OUVIR HISTÓRIAS: UM IMPORTANTE ESTÍMULO EM
QUALQUER IDADE
Daniele Magrini1
Elizandra Soccol2
Luana Gorrosterrazú3
Angelice Melânia Barancelli Slaviero4
RESUMO: A contação de histórias é um grande instrumento para despertar o senso crítico e reflexivo
nas crianças, afinal da história se torna mais envolvente quando a criança (ou mesmo o adulto) se
identifica com ela pelas suas “experiências” de vida. Acredita-se que esta seja uma atividade necessária e
imprescindível, pois a contação de histórias auxilia na formação humana e, por isso, deve ser valorizada e
desenvolvida a fim de potencializar a imaginação, a linguagem, a atenção, a memória, o gosto pela leitura
e outras habilidades humanas, além de contribuir no processo de aprendizagem e socialização da criança.
Partindo dessas pressuposições o presente artigo é o resultado oficinas pedagógicas realizadas em duas
entidades com realidades diferentes: APAE e Lar dos Idosos em Getúlio Vargas, nas quais se buscou
contribuir para o desenvolvimento cognitivo e afetivo das pessoas ali presentes, através da contação de
histórias, buscando estimulá-las à leitura.
PALAVRAS-CHAVE:
aprendizagem.
Contação
de
história,
oficina
pedagógica,
leitura,
ABSTRACT
Storytelling is a great tool to awake the critical and reflexive sense in children, after all,
the story becomes more attractive when the child (or even the adult) identifies himself
or herself with the story by his or her life “experiences”.
It`s believed that this is a necessary and vital because the storytelling helps in the
human’s formation, which is why it has to be valued and developed in order to intensify
the imagination, the oral language, the attention, the memory, the reading appreciation
and other human abilities, besides contributing to the child’s learning and socialization
process. Taking these presuppositions, the following article is a result of a pedagogical
1
Acadêmica de Pedagogia – IDEAU. Capacitada em RH para atuar com DI-IDEAU; Pós-graduanda em
Educação Especial em ênfase em DI-IDEAU; ([email protected]), Rua Luis Bergamini n° 345,
Bairro Consoladora, CEP 99900-000, Getúlio Vargas-RS
²Acadêmica de Pedagogia – IDEAU. Capacitada em RH para atuar com DI- IDEAU; Pós-graduanda em
Educação Especial em ênfase em DI-IDEAU; Professora Maternal I ([email protected] ), Rua
Pedro Dallacorte nº 95; Bairro Santo André, CEP 99900-000; Getúlio Vargas-RS.
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Acadêmica de Pedagogia – IDEAU. Capacitada em RH para atuar com DI-IDEAU; Pós-graduanda em
Educação Especial em ênfase em DI-IDEAU; Professora de Matemática. ([email protected]),
Rua EditKurtz, nº 2090;Bairro Nova Era, CEP 99900-000; Getúlio Vargas-RS.
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Orientadora. Professora de Português e Literatura. Especialista em Leitura, análise e produção textual.
Mestre em linguística. Professora do Curso de pedagogia da Faculdade IDEAU, professora de cursos de
Pós- graduação. Rua João Bortolini nº 09, Estação, RS - CEP: 99930-000 ([email protected]).
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workshop in two corporations with different realities: APAE and Lar dos Idosos in
Getúlio Vargas, in which it was tried to contribute to the cognitive and affectionate
development of the present people through storytelling, aiming the reading stimulation.
KEY WORDS: Storytelling, pedagogical workshop, reading, learning.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente trabalho aborda um tema de extrema relevância na área da
pedagogia, a contação de histórias, através deste, pretende-se proporcionar experiências
de prazer e aprendizado em todas as etapas da vida do ser humano. É o resultado de um
trabalho prático desenvolvido na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE) e no Lar dos Idosos em Getúlio Vargas.
A contação de história é um dos meios mais antigos de interação humana usada
por meio da linguagem, para estimular a imaginação, a fantasia, transmitir
conhecimentos, sendo também empregada para trazer valores morais e desenvolver o
interesse pela leitura. Para Coelho(2006), a história aquieta, serena, prende a atenção,
informa, socializa, educa.
