ROBERTO MIBIELLI
O ENSINO DE LITERATURA EM RORAIMA: DA GÊNESE DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA AOS DIAS ATUAIS
Tese apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Doutor, pelo Curso
de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal Fluminense
Orientador: Profº Drº José Luis Jobim
NITERÓI
2007
ROBERTO MIBIELLI
O ENSINO DE LITERATURA EM RORAIMA: DA GÊNESE DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA AOS DIAS ATUAIS
Tese defendida em Fevereiro
de 2007, como requisito parcial
à obtenção do grau de Doutor, pelo
Curso de Pós-Graduação em Letras
da Universidade Federal Fluminense.
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________________________
1º examinador: Professora Doutora Elizabeth Dias Martins – UFC
______________________________________________________________
2º examinador: Professora Doutora Joana Muylaert – UFU
______________________________________________________________
3º examinador: Professora Doutora Ana Lúcia de Souza Henriques – UERJ
______________________________________________________________
4º examinador: Professor Doutor Roberto Acízelo Quelha de Souza – UFF
_______________________________________________________________
Orientador: Professor Doutor José Luis Jobim
NITERÓI
2007
II
SUMÁRIO:
LISTA DE TABELAS...................................................................................................IV
LISTA DE ANEXOS.....................................................................................................VI
DEDICATÓRIA..........................................................................................................VII
AGRADECIMENTOS...............................................................................................VIII
RESUMO.......................................................................................................................IX
ABSTRACT.....................................................................................................................X
INTRODUÇÃO.............................................................................................................01
CAPÍTULO I – METODOLOGIA DE TRABALHO ………………………….…..07
CAPÍTULO
II
–
CÂNONE
E
ENSINO
DE
LITERATURA
NA
UNIVERSIDADE..........................................................................................................17
2.1– O que é cânone? ................................................................................................... 17
2.2– O cânone e suas possibilidades ............................................................................24
2.3– Cânone e escola ................................................................................................... 28
CAPÍTULO III – A LITERATURA NO CURSO DE LETRAS UMA “PITADA”
DO
DISCURSO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
NO
ENSINO
DE
LITERATURA...............................................................................................................34
3.1 - Nosso objeto – o cânone escolar...........................................................................34
3.2 - Uma “crise” que pode não ser o que parece.......................................................47
3.3 - Ensino de Literatura e cânone: questão de método e/ou de ideologia?............57
3.4 - Ler, escrever e avaliar o cânone em Roraima....................................................64
CAPITULO IV – A UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA E O CURSO
DE LETRAS: DA GÊNESE À ATUALIDADE..........................................................73
4.1 – Nasce uma UFRR para o “nascente” Estado de Roraima................................73
4.2 - O Curso de Letras da UFRR: uma breve descrição..........................................91
4.3 – Análise de problemas pontuais da grade curricular do curso de Letras da
UFRR …………………………………………………………….................................98
4.3.1 - A Literatura Portuguesa..................................................................................106
4.3.2 - A Literatura Brasileira ....................................................................................118
4.3.3- O estranho caso do lugar da disciplina de Teoria da Literatura nos
currículos e grades dos cursos de Letras: “instrumentalização”?..........................128
4.3.4 - A Literatura Afro-brasileira...........................................................................139
III
4.3.5 – A Literatura Infantil e a Prática de Ensino em Literatura ……………....146
CAPÍTULO V - DIFERENÇAS E IGUALDADES..................................................149
5.1 - A Literatura Brasileira ......................................................................................150
5.2 – A Literatura Portuguesa ...................................................................................183
5.3 – A Teoria da Literatura.......................................................................................204
5.4 – Literatura Infanto-juvenil e Ensino de Literatura .........................................218
5.5 – Questões específicas e outras disciplinas do campo literário..........................228
5.5.1 – Literatura Regional ........................................................................................228
5.5.2 – Questões na UFC ............................................................................................234
5.5.3 – Questões na UFF .............................................................................................239
5.5.4 Entre UFC e UFF................................................................................................259
CONCLUSÕES............................................................................................................263
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................269
ANEXOS.......................................................................................................................274
IV
LISTA DE TABELAS:
TABELA I: Contagem da População – 1996.................................................................75
TABELA II: Número de Professores Efetivos do DLV, ano a ano, desde a fundação do
curso de Letras da UFRR.................................................................................................80
TABELA III: Quadro de grades antiga e nova (quantitativo de horas/aula) da
habilitação de Língua Portuguesa-Literatura...................................................................94
TABELA IV: Da qualificação dos professores do DLV, em 2004 (por ordem de
ingresso no Departamento)..............................................................................................96
TABELA V: Quadro do ementário de disciplinas de Literatura Portuguesa (cronologia de
modificações).............................................................................................................................102
TABELA VI: Disciplina Literatura Portuguesa I – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................110
TABELA VII: Disciplina Literatura Portuguesa II – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................113
TABELA VIII: Disciplina Literatura Portuguesa III – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................115
TABELA IX: Disciplina Literatura Brasileira I – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................119
TABELA X: Disciplina Literatura Brasileira II – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................122
TABELA XI: Disciplina Literatura Brasileira III – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................125
TABELA XII: Disciplina Teoria da Literatura I – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................132
TABELA XIII: Disciplina Teoria da Literatura II – UFRR (quadro histórico de
alterações)......................................................................................................................137
TABELA XIV: Disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa- UFC...........141
TABELA XV: Disciplinas: Literatura Infanto-Juvenil e Prática de Ensino em Literatura
– UFRR .........................................................................................................................148
TABELA XVI: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira I
(programas antigos).......................................................................................................152
TABELA XVII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira I
(programas recentes)......................................................................................................157
TABELA XVIII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira
II (programas antigos)...................................................................................................161
TABELA XIX: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira II
(programas recentes) .....................................................................................................166
TABELA XX: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira
III(programas antigos)...................................................................................................173
TABELA XXI: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira III
(programas recentes) .....................................................................................................180
TABELA XXII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa I
(programas antigos).......................................................................................................184
TABELA XXIII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
I (programas recentes)...................................................................................................188
TABELA XXIV: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
II (programas antigos)...................................................................................................192
TABELA XXV: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
II (programas recentes).................................................................................................196
V
TABELA XXVI: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
III (programas antigos).................................................................................................199
TABELA XXVII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura
Portuguesa III (programas recentes)..............................................................................201
TABELA XXVIII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura
I (programas antigos).....................................................................................................205
TABELA XXIX: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura I
(programas recentes)......................................................................................................209
TABELA XXX: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura II
(programas antigos) ......................................................................................................212
TABELA XXXI: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura II
(programas recentes)......................................................................................................215
TABELA XXXII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura InfantoJuvenil (programas antigos)...........................................................................................219
TABELA XXXIII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura InfantoJuvenil (programas recentes).........................................................................................222
TABELA XXXIV: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Prática de Ensino
em Literatura (programas recentes)...............................................................................225
TABELA XXXV: Disciplina Literatura Regionalista Brasileira – UFC......................229
TABELA XXXVI: Disciplina Literatura Popular em Verso – UFC............................231
TABELA XXXVII: Disciplina Literatura Cearense I – UFC.....................................232
TABELA XXXVIII: Disciplina Literatura Cearense II – UFC...................................234
TABELA XXXIX: Comparativo UFC - Disciplinas Ligadas à Prática de Ensino em
Literatura (programas recentes).....................................................................................235
TABELA XL: outras disciplinas do campo Teoria da Literatura – UFC....................237
TABELA XLI: Disciplina História da Literatura – UFC............................................238
TABELA XLII: Outras Disciplinas Obrigatórias do Campo de Teoria da Literatura no
Currículo Antigo -UFF..................................................................................................240
TABELA XLIII: Disciplinas Optativas do Campo de Teoria da Literatura- UFF......246
TABELA XLIV: Disciplinas Optativas do Campo de Teoria da Literatura -UFF......250
TABELA XLV: Disciplinas Optativas de Literatura Brasileira -UFF.........................251
TABELA XLVI: Disciplinas Optativas de Literatura Brasileira - UFF.......................253
TABELA XLVII: Disciplinas Optativas de Literatura Portuguesa - UFF...................255
TABELA XLVIII: Disciplinas Optativas de Literatura Portuguesa -UFF.................257
TABELA XLIX: Disciplina História da Cultura Portuguesa – UFC x UFF................259
TABELA L: Disciplinas de Literatura Brasileira com Ênfase em Clarice Lispector.UFC x UFF....................................................................................................................261
VI
LISTA DE ANEXOS:
ANEXO I – Bibliografia dos Programas de Disciplina................................................274
ANEXO II – Leitura da Bibliografia dos Programas de Literatura Brasileira III e IV da
UFF que não Constam da Tabela XX............................................................................342
ANEXO III – Leitura da Bibliografia dos Programas de Literatura Brasileira XIV da
UFF que não aparecem na tabela XXI...........................................................................346
ANEXO IV – Leitura da Bibliografia dos programas de Literatura Portuguesa I da UFF
que não aparecem na Tabela XXII................................................................................348
ANEXO V – Leitura da Bibliografia dos Programas de Teoria da Literatura VI, VII e
VIII da UFF que não aparecem na Tabela XLIII..........................................................351
VII
Dedico este trabalho, com todo carinho, a minha esposa
Vânia, ao meu filho Thálion e as minhas duas filhas
Tarsila e Sophia. Gostaria também de dedicá- lo aos meus
irmãos e irmã, assim como a meu pai e minha mãe, e a
meus/minhas alunos(as), razão primeira de minhas
inquietações.
VIII
Gostaria de agradecer:
A minha esposa Vânia Graciele Lezan Kowalczuk, pelo paciente trabalho de
acompanhar, auxiliar, entender, aturar e adoecer por um ideal, sempre com carinho e
dedicação;
às minhas filhas e filho, por atrapalharem (ajudando) sempre que possível, e impossível,
ocasionando momentos de felicidade, em meio à tensão;
ao professor José Luis Jobim, pelo grande amigo e conselheiro que tem sido desde antes
de retorna rmos a Niterói;
à professora Bethânia Mariani pela amizade e carinho dedicados a todos nós;
à professora Lúcia Helena pelo carinho, conhecimento e atenção dispensados;
ao professor Roberto Acízelo de Souza pelas especiais considerações traçadas no
momento de minha qualificação;
à CAPES, através de seu programa PICDT, pela bolsa concedida, que me permitiu levar
até o fim esta jornada;
aos funcionários e professores da UFF, em especial à Coordenadoria do Curso de
Graduação em Letras da UFF, à secretária da Pós- graduação em Letras da UFF –
Nelma, à secretária do Departamento de Ciências da Linguagem – Rosana, à secretária
do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas – Alcinéia, por terem tornado esta
estadia aqui em Niterói tão mais confortável e proveitosa;
aos colegas da UFC, em especial à professora Elizabeth Dias Martins e aos funcionários
Luide e Renata, pelo carinho e ajuda prestados;
à professora Deboráh Cavalcanti – ex-chefe do DLV, à Josilane – secretária do DLV da
UFRR e aos funcionários do DEG da UFRR,
aos amigos, Odilon Rosa Corrêa, Maria do Socorro Pereira Leal, Edison Oyama, Maria
Helena Valentin D. Oyama, Carlos Alberto de Sousa Cardoso, Maria Luísa Fernandes,
Cátia Wankler e Silvana Fortes, pela força nos momentos mais difíceis;
à professora e amiga Luciene Alberoni por todos os favores e ajuda prestados;
às creche s UFF (e por todos que a fazem ser tão especial) e Nossa Infância pelo suporte
fundamental e pelo carinho dispensado às minhas filhotas;
à minha ex-esposa Janete por ter um dia permitido que eu iniciasse esta jornada;
ao meu irmão Jacques e minha mãe Helene pela força e equipamento;
e, finalmente, a todos aqueles que, de modo direto ou indireto, contribuíram para que
este trabalho pudesse ser concluído a contento, seja a Prima Sônia, Maura, e Suely,
sejam os colegas de disciplina, cujos nomes não poderia citar por falta de espaço.
IX
RESUMO
Este trabalho teve como objeto uma leitura crítica do cânone literário no Curso de
Letras da Universidade Federal de Roraima – UFRR. E foi realizado principalmente
através da análise da bibliografia dos programas das disciplinas do campo Literário
daquele curso, assim como de ementas e conteúdo programático, além de eventuais
outros documentos. O período enfocado pela pesquisa vai desde a fundação da
Universidade Federal de Roraima até o ano de 2003. A pesquisa contou ainda com a
interlocução entre os cursos de Letras da UFRR, da UFC e da UFF. Aspectos da questão
do ensino de Literatura também foram questionados na ocasião de nossa análise, uma
vez que em Roraima, o curso de Letras é, basicamente, um curso de Licenciatura. A
hipótese de que partimos é que o modelo disciplinar (assim como a bibliografia)
adotado pelo nosso curso nos seus primórdios pode ter sido fruto da interlocução dos
professores que vieram para Roraima a fim de fundar a UFRR, com seus antigos
mestres da UFC e com o próprio modelo de curso daquela instituição. Pretendíamos
entender se o cânone literário e “disciplinar” proposto nos programas da UFRR era fruto
desta troca. Por outro lado buscamos um parâmetro diverso – o curso de Letras da UFF
– para que funcionasse como uma espécie de contra-ponto no cotejo entre a UFRR e
UFC. Trabalhamos principalmente em torno das disciplinas de Literatura Brasileira,
Literatura Portuguesa e Teoria da Literatura e para este fim, foram confeccionadas 50
tabelas que, uma vez analisadas, ajudaram a apontar as seguintes conclusões: O Cânone
da UFRR não é diretamente derivado do curso de Letras da UFC; houve consideráveis
mudanças no comportamento disciplinar nas instituições estudadas, tanto no aspecto
disciplinar, quanto bibliográfico; o cânone “disciplinar” da UFRR aponta no sentido de
um curso que ostenta disciplinas muito “panorâmicas” e historicistas; é necessário que
se crie em Roraima a consciência de que a Literatura local deve ser estimulada,
discutida, estudada, veiculada, especialmente na Universidade, para que possa haver,
num futuro próximo, o (re)conhecimento de uma produção literária roraimense e se
possa, com isso, estabelecer um cânone local.
PALAVRAS-CHAVE: Cânone em Roraima, Ensino de Literatura na Universidade,
Cânone Disciplinar.
X
ABSTRACT:
This work was intended to interpret the literary canon as it is taught at Universidade
Federal de Roraima – UFRR. The analysis was developed mainly through the
bibliography and the content of the courses of Literature there, from the very foundation
of that University to 2003. There is also a comparison between the academic canon of
UFRR, UFC and UFF and we tackle the issue of teaching literature in Roraima, with the
specific problems raised by a very peculiar situation there. We started from the
hypothesis that the disciplinary model in UFRR was derived from the model of UFC,
since a relevant group of professors came from that University (or were students there)
to Roraima at the very beginning of the courses in UFRR. As a third comparative level,
we included UFF, focusing on Brazilian Literature, Portuguese Literature and Theory of
Literature. 50 comparative charts were made, and their analysis led to the following
conclusions: 1) UFRR´s canon is not a straightforward imitation of UFC, because there
were relevant changes to be considered; 2) there were important disciplinary alterations
in all the Universities encompassed by our work; 3) UFRR has more “panoramic” and
historically oriented disciplines; 4) it is necessary to raise a consciousness that local
literature must be taken into account at UFRR if we aim to have the recognition of a
local literary production and canon in the future there.
Key words: Canon at Roraima; Teaching Literature at University; Disciplinary Canon
XI
A leitura não é prática neutra. Ela é
campo de disputa, é espaço de
poder.
Márcia Abreu
(...) não basta ligar a universidade
ao passado de sua origem conceitual,
é preciso que cada aluno conheça
também a história específica da
universidade onde estuda.
Cristovam Buarque
1
INTRODUÇÃO
"O
compromisso
primeiro
da
Universidade é com o
saber."
Regina Zilberman
Em nossa pesquisa do doutorado, nos voltamos para programas, estatutos,
bibliografias, fluxogramas e outros documentos institucionais, procurando indagar
sobre que bases estava ancorado o ensino de Literatura, em algumas de nossas
Universidades. Eis que este trabalho é o fruto da reconstrução e tentativa de apreender
este outro lado do “discurso” sobre ensinar Literatura. Nele buscamos (sempre
respeitando as referências adquiridas durante nosso mestrado em educação na UFF, que
discutiu questões também atinentes ao ensino de Literatura) entender um universo mais
documental, mais burocrático, mas também bastante revelador de propostas,
principalmente em Universidades como a Federal de Roraima, a Federal Fluminense e
a Federal do Ceará.
Foi preciso enfrentar a falsa crença de que já conhecíamos os cursos de Letras
(por pertencermos a uma Instituição Federal de Ensino Superior) para que pudéssemos
entender que seria necessário recomeçar a aprendê- los, desta vez, a partir de um outro
cenário – o burocrático- institucional. O resultado mais imediato de todo este
2
movimento de reaprendizagem sobre o funcionamento de uma Faculdade de Letras e de
seus currículos, programas e demais instâncias, foi percebermos, dada sua extensão e
variabilidade, de instituição para instituição, que o que julgávamos conhecer a fundo,
não era sequer “a ponta do iceberg”.
Talvez em um ou outro momento pareçamos, pelo tom do discurso adotado,
discordar de nossos colegas de Departamento no que tange à concepção das disciplinas
de Literatura no âmbito da UFRR. Pode ser que discordemos um pouco do que foi feito
antes de 1995 quando ingressamos na UFRR, mas aceitamos a idéia de que era o
possível a ser feito então. Quanto ao presente e passado próximo, trata-se apenas de
uma impressão, que pode vir a ser, em algum momento, uma sombra de desencanto
com o currículo que nos últimos dez anos ajudamos a construir e discutir juntamente
com nossos pares. Que não fique, portanto, a impressão de que nos distanciamos de
algo que também é fruto de nosso trabalho, apenas para fazer críticas ao trabalho
alheio. Se há problemas na grade de Letras da Universidade Federal de Roraima, e se
esse problema for constatado ao longo desta tese, ele também é e será nosso.
Estudar, neste contexto, a Literatura; as práticas através das quais os professores
deste campo, veiculam, discutem, ou impõem seu conhecimento; estudar o modo como
progressivamente vai se construindo/constituindo/apropriando academicamente o
cânone 1 literário em Roraima a partir de outras experiências; entender a imagem do
literário veiculada ali, assim como, as propostas que de algum modo contribuirão para
questionar/instaurar este processo, são, pois, alguns dos muitos caminhos que se pode
vislumbrar a partir desta tese. São também motivos para que queiramos fazer desta
pesquisa um ponto de partida, um momento de reflexão para futuros vôos ainda
maiores.
Em Roraima o único Curso de Letras existente é o da UFRR e, boa ou ruim,
esta tem sido (e aparentemente será por um bom tempo ainda) a única opção de
formação para algumas "gerações acadêmicas" de licenciados em Letras. Esta pesquisa
tem caráter inédito, não tanto pela exigência efetiva do doutoramento de que assim o
seja, mas por conta do próprio ineditismo da existência de material, que faça alguma
análise da localidade-chave neste processo de pesquisa, ou seja: Roraima. Visto por
este ângulo este parece ser um empreendimento temerário, pois tanto se pode errar
1
Os termos e expressões tais como: “cânone”, “cânone disciplinar” e “crise do/no ensino de Literatura”
aqui empregados, serão mais detalhadamente abordados adiante, principalmente, nos capítulos II e III.
3
muito, pela falta de parâmetros anteriores que nos sirvam de base para a pesquisa,
quanto se pode acertar, criando condições para que se conserve o que deve ser
consevado, ou para que haja mudanças efetivas na realidade local.
