Alternativa
Macadâmia - da Austrália para o Brasil
Produtor fala de sua experiência ao cultivar
noz usada em doces e sorvetes
Macadâmia pode ser alternativa para áreas que não atendam à cana
A Revista Coplana está trazendo
a você, leitor, reportagens que mostram opções de culturas visando à diversificação. Na última edição foi publicada uma matéria sobre o Palmito
da Pupunha e nessa você conhece
um pouco sobre a macadâmia, planta nativa da Austrália.
Há 15 anos, o cooperado de Jaboticabal, Aleudo Coelho Santana,
proprietário da Fazendinha Belo Horizonte, cultiva macadâmia em uma
área de 14 alqueires, onde tem 7 mil
plantas. A propriedade é associada
à ABM (Associação Brasileira de Noz
Macadâmia) e a previsão é expandir
a lavoura para 16 alqueires. “Conversando com um parente que morava
18 - Revista Coplana - Abril 2009
nos Estados Unidos, ele me sugeriu
que plantasse macadâmia. À época
achei até engraçado. Passado algum
tempo, falando com um agrônomo
da Coplana sobre diversificação, ele
citou novamente a macadâmia. A
partir daí, passei a pesquisar a cultura e sua viabilidade.”
As mudas são adquiridas de uma
empresa de Dois Córregos - SP, responsável pela compra, beneficiamento das nozes e exportação do
produto. Santana também entrega
a uma empresa de Jaboticabal, do
cooperado Ademir Caldo. Cerca de
80% da produção nacional é destinada à exportação, tendo Estados Unidos, União Europeia e Japão como os
principais mercados consumidores.
O Brasil tem mais de 1,2 milhão árvores de macadâmia plantadas, espalhadas por São Paulo, sul de Minas
Gerais, Espírito Santo e Bahia.
Oito anos do plantio à colheita
Do plantio à produção em escala
comercial da noz, são cerca de oito
anos e a planta produz, em média,
por 60 anos. De acordo com Santana,
há na propriedade talhões plantados
em dezembro de 1993, com árvores
que já produziram 20 kg de noz em
casca por ano. A Austrália, maior
produtor de macadâmia do mundo,
chega a ter uma produção de 30 kg
por árvore.
lavadas e separam-se as de boa qualidade, que permanecem cerca de
uma semana secando no barracão.
Ali, a umidade chega a 10%, limite
máximo permitido pelas empresas.
De acordo com a necessidade, há
também a secagem mecânica, em
que a umidade cai para 1,5%.
Aleudo Santana achou “engraçado” quando ouviu falar em macadâmia pela primeira vez
Segundo o cooperado, em 2008
houve uma quebra de 50% na produção, devido à falta de chuva na florada, de julho a setembro. Porém, a cultura é exigente em água no período
que coincide com o regime de chuvas
da região, entre janeiro e abril.
O preço depende da produção
da Austrália e cotação do dólar.
“No ano passado, tivemos preços ruins devido ao baixo valor
da moeda norte-americana. Hoje,
ele está bom, com o dólar na faixa dos R$ 2,30. A empresa chega
a pagar US$ 0,70 [o equivalente a
R$ 1,60] por quilo da macadâmia
em casca e de boa qualidade.” Fatores como peso, umidade e qualidade da noz influenciam diretamente no preço final.
Manejo
Sobre manejo, o cooperado
disse que há pragas chaves, como
o percevejo (o mesmo da soja), a
broca e também algumas doenças que atacam principalmente na
época de florada. “A macadâmia
não é uma cultura tão complicada
no manejo e na adubação. Porém,
requer, como qualquer outra cultura, alguns cuidados.”
A colheita da macadâmia ocorre
entre janeiro e abril e é praticamente toda manual. Na propriedade, há
11 trabalhadores que atuam nessa
etapa. Uma ferramenta, baseada em
um modelo importado, auxilia na colheita. Depois de madura, a noz cai
no solo e pode permanecer no local
por até 15 dias, em períodos de sol
e, no máximo, uma semana se houver chuva. Passado esse tempo, a noz
perde qualidade e estraga.
A macadâmia passa pela “abanadeira” (separação das folhas e
detritos das nozes) e descarpelador, onde o carpelo é retirado (envoltório da noz, usado em compostagem). Logo depois, as nozes são
Curiosidade
A macadâmia, ou Noz-deQueensland, é nativa da Austrália. Apresenta quatro espécies, mas
apenas a Macadâmia integrifolia é
plantada comercialmente. São árvores perenes, que alcançam quinze a vinte metros de altura, com
frutos de cor verde escura.
A noz, cujo nome se deve ao seu
descobridor, o médico John McAdam, é consumida como aperitivo
e utilizada na fabricação de sorvetes, barras de chocolate e biscoitos.
É rica em ômega 3 e ácidos graxos,
antioxidantes que retardam o envelhecimento. “Além desses benefícios, a macadâmia previne câncer
de mama e próstata”, explica Aleudo Santana, que também é médico,
mas não exerce a profissão.
Descoberta somente na segunda metade do século 19, a macadâmia é cultivada hoje principalmente na Austrália, Havaí, e África
do Sul. O Brasil iniciou o plantio
comercial em 1945 e figura em sétimo lugar do ranking.
É válido ressaltar que antes de
iniciar qualquer cultura, o produtor
pesquise e procure informações relacionadas ao manejo da lavoura,
logística, rentabilidade econômicofinanceira, mercado, dentre outros.
Revista Coplana - 19
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Macadâmia - da Austrália para o Brasil