Dra. Jacqueline Oliveira Silva Doutora em Educação PUC-RS Mestre em Educação Assistente Social Ms. Cláudia de Salles Stadtlober Mestre em Ciências Sociais Aplicadas – Unisinos Administradora Hospitalar – Unisinos A Participação da Sociedade Civil na Criação de Serviços – O Caso do ICDRS RESUMO O trabalho discute o processo de criação de uma Organização NãoGovernamental (ONG) de atenção à saúde ao diabético, gestada no interior de uma Instituição pública de saúde. A proposta é discutir as articulações entre os atores sociais vindos de diferentes vinculações e experiências organizacionais, que convergem para a construção de uma ação comum, motivados por suas experiências particulares de vida, conhecimento e expectativas profissionais. Este trabalho que foi desenvolvido no Programa de Estudos sobre Trabalho Voluntário, vinculado ao Laboratório de Pesquisa sobre Políticas Públicas e Terceiro Setor da linha de Pesquisas Políticas e Práticas Sociais do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UNISINOS. Realizou-se uma pesquisa do tipo qualitativa exploratória, elaborada através de estudo de caso, a pesquisa foi realizada a partir de entrevistas semi-estruturadas e da análise de fontes documentais da ONG. Palavras-chave: Atenção á saúde – ação social – Organizações Não-Governamentais (ONGs) 2 INTRODUÇÃO A saúde no Brasil, há muitos anos, enfrenta dificuldades, mesmo antes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Anterior à lei do SUS, o atendimento era realizado pelos prestadores de serviços aos contribuintes dos institutos de assistência e aposentadoria e os cidadãos não contribuintes eram atendidos como indigentes nas Santas Casas. Com a regulamentação do atendimento igualitário e universal, todos os brasileiros passam a ter acesso aos prestadores de saúde credenciados ao convênio público. Na Constituição Federal de 1988 foi regulamentado que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado e que o seu acesso deve ser universal e igualitário; desta forma, foi criado o Sistema Único de Saúde do Brasil. Inicialmente, este atendimento superlota os prestadores, que, anteriormente, não estavam conseguindo atender um contingente específico de pessoas e agora estavam com o encargo de atender toda a população indistintamente. Por causa de várias questões que são alteradas no atendimento aos pacientes, constituindo um número maior de pessoas, novas doenças e novas tecnologias, foram surgindo várias alternativas de tratamentos e procedimentos para poder suprir a lacuna, muitas vezes, deixada pelo serviço prestado. Crescem as reivindicações e movimentos de usuários que tencionam a política de saúde. Isso acontece, notadamente, no caso da AIDS, responsável pelo surgimento de inúmeras Organizações Não-Governamentais (ONGs) no País, na década de 90, e a Campanha Contra a Fome, coordenada pelo sociólogo Betinho, que é marco fundamental para as ONGs, pois mobiliza recursos e pessoas na busca de alimentos aos necessitados (LANDIM, 1993). No nosso País, vários movimentos sociais e Organizações NãoGovernamentais (ONGs) chamam a sociedade à solidariedade. Nessa conjuntura, foi desenvolvida, em áreas específicas, como, por exemplo, da saúde, uma série de instituições com caráter de serviços, albergues e hospitais. No que se refere a ONGs de caráter hospitalar, pouco se tem informações. No Rio Grande do Sul, a única ONG existente que tem essa característica e já está consolidada é o Instituto do Câncer Infantil, junto ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Mais recentemente foi criado o Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul (ICDRS), em 1998, que é o único hospital para atendimento de crianças com diabetes na América Latina, neste formato organizacional. Permanece em discussão, entretanto, a compreensão da ação social que sustenta a criação e manutenção dessas ONGs, em particular na área da saúde. Tal fato deve-se, dentre outros elementos, à “novidade” relativa à presença dessas instituições em nosso meio e o crescimento do trabalho voluntário neste setor caracterizado por padrões tradicionais dos hospitais de caridade presentes desde a origem, na história das práticas sociais em saúde (FOUCAULT, 1985). O presente trabalho investigou como se deu a ação social no processo de criação do Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul, buscando entendêlo como um movimento social. A importância geral do tema é discutir a ação social que mobiliza determinados grupos para a criação de uma Organização Não-governamental. 3 O estudo foi realizado no Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul (ICDRS), por ser uma ONG recém criada (10 de agosto de 1998 e inaugurada em 07 de agosto de 2003) e ser uma organização originada de um grupo identitário sem fins lucrativos. A CRIAÇÃO DO INSTITUTO DA CRIANÇA COM DIABETES RIO GRANDE DO SUL O processo investigativo visa a responder as questões dos objetivos do trabalho. Para tanto, no período entre junho e agosto de 2003, foram entrevistadas nove pessoas, a partir de critérios de representatividade e tempo de participação desde o início do movimento. A amostra ficou assim caracterizada: Entrevistado 1: É jornalista, não tem história familiar de diabetes, é sócio fundador e exerce trabalho voluntário. Entrevistado 2: Médico endocrinologista que já trabalhava com endocrinologia quando seu filho de 4 anos ficou doente e ele mesmo fez o diagnóstico de diabetes infantil; é sócio fundador e exerce trabalho voluntário. Entrevistado 3: É jornalista, tem uma sobrinha com diabetes infantil; é responsável pelo gerenciamento da captação de recursos, é sócia fundadora e contratada como terceira para prestar trabalho no instituto. Entrevistado 4: É empresária em tem um filho com diabetes infantil; é sócia fundadora e contratada como terceira para prestar serviço. Inicialmente trabalhou como voluntária. Entrevistado 5: Médica endocrinologista, o pai tem diabetes; é sócia fundadora e realiza trabalho voluntário. Entrevistado 6: Nutricionista, sem história familiar de diabetes; é sócia fundadora e realiza trabalho voluntário anterior à criação do Instituto. Entrevistado 7: Enfermeira, sem história familiar de diabetes; é sócia fundadora e realiza trabalho voluntário. Entrevistado 8: Voluntária indicada pelos Parceiros Voluntários e participa desde o início no trabalho do Instituto. Entrevistado 9: Criança com diabetes atuante no Instituto desde o início do projeto. As entrevistas foram semi-estruturadas, realizadas no próprio Instituto, residência da criança e consultório dos médicos. As entrevistas foram todas gravadas e depois transcritas. Os nomes das pessoas, citados durante as entrevistas foram alterados para resguardar o sigilo dos participantes. Os resultados encontrados dão visibilidade às diversas relações envolvidas na criação do Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul e suas dinâmicas. 