de Gaveta 3/4" Unidade m m m m m un un un un un un un un un un un un un un Quantidade 922,64 211,76 58,28 33,78 13,30 840,00 124,00 12,00 12,00 4,00 248,00 40,00 12,00 4,00 4,00 4,00 2,00 24,00 70,00 Tabela 11 – Lista de materiais necessários para a execução do sistema com medição coletiva de água fria 7.2.2 Dimensionamento do Sistema para Medição Individual de Água Fria Diferentemente do sistema com medição coletiva de água, este sistema, no edifício em questão, irá utilizar apenas uma coluna de abastecimento de água. Esta coluna abastecerá os hidrômetros, que irão distribuir a água para cada ponto de utilização da mesma. Os hidrômetros, por opção, foram localizados no mesmo pavimento onde estão os apartamentos que estes abastecerão, ou seja, estão distribuídos nos 64 pavimentos tipo. Desta forma, cada pavimento tipo tem quatro hidrômetros, sendo um para cada apartamento que nele há. Neste sistema de medição não há barrilete no pavimento de cobertura, como no sistema de medição coletiva. Esta distribuição horizontal é feita em cada pavimento, diminuindo assim o diâmetro das tubulações, visto que a demanda de água, em cada distribuição horizontal, será menor. Assim como no sistema de medição coletiva, o sistema de medição individual será dimensionado para o apartamento de final 01, e será adotado para os demais apartamentos, visto que são idênticos ao dimensionado. Tal dimensionamento será elaborado com base na tabela de dimensionamento proposta pela norma NBR-5626. O trajeto das tubulações foi desenvolvido a partir da planta baixa do pavimento tipo, retirado do projeto arquitetônico. Esta planta baixa, com os trajetos das tubulações pode ser observada no Apêndice C. A coluna de distribuição do sistema de medição individual de água, desenvolvido a partir da planta de corte contida no projeto arquitetônico, apresenta-se no Apêndice D. A planilha de dimensionamento do sistema hidráulico com medição individual pode ser observada tabela 12. 65 1 Trecho BWC SUÍTE BWC SOCIAL CIRCULAÇÃO COZINHA / A. SERVIÇO CIRCULAÇÃO 1º PAVIMENTO 2º PAVIMENTO 3º PAVIMENTO 4º PAVIMENTO 5º PAVIMENTO 6º PAVIMENTO 1-2 4-3 3-2 2-5 9-8 8-6 7-6 6-5 5-10 14-12 13-12 12-11 16-15 19-17 18-17 17-15 15-11 11-10 10-20 2 Soma dos pesos 0,4 0,3 0,6 1,0 0,4 0,7 0,3 1,0 2,0 0,7 1,0 1,7 0,7 0,7 1,0 1,7 2,4 4,1 6,1 24,4 48,8 73,2 97,6 122,0 146,4 3 4 5 Vazão Diâmetro Velocidade estimada Interno Adotado 6 Perda de carga unitária 7 Diferença de cota no trecho . desce + sobe - 8 Pressão disponível 9 10 Comprimento da tubulação Real 11 12 Perda de carga Equivalente Tubulação Outros 13 14 Pressão disponível residual 15 Pressão requerida no ponto de utilização Total L/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa 0,190 0,164 0,232 0,300 0,190 0,251 0,164 0,300 0,424 0,251 0,300 0,391 0,251 0,251 0,300 0,391 0,465 0,607 0,741 1,482 2,096 2,567 2,964 3,314 3,630 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 20 20 32 32 40 40 40 50 1,074 0,930 1,315 1,698 1,074 1,420 0,930 1,698 2,401 1,420 1,698 2,213 1,420 1,420 1,698 2,213 2,630 1,934 2,358 1,843 2,606 2,043 2,358 2,637 1,849 1,228 0,955 1,752 2,739 1,228 2,005 0,955 2,739 5,023 2,005 2,739 4,357 2,005 2,005 2,739 4,357 5,892 2,400 3,398 1,226 2,248 1,111 1,429 1,737 0,706 0,55 2,32 2,00 0,00 0,55 2,32 2,00 0,00 0,00 2,00 2,30 2,00 2,00 1,55 1,85 2,00 2,00 0,00 0,00 0,00 -2,80 -5,60 -8,40 -11,20 -14,00 194,50 212,20 209,00 189,00 194,50 212,20 209,00 189,00 189,00 209,00 212,00 209,00 209,00 204,50 207,50 209,00 209,00 189,00 189,00 189,00 161,00 133,00 105,00 77,00 49,00 2,80 2,32 0,55 13,13 2,88 0,35 0,67 6,46 10,05 0,60 0,45 0,80 3,95 1,25 0,25 0,40 0,75 2,95 4,47 2,80 2,80 2,80 2,80 2,80 2,80 9,50 6,32 5,15 18,23 7,98 4,95 5,17 12,06 10,75 2,40 3,85 3,10 9,55 6,35 3,65 1,10 5,25 