Estamos atualmente, há mais de três ano s (de novo!), promovendo discussões,
debatendo, pesquisando, buscando um novo currículo para o curso de Letras. A área de
Literatura, por um bom período, foi a que mais avançou em termos de propostas. Tanto
é que se pretend ia, a partir da experiência adquirida, criar um curso de especialização
nesta área. Todas estas experiências, problemas e soluções encontradas são únicas e
fundamentais para a discussão sobre a formação de praticamente todo um Estado, seja
do ponto de vista de seu cânone literário, seja do ponto de vista da formação de uma
massa crítica de novos leitores. Por isso julgamos ser pertinente discutir a questão,
desenvolvendo pesquisas desta natureza, para podermos contribuir de algum modo, não
só com a discussão de questões universais (cânone/ ensino de literatura/ práticas
acadêmicas de professores de Literatura/ papel formador da Universidade), mas também
de cunho local (o papel da Universidade Federal de Roraima – UFRR – no Estado de
Roraima/ especificidades da Literatura local/ propostas viáveis de ensino de Literatura
para implementação no curso de Letras). Ressalvamos que não temos a pretensão de,
com essa pesquisa, resolver estas questões, apenas pô- las na ordem do dia e participar
das discussões e de suas possíveis soluções.
A sua importância e relevância tornaram-se evidentes para nós a partir das
inúmeras atividades que exercemos na Chefia do Departamento de Língua Vernácula
(DLV) do curso de letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR), como a de
participar de comissões de aproveitamento de estudos (para alunos transferidos),
inclusive, a de capitanear o processo de discussão sobre a atual grade e projeto
pedagógico do curso. Todas estas atividades, de certo modo, fizeram com que, ao
mesmo tempo em que voltávamos nossos olhos para outras realidades, percebêssemos
melhor a nossa própria e pudéssemos avaliá- la. Tivemos a sorte de estarmos no lugar
certo, na hora certa, pois participamos também de toda a movimentação inicial, viagens,
discussões e seminários, para a criação do INSIKIRAN 2 – Núcleo de Formação
Superior Indígena em nossa Universidade.
2
O nome do núcleo foi uma sugestão das lideranças indígenas que participaram dos seminários de
criação. Trata-se de uma alusão à divindade mais reconhecida pelos povos da região: Macunaíma, ou
Makunaîme. Insikiran e Anikê são os filhos de Makunaîme na tradição indígena roraimense. Acredita-se
que Roraima, ou melhor, que o Monte Roraima (fronteira tríplice entre Brasil, Venezuela e Guiana) seja a
morada final de Macunaíma. O mito de Makunaîme tem uma de suas principais origens aqui, neste
4
A convivência com o processo interdisciplinar 3 de criação das matrizes
educacionais desses cursos interculturais para estudantes de comunidades indígenas,
abriu espaço para a discussão de outras questões referentes ao ensino de Literatura.
Como, por exemplo, o modo como os indígenas vêem a Literatura.
Infelizmente, dadas as proporções desta pesquisa, não nos será possível
enveredar por esta senda. Contudo podemo s computá- la entre as integrantes da lista das
ambições iniciais de nossa tese que ficarão para futuras propostas de trabalho.
Nosso projeto pretendeu ser também e, principalmente, fruto de tensões
existentes no próprio campo literário, no que tange à relação entre cânone e ensino de
Literatura. Neste sentido, teve como objetivo principal e específico analisar,
comparativamente, o cânone literário empregado na criação dos programas de ensino,
das disciplinas literárias que compõem o curso de Letras da Universidade Federal de
Roraima ao longo de sua existência. Não apenas de tensões - na maioria
descontentamento/desilusão com os rumos atuais deste tipo de ensino - ele é
constituído. Perguntas, as mais variadas, permeiam (algumas sem respostas possíveis
no momento) este texto: - É possível avaliar, nos dias de hoje, com que base teórica
trabalhavam aqueles que propõem/propuseram o cânone vigente na UFRR? Que tipo de
abordagem teórica/paradigmática, em relação ao cânone e ao ensino de Literatura, foi
utilizada na construção destes programas de disciplina na UFRR? O cânone das
Estado. Este núcleo nasceu do desejo dos professores oriundos das comunidades indígenas, outrora
formados no ensino médio, pelo magistério indígena, empregados nas escolas indígenas de Roraima. O
motivo principal desta reivindicação estava no fato de que os professores indígenas somente estavam
habilitados para ministrar aulas (mesmo em suas comunidades) até a quinta série, o que acabava
ocasionando, a partir da sexta série, a perda total, ou parcial, dos valores e da cultura resgatada nas séries
iniciais, uma vez que os alunos oriundos das escolas indígenas necessariamente teriam que freqüentar as
escolas do estado. Este procedimento, além de ocasionar transtornos, no deslocamento dos jovens para
fora de suas comunidades (gerando muitas vezes situações indesejáveis , como a corrupção de menores),
concorria para a destruição das culturas tradicionais, no retorno destes ao seu lar. Os indígenas, de posse
de um diploma de ensino superior, poderiam dar continuidade aos seus estudos e poderiam gerenciar eles
mesmos suas próprias escolas, em suas respectivas comunidades. Mas, mais que isto, a idéia abarcava
também a possibilidade do ensino bilíngüe. Aos poucos a proposta foi avançando no sentido da criação de
cursos de licenciatura indígena intercultural. O fundamento básico seria a sócio-lingüística, o respeito e o
resgate de valores das comunidades, perdidos ou obnubilados por processos de intervenção colonialista, o
que acabou resultando numa proposta de caráter interdisciplinar e intercultural.
3
A formatação dos cursos em matrizes interdisciplinares se justifica pelo fato de que em uma cultura
"não totalmente ocidental", como a indígena, os erros e problemas repetidos em todas as outras estruturas
universitárias poderão ser evitados. Por outro lado, em se tratando de uma cultura ainda não transformada
pela matriz positivista de “ciência”, talvez seja possível levar a cabo uma proposta interdisciplinar. Isso se
não pensarmos que para que haja interdisciplinaridade é preciso que haja disciplina. Jobim, falando sobre
a questão da divisão do conhecimento em disciplinas, faz uma crítica na medida em que "... a
universidade brasileira ainda paga um pesado tributo a uma idéia positivista de divisão do saber em áreas
demarcadas, o que pressupõe uma representação de estabilidade do conhecimento bastante questionável,
pois, mesmo no âmbito disciplinar, a imagem de uma continuidade, permanência, reprodutibilidade e, por
conseqüência, estabilidade do saber vem sendo posta em xeque. (JOBIM, 1996, p.58)
5
instituições centrais (ou um pouco menos periféricas) constituiu um modelo para o
nosso? Ou terá havido outro modelo, quem sabe oriundo das Instituições em que se
formaram os professores fundadores do curso de Letras da UFRR? E diante das
pressões, no sentido de reivindicar/implementar mudanças, que novo tipo de tensões e
propostas poderá advir deste contexto?
Uma outra questão, que se interpôs em nosso caminho, a partir da insatisfação
de alguns colegas e que veio nos perseguindo, desde a pesqisa de mestrado, é a relação
dos diversos níveis de ensino com a Literatura. Em quase todas as entrevistas feitas para
nossa pesquisa de mestrado 4 pudemos notar que os professores identificavam haver uma
“crise” escolar de leitura de textos literários. Os entrevistados (professores/professoras
do Ensino Médio) apontavam como sendo a origem desta “crise”, os períodos iniciais
da vida escolar (ou os antecedentes escolares dos alunos. Nem sempre as primeiras
séries), pelo fato de não estimularem o gosto pela leitura. As professoras destes níveis
iniciais, por sua vez, tinham a dizer em sua “defesa”, não haver nos currículos dos
cursos de graduação que freqüentaram/freqüentavam (ainda) disciplinas específicas,
nem formação voltada para um ensino de Literatura mais primária, muito menos a
preocupação com métodos, ou formas de abordar a Literatura. Ao apontarem o nível
universitário como responsável pela “crise”, fechavam um ciclo, no qual,
desgraçadamente, todos eram “culpados” e todos eram “inocentes” dela. Não que o
objetivo fosse o de achar “culpados” e “inocentes”, mas de verificar o que poderia ser
feito, no nível acadêmico, a partir da consciência que se tinha do problema apresentado.
Com base nestes depoimentos e em nossa experiência pregressa, retomamos
adiante o discurso “da Literatura” com base no campo literário, para pensarmos,
sobretudo a questão do cânone e a partir daí, tentarmos entender onde “a Literatura em
Roraima” (ou melhor, o ensino dela) se encaixa no quadro global. Para este fim
necessitaremos falar da suposta “crise” no ensino de Literatura e do modo como ela
afeta o ensino, na medida em que ele é um dos elementos de manutenção do cânone.
Falaremos também do modelo de cânone disciplinar que foi instituído no curso de
Letras da Universidade Federal de Roraima, bem como, das variações que a
especificidade desta escolha poderá ter gerado.
Os demais, os projetos outros, que serviram de fomento inicial da idéia e que
tiveram que ser daqui extirpados (em nossos recortes), em favor da conclusão deste
4
Dissertação de mestrado defendida pelo Mestrado em Educação UFF 2000. Aprender com Machado: o
olhar burlesco e malandro da Literatura para a Educação.
6
trabalho no tempo correto, ficarão adiante, nalgum grupo de pesquisa de que
eventualmente possamos participar, ou criar, ou em nossos futuros orientandos em
Roraima.
Nesta tese serão empregadas as seguintes siglas:
UFRR – Universidade Federal de Roraima
UFC – Universidade Federal do Ceará
UFF – Universidade Federal Fluminense
DLV – Departamento de Língua Vernácula da UFRR
DLEI – Departamento de Línguas Estrangeiras e Indígenas da UFRR.
DEG – Departamento de Ensino de Graduação da UFRR
SESu/MEC – Secretaria de Educação Superior/Ministério da Educação e Cultura
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
IES – Instituições de Ensino Superior
IFES – Instituições Federais de Ensino Superior
7
CAPÍTULO I: METODOLOGIA DE TRABALHO
"Essa pode ser, com efeito, a
explicação
divina
do
fenômeno,
mas
não
é
impossível que haja também
alguma razão humana, e
puramente científica..."
“O alienista” - Machado de Assis
Nosso trajeto foi concebido em distintas etapas, em função do material e dos
sujeitos implicados: na primeira, a título de "ritual de iniciação", pretendemos entender
melhor o funcionamento do curso de Letras da UFRR, procurando informações
documentais de sua gênese. Para este fim estabelecemos um contexto, tentando resgatar
aspectos pertinentes do em torno da UFRR, à época de sua fundação.
Ao analisarmos estes documentos, estivemos atentos à concepção de curso, aos
argumentos empregados e a quaisquer indícios que levassem ao desvelamento de
questões, que explicassem fatores extraordinários, ou de cunho regional. A partir daí,
ainda em meio à documentação, operamos um recorte no objeto, passando a lidar
inicialmente com o material referente à análise do curso e depois, exclusivamente com o
campo da Literatura: como foi constituído, quais as demandas em termos de contratação
8
de docentes para este campo; como foram constituídos os programas e ementas das
disciplinas e o que propunham.
Neste momento, achou-se necessário recorrer à informação direta de alguns
daqueles que elaboraram os programas e o fizemos, via entrevistas. Estas entrevistas
tinham o caráter semi-estruturado (LUDKE & ANDRÉ, 1986; CRUZ NETO, 1993),
permitindo alguma variação na continuidade das perguntas, o que certamente facilitou
que se sanassem as dúvidas existentes quando da leitura dos documentos e serviram
para confirmação de dados levantados na fonte documental.
Como não obtivemos nenhum tipo de recurso suplementar para o deslocamento
à Roraima ou às sedes das demais Universidades implicadas, colhemos estas
informações pelos meios mais diversos, sempre contando com a colaboração e
compreensão de nossos interlocutores. Para efeito das informações sobre a UFRR,
foram colhidas informações por e-mail, carta, formulário, e através de entrevistas com
professores membros do Departamento de Língua Vernácula (DLV) e do Departamento
de Línguas Estrangeiras (DLE) que também faziam pós-graduação aqui no Rio de
Janeiro, mais precisamente na UFF.
Estas entrevistas foram lidas e interpretadas inicialmente à luz de seu conteúdo e
para fins específicos de complementação da informação contida no material impresso.
Uma vez compreendida a fase da gênese do curso, organiza mos, a título de
recorte de nosso objeto, um breve histórico das propostas e mudanças estabelecidas
desde então para o campo de literatura. Questões não atinentes a este campo não foram
levadas em consideração. Excetuam-se aí as mudanças de grade curricular, que afetam a
todos os campos indistintamente.
Um curso de Letras é (ou deveria ser) um universo, para efeito de análise,
infindável de: interdisciplinaridade (haja vista a quantidade de campos e disciplinas que
concorrem e interagem na formação de seus alunos), planos (interno x externo, currículo
oficial x currículo oculto, currículo x programas ), visões, posições e pontos de vista (da
instituição, do aluno, dos professores, dos técnicos administrativos, da comunidade
profissional em Letras, da comunidade em geral de pais, familiares e prestadores de
serviço, etc...), habilitações (no caso de Roraima, quatro: Português e Literatura;
Português e Inglês; Português e Francês e; Português e Espanhol), fatores
político/pedagógicos (tipo de formação, proposta pedagógica, formas de abordagem e
relacionamento),
fatores
históricos
(tempo
de
existência
e
funcionamento,
9
transformações havidas), entre outras possíveis categorias. Trata-se de um universo cuja
diversidade e tamanho não permitiriam, em hipótese nenhuma, no espaço de tempo de
que dispomos, uma análise completa de todos os itens. Por este motivo limitamos o
espaço de análise, que nos cabe, a uma porção finita e compreensível deste todo.
Foram consultados programas, atas (dos Departamentos, do CEPE - Comissão
de Ensino Pesquisa e Extensão, da Comissão de Graduação, etc...), documentos em
geral, que cont inham informações necessárias, desde a fundação do curso de Letras,
chegando-se com este procedimento até os nossos dias. Com este modus operandi nos
acercarmos o mais profundamente que nos foi possível do campo literário enquanto
construção social situada num determinado tempo, espaço e contexto. Ao resgatarmos
este contexto pudemos iniciar a segunda fase: que foi de revisão teórica do que
consideramos como campo literário.
Quando houve necessidade de um mecanismo mais ordenado e efetivo que
permitisse a comparação de dados, recorremos a questionários fechados, de respostas
objetivas, dirigidos aos órgãos competentes das diversas Instituições envolvidas.
Procuramos utilizar uma metodologia que permitisse encontrar significados,
através dos resquícios e indícios efetivos nos documentos analisados. Os indícios que
procuramos eram aqueles que de algum modo revelavam, quer pela forma de redigir,
quer pelo tom do texto, quer pelas suas referências, uma tendência, um caminho que
pudesse servir de pista para o entendimento da realidade ímpar da UFRR em sua
comparação com outros cursos de Letras.
Sempre que os documentos encontrados não puderam ser explícitos quanto ao
que se buscava recorremos aos indícios que neles pudemos encontrar (ou no conjunto
dos demais documentos) para inferir e sugerir possibilidades. No caso de professores
que já tinham deixado o curso, cuja memória era difícil de recuperar e cujo paradeiro
era ignorado, foi possível, através do paradigma indiciário, perceber, com base nas
bibliografias que utilizavam, que construto canônico propunham nas disciplinas que
ajudaram a criar.
Para Ginzburg (1989) este processo de busca destes indícios equivale ao
processo da caça5 , em que muito deve ser praticamente adivinhado de sugestões
mínimas, como pegadas, etc... O processo em si, bem simples, envolve operações como
5
Ginzburg (1989: 145 e 151) fala textualmente em “caça” e em “método investigativo”, quando cita os
caçadores e os indícios (pegadas) e quando fala em Sherlock Holmes de Connan Doyle, como bases de
sua teoria.
10
análise, comparação e classificação. Trata-se de observar atentamente e com minúcias,
cada detalhe, inferindo a partir daí o que não está a mostra.
A cada momento, na análise dos documentos/programas, em que se falava de
Literatura estávamos observando em que medida o dito parecia corresponder ao que se
estava dizendo, ou, em que medida se escond iam ali, indícios de uma outra realidade.
Entendemos que também o "lugar" de onde um determinado discurso provinha era
fundamental na sua identificação ideológica, por isso não hesitamos em tomar de
empréstimo em nossa análise esta categoria da análise do discurso:
Em uma situação na qual o sujeito deve falar de sua opção diante de um projeto
de ação, ao usar uma ou outra das possibilidades (...), estará definindo diferentes
relações com a ideologia, ou seja, estará inscrevendo seu dizer em uma ou outra
formação discursiva, as quais, por sua vez, se relacionam, se confrontam, na
produção de sentidos. Por isso é que, em análise de discurso, se considera que o
que define o sujeito é o lugar do qual ele fala, em relação aos diferentes lugares
de uma formação social. Para entender o sentido de cada uma das construções
(...)é preciso pensar sua relação com as demais. (...)[As] distinções significam e
dizem respeito tanto ao sujeito quanto ao(s) sentido(s) produzidos. (ORLANDI,
1995b, p. 66-7)
Este “lugar” que “poderá ser” tanto uma posição ocupada, quanto uma época,
uma situação, um contexto, ou sua origem, em muito nos interessou. Pois foi somente a
partir dele que pudemos vislumbrar o tipo de imagem do cânone foi utilizada na criação
do curso de letras da UFRR, quais implicações esta escolha teve, e para onde apontava.
Num segundo momento, uma vez concluída a fase de entendimento e
reconstrução da gênese do curso de Letras da UFRR, procuramos iniciar o processo de
comparação dos programas de ensino desta Instituição de Ensino Superior com
programas de disciplinas de Literatura equivalentes de cursos de Letras de instituições
tradicionais da região Sudeste, bem como com da Universidade Federal do Ceará. Esta
escolha, de uma instituição nordestina deveu-se à hipótese, que levantamos ainda na
fase de recolha e leitura dos programas da UFRR, de que seria esta a Universidade de
onde teria vindo o maior efetivo de professores de Literatura, fundadores do curso de
letras da UFRR e, com eles, em sua bagagem, uma parte do material que dispunham
para a criação de um curso de Letras.
Não poderemos nos limitar a apenas uma ou duas disciplinas do campo literário,
embora saibamos os riscos (pela abrangência do intento) que corrremos. Poderíamos
apenas optar por Teoria da Literatura e uma ou outra eventual disciplina pedagógica que
11
abordasse a questão do ensino de Literatura, mas não poderíamos ter uma visão mais
panorâmica da parcela do cânone apreendida pelo curso de Letras de Roraima, nem,
muito menos, tentar confrontá- lo com os de outras universidades. Pois como diz o
professor Jobim:
Como a disciplina não aparece isolada, mas numa malha curricular em que se
presume ser ela parte de um quebra-cabeças no qual todas as peças são necessárias
para a imagem total, nunca deveríamos analisar isoladamente uma disciplina
singular, já que sua própria identidade disciplinar depende de um intrincado jogo de
oposições e diferenças em que ela se afirma em relação às outras, pela suposta
presença ou ausência de determinadas marcas discursivas. A inserção de cada
disciplina em um jogo que não se esgota nela faz com que a análise crítica de
qualquer delas implique uma análise da própria institucionalização dos estudos
literários. (JOBIM, 1996, p.57)
Achamos ser necessária a comparação com os cursos de Letras abaixo, e não
outros, uma vez que entendemos serem estas Instituições – Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas
(UNICAMP) – aquelas mais centrais, modelos segundo os quais se organizou a maior
parte das demais Universidades. O argumento que corrobora esta escolha provém do
fato de que algumas destas Universidades estão entre as primeiras surgidas no Brasil
(Universidade do Brasil, hoje UFRJ, por exemplo), caracterizando-se como instituições
já “solidificadas” em sua base, fator que além de permitir larga produção científicoacadêmica, serve também de parâmetro para a identificação de possíveis diferenças no
modelo empregado na criação da UFRR, bem como, do seu curso de Letras. Por outro
lado, a inclusão da UFC, como já dissemos, deveu-se a termos achado um programa
antigo da UFRR, em cujo cabeçalho constava o nome desta instituição, fato que serviu
para alimentar a “lenda” de que talvez esta fosse a fonte dos programas da UFRR. Além
disso, esta instituição tem um vasto histórico e tradição no ensino de Letras na Região
Nordeste.
