Transcribed in 1977 from tape, single-spaced on manual typewriter without keys for accents. Text below is based on OCR in 2007 from original transcription. It was compared with original transcription to correct errors in OCR and reformatted for clarity. However, neither language nor typographical errors from 1977 are corrected. Tape G, side I , p.l Baza, PCFLM, 15 June 1977 (...) B.:: O meu pai é de Quelimane, ele casou cá com minha mãe. J.: Ela é de LM? B.: Sim é de LM. Casou e depois nasci. J.: Então quantos irmãos você tem? B.: Eu, agora, só tem 3 irmãos e mais duas irmãs. Mas tinha 7 irmãos. J.: E os seus irmãos morreram? B.: Morrerem, eh, sim, uma que estava a trabalhar comigo cá em Zona C e mais 2 irmãs. J.: Os seus irmãos morrerem quando era jovens. B.: Uma morreu a poucada, era casada, só três anos. Os outros morrerem quando era pequeninos com 5 ou 6 anos. J.: E o seu pai, quando ele vinha cá de Quelimane, vinha cá procurando trabalho ou quê? B.: Veiu procurar trabalho, e ele quando chegou cá trabalhava no Imprensa Nacional como funcionário lá. J.: Ele precisava que tipo de educação para ser funcionário? B.: Ele, claro, ele tinha pelo menos 4ª. classe, mais era impressor, eh, impressor. J.: Como se chamava o seu pai? B.: Chama-se Mite Baza. J.: Sabe mais ou menos em que ano ele vinha cá? B.: Oh isso, não posso dizer. Já não fixei isso. J.: Mais em que ano você nasceu? B.: Eu, eu nasceu em 1930. J.: Quem era o primeiro filho? B.: O primeiro era filho já morreu há muito tempo, saiu três irmãos; 2 irmãos e 1 irmã, filha. J.: Então parece que ele casou em talvez 1925. B.: 1925, talvez, 1925 não (tape cuts off notes give 1920 as date we settled on). break J.: Agora sua profissão aqui? B.: Sou 3a escritorário. J.: Havia outras pessoas morando na sua casa quando era jovem? Era só a sua família ou tinha talvez tias ou tios? B.: Havia outra família materna, avô, que era o tio da minha mãe. Tinha essa família só. Até morava lá a 16 km de Namacha. Tinha lá criação de bois. J.: Era da família da sua mãe? B.: Era. J.: (break tape I asked him where his father was born and how he came to LM) B.: O meu pai veiu cá com amigos (de Quelimane). J.: Veiu com outros amigos, não era recrutado? Era...independente? B.: Sim. J.: Como ele veiu cá, Navio? B.: Sim, por navio. Agora não sei com certeza que ele não veiu cá contractado. Nem toda a história tinha contado, mas o que eu sei, talvez ele veiu com um Sr. para trabalhar na casa dele e depois procurou Serviço na Imprensa Nacional. Mas se a sra. portanto até agora foi para o cemitério ali estão velhos...velhos, velhos até eles lhe conheciam. Eu chego e disse 'Halo vovo, você não me conhece? “Ah não”, “Sou filho de Mite Baza”. “Ah, meu filho!” Eu também não lhes esqueço. Eles dissem: “Oh meu filhote” e começa abraçar. J.: Gente são assim. B.: Sim, não esquece. J.: A sua mãe como se chamava o pai dela? B.: O pai dela se chamava Enchinga. J.: Que língua falava em casa? B.: Falávamos Ronga e Português. J.: A sua mãe falava Ronga, mas o seu pai? B.: O meu pai falava Português, pode perceber Ronga, só isso. J.: Qual foi o seu 1º. emprego em LM. B.: Eu, o meu lá emprego depois de escola foi lá onde trabalhava meu pai. J.: Imprensa Nacional? B.: Então foi lá como filho do falecido... pois, mas quando cheguei lá não havia vaga, quando não havia vaga, mandava para Minerva Central. Eu cheguei lá e foi admitido como aprendize máquina de pontar. Eu trabalhei ali mas estava um encarregado lá que não se dava