3.1 Antecedentes A criação do Instituto está diretamente ligada à história de vida dos sócios fundadores que são atuantes hoje na instituição, por questões profissionais, ou por ter um familiar com a doença, ou pelos dois motivos. Quanto às questões 4 profissionais fica enfatizado nas entrevistas principalmente o tipo de atendimento dado pelo sistema público e a real necessidade dos diabéticos. Na verdade, o meu trabalho não começou dentro do Instituto, pois nós somos os mentores da idéia do instituto, eu, a Marcia, a Vânia, a Joana, o João, tivemos a idéia de ter um local com todo o atendimento para o diabético para dar um atendimento geral. A Cristina era a pessoa-chave para nós podermos executar a nossa idéia e depois dela nós fomos agregando outras pessoas, o Fabio que faz toda a parte de auditoria financeira, então nós somos mentores, nós não fomos para dentro, nós o criamos. (Entrevistado 5). Na verdade, eu trabalho com diabetes há uns 25 anos. Em 1978, quando eu terminei a minha residência, eu montei o consultório e comecei a trabalhar em endocrinologia Em 1983, eu comecei a trabalhar no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) e logo em seguida, vi que o ambulatório tinha muita gente com diabetes, ai eu comecei a fazer mestrado em genética e juntava muito bem a questão da genética com o diabetes, eu comecei a trabalhar, então, com genética de diabetes como pesquisa básica e também como assistência, então pegando as duas pontas, fui para os EUA, eu vi neste tempo todo, que o diabético é tratado a quem do desejado [... ] e ai em 1996 quando o meu filho menor de 4 anos e 9 meses ficou diabético, eu fiz o diagnóstico. Ele urinava muito à noite. E eu pude confrontar bem a assistência que eu dava pra ele e o que eu dava para os meus pacientes que ficava muito a quem do desejado porque, em primeiro lugar, eles não tinham acesso as informações que eu tinha, não tinham o conhecimento que eu tenho e em segundo mesmo que eu quisesse, eu não conseguiria passar isso, porque não tinha tempo. (Entrevistado 2). [... ] e ai de novo caiu uma pedra no meu telhado e eu disse que um dia faria um projeto para o diabetes, pois eu estava vivenciando o problema e o meu sobrinho em função de ter uma questão social toda privilegiada tinha condições de ter um tratamento com todo medicamento, toda tecnologia e ter uma vida quase normal e as crianças carentes não teriam recursos para acesso ao tratamento [...] (Entrevistado 3) Eu já trabalhava com o Dr. João há muito tempo no Hospital Conceição com diabetes é uma especialidade que eu gosto muito de trabalhar, e nós começamos com um grupo para pacientes lá na AMRIGS, com a Dra. Marcia a Vânia. Então, a Márcia, eu e mais uma psicóloga que era a Joana e ai nós começamos a fazer grupo com os pacientes lá. Este trabalho iniciou em 1993, muito antes do ICDRS. Depois em um congresso de diabetes que teve em SP, do qual eu, a Maria e Márcia estávamos participando e começou a surgir esta vontade de montar o grupo ai fomos fazendo grupos na AMRIGS. Depois nos encontramos com o João e ele sempre teve a idéia e uma grande vontade de fazer um projeto destes, de fazer um centro de atendimento para o diabetes, e a Cristina, que é cunhada dele tinha uma verba do cultural para fazer trabalhos, e nós começamos a fazer os grupos juntos. Em 1997 começamos a nos reunir, a primeira reunião foi em um sábado à tarde e começamos a desenvolver o projeto (Entrevistado 7). As pessoas se mobilizam e se unem por grupos de interesses, como podemos verificar nos relatos, havia o desejo individual em cada pessoa que se unisse ao grupo para uma ação coletiva. 5 Em 1997, nós começamos a formatar o planejamento estratégico, a idéia de um projeto que pudesse beneficiar crianças e adolescentes com diabetes. De julho de 1997 a julho de 1998, eu convidei mais uma pessoa pra que a gente pudesse sensibilizar este grupo de médicos e que pudesse ser feito um projeto social basicamente para crianças e adolescentes carentes. Esta idéia surgiu porque eu já tinha ajudado o Instituto do Câncer Infantil e eu senti que o apelo criança aqui no RS, no meio empresarial, é muito forte, especialmente no que tange à saúde da criança e, quando o meu sobrinho ficou diabético, eu atuava no câncer infantil e eu prometi que faria um projeto voltado para o diabetes [...] (Entrevistado 3) Os mentores iniciais do projeto estavam amplamente envolvidos com a doença por questões profissionais ou particulares, e resolveram organizar um local específico para o atendimento. Já havia o envolvimento com endocrinologia e também com projetos sociais. Com a doença na família, o Entrevistado 2 pôde detectar que o sistema público de saúde SUS não dava a assistência necessária para o paciente, como podemos constatar pelas entrevistas e pela própria montagem dos grupos de estudos. Os cuidados de saúde ultrapassam o atendimento à doença, e o grupo do ICDRS estabelece, principalmente, a questão de educação em saúde e apoio multidisciplinar aos diabéticos, por verificar por meio da sua experiência profissional e pessoal, que é necessário um atendimento mais amplo. Assim, os componentes do grupo começam um processo de organização e mobilização para a criação do Instituto. Verificamos que os atores que geraram o movimento para a construção do Instituto, tinham metas, valores, propósitos a serem atendidos, até porque tinham grande conhecimento da área como prestadores de serviços e alguns como clientes do próprio sistema de saúde (SMELSER APUD GOHN, 2002). Para Melucci: “A ação coletiva de um movimento é resultante de objetivos, recursos e limites, isto é, uma orientação finalizada que se constrói por meio de relações sociais no interior de um campo de oportunidades e de vínculos” (2001, p. 46). Os mentores do projeto tinham o conhecimento dos problemas e das soluções necessárias para melhorar o atendimento dos diabéticos, ou seja, tinham um objetivo e mobilizaram toda a energia necessária para alcançá-los. Eles confrontaram, em alguns casos, o atendimento que seus familiares tinham, e o atendimento prestado pelo SUS. Como podemos verificar nas entrevistas, há um conflito com o modelo de atendimento prestado pelo sistema público e deseja-se algo inovador, diferente, que supra as necessidades dos pacientes (MELUCCI, 2001). A partir da necessidade dos pacientes, dos profissionais que tinham familiares com diabetes infantil e com outros profissionais que já tinham a idéia de desenvolver uma assistência ao paciente diabético, mais integral e organizada, começou o planejamento e organização do Instituto da Criança com diabetes. Os indivíduos se aproximam por suas características identitárias. Neste caso, foram aspectos pessoais e profissionais, conforme podemos verificar nas entrevistas: Aí começou a coisa e tomou esta dimensão, talvez até em função das pessoas do seu envolvimento e pessoal de