Para efeito de comparação e recorte, uma vez verificadas preliminarmente as
grades curriculares dos cursos de Letras de diversas universidades, solicitamos
principalmente à UFF e à UFC material da mais variada espécie entre currículos,
programas e fluxogramas e nos ativemos, preferencialmente, à comparação no conjunto
destas três instituições, buscando eventualmente complementar o processo comparativo
com elementos das demais anteriormente elencadas.
12
Quanto à questão dos modelos a serem comparados, embora a Universidade
Federal do Rio de Janeiro, outrora Universidade do Brasil (título recentemente
recuperado), fosse a mais tradicional (e talvez, em termos de tradição, a mais central) de
todas as pesquisadas, a estrutura que observamos no seu curso de letras impediu a
comparação mais efetiva com as demais, por se tratar de um modelo, em que,
inicialmente o aluno cursa o Bacharelado, para depois agregar a este as disciplinas
pedagógicas e os estágios respectivos, cumprindo o quesito mínimo para se tornar um
licenciado.
Foram confeccionadas tabelas, tanto da UFRR comparando suas diversas fases e
modificações, quanto do conjunto das três intituições nas quais se centrou nossa
pesquisa. As tabelas referentes apenas à UFRR respeitaram um critério evolutivo entre
os programas da mesma disciplina e foram organizadas especialmente em torno da
bibliografia e das ementas que traziam. Já as tabelas comparativas entre instituições
tiveram um critério temporal diferenciado das tabelas anteriores, uma vez que o tempo
de existência de cada uma das instituições difere em muito das demais. Foram adotadas
épocas para identificar programas antigos e novos/recentes. Para o curso de Letras da
UFF, até 1994 todos os programas são considerados antigos; para a UFRR serão antigos
os programas cujo alcance vai de sua fundação em 1990 até 1999 e; para a UFC a
antiguidade será pautada pelo período dos idos de 1980 a 1992.
Embora na UFF encontremos, na área de Teoria da Literatura programas de
1971 não foi possível, em função da divisão existente entre os Departamentos que
compõem o seu curso de Letras (e de reformas departamentais ocorridas anteriormente),
conseguir uma homogeneidade quanto às épocas retratadas pelos programas de
disciplinas, em função da especificidade dos arquivos de cada Departamento. Deste
modo, os programas de Teoria da Literatura pertencentes ao Departamento de Ciências
da Linguagem puderam ser vistos desde a década de 1970, enquanto os de Literatura
Brasileira, Portuguesa e demais disciplinas do Departamento de Letras Clássicas e
Vernáculas abrangeram, no máximo, a década de 1980. Tivemos que nos basear em
fluxogramas e outros itens como ementários para reconstituir a divisão de épocas em
termos de UFF. Ainda assim, dada a profusão de programas, inclusive com ementas e
conteúdos diferentes, em perídos subseqüentes dentro dos intervalos (antigo/recente)
que criamos, acreditamos ser esta uma divisão um pouco arbitrária, mas funcional em
termos comparativos.
13
Nas tabelas, no item vigência, foram utilizados os termos “antigo” e “atual”.
Apenas, quando o programa trazia o ano de aplicação do mesmo, este foi colocado entre
parêntesis. Embora, nem todos os programas trouxessem o ano de vigência, foi possível
enquadra-los na categoria antigo/atual, seja pelo nome do Departamento (no caso da
UFF, disciplinas ministradas pelo Departamento de Literatura só puderam ser
enquadradas na vigência antiga), ou pelo código ou nome da disciplina pertencer ao
fluxograma antigo ou atual (até 2002).
A partir de 1993 para os programas da UFC (que é o período da última reforma
curricular/programática de que temos notícia naquela instituição), teremos o perído
“recente” ou, conforme consta na tabelas, “atual”, o qual se estenderá até 2002, data de
nosso recorte. No caso da UFF, este período “atual” será compreendido entre os anos
“de 1995 em diante” (conforme consta em alguns programas do Departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas), até o final do ano de 2002. Limitarmos nosso objeto ao ano de
2002 por uma questão de recorte, uma vez que no ano de 2003 o currículo será
novamente reformulado (assim como na UFC). Nossa atualidade se restringe (tanto na
UFF, quanto na UFC), portanto, ao ano de 2002. Já na UFRR, dado o fato da Instituição
ser recente, os períodos não puderam se equivaler às demais, permanecendo o recente
ou “atual”, como tudo o que foi implementado, em termos de currículo de Letras, a
partir de 2000 até o início de 2003.
Além da vigência, constam nas tabelas a ementa, conteúdo (linha de
estudos/proposta), aplicabilidade/objetivos e bibliografia.
Para efeito de diminuição do conteúdo das tabelas foi organizada uma lista
bibliográfica numerada que se encontra ao final da tese, nos anexos. Esta lista reúne
todas as bibliografias citadas nos programas (que dispomos) das disciplinas do campo
literário da UFRR, UFC e UFF. Nas tabelas referentes às disciplinas constará apenas o
código alfa-numérico referente aos números de cada texto constante da bibliografia e à
letra com que a bibliografia de cada disciplina foi denominada. Embora também conste
do anexo a legenda para a leitura do código alfa-numérico, reproduzimo- la aqui,
antecipadamente pra explicitarmos seu funcionamento.
Legenda da bibliografia dos programas das disciplinas:
A – Teoria da Literatura
B – Literatura Infanto-Juveníl
14
C – Ensino de Literatura
D – Literatura Portuguesa
E – Literatura Brasileira
F – História da Literatura
G – Literatura Regional (inclui a Literatura Popular e a Cearense)
H – Literaturas de Expressão Africanas
Um pequeno incoveniente, em termos metodológicos, ocorreu, porém, quando
da confecção das tabelas e das listas bibliográficas que as acompanham. Em função do
acúmulo de trabalho nas Secretarias da graduação da UFF, especialmente no
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, houve um considerável atraso na
entrega das fotocópias solicitadas, referentes aos programas de disciplinas “antigos”
daquele Departamento. Este fato acabou gerando um descompasso na ordem alfabética
de nossa “Lista bibliográfica dos programas de disciplinas” que consta, para fins de
consulta e entendimento do conteúdo das tabelas, dos anexos de nossa tese. Assim
sendo, a maioria da bibliografia referente aos programas antigos da UFF que não se
repete nos demais programas (mais recentes) da própria UFF, da UFC, ou da UFRR, foi
acrescida (em ordem alfabética posterior a já existente) ao final de cada lista. Este fato
se deu principalmente com a bibliografia das disciplinas referentes às Literatura
Portuguesa, Literatura Brasileira, Teoria da Literatura, Literatura Infanto-Juvenil e
Literaturas de Expressão Africana.
Ainda com o fito de diminuir o espaço ocupado pelas tabelas e auxiliar na
diagramação, bem como na leitura do texto, foi utilizado na confecção das tabelas o
artifício da abreviatura. As mais utilizadas constam da pequena legenda a seguir (mas
pode haver outras).
Abreviaturas mais comuns (utilizadas nas tabelas)
Lit./ Liter. – Literatura(s)
Inf./Infant. – Infantil
Port./Portug. – Portuguesa
Bras. – Brasileira
Teor. – Teoria
Prát. – Prática
Séc. - Século
15
Eventualmente, ainda em função do espaço e da diagramação das tabelas, houve
problemas de separação silábica nas palavras inseridas nas células que constituem as
tabelas. Resolvemos que era melhor manter a divisão silábica errônea, para evitar uma
diminuição do corpo da letra que constitui as tabelas, o que dificultaria sua leitura.
Também foi criada, em função da análise preliminar da bibliografia, no
momento da confecção das tabelas, uma categoria canônica referente à crítica a qual
chamamos “cânone disciplinar”. A criação desta categoria se deu em função da
percepção de que havia muito mais material bibliográfico técnico e/ou crítico, que
propriamente literário, nos programas a serem analisados, fato que deu origem à divisão
do item “Literatura/bibliografia” (constante da maioria das tabelas de análise de
programas de disciplinas), em dois segmentos: a “bibliografia literária” e a “bibliografia
crítica”. Sabemos, no entanto, que cada uma das expressões descritas na página 17
desta tese (a saber: “cânone disciplinar”, “cânone técnico”, “cânone especializado”) dirá
respeito a um domínio restrito do conhecimento. Apesar de tentarmos reunir parcelas
distintas da produção textual daqueles setores que lidam com o objeto literário sob uma
mesma denominação (cânone disciplinar), acha mos ser possível estabelecer distinções
entre cada uma das acepções atribuíveis às expressões “cânone técnico”, “cânone
especializado” e “cânone disciplinar”. Não queremos, ao reuní- las sob a denominação
única de “cânone disciplinar”, dá- las como sinônimas entre si, mas indicar a criação de
uma categoria de análise que as torne comuns, no contexto desta tese, por acreditarmos
não ser necessário distingüí- las entre si no momento. Não nos preocupamos em
distinguir em nossa análise as diversas facetas (ou possíveis subcategorias) do que
chamamos cânone disciplinar (quando tratamos do cânone que trata do objeto literatura,
ou a ele está implicado de algum modo, ou através de alguma metodologia), porque não
é esta a nossa questão central. Resolvemos, pois, considerá- las (às prováveis facetas)
como o conjunto dos elementos não literários que constituem a bibliografia dos
programas de Literatura dos cursos de Letras analisados.
Uma provável faceta/acepção de “cânone técnico” seria mais ampla que o
meramente “disciplinar” e talvez pudesse ser interdisciplinar (abrangendo técnicos de
outras disciplinas, que não a literatura, que estivessem pesquisando o objeto literário),
ou mesmo transdisciplinar, mas esbarraria no limite da técnica, excluindo
provavelmente uma crítica mais impressionista e menos “técnica” (que também faz e
16
fez parte do universo literário). Por outro lado, “cânone especializado” poderia abranger
o “disciplinar” e o “técnico”, assim como prováveis atores sociais “especializados” em
crítica impressionista para meios de divulgação massiva, mas poderia afastar nãoespecialistas no objeto literário, também canônicos em outras áreas, e largamente
utilizados na bibliografia de cursos e disciplinas de Literatura, como, por exemplo:
Taine, Marx, Freud, etc. Deste modo, elegemos arbitrariamente a expressão “cânone
disciplinar”, para tentarmos abarcar a todas as demais categorias e atores sociais que
lidam com o objeto literário.
Ao lidarmos com a categoria de análise “cânone disciplinar” tencionávamos, de
certa forma, observar quais caminhos do pensamento teórico- metodológico (um cânone
mais histórico ou mais temático, por exemplo) estavam sendo trilhados e estabelecidos
através desta categoria, em nosso curso de Letras da UFRR, fator que, por sua vez,
também poderia funcionar como guia de análise, no caso de um cotejo com outras
realidades acadêmicas.
17
CAPITULO II – CÂNONE E ENSINO DE LITERATURA NA
UNIVERSIDADE
O conhecimento conceitual
coloca o aluno em sintonia com
o espírito universitário, o
conhecimento específico da
história de sua universalidade
que lhe dá o sentimento de
coleguismo com os demais
alunos e ex-alunos, faz dele um
grupo, uma família intelectual.
Cristovam Buarque
2.1 - O que é cânone?
O cânone, para alguns, pode ser representado como um corpus de textos que em
um dado momento histórico obtiveram destaque social e permaneceram na cultura, quer
como modelos de seus gêneros, quer como material didático. Para outros, trata-se de
uma forma de estratificação e regulação social (que pode ser de fundo nacional,
regional, racial, classista, religioso, sexual, ou de outro tipo qualquer), na qual o “poder”
socialmente instituído propõe o controle e a perpetuação do “sistema ”, através da
eleição de textos “modelo”, dentro da cultura literária. De qualquer modo, há um
consenso sobre o fato de o cânone ser uma seleção de textos relevantes, para a forma
18
como a cultura de um povo está organizada numa determinada época. Vejamos o que
diz a este respeito José Luis Jobim: “Cânon (...) foi a palavra usada para designar o
universo de autores e obras que são valorizados, lembrados e aceitos como importantes
em determinada comunidade.” (JOBIM, 1998, p.203)
É importante ressaltar que, para ele, este “universo de autores e obras”, além de
não significar o todo da literatura, está delimitado pelo espaço-tempo de uma
“determinada comunidade”. Assim, podemos entender que o cânone é uma construção
social contextualizada. Mas, além disso, convém ressaltar que sua principal
característica está na importância que detém para uma determinada comunidade. Esta
importância pode ser imputada a vários fatores: por um lado pode ser a questão da
representação dos valores de determinada época, do modo como vivia certa parcela, ou
o todo daquela comunidade, o registro histórico de fatos e lendas ligadas àquela
comunidade. Pode ser também que alguns dos textos selecionados digam respeito a
questões de ordem moral, comportamental, ou qualquer outro fator que mereça ser
destacado como importante à sobrevivência do modus vivendi daquela comunidade, ou
que uma parte destes textos guarde em si apenas elementos estéticos de outras eras (e
até mesmo do presente) que mereçam ser preservados como patrimônio cultural, enfim,
há diversos fatores, quer históricos, quer político- ideológicos, quer didáticopedagógicos, quer sociais, ou estéticos, que podem fazer com que uma obra seja
“canonizada”.
Podemos acrescentar a esta uma outra fala sobre o cânone, em que se busca uma
justificativa mais ampla. Trata-se da definição de Roberto Reis, que segue abaixo:
O termo (do grego kanon, espécie de vara de medir) entrou para as línguas
românicas com o sentido de “norma” ou “lei”. Durante os primórdios da
cristandade, teólogos o utilizaram para selecionar aqueles autores e textos que
mereciam ser preservados e, em conseqüência, banir da Bíblia os que não se
prestavam para disseminar as “verdades” que deveriam ser incorporadas ao livro
sagrado e pregadas aos seguidores da fé cristã. O que interessa reter, mais do que
uma diacronia, é que o conceito de cânon implica um princípio de seleção (e
exclusão) e, assim, não se pode desvincular da questão do poder: obviamente, os
que selecionam (e excluem) estão investidos da autoridade para fazê-lo e o farão
de acordo com seus interesses (isto é, da sua classe, de sua cultura, etc.). Convém
atentar ainda para o fato de que o exercício dessa autoridade se faz num
determinado espaço institucional (no caso a Igreja). Nas artes em geral e na
literatura, que nos interessa mais de perto, “cânon” significa um perene e
exemplar conjunto de obras – os clássicos, as obras-primas dos grandes mestres -,
um patrimônio da humanidade (e, hoje percebemos com mais clareza esta
“humanidade” é muito fechada e restrita) a ser preservada para as futuras
gerações, cujo valor é indisputável. (REIS, 1992, p.70)
19
Como podemos ver acima, o cânone não representa o todo da Literatura, mas
uma escolha, uma construção excludente, em torno de um grupo de obras e autores.
Concordamos com Lajolo (1984) sobre a dificuldade de se definir quando um
texto, jornalístico, por exemplo, se torna, ou deixa de se tornar literário. Acreditamos ser
esta também uma dificuldade de definição inerente ao cânone. Em alguns casos é quase
impossível definir quando um texto pertence, ou não, ao centro ou à periferia da
Literatura. Tudo dependerá da seleção de “quem”, de que escola, de que modelo, de que
época, de que manifestação ideológica, estamos falando. É claro que em relação ao
cânone, pela sua aparentemente pacífica condição de modelo, parece mais fácil definílo, do que o que é e do que não é Literatura, mas, apesar das aparências, a dificuldade é
igual, se não maior.
A delimitação das fronteiras entre arte e não-arte [assim como as de literatura e
não-literatura] dá-se no interior de sistemas culturais, cujos elementos constituintes
estão inter-relacionados, e somente dentro dos sistemas e nos limites de suas
articulações podemos entender o papel desses elementos.
Não são apenas as qualidades endógenas de um texto (...) que o farão pertencer ou
não, à literatura, mas é o próprio sistema cultural como um todo, que determinará a
classificação desse texto. (JOBIM, 1996, p. 91).
É interessante ressaltar que “a classificação” no “interior de um sistema
cultural”, de que nos fala acima Jobim, além de ter um caráter seletivo de pertencimento
e mérito, também tem um caráter hierárquico e, acaba se tornando uma espécie de
índice do que é melhor ou pior, do que é mais, ou menos, canônico.
Os mesmos agentes sociais que definem Literatura e cânone utilizam-se quase
sempre dos mesmos critérios para definir um e outro. Apenas acrescentaríamos, para
efeito de diferenciação, que o canônico é uma instância da Literatura, que, sem lhe ser
totalmente interna, tampouco lhe é externa. Ou melhor: podemos considerar o cânone
como uma forma de organizar o literário, de hierarquizá-lo, de contê-lo em si,
renovando-o e renovando-se com ele.
Embora não haja consenso sobre “quem” e “por que” opera esta seleção, há uma
posição, que aponta para esta prática como um ato de auto-perpetuação do poder, uma
espécie de “instinto de sobrevivência” desta parcela da sociedade, também chamada de
elite cultural. Para esta posição o cânone é, sobretudo, um instrumento de perpetuação
do poder de quem o institui.
20
É talvez mais acertado concluir, seguindo a linha de argumentação até agora
desenvolvida, que uma obra está tanto mais perto de ser literária na medida em que,
mais se aproxima do canônico, ou, do que Marisa Lajolo (LAJOLO, 1990, p.103)
afirma ser o “clássico 6 ”.
Pode-se dizer que o cânone não se comporta como um todo monolítico. Pelo
contrário, como vimos na hipótese acima, pode, segundo valores de época, haver
algumas mudanças no seu corpus que levem ao esquecimento obras, que em períodos
anteriores eram unânimes, trazendo-se à tona outras, cujo valor artístico- literário
poderia ser questionável em momentos diferentes da história. Tudo depende do contexto
em que é feita a seleção, quem propõe e com que objetivos.
Dois princípios parecem margear a existência do cânone, dando- lhe a forma com
que ele se nos apresenta: o princípio de “seleção” e o de “permanência ”. Sobre o
princípio de seleção parece haver um tácito (e aparentemente óbvio) acordo: um texto
para pertencer ao cânone não pode ignorar toda a tradição literária pré-existente. Deve
sim dialogar com esta (na medida do possível) e ocupar o espaço que a tradição lhe
propõe na cadeia histórica. Ou seja, assim como há uma tradição que formata e
determina o que é e o que não é arte, seja em função da aceitação dos modelos préexistentes, seja pela negação destes, também há uma tradição do que pode, ou não, ser
considerado canônico, uma vez que os conceitos de cânone e de arte (especialmente no
que tange à Literatura) estão intimamente interligados. A mesma regra, porém, pode não
se aplicar ao princípio de permanência dada a sua característica diacrônica. Um texto,
ainda que não dialogue direta e estreitamente (de modo sincrônico) com a tradição
literária pode, num determinado momento, continuar sendo considerado um clássico da
Literatura, ou, dependendo do contexto, apenas pertencer ao rol dos textos considerados
literários.
A permanência de um texto no seleto grupo das obras clássicas obedece,
portanto, a um critério histórico. Embora também aí se pressuponha que o canônico seja
contextual, termina-se por pautá- lo por outros critérios (ainda circunstanciais, mas
relativos a cada unidade de tempo dentro do período sincrônico cuja análise for
efetivada). Sendo assim, todo objeto canônico pode obedecer a regras como as de
“pertinência” (ser ou não um texto pertinente à leitura em determinado período, região,
classe, local, etc., ou obedecer a regra de ser “atualizado”, fator que determina o grau de
6
Termo posteriormente discutido na seção 1.3 desta tese.