[...] a história é importante alimento da imaginação. Permite a auto
identificação favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a
resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral,
sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida. Descobrir
isso e praticá-lo é uma forma de incorporar a arte á vida[...] COELHO, 2006,
pg. 12.
Na concepção de Abramovich (2005), o significado de escutar histórias é tão
amplo... É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, das
dificuldades, dos impasses, das soluções, que todos vivemos e atravessamos, dum jeito
ou de outro, através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não),
resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história (cada um a seu modo...) e assim
esclarecer melhor os nossos ou encontrar um caminho possível para a resolução delas...
É ouvindo histórias que se podem sentir (também) emoções importantes como: a
tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria, o pavor, a impotência, a insegurança e
tantas outras mais, e viver profundamente isso tudo que as narrativas provocam e
suscitam em quem as ouve ou as lê, com toda a amplitude, significância e verdade que
cada uma delas faz (ou não) brotar.
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METODOLOGIA
A contação de histórias é um instrumento muito importante no estímulo à
leitura, desenvolve a linguagem, é um passaporte para a escrita, desperta o senso crítico
e principalmente faz os ouvintes sonharem. Os contadores de histórias são os
mediadores desse processo, e tem uma tarefa muito importante que é envolver o ouvinte
na história dando vida aos sonhos, o despertar das emoções, transportando para o
mundo da fantasia.
Narrar ou contar histórias é uma arte milenar. Antigamente era o contador de
histórias o detentor da experiência, do conhecimento e da sabedoria. No passado, esse
rito familiar criava um clima intimista entre as gerações nas sessões de contação de
histórias. A figura do avô ou da avó era ícone do faz-de-conta, agente de introspecção
imaginativa das crianças, jovens e adultos. Com o passar do tempo, as brincadeiras
entre crianças reproduziam simbologias de momentos mágicos extraídos dos livros
literários impressos. Atualmente, com a supremacia da imagem, da televisão, do
computador e da informação, as histórias contadas ou narradas por um interlocutor,
oferecem um divertimento que está implícito em cada um, com seus valores subjetivos.
Como os tempos mudaram aquela relação intimista entre as gerações ficou
prejudicada pelo ritmo acelerado dos ritos da sociedade moderna e a nova figura do
contador de histórias dividiu o espaço com o monitor de TV. As brincadeiras, antes
coletivas, sem perder os momentos de introspecção, assumem agora o caráter de um
isolamento e, nos momentos coletivos, reproduzem imagens prontas de uma trama
estereotipada. Em um mundo sem tempo, torna-se importante o resgate do instante
mágico da contação de histórias e da leitura.
Por meio de dinâmicas e vivências pode-se despertar o contador de histórias
que existem em cada um, estimulando, com técnicas elaboradas, a faceta sensível e a
poética inerente ao ser humano. Aprimora-se, assim, sua capacidade expressiva e
criativa, além de valorizar a relação com o livro como fonte de inspiração na busca de
disseminar o direito de formar não somente leitores, mas antes de tudo, cidadãos
sensíveis, mais humanizados.
O ato de contar histórias é uma das diversas formas encontradas para passar os
conhecimentos adquiridos de uma geração para outra, visto que as histórias são relatos
de experiências que trazem lições a partir das quais os mais novos continuam suas
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vivências, pode-se ainda dizer que é uma forma de possibilitar uma continuidade na
evolução humana. Assim entende-se que:
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares,
outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra
ótica...É ficar sabendo história, geografia, filosofia, direito, política,
sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito
menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 2005, p.17).
Ouvir história é embarcar em uma aventura. É como se viajasse pelo mundo
sem sair do lugar, é experimentar e conhecer através da imaginação coisas novas. Para
que se possa alcançar o objetivo pretendido, é necessário que a história percorra seu
percurso de maneira organizada, com começo, meio e fim e que sejam conhecidos seus
elementos.
Nesse sentido, vê-se a contação de histórias no âmbito escolar como uma
alternativa para uma experiência positiva com a leitura, superando então a tarefa
rotineira propiciada pela escola que transforma a leitura e a literatura em simples
instrumentos para as provas e, com esse procedimento, afasta o aluno do prazer de ler.