marketing, de vários profissionais, e ai foi crescendo e nós vimos que o grupo dos diabéticos é muito grande e conseguimos estruturar a pessoa jurídica do Instituto do 6 diabetes e depois tínhamos que vender a idéia do Instituto [...] (Entrevistado 2) Em 1997, nós começamos a formatar o planejamento estratégico, a idéia de um projeto que pudesse beneficiar crianças e adolescentes com diabetes. De julho de 1997 a julho de 1998, eu convidei mais uma pessoa pra que a gente pudesse sensibilizar este grupo de médicos e que pudesse ser feito um projeto social basicamente para crianças e adolescentes carentes. (Entrevistado 3) O surgimento do Instituto é extremamente articulado por profissionais envolvidos com o tratamento de diabéticos e profissionais com história familiar, mas todo o projeto foi muito bem elaborado. Houve um planejamento de ações, de desenvolvimento, com profissionalização, com busca de pessoas experientes para desenvolver os trabalhos e uma pessoa de destaque na nossa sociedade, que foi o Sr. Paulo Roberto Falcão. O Sr. Falcão, além de ser uma pessoa de destaque em nossa sociedade, dá visibilidade ao projeto no quarto poder (GONH, 2002), que é a mídia, pois é figura de relevo nesse meio. O projeto é amplamente desenvolvido atendendo a um método organizativo que fixa seus valores e objetivos, cria regras e mobiliza as pessoas (SMELSER APUD GOHN). Então eu disse para primeiro fazermos uma estratégica maior e darmos um cunho maior ao projeto para depois chegarmos já de cima com a coisa pronta, mas para isso nós precisávamos de um ícone alguém que fosse conhecido no meio. Na época, nós estávamos com o Pedro Silva internado comigo, e ele era da época do Felipe, jogou no inter, fora e teve uma necrose e sua perna foi amputada. Isso saiu no jornal, uma diabete ingrata, e o Felipe sensibilizado deu a prótese para ele. Nós fomos atrás do Felipe e o cunhado da Cristina é da RBS e conseguiu uma hora com o Felipe, ele nos recebeu e eu tinha certeza que nós conseguiríamos persuadi-lo, então fomos lá na RBS, colocamos todo o projeto e o drama dos diabéticos e ele aceitou participar do projeto, então com tudo isto já estruturado, com estatuto, tudo montado conselho fiscal, conselho administrativo, diretor com ilibada reputação, com pessoas de alto nível para fazer parte do conselho diretor, do conselho fiscal, com o Felipe Souza, nós começamos a vender a idéia para o diretor da RBS e do Conceição e conseguimos o apoio deles [...] (Entrevistado 2) E eu então me empenhei, comecei a desenvolver um projeto dentro da minha cabeça e fui buscar os técnicos que estivessem envolvidos com a causa, inclusive com o meu cunhado que é endocrinologista e é o pai deste menino, que já trabalhava há 25 anos, com diabetes quando o próprio filho teve diabetes, e eu já estava envolvida em projetos sociais. (Entrevistado 3) [...] aí a Cristina era a pessoa-chave para nós podermos executar a nossa idéia. Depois nós fomos agregando outras pessoas, o Fabio, que faz toda a parte de auditoria financeira. Então nós somos mentores, nós não fomos para dentro, nós o criamos (Entrevistado 5). O grupo se articulou muito bem para buscar parceiros de renome e profissionais capazes de colaborarem na elaboração e execução do projeto, para ter um material consistente e ter o apoio do poder público, do poder privado, da mídia e da comunidade em geral. A articulação realizada pelo grupo de planejamento contou com pessoas de destaque que ”abriram portas”, como a entrada do grupo no meio dos empresários, que foi oportunizada pelo Sr. Felipe Souza e outras pessoas que legitimavam o projeto e levavam para a comunidade confiabilidade nele. 7 Os estudos realizados por Fontes (2001) no livro Marketing Social Revisitado, já indicavam que a articulação das pessoas e a profissionalização aparecem no mercado social como fator fundamental para sua consolidação e desenvolvimento do marketing social. No ano de 1998, havia um curso de educação na AMRIGS – Associação Médica do RS, para pais de diabéticos e profissionais da saúde. Nesse curso, o grupo participante resolveu criar um local de discussão, troca de experiências e conhecimento da doença. Surgiu, então, a idéia da criação da ARAD – Associação Rio-grandense de Diabéticos. Inicialmente a idéia da construção do Instituto do Diabetes começou junto com a ARAD, mas, em função das diferenças de atendimento, os projetos continuaram separados. É interessante ressaltar que, na maioria dos movimentos sociais, sempre há a participação de associações ou sindicatos (GOHN, 1998). Na verdade, o meu trabalho não começou dentro do Instituto, pois nós somos os mentores da idéia do instituto, eu, a Marcia, a Vânia, a Joana, o João, tiveram a idéia de construir um local com todo o atendimento para o diabético, para dar um atendimento geral [...] (Entrevistado 5) Uma vez nós fomos a um Congresso em São Paulo, acho que foi em 1993, e lá ouvimos falar em educação em diabetes que, naquela época, quase não havia e hoje está bem difundido e ai nós pensamos em fazer um grupo. Eu a Dra. Marcia, a Maria enfermeira e a Joana, começamos ai fazer o trabalho de educação, inicialmente nós começamos realizar as reuniões semanais, só que daí o pessoal faltava muito. Então passamos para encontros quinzenais e nós divulgávamos os nossos trabalho que é gratuito, e eles aprendiam o que era a doença, aplicar insulina e as faltas que aconteciam deles, era pela própria dificuldade de lidar com a doença. Começamos a fazer os encontros como módulos. Até que no decorrer do curso tínhamos algumas dificuldades, pois estávamos usando o espaço da AMRIGS emprestado e dependíamos deles. Assim, cada vez que mudava a diretoria tínhamos que ir lá para apresentar os projetos até que um dia uma direção achou que o trabalho não interessava, então fechamos uma porta e abrimos outra [...] (Entrevistado 6). Nós começamos com um grupo para pacientes lá na AMRIGS, com a Dra. Marcia a Vânia, e a Maria, eu e mais uma psicóloga, que era a Joana e ai nós começamos a fazer grupo com os pacientes lá. Esse trabalho iniciou em 1993 [...] (Entrevistado 7). O curso, que era desenvolvido na Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), serviu para começar a sonhar com a idéia de ensino em diabetes e unir pessoas com um mesmo desejo. Segundo Fernandes, o terceiro setor “é organizado, independente e mobiliza particularmente a dimensão voluntária do comportamento das pessoas (1998, p. 19). DIMENSÕES DA AÇÃO NO INSTITUTO DA CRIANÇA COM DIABETES RIO GRANDE DO SUL A identificação com a doença Os atores sociais se encontram identificados com a causa em que atuam por questões pessoais ou profissionais, assim perguntamos aos entrevistados se eles tinham história familiar ou o que os motivou a participar do ICDRS. A grande maioria 8 dos profissionais envolvidos no processo tem histórico familiar, mesmo que a história de família tenha vindo