11,35 6,47 7,40 7,40 10,10 10,10 10,10 10,40 11,670 6,036 9,021 49,927 9,803 9,922 4,938 33,029 53,996 4,811 10,544 13,507 19,143 12,729 9,996 4,793 30,931 27,244 21,987 9,072 16,639 11,219 14,431 17,542 7,341 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 79,070 79,070 79,070 79,070 28,460 28,460 11,670 6,036 9,021 49,927 9,803 9,922 4,938 33,029 53,996 4,811 10,544 13,507 19,143 12,729 9,996 4,793 30,931 27,244 21,987 88,142 95,709 90,289 93,501 46,002 35,801 182,830 206,164 199,979 139,073 184,697 202,278 204,062 155,971 135,004 204,189 201,456 195,493 189,857 191,771 197,504 204,207 178,069 161,756 167,013 100,858 65,291 42,711 11,499 30,998 13,199 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 5,000 Tabela 12 – Planilha de dimensionamento do sistema de medição individual de água fria 66 O dimensionamento dos hidrômetros individuais deve garantir o consumo nos pontos de utilização de água, levando em consideração as vazões de serviço e as perdas de carga. Para tal, pode-se utilizar o método dos pesos relativos, indicado pela norma NBR-5626, adotando-se a equação 5.1: 0,3 √Σ 0,3 *6,1 0,741 -// 2,671( /" Desta forma, para garantir o abastecimento de água ininterrupto em todos os pontos de utilização de água, foram adotados hidrômetros com vazão máxima de 3 m³/h. Com o hidrômetro dimensionado, é necessário calcular a perda de carga do mesmo, para garantir o bom funcionamento do sistema, para isto deve-se utilizar a equação 5.4, que é indicada pela norma NBR-5626. ∆" #36 $% #á. $% ∆" #36 0,741$% #3$% ∆" 79,07 23 Conforme o dimensionamento, esta perda de carga impossibilita o abastecimento nos dois últimos pavimentos tipo (5º e 6º andares), para resolver este problema, neste andares foram adotados hidrômetros de ¾’’ com vazão máxima de 5 m³/h, e nos demais pavimentos tipo (1º, 2º, 3º e 4º andares) foram adotados hidrômetros de ¾’’ com vazão máxima de 3 m³/h. ∆" #36 $% #á. $% ∆" #36 0,741$% #5$% ∆" 28,46 23 Desta forma, pode-se observar que com o uso de hidrômetro com vazão máxima de 3 m³/h adicionará uma perda de carga de 79,07 kPa e o 67 hidrômetro com vazão máxima de 5 m³/h apresenta uma perda de carga de 28,46 kPa. Após o dimensionamento da rede de abastecimento de água fria com medição individual, assim como no sistema de medição coletiva, pode-se listar os materiais necessários para a execução do sistema hidráulico. Estes materiais, bem como seus quantitativos, encontram-se na tabela 13. Material Tubo de PVC soldável Ø20mm Tubo de PVC soldável Ø25mm Tubo de PVC soldável Ø40mm Tubo de PVC soldável Ø50mm Tubo de PVC soldável Ø60mm Joelho PVC soldável 90° Ø20mm Joelho PVC soldável 90° Ø25mm Tê PVC soldável Ø20mm Tê PVC soldável Ø25mm Tê PVC soldável Ø40mm Tê PVC soldável Ø50mm Tê PVC soldável Ø40mm Tê PVC soldável redução Ø25 x 20mm Registro de Pressão 3/4" Registro de Gaveta 3/4" Hidrômetro 3/4’’ 3 m³/h Hidrômetro 3/4’’ 5 m³/h Unidade m m m m m un un un un un un un un un un un un Quantidade 1143,84 178,08 5,60 8,40 2,80 768,00 144,00 456,00 48,00 2,00 3,00 1,00 4,00 70,00 24,00 16,00 8,00 Tabela 13 – Lista de materiais necessários para a execução do sistema com medição individual de água fria 7.3 Custos de Implementação do Sistema Predial de Água Fria com Medição Coletiva e Individualizada É importante relembrar que no dimensionamento de ambos os sistemas, o trajeto que vai do hidrômetro principal (coletivo, conectado à rede pública) ao reservatório superior foi desconsiderado, sendo assim não serão quantificados nos custos de implementação dos sistemas. 