A escuta das histórias permite obter respostas a questões que nos intrigam e
possibilita que nos identifiquemos com os personagens e com eles podermos sorrir,
gargalhar, chorar, e assim perceber que outros, em circunstâncias diversas, sentem e
lidam com dificuldades que entenderíamos ser só nossas.
A maneira como se unem as ações de uma história é o que chamamos de
enredo, cada autor organiza as informações de um jeito. As ações são realizadas por
personagens. Quanto mais detalhes se usar para descrevê-los, mais realistas eles serão.
A literatura é uma riquíssima e inesgotável fonte de oportunidades para as crianças e
adultos compreenderem o mundo ao seu redor, através da fantasia e da imaginação. Por
isso é muito importante oferecer diversas formas de leitura a fim de despertar o interesse
e a atenção do leitor/ouvinte.
Uma leitura prazerosa e convidativa desenvolve percepção de diferentes
resoluções de problemas, a criatividade, a autonomia e até mesmo a criticidade; fatores
os quais formam e desenvolvem pessoal e socialmente o ser humano. O diálogo e a
intimidade que a criança/adulto estabelece com o que ouve ou lê é adquirido desde
cedo. É muito observado o entusiasmo e a expressão de qualquer pessoa ao deparar-se
com boas histórias.
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Meireles (1979) afirma que “o gosto de ouvir é como o gosto de ler”. A partir
dessa ideia, esperava-se que os leitores, sejam eles crianças ou adolescentes,
desfrutassem da contação de histórias não apenas como um mero momento de lazer,
mas que a partir dela fosse despertado neles o anseio pela leitura e escrita, de modo que
produzam e reproduzam suas próprias histórias, Dessa forma, esperava-se que ao
ouvirem histórias os leitores buscassem outras histórias nos livros, e despertassem para
a escrita e contação de suas próprias histórias, já que “o gosto de contar é idêntico ao de
escrever (...)” (MEIRELES, 1979, p. 42).
A literatura infantil pode influenciar na formação da criança, que passa a
conhecer o mundo em que vive e a compreendê-lo. A partir dessa reflexão, com base
em GOES (1990, p. 16) “A leitura para a criança não é, como às vezes se ouve, meio de
evasão ou apenas compensação”. É um modo de representação do real. Através de um
"fingimento", o leitor reage, reavalia, experimenta as próprias emoções e reações.
Vale ressaltar que quando referimo-nos aos benefícios da contação das
histórias para as crianças, abre-se um espaço para imaginação e a criatividade;
estimulando o hábito e prazer pela leitura; favorecendo o desenvolvimento intelectual
da criança; enriquecendo o vocabulário; estimulando a comunicação oral.
Assim é que as histórias podem ser inseridas em todos os espaços educativos,
tais como as APAES. A APAE é uma associação filantrópica que envolve pais, amigos
dos excepcionais e toda comunidade, com o objetivo educar pessoas com deficiência,
buscando o desenvolvimento da pessoa. As APAES têm a missão de prestar assistência
social, no que se refere à qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência. Os
alunos das APAES frequentam a entidade durante dois turnos, pela parte da manhã
tendo as turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) e ensino fundamental, e pela
parte da tarde, turmas de ensino fundamental, educação infantil e EJA.
Lembrando-se que se considera pessoa com deficiência, aquela que apresenta
perda ou alteração de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que
acarrete incapacidade para o desempenho de atividades e/ou necessidades que torne
necessário atendimento especial, tendo como objetivo sua inclusão social. Muitos
profissionais atuam nesse ambiente, entre eles fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, professores.
Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das
pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, a criança é
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capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é
mais intensa.
A contação de histórias é um meio que pode ser utilizado, para que as crianças
possam aprender de uma forma muito prazerosa e criativa, podendo despertar nelas sua
percepção de mundo, mas também, tem como finalidade de compreende-las como
sujeito cognitivo, ser pensante, curioso, questionador, mas, sendo considerado seus
conhecimentos, portanto, estará possibilitando os professores a refletir sobre suas
práticas, onde ele poderá proporcionar a elas um conhecimento de mundo globalizado,
interdisciplinar e contemporâneo.