depois que já esta vam atuando em prol da causa. Somente a voluntária indicada pelos Parceiros Voluntários não tem nenhuma história familiar, mas sempre teve atuação em trabalhos voluntários. [...] naquela semana antes dele falar comigo eu tinha cruzado com um amigo meu que tinha sido massagista do internacional quando eu jogava aqui e ele tinha perdido o pé. (Entrevistado 1) No caso do Entrevistado 1 ele não tinha história familiar, mas estava muito próximo da doença por causa de um amigo que havia amputado o pé, o que o sensibilizou para a atuação voluntária no ICDRS. Outros atores sociais que foram fundamentais para a criação do ICDRS estavam fortemente vinculados à doença. [...] em 1996, quando o meu filho menor de 4 anos e 9 meses ficou diabético, eu fiz o diagnóstico, ele urinava muito à noite [...] (Entrevistado 2) [...] e aí de novo caiu uma pedra no meu telhado, e eu disse que um dia faria um projeto para o diabetes, pois eu estava vivenciando o problema com o meu sobrinho [...] (Entrevistado 3) [...] eu estava muito envolvida, pois fazia três meses que eu havia descoberto a doença do meu filho [...] (Entrevistado 4) “Eu tenho o meu pai com diabetes, mas o meu trabalho foi mais pelo profissional ou as duas coisas juntas (Entrevistado 5). O Entrevistado 2 é médico endocrinologista e fez o diagnóstico do próprio filho. O Entrevistado 3 já trabalhava com a captação de recursos em outro projeto e pensou em desenvolver um projeto que beneficiasse as crianças diabéticas. São profissionais qualificados, que, pela profissão e pela coincidência de ter um familiar com a doença, começam a articular o projeto. Como segue na entrevista abaixo: [...] então acho que teve um iluminado na minha cabeça e eu havia sido o escolhido para ser o portador. Aí começamos a nos reunir. A Cristina é muito competente nesta área de marketing e já tinha a experiência do câncer, e sofria muito pelo sobrinho e já tinha tido uma sobrinha com câncer e tudo isso começou a nos motivar [...] (Entrevistado 2). Há o esforço individual de cada ator que vivencia a experiência do diabetes e também, esta articulação dos mentores conta com o apoio dos colegas que atuam na endocrinologia, do grupo de estudos da AMRIGS, e, principalmente, do grupo de diabéticos. Todos identificam o diabético como ator social, e isso é fortemente sentido na entrevista da criança, que comenta sua participação, de outras crianças e também das famílias. Eu participo do Instituto por que sou eu e mais 8000 crianças com diabetes, e isso me motiva participar, e eu, o pai, a mãe a gente sabe como é, sabe como as pessoas sofrem e lutam para conseguir ficar bem. Nós todos somos voluntários e pensamos que são 8.000 famílias envolvidas (Entrevistado 9). Os diabéticos criam grupos de ajuda mútua entre si, de troca de informações e até auxílio para comprar medicamentos, da mesma forma que, com seu esforço 9 individual e de suas famílias, se organizam para ajudar na construção do Instituto, vendendo camisetas, participando em propagandas promocionais para captação de recursos para o instituto e até ajudando em trabalhos administrativos na sede administrativa do ICDRS. É possível verificar nas entrevistas que os diabéticos e as famílias deles sentem o Instituto como uma extensão da sua casa, se sentem parte de cada momento e cada conquista da Instituição e se alegram em ver o sonho realizado, podendo dividir conhecimentos e experiências com outras crianças e portadores da doença. Assim, criam redes de informações, trocam experiências para melhorar a qualidade de vida do grupo e se sentem motivados a desenvolver este trabalho (SCHERER-WARREN, 1999). O que mais me motivou para o trabalho foi o fato do meu filho ter diabetes. Eu não pensava em outro tipo de trabalho, era uma coisa tão forte que eu precisava estar em contato com os eventos da associação e do ICDRS. Não conseguia conciliar com o trabalho do comércio, pois o envolvimento foi muito grande com outras associações, cursos de voluntários, idas a São Paulo. Vivia 24 horas em função do diabetes e cada vez eu sentia mais vontade de aprender, de participar. Eu comecei como voluntária, sem programar trabalhar diretamente com isso, mas as coisas foram acontecendo. Hoje eu não sou mais voluntária, sou remunerada pela empresa (Entrevistada 4). A identificação com a causa é muito forte, pois o diabetes não é uma doença temporária, como coloca a própria entrevistada, é uma doença crônica, para o resto da vida, e isso representa uma reorganização para toda a família. [...] minha vida mudou depois desta experiência da doença do meu filho, comecei a participar da associação das doenças crônicas, isto era outro mundo, um mundo que eu nem imaginava que existia e principalmente um tipo de doença crônica, algo que você sabe que nunca mais vai ter cura [...] (Entrevistada 4). Na entrevista da criança com diabetes, é possível verificar, também, a mudança e o sofrimento por que ele e a família passaram. Principalmente por não haver, no início, o diagnóstico correto e quase ir a óbito, por um tratamento errado, pela exclusão social sofrida. O entrevistado relato u que, nos primeiros anos da escola, os colegas não sentavam perto dele e não tomavam nada no mesmo copo, pois achavam que a doença poderia ser transmitida através do toque, do ar ou outra forma que eles desconheciam. Ele relata que hoje, com o ICDRS e a divulgação da doença, tudo ficou muito mais fácil, pois ele é tratado normalmente pelos amigos, e todos sabem da sua doença, pois ele não tem vergonha de ser diabético, e sim se preocupa em divulgar para que o problema não ocorra com outras crianças. Neste caso, o marketing social é fundamental, uma vez que informa as pessoas sobre a doença, como se pode identifica-la e tratar as crianças com diabetes, que é um dos aspectos relacionados nos seus princípios. O Instituto também insere as crianças, gerando capital social (FONTES, 2001), já que elas têm convívio com outras crianças, têm amigos, trocam experiências e percebem que são normais e que a doença não impede de ter uma vida normal. O Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul e a relação com a sociedade 10 Na relação com a sociedade, inicialmente o ICDRS já teve como parceiros os empresários, as pessoas da comunidade, os diabéticos, a mídia que ajudaram na captação de recursos, na divulgação e na realização da 1ª Corrida para Vencer o Diabetes, conforme podemos constatar nas passagens abaixo: Eu e o João estávamos no Congresso internacional de diabetes em Chicago e daqui a pouco veio um pessoal de laboratório nos vender uma camiseta para uma corrida de diabetes, nos compramos a camiseta e ela tinha a mesma filosofia, não era classificatória, pode correr pode caminhar, o principal á a causa e quando eu cheguei aqui de volta eu disse vamos implantar a corrida para o diabetes. Aí começamos com empresas pequenas patrocinando, que