bem commigo. Eu foi sempre calado. (shut up, kept separate, told to pipe down) E ele não se dava bem comigo. Não deixava que eu aprender o serviço a vontade, mas eu apanhava o serviço, quando alguém faltava serviço eu ficava a fazer o serviço com um máquina grande e eu era pequeno. E depois mais tarde, eu aborrecido, quando aborrecido fui para casa. Meu pai não estava. Depois eu disse a minha mãe. Olha, estou assim mas não sei o que vou fazer, para sustentar meus irmãos. O que que nós vamos fazer? Não sei mãe, depois ela, “Como estás bem, convém fazer o instrução, G–1-2 (cont.) tirar cartão de chauffer.” Minha mãe era. muita amica, éramos muitos. “Ta bem, mãe, mas deixa dizer vida... Eu fugiu. Tenho o irmão, que trabalha aqui e irmã que disse morreu, Eu fugiu, eu disse (to his brother & sister) acompanha. Eu gostava muitos dos dois. Os dois acompanharam, até, até com pouco dinheiro que tinha até cheguei lá ao pé do Inculene (?), onde passe o comboio. “Ta bem, vocês voltam para casa e vocês não procuram para mim, hoje, nem amanhã. Porque eu vou, vou ver se arranja emprego para comprar fatos para vocês, muita coisa. Mas vocês voltam. Quando vocês chegarem casa não disse nada a mãe (para mãe não preocupa, porque gostava muito dela). Vocês não dizem nada hoje, nem amanhã, mas depois da manhã tá bem, depois dizeram, depois de manhã, porque nesta hora já estaria muito longe. Eu já estava longe. J.: Você apanhou comboio? B.: Ah, apanhei.. primeiro foi a pé. Cheguei lá em Machangele, lá longe. Depois ali, procurei serviço para arran jar a comida até Af. do Sul. Ali fiquei, éramos muitos. Aquella comida, era feio mas comi. Depois no dia seguinte era recrutado para Af. do Sul. Cheguei lá Af. do Sul. J.: Em que mina? Era para as minas? B.: Era, mas já nao esta. Era Newstaad, em Springs. mas agora não há. E depois eu lá fiquei. Assistei aquella ensinamento, não eh. Estágio, como entrar na mina, como trabalhar, para as pessoas não entrar assim estúpido. Eu entrei na escola. Claro, não sabia a língua, mas fui aprender. Aprendi aquelle Xosa, Zulu, aprendi, aprendi, a rapaz ficava um poquinho avancado. Entrei nas allegados, a parte do prazo usualmente a pessoa, aquillo aprendia em 6 mezes, eu aprendi em dois meses, fiquei bem. Quando foi trabalhar, já não trabalhava como os outros. Eu fui, mas ali fiquei bem lá ensima. Como eu trabalhava avanca ensima eles – vem que este pode ajudar os outros. Trabalhei, trabalhei e escrevi, minha mãe escreveu, escrevi, mandei dinheiro. Mas pode vir que isto só não basta. Eu só? de vir cá. Porque tu (mãe) comigo claro todo que eu tenho é teu. Tu sabes muito bem. Eu posso sofrer, mas tu não possas sofrer. Mas eu procurei serviço como trabalhador, trabalhei, trabalhei lá até 1955, voltei. J.: Então, foi lá a lá vez em que ano? B.: Foi em 1948. Sai de lá de Af. do Sul fui para Freihold, Natal. Entrei outra vez nas minas de carvão, carvão de pedra. J.: Minas de carvão é trabalho muito violento! B.: Eh e até apanhei lá isso (showing a deep scar on his arm.) nas minas de carvão. Trabalhava com aquella máquina até eu fiquei assim, não sei porque, não (unclear) e depois saí de lá e vi cá em 1955... a de voltei tirei nova carta. J.: Carta de chofer? B.: Eh. J.: Para ser chofer, o que a gente precisava fazer? B.: Precisava ter 4ª. classe, estado médico, para saber que está bem, vista todo, corpo e precisava. J.: Fazer o exame, ou dirigir o carro para outros ver se você pode dirigir. B.: Sim, Yah, Depois andava na rua e tudo