68 Os custos de todos os materiais que constituem os sistemas foram adquiridos junto a três lojas de materiais de construção da cidade de Criciúma-SC, sendo que os valores adotados no levantamento de custos dos materiais foi a média das três cotações, salientando que essas cotações são referentes a 19 de outubro de 2010. Os custos de mão-de-obra necessária para executar os sistemas foram adquiridos junto a dois profissionais desta mesma cidade, sendo efetuadas duas cotações e, assim como feito para os materiais, foi adotado o valor médio dentre estas duas. Tais cotações são referentes a 26 de outubro de 2010. Para o custo dos hidrômetros foram feitas duas cotações, a primeira com uma loja de Criciúma-SC e a segunda em uma empresa de São Paulo, e mais uma vez, o valor adotado foi a média entre as cotações realizadas em 05 de novembro de 2010. As tabelas 14 e 15 mostram todos os valores adquiridos e também a média utilizada para a realização dos orçamentos dos sistemas com medição coletiva e individual, respectivamente. Material Unidade Quantidade Tubo de PVC soldável Ø20mm Tubo de PVC soldável Ø25mm Tubo de PVC soldável Ø32mm Tubo de PVC soldável Ø40mm Tubo de PVC soldável Ø50mm Joelho PVC soldável 90° Ø20mm Joelho PVC soldável 90° Ø25mm Joelho PVC soldável 90° Ø32mm Joelho PVC soldável 90° Ø40mm Joelho PVC soldável 90° Ø50mm Tê PVC soldável Ø20mm Tê PVC soldável Ø25mm Tê PVC soldável Ø32mm Tê PVC soldável Ø40mm Tê PVC soldável redução Ø32 x 25mm Tê PVC soldável redução Ø40 x 32mm Tê PVC soldável redução Ø50 x 40mm Registro de Pressão 3/4" Registro de Gaveta 3/4" m m m m m un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. Mão-de-obra para a execução vb 922,64 211,76 58,28 33,78 13,30 840,00 124,00 12,00 12,00 4,00 248,00 40,00 12,00 4,00 4,00 4,00 2,00 24,00 70,00 Loja 1 Loja 2 Loja 3 Média Total R$ 1,23 R$ 1,63 R$ 3,76 R$ 5,09 R$ 6,36 R$ 0,23 R$ 0,35 R$ 0,81 R$ 2,04 R$ 2,46 R$ 0,43 R$ 0,59 R$ 1,35 R$ 3,30 R$ 2,63 R$ 3,29 R$ 7,27 R$ 19,47 R$ 19,47 R$ 1,04 R$ 1,43 R$ 1,23 R$ 1.137,92 R$ 1,25 R$ 1,93 R$ 1,60 R$ 339,52 R$ 2,89 R$ 3,85 R$ 3,50 R$ 203,98 R$ 4,20 R$ 6,10 R$ 5,13 R$ 173,29 R$ 4,99 R$ 6,45 R$ 5,93 R$ 78,91 R$ 0,19 R$ 0,26 R$ 0,23 R$ 190,40 R$ 0,22 R$ 0,41 R$ 0,33 R$ 40,51 R$ 0,68 R$ 0,97 R$ 0,82 R$ 9,84 R$ 1,46 R$ 2,38 R$ 1,96 R$ 23,52 R$ 1,78 R$ 2,80 R$ 2,35 R$ 9,39 R$ 0,24 R$ 0,47 R$ 0,38 R$ 94,24 R$ 0,30 R$ 0,66 R$ 0,52 R$ 20,67 R$ 1,09 R$ 1,58 R$ 1,34 R$ 16,08 R$ 1,97 R$ 4,10 R$ 3,12 R$ 12,49 R$ 0,85 R$ 2,93 R$ 2,14 R$ 8,55 R$ 0,85 R$ 4,02 R$ 2,72 R$ 10,88 R$ 4,64 R$ 6,16 R$ 6,02 R$ 12,05 R$ 21,35 R$ 23,10 R$ 21,31 R$ 511,36 R$ 21,35 R$ 23,10 R$ 21,31 R$ 1.491,47 Total Material R$ 4.385,06 1,00 R$ 14.500,00 R$ 15.800,00 R$ 15.150,00 R$ 15.150,00 Total Mão-de-obra R$ 15.150,00 Total Material + Mão-de-obra R$ 19.535,06 Tabela 14 – Orçamento para execução do sistema de abastecimento de água fria com medição coletiva 69 Material Unidade Quantidade Tubo de PVC soldável Ø20mm Tubo de PVC soldável Ø25mm Tubo de PVC soldável Ø40mm Tubo de PVC soldável Ø50mm Tubo de PVC soldável Ø60mm Joelho PVC soldável 90° Ø20mm Joelho PVC soldável 90° Ø25mm Tê PVC soldável Ø20mm Tê PVC soldável Ø25mm Tê PVC soldável Ø32mm Tê PVC soldável Ø40mm Tê PVC soldável Ø50mm Tê PVC soldável redução Ø25 x 20mm Registro de Pressão 3/4" Registro de Gaveta 3/4" Hidrômetro 3/4" 3m³/h Hidrômetro 3/4" "5m³/h Mão-de-obra para a execução m m m m m un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. un. vb 1143,84 178,08 5,60 8,40 2,80 768,00 144,00 456,00 48,00 2,00 3,00 1,00 4,00 70,00 24,00 16,00 8,00 Loja 1 Loja 2 Loja 3 Média R$ 1,23 R$ 1,63 R$ 5,09 R$ 6,36 R$ 9,95 R$ 0,23 R$ 0,35 R$ 0,43 R$ 0,59 R$ 1,35 R$ 3,30 R$ 4,21 R$ 1,34 R$ 19,47 R$ 19,47 R$ 104,71 R$ 139,50 R$ 1,04 R$ 1,43 R$ 1,23 R$ 1,25 R$ 1,93 R$ 1,60 R$ 4,20 R$ 6,10 R$ 5,13 R$ 4,99 R$ 6,45 R$ 5,93 R$ 8,05 R$ 9,75 R$ 9,25 R$ 0,19 R$ 0,26 R$ 0,23 R$ 0,22 R$ 0,41 R$ 0,33 R$ 0,24 R$ 0,47 R$ 0,38 R$ 0,30 R$ 0,66 R$ 0,52 R$ 1,09 R$ 1,58 R$ 1,34 R$ 1,97 R$ 4,10 R$ 3,12 R$ 2,57 R$ 4,80 R$ 