Cinema na escola: Quanto vale ou É por quilo?
Informações gerais:
Ano: 2005
Classificação: 14 anos
Diretor: Sérgio Bianchi
Duração: 108 minutos
Sinopse do filme:
“Quanto vale ou É por quilo?” relata duas realidades temporais aparentemente distintas, mas que
no decorrer do filme se mostram complementares. Tratam-se de pequenas histórias comparativas
entre o século 18 e 21. Ambas realidades têm como suporte a exploração do trabalho e a miséria
social.
Em um primeiro momento, a cena é dominada pelo contexto da escravidão, vivenciada nos
períodos colonial e imperial. Paralelamente a essa realidade, Sérgio Bianchi, diretor, apresenta
situações similares, porém no contexto das condições de vida das favelas brasileiras.
Contexto histórico:
A escravidão moderna esteve pautada, sobretudo, pelo tráfico de escravos na costa da África.
Um dos argumentos que legitimavam a escravidão era a chamada Guerra Justa, originária da
doutrina escolástica, na qual justificava a escravidão como condição de catequizar o povo
dominado. Outro elemento que favoreceu o comércio de escravos foram as guerras locais na
África: tribos rivais guerreavam e negociavam os prisioneiros de guerra com os comerciantes de
escravos.
A escravidão no Brasil durou quase três séculos e são inegáveis as consequências dessa
exploração ainda no nosso cotidiano. Dessa maneira, alguns aspectos políticos ainda se pautam
em tal assunto, como a polêmica cota para negros nas universidades federais.
O filme como um recurso didático:
“Quanto vale ou É por quilo?” possibilita-nos ampliar o debate acerca das rupturas e
continuidades na História. Ao traçar paralelos entre o passado e o presente, Sérgio Biachi cria
uma narrativa ficcional que se consolida na própria História. Nesse sentido, a exploração e
miséria são percebidas no Brasil independente do período histórico, mas com um elo muito forte:
a escravidão africana.
Como recurso didático, o filme elucida o período da escravidão, utilizando figuras importantes
nesse contexto histórico, como a figura do capitão do mato, por exemplo. Além disso, ao centrar
suas análises no ser humano enquanto mercadoria a ser vendida, quiçá por quilos, o filme
possibilita a compreensão de que a História não deve ser escrita somente com a versão dos
vencedores, mas que os vencidos também podem ter suas vozes ouvidas.
Além do filme, outra fonte que pode dar suporte ao estudo sobre escravidão moderna são as
pinturas de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), as quais criam um panorama bastante
interessante e amplo sobre o contexto.
Através desses suportes podem-se
vislumbrar elementos de permanência e
ruptura entre o passado escravocrata e as
condições de trabalho e vida do Brasil
contemporâneo.
Figura 1: Escravidão no Brasil
Jean-Baptiste Debret (1768-1848).
Fonte da imagem:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:024debret.jpg?uselang=pt-br
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