I DOMINGO de ADVENTO – 28 novembro 2010 PORTANTO, FIQUEM VIGIANDO PARA ESTAR PRONTOS À SUA CHEGADA - Comentário de Pe. Alberto Maggi (OSM) ao Evangelho. Mt 24,37-44 “Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada, a outra será deixada. Portanto, fiquem vigiando! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês. Compreendam bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente ficaria vigiando, e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vocês estejam preparados. Porque o Filho do Homem virá na hora em que vocês menos esperarem”. São os últimos discursos de Jesus e o evangelista Mateus os carrega de grandes significados teológicos. Infelizmente, estes trechos, fora de contexto, não podem apresentar todas as suas belezas. Vamos ver com calma o que podemos entender. Primeiro: a leitura de hoje começa com o versículo 37; porém sem o versículo 36, não fica claro. De fato no versículo 36 Jesus disse: "quanto a este dia e essa hora ninguém sabe nada, nem mesmo os anjos do céu, nem o Filho. somente o Pai é quem sabe ". O que significa isso? Se, a respeito de Jerusalém Jesus tinha assegurado que: "Eu garanto a vocês: tudo isso acontecerá a essa geração” - a destruição de Jerusalém acontecerá, de fato, no ano em 70 sobre o fim de cada geração, Jesus se remete ao Pai. Para cada geração há um fim no tempo. Portanto fala-se a respeito do fim das pessoas. E Jesus continua: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé”. Jesus junta a sua proposta de salvação àquela feita por Noé e aponta a uma mudança de época: amadurecimento da humanidade e a salvação apresentada em uma nova forma. O dilúvio não foi, de fato, o fim do mundo, mas o início de uma nova comunidade, de uma nova humanidade que foi renovada. Então Jesus une os dias de Noé aos dias do Filho do Homem. Temos aqui duas propostas de salvação: Noé com a arca, Jesus com o reino de Deus. “Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento”. Portanto, alimentar-se, casar- se, 1 dar-se em casamento são ações ordinárias da normalidade da vida; porém , Jesus adverte, podem trazer o risco de não perceber e se dar conta do caráter extraordinário dos eventos que estão para acontecer. De fato Jesus diz: “E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem”. Então, Jesus nos convida para estar acordados, atentos, para não ficar presos na rotina da vida ordinária. “Dois homens estarão trabalhando no campo...”. E aqui a tradução não ajuda “um será levado, e o outro será deixado”. A palavra grega usada pelo evangelista é “paralambano” que significa também "levar", mas no sentido de “receber - acolher”. A mesma palavra a encontramos no início do Evangelho de Mateus, quando o anjo diz a José "não tenha medo de receber a Maria como esposa" (Mt 1,20) . Portanto “não levado” e sim “será recebido, acolhido” para a salvação. “Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada, a outra será deixada”. Também aqui: “acolhida” e não “levada”. O que é que o evangelista quer nos dizer com estas imagens? Como a Arca de Noé não acolheu, não recebeu a todos, mas apenas os que tinham percebido a catástrofe iminente, assim no reino de Deus são acolhidos, recebidos, aqueles que aceitam a mensagem de Jesus A salvação oferecida por Deus é para todos, mas não é de todos, porque para acolhê-la é preciso escolher a conversão, a mudança dos valores que regem a conduta do homem e especialmente escolher a primeira bem-aventurança, "Deles", diz Jesus na primeira bemaventurança, isto é: daqueles que escolhem voluntariamente a pobreza "Deles é o reino do céu”. Portanto, não se trata de imagem negativa: "levado", e sim "aceito para a salvação”. E depois Jesus convida a estar vigilantes. “Portanto, fiquem vigiando”! - este convite para vigiar será repetido três vezes até chegar ao Getsêmani e, portanto Jesus o associa já agora à perseguição - “Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês”. O momento da verdade é o tempo de perseguição, o momento da captura de Jesus, da sua morte, o momento da perseguição dos discípulos, são estes os momentos onde se vê quem aceitou a mensagem de Jesus e quem não a aceitou. E Jesus continua: “Compreendam bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente ficaria vigiando, e não deixaria que a sua casa fosse arrombada” . 2 A qualquer momento, adverte Jesus, pode desencadear-se a perseguição, e esta será tanto mais violenta quanto mais inesperada será a sua proveniência. Jesus já tinha dito que os discípulos teriam sido odiados e mortos por seus próprios familiares. E aqui está a conclusão: “Por isso, também vocês estejam preparados. Porque o Filho do Homem virá na hora em que vocês menos esperarem”. Portanto o evangelista resume e reformula as duas bem-aventuranças. (Mt 5,1-10) A primeira bem-aventurança: para ser recebido na salvação é preciso acolher e viver a bemaventurança da pobreza, que permite ter Deus como rei. Desta maneira os efeitos negativos da pobreza são eliminados. Depois a última bem-aventurança: aquela da perseguição por causa da fidelidade a esta mensagem. Também neste caso, os perseguidos têm Deus como rei, porque Deus sempre se coloca ao lado dos perseguidos e nunca do lado de quem persegue. 3