3,86 R$ 0,85 R$ 1,52 R$ 1,24 R$ 21,35 R$ 23,10 R$ 21,31 R$ 21,35 R$ 23,10 R$ 21,31 R$ 75,00 R$ 89,86 R$ 120,00 R$ 129,75 Total Material 1,00 R$ 16.500,00 R$ 19.100,00 R$ 17.800,00 Total Mão-de-obra Total Material + Mão-de-obra Total R$ 1.410,74 R$ 285,52 R$ 28,73 R$ 49,84 R$ 25,90 R$ 174,08 R$ 47,04 R$ 173,28 R$ 24,80 R$ 2,68 R$ 9,37 R$ 3,86 R$ 4,95 R$ 1.491,47 R$ 511,36 R$ 1.437,68 R$ 1.038,00 R$ 6.719,29 R$ 17.800,00 R$ 17.800,00 R$ 24.519,29 Tabela 15 – Orçamento para execução do sistema de abastecimento de água fria com medição individual 70 8. RESULTADOS OBTIDOS A partir do projeto arquitetônico do edifício em estudo, puderam-se dimensionar os projetos hidráulicos de água fria com medições coletiva e individual. No dimensionamento do sistema de medição individualizada procurou-se elaborar um traçado das tubulações com o menor número de peças especiais possível, visto que desta forma a perda de carga seria menor. Porém, a questão estética também foi levada em consideração, localizando os ramais horizontais próximos ao teto e às paredes com o intuito de ocultar as tubulações com sancas em gesso, que geraria um custo menor que o rebaixamento total do teto dos ambientes com gesso. Existe outra opção para localização destes ramais, que seria a passagem das tubulações pelo piso, porém existe uma série de desvantagens, como a dificuldade de futuras manutenções, a interferência com tubulações elétricas, de telefone e de televisão a cabo, que geralmente estão localizadas sob o contrapiso. Além disto, seria necessária a substituição no uso de tubulações de PVC (Cloreto de Polivinila) por tubos de PPR (Polipropileno Copolímero Random) que são mais resistentes, visto que os tubos de PVC poderiam se romper com maior facilidade, trazendo prejuízos com vazamentos. Outra importante desvantagem é o fato de que os tubos e conexões de PPR têm um custo maior comparando-se aos tubos de PVC, o que aumentaria o custo de implantação do sistema de medição individualizada. A localização dos hidrômetros nos pavimentos onde se encontram os apartamentos que estes abastecerão foi definida desta forma visto que a localização dos hidrômetros na cobertura, térreo ou em pavimentos intermediários necessitaria de um maior número de colunas de abastecimento, aumentando assim o custo de implantação do sistema, além da perda de área útil no hall dos apartamentos, pois o número de colunas exigiria um shaft maior para a passagem destas tubulações. Outro dado importante referente ao projeto de sistema de medição individual é a utilização de vasos sanitários com caixa acoplada. Tal fato se dá devido a grande pressão necessária para a utilização de vasos sanitários com válvula de descarga, desta forma a utilização deste último em edifícios com este sistema fica inviável. 71 Os dimensionamentos dos dois sistemas foram realizados com base nas especificações da norma NBR-5626, e a partir deles foi possível fazer um levantamento do material necessário para execução dos mesmos, e também fazer um levantamento do custo da mão-de-obra. O custo dos materiais necessários para a execução do sistema de medição coletiva apresentou um valor total de R$4.385,06 enquanto que para executar o sistema de medição individual o custo foi de R$6.719,29. Desta forma o SMI apresentou um custo nos materiais de 34,74% superior ao SMC, basicamente pelo custo dos hidrômetros, que representam aproximadamente 38,85% do custo total dos materiais. Em relação a mão-de-obra, o custo para execução do sistema de medição coletiva foi de R$15.150,00 e para execução individual foi de R$17.800,00. Pode-se perceber que o SMI apresentou um custo na mão-de-obra de 14,89% superior ao SMC. O custo total (material e mão-de-obra) para implementação do sistema de medição coletiva foi de R$19.535,06 enquanto que para o sistema de medição individual este custo foi de R$24.519,29, o que representa um acréscimo de 20,33% no custo total do sistema. 