estavam envolvidas com projeto e a RBS apoiou com a mídia. Os jogadores Danrlei e Cristian também apoiaram, fizemos uma mídia boa, o governador e a primeira dama estavam lá para a largada, e as escolas também apoiaram, começaram a se mobilizar. Também é uma maneira de divulgar o projeto, teve 15.000 inscritos. Nós temos interesse agora após a inauguração de interiorizar a corrida e realizar em outras cidades do interior (Entrevistado 3). Eu participei desde o início do ICDRS, participei da 1ª corrida, não participei da segunda, porque estava hospitalizado (Entrevistado 9). Quando teve a primeira largada para vencer o Diabetes, a Cristina me convidou para trabalhar no evento, somente para aquele evento, visitar as escolas, vender camisetas, ai fiz a primeira, comecei a vir para outros eventos e comecei a vir mais. Ai quando eu vi já havia abandonado totalmente o meu trabalho em comércio primeiro fechei uma loja, depois fechei outra, e quando vi, minha vida era só diabetes, era associação, deveres de finais de semana, divulgação da doença com pesquisas nas vilas de ponta de dedos para verificar quem tinha a doença e era voluntária do ICDRS (Entrevistado 4). Alguns parceiros da 1ª Corrida tinham representatividade social, era uma forma de divulgar o projeto, mais do que captar recursos, pois assim ficaria conhecida pela comunidade em geral, traria outros recursos e principalmente legitimidade ao projeto. Desde o início, o ICDRS teve o apoio da mídia e, neste caso, é importante ressaltar a rede de contatos que alguns membros do grupo já possuíam, pois o cunhado da responsável por captação de recursos trabalha na da Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS) e ajudou a “abrir portas”. A própria fundadora já havia trabalhado nesta empresa, então tinha facilidade de acessos, o que ajudou para dar visibilidade ao projeto. No livro de Fontes, podemos verificar que o marketing social também pode servir para dar visibilidade aos programas sociais das instituições. Assim, apresenta o terceiro setor como fundamental para desenvolver a interseto raliedade e integralidade dos recursos, transitando entre os setores públicos e privados para captar e agregar recursos (2001). Mas para Oberschall (2002), para desenvolver um movimento social não basta uma causa justa, tem que haver o interesse do público, um atrativo, uma marca, um símbolo. Podemos verificar na entrevista: “Esta idéia surgiu porque eu já tinha ajudado o Instituto do Câncer Infantil e eu senti que o apelo criança aqui no RS, no meio empresarial é muito forte, especialmente no que tange à saúde da criança” [...] (Entrevistado 3), como o apelo criança em nosso meio é muito forte, havia um interesse muito grande do público, buscam-se outras referências e outros atrativos, mas eles tinham o apoio do grupo de diabéticos, o grupo de profissionais 11 e familiares e podiam contar com o apoio e mobilização de toda a sociedade para ajudá-los. Então, no lançamento do projeto, havia o apoio de nomes de referência em nossa sociedade, que são símbolos na comunidade. É interessante perceber também que havia muitas doações dos empresários, do poder público, mas no levantamento realizado ao final da obra constatamos que as doações de pessoas físicas tinham sido metade do total das doações (ENTREVISTADO 1). Isso comprova o quanto as campanhas mobilizaram as pessoas, pois assim como alguns doavam milhares de reais, havia também as pessoas simples que davam dez reais, mas o principal é verificar que todos, de alguma forma, queriam participar. É possível verificar a organização, profissionalização e empenho que há por parte das pessoas que estavam envolvidas neste projeto, largando suas atividades para realizar o trabalho voluntário ou como prestadores de serviço. Havia toda a organização do projeto, mas todos trabalhavam muito como parceiros e como iguais, como podemos verificar na entrevista abaixo: Olha não tinha uma distribuição, tu vais fazer isto ou aquilo, a gente fazia tudo junto. A Cristina dizia Carla, amanhã nós temos um evento e temos que ir para lá, para conhecerem nosso trabalho. A gente ia sem problema. Eram várias tarefas (Entrevistado 8). Landim afirma “ressalta-se na composição do setor a importância de iniciativas informais, de formas tradicionais de ajuda mútua (1999, p. 9). O ICDRS tinha toda a organização estruturada, planejamento, projetos, mas o trabalho era desenvolvido sem burocratizações, informalmente com a ajuda de todos os profissionais, dos voluntários e dos diabéticos. O trabalho voluntário está regulamentado em nosso País e, na pesquisa de Landim se constata que 16% da população acima de 18 anos doa algum tempo para atividades voluntárias. O que leva este grande contingente de pessoas a participar desse tipo ação pode ser desde ocupação, história familiar até formação de currículo (SILVA, 2002). No ICDRS, muitas das pessoas que desenvolvem o trabalho voluntário estão ligadas a elas pela história familiar, mas elas conseguiram, por meio de suas campanhas de marketing social, captar outros indivíduos para participarem do projeto e, principalmente, inserir, desde o início, os próprios diabéticos no projeto e execução. As crianças se tornaram, então, os atores da primeira campanha publicitária na televisão e estavam sempre próximas, participando dos eventos, festas de Páscoa, Natal, Dia das Crianças e outras que são organizadas pelo Instituto para aproximar umas das outras e também das famílias. Toda esta ação faz com que os voluntários e demais prestadores se sintam parte da causa, que é a qualidade de vida do diabético. Para Melucci: A ação voluntária é, portanto, uma forma de ação coletiva caracterizada por um vínculo voluntário de solidariedade entre seus participantes e pelo fato de que estes não recebem pela participação nenhum benefício econômico direto (2001, p. 117) Todos os entrevistados iniciaram o trabalho voluntariamente, mesmo que depois de algum tempo tenham passado a ser contratados como prestadores de serviço. Mas o principal é que inicialmente os fundadores do Instituto não tinham nenhum benefício econômico. Sua ação era voluntária, gerada pela necessidade de 12 ter um local apropriado para o atendimento dos diabéticos, com objetivos bem traçados. Os voluntários fundadores, profissionais e simpatizantes, foram importantes articuladores da divulgação do projeto, aproximando o ICDRS da sociedade empresarial e comunidade em geral, mas o seu amor pela causa, a sua perseverança, aliados a um bom planejamento e marketing, foram importantes para o sucesso do projeto. Na relação com o poder público, foi minuciosamente trabalhado e apresentado um plano que já tinha estrutura para poder ser aceito e apoiado. Essa relação com o Estado foi desenvolvida por meio da parceria para manutenção do ICDRS. Inicialmente, as negociações foram locais, no próprio Hospital Conceição e depois no Ministério da Saúde. 