21
dificuldade que sua leitura apresenta para uma determinada geração de leitores), ou
investir nos fatores de “divulgação”, “circulação” e “vendagem” (embora este último
não seja um critério muito empregado em termos de academia, trata-se de uma
tendência cada vez mais presente em nossos dias). No que tange à “divulgação” e
“circulação”, a própria escola (ou melhor, os textos que nela circulam/são divulgados), e
o ensino de Literatura, em geral, servem como “termômetros” da seleção e/ou da
permanência de determinados textos no seleto grupo dos clássicos 7 .
Todas estas variações e ainda outras, tais como a língua 8 (e possíveis variações
lingüísticas), a “nacionalidade”, etc., podem fazer variar muito o canônico, de região
para região, de academia para academia (aqui, neste caso, em função principalmente do
fazer acadêmico de cada Instituição de Ensino e Pesquisa, das “ideologias”, métodos,
correntes filosóficas, epistemológicas, implicadas no processo de canonização, como
um todo).
O nascedouro (e o sustentáculo) do canônico será sempre o leitor. A dimensão
do homem no cânone será sempre a dimensão do que é possível ler (ou desejar ler) no
espaço de uma vida. O que não é o mesmo que dizer que ele se resuma a um leitor. De
qualquer modo, o mais, aquilo que não leremos, será sempre frustração. Borges, quando
questionado, em uma de suas raras entrevistas à televisão, sobre a doença que o levaria
a cegueira, se lamentava, não tanto de não poder ler mais, mas principalmente de não
poder ler tudo. Bloom, ao admitir que O cânone ocidental é mais “seu” do que
propriamente do “mundo ocidental”, também diz que “quem lê tem de escolher, pois
não há literalmente tempo suficiente para ler tudo, mesmo que não se faça mais nada
além disso” (BLOOM, 2001, p.23).
Mas as pessoas em geral ainda tendem a crer em extremos. De um lado crêem na
idéia “mítica” de que realmente exista um cânone universal, de outro lado crêem que ele
possa ser uma escolha individual/pessoal (sobre essa segunda crença falaremos adiante
no item 1.2 deste capítulo). Podemos definir um suposto cânone universal como um
grande universo místico e mítico da Literatura. Místico pela impossibilidade de atingilo, de recriá- lo, de haver um consenso universal em torno de suas “mágicas” fronteiras e
de seu conteúdo. Mítico pela força ideológico-literária de suas obras mais centrais (e
7
Tomamos a expressão “clássicos” como sinônimo de “canônico”.
Queremos ressaltar que essas variações, em torno da língua/linguagem, podem se dar em quaisquer das
três esferas implicadas na questão: tanto público, quanto crítica, quanto o próprio texto em si, tornando
profundamente diferente a constituição de um cânone, até mesmo em regiões próximas entre si. Há um
sem-número de questões, certamente não citadas aqui, que podem influenciar neste processo. Não é nossa
pretensão conhecê-las a todas .
8
22
mais consensuais), pelo poder quase mágico de respeitabilidade que adquiriram ao
longo das eras, tornando-se, algumas delas, tão imbricadas na formação da nossa cultura
ocidental que não se pode, em alguns casos, já quase distingui- las deste outro construto.
Preferimos partir, para definir “o” cânone, da idéia de nacionalidade de
Anderson, conforme Jobim a sintetiza: “nação [é] uma comunidade política imaginada,
e imaginada como implicitamente limitada e soberana 9 ”(JOBIM, 2002, p.42),. O
canônico também é uma comunidade política “imaginada” (na verdade ideológica) de
autores e obras. Imaginada no sentido de uma comunidade que não conhece suas
fronteiras, não chega a um consenso sobre sua constituição, mas ainda assim se imagina
sólida, monolítica, una, coesa, quando na verdade não existe de fato, é uma ficção
coletiva, cujo enredo é sempre diferente, mediante condições específicas.
Portanto, ao afirmarmos sua não-existência efetiva, nos moldes em que o
imaginamos, não o estamos negando, apenas transferindo sua possível existência para a
esfera do imaginável, mais precisamente para o imaginário coletivo. Tampouco se trata
de um problema de dimensionamento. Suas dimensões – menores que o todo da
Literatura, mas, ainda assim, surpreendentemente agigantadas – seriam relativamente
aceitáveis, se fosse possível organizá- lo. O problema é de critérios. De critérios,
ideologia e “conhecimento”. “Conhecimento” no melhor sentido da onisciência divina.
Haveria que se conhecer o todo da produção literária global para se fazer uma seleção,
no mínimo, justa. E mesmo que isto fosse possível, quais critérios, das diferentes
culturas existentes, seriam adotados?
Não se pretende aqui negar as origens européias do nosso cânone, tampouco
negar um núcleo histórico de autores e obras da antiguidade, que sejam comuns à
maioria dos modelos canônicos que se pretendam de origem ocidental. Mas esta é uma
idéia que perdura, entre nós por séculos; uma idéia que tem como quesito o imaginário;
uma idéia que presume ser possível reunir numa mesma lista diferentes autores, obras,
estilos, linguagens, visões de mundo, culturas, épocas e contextos; uma idéia por demais
ambiciosa; uma idéia, enfim, que, pelas suas próprias dimensões e pela diversidade que
apresenta, afastaria de si os próprios limites, tornando-se vaga, indeterminada, somente
agrupada e parcamente definível através do imaginário coletivo. Trata-se de uma
imagem que recebemos parcialmente pronta, terminamos de construir, fixamos e à qual
9
Grifos do autor
23
nos apegamos, retransmitindo-a, sempre mesclada aos valores da época em que
vivemos.
Mesmo entre os pesquisadores, do ponto de vista acadêmico, esta é
“comunidade imaginada”, ou uma imagem que criamos e perpetuamos.
Embora se alegue que o ‘objeto’ dos pesquisadores seja a literatura, é interessante
assinalar que não há consenso entre eles sobre a própria configuração deste
‘objeto’. Contudo, mesmo sem consenso, podemos verificar que existem
representações dele. E mais: ao transmitirem institucionalmente aos discentes
(que depois, como professores, retransmitirão aos seus futuros alunos), uma
determinada representação de literatura, depreendida dos autores e obras
selecionados, os cursos de Letras são responsáveis pela criação de uma imagem
do literário. Como já afirmei em outra ocasião, o estudo das convenções, normas
e valores que fundamentam a escolha do cânon pode esclarecer esta imagem: os
autores e obras que são valorizados, lembrados, aceitos e incluídos em nossos
programas, bem como os que são desvalorizados, esquecidos rejeitados e
excluídos [equivale dizer: apagados], podem tornar claro o centro e as margens
desta imagem, assim como os fundamentos de sua constituição. (JOBIM, 1996,
p.56)
É a partir daí, deste imaginário, desta “imagem do literário” didaticamente
“criada”, que podemos nos acercar do conjunto formado por aquilo que cada indivíduo
tem como cânone e que, na verdade, não é a mesma coisa para todos, mas existe, para
todos, como uma “comunidade imaginada”.
A idéia de uma “comunidade” leva a se pensar, novamente, na questão da
nacionalidade. O cânone per si não suplanta, as barreiras impostas pela linguagem e
pela nacionalidade de um autor/obra. Neste sentido o nacional também poderá se
constituir num poderoso marco/limite entre grupos de pesquisadores no interior da
academia, como também na comunidade leitora em geral.
É bom lembrar que, na área de Letras, a demarcação de territórios na maioria das
vezes se dá sob a égide de uma determinada concepção de nacionalidade e de
literatura. ‘Literatura’ é a palavra-chave, pretensamente comum a todos os
profissionais, ‘naciona lidade’ é o marco das fronteiras em que se separam os
especialistas. Mas ambos os termos têm uma história e uma relação com a
instituição universitária. (JOBIM, 1996, p.56)
A relação de nacionalidade com cânone não se presta somente à analogia entre
uma comunidade imaginada e outra, ou a separar/identificar diferentes grupos de
pesquisadores, matizando/diferenciando seu (mesmo) objeto, a Literatura. É preciso que
pensemos que o canônico, em função dos diversos fatores já aqui abordados, como
língua, variabilidade de temas e contextos de produção, também pode ser entendido
como uma forma de expressão da “identidade nacional”. O cânone pode ser definido por
24
questões locais. Sua constituição é, também, a invenção do nacional e, por conseguinte,
do regional e do local. Deste modo, ao mesmo tempo em que agrupa em si a
possibilidade da constituição de uma comunidade imaginada, afiançando- lhe o caráter
nacional, pode, atribuir caráter regional ou local a determinada obra, ou modelo
literário. Assim o cânone pode ser uma instância aglutinadora que também funciona,
paradoxalmente, como agente no reconhecimento de diferenças locais dentro do
nacional.
2.2 - O cânone e suas possibilidades
Como vimos antes, algumas vezes o cânone também pôde, aparentemente, ser
reduzido, à condição de “individual”: o cânone de “fulano” ou “beltrano”. Esta, na
verdade, é uma condição ilusória, pois, o aparentemente individual oculta o lugar de
onde se fala (ou o lugar de onde parte a seleção), os fatores implicados nesta seleção
supostamente subjetiva. Questões como a formação de quem faz a seleção, as pressões
sociais a que este “indivíduo” está sujeito, bem como os fatores acima elencados, são,
via de regra, coletivos, sociais, mas nem sempre aparecem quando se fala em autoria,
em seleção feita pelo indivíduo “A”, ou “B”. Esquecemo-nos, ao imputar a
responsabilidade da escolha ao subjetivo, que a subjetividade é, também, fruto da
coletividade, da história, da sociedade.
É possível exemplo desta aparente confusão, o cânone de Bloom (O cânone
Ocidental), conforme responde o próprio Harold Bloom (Bloom10 apud Jobim, 2002,
p.61-2) quando perguntado por um repórter brasileiro se a ausência de textos em língua
portuguesa (especialmente Machado de Assis) em seu livro “The Western Canon”, “não
criaria sérios danos a uma lista que pretende conter o modelo canônico da literatura
ocidental, Bloom acrescentou: “sem dúvida, mas lembre-se : minha lista não é “o”
cânone, é o meu cânone” (PIZA 11 apud JOBIM, 2002, p. 61-2).
10
BLOOM, Harold. The Western Cânon: The Books and School of the Ages. New York: Harcourt Brace
& Company, 1994.
11
PIZA, Daniel. Crítico lança The Western Cânon, em que defende e lista 850 grandes autores do
Ocidente, um só brasileiro. Folha de São Paulo, Caderno Mais, 28 agos, 1994.
25
Nossa crítica e historiadores literários acreditam ser Machado de Assis, assim
como Cruz e Sousa, dentre outros, autores “universais”. Para alguns, os “melhores do
mundo” nos seus estilos. Por este motivo esperamos vê- los entre aqueles que formam a
seletíssima “nata” do que poderia vir a se chamar “cânone ocidental”. Mas nos
esquecemos de barreiras (coletivas) como a língua, a cultura e outros elementos mais,
que fazem com que eles não estejam “lá”12 . Aliás, estas barreiras fazem com que este
“lá” sequer exista. Ou melhor, exista sempre de forma diferente, dependendo de que
grupo ou qual “representante emblemático 13 ” de uma instância coletiva e de com que
teoria, intenção e conhecimento social e historicamente constituído o forjou. Mesmo
assim, fazemos questão de imaginá- lo, idealizá- lo, como se ele fosse possível in totum,
e fazemos questão de colocar, em nome de nosso “nacionalismo”(de nosso “poder
existir” enquanto constructo-nação/identidade), nossos grandes autores, ombro a ombro
com os grandes de outras culturas.
Casos como o do livro de Ana Maria Machado - Como e porque ler os clássicos
universais desde cedo? (MACHADO, 2002) - já largamente utilizado como sugestão de
leitura, em escolas do ensino fundamental, por alguns professores, evidenciam uma
escolha aparentemente pessoal. Neste caso há uma clara intenção de fazer prevalecer
àquela proposta num determinado nível, meio, faixa etária e tipo de público. Geralmente
são tidos como “sugestão de leitura”, dentro de uma tendência didático-pedagógica, até
certo ponto recente, que pretende fazer ler, pelo prazer da leitura, e não pela
“didatização/pedagogização” da Literatura.
Em outros casos, os mais comuns, os supostos “cânones individuais” são
pensados a partir da proposta teórica/projeto, de seus autores, que respondendo a um
impulso quase sempre de fundo acadêmico, portanto coletivo, institucional, o formulam
de acordo com sua inserção ideológico-metodológica, na extensa malha de teorias e
formas de discurso que nutrem a Literatura e se nutrem dela. Pode-se apontar como
exemplo o livro Porque ler os clássicos de Ítalo Calvino (CALVINO, 2001).
12
Pelo menos não constam no Cânon de Bloom O Cânone Ocidental. (BLOOM, 2001)
“Representante emblemático” foi o termo que nos ocorreu para indicar “indivíduos” que pela sua
penetração pública e pela auto-consciência deste poder e desta responsabilidade, além, é claro, de sua
formação, obtida nos moldes de algum movimento/modelo cultural social e historicamente constituído,
deixam de ter um status individual/subjetivo, para assumirem o lugar simbólico de destaque naquilo que
produzem culturalmente perante a sociedade, tornando-se “emblemas”/”marcas registradas” de um
movimento, ou de um modelo. Apesar de continuarem sendo representados, para o grande público, como
indivíduos e aparentemente espelharem esta condição, representam a síntese de uma dada situação
coletiva ou institucional.
13
26
No caso (só pra dar dois exemplos contemporâneos entre si), das “Histórias da
Literatura”: a de Antônio Cândido – Formação da Literatura Brasileira: momentos
decisivos, lançado em 1959 e, a de Afrânio Coutinho – A Literatura no Brasil, lançado
entre 1955 e 1959, há uma possibilidade de comparação direta entre dois “autores”
distintos. Ali, há dois modelos de interpretação da história e dos fenômenos literários
no Brasil. Há também duas formas diferentes, apoiadas por referenciais teóricos
distintos, de conceber o cânone (o que implica não poderem ser estas escolhas
“individuais”, mas frutos de práticas acadêmicas socialmente aceitas e instituídas). Em
decorrência disso, apesar de não se poder pensar em termos individuais, diz-se que há
dois diferentes cânones, o de “Coutinho ” e o de “Cândido”.
Um dos fatores que faz a diferença entre as obras de Antônio Cândido e Afrânio
Coutinho, pode ser aquele que aponta CAMPOS (1989). Segundo Campos, Cândido
teria ignorado, ou melhor, “raptado”, propositadamente, Gregório de Mattos e o Barroco
nacional de nossa história literária, desfigurando-a, enquanto Coutinho, por outro lado
seria mais inclusivo. Para outra estudiosa, Flora Sussekind, no entanto, o livro de
Cândido procura demonstrar que “a [literatura] brasileira não nasce, é claro, mas se
configura no decorrer do século XVIII, encorpando o processo formativo, que vinha de
antes e continuou depois” (SUSSEKIND, 1993, p. 23).
Para Flora Sussekind, enquanto Cândido (1981) trabalha com a idéia de uma
Literatura constituindo e sendo constituída como um sistema, Coutinho (1959) trabalha
com um modelo mais coletivo de confecção de “seu cânone”, mas também –
acrescentamos – mais tradicional, no que tange à percepção da Literatura enquanto fato
histórico, propondo uma periodização por si só, já naquele tempo, problemática.
(SUSSEKIND, 1993)
Tanto o crítico, individualmente, quanto qualquer leitor mais esclarecido das
regras e funcionamento do sistema que rege o fazer da crítica literária, supostamente
poderiam, a exemplo do que diz Bloom, acima, propor seus próprios cânones. Mas o
crítico, o professor, o leitor mais esclarecido e o historiador pertencem cada qual a uma
categoria, em que não se valem por si sós, não são apenas um indivíduo exercendo sua
subjetividade, mas respondem à pressão da tradição do campo no qual estão inseridos,
ao diálogo subrepitício com os colegas e opositores, tecendo assim, parte da malha do
tecido social no qual se inserem.
Há, porém, que se ressaltar que o cânone literário é também conseqüência
daqueles, que operam a seleção do que, no âmbito da Literatura, merece, ou não, ser
27
“canonizado”. Trata-se da produção crítica relevante de alguns “especialistas”, ou seja,
aqueles autores e obras que formam um outro grupo canônico, cujo “objeto” de trabalho
é selecionar, ou trabalhar criticamente com a própria Literatura, como vimos nos
exemplos anteriores. A ele, podemos nos referir como “cânone técnico”, como “cânone
especializado” ou, como “cânone disciplinar”.
Com o fim de evitarmos possíveis confusões adotaremos para efeito de
categorização a expressão “cânone disciplinar” quando nos referirmos aos profissionais,
teóricos, críticos, historiadores e profissionais afins, que lidam com a Literatura.
“Cânone disciplinar”, nesta acepção, vem a ser um limitado corpus de textos nãoliterários, de autores socialmente legitimados, cuja natureza reflete a prática daqueles
que lidam, quer como especialistas, quer tecnicamente, ou não, com o objeto
“Literatura, e que, de certa forma, definem, delimitam e/ou prescrevem um certo
universo de literatos e suas obras 14 .
Sem entrarmos no mérito de questões tais como o poder da mídia, em promover,
ou apagar, este ou aquele autor-crítico/obra-crítica, ou a relevância do “autor” de um
determinado cânone disciplinar para sua respectiva área, ou fatia de público atingida
pela sua obra, queremos nos prender à idéia de que, de uns tempos para cá, para alguns
intelectuais (de maior ou menor destaque), a constante relativização de conceitos e
regras que esta última era nos trouxe torna possível estender o conceito de cânone para
além de seus eventuais limites e torná- lo mais específico. Há uma tendência, cada vez
mais forte de associação do termo a setores da sociedade, vistos como dantes excluídos,
minimizando-o (é comum que se use o argumento de que a criação deste tipo de cânone
sirva para reparar as “injustiças” históricas). O que ocorre, na maioria das vezes, é que
não há, propriamente, uma inclusão da produção literária destes setores no grupo
canônico maior, mas a criação de cânones específicos, como o “feminino”, ou o
“negro”, o “gay” e outros. Desta forma o que deveria, hipoteticamente, ser único, acaba
por se tornar vário, um emaranhado de possíveis câno nes, atestando uma “crise” da
idéia de “centralidade” de um cânone- imanência (que deixa de existir, dando espaço a
setores que espelham/encampam lutas específicas).
Tudo isto, no entanto, serve como elemento-prova da disputa pelo poder sobre a
construção do imaginário coletivo, que está contido e que contém o construto canônico.
A partir do momento em que existem disputas cada vez mais acirradas em torno de lotes
14
No capítulo III – Metodologia – (página 70) fazemos uma referência do porquê da escolha deste termo
e não de algum dos demais aqui elencados.
28
e fatias no interior deste (cada vez mais ilusório) possível cânone universal, fica a
percepção de que esta disputa entre “forças” ideológicas, não pode ser “apenas” pela
hegemonia no campo literário.
É considerando atentamente a dimensão pedagógica (atribuída à) da Literatura,
que poderemos entender o quanto de poder, efetivamente, existe em jogo nestas
disputas, que visam à inclusão de determinados setores (ou mesmo à criação de cânones
diversos). Ler tem sido (em nossa sociedade dita “ocidental”, “branca”, “cristã”), ao
longo de eras, sinônimo de conhecimento. De conhecimento e de re-conhecimento. E
conhecimento é poder.
