CLASSE HOSPITALAR: A CRIANÇA NO CENTRO DO PROCESSO EDUCATIVO CALEGARI-FALCO*, Aparecida Meire – UEM [email protected] [email protected] Resumo O presente trabalho é fruto de pesquisas sobre a importância da classe hospitalar, e tem por objetivo refletir sobre a importância da mesma, num momento em que tal temática é objeto de discussão mundial sobre universalização do ensino e no atendimento efetivo e integral aos direitos do cidadão, visto que, a educação de crianças com necessidades educacionais especiais vem recebendo uma maior importância na atualidade. É respalda em diversos autores que defendem a classe hospitalar enquanto intervenção importante para criança hospitalizada, utilizamos ainda fonte documental, como o do Ministério da Educação (MEC), já que diversos teóricos salientaram os efeitos negativos que a hospitalização infantil pode trazer ao desenvolvimento cognitivo da criança, que afastada de seu cotidiano e principalmente da escola pode ter atrasos de ordem geral. Assim, em nossos estudos buscamos demonstrar a necessidade da intervenção pedagógica, no que refere a efetivação da classe hospitalar, primordialmente com crianças e adolescentes acometidos por doenças que demandam hospitalização prolongada ou reinternações constantes, uma vez que isso pode e muito prejudicar sua continuidade nos estudos. Palavras-chave: Educação; Políticas de Inclusão, classe hospitalar. As crianças e adolescentes internados em hospitais, independentes da patologia que possuem, são considerados alunos temporários de educação especial por se acharem afastados do universo escolar, privados da interação social propiciada na vida cotidiana e terem pouco acesso aos bens culturais, como revistas, livros, atividades artístico-culturais. Logo, correm um risco maior de reprovação e evasão, podendo configurar um quadro de fracasso escolar. A preocupação com a educação da criança internada, vem recebendo grande importância tanto por parte de pessoas interessadas pelo assunto, como por parte de governo que sugere proposta a serem implantadas nos hospitais e clinicas para estar contribuindo com a criança no sentido de que esta não fique totalmente isolada dos assuntos escolares, e assim, “atender eficientemente as necessidades e interesses daqueles que dela precisa” (FONSECA, 2003, p. 15). Esse atendimento da classe hospitalar deve ser forma flexível, de acordo com a condição e possibilidades da criança, respeitando o estado emocional seu e de sua família. * Doutoranda-PPE/Programa de Pós-Graduação em Educação-UEM Grupo de Estudo e Pesquisa em Política Educacional e Ensino Superior/CNPq 4283 A classe hospitalar, como modalidade educacional, visa a atender pedagógico/emocionalmente crianças, dadas suas condições de saúde, estando hospitalizada para tratamento médico e, conseqüentemente, impossibilitados de participar das rotinas de sua família, sua escola e de sua comunidade. Deste modo, a Classe Hospitalar vem apresentar alternativas que podem estar contribuindo para que a criança quando hospitalizada seja vista em sua totalidade com suas necessidades e interesses atendidos com o intuito de que sua recuperação seja minimizada. Quando internada, normalmente, a criança se apresenta ansiosa, com medo, e muitas dúvidas, o que pode agravar seu quadro clínico. A presença de alguém que possa propiciá-la a compreensão de sua situação e mostrar que este momento não a impossibilita, ao menos em parte, de realizar atividades ao qual estava acostumada no seu cotidiano, pode contribuir para sua aceitação quanto ao tratamento e consequentemente à melhora geral da criança. A Classe Hospitalar vem fundamentar um papel importante ao atendimento que presta à criança hospitalizada, num momento em que esta necessita de uma atenção redobrada, já que seu estado físico e emocional está potencialmente abalado devido à enfermidade que esta acometida. É importante ressaltar que a educação ofertada no ambiente hospitalar deve obedecer ao momento em que a criança está vivendo, os métodos e recursos são diferenciados dos utilizados em salas de aula, mas devem dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem do qual está temporariamente afastada. Com isso, a figura do pedagogo hospitalar ganha um papel de destaque, já que conta com possibilidades de fazer com que a criança compreenda seu estado de saúde, e ajuda esta à não se afastar totalmente de seu convívio escolar, já que os