72 9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A individualização na medição de água em edifícios residenciais multifamiliares é de grande importância para que haja justiça na cobrança, visto que é comprovado que a cobrança coletiva faz com que aqueles que consomem menos pagam o mesmo que os que consomem excessivamente. Além disto, outro fator que torna a individualização essencial é a escassez elevada de água no mundo, pois os recursos hídricos estão cada vez menores e se nenhuma atitude for tomada, as futuras gerações sofrerão as conseqüências. Diante desta constatação, cada segmento da sociedade deve criar alternativas que visam a economia de água potável. No campo da engenharia civil, algumas mudanças devem e estão acontecendo, dentre elas uma das mais importantes é a alternativa apresentada no presente trabalho, pois com a individualização, os proprietários estão conscientes que pagarão por aquilo que consumiram, e não pelo consumo dos demais. A partir do dimensionamento para o SMC e SMI, pode-se perceber que há uma pequena desvantagem na individualização no que diz respeito a custos de implementação do sistema. O SMI, para o projeto proposto neste trabalho, apresentou um valor total para execução, considerando materiais e mão-de-obra, de R$24.519,29, e o SMC um total de R$19.535,06. Estes dados demonstram que o custo do SMI é 20,33% superior que o custo do SMC, tal diferença se dá basicamente pelo valor dos hidrômetros que representaram um custo superior a 10% do custo total do sistema. Além deste custo superior, outro fator que impede os construtores de adotarem a mudança no sistema hidráulico é a comodidade em executar o sistema da forma que vem sendo usual há anos. Como não há incentivo econômico provindo do governo para os construtores, a alternativa encontrada por algumas cidades é a elaboração de leis que obrigam que novas edificações sejam executadas com hidrômetros individuais. Porém, atualmente, são raras as cidades que adotaram esta obrigatoriedade, e para que o SMI se dissemine no Brasil, leis estaduais e federais devem ser elaboradas para que esta obrigatoriedade seja mais abrangente. Na grande maioria das cidades brasileiras, incluindo a cidade de 73 Criciúma-SC, outra mudança que se faz necessária é a responsabilidade pela aquisição dos dados da medição, que deve passar a ser da concessionária, e não do próprio condomínio, ou pela empresa administradora do mesmo, como é atualmente. Em alguns estudos realizados e mencionados neste trabalho, a redução no valor da fatura de água de cada unidade autônoma pode chegar a 50%, além desta economia de água, pode-se concluir que há uma economia no consumo de energia elétrica já que a utilização dos pontos abastecidos por água e energia será reduzida diante da conscientização dos condôminos. Outras vantagens do SMI foram apresentadas, dentre elas a facilidade em encontrar vazamentos nas instalações, a redução no desperdício de água e a redução na inadimplência do pagamento, pois o corte no abastecimento pode ser individual e não do condomínio inteiro, como é feito no SMC. Diante de todas as abordagens realizadas, pode-se concluir que a individualização na medição de água não só é vantajosa para o consumidor, que passa a pagar somente pelo que consumiu como também é essencial para que haja racionalização no consumo de água, gerando a preservação dos recursos hídricos existentes, pois o desperdício tende a ser menor. Para futuros trabalhos, recomenda-se uma pesquisa de mercado visando um comparativo no valor de venda de apartamentos de mesmo padrão construtivo, porém com sistemas