O poder de dizer o que ler é, dentro desta perspectiva, em última instância, o
poder de dizer quem deve e quem não deve ser socialmente reconhecido. Daí porquê o
campo literário também se torna um campo de disputa social. Um campo em que quem
detém mais “capital simbólico” também está no topo da pirâmide social. (BOURDIEU,
2001)
2.3 - Cânone e escola
É, talvez na tentativa de explicação da palavra “clássico”, a partir do falso
cognato latino “classis” (para classe), que está o ponto de contato entre “clássico”,
“literatura” e “cânone”:
Entre as instâncias responsáveis pelo endosso do caráter literário das obras que
aspiram ao status de literatura, a escola é fundamental. A instituição escolar é das
que há mais tempo e com maior eficiência vêm cumprindo o papel de avalista e
fiadora da natureza e valor literários dos livros em circulação. (...) E qual foi o
passe de mágica pelo qual a palavra clássico (a, os, as, ismo...) desenvolveu um
significado segundo sobre um significado primeiro? Ou, melhor ainda: qual é o
significado primeiro e qual é o segundo? Sem cartolas nem coelhos, a jogada está
na palavra derivada de classis, palavra latina que significa classe de escola. Os
clássicos, então, eram chamados clássicos por serem julgados adequados à leitura
dos estudantes, úteis na consecução dos objetivos escolares. E como a escola, na
seleção de seus textos, privilegiava os autores mais antigos, vem daí talvez a
superposição de significados.(LAJOLO, 1984, p.39)
Para Lajolo, “clássico” é tudo aquilo que era apropriado ao aprendizado das
classes (turmas de sala de aula), tudo o que pudesse ser de cunho educativo ou didático
29
(em termos de literatura). Conseqüentemente, tudo o que o uso em sala de aula
consagrou e perpetuou, tornou-se, em algum momento de nossa história, canônico.
Como as histórias do narrador tradicional em Benjamim, para muitos, precursor do
moderno professor, conforme aponta Gagnebin: “as histórias do narrador tradicional
não são simplesmente ouvidas ou lidas, porém escutadas e seguidas; elas acarretam uma
verdadeira formação (Bildung), válida para todos os indivíduos de uma mesma
coletividade” (GAGNEBIN, 1995, p.66).
A sala de aula é, pois, um dos espaços de fixação do que é e do que não é
literário, por conseguinte, do que é e do que não é canônico. É ali que o processo de
canonização, ou sua contrapartida, o apagamento, está mais próximo de nós. É nela
também que os indivíduos que a freqüentam, tomam o primeiro contato com as relações
de poder socialmente instituídas, fora do âmbito familiar.
Se as salas de aula, em geral, são, por excelência, os melhores lugares para
observação do que é o clássico, as salas de aula específicas dos Cursos de Graduação
em Letras, onde supostamente nasce a crítica do cânone literário, são, no nosso caso, os
espaços privilegiados desta observação. Justamente por lidarmos com leitores
privilegiados (dada a competência crítica que o nível acadêmico supostamente confere),
poderemos detectar aí, neste nível, as principais distorções e efeitos perversos do
próprio processo e institucionalização do canônico.
Tal qual Lajolo, apontamos a competência e o poder institucional, dos qua is este
grupo está investido, como elementos aferidores do cânone. (LAJOLO, 1990, p.102).
Mas há um algo mais, no ensino de graduação na área de Literatura, que aponta para
uma espécie de “diálogo de surdos”, uma espécie de pantomima, que, longe de permitir
uma leitura crítica dos “modelos”, acaba tornando o aluno prisioneiro destes,
contribuindo para a acentuação de uma possível e já notória “crise”.
Também a escola, concebida como foi a partir da cultura das elites, foi, durante
as últimas décadas, das mais diversas formas, e pelos mais diversos métodos,
responsabilizada por patrocinar a exclusão social e, conseqüentemente, a cultural15 . A
discussão sobre o canônico, embora mais recente, também quer apontá- lo como
elemento de exclusão cultural. É o caso de Roberto Reis, para quem o processo de
canonização não só serve como agente de exclusão, como se presta à manutenção do
status quo.(REIS, 1992) Para ele, assim como para Magda Soares (via teorias da leitura
15
Questão bastante discutida, por exemplo, no texto de SOARES (1995a).
30
na escola 16 ) e outros 17 , a correta apreensão/compreensão do cânone seria a chave para
um tipo de poder cultural típico das elites. Aliás, a leitura pode ser a melhor
representante do poder, como instrumento capaz de distanciá- lo de determinada faixa
populacional e de torná- lo apreensível quase que somente pelas elites:
Compreendemos a leitura enquanto um processo historicamente determinado, que
congrega e expressa os anseios da sociedade. (...) Quando a sociedade se divide
em classes antagônicas e mostra-se desigual em diferentes níveis, a leitura pode
se apresentar na condição de um instrumento de controle, empregado
sistematicamente pelos setores dominantes; neste caso, ela constitui elemento
auxiliar do processo de inculcação ideológica, colaborando para a reprodução das
estruturas sociais e para a permanência da situação privilegiada dos grupos
detentores do poder. (SILVA; ZILBERMAN, 1995, p.112)
No decorrer das páginas que antecedem a esta aproximamos os conceitos de
cânone e de clássico. Com isso, sinalizamos no sentido de que o canônico é,
principalmente, uma manifestação acadêmica que se pretende didática. Ou seja, ele está
organizado de modo não só a assegurar a sobrevivência e a permanência da Literatura,
como também está organizado para assegurar a autonomia das disciplinas dele
decorrentes, enquanto campo científico, mas, e principalmente, para fazer valer,
enquanto objetos do ensino-aprendizagem, modelos, estruturas e valores sociais que
julgamos importantes.
É à literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes
imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos
quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus
desejos, suas utopias. Por isso a literatura é importante no currículo escolar: o
cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem
literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca
vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. (LAJOLO, 1993, p.106)
É preciso ler por que dominar a palavra significa dominar a lei e, dominar a
Literatura, significa dominar a cultura. E a Literatura se torna a única forma de
combater os efeitos perversos do próprio processo de estratificação, de elitização do
16
Neste campo, o da “leitura e escola”, há um sem-número daqueles que vêem a leitura ora como
“redentora” (capaz de fornecer o conhecimento a quem precisa), ora como “vilã” (sendo ela mesma uma
forma de exclusão). Vejamos o que nos diz Magda Soares: “(...) os valores da leitura sempre apontados
são aqueles que lhe atribuem as classes dominantes, radicalmente diferentes dos que lhe atribuem as
classes dominadas. Pesquisas já demonstraram que, enquanto as classes dominantes vêem a leitura como
fruição, lazer, ampliação de horizontes, de conhecimentos, de experiências, as classes dominadas a vêem
pragmaticamente como instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao mundo do trabalho, à luta
contra suas condições de vida” (SOARES, 1995b, p. 21).
17
Como outros, podemos citar: Silva & Zilbermam (1995), Sônia Kramer (1993, 1995), Antônio Augusto
Batista (1998), Richard Bamberger (1986), Sírio Possenti (1999), Ezequiel Teodoro Silva (1988, 1995),
Lígia Chiappini Moraes Le ite (1983, 1995), Paulo Freire (1980 e 1998), Roger Chartier (1998, 1999),
para citar apenas alguns.
31
literário. Pode-se aqui buscar um paralelo da questão legal em Michel Foucault, onde o
domínio das leis, do texto legal, mas principalmente, da verdade ideológica, que estes
textos propõem, é requisito para o domínio (e, quiçá, para a verdadeira liberdade) do
meio social (FOUCAULT, 1996).
Pode-se assim, pensar que, tal qual num círculo vicioso, o cânone, ao absorver e
ser absorvido por novas levas de leitores escolares, reifica a si próprio. O trajeto pode
ser descrito mais ou menos da mesma forma como Marisa Lajolo descreve o ciclo da
Teoria da Literatura, não por acaso, uma das integrantes mais importantes do campo
literário. “A teoria da literatura ao se instaurar, instaura um círculo vicioso, pois constrói
o próprio objeto de análise, selecionando o que é pior ou melhor, o que é literário e não
literário.” (LAJOLO, 1995, p.89). Assim, a Literatura acaba por definir/balizar a crítica,
fechando o círculo, pois é a partir do literário (que é definido por ela) que ela própria
nasce. Resta ainda salientar que o efeito canônico de seleção “do que é pior, ou melhor,
o que é literário e não literário” não é uma exclusividade das Histórias da Literatura,
nem de seus autores, mas de todas as disciplinas que integram o corpus teórico do
campo literário. Neste sentido, a circulação de livros em sala de aula, também funciona
como um espaço privilegiado de seleção ou exclusão.
Há dois tipos de lista de leitura que permeiam o espaço da sala de aula: a oficial,
ou curricular/disciplinar e a oculta. A primeira quase sempre é aquela a que chamamos
bibliografia. É manifesta e concorre para que o curso tenha uma seqüência lógica de
textos, quer de apoio, quer principais a serem lidos (e quiçá discutidos) pelos alunos.
Nos cursos de Letras, onde há (pressupõe-se) uma metodologia mais acurada que em
outros níveis a ele inferiores de ensino, estas listas são mais evidentes. No ensino
médio, via-de-regra pode-se percebê- las nos livros paradidáticos e na seleção de
excertos e fragmentos que operam.
A segunda lista de leitura que um curso pode gerar é bem menos evidente, podese chamá-la de “oculta” e quase sempre só pode ser constatada a sua existência a
posteriori,ou seja, depois que a primeira tenha sido lida e divulgada. Enquanto a
primeira é manifesta, entregue pelo professor da disciplina, como um roteiro a ser
seguido em busca de objetivos, a segunda é parte de um processo que podemos chamar
também de “intertextualidade interativa”. Ela decorre diretamente da discussão dos
textos em sala de aula (quando há) e/ou da interação produzida no grupo de alunos, a
partir das leituras efetivadas, pode também ocorrer no indivíduo, como fruto do
intertexto que é capaz de perceber. Mas o mais importante, ela decorre, principalmente,
32
do contato entre as leituras propostas na primeira lista (para aqueles que efetivamente a
lêem) e todos os outros textos lidos pelo aluno, num claro processo intertextual “ao
vivo”. Quando este processo é externado, na discussão entre um, ou mais alunos, ele se
torna uma espécie de brain storm. Por isso o nome “intertextualidade interativa”,
porque tanto o processo intertextual, interno ao aluno, de cruzar os textos lidos antes,
com os recém lidos, quanto a idéia da discussão e da troca de impressões entre alunos (e
destes com o professor), via debate, são importantes.
Trata-se de uma lista paralela, oculta, tal qual o “currículo oculto”18 . Ela é, em
última instância a manifestação da “polifonia” existente em sala de aula e, de quebra,
tem, também, um efeito quase sempre “polissêmico”19 sobre o conteúdo dos textos
lidos.
Do ponto de vista didático-pedagógico tanto uma quanto a outra são
importantes. O exercício intertextual de situação de um texto entre os demais é que
torna o leitor mais ou menos crítico, mais ou menos capaz de tecer quaisquer
comentários sobre o lido. Este repertório bibliográfico oculto que trazemos, ou que
resulta da interação com outros sujeitos, é também fundamental para que entendamos o
processo de aprendizagem literária.
Cada leitor, na individualidade de sua vida, vai entrelaçando o significado pessoal
de suas leituras com os vários significados que, ao longo da história de um texto,
este foi acumulando. Cada leitor tem a história de suas leituras, cada texto, a
história das suas. Leitor maduro é aquele que, em contato com o texto novo, faz
convergir para o significado deste o significado de todos os textos que leu. E,
conhecedor das interpretações que um texto já recebeu, é livre para aceitá-las ou
recusá-las, e capaz de sobrepor a elas a interpretação que nasce de seu diálogo com
o texto. Em resumo, o significado de um novo texto afasta, afeta e redimensiona o
significado de todos os outros. (LAJOLO, 1993, p.107)
É como se o texto só pudesse exercer sua função educadora em contato com
outros textos, com outras textualidades, com o contexto. Neste trabalho, a presença
desta distinção entre listagem oculta (ou bibliografia oculta) e a bibliografia disciplinar
é uma forma de lembrar que o modelo roraimense, dadas as condições locais (apontadas
adiante, no capítulo II desta tese), pode fornecer parâmetros intertextuais de leitura do
cânone meio atípicos. Ou seja, o repertório de leituras da “bibliografia oculta”, nessas
condições, mesmo num curso de letras, pode não ser muito canônico, o que torna a
18
Com o intento de não estender além do necessário nossa discussão sobre este item que não fará, neste
momento, parte de nosso trabalho, sugerimos a leitura de Apple in MOREIRA E SILVA (1994), para
elucidação de quaisquer questões que possam surgir sobre “currículo oculto”.
19
No sentido baktiniano dos termos (BAKHTIN, 1990).
33
comparação, que faremos adiante, apenas entre as listas bibliográficas oficiais, pouco
confiável, na hora de pensar a realidade do aluno roraimense, em sua relação com o
texto literário.
34
CAPÍTULO III: A LITERATURA NO CURSO DE LETRAS UMA
“PITADA” DO DISCURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NO “MAR”
DO ENSINO DE LITERATURA
O que se observa hoje é a resistência
da universidade, dentro de cada um
de seus corpos, a aceitar o papel de
construtora de novas idéias e, com
elas, de novas palavras. Presos aos
seus orientadores, que estão presos
aos textos onde estudaram ou
àqueles
que
escreveram,
os
professores se negam a colocar de
lado as antigas palavras e os velhos
conceitos; não percebem nem
imaginam o que está surgindo; não
se aventuram a construir um novo
mapa de conceitos através de um
novo dicionário com palavras que
casem com os novos fenômenos do
mundo.
Cristovam Buarque
3.1 – Nosso objeto – o cânone escolar
Ítalo Calvino ao tentar definir o que é “Clássico”, ou melhor, o que são os
“clássicos”, perfaz todo um roteiro no qual aponta algumas questões de suma
importância na definição do cânone. Logo de saída nos diz da impossibilidade de se ler
35
tudo no espaço de uma vida humana. Mas mais que isso aponta uma quase
“obrigatoriedade” de conhecimento do cânone literário. Senso comum, pelo menos
dentre aqueles que se julgam grandes leitores, não entre os jovens. Encontramos
indícios desta “obrigatoriedade” expressos na frase com que ele inicia o processo de
definição do que é o clássico: “(...) são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer:
“Estou relendo...” e nunca “Estou lendo...”.” (CALVINO, 2001 p.9) O que ele faz ao
ironizar a idéia de releitura é denotar uma situação típica do senso comum entre os
letrados de que “os Clássicos”, já deveriam ter sido lidos. Esta obrigação de já conhecer
os clássicos faz com que um bom leitor diga estar relendo uma obra, apenas para que
não se descubra essa sua suposta “falha” de conhecimento. Esta é, da forma como está
posta, uma regra geral que se pauta, não na realidade de quem está freqüentando as
escolas, mas, naquele leitor ideal de “antanho”.
A mera suposição de que algumas obras deveriam ser lidas por todos não é em si
apenas uma forma de suposição da existência de um canône, mas é também, da forma
como foi posta no texto de Calvino, uma pressuposição do ideal de leitura de toda a
população que freqüenta um determinado nível de ensino (em especial de quem faz o
curso de Letras). Há que ter lido os clássicos para que se possa ser julgado um bom
leitor. Há que ter lido os clássicos para que se possa ser um professor de Língua
Portuguesa, ou, no nosso caso específico, de Literatura.
No caso dos cursos de Letras, esta impressão/ suposição pode ser notada na
forma como estão organizados os currículos dos cursos de Literatura, pois acredita-se
que o alunado deste curso tenha aptidão para a leitura e/ou já possua um certo cabedal
de conhecimento literário, e seja formado de futuros “leitores profissionais” (aqueles
leitores cuja profissão prevê a leitura de determinados textos ficcionais como
ferramenta/objeto de trabalho imprescindível a sua consecução). Logo, quase sempre,
age-se na organização dos currículos dos cursos de Letras como se o aluno apenas
estivesse “relendo” os Clássicos, ou sequer desta “releitura” precisasse.
De fato, à luz de novos conhecimentos sobre a própria Literatura, todo aluno de
Letras, ao reler um clássico estaria incorrendo no que defende Calvino: “Toda releitura
de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira” (CALVINO, 2001, p.11)
dado que novos fatores e conhecimentos interagirão com o texto tornando-o sempre
diferente. Mas esta leitura, ainda que “releitura”, não poderia minimizar o problema da
existência de uma “expectativa de leitura” institucionalmente frustrada, tampouco
poderia ser feita mediante retalhos e fragmentos de textos literários inseridos em livros
36
didáticos, ou historiográficos. Mas o desenho curricular da maioria dos cursos de Letras
pressupõe que o aluno já chegue à graduação conhecendo as grandes obras da Literatura
Mundial.
Não se estuda nos nossos cursos de Letras, salvo na própria língua estrangeira,
no caso dos cursos com licenciaturas duplas, e apenas da língua de estudo, quase
nenhum clássico medievo, ou moderno da Literatura Universal. Trocando em miúdos.
Os cursos de Letras que deveriam estimular a leitura dos clássicos, quase sempre
evitam- na. Talvez em honra de uma tradição de nacionalidade, própria da origem da
maioria dos Departamentos de Literatura Nacional e dos cursos de Letras, talvez em
função de outros fatores cuja profundidade não logramos atingir em nossa pesquisa
ainda.
Referimo- nos ao modo como alguns professores de renome tratam a questão,
como o crítico e professor Luis Costa Lima, que em dado momento, demonstrará, no
prefácio de seu livro A Teoria da Literatura em Suas Fontes, certo grau de preconceito
contra as traduções de textos teóricos e literários, sugerindo que o aluno deveria lê- los
em sua língua original: “Junte-se a isso o fato de o aluno de literatura ser hoje, entre
nós, normalmente incapaz de ler em língua estrangeira e compreender-se-á por que os
cursos de teoria se tornam ou ociosos ou incompreensíveis ou deformadores.”(LIMA,
2002 p. 9-10)20 .
Não obstante a crítica que, com justiça, também Costa Lima faz sobre a
limitação do ensino de Literatura “apenas às disciplinas de literatura de língua
portuguesa” e não obstante entendermos que o ideal seria que pudéssemos todos ler
tudo no original, fica a impressão de que se estaria promovendo algum tipo de defesa da
“originalidade” lingüística e de sentido do que está sendo lido/”interpretado” (em
contrapartida à resistência com a qual o texto de Costa Lima e boa parte da academia
lida com as “traduções”).
Todavia, nem tudo é tão simples como pode parecer. Para que o aluno leia os
clássicos, de duas uma: ou se ensina simultaneamente as cinco ou seis línguas européias
mais importantes, aos alunos do ensino médio, para que estes aprendam a ler os
clássicos em sua língua original (proposta, na nossa opinião, absolutamente inviável),
ou se permite (e estimula) a leitura dos clássicos traduzidos para nossa língua, em
nossos cursos de Letras.
20
Lançado em 1981.
37
Afinal o que há de tão ruim no fato de que o “primeiro” contato de um aluno
com um texto literário estrangeiro (ou mesmo uma “releitura”) se dê através de uma
tradução para a língua pátria? Seria importante nos perguntarmos, enquanto isso, como
nos tem chegado nosso aluno, “calouro” de letras? O que ele conhece de outros
idiomas? Não estaremos pressupondo, em nosso “engessamento” de longa data, que o
aluno é capaz de conhecer e ler quatro, ou cinco, diferentes línguas como talvez tenha
sido para uns poucos há cinqüenta anos ou mais?
Sugerir que esta atitude seja adotada pelo ens ino médio, ou mesmo por níveis de
ensino ainda mais tenros é um possível caminho, mas esbarra na vontade política e
pedagógica de outrem.
Será que é mesmo assim? Será que, diante de um mercado cada vez mais aberto
às traduções, diante desse mercado cada ve z mais “universal” (preferimos este termo a
“global”), teremos que acreditar eternamente no “mito” da originalidade 21 romântica?
Será que mesmo com toda a revolução operada pela “estética da recepção”, bem como
pelas teorias originárias da semiótica, ainda é possível se ignorar um universo tão
grande de leitores que só têm este tipo de acesso (em língua portuguesa, nas traduções)
a textos de Literatura ou de Teoria? Traduzir, segundo dizem, é trair. Mas “trair”
exatamente “o que”, “a quem” e “em quê”? Será que, no âmago dos nossos cursos de
Letras, ainda teremos que assistir, por toda a eternidade, ao domínio daqueles que
insistem que só se deva ensinar a Literatura Nacional, ou, no máximo às Literaturas do
Vernáculo, ou as Literaturas de cada habilitação (Literatura Inglesa para quem aprende
inglês e assim por diante)?