estudos realizados no hospital buscam a re-inserção no cotidiano escolar da criança adaptando a sua condição bio-psicosocial. Mesmo sendo uma modalidade relativamente nova, a Classe Hospitalar já é estudada há tempos e já foi implantada em diversos hospitais com excelentes resultados e direcionamentos, inclusive de iniciativa governamental, o Humaniza SUS, que possuem propostas de humanização hospitalar, que busca favorecer a interação social e uma melhor qualidade de vida, preservando a condição física e emocional. Em nossos estudos buscamos demonstrar a necessidade da intervenção pedagógica, no que refere a efetivação da classe hospitalar, principalmente com crianças e adolescentes quando hospitalizado por um longo período ou constantes reinternações, já que isso pode, prejudicar sua continuidade nos estudos. 4284 Atendimento Pedagógico-educacional Hospitalar: pelo direito à educação A concepção de classes escolares em hospitais é conseqüência da importância formal de que crianças têm necessidades educativas e direitos de cidadania, onde se abrange a escolarização. “A criança é, antes de mais nada, um cidadão que, como qualquer outro, tem direito ao atendimento de suas necessidades e interesses mesmo quando está com a sua saúde comprometida” (FONSECA, 2003, p.16). Para assegurar isso, temos no artigo 205 da Constituição Federal Brasileira de 1988 que dispõe: “a educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Assim, na Constituição, em seus artigos referentes à educação da infância, no âmbito dos direitos, e garantias fundamentais em que se integram os princípios da legalidade e os da igualdade, o direito a educação se expressa como direito à aprendizagem e a escolarização. O artigo 214, afirma que as ações do Poder Público devem conduzir à universalização do atendimento escolar. Entretanto, diversas circunstâncias podem interferir na permanência escolar ou nas condições de construção do conhecimento ou, ainda, impedir a freqüência escolar, temporária ou permanentemente. A criança hospitalizada, assim como qualquer criança, apresenta o desenvolvimento que lhe é possível de acordo com uma diversidade de fatores com os quais interage e, dentre eles, as limitações que o diagnóstico clínico possa lhe impor. De forma alguma podemos considerar que a hospitalização seja, de fato, incapacitante para a criança. Um ser em desenvolvimento tem sempre possibilidade de usar e expressar, de uma forma ou de outra, o seu potencial (FONSECA, 2003, p. 17). Durante o tratamento hospitalar, nada impede que novos conhecimentos possam ser adquiridos pela criança, que venham contribuir para o seu desenvolvimento pessoal, cognitivo e escolar, daí a necessidade da Classe Hospitalar, interagir como um resgate da criança para escola dando a oportunidade para que esta possa exercer seu direito de cidadão, garantido legalmente, em aprender mesmo hospitalizada, não ficando em defasagem nos conteúdos de seu grupo escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional assegura que, “para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino” (art. 5, § 5), podendo organizar-se de diferentes formas para garantir o processo de aprendizagem (art 23). Dentre as situações que exigem formas alternativas de acesso e organização do ensino, estão aquelas que caracterizam educação especial. 4285 Em 1994, os princípios, política e reconhecimento do direito à Educação Especial as crianças e adolescentes foram legitimados na Declaração de Salamanca. No mesmo ano, a Política Nacional de Educação Especial e o Plano de Expansão e Melhoria da Educação Especial preconizam, no Brasil, as classes hospitalares como uma modalidade de ensino que prevê a assistência educativa a crianças internadas em hospitais (ORTIZ, FREITAS, 2005. p. 51). Podemos verificar na Resolução Nº 41 de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, chancelada pelo Ministério da Justiça, que trata dos direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados, estende o direito à proteção integral à infância e adolescência aos eventos de hospitalização expressando essa normativa dentro da esfera jurídica e política, eximindo assim, de qualquer questão de julgamento moral. Assim dispõe o texto da lei em art. 29: “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. A legislação brasileira reconhece o direito de crianças e adolescentes hospitalizados ao acompanhamento pedagógico-educacional, (Política