A importância de contar histórias foi ressaltada quando se percebeu que era
uma forma de transmitir a emoção da literatura. Ainda que o aluno viesse a sentir
emoção ao fazer a leitura, quando a história é contada ele pode atentar aos detalhes que
passariam despercebidos na leitura própria e, desenvolveria, ao mesmo tempo, naqueles
que ainda não sabem ler, o mesmo sentimento de emoção, além de transmitir o que
ainda não podem obter sozinhos, despertando a vontade de se apropriar da leitura.
“Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e se. leitor é ter um caminho
absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo” (ABRAMOVICH,
1997, p.16).
Contar história é uma forma de o ser humano dar continuidade a sua cultura,
suas descobertas. Na sala de aula, este hábito deve acontecer com a frequência,
possibilitando às crianças desenvolverem a imaginação através das histórias que
fundamentaram várias gerações com seus ensinamentos.
Coelho (2003) acredita que as particularidades da natureza da literatura e da
literatura infantil são as mesmas das que se destinam aos adultos, tendo como diferença
apenas a natureza do seu leitor/receptor: a criança, com linguagem adequada para esse
público. Por esse motivo, concorda-se com Cunha (2006) a qual comenta que a
literatura infantil, diferentetemente da literatura para adultos, é mais abrangente, pois
serve para qualquer idade.
Mesmo para quem já acumulou muitas histórias, compartilhar essas
experiências e conhecer outras novas é também uma forma de ganhar vivência e de se
entender como parte de um universo maior e mais complexo, mesmo que a idade do
corpo já tenha avançado. Esse é um dos motivos pelos quais se deve contar e ouvir
histórias das pessoas com idade mais avançada.
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A população idosa tem aumentado significativamente no mundo todo e a
preocupação com um envelhecer saudável e com qualidade de vida estão cada vez mais
em evidência. Com o passar dos anos, o ser humano encontra-se mais vulnerável às
perdas das capacidades cognitivas, tal como a memória. As atividades que privilegiam a
utilização de capacidades cognitivas, como preparar e contar histórias, podem ser uma
das possibilidades para a superação dessas perdas. Contar histórias é uma arte que
nasceu com o próprio homem pela necessidade de comunicação. Além disso, preservar
os conhecimentos adquiridos é ainda hoje é um importante meio de relacionar-se com o
outro.
O lar dos idosos é uma unidade que atende pessoas idosas que necessitam de
moradia e atendimento especializado por profissionais da área. Neste local a contação
de história é uma atividade que auxilia no desenvolvimento da memória e do raciocínio
dos idosos. Assim, ressalta Abramovich que:
Ouvir histórias é um momento de gostosura de prazer, de
divertimento dos melhores... É encantamento, maravilhamento, sedução... E
ela é ou pode ser ampliadora de referenciais, postura colocada, inquietude
provocada, emoção deflagrada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas,
caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas, e mil
maravilhas mais que uma boa história provoca. (ABRAMOVICH, 2005,
p.24)
A contação de histórias é uma arte milenar que permeia o nosso convívio,
atravessa nossa imaginação com seus encantos e delícias e instiga a curiosidade e
consequentemente o desenvolvimento do ser humano enquanto pessoa e enquanto leitor
(SISTO, 1994). O primeiro contato que a criança, por exemplo, tem com o texto é
oralmente, através da voz da mãe, do pai ou dos avós, utilizando contos de fadas, mitos,
trechos da Bíblia, histórias inventadas, poemas cantados e outros. É de extrema
importância para a formação de qualquer criança, ouvir muitas histórias, principalmente
escutá-las para serem grandes leitores no futuro e assim descobrindo o mundo, bem
como serem ouvidas e/ou contadas pelos mais idosos.
Coelho (2009) afirma que a literatura foi usada, desde a sua origem, como
instrumento de transmissão de valores, tendo em vista as particularidades da mente e
entende que a linguagem poética era usada desde o início para transmitir padrões de
pensamento ou de conduta às diferentes comunidades, já que os mesmos dificilmente
poderiam ser compreendidos ou assimilados, principalmente se transmitidos em uma
linguagem lógica, racionalizante e abstrata. Assim, a linguagem literária assume seu
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papel desde os primórdios da civilização, que é a linguagem da representação,
linguagem imagística como nenhuma outra tem a capacidade de concretizar o abstrato.