Ítalo Calvino no Porque ler os Clássicos, diz que há, sim, a interdependência
entre o local e o universal:
Verifico que Leopardi é único nome da literatura italiana que citei. Efeito da
explosão da biblioteca. Agora deveria reescrever todo o artigo deixando bem claro
que os clássicos servem para entender quem somos e aonde chegamos e por isso os
italianos são indispensáveis justamente para serem confrontados com os
estrangeiros, e os estrangeiros são indispensáveis justamente para serem
confrontados com os italianos.(CALVINO, 2001, p.16)
Calvino demonstra uma certa surpresa ao perceber que discorreu em páginas e
páginas sobre os textos do que considera a base do cânone universal (talvez fosse
melhor dizer os “textos clássicos”, ou apenas os “clássicos” pois ele não se utiliza da
palavra cânone, embora possamos entendê-lo assim), citando apenas um único autor de
21
Sobre esta questão, ver Jobim (1992;1996)
38
língua italiana, sendo ele mesmo italiano. Para além do que possa haver de retórico
nesta sua demonstração de “surpresa”, é importante ressaltar o conteúdo e as conclusões
que ela traz. Diz ele que a Literatura Italiana é importante ao cânone universal,
especialmente se comparada, confrontada, espelhada nele. Sem este (o cânone
universal) ou aquela (a Literatura Nacional) não há o sentido no cânone, nem na
Literatura, muito menos no fato dela ser Italiana. O cânone universal é a baliza pela qual
se verifica a importância da Literatura Italiana e, em contrapartida, a Literatura Italiana
deve balizar o próprio cânone universal, enquadrando-o a partir de sua própria essência.
Assim, também cremos, deva ocorrer com as Literaturas de língua portuguesa,
se somos “galho fraco” da Literatura Universal, também somos sua baliza. Não seria
importante estudar uma, se não houvesse a outra como contraparte. É o cânone
universal que nos revela a importância da Literatura Brasileira, como também da
Portuguesa e são estas Literaturas que vão nos revelar a importância do cânone
universal. Não é, portanto, saudável ler apenas um, sem que se estimule o conhecimento
do outro.
E isto, acreditamos nós, deve ser feito no âmbito dos cursos de Letras, do melhor
modo possível, sem que se necessite ampliar a já excessiva carga horária e,
principalmente, sem que o aluno de nossos dias necessite, de uma hora pra outra,
passado o vestibular, conhecer cinco ou seis idiomas diferentes.
Porque não começar a superar a idéia de “crise”, contrariando um pouco o
argumento genérico de que “não será então por uma reforma dos curríc ulos dos cursos
destinados a futuros professores de língua e Literatura que serão sanados os problemas
que apontamos”, ou pela imediata integração ao currículo dos cursos de Letras de
disciplinas em que sejam estudados os clássicos da Literatura estrangeira via traduções?
O que, em última instância, é mais importante: ler os clássicos (ainda que traduzidos),
ou falar sobre eles, por meio de teorias, artigos e interpretações, exigindo-se de quem
não os leu a compreensão e o necessário intertexto, com nossos poetas e escritores
vernáculos? (Isso em se supondo que estes últimos sejam realmente lidos...).
Em princípio, segundo comentário do Relator Conselheiro Valnir Chagas para o
Parecer nº 283/62, aprovado em 19 de outubro de 1962 referente aos currículos mínimos
para os cursos de letras, esta questão da exigência de alunos multilingües e de cursos de
graduação, como o curso de Letras Neo-latinas, cujo perfil coincide com a exigência de
leitura no idioma em que o texto foi escrito, parece já superada pela sua ineficiência
39
(exceto, quem sabe, por um pequeno grupo de alunos que superou, outrora, os limites da
mediania).
A presente estrutura dos nossos cursos superiores de Letras dá a impressão de algo
que se planejou para não ser executado. O caso extremo, é sem dúvida, o curso de
Letras Neolatinas, que habilita ao mesmo tempo, em quatro e até em três anos, para
nada menos de cinco línguas com as respectivas literaturas. Na prática, o
artificialismo dessa orientação conduziu a duas formas diversas de “ajustamento”.
A mais comum, na fase de implantação, consistiu em que os alunos considerassem
ao mesmo nível todas as línguas e literaturas terminando por quase nada aprender
de cada uma delas. De último, entretanto, a pressão crescente do mercado de
trabalho em expansão veio forçar uma busca de maior autenticidade, que os
estudantes encontram, ou tentam encontrar, dedicando-se preferencialmente a uma
ou duas línguas, verdadeiros majors, e relegando as demais ao plano secundário de
um estudo de véspera que lhes permite apenas evitar a reprovação. (CHAGAS,
1962: 414)
Ao que parece, embora o modelo tenha mudado na década de 1960 do século
vinte, há quem, quer pela ineficiência do currículo mínimo, então adotado (e depois
abandonado), quer por acreditar no modelo anterio r (no qual, provavelmente, se
formou), o das Letras Neo-latinas (no qual, efetivamente, se “estudava” mais de uma
língua estrangeira – até cinco, segundo o relator), ainda hoje, defenda valores possíveis
há cinqüenta anos atrás (mas talvez não eficientes também naquela época).
Todos parecemos concordar que é preciso superar nossos problemas de leitura,
não com queixas cada vez mais constantes e contundentes, mas fazendo ler e, nesse
ponto, talvez a solução tenha sido fomulada ainda antes do que parece querer Costa
Lima: em 1936 (portanto mais de setenta anos atrás), e seja a mesma do Columbia
College que criou uma disciplina para a leitura dos clássicos, sem intervenções teóricas,
que “(...) consistia na crença de que ninguém poderia ser educado enquanto ignorante
das obras principais da tradição intelectual e artística de sua própria civilização.”
(BARBOSA, 1996, p.42)
Não é importante apenas ter um cânone, há que lê- lo, analisá- lo, discuti- lo,
questioná- lo, produzir criticamente sobre as obras que o constituem; caso contrário, este
não cumpre sua função social no tecido vivo da cultura. De que nos serviria algo assim
então? Como podemos lidar com um elenco de obras pautadas e não lidas, ou pior que
isso, lidas, mas de forma irrefletida por aqueles que constituem a base da academia, os
alunos? Trata-se de um cânone de "mentirinha" ? Pró forma?
Se, por este lado, a escola não propõe uma noção original de literatura, nem de
leitura, senão que alarga o espaço de aplicação de conceitos já existentes, por
40
outro, ela esclarece que antologia as instituições culturais estão interessadas em
reproduzir nos distintos graus de ensino. (ZILBERMAN, 1991, p.121)
Para a escola não parece interessar propor uma noção diferenciada de Literatura,
ainda que esta possível noção possa vir a facilitar a percepção e a aquisição de
conhecimento para o aluno. Importa mais reproduzir determinadas antologias e práticas
já consagradas.
Sem perder de vista o problema da insatisfação dos professores com o baixo
nível de aprendizagem (especialmente de leituras) em si, quer nos parecer que há muitos
anos teoria e prática, principalmente no âmbito pedagógico (da UFRR), andam
dissociadas. Este é um fenômeno que existe não apenas em Roraima. Segundo Sônia
Kramer, há um falar sobre o ato de educar que pertence muito mais à esfera do teórico
ideal, do que da práxis do próprio professor que sugere o caminho. E há por parte do
discente uma "reprodução" da prática de seus professores, citando o “ideal” e fazendo o
"normal". O professor universitário fala sobre teorias e formas de ensinar, mas não as
pratica, e o seu aluno, quando se forma e cai no mercado de trabalho, embora ciente
destas teorias, é, quase sempre, capaz de citá- las, mas acaba imitando (reproduzindo) a
prática de seus professores 22 . É preciso, segundo a autora, falar "da" (de dentro da)
educação, e não sobre ela. Para isso é preciso que o professor reflita sobre sua própria
prática (KRAMER, 1993).
Entendemos, com isso, que é preciso ser interdisciplinar quando se fala "da"
interdisciplinaridade, é preciso ser democrático quando se fala "da" democracia, é
preciso ser leitor proficiente para se falar "da" literatura. Mas mais que isso, é preciso
fazer-se presente em sua própria prática, exercendo a autocrítica e sendo crítico em
relação ao modelo 23 , à estrutura, ao processo histórico- ideológico-social (e institucional)
de construção do conhecimento no qual se está inserido.
22
Neste aspecto, nossa dissertação de Mestrado (assim como o artigo publicado posteriormente), já
citados antes (MIBIELLI, 2000; 2002) foi bastante feliz ao constatar que os "melhores" professores de
literatura das escolas de Ensino Médio pesquisadas em Niterói dominavam perfeitamente o texto
acadêmico e suas teorias, mas, na prática, não permitiam ao aluno que se pronunciasse, que exercesse seu
papel de intérpretes dos textos machadianos. Por serem os professores mais "aparatados" (alguns
cursando mestrado em literatura, inclusive) e mais autorizados para discutir tais questões, eram também
os menos democráticos no uso da palavra, eram aqueles que mais silenciavam/sufocavam seus alunos
com seu saber, eram, enfim, aqueles que, por deter um capital simbólico mais rico, destruíam qualquer
perspectiva polissêmica (em relação a interpretações pelos alunos do texto machadiano) ou polifônica (em
relação ao discurso discente).
23
Nem sempre a mera adesão a um modelo "crítico" ou "democrático" implica ser crítico ou democrata,
pois, "na medida em que surge o projeto de uma escola democrática, no interior da sociedade capitalista,
devemos detectar o que essa escola reinstala como diferença." (ORLANDI, 1995a, p. 60)
41
O pensamento didático mais avançado, em conexão com as tendências atuais nos
planos epistemológico, psicocognitivo e pedagógico, apoia -se hoje, no Brasil, em
algumas proposições consensuais, ao menos como pontos de partida da
investigação teórico-prática. Tais proposições são, sinteticamente: papel ativo do
sujeito na aprendizagem escolar, formação de sujeitos capazes de desenvolver
pensamento autônomo, crítico e criativo, desenvolvimento de competências
cognitivas do aprender a aprender, aprendizagem interdisciplinar, construção de
conceitos articulados com as representações dos alunos. O processo de ensino e
aprendizagem teria, então, como referências, o sujeito que aprende, seu modo de
pensar, sua relação com o saber e como constrói e reconstrói conceitos e valores,
ou seja, a formação de sujeitos pensantes implicando estratégias interdisciplinares
de ensino para desenvolver competências do pensar e do pensar sobre o pensar.
(LIBÂNEO, 1999, p.72).
Mesmo o ensino da Literatura deve pretender seguir estes passos, pois o que
mais precisamos em Literatura é que o aluno leia, seja crítico, saiba interpretar, saiba ser
intertextual, para que o texto não se torne inócuo. A vivenciação constante com o texto
literário, constantes construção e reconstrução da leitura como fazer histórico-social é
que, supostamente, fazem a "bússola" de um leitor capaz de navegar no mar da
intertextualidade/interdisciplinaridade que é a Literatura. O cânone, uma vez
estabelecido, deve nortear a formação do aluno, mas nada, exceto talvez a prática
docente e a "boa vontade do aluno" separa o "canônico vivo", da "letra morta". Nada
além da leitura garante a permanência dos clássicos da Literatura enquanto tal, nada,
além disso (a questão da leitura), deveria ser o elemento central das propostas que visam
reformular os cursos e programas de Literatura em Letras.
(...) é possível conhecer qual e como a literatura é lida, verificando seu modo de
circulação e consumo na escola e na universidade. A legislação, os livros
didáticos, os manuais da história da literatura, as listas de leitura elaboradas para
os exames de seleção ou as estratégias empregadas para o ensino da literatura são
indicadores importantes(...) (ZILBERMAN, 1991, p.121)
Se, como dissemos antes a escola é (ainda que por analogia) o lugar do clássico,
cabe investigá- la a partir daquilo que propõe ler; cabe tentar entendê- la partindo do
universo literário que defende e repropõe; cabe verificar que “imagem do literário
veicula”24 . É com base nestas questões que nos encontramos com uma de nossas
perguntas de partida25 : há, no curso de Letras da Universidade Federal de Roraima,
hoje, práticas que sejam capazes de construir, competentemente futuros profissionais
para o exercício do ensino de Literatura?
24
25
Jobim (1996, p.56)
Sobre "pergunta de Partida" ver QUIVY & CANPENHOUDT (1992).
42
Mas ao mesmo tempo em que esta questão vinha à tona, vinham já outras, que a
permeavam e a repropunham por vezes: O que é "ensino" de Literatura? Que
"competência 26 " é esta, a desejada? Que "competências"27 são essas, as desejadas? O
que se espera de um professor de Literatura de um curso de Letras?
Nossa opinião, embora reconheçamos a pertinência de todas estas perguntas para
a construção de nosso objeto, mas saibamos que não será possível respondê-las, a todas,
de modo apropriado, ao longo deste trabalho, converge com a do professor Jobim no
que tange ao que esperamos do aluno de Letras:
Para começar, achamos que seria importante o formando dominar ativa e
criticamente um repertório mínimo representativo da Literatura Brasileira e da
Língua Portuguesa, de modo a ser capaz de interpretar adequadamente textos de
diferentes modalidades, gêneros e registros lingüísticos. Contudo, além da
capacidade para verbalizar sua interpretação, seria interessante que o graduando
pudesse explicitar os argumentos utilizados para justificá-la, refletindo sobre os
fundamentos dela e sendo capaz de debatê-los, em vez de pretender transformálos em dogma inquestionável. (JOBIM, 1998, p.199)
Mas, ao contrário de responder nossas perguntas, esta perspectiva só as amplia:
Que expectativas pode ter um professor de Literatura de realizar algo próximo do ideal,
com as condições que se lhe apresentam? Qual o repertório de obras ideal para a leitura
deste profissional? Qual o nível de leitura desejável para este repertório? Como as
práticas passadas podem balizar a mudança e/ou a permanência da nossa? Que outras
práticas existem (das quais tenhamos conhecimento) que possam servir de "farol em
meio a esta verdadeira tempestade de questões"?
Entendemos que uma parte destas questões serão mais um estímulo a futuras
pesquisas que propriamente algo que poderemos responder ao longo de nossa tese,
todavia, é possível falar-se en passant daquilo que poderia ser o ideal da universidade e
dos cursos de Letras hodiernos, conforme argumenta o Prof. Jobim no trecho abaixo:
Ao próprio aluno – amparado por sistemas de aconselhamento, de orientação, de
tutoria – poderiam caber a liberdade e a responsabilidade de buscar a aquisição
destes conteúdos e destas habilidades em sala de aula, em biblioteca, em
seminários, em equipes de pesquisa ou não, de mobilizar seus conhecimentos
prévios, sua capacidade autodidata, sua experiência de vida e suas predileções e
poder determinar o momento em que se julga apto a prestar contas do
conhecimento, do saber adquirido, mediante um exame abrangente, avaliado por
docentes e especialistas internos e externos. (JOBIM, 2000, p. 128)
26
27
Usamos o termo "competência" no singular conforme RIOS (1993, 2001).
O sentido aqui já é o da LDB (lei 9394-96), o mesmo empregado por JOBIM (2000).
43
Há, porém, que se entender que soluções como esta exigem um grau de
amadurecimento, não só do aluno como também nosso, muito maior, na forma de
conceber o ensino (especialmente o literário), e, principalmente, na forma de interpretar
determinados fatos pedagógicos, que incluem, dentre outros, nossa própria expectativa
de aluno.
Vemos em nossos dias, um clamor ao redor de uma possível crise no ensino de
Literatura. Pensar esta questão nos faz refletir (a contrapelo)que, possivelmente,
características tais como “competência” (domínio da técnica) e “identidade”
(assemelhar-se/ identificar-se, no uso do método, com um determinado grupo de
“indivíduos”) remetem a uma imagem da “crise” como um elemento de constituição do
próprio sistema literário, bem como ao conceito de “modelo reprodutor” que Eni
Orlandi propõe abaixo, como “fiel da balança”, da qual pendem, de um lado os alunos
dos cursos de Letras, e, de outro aqueles que detêm (e defendem como podem) o poder
no campo literário (os docentes, e instituições como um todo):
No esquema reprodutor, a melhor leitura tem sido aquela feita por uma autoridade
x, que é tomada como modelo estrito. Daí se reproduzir a mesma leitura, através
dos anos, e apesar dos leitores e de suas classes sociais. Assim, pelo conceito de
autoridade, há um deslize entre a função crítica e a censura: o leitor fica obrigado
a reproduzir o seu modelo de leitura, custe o que custar. O que, em geral, custa a
sua capacidade de reflexão. (ORLANDI, 1995a, p.70)
Em geral a interação destes diferentes fatores, nesta ordem, gera uma equação na
qual a resultante é sempre negativa. Ou a grande maioria dos alunos apenas “reproduz”
o que lhe é dado, sem refletir, ou quebra-se a hierarquia sistêmica, gerando o caos.
Embora esta aparente “crise” seja explicitada muito mais no discurso do campo
didático (especialmente no que concerne à leitura em si) do que propriamente no campo
literário, e possa se supor que ela pouco tenha a ver com a discussão em torno da
instituição do cânone, ela é fundamental, também aí.
Ocorre que a estruturação do “cânone disciplinar”, bem como, qualquer disputa
pela hegemonia nos campos teóricos da Literatura afeta, profundamente, as relações de
poder entre aqueles que “instituem” o cânone literário e, por conseguinte, altera os
parâmetros/paradigmas pelos qua is aqueles que estão sendo “adestrados” para a função
crítica, ou funções secundárias (como o consumo da crítica) serão forma(ta)dos.
Se, por um lado, concordarmos que o “esquema reprodutor” (proposto acima por
Orlandi) tem sido, em maior ou menor grau, o modo mais comum de forma(ta)ção do
profissional padrão, em nossa área (letras), gerando um imenso contingente de
44
profissionais não criativos, por outro, devemos entender que ele parece atender às
demandas internas de grupos, tendências, escolas, modelos, congressos, seminários,
universidades, etc., funcionando assim como uma espécie de “mal necessário” a
formação de nossa “pirâmide” sócio-profissional.
Este padrão reprodutor tem sido uma das formas de determinação hierárquica
interna dos grupos que disputam a hegemonia no campo teórico. Porém, apesar do
interesse que alguns setores da elite literário-cultural possam ter pela manutenção deste
modelo ideológico de apropriação do poder, é preciso que se atente para o que o
discurso pedagógico tem a dizer sobre as conseqüências oriundas deste lado perverso da
“moeda”:
(...) talvez o professor seja peça secundária na escola de hoje, e
conseqüentemente, sua voz se faça ouvir com timidez no que respeita aos destinos
do texto literário em classe. Não parece que o que fazer com o texto literário na
sala de aula seja ainda da sua competência. Já faz alguns anos que decidir isso é
da competência de editoras, livros didáticos e paradidáticos, muitos dos quais se
afirmaram como quase monopolizadores do mercado escolar, na razão direta em
que tiraram dos ombros dos professores a tarefa de preparar as aulas. (LAJOLO,
1993, p.15)
O profissional oriundo do curso de Letras (especialmente o licenciado),
preparado inicialmente para ser professor de nível secundário, sofre as conseqüências
diretas do modelo reprodutor e passa a ser peça secundária no processo de leitura que se
pretende que ele gerencie. Sem poder concorrer com a “criatividade” das editoras, sem
tempo (em função da carga horária excessiva, fruto dos baixos salário s da categoria)
nem recursos próprios (sejam intelectuais ou não) para criar um conjunto de aulas
apropriado, o profissional se rende ao esquema que, além de economicamente imbatível,
serve (conforme a citação acima) para reificar, na escala hierárquica destes grupos, os
mesmos nomes, seja no meio editorial, seja no próprio meio acadêmico.