4.3 O interesse profissional Assim como nas empresas se iniciou um processo de responsabilidade social, em que são apresentadas pela mídia as “empresas cidadãs” (FONTES, 2001), também há uma valorização, no mercado comercial, de profissionais que desenvolvem atividades voluntárias. Há também, muitas vezes, o ganho direto do voluntário que inicia o trabalho como voluntário e depois é contratado, não que essa seja a idéia inicial, mas é uma forma de aliar a identificação com a causa ao trabalho regular, remunerado. “Eu tenho resistência em ir para outro trabalho, fazer um estágio em outra instituição, pois me apaixonei pela causa e me sinto parte de tudo que está criado, pois tudo é com muita luta, muito esforço” (Entrevistado 4). Landim, em sua pesquisa apresenta as ONGs como bons locais de trabalho, de ambiente profissional, Desse modo, mesmo que o salário não seja o maior, muitos profissionais estão buscando o terceiro setor para aliar trabalho à qualidade de vida, à realização pessoal e ao bom ambiente de trabalho. Das pessoas entrevistadas, temos os casos que estão amplamente relacionadas aos aspectos profissionais aliados à história familiar e há também as que participam por amor. Além destas, há a criança e sua família que se envolvem no projeto por se sentirem parte dele e por identificarem a sua importância para dar mais qualidade e conhecimento para os diabéticos. Nós todos somos voluntários e pensamos que são 8.000 famílias envolvidas, para ter um melhor controle do diabetes. Tem tanta gente precisando, e a gente pode ajudar e isso é bom. Eu gosto de ajudar e poder levar este conhecimento da doença, pois tem famílias que descobrem o diabetes, e elas vão poder vir para o ICDRS, e se tratar ali. Tem gente de Pinhal que tem o nosso telefone, Caçapava, Porto Alegre. A gente sempre tenta ajudar a expandir, ter uma rede, para que vários de nós nos conhecemos, quanto mais a gente ajudar, mais a gente se sente bem e capaz de ajudar mais ainda e forma um ciclo que só traz bem (Entrevistado 9). Na entrevista da criança, fica clara a importâ ncia da formação de redes e o bem que estas trocas fazem para eles. As crianças que serão tratadas no ICDRS virão de todo o Estado, pois o Instituto pretende ser referência no atendimento e educação. Inicialmente as crianças que serão atendidas virão do Hospital Conceição. Como podemos verificar na entrevista: “As crianças que vêm pra cá inicialmente são do Hospital Conceição, 13 já são meus pacientes e depois os demais que vão vir de outras cidades e indicações” (Entrevistado 2). É importante verificar que, nas entrevistas, sempre há a idéia de integração nos trabalhos e a formação de redes de discussão, de ensino, de tratamento e, principalmente, de ajuda mútua (LANDIM, 1999). Os diabéticos participam todo o tempo, desde o início da ARAD e do ICDRS, como atores do movimento social, eles e a sua família, que participam ativamente e estão muito envolvidos com a doença, seus aspectos, suas características. Desde a alimentação que deve ser reorganizada após a descoberta da doença, até seus aspectos específicos, seus tratamentos e possibilidades, são acompanhados de perto pela família e também pelos profissionais da saúde. Os diabéticos se sentem parte do Instituto. As crianças comentam cada propaganda gravada, cada processo que foi feito e cada conquista que houve na construção e na captação de recursos. Eles têm uma relação de dedicação e amor ao projeto e à causa. As dificuldades de realização Os movimentos sociais surgem de uma ação coletiva, a partir de suas necessidades. Para ser concretizada, ela deve ser um projeto com atrativo e interesse para o público, que demonstre seriedade e responsabilidade nos seus processos e na causa do trabalho. Os parceiros para o desenvolvimento do projeto, pessoas públicas e empresas, no início, querem ter certeza de estar investindo em um projeto com credibilidade, confiabilidade. No decorrer do processo isso é confirmado, pelo Instituto, que se preocupa com sua imagem e em demonstrar onde estão sendo investidas as doações. Uma auditoria externa examina suas transações contábeis e bancárias, e a diretoria publica nos jornais os seus balanços. Essa preocupação com as demonstrações também ocorre porque o mercado social atual tem grande concorrência, e uma ONG não pode deixar dúvida da sua idoneidade, pois se perder a confiabilidade dificilmente conseguirá desenvolver seus projetos. Um dos entrevistados comentou que atualmente este mercado está bastante concorrido, porque várias organizações buscando recursos para projetos sociais. Nas entrevistas abaixo, podemos verificar a importância dada pelo ICDRS em demonstrar o seu trabalho e seus investimentos. Eu não estou no dia-a-dia do Instituto, mas acompanho como é que funciona e tenho curiosidade de saber como está tudo. Depois a gente tem também o envolvimento de credibilidade, então a gente publica o nosso balanço, há uma preocupação de mostrar para as pessoas que nos ajudaram a onde está indo o dinheiro, e isso continua. Mas eu sempre tenho o retorno dos processos e das coisas que estão acontecendo e, as vezes, se ficou prometido um dinheiro e não foi depositado eu tenho que fazer o contato e ligar (Entrevistado 1). Nós também buscamos uma auditoria externa, para dar credibilidade ao nosso trabalho. Assim, publicamos nosso balanço no jornal. Não é obrigatório, mas nós fazemos este trabalho para ser bem transparente (Entrevistado 3). 14 As ONGs são apresentadas pela mídia como organizações de credibilidade e confiabilidade, mas a preocupação do ICDRS é poder demonstrar suas atividades e onde está sendo investido o dinheiro dado pelos empresários, poder público e comunidade. E também há pessoas envolvidas, como o Entrevistado 1, que são pessoas públicas, e querem ter certeza de aliar o seu nome a projetos de confiabilidade e transparência junto à comunidade. Durante toda a construção do ICDRS, os trabalhos foram sendo apresentados ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, que é o parceiro público, para a manutenção do Instituto. Inicialmente, quando começou a negociação, foi elaborado e firmado um contrato de parceira entre o Hospital e o Instituto, contendo as responsabilidades e direitos de cada um. Assim os funcionários que trabalham no Instituto são contratados pelo Hospital, o material e medicamentos também vêm do hospital, e as cobranças das contas são realizadas pelo hospital. Ficam a cargo do Instituto todas as instalações físicas e suas benfeitorias, bem como a administração do estacionamento e salas para ensino, que também serão fonte de receita para o ICDRS. O Hospital é o responsável por toda a documentação dos pacientes e prontuários médicos. O sistema que está sendo utilizado no Instituto é o mesmo do Hospital, até para haver compatibilidade de informações, mas todos os equipamentos foram adquiridos