Poe essas razões é importante levar as crianças à livraria e estimulá-las a
formar uma biblioteca particular, própria. O nome parece imponente, mas não se está
propondo a organização de um espaço com mil volumes. Apenas um canto onde cada
criança guarde seus livros: pode ser numa parte mais baixa da estante de livros de casa,
onde possa mexer sempre que tiver vontade, num caixote desses de supermercado, ou
até numa prateleira do guarda- roupa. Mas que a esse local só ela e aqueles a quem
convidar tenha acesso, importante e que a criança escolha os livros que quer ter e
guardar, e que os coloque na sequência que inventar que achar melhor para o seu jeito
de encontrar. (ABRAMOVICH, 2005, p.152)
A escolha da história é um fator essencial, pois, deve-se levar em conta, o
interesse do ouvinte, a sua faixa etária, sua realidade, e ao objetivo do narrador.
Inicialmente é necessário fazer uma seleção, observando o interesse das crianças, sua
faixa etária, suas condições socioeconômicas. É de grande importância levar em conta
estes aspectos, pois se a história a ser contada não estabelecer os critérios de
necessidade da criança, do ouvinte o narrador/ contador de história poderá não atingir
objetivos pretendidos. Mas nem toda a história vem no livro pronto para ser contada, o
contador, ainda precisa adaptar a sua voz, fazendo as entonações necessárias, para que
facilite a compreensão, e que ela se torne dinâmica e comunicativa.
A ludicidade é de grande importância para a compreensão da história, para
tornar-se mais atrativa e motivadora na hora da narração da história, como confecção do
livrão da história que for contar onde as imagens ficam mais coloridas, maiores assim
chamando a atenção das crianças e motivando-as a ouvir histórias cada vez mais.
A literatura desenvolve as possibilidades de apreensão dos significados do
mundo em que as crianças estão inseridas. Esta atividade pode auxiliar na aprendizagem
por apresentar características únicas de descontração, atenção, alegria entre outras tantas
habilidades que possam fazer o aluno aprender e apreender o sentido das coisas pelo
modo lúdico da contação. Então, ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o
sair, o ficar, o pensar, o teatralizar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever,
afinal, tudo pode nascer de um texto e criar asas, estimulando a aprendizagem.
(ABRAMOVICH, 1994).
Sendo assim, contar histórias abre espaço para a criança ampliar seu mundo e
enxergar outros mundos. Dessa forma ressalta Amarilha que:
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Contar uma história é abrir uma janela para o mundo. A imagem
de janela traz à nossa mente o desenho geométrico de um certo
enquadramento do mundo. Em assim sendo, o narrador, aquele que traça a
janela, escolhe de acordo com seus objetivos e interesses, declarados ou não,
conscientes ou não chamar a atenção do seu interlocutor para alguns aspectos
da realidade. (AMARILHA, 1999, p.13).
Assim este trabalho surgiu a partir de uma proposta das professoras da
faculdade IDEAU para o projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático, em que se
propunha a realização de uma oficina pedagógica sobre Contação de Histórias, em duas
entidades diferentes.
Inicialmente realizou-se uma pesquisa exploratória nos locais, para observação
do espaço e demanda de materiais a serem utilizados. Verificou-se que havia um amplo
espaço para a realização da proposta.
Segundo Antônio Carlos Gil a pesquisa exploratória:
[...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.
Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é,
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado. (GIL,2002,p.41).
O projeto foi apresentado à diretoria dos locais e os responsáveis aceitaram-no
muito, neste mesmo dia marcou-se a data para a referida prática. Sendo que os
responsáveis salientaram sobre uma possível indisponibilidade de alguns indivíduos.
As contações de histórias foram realizadas no mês de setembro do ano de 2013.
Pela parte da manhã, no Lar dos Idosos, com 12 pessoas e pela parte da tarde, na APAE,
com todos os alunos. Ambas localizadas no município de Getúlio Vargas.