Nacional de Educação Especial MEC/SEESP, 1994). Essa propõe que a educação em hospital seja realizada através da organização de classes hospitalares, devendo-se assegurar oferta educacional não só aos pequenos pacientes com transtornos do desenvolvimento, mas, também, às crianças e adolescentes em situações de risco, como é o caso da internação hospitalar. O Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Especial elaborou um documento oficial, em 2002, intitulado “Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”, que tem por objetivo estruturar ações políticas de organização do sistema de atendimento educacional em “ambientes hospitalares e domiciliares de forma a assegurar o acesso a educação básica e à atenção as necessidades educacionais e especiais, de modo a promover o desenvolvimento e contribuir para construção do conhecimento desses educandos” (MEC/SEESP, 2002, p.07), haja vista, que a criança e o adolescente ao ficar afastado do aprendizado proporcionado pela vivência escolar e tendo uma nova vivência, a hospitalar, se priva do contato direto com a família e amigos, bem como do direito de ir a escola, ficando assim desmotivado, muitas vezes, a continuar os estudos, ou seja, “durante a hospitalização, a criança sofre uma profunda cisão nos seus laços sociais: de um lado a escola e as brincadeiras e, do outro, o hospital e os procedimentos clínicos” (CECCIN, CARVALHO,1997, p.77). 4286 A Importância da Classe Hospitalar para o Desenvolvimento Bio-psico-social da Criança Hospitalizada O reconhecimento de que toda criança apresenta necessidade educacional própria ao seu desenvolvimento integral, isto implica que o reconhecimento de projetos que disponibilize recursos à criança hospitalizada um atendimento pedagógico capaz de fazer com que a criança não se sinta incapaz e impossibilitada de realizar atividades, assim o atendimento pedagógico realizado no ambiente hospitalar devera se concretizar com atividades que envolvam o processo de desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, para que estes não de interrompam frente à doença, mais sim, que ganhe novas perspectivas frente à realidade atual da criança. A importância da classe hospitalar para o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança enquanto esta estiver em um ambiente hospitalar ou acometida por alguma enfermidade que a impossibilite de freqüentar a escola em tempo integral, se faz necessária nos dias atuais em que a educação especial é foco de grandes debates. Em relação à educação, o compromisso tanto de professores como de pessoas envolvidas não é apenas de reintegração social e escolar, mas sim fundamentalmente do sucesso desta parceria na recuperação da criança e o seu retorno ao cotidiano. O Profissional da Classe Hospitalar Para atuar em Classes Hospitalares, o professor deverá estar habilitado para trabalhar com diversidade humana e diferentes experiências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de freqüentar a escola, decidindo e inserindo modificações e adaptações curriculares em um processo flexibilizador de ensino/aprendizagem. De acordo com o documento do MEC, intitulado “Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”, o professor [...] deverá ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo. Compete ao professor adequar e adaptar o ambiente às atividades e os materiais, planejar o dia-adia da turma, registrar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido. (MEC/SEESP, 2002, p.22). A formação do professor da Classe Hospitalar assume a dimensão de uma educação inclusiva, pois deve trabalhar as potencialidades das crianças nos diferentes níveis e modalidades de educação, deve explorar todas as maneiras de atendimento pedagógico. Nesse 4287 sentido, a formação deve ser trabalhada acompanhando o processo de humanização da saúde e do direito à educação para todos. Para Fonseca (2003, p. 35) O professor da escola hospitalar é, antes de tudo, um mediador das interações da criança com o ambiente hospitalar. Por isso não lhe deve faltar noções sobre as técnicas e terapêuticas que fazem parte da rotina da enfermaria, sobre as doenças que acometem seus alunos e os problemas (até mesmo emocionais) delas decorrentes. O professor que atende a Classe hospitalar deve estar atendo a sempre observar e registrar os acontecimentos no ambiente hospitalar quando a criança esta realizando atividades, e