pelo ICDRS. Os processos administrativos do Instituto serão os mesmos do Hospital, quanto à organização administrativa e assistencial (controle de infecções, recolhimento e segregação do lixo, rotinas de enfermagem). O atual Diretor Presidente do Instituto está cedido pelo Hospital para ser o chefe do ICDRS, assim como outros profissionais que acompanharam o ICDRS desde seu projeto e são sócios fundadores. Alguns também estão integrando o corpo profissional cedido pelo Hospital e desempenham suas atividades no Instituto. Neste período de desenvolvimento do projeto e construção do Instituto, que levou cinco anos, mudou a direção do Hospital, e as negociações tiveram que ser reafirmadas para poder dar segmento ao trabalho, pois se trata de um Hospital público, e cada governo, senão for do mesmo partido político, troca a direção. Neste processo de construção do Instituto, podemos verificar a visão de cada um dos entrevistados quanto às dificuldades enfrentadas para realizar o projeto. É importante avaliar que, para a maioria dos entrevistados, há diferença em relação aos aspectos que eles consideraram mais difíceis para concretizar o projeto. Fato este que se deve muito em função do cargo e do trabalho que cada um desenvolve dentro do Instituto, pois sua avaliação parte da sua integração no projeto e envolvimento nas atividades. O que foi mais difícil no processo de construção do ICD e está sendo ainda são as promessas não cumpridas. Nós estivemos três vezes em Brasília, na bancada com senadores e deputados gaúchos, e eles prometeram, prometeram e agora está tudo meio enrolado. Ficou só na promessa (Entrevistado 1). Esse entrevistado está no nível gerencial do processo e avalia, a partir da sua condição de personalidade social e de voluntário, as dificuldades enfrentadas, pois sua relação com o trabalho se dá nos aspectos macro do desenvolvimento, nas relações com os sistemas políticos formais, e não nos acontecimentos do dia a dia. 15 A maior dificuldade para desenvolver este trabalho é a captação de recursos é a credibilidade, é tu convencer que o teu projeto é fundamental que não é para o teu ego, é uma coisa séria, poucos trabalhos se destacam hoje no RS, e este trabalho de base que a gente faz é fundamental, e, no início, a matéria era pouco difundida, nós tivemos que mostrar nosso trabalho e buscar personalidades com credibilidade na comunidade para alavancar recursos. E existe uma competição de recursos entre o Instituto e outras entidades (Entrevistado 3). O entrevistado 3 trabalha há muito tempo com captação de recursos, e tem conhecimento do mercado social. Atua diretamente na busca de recursos e sabe que é importante para o projeto ter credibilidade para conseguir a adesão social. O que foi mais difícil foi a questão de lidar com os interesses contrariados das pessoas, que estavam contra e, muitas vezes, não abertamente e lutando para que o projeto não saísse, muito por inveja, foi difícil tirar o lixo era uma forma dos opositores dizerem que o problema era o lixo que não tinha para onde ir, este foi o problema que mais me perturbou, foram mecanismos que as pessoas contrariadas encontraram para trancar o projeto (Entrevistado 2). O entrevistado 2 tem a vivência do Hospital e, desde o início, sabia que teria dificuldades de desenvolver o projeto, em função dos conflitos de interesses. Por isso o projeto foi bem estruturado, “para já chegar de cima” (Entrevistado 2). Os conflitos de interesses, segundo ele, surgiam de pessoas que não queriam vê -lo concretizado, e a realização dos colegas incomodava. O que eu achei mais difícil para construir o ICDRS foi à burocracia que, muitas vezes, havia e esbarrava nas pessoas, então estes trâmites legais, às vezes, complicavam o processo. E arrecadar os recursos foi mais fácil até pelo apelo criança. Às vezes para liberar alguma autorização, alguma coisa não funcionava por causa da burocracia (Entrevistado 6). O entrevistado se refere à burocracia dentro do Hospital que, por sua estrutura complexa e por sua organização, muitas vezes, dificultava os processos. Bom, eu acho que quem sentiu maior dificuldade foi o pessoal que está aqui dentro, que teve que fazer a captação de recursos eles sentiram muito mais as dificuldades, porque lá no Hospital, o que eu senti é que algumas pessoas não valorizam este trabalho e acham que a enfermeira deve ficar em uma unidade cheia de pacientes para cuidar e não fazendo orientação de pacientes à parte da educação. Eu acho que esta questão é mais nova para as enfermeiras em geral. Nem todo mundo gosta deste trabalho. Eu tenho colegas que preferem estar cuidando de pacientes na UTI, cheio de tubos e cuidados e não tem um relacionamento com o profissional” (Entrevistado 7). Esse entrevistado sofre a resistência corporativa dos colegas, que não entendem e não querem trabalhar em um novo modelo de assistência à saúde, em que o paciente seja tratado por uma equipe multidisciplinar. Ficam restritos ao velho modelo de atendimento pautado na hospitalização, sem inovar e ampliar seus conhecimentos. Eu não posso te dizer isso, porque foi tudo tão trabalhado, tudo tão pensado onde nós colocaríamos este projeto, quem seriam os parceiros, tudo 16 muito bem planejado, e a Cristina é muito capaz e sabe tudo sobre captação de recursos. Então tínhamos uma pessoa que não existe outra igual em Porto Alegre. Foi um filho que veio ao mundo com dificuldades. Pegamos o Brasil com mudança de plano econômico, de governo, todo o projeto foi muito suado” (Entrevistado 5). Eu nunca senti dificuldade no trabalho para mim sempre foi tudo muito fácil. Eu não encontrei nenhuma dificuldade. Eu gostei das pessoas e me dei bem, nenhuma dificuldade (Entrevistado 8). Os últimos entrevistados apresentados acima, relativizam as dificuldades analisando que, apesar delas, todo o projeto estava muito bem planejado e desenvolvido com pessoas capacitadas, com bom ambiente de trabalho. Acreditavam e confiavam no grupo que estava desenvolvendo as atividades, se sentiam seguras quanto ao sucesso do empreendimento. Todos os entrevistados têm uma visão diferente das dificuldades, até porque esta avaliação nunca foi realizada pelo grupo. Cada um discursa a partir do seu sentimento, da sua participação e acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos. Como podemos verificar no projeto do Instituto, o trabalho não se encerra com a construção do prédio, pois ainda há outros projetos a serem desenvolvidos e muitos trabalhos a serem realizados para melhorar a qualidade de vida dos diabéticos. O Instituto da Criança com Diabetes continua com a captação de recursos para poder desenvolver os demais projetos, como construção do albergue, aquisição de equipamentos, desenvolvimento de pesquisas. O que pode acontecer é este processo ser um pouco mais facilitado, pois agora já há uma estrutura e uma identidade formada no mercado