Na medida em que o modelo canônico explorado pelo livro didático também é
escamoteado, especialmente quando se trabalha com a fragmentação do texto
(impregnando a Literatura da falta de sentido típica desta situação de non sense), temos
um quadro em que o próprio mercado editorial parece conspirar contra os clássicos que
lhe dão, supostamente, o sustento.
Não rara, no entanto, dos anos oitenta em diante, tem sido a afirmação de que o
aluno do ensino médio não chega à universidade devidamente pronto para ela. É o caso,
por exemplo, da queixa presente no texto da tese da professora Lílian Mary Huggins de
Sá Campos, no arrazoado sobre problemas vivenciados nos cursos de Letras:
45
(...) com relação ao corpo discente, configuram-se como elementos negativos o
ingresso na universidade de alunos inadequadamente preparados pelo ensino médio;
a inadequação do exame vestibular; o ingresso excessivo de alunos para as áreas
que pareçam oferecer maior mercado de trabalho, melhor remuneração e ascensão
social mais imediata, daí resultando insuficiente procura pela área de magistério ou
seu abandono; falta de tempo dos alunos para viver uma vida universitária de estudo
e pesquisa, por motivo de necessidades financeiras, interferindo o trabalho com as
aulas e os estágios não remunerados nas escolas. (CAMPOS, 1987, p. XX)
Além de não considerar satisfatório o nível com o qual ingressam na vida
acadêmica os alunos oriundos do segundo grau, a autora aponta ainda para a
inadequação do exame vestibular como um dos fatores responsáveis por este problema.
Até aí nada há a assinalar de muito diferente do que se diz em geral. Possivelmente
esses problemas realmente existam, talvez até a maioria dos professores já tenha se
queixado de que seus alunos não lêem; ou de que não conhecem previamente esta ou
aquela obra, que deveriam conhecer; ou que não saibam escrever direito; ou que não
tenham interesse no que está sendo ensinado. Achamos, contudo, frente a tudo o que
vimos e veremos adiante, que esta parece uma posição de quem imputa aos outros
níveis de ensino problemas que deveriam ser melhor e mais discutidos no interior dos
cursos de Letras. Se, por um lado estes problemas acima denunciados “existem”, por
outro lado, eles podem ser vistos como conseqüência da má preparação de professores
que, oriundos dos cursos de Letras, atuarão nos outros níveis de ensino, fechando-se
assim um circulo vicioso em que, como já dissemos, não há “culpados”, nem
“inocentes”.
A autora aponta também para outras questões, uma das quais referente ao tempo
que o aluno do curso de Letras teria para cursá- lo. No contexto em que esta questão está
colocada, funciona mais como crítica social à falta de estímulo financeiro para que o
aluno de origem mais humilde continue a estudar (tendo que procurar emprego e se
afastando assim dos estudos), do que propriamente uma autocrítica, sobre a extensão
dos cursos de Letras e/ ou sobre a adequação/inadequação dos currículos e programas
destes à realidade social existente. Pode também, na mão de pessoas menos dispostas à
benevolência de opiniões, ensejar a idéia que os alunos menos favorecidos pela fortuna
não devam tentar a vida acadêmica, pois, ao precisarem buscar sustento, se desviariam
de suas funções estudantis, atrapalhando os colegas, a qualidade e o andamento do
curso.
Fica parecendo, pela falta de autocrítica existente em alguns dos textos
acadêmicos sobre “crise de ensino”, que estamos, nós do ensino superior, sempre a
46
aguardar que o mundo melhore, que o “sistema” (essa quimera sem face e sem
consciência) nos forneça os alunos ideais, que nossos programas contemplam. Ou, que o
problema se origina no próprio aluno, que ansioso por alcançar um status quo diferente
do que ocupa, procura outras carreiras, procura trabalhar durante o curso de Letras,
afastando-se da formação ideal, das leituras e dos seus deveres de aluno. A impressão,
decorrente deste tipo de interpretação, fica sendo a de que os alunos que não preencham
quesitos como conhecimento prévio ideal e tempo livre integral são considerados como
persona non grata aos cursos de Letras. Isto acaba por se caracterizar em forte
preconceito social e marca relevante de um elitismo cada vez menos desejável em
termos de educação.
São os cursos de Letras isentos de culpas diante deste quadro? Estão eles na
posição de buscar apenas o ideal? Essas são algumas perguntas que devemos nos fazer.
Especialmente diante de discursos que, a bem da própria paz de espírito, procuram
isentar/inculpar classes inteiras, como a dos professores, pelo fracasso escolar de seus
alunos.
Todas estas mazelas parecem convergir para o arbítrio em sua pior manifestação,
bem como para uma opção de ensino que privilegia apenas o “poder” de forma
irrefletida:
Coerentemente com essa opção, o professor vai reproduzir as relações impessoais
e autoritárias da sociedade e da escola, na sala de aula: vai seguir obedientemente
o manual que fragmenta os textos e propõe uma visão estanque da aprendizagem
da escrita, da leitura e da gramática; vai dar aulas expositivas, sem se preocupar
nem com a motivação nem com a forma pela qual essas aulas estão sendo
digeridas; vai respeitar, acreditando e reproduzindo, as histórias do Brasil e as
histórias literárias, bem como a visão do passado que lhes interessa impor.
(LEITE, 1983, p.112)
O autoritarismo gerador do preconceito social em relação ao aluno mais carente,
acaba por se refletir na prática de sala de aula de alguns professores, na forma de
desinteresse de ambos os lados o docente e o discente. Este modo autoritário de ensinar
também ajuda a ensejar a idéia de uma crise da/na leitura. De tal modo que possamos
nos perguntar: se é a escola (através da leitura) um dos principais elementos de
constituição do cânone, e se ela está em “crise”, o canônico também está? Talvez a
resposta, para esta questão seja que: fabricamos as crises que precisamos para ocultar
nossos problemas sociais. E se uma suposta “crise” abala a leitura, não abalaria também
o modelo de permanência/recepção de textos no imaginário coletivo, tornando a
permanência de determinados textos, no cânone, mais artificial do que ela já é?
47
Para esta segunda pergunta (sobre a permanência artificial de textos no cânone),
talvez, no âmbito deste trabalho, não tenhamos nenhuma possível resposta.
O que quase nunca se diz sobre o cânone e, consequentemente, sobre a leitura é
que por ser (e sempre ter sido) uma atividade da elite, de iniciados, por estar
impregnada da mística que o livro exerce sobre o imaginário público, a leitura literária
abriga, conserva e veicula valores e práticas das elites. Ideologicamente esta é uma
questão que mereceria uma discussão mais ampla, mas que é apenas percebida quando
se pensa na inclusão/exclusão de autores e obras (populares ou não) no câno ne. Pode
ser crítica (de crise) uma situação, na qual o resultado reifica e sustenta o sistema que a
criou?
3.2 – Uma “crise” que pode não ser o que parece
Faz já algum tempo (nessa nossa área de estudo relativamente nova – o ensino
de Literatura) que se ouve falar, e cada vez com mais intensidade, em “crise” de leitura.
Talvez a idéia anteceda mesmo a criação de um campo de estudos sobre ensino de
Literatura, talvez tenham mesmo “crise” e “campo de estudos” nascido juntos. Mas o
que vem a ser efetivamente isso? Segundo Regina Zilberman e Ezequiel Theodoro da
Silva:
Esta denominação abarca dois grandes elencos de dificuldades: por uma parte, a
constatação das carências no campo da educação, incluindo-se, entre outras, as
deficiências do processo de alfabetização nas escolas, a pequena quantidade de
leitura dos textos em sala de aula, a má qualidade do material a ser lido; por outra,
a concorrência dos meios de comunicação de massa que, conforme a denúncia de
educadores, afastam o público da matéria escrita e criam outros hábitos de
consumo, prejudiciais à relação do leitor com o universo social e cultural.
(ZILBERMAN & SILVA, 1995, p.7- 8)
O que se convencionou chamar de “crise da leitura” é, na verdade, algo mais
amplo, que sequer pode mesmo ser chamado assim. Gostaríamos de asseverar que
muito se tem publicado, em matéria de teses e textos em eventos nacionais e
internacionais, que faz crer que este nosso campo/área de estudo/espaço de discussão
existe apenas, e somente, em função da crise da/na leitura. Apesar da crença de muitos
48
na sua existência, gostaríamos de poder descrer dela e de questioná- la, apontando,
talvez, para o próprio contexto em que se insere o ensino de Literatura como
historicamente contraditório per se, o que ocasionaria esta impressão.
Para alguns a prova e o argumento mais óbvio de que ela (a crise) existe é o de
que há um campo emergente de estudos voltado para o ensino de Literatura. Para esses,
se não houvesse uma “crise”, por que se discutiria o ensino de Literatura em teses,
pesquisas, etc? Argumento que opera uma lógica que pode soar como bem razoável, ou
seja, se não há problemas, não há o que discutir. Devemos reconhecer que este é um
argumento de peso, uma justificativa que deve ter “autorizado” inúmeras teses e
dissertações nos mais diversos contextos.
Tem-se lido em teses e dissertações um apelo político – misto de busca e autoafirmação de um espaço próprio, com uma constante reafirmação desta “crise” – no
sentido de ressaltar a importância de nosso campo de estudos. Nessas teses e
dissertações é mais que comum que se lamente a pobreza bibliográfica e de produção
científica sobre o ensino/leitura de Literatura. Isto também parece um equívoco
corrente. Produção há. E, relativamente à novidade de nosso campo, há muita. Mas, fica
a contra-pergunta: - E se não houvesse, de fato, uma “crise”, não seria pertinente que,
ainda assim, investigássemos nossas práticas no ensino de Literatura?
Ao dizer que há uma produção considerável (nem sempre de boa qualidade) para
um campo que se crê tão novo, ou que não necessariamente haja uma disfunção tão
grave, como se tem afirmado, à guiza de justificativa para que haja um campo de
estudos, não estamos nos voltando contra a idéia de que se investigue, discuta, proponha
questões sobre o ensino de Literatura, pelo contrário. É justamente por não acreditarmos
no argumento de que haja uma “crise” (específica) que cremos ser necessário, ainda
assim, entender os mecanismos que nos levam ao ensino e à perpetuação da leitura
literária, do cânone e a escrever textos literários.
Paulo Freire, explica que este é o modo pelo qual as elites atuais, vendo-se
“ameaçadas”, tal qual as elites de outrora, “atraem para si os ‘teóricos’ de ‘crises’,
como, de modo geral, chamam ao novo clima cultural” (FREIRE, 1980, p.55).
Aliás, embora não seja este especificamente o nosso assunto, nem nos caiba
discuti- lo mais amiúde neste trabalho, cabe incorrer brevemente no tema, apenas para
afirmar que algumas das “crises” que vivemos na atualidade, nada mais são que uma
interpretação ideológica equivocada do contexto em que vivemos. Em especial a “crise”
da educação, ou da qualidade de ensino. Esta em especial (que é constituída de
49
discursos sobre a péssima qualidade do ensino em nosso país) tem tudo a ver com a
nossa outra “crise”, a da leitura de textos literários, relacionada que é, como uma de
suas causas.
Temos dito em algumas ocasiões que não é esta uma “crise” no sentido literal do
termo. Ou seja, não é que algo estivesse bom/bem e fosse repentina e eventualmente
arruinado. O que há é fruto de um processo em andamento, portanto, nada de crises, que
são situações mais pontuais. O parâmetro de comparação, ou a baliza pela qual nos
pautamos para indicar a existência dela é que está equivocado. Inclusive no que tange
ao ensino de Letras (e, portanto, aos egressos destes cursos) na graduação.
Quer conscientemente, quer não, a medida que empregamos, para julgarmos o
ensino, tanto público quanto privado, de hoje ruim, é a comparação com o nosso ensino
público/privado do passado. Este é um procedimento que não deve ser adotado de modo
apressado, pois não funciona plenamente. Nele persistem elementos discursivos de uma
verdadeira “histeria nostálgica”. Não havia, há algumas décadas, tantas escolas,
universidades, opções de ens ino. O padrão de atendimento era outro, pois, outrora,
quantitativamente, estudavam quase que apenas os mais favorecidos. Com a expansão
do sistema de ensino e o aumento de sua abrangência, a expectativa de conteúdo em
relação ao público alvo deveria sofrer ajustes, que nem sempre aconteceram. O ponto de
partida de um conhecimento pré-existente à escola já não era o das elites, dos
preceptores pré-escolares, mas de camadas da população cada vez mais excluídas
(inclusive do conhecimento, do acesso a bens de capital simbólico e a oportunidades de
conviver com eles). Isso fez com que o modelo oscilasse entre a exclusão, pela via da
reprovação massiva, a aprovação massiva, e o ajuste do conteúdo à nova realidade.
O horizonte de expectativas do ensino, assim como sua estrutura, currículos e
programas está calcado em valores, cuja maior ambição parece ser a de “redimir” as
camadas mais pobres da sociedade de seu suposto (quase) estado de barbárie, tornandoas úteis ao sistema. Pela via do ensino público e gratuito, as elites cumprem um papel
duplo, que nada tem de generoso: ao mesmo tempo em que promovem o apagamento de
resquícios daquilo a que chamam de “barbárie” (e que bem podem ser outras formas de
manifestação cultural marginalizadas), pela via da educação, propõem a crença num
modelo ascensional de competição e valor individual (tipicamente burguês e, portanto,
“romântico”), o qual, pode-se constatar, é visível no modelo de avaliação, bem como
em todo nosso processo competitivo de escolarização, inclusive e, talvez,
principalmente no exame vestibular.
50
Mas esta equação ascensional, via educação, não pode se concretizar para todos,
sob pena de haver um desequilíbrio do próprio sistema. Permanece no aluno, oriundo
das classes mais desfavorecidas da população, apenas o desejo de um ensino realmente
“redentor”, que leve o postulante às camadas superiores da sociedade. A frustração
desta expectativa, por esse lado, é quase sempre revertida na forma de culpa
‘determinista’ para o seu próprio público alvo 28 . Alguns, mais benevolentes com as
camadas mais pobres (mas não tão claramente críticos do sistema excludente), por outro
lado, apontam para a possibilidade da existência de uma “crise” no ensino. Assim é com
a educação em geral, assim será para com a leitura literária:
Em resumo, parece haver uma diminuição do interesse pelos livros positivamente
avaliados pela escola, pela academia, pela crítica literária. O cânone universal dos
textos escritos, capaz de assegurar a disseminação dos valores culturais, políticos e
religiosos, nos quais se ancora a visão de mundo das elites, parece ameaçado. Novo
perigo ronda o mundo dos livros e da leitura, pois esperava -se que esses valores
fossem reverenciados e entendidos como algo de que não se poderia prescindir
(ABREU, 2002, p. 15)
Na verdade o que se convencionou chamar de “crise” é a visão da realidade nua
e crua, é a “poeira acumulada debaixo do nosso tapete social”. É fruto de séculos de
ausência de investimento (e marginalização) cultural para as camadas populares e falta
de (re)conhecimento da existência de uma cultura popular. É a exigência prévia de que
o aluno que nos chega (tanto à graduação, quanto ao ensino fundamental e médio), já
chegue a nós educado dentro de parâmetros culturais que não lhe pertencem e que seja
julgado com base neste modelo. Não negamos a ausência de verbas, o desmantelamento
das escolas públicas de periferia, os baixos salários dos profissionais de ensino nos mais
diversos níveis, mas estas podem ser consideradas como “instâncias reguladoras” do
próprio sistema em si, que tende a privilegiar escolas em determinadas áreas, de acordo
com sua extração social, em detrimento de outras; que tende a reproduzir um modelo
elitista de educação, onde as melhores chances de ascensão estarão próximas de que m
detém mais poder.
Caberia a nós, talvez, rever horizontes e expectativas. O nosso aluno de hoje não
conhece duas, ou mais línguas estrangeiras, não viaja à Europa nas férias de verão, não
pertence somente aos grandes centros e por vezes nem sequer a um cinema foi em
28
Diz-se geralmente em função destes “fracassos” próprios do sistema de ensino, que o aluno por ser
oriundo das classes populares “não deseja estudar”, “não tem interesse”, ou em última e mais cruel
instância “que ele não tem o ‘dom’ da cultura”, ou que ele “não tem o ‘dom’ do estudo”. Daí o que se
convencionou chamar de teoria do “dom”.
51
algum momento de sua vida. É uma “clientela 29 ” em tudo diferente daquela que temos
por ideal. Não é um aluno que tenha lido os clássicos da literatura, que tenha acesso a
bens simbólicos. Culpa dele? Não. Contudo há quem ache que sim.
Nosso aluno, na graduação, por exemplo, não é mais a “mocinha casamenteira”
que oriunda de boa família, com bom estudo, vai dar aulas enquanto espera por um
marido. Ao mesmo tempo em que houve um processo de profissionalização (e
especialização) cada vez mais intenso em nossa área, o próprio mercado mudou,
especialmente em função da pressão gerada pelo desemprego. Onde outrora, havia
pessoas que cursavam desleixadamente Letras (era segunda opção, dizia-se), apenas
para terem um diploma de nível superior (que não pretendiam exercer a profissão, no
mais das vezes, querendo apenas o diploma para ascender em suas carreiras), começou a
haver aqueles que viam com bons olhos os empregos em nossa área e que passaram a
disputar seriamente as vagas em nosso mercado de trabalho. O crescimento da
quantidade de cursos de pós-graduações e de pós-graduados, em nosso país, foi palco
desta disputa.
Testemunho da pressão, por mais vagas de trabalho no ensino de língua e
Literatura, nos é dado pelo trecho abaixo do Parecer nº 283/62, aprovado em 19 de
outubro de 1962, sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O
Conselheiro Valnir Chagas, se referindo a obrigatoriedade do aprendizado de Língua
Portuguesa para quem ensina Língua Estrangeira, qualifica positivamente o fato de que
a lei teria possibilitado uma maior oferta de vagas de trabalho na área de Língua
Portuguesa.
Diga-se o que disser, esta solução já consistiu um acréscimo positivo sobre a
dispersão anterior, além do que, de certo modo, antecipou o novo quadro que ora
nos depara. A Lei de Diretrizes e Bases, diretamente ou através de Resoluções
deste Conselho, tornou obrigatório o estudo da Língua Portuguesa em todas as
séries da escola média, com isto ampliando consideravelmente a procura de
professores do idioma vernáculo (CHAGAS, 1962, p. 414)
E prossegue, apontando a reforma curricular como um fator de “irresistível
motivação profissional” para professores de Língua Portuguesa, o que permite inferir
que está-se “ajustando”, pela força da Lei, contas com as pressões que o desemprego
exercia sobre o mercado então.
29
O termo “clientela” aqui obedece ironicamente a lógica da crítica que está-se fazendo. O aluno tratado
como “cliente” é algo bastante coerente com uma proposta de ensino capitalista, excludente e ascensional.
52
(...) a total inconveniência de que seja alguém autorizado a lecionar uma língua
estrangeira sem o completo domínio do idioma vernáculo e, de outro, a necessidade
crescente de professores deste último, que funciona como irresistível motivação de
ordem profissional. Em conseqüência, forçoso é que se abra caminho para uma
nova concepção em que todo professor de língua estrangeira o seja também de
Português. (CHAGAS, 1962, p. 415)
A força econômica desta pressão também é um fator responsável pela expansão
do sistema de ensino. Não se trata, portanto, de favor, ou caridade. Há, sob muitos
aspectos, uma pressão muito forte no sentido de empregar a mão-de-obra ociosa, outrora
formada no seio das elites, em novas posições no mercado de trabalho.
É por isso que não é exatamente uma “crise” que enfrentamos, mas uma situação
que é fruto também da dura realidade de um processo de expansão mercadológica que
se utilizou da diferença cultural entre as classes socia is, para a qual muitos de nós
fizeram questão de fechar os olhos, durante anos. Outros a utilizariam ainda como uma
espécie de estandarte ideológico (determinista) da exclusão, para ocultar uma expansão,
cujo investimento não correspondia a realidade. Isso não pode ser chamado, quando
visto a partir de uma perspectiva diacrônica, de crise, mas sim de processo de expansão
do mercado de ensino.