A proposta central era a Contação de Histórias, porém com enfoques
diferentes. No Lar dos Idosos, foi realizada a contação da história “O Casamento de
Mané Bocó” - Ricardo Azevedo, em que as acadêmicas fizeram uma leitura dinâmica,
na qual se percebeu grande entusiasmo das pessoas ali presentes. Após, realizaram-se
alguns questionamentos acerca da história. Para dar continuidade, uma Roda de
Chimarrão com os idosos, momento no qual expuseram um pouco de fatos vivenciados
por eles. Em forma de agradecimento, foi entregue a eles uma lembrancinha.
Na APAE, foi realizada a contação de história “A lenda do curupira” –
Maurício Souza através de slides. É importante salientar que o folclore possui uma
grande diversidade de temas, propicia uma aprendizagem motivadora e facilitadora à
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interdisciplinaridade. Dessa maneira o folclore trabalha a ética e as várias culturas
existentes, portanto deve ser trabalhado em sala de aula para especificar as diferenças
que existem entre os personagens de uma sociedade, demonstrando seus hábitos e
costumes.
As acadêmicas confeccionaram um curupira para demonstração na hora da
contação. Sendo que os alunos ficaram impressionados com o curupira, e alguns até se
assustaram. Após, levantou-se alguns questionamentos sobre a história. Em seguida, as
professoras com suas turmas se dirigiram para suas salas, sendo que duas turmas de EJA
e uma de Ensino Fundamental participaram das atividades.
Na sala de aula, retomou-se a história e colocou-se a proposta de confeccionar
um mini-curupira, com materiais diversos, durante a construção as acadêmicas
auxiliaram os alunos no desenvolvimento da atividade. Dado esse procedimento, cada
aluno deu um nome para o seu curupira. Em forma de agradecimento pela participação e
colaboração foi entregue uma lembrancinha.
Mesmo com pouco tempo nas entidades para a realização do trabalho, foi
possível perceber a pequena mudança de estado de humor dos indivíduos ali presentes,
após as performances de leitura. Houve grande participação dos envolvidos em ambos
locais, a turma obteve ótimo rendimento e uma excelente aceitação ao tema. Pôde-se
verificar que com as histórias infantis as crianças abrem-se para um mundo de encantos
e imaginação, e com esse trabalho a afetividade aflorava, oportunizando uma melhor
exploração de seus sentimentos junto aos colegas e professores.
A proposta de trabalho oportunizou ás acadêmicas um momento único, no qual
se criavam estratégias para relacionar a teoria com a prática, adaptada aos dois
ambientes, além de aguçar a visão sobre a importância social de se ouvir histórias. Este
tipo de atividade prática caracteriza-se como um momento de análise crítica da
realidade, constituindo-se um elemento complementar ao conhecimento teórico,
necessário à formação profissional universitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contar e ouvir histórias são atividades que proporcionam diversão,
descontração, informação e promovem uma integração entre os envolvidos. Possibilita
que o ouvinte e o contador criem sua história a partir das experiências pessoais,
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alimenta o imaginário e desenvolve a habilidade de representação por meio de uma
viagem em que o contador conduz o público a viver, com ele, diversas experiências.
Valoriza-se, assim, a ideia que as pessoas, ao escutarem histórias de seu
interesse, são levadas a fazerem associações e relações desta com fatos e situações do
cotidiano, percebe-se que o ato de contar histórias possibilita que se tenha uma maior e
melhor compreensão do mundo.
Além de propiciar benefícios aos discentes, o projeto “Ouvir Histórias: um
importante estímulo para qualquer etapa da vida”, trouxe entretenimento, cultura e
informação ao público envolvido, levando a estes leitura e a oportunidade do exercício
de sua cidadania, tão comprometida por suas condições físicas e psicológicas.
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ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. 5º Ed. São Paulo,
Scipione, 2005.
AMARILHA, M. Educação e leitura. Natal, EDUFRN, 1999.
COELHO, Betty. Contar Histórias Uma Arte sem idade. 10º Ed.São Paulo, Ática,
2006.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. São Paulo, Moderna, 2005.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4º Ed. São Paulo, Atlas,
2002.
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Literatura infantil: magia e aprendizagem. Autores : CRISTIANE BISOLO DIOVANA
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12
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http://www.proex-unesp.com.br/6congresso/bd3congresso/docs%5C103.pdf
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http://www.dfe.uem.br/TCC/Trabalhos%202011/Turma%2031/Ivone_Silva.pdf
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