social, com um conceito positivo sobre as atividades desenvolvidas pelo Instituto e muitas das dificuldades relacionadas anteriormente já foram vencidas. CONCLUSÕES As Organizações Não-Governamentais se expandem no Brasil, a partir dos anos 90. Na área da saúde estas iniciativas crescem para suprir uma necessidade da população. No estudo realizado no Instituto da Criança com Diabetes Rio Grande do Sul (ICDRS) foi possível analisar e identificar que o movimento foi gerado principalmente por atores sociais, com histórico familiar da doença e também por questões profissionais. É interessante ressaltar que estes atores sociais que se mobilizam para criar o ICDRS, constituem uma elite, e na pesquisa de Reis (2000) foi relatado que a elite pouco se importa com os problemas sociais da comunidade ou se acham responsáveis por resolve-los. Também não é típico na elite a coletivização de processos decisórios, mas contradizendo estes aspectos o grupo se une e cria um local para atendimento igualitário da comunidade e com a sua participação. Estas pessoas se aproximaram por características identitárias, por conhecer de perto o problema dos pacientes diabéticos e do sistema de saúde no Brasil. O seu conhecimento e a sua necessidade geraram a ação coletiva que desencadeou o processo de criação do ICDRS. A partir da aproximação dos atores, eles começam a organizar estratégias e buscar parceiros que sejam capazes de ajudá-los no desenvolvimento do seu projeto. Na mobilização que há para a criação do Instituto, a mídia, que é o quarto poder, segundo Gohn (2002), já discutido neste trabalho, é forte aliada no processo 17 de validação e apoio do projeto. Este fator vai se dar em parte pela interpessoalidade, pois há vínculos de amizade e parentesco entre um dos atores do Instituto e um importante profissional da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS). A interpessoalidade aparece todo o tempo como forte aliada no processo de construção do Instituto, como facilitadora das ações. Os indivíduos que formavam o grupo, estabelecendo uma rede de relações, tinham importantes contatos na nossa sociedade que podiam dar sustentabilidade e legitimidade ao projeto e principalmente ajudar nos acessos ao poder público, aos empresários e á população através da mídia, assim como tinham o apoio de todos. Esta mobilização era organizada e profissionalizada e sempre buscou as “pessoas-chaves”, quando não as tinha, para apoiar o projeto. Esses fatos revelam o quanto é importante a rede de relações para o sucesso de projetos do terceiro setor. A ação que gerou essa mobilização não é reivindicatória como os movimentos sociais dos anos 70, pois é uma ONG estruturada com um modelo de gestão com base em um planejamento estratégico, com desenvolvimento forte de marketing social para captação de recursos e informação sobre o diabetes. Além disso, o que está se buscando é a melhoria da qualidade de vida do grupo de diabéticos, seus familiares e da qualificação dos profissionais de saúde, enquadrando-se no modelo de terceiro setor que surge a partir dos anos 90. O terceiro setor é fundamental para o desenvolvimento do mercado social, uma vez que se propõe a melhorar a qualidade de vida e tem a confiança da sociedade, por causa de suas apresentações contábeis, dos projetos desenvolvidos e da mudança realizada na vida das pessoas e resgata a participação comunitária em projetos sociais. A participação da comunidade no Instituto é formal, pois existe uma hierarquia e uma organização dos trabalhos que são desenvolvidos. A maior participação social é através da captação de recursos, de campanhas publicitárias e das corridas. Essa participação é fundamental para os indivíduos, visto que eles se sentem parte do Instituto e também gera o capital social, pois os diabéticos estão sempre em grupo, trocando informações, participando dos eventos, sabendo de cada processo realizado no ICDRS. A ação é um mundo e não se esgota em uma única participação, abrindo-se cada vez mais oportunidades para a inserção dos indivíduos no processo, e a ação arca com a condição humana da pluralidade (ARENDT, 2000). A forma como a participação vai se dar no Instituto vai depender muito da atividade e do campo de atuação de cada ator. Assim, os membros da ARAD terão uma ação mais voltada para as negociações políticas e o mercado comercial, por meio do apoio para a compra de medicamentos e interlocução com o Estado para a doação de medicamentos e benefícios para os diabéticos. Já o poder decisório no gerenciamento e manutenção do Instituto estará a cargo do parceiro público e também dos técnicos do Instituto, que são os profissionais que se aliaram ao projeto por questões pessoais e profissionais. Desse modo, se darão conta da mobilização de recursos e também da mobilização política, ambas necessárias para a mobilização social. Essa participação e essa mobilização não se encerram com a construção do Instituto, pois há muito ainda para pesquisar e descobrir sobre o diabetes e para melhorar a vida dos pacientes. O importante é poder gerar capital social difundir o conhecimento e as informações para todos: pacientes, familiares, médicos e demais profissionais que atuam nesta área, tendo um impacto social importante na vida dos 18 pacientes, que serão beneficiados com todos os avanços e informações adquiridas no ICDRS. As ONGs hospitalares crescem no Rio Grande do Sul e se consolidam como um novo modelo de atendimento para os pacientes e um forte parceiro para o Estado. Acreditamos que este é um modelo de sucesso que vai servir de exemplo para muitas outras ONGs em todo o Brasil, pois se propõe ao atendimento integral dos pacientes nas suas especificidades e faz a parceria com o poder público e com o setor privado. Transitando entre ambos, com captação de recursos e melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Para o Estado que não têm condições de ampliar seu atendimento é excelente ter este parceiro, pois haverá um atendimento com qualidade e o recurso do sistema único de saúde será repassado para o mesmo. Para o setor privado há todos os benefícios de cumprir com sua responsabilidade social e investir na melhoria de vida da população e muitas vezes com isenções de impostos. Este modelo se consolida fortemente pela iniciativa do terceiro setor, pelo apoio e interesse do Estado, da comunidade e das empresas, é um trabalho que complementa o sistema e fortalece o atendimento público. REFERÊNCIAS ABRAMGE. <http://abramge.org.br> Acesso em: 22 de ago 2003. ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo; posfácio de Celso Lafer. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. _______. A dignidade da política: ensaios e conferências. Organizador: Antonio Abranches; tradução Helena Martins e outros - Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993. _______. 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