estas devem sempre que possível ter começo, meio e fim no mesmo dia, pois nem sempre a criança poderá retornar a atividade, ou quando retorna já teve mudança nas atividades, isto pode interferir principalmente na auto-estima da criança, ela poderá se sentir excluída. Neste contexto, o professor deve sempre ter várias atividades o que possibilita que mesmo grupo heterogêneo de crianças realize diversas atividades. A Prática Pedagógica com a Criança Hospitalizada A prática pedagógica dos profissionais da educação exige maior flexibilidade, em relação ao número de crianças que irão ser atendidas, o período que cada uma delas permanecerá internada, bem como às diferentes patologias. Para este atendimento não existe uma receita pronta, constituindo-se em um desafio a ser alcançado. Os professores devem buscar parceria com os familiares, que exercem proeminente papel, como figura de apoio e cooperação no sucesso da qualidade do ensino/aprendizagem e na qualidade de vida. Todo o atendimento da classe hospitalar deve ser flexível, de acordo com a condição e possibilidade da criança, levando em consideração o tempo de internação, estado psicológico, patológico e capacidade de mobilidade, estes deveram contribuir para que, mesmo quando hospitalizada, a criança mantenha o elo com o mundo que ficou fora do hospital, para assim participar e aprender desfrutando de seu direito básico ao desenvolvimento pleno, independente de suas dificuldades, mas direcionado para o seu potencial, reduzindo o tempo de internação de forma a resgatar a sua auto-estima, amenizando o sofrimento causado pela internação. Os ambientes serão projetados com o propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção do conhecimento para crianças, jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas capacidades e necessidades educacionais especiais individuais. Uma sala para desenvolvimento das atividades pedagógicas com mobiliário adequado e uma bancada com pia são exigências mínimas. Instalações sanitárias próprias, completas, suficientes e adaptadas são altamente recomendáveis 4288 e espaço ao ar livre adequado para atividades físicas e ludo-pedagógicas [...] Além de um espaço próprio para a classe hospitalar, o atendimento propriamente dito poderá desenvolver-se na enfermaria, no leito ou no quarto de isolamento, uma vez que restrições impostas ao educando por sua condição clínica ou de tratamento assim requeiram [...] O atendimento pedagógico poderá também ser solicitado pelo ambulatório do hospital onde poderá ser organizada uma sala específica da classe hospitalar ou utilizar-se os espaços para atendimento educacional (MEC/SEESP, 2002, p.15-16). Nessa realidade a presença da Classe Hospitalar pode auxiliar a criança a conviver com a debilitação e a internação, período esse, muitas vezes apavorante para ela, e torna o momento como algo passageiro e que ainda pode aprender com a realidade imposta, percebendo que não é preciso que se prive do seu cotidiano de vida, mas sim estar interligando um mundo ao qual ela vivia com o novo mundo (hospital), para estar auxiliando a volta depois a seu mundo real que é a casa, família, escola e amigos, visto que, a Classe Hospitalar trabalha com a criança em si, como um sujeito único que tem sentimentos e esses deve ser respeitado, quando a criança percebe que estão respeitando os seus sentimentos, ela tende a ter uma confiança maior em quem está a sua volta, isso com certeza irá auxiliá-la na recuperação. E assim, de forma flexível atender “tanto a necessidade do tratamento médico quanto a necessidade de aprender e se desenvolver de maneira mais normal possível” (CALEGARI, 2003, p. 41). O trabalho a ser realizado, com os alunos hospitalizados, deve sempre ser de maneira lúdica e com diálogo com o intuito de junto com a criança buscar compreender melhor a realidade que a cerca. Esse atendimento da classe hospitalar deve ser forma flexível, de acordo com a condição e possibilidades da criança, respeitando seu estado físico e emocional. Temos em Aquino (2001, p. 25), sobre as Classes Hospitalares, nas palavras do autor: [...] já ouvi dizer que tais práticas poderiam redundar numa penalização da criança doente, já em situação de desconforto e sofrimento. Discordo em gênero, número e grau [...] creio que o trabalho pedagógico representa uma experiência vital ímpar, no que diz respeito à possibilidade de recodificação simbólica do