de medição diferentes, visando definir se há um acréscimo no valor de venda do apartamento com medição individualizada, a fim de demonstrar que, mesmo sem incentivos do governo, os construtores tenham vantagens em adotar o SMI. Além disto, outra recomendação é a elaboração de uma análise de viabilidade econômica para a implantação do SMI em edifícios já existentes, para que se defina o tempo de retorno do investimento para a mudança do sistema, bem como a real vantagem em se adotar tal mudança. Por fim, levando em consideração que a pressão disponível no último pavimento com o SMI dimensionado neste trabalho foi próximo a mínima, recomenda-se a elaboração de um trabalho com SMI utilizando-se aquecedores a gás, para que seja verificada a possibilidade do uso do SMI em edifícios com aquecimento de água a gás. 74 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5626: Instalações prediais de água fria. Rio de Janeiro, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-8193: Hidrômetro taquimétrico para água fria até 15,0 metros cúbicos por hora de vazão nominal. Rio de Janeiro, 1997. CARVALHO, W.F. Medição individualizada de água em apartamentos. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. COELHO, A.C.; MAYNARD, J.C.B. Medição individualizada de água em apartamentos. Recife: Ed. Comunicarte, 1999. COELHO, A.C. Medição de água individualizada – Manual do condomínio. Olinda, Luci Artes Gráficas: 2004. DANTAS, T.C. Análise dos custos de implementação do sistema de medição individualizada em edifícios residenciais multifamiliares. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. Econologic, Válvula mundial. Disponível em <http://www.econologic.com.br/>. Acesso em 18 de setembro de 2010. Energyrus Saneamento Ltda, Hidrômetros de água monojato e multijato. Disponível em <http://www.energyrus.com.br/>. Acesso em 18 de setembro de 2010. FOLETTO, T.B. Projeto de instalações hidráulicas com medição individualizada em edifícios residenciais. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008. GONÇALVES, O.M.; SILVA, G.S.; TAMAKI, H.O.; TONETTI, F.R. Implementação de leitura remota de hidrômetros em campi universitários no contexto de programas de uso racional da água – Estudo de caso: Universidade de São Paulo. 2005. 75 JUNQUEIRA, F.C. Modificação do sistema de hidrômetro coletivo para hidrômetros individuais em condomínio residencial, Goiânia, GO. 2005. Universidade Católica de Goiás. LAO INDÚSTRIA. Hidrômetros, medidores de gás, soluções em medição, central de medição. Disponível em <http://www.laoindustria/com.br>. Acesso em 27 de setembro de 2010. LIPPI, L.L. Sistema de individualização do consumo de água predial. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2009. MELLO, E.J. O maior entrave para a medição individualizada da água. Disponível em <http://medindoagua.com.br/2010/01/17/o-maior-entrave-para-amedicao-individualizada-da-agua/>. Acesso em 12 de setembro 2010. PEREIRA, L.G. Avaliação da submedição de água em edificações residenciais unifamiliares: O caso das unidades de interesse social localizadas em Campinas. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. SANCHEZ, J.G. Dimensionamento de hidrômetros e análise de traço. Anais do 19º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Foz do Iguaçu, 1997. 76 APÊNDICES 77 APÊNDICE A Colunas de distribuição de água do sistema de medição coletiva de água fria 78 APÊNDICE B Barrilete do sistema de medição coletiva de água, localizado na cobertura do edifício 79 APÊNDICE C Pavimento tipo, distribuição horizontal do sistema de medição individual de água 80 APÊNDICE D Colunas de distribuição de água do sistema de medição individual de água fria 81 ANEXO 82 ANEXO A Projeto arquitetônico - planta baixa do pavimento tipo