CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN Existe idade certa para estar alfabetizado? A presidente e coordenadora da área de pesquisa do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), Esther Pillar Grossi, não tem dúvidas nessa questão: para ela, a idade pedagógica socialmente certa para as crianças se alfabetizarem é entre 6 e 7 anos. Ela defende que, com o uso de uma metodologia adequada, isso é possível para qualquer criança no mundo e espera-se socialmente que isso ocorra. “Não quer dizer, no entanto, que não posso acontecer antes, como de fato acontece com crianças que vivem em um ambiente motivador, no qual a leitura e a escrita são praticadas diuturnamente, sendo impregnadas de muito significado”, salienta. A formadora do PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa) Aparecida Biruel considera arriscado apontar uma idade precisa para se alfabetizar, pois a alfabetização envolve conhecimentos que são construídos a partir de um conjunto de aprendizagens e desenvolvimentos interligados, que têm início muito antes da escolaridade, em momento que não é possível precisar. “Apontar uma idade específica seria uma rigidez desnecessária”, defende. “O que sabemos é que as crianças que têm contato com materiais escritos, impressos ou digitais, não esperam ter 6 anos completos e uma professora à sua frente para iniciar as suas descobertas sobre a escrita”, observa. Conforme a coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa CEDAC, Fátima Fonseca, o sistema de escrita alfabético é uma construção histórica e social viva. Portanto, seu conhecimento pressupõe a formação de leitores e escritores competentes, que fazem uso da leitura e da escrita em seus contextos reais. “Se uma criança se alfabetiza com 6 anos, ótimo! Provavelmente isso aconteceu porque várias condições foram garantidas, como condições de acesso à leitura e à escrita, condições didáticas, etc.”. Ela ressalva, porém, que é preciso tomar cuidado para não passar a ideia de disputa para que as crianças se alfabetizem cada vez mais cedo e a consequente simplificação desse processo. “A proposta não é que as crianças sejam alfabetizadas já na educação infantil, como muitos pretendem”, salienta a coordenadora. Revista Pátio Ensino Fundamental Agosto/2015 1