contexto e da vivência hospitalar. Afinal de contas, não são os remédios apenas que curam. O conhecimento e a continência de “um professor também o fazem”. Trabalho Pedagógico no Ambiente Hospitalar O atendimento pedagógico prestado à criança no período de internação envolve as atividades de acompanhamento escolar como, por exemplo: contar histórias, recreação, jogos, artes e atividades escolares relacionadas com as que a criança está estudando na escola que freqüenta. Estas atividades objetivam minimizar os efeitos da hospitalização atendendo as 4289 necessidades básicas da criança, favorecendo a esta, também um vínculo com o mundo que deixou fora do hospital. A possibilidade de a criança estudar no hospital evita o desinteresse de retornar os estudos quando estiver melhor, pois a não participação nas aulas deixa a criança atrasada em relação à turma, isto pode contribuir para a desistência do ano letivo. O atendimento pedagógico deverá ser orientado pelo processo de desenvolvimento e construção do conhecimento correspondentes à educação básica, exercido numa ação integrada com os serviços de saúde. A oferta curricular ou didático-pedagógica deverá ser flexibilizada, de forma que contribua com a promoção de saúde e ao melhor retorno e/ou continuidade dos estudos pelos educandos envolvidos (MEC/SEESP, 2002, p.17). O atendimento pedagógico não é só entre o professor e a criança, mas sim, a família é envolvida como figura importante na reintegração e colaboração para a melhora do quadro clínico, como a participação e auxílio no sentido de ajudar o professor a fazer com que a criança compreenda que seu estado de saúde não a impossibilita de realizar sua atividades escolares. Todo este atendimento deve sempre respeitar o tempo da criança, já que a doença muitas vezes desanima, a interação desta a nova realidade é tão importante quanto à mediação do professor nas atividades a serem desenvolvidas neste período. O ambiente hospitalar será o mundo da criança, o professor devera fazer deste mundo a sua nova realidade, que possibilite que ela não fique desinformada com o que esta acontecendo fora do hospital, ele deve trazer para a criança informações sobre o que ela quer saber o que faz parte de sua curiosidade. O conteúdo a ser ministrado no ambiente hospitalar deve adotar uma metodologia que respeite a individualidade, a criatividade e as dificuldades de cada uma. Junto, o professor pode ainda utilizar variados recursos como jogos, brincadeiras, contos, teatro, música, que poderão estar auxiliando nas atividades propostas. Um dos objetivos da Classe Hospitalar é garantir a continuidade da vida escolar da criança mesmo que esta necessite de longo período de internação o que traz um afastamento da escola, o professor deve buscar uma relação entre escola e hospital com vista a contribuir uma relação que possa garantir o direito à escola para a criança hospitalizada, pois é importante que sua vida continue como na escola, nas brincadeiras, nas risadas, socialização com outras crianças e com isso preservando a sua infância. Todo o trabalho deve ser voltado no sentido de que o professor possa fazer um levantamento das potencialidades da criança dentro do limite da doença ao qual esta acometida, respeitando suas limitações e orientando a respeito de sua luta não omitindo o que ela venha querer saber, explicando sempre numa linguagem que seja de fácil interpretação. A 4290 proposta educativa-escolar é compreendida como uma “regularidade e uma responsabilidade com as aprendizagens formais da criança” (CECCIM, FONSECA, 2001, p. 43). Após a alta hospitalar todo o trabalho que foi realizado junto à criança deve ser remetido à escola, encaminhando pareceres descritivos das atividades realizadas. Isso contribuiu, sobremaneira com o trabalho pedagógico que ficará a cargo da escola para que o retorno da criança no ambiente escolar aconteça de forma natural e que sofra o mínimo possível com esse retorno. Assim sendo, durante o período de internação a Classe Hospitalar torna-se um fator essencial no tratamento e recuperação da criança, pois ela irá perceber que não está sozinha em seu sofrimento e que as pessoas estão ali para lhe proporcionar atenção especializada. REFERÊNCIAS AQUINO, Júlio Groppa. O professor, o aluno, a diferença e a hospitalização. In: FONSECA, Eneida S. (org). Atendimento Escolar Hospitalar. 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