Caberia, quando muito, perguntarmos se os valores e o nível que defendemos, ou
buscamos são, diante desta “nova” realidade, os ideais. Se concordarmos que este é o
nosso ideal, devemos então investir na “recuperação” (seja lá o que isso for) da cultura e
na “restauração” de nossos alunos ao patamar desejado. Caso contrário cabe discutir se
é ideologicamente importante desejarmos que as classes populares, que, de modo geral,
hoje freqüentam a escola pública, assimilem o padrão e o modelo da cultura das elites,
apagando o seu, ou se este padrão não lhes é prejudicial, em função da
cooptação/formatação ideológica que se opera em seu meio.
Este, contudo, não é o papel deste trabalho. E a reflexão que desenvolvemos até
aqui nos serve no sentido de indicar nossa descrença na existência de uma “crise”, e de
quebra, nos aproximar da idéia de que o aluno que nos chega não é mais apenas aquele
das elites, educado segundo o modelo da elite, mas, eventualmente, um misto de alunos
oriundos de escolas públicas e cursos pré- vestibulares, especialmente se nos situarmos
em cursos de Letras pertencentes a universidades mais periféricas, como a UFRR.
Para alguns que acreditaram na idéia de uma “crise”, como Afrânio Coutinho,
ela é apenas decorrência direta do aumento das vagas no ensino público e da
popularização da educação como um todo: “ O que somos é incompetentes,
53
malformados, superficiais. Que se pode esperar de tal estado? E o pior é quanto mais o
tempo escorre pior é a situação. Com o aumento da população escolar caiu o nível do
ensino. E agravou o faz-de-conta nacional.” (COUTINHO, 1983, p. 244). Para ele
(Afrânio) o processo da popularização do ensino (que ele reconhece existir, mas renega
enquanto benesse social) representou somente um “nivelamento por baixo” da
educação, um grande “faz-de-conta”.
No entanto, esta é uma posição em tudo desfavorável às camadas mais pobres da
população, pois está calcada na provável premissa de que somente uma pequena elite é
capaz de manter o nível ideal. Conforme aponta abaixo Osman Lins, já na década de 60:
Justamente aí, parece-me, está o ponto mais grave do problema. Apesar das
insuficiências dos alunos, altamente imaturos e despreparados, continuam os
professores a organizar e ministrar seus cursos de graduação como se tivessem
diante de si alunos ideais, ou, ao menos, com alguma leitura, quando não são
raros os que chegam à faculdade sem nunca terem lido uma obra literária sequer.
(LINS, 1977, p.82)
Para ele parece óbvio que os alunos que nos chegam, já não detêm o mesmo
conhecimento de outra época. Mas, longe de atribuir a culpa a uma possível e impessoal
“crise”, aponta para a desatenção dos professores, instituições de ensino e sua inércia
diante de currículos e programas, repartindo o ônus do fracasso entre docentes e
discentes, como prováveis co-responsáveis pela situação de impasse e falta de leitura.
É preciso que se olhe o outro lado da questão e se perceba o quanto a
popularização do ensino, um processo já muito longo, bem como a popularização, ainda
no século XVIII (bem como ao longo de todo o processo Romântico), da Literatura
detonaram transformações sociais e mercadológicas importantes no mundo. O quanto
esta expansão é parte programática da própria necessidade de sobrevivência do sistema
capitalista em si. Cyana Leahy-Dios, citando Romanelli, afirma que:
Segundo explica Romanelli, era do interesse de empresas nacionais e internacionais
que o trabalho braçal no Brasil fosse equipado com um certo grau de educação e
treinamento técnico, visando ao aumento da produtividade, enquanto ainda
permanecendo muito barato (Romanelli in LEAHY-DIOS, 2000, p.68)
É, de uns tempos para cá, necessário cada vez mais formar mão de obra
especializada, educada para o sistema. Por outro lado é bom que se perceba o quanto
estas transformações, tanto no campo literário, quanto no escolar, viram surgir escalões
intermediários, entre a “miséria ” intelectual absoluta e as elites, e funcionaram como
motor da própria modernidade. Se a escola pública no Brasil, teve uma “queda” de
54
qualidade na mesma proporção em que se expandiu, assimilando as camadas mais
pobres da população, a despeito do que temiam aqueles que concordam com o que
pensa Afrânio na citação anterior, concomitantemente, neste mesmo período, o cânone
se abriu e foi mais intensamente questionado.
Assim, a cultura popular tende a ser incluída, à revelia de setores mais
conservadores da elite, na mesma medida em que a escola dela necessita como
referência didática válida, para a inserção dos mais excluídos. Trata-se de um processo
de auto-identificação, bem como de “fixação” das camadas populares no sistema de
ensino, conforme salientam Paulo Freire (1980) e a professora Vera Teixeira de Aguiar:
“A escola, como instituição voltada para a educação formal, é a responsável pela
alfabetização e ensino contínuo da leitura, mas ela não pode levar adiante seu projeto
sem considerar a diversidade sócio-cultural de seus alunos” (AGUIAR, 2004, p.47).
Deste modo, o cânone também se renova, pela pressão social e necessidade de
referências reconhecíveis, que a ascensão ao sistema de ensino dos menos favorecidos
provoca.
Mas esta inserção, como já dissemos antes, não é nenhum favor. Em Roraima,
por exemplo, se tratou de uma necessidade da própria sociedade de formar (formatar?)
novos professores que dessem conta da crescente demanda pelo ensino público naquele
estado em expansão 30 . Tratava-se de um território da União isolado política e
geograficamente, que, para integrar-se ao sistema da União, para ser reconhecido como
um novo Estado “viável”, precisava adequar-se ao padrão nacional. Precisava-se,
naquele momento, de um ensino que, ao menos, espelhasse o modelo de ensino
nacional, pois o ensino em Roraima contava com pouquíssimos professores certificados,
ou seja, com poucos profissionais formados em nível superior.
Se o cânone muda através dos tempos, ali podemos verificar sua mudança (e
conseqüentes resistências dos seus cultores a isso) bem como, entender um pouco do
processo de inclusão de determinadas obras, de extração mais popular, em suas fileiras.
É sintomático que em 1977, reunindo textos da década de 70 e alguns do final da
década de 60, Osman Lins, analisando e criticando com veemência uma série de livros
didáticos (50 para ser mais preciso), estranhe a presença (em 1965) de figuras da cultura
30
Nesse sentido talvez seja interessante olharmos para o quadro de evolução demográfica do IBGE
(tabela I desta tese) da Região Norte com destaque especial para o Estado de Roraima nas décadas de
oitenta e noventa.
55
popular como o Sr. Catullo (da Paixão) Cearense entre os elencados nos livros
didáticos, em detrimento de outros autores canônicos que considera mais importantes:
Em segundo lugar, os autores citados nem sempre são os mais conspícuos dentre
os “consagrados pela morte”. Transcrevem-se, com insistência, páginas de
Afrânio Peixoto, Taunay e outros ainda mais inexpressivos. Qual a presença,
hoje, desses homens, nas letras do país? Como insistir em mencionar Fruta do
Mato, Maria Bonita e Inocência entre as grandes obras da literatura nacional,
quando todos esses livros estão mais mortos do que seus autores e nada
transmitem de nossa realidade, da situação do homem perante o mundo e, aspecto
ainda mais grave, nem mesmo chegam a ser bem escritos? Acrescente-se ainda o
vezo de alguns gramáticos de abrirem espaço (é de estarrecer!) para um cantor de
modinhas como o Sr. Catullo Cearense. Citam o conhecido seresteiro, como
exemplo, pelo menos três gramáticos em seus livros de ensino: Nestor Delvaux
(Português , Curso Colegial, edição F.T.D.), Raul Moreira Lellis (Português no
Ginásio, Cia. Editora Nacional) e Silveira Bueno (Estilística Brasileira, Ed.
Saraiva). Em compensação, nenhuma referência é feita, nestes com em quaisquer
outros da quase meia centena de compêndios examinados, a mortos como
Domingos Olímpio, ou Amadeu de Queiroz, ou Manoel de Oliveira Paiva,
autênticos escritores e legítimos intérpretes da realidade brasileira. (LINS, 1977,
p.17)
Embora faça ele, naquele mesmo momento, a mais lúcida crítica sobre o ensino
de Literatura em nossas Universidades e cursos de Letras, também se percebe seu
estranhamento com a presença de um autor popular entre os eruditos do cânone, vistos a
partir de livros didáticos. Tal qual Márcia Abreu descreve, nos séculos XVIII e XIX, o
pavor de determinados escritores com a expansão da leitura e a proliferação dos escritos
e escritores é um desses momentos em que se pode perceber com mais nitidez o quanto
o cânone pode ser exclusivo (e o quanto, em determinadas circunstâncias, apesar de seu
“exclusivismo”, o processo de inclusão da cultura popular, ou de “menor erudição”, é
inexorável). Voltaire era um dos que pretendia distinguir-se daqueles a quem acusava de
“serem incapazes de qualquer obra proveitosa” (ABREU, 2003, p. 25). Para a autora
“simultaneamente ao escalonamento dos escritores, produziu-se uma hierarquização dos
escritos” (ABREU, op. cit., p..25). Desta hierarquização, provavelmente, herdamos o
cânone. E com ele herdamos a exclusão que ele proporciona.
Para a Professora Márcia Abreu esta exclusão está implícita na própria forma
como esta hierarquização se deu: “Toda sua preocupação consistia em não macular a
produção erudita pelo contato com escritos de circulação ampla, lidos privadamente,
sem a intermediação de professores, padres ou pastores, sem a necessidade de
conhecimento de obras e preceptivas clássicas.” (ABREU, op. cit, p.25).
56
O que nem sempre parece tão óbvio, mas que acaba redundando em fato é a
participação da escola (por escola entenda-se também a academia) na defesa deste
modelo de elitização, tornando-se ela também um “feudo” das elites. Veja-se na citação
acima que a reação no século XVIII se dá contra a leitura privada, não contra a que é
praticada na escola, por exemplo. Trata-se muito mais da defesa do espaço, do poder e
do prestígio dos mestres-escola, dos padres e dos pastores do que da leitura em si. E
esse poder lhe é franqueado não só por deter o conhecimento (veiculo ideológico das
elites) mas por ter a licença de ministrá- lo 31 . Nesta perspectiva, cânone, leitura e (ensino
de) Literatura, geralmente conceitos que costumam tomar diferentes rumos em nossos
dias, acabam se fundindo e trilhando um caminho de exclusão semelhante entre si.
Ademais, o discurso sobre o “como ensinar” que era objeto quase que privativo
do campo pedagógico, ou de professores que, tendo feito o curso de Letras 32 , não
estavam militando diretamente em questões mais técnicas do campo da Literatura, de
algumas décadas pra cá passa a fazer parte do nosso dia a dia.
Estas questões, tidas, então, como mais da alçada da pedagogia, acabavam sendo
muito parcamente visitadas pelos professores mais “técnicos” da Literatura, muito mais
preocupados com as próprias tensões teóricas, do campo em si, do que com o
desenvolvimento de métodos, técnicas e/ou discussões sobre o “como” e o “porque”
ensinar Literatura. Não é à toa, que no desfecho de seu discurso sobre o Ensino da
Literatura no Brasil em 1974, Afrânio Coutinho advirta, possivelmente pensando num
modelo elitista de curso, que:
O dever de todos os que temos responsabilidade no ensino em nosso país é procurar
aperfeiçoar cada vez mais as técnicas de abordagem docente no sentido de
aprofundar o ensino literário para que ele venha a desempenhar um papel produtivo
como instrumento humanístico na formação do homem comum, e como estímulo à
formação do homem de letras, que, assim espero, deverá sair cada vez mais do
ensino superior de letras. (COUTINHO, 1983 [1974], p. 190)
31
Não estaremos errados se pensarmos que esta “licença” (não é à toa que os cursos que formam
professores são chamados “licenciaturas”, daí a idéia de “licença”) das elites para ministrá-lo é uma
forma de tornar refém a escola (e conseqüentemente o professor) do conhecimento que ela mesma produz
(através da pesquisa acadêmica), criando-se assim um círculo vicioso, que para alguns passa por virtuoso.
Esta licença é uma forma de controle que as elites exercem no imaginário. Há uma espécie de “censura
escolar” que determina, via programas e ementas o âmbito da “licença” de cada disciplina. O professor,
por sua vez na busca do conhecimento amplo, torna-se refém de uma “rede” da qual ele não pode libertarse. Este é o seu poder e seu “ópio” (quanto mais conhecimento, mais poder ele detém, mais “dopado”
pelo próprio conhecimento ele fica) mas é tamb ém o grilhão que o ata à sociedade. O conhecimento que
for considerado impróprio pode ser banido, assim como quem quiser defendê-lo contra os padrões
estabelecidos. Assim (grosso modo), a elite (e o mercado) opera indiretamente até o cânone em suas
inclusões e exclusões.
32
Ligia Chiappini Moraes Leite, Richard Bamberger, Mary Kato, Magda Becker Soares e até lingüistas
como Eni Orlandi, dentre outros.
57
Para ele, já na década de 80, a própria Universidade era uma “forja de elites” e
sendo esta ainda incipiente, também era a culpada pelo seu próprio fracasso na
promoção da formação de “uma massa de homens médios produtivos.”
Não se pode negar que o ensino literário tenha mudado ao longo dos últimos
anos. Não se pode negar também que haja problemas no ensino de Literatura em nosso
país desde sempre. Os mais atentos à questão histórica vão apresentar razões para este
impassse que se originam ainda no Brasil colônia, quando era proibido importar,
comercializar e/ou produzir livros em terras tupiniquins. Os mais afoitos, buscando a
redenção prometida pelo modelo de economia globalizada da pós- modernidade, dirão
ser tudo fruto de nossa resistência a valores e a produtos externos. Haverá quem diga
que nossa problemática é conseqüência da ausência de um projeto educativo próprio, ou
que seja culpa de modelos educativos que por ventura tenhamos (criticamente ou não)
adotado. É o caso do professor Alberto Gonçalves da Cruz (UFRRJ) que ao se referir ao
modelo universitário brasileiro considerará “como causa desta crise, o fato de termos
saído de um modelo europeu para o modelo americano sem os cuidados para adaptação,
que seriam necessários.” (CRUZ in SLEUTJES, 1999, p.31)
O mais estranho é que independentemente da questão da adoção (acrítica) ou
não de um modelo, de termos, ou não, um problema histórico em relação ao mercado e
ao ensino de Literatura, de sermos, ou não, uma “literatura menor”, um ramo da
“Literatura Portuguesa”, independentemente de tudo isso, cabe ao professor, segundo a
fala na citação anterior de Afrânio Coutinho, a tarefa de modificar os rumos da
educação literária através de um “método”.
Mas seria um método capaz de reverter este quadro?
3.3 – Ensino de Literatura e cânone: questão de método ou de ideologia?
Achamos que não é bem através da adoção ou criação de um método, que se
resolverá a questão. Inicialmente porque, mesmo através da cortina de preconceito
estendida sobre o discurso de quem trata a popularização do ensino, como culpada pela
crise, se pode perceber que a questão é mais social do que um problema de modelo, ou
58
metodologia. E se é um processo social em curso, cabe tentar entender (ou pelo menos
vislumbrar possibilidades) a questão do ensino de Literatura (bem como da educação
em geral - o que não é o nosso caso, mas entendemos ser possível) através desta lente.
Se nos pusermos a refletir sobre o cânone, em sua relação direta com o que, na
maioria das vezes, veiculamos como verdade sobre os benefícios oriundos de sua
leitura, veremos que nem sempre esta verdade é coerente. Dizer, por exemplo, que a
leitura dos clássicos liberta, pode ser, dependendo do ponto de vista, uma inverdade. A
leitura também gera uma prisão, um aprisionamento do leitor ao seu universo. Uma
“formatação” social do indivíduo ao seu modelo. Ela pode implicar num modo de
conformidade muitas vezes menos visível que a própria violência social em si. Deste
modo, o instrumento que pode libertar o indivíduo do jugo das classes favorecidas,
armando-o para o convívio com a elite, também pode torná- lo um defensor
“espontâneo” do sistema, um outro opressor, em menor escala, diante de seus
semelhantes menos “esclarecidos”, ou como queria Afrânio, na citação anterior, “um
homem médio produtivo”.
O texto literário, por sua vez, não foge à regra. Tanto para quem produz o
material a ser lido (a Literatura) quanto para quem a lê, existem regras, cujo viés
ideológico favorece, quase sempre, a reprodução de modelos e hierarquias excludentes.
O cânone é uma delas. O amor incondicional aos livros que, para a maioria de nós,
parece condição sine qua non do intelectual das letras, ou do professor de Literatura,
também pode funcionar como possante droga, que pela sua inquestionabilidade,
obnubila exclusões e conflitos existentes em seu íntimo. Ler, assimilar, interpretar,
entender um texto literário, podem ser sinônimos de alinhamento com um regime, com
o sistema, com o método, com a vontade de um professor, com a ideologia de um livro
didático, etc., ou até com a exclusão que o próprio cânone, que reverenciamos,
patrocina. Esta exclusão, por sua vez, significa a adoção de um modelo de beleza
também ditado, em sua maioria, pela tradição elitista, significa adesão ao sistema de
valores que sustentam a sociedade.
E dependendo da forma como isto é feito em, menor ou maior grau de
compromisso com o texto, com um método, com a própria literatura (ou o que se crê
que seja ela), este efeito “nebuloso" pode, ou não, se agravar.
Nosso intuito, não é (como já dissemos antes) tentar, ao longo deste trabalho,
resolver o problema da miséria humana, nem da exploração do homem pelo homem.
Apenas tentamos demonstrar paulatinamente que não se trata de adotar esse ou aquele
59
modelo canônico, ou de pensar na “integração” da educação em Roraima ao modelo
nacional acriticamente. Entendemos, sim, que a educação pela Literatura também possa
ser libertária, mas somente quando feita de modo crítico e não-reprodutivo. Entendemos
ainda, que para deixar clara uma posição crítica, devemos avançar um pouco mais na
desnaturalização de algumas idéias, como a de que a leitura é sempre algo bom, ou a
que atualmente tem andado em voga, de que o aluno se auto-educa pela Literatura. Não
discordamos da possibilidade do “auto-didatismo”, mas fazemos a ressalva de que
apenas estimular a leitura pode não ser o ideal, mesmo (ou especialmente) num curso de
Letras. Tentamos também, até aqui, buscar responsabilidades, para que a discussão
avance sem o subterfúgio de um sujeito indeterminado, a “crise”, que não só impede
soluções, como ideologicamente nos torna a todos acríticos, credores que somos de um
“fantasma” da “falta de leitura” que nos assola.
Não só apenas no capitalismo, nas sociedades suposta e/ou ideologicamente
comprometidas com a exploração do homem pelo homem, a Literatura assume papel
didático relevante na organização da cultura letrada. Tão pouco será apenas nessas
sociedades que o cânone assumirá um papel nacionalista, ideológico, ou mesmo
excludente. Nos trechos retirados de discursos e artigos de Lênin, abaixo, veremos que a
preocupação para com o papel ideológico da leitura também esteve presente nos
primeiros anos da revolução russa, como uma questão, que embora vista de um modo
“romântico”33 , deveria ser, para ele, atribuição primeira do estado revolucionário:
Debemos utilizar los libros que tenemos y acometer la creación de una red
organizada de bibliotecas que ayuden al pueblo a utilizar todos los libros que
tengamos, sin montar organizaciones paralelas, creando una sola organización
metódica. En esta pequeña obra se refleja la tarea principal de nuestra revolución. Si
no se cumple esta tarea, si no pone rumbo a la creación de una sola organización
metódica de verdad, que acabe con el estúpido caos y los absurdos existentes en
Rusia, esa revolución no pasará de revolución burguesa, pues la peculiaridad
fundamental de la revolución proletaria, que marcha hacia el comunismo, consiste
precisamente en eso (...) (LÊNIN, 1979 p.256