isso, tinha que ter um documento que disse que não foi nada milandro. Tirou no registo criminal e depois eu com isso carta de chofer arranjei serviço com um médico lá ensima. J.: O Médico, Como se chamava ele? B.: Doctor Remédio, chamava, Dr. Remédio J.: Interesante nome para o médico. B.: Era o nome dele, Pois eu trabalhei lá como chauffeur - Sabe quanto eu ganhava lá? 800$ escudos. J.: 800$ cada mez. B.: 800$ só por mez. J.: E durante este tempo onde morava? B.: Morava com os meus pais. E depois, trabalhava, trabalhava, a vida não pagava com este dinheiro. Então disse para minha mãe, “Mãe não posso... Ela disse - Não digas outra vez que queres ir para África do Sul... J.: Quanto ganhava mais ou menos lá na África do Sul, muito mais de 800$? B.: Ganhava! Ganhava! Eu lá tinha máquinas a pé. Eu depois da horas cortava cabelos, as vezes tirava 500$. Eu practicava até já assim lá orientava comprei as coisas assim, que minha mãe ficava satisfeita mas minha mãe não gostou que eu afastasse. Minha mãe sempre gostou que eu estivesse ao lado dela. Sempre gostou. Mas apesar de ter irmãs, não minha mãe gostava mais de mim. Depois trabalhava, trabalhava cá fiquei até mesmo meus estes rapazes que temos aqui patrões aqui gostavam muito de mim, mesmo na profissao. Eu sei mas agradável eu conduzir o patrão, ou a Sra. todo. Eles viam que eu tinha jeito no trabalho. Eu não fazia o carro assim (showing quick turns, stop go) Não, Devagar assim. Mas depois eu disse mãe, mãe não posso porque estou a ganhar muito pouco. Não chega para nada. G-1-3 J.: E não pediu o patrão para mais dinheiro. B.: Pedi, só me deu 50$ por mez. 50$ não era por falta de dinheiro, até fazia mais mais dinheiro. Porque além disso, de ser chauffer, era cobrador. J.: Cobrador? do imposto? B.: Cobrador do proprietário dum prédio, casa grande ali na 24 de Julho na esquina. O prédio grande, eu ali era cobrador de terreno dele também. Era cobrador do terreno além de fazer uma coisa só eu fazia muito coisa sempre. J.: A gente se chamava isso biscate? B.: Yah, Biscate. J.:Então tinha pelo menos um biscate, agora, parece que tinha dois. B.: Tinha dois eh. E depois pedi para sair. J.: Para África do Sul? B.: Baza, Eh, Eh, para outro lugar. J.: Onde pediu? B.: Eu pedi lá, ao meu patrão. J.: Pois. B.: Eu pedi para sair. “Mas porque Baza?”, porque eu... o dinheiro que me dá não chega para minha mãe, meus irmaos, meu pai já não têm nada. “Aha, certo, Já não pode sair” – ele zangou, zangou muito comigo. O filho dele também zangou muito comigo. Não, esta bem, eu disse, ta bem”. Eu cheguei, eu tinha sorte. Eu procurei serviço. Arrangei. Arrangei na lavanderia. J.: Fazendo o que, o lavagem? B.: Mas como conductor para aquillo roupa que lava, pasa, poinha do carro e eu vou distribuir.. Vou deixar e buscar a roupa suja. Eu tinha meu ajudante que a gente faz ajudo. Eu recebie, escrevei depois de tal... eh. Ali ganhava 2,000$. J.: 2,000$ cada mez. Então era muito mais dinheiro. B.: E muito mais dinheiro em relação. Depois agora la “você fazer milando.” “Você fugiu, robou muito coisa”. Eu não tenho fugido, não tenho roubado nada. Eu foi (to speak with his boss) chamado, eu foi. (The patrão was inquiring about his having left the former job as chauffeur) “Ah, já deixou o serviço, deixou o patrão”. “Sim, eu deixei porque me dava 800$ e 800$ não me chega para nada. Tenho mãe, do que. .. o quem trabalho e eu, meu pai não faz nada”. Então, Sr. Então tem razão”. J.: Foi para o administração do Concelho para, fazer isso? B.: Sim com caderneta. J.: Porque se quisesse sair do seu patrão ele precisava assinar? B.: Assina ali na caderneta. J.: E se ele não assinasse, não podia ir? B.: Não pode ir. Eu fiz... eu disse ao meu patrão tem que assinar a gente tem que perceber. Eu não vou andar no barco. (I’m not going to São Tomé for a milando over non-recinded contracts). Eu fiquei lá. Eles gostavam de me lá na lavandaria. Aumentarem meu dinheiro. Eu depois arranjei serviço aqui nos CFM. J.: Em que ano? B.: 1963 no fim. Quasi no fim. Arranjei serviço lá. Entrei a cartão semanal depois trabalhei nas sinais para acenar parar as vagões. J.: Então CF não era o porto? B.: Aqui no cais, trabalhei ali nos escritórios dava mais já. Depois chamava me para o inspecção. Inspecção seccção, perto do chefe dos cais, ali no entrada, inspecção, chefe do cais. Eu cheguei ali, trabalhei com, era ajunto chefe do cais, Manuel de Conceição Rodrigues, era ajunto inspector chefe do cais. Eu trabalhei com ele como marinheiro. Abastecimento de água e óleo nos navios, atracação de navios, como eu tinha carta (chauffeur) eu não cheguei pedir serviço da coisa mas como tinha carta, às vezes fica buscar o carro aqui no grupo, fazer os serviços, às vezes ele queria ir ali para matola ver o serviço e todo, e eu fico como conduzir. E nisso ele node vir que eu era bom ficar a conduzir e depois lá quando eu saiu de lá. O Dr., o dr. não quis ter outro chauffer (Dr. Remédio whom he had worked for before going to the laundry). O filho dele não quis conduzir. Não fica bem vale a pena “O Baza, não sei, só ele sabe este carro, não sei o que”. Ele ficou chocado até senti, porque depois alguns mezes morreu, heart attack. Quando gosta duma pessoa, eh assim, acontece. Depois aqui passamos lá. Tinha um carro camioneta depois tinha um motorizado, eu fazia o serviço. Eu ganhava 350$ semana, depois tinha horas extras. Foi subido aumento, horas extras e cheguei a ganhar 500$ por semana. Eu com aquelle serviço, a vir subindo, depois 500$ e tal por semana. Já tinha 2 contos e tal por mez. Trabalhei, trabalhei. Eu faria muito mal. Eu dele sempre falava bem, mas ele (his boss) era malcriado, malcriado (rodrigues). Ele zangava com qualquer pessoa mesmo com o director mesmo, mas comigo ele era (Ah Baza!. The tape here is beginning to deteriorate due to the batteries and so the transcript is hard to nick up, but this is close). Trabalhei, trabalhei, estava aqui outro reformou, depois ele, o Capitania do Porto, era comandante corceiro, ele estava aqui, estava trabalhar juntos. Agora Manuel Rodrigues pediu licença para Lisboa. Ele foi lá seis mexes. Eu ficava com o G–1–4 Baza continued... Comandante Corceiro. Como outro gostava de me ele, ele não gostava de mim. O contrário. Qualquer coisa, não sei, ele falava com o director que agora morreu. Foi chamado para o secção de pessoal. Antigamente chefe do pessoal. Ele... eu nunca faltava o serviço, qualquer serviço que dava, eu sempre ia. Ele sabia que eu faz espectáculo, toca violão, dança, até marionetas... J.: Como biscate. B.: Sim fora de serviço. J.: E ganha nisso? B.: Sim, ganha qualquer coisa. J.: Quando começou com estes espectáculos? B.: Eu, os espectáculos, claro depois de serviço tocava com meus amos e depois a gente... (This is too fast to pick up word for word because of the batteries, but what he said is generally that he and his friends became known for their music and showmanship and began to be invited to give shows at clubs and parties. Eventually they got contracts outside Mozambique. The group got about 3 contos a night which went for expenses, salary for them all. I asked if the government didn't mind their traveling- out of the country and all, since this was during the luta already and many Africans who had international passports had had some trouble. He said the government didn't sponsor him, they just permitted him. He didn't have to have a padrinho. They could have given him a hard time, but he was persistent, followed all the channels and they didn't give him a hard time. The chefe of the cais saw he had had success here and appointed him to be director of social services for the shibalos at the new pousada. They organized dancing and cultural shows for the shibalos. Oriented cultural activities. He was about six months in the country and six months out of the country. They worked on worksongs to instruct people, coordinate work and thus prevent accidents. He stayed at work at the pousada for a long time, but the encarregado didn't like him and what he was doing there. He thought (or Baza thought he thought) that a white should be doing that job. That the job was too important for a Black to be doing it. In 1970, the cipais of the pousada liked Baza, but the white encarregado didn't. (here the tape is unintelligible.) Baza was called to appear before PIDE. He didn't tell anyone he was going, just got all dressed proper that day and went before the committee. They wanted to know why his bosses were annoyed with him. He said he didn't know he just did his job. They questioned him, but since there was nothing he had done that they could latch on to he was let go. People didn't trust him for a while after that, but nothing came of it.) Baza, continued Side 2. B.: Eu não me interessa nada com isso, porque fazia com eles fazia, mesmo com eu tinha mulher casado. Não tinha nada a fazer com isso. O homem mesmo, o homem trabalha donos quintais, homem casado tinha os seus próprias dias para ir para casa. Não deixava ir todos os dias. J.: Por causa antigamente, não sei a palavra em Portuguese, é curfew em Inglês, depois duma certa, hora na noite, a gente africana não pode ir na rua. B.: Muito, muito certa não era, por causa disso, porque um papel do patrão... J.: Era um documento de livre... B.: Livre trânsito... J.: E sempre precisava este documento. B.: Yah, por exemplo trabalha a serviço, acaba às onze a noite. J.: Os seus serviços... B.: O patrão pediu a administração o documento de livre trânsito para a gente andar com este documento livre trânsito. J.: E se a polícia tem uma palavra, ou falava consigo... B.: Monstra. J.: Conhece o nome João Albasini? B.: Que trabalhou aqui. J.: Não, morava, ele morreu quando você era tão jovem, ele era redactor do jornal Brado Africano antigamente. Conhece o jornal Brado Africano? B.: E só que o nome, tenho um memória só. J.: Antigamente, quando o Camarada tinha problema com o seu patrão, coisas assim, era alguém neste cidade qualquer Africano com quem você podia falar para ajudar? G–1–5 Baza, Roberto Tembe Tape G. Side 2 Baza shook his head. J.: Não era ninguém? B.: Quando tinha um problema com o...? J.: O patrão, ou com o polícia não tinha uma, como se chama, um padrinho, ou coisa assim que pode ajudar você? B.: Todo era a base do padrinho! Tudo era a base do padrinho! Mesmo que tivesse sua coisa., errada, mas com um padrinho, coisa fica... porque o padrinho ia falar com o chefe lá... chega lá disse pronto, isso, isso, isso, acaba assim. J.: Muito gente tinha padrinho ou não? Baza nods. J.: Sim. J.: E nesta situação era bom para você ter um padrinho, mas o que nesta relação, o que o padrinho... porque alguém queria ser padrinho para outro pessoa... o que ele ganha por isso? Só a influência ou só...talvez não estou falando bem.. B.: Estou perceber... ganhava muito coisa, outros ganhava cabrito, mesmo boi, dinheiro...tudo! J.: Então se alguém estava sua patrão (intended to say padrinho and in the context Baza clearly understood I intended padrinho) de vez em quando você lhe deu um cabrito ou coisas assim para ajudar ele, porque (quando você) às vezes ele vai ajudar você depois, pois. B.: Sim, sim era mesmo a base disso, o padrinho era mesmo a base disso. Porque como ia dizer... mesmo advogado... com um problema muito grave... ia falar com o advogado, dava um pato... depois de mais coisas de resolver este milando por exemplo coisas de compra e de venda, depois de resolver este milando depois de você ganhar este dinheiro guarda o meio para mim (advogado). Era assim. E por isso só mentava as coisas, e por isso as mentiras, as mentiras não parava. Era sempre mentiras, sempre mentiras para que... como quem disse este mundo é para os respectos, eu que vi brava... mas respectos para falar coisas que não há. Eu da semana antepassado cheguei em casa. Deixou o carro de fora, comprei feijão, feijão... J.: Sim, para comer. B.: Sim e depois deixou carro fora cheguei, deixei ficar para não ter força tirar feijão que comprei lá fora, depois o meu filho com quatorze anos chegou. Chegou aquelle carro espreitou, pois quando espreitou assim pois o mala assim, o saco, não soube o que era aquillo, pensou que era amendoim, penso, o meu filho. Ele só chegou ali, e amendoim. Foi em casa e depois disse a mãe lá, “Papa traz amendoim ali no carro.” E minha mulher “Ah pa, então traz amendoim, eu não disse nada?” “Eh, amendoim não, onde?” (Ela) “La no carro”. E feijão! Mas, quem disse que era amendoim?” “Teu filho!” “E mentiroso, meu filho, chama lá, e mentiroso. Eu peguei nas orelhas e disse, você, você, ninguém pode proibir você abrir aquillo, você ir lá tirar e ver mesmo não é roubado. Você, você é mentiroso. (All good natured fun to show how small things can be turned and how things even between people who may intend well become lies.) End Baza, 15 June 1977 Begin Roberto Tembe 15 June, 1977 J.: Onde mora? RT.: Moro em Chamanculo. J.: Em que ano nasceu, sabe mais ou menos em que ano nasceu? RT.: Nasci 1896. J.: 1896, parabéns! J.: Onde nasceu? RT.: Em Catembe. J.: O Camarada conhece Saul Tembe que trabalhava aqui na Câmara Municipal? RT.: Saul Tembe? J.: Sim, Saul Tembe que trabalhava aqui na Câmara Municipal. E só que na semana passada eu estava falando com alguém chamado Saul Tembe. RT.: Com certeza conhece pra ver mas não posso dizer. J.: Então a sua idade agora, tem agora 81 anos. RT.: Sim. J.: E a sua profissão...antigamente, agora o Camarada não trabalha ou ainda trabalha? RT.: Sim, trabalho em Zona B-C. J.: B-C, ainda trabalha? RT.: Sim, em B-C. J.: O Camarada pode lembrar o seu primeiro emprego nesta cidade? Antigamente o seu primeiro emprego cá? RT.: Antes de entrar no caminho de ferro, o meu primeiro emprego era professor da escola de missão Suisse. J.: Quando você primariamente foi para a missão Suisse? Foi lá para escola? RT.: Sim foi. J.: Para aprender a bíblia? RT.: Não, não para a bíblia, só escola estudava pouco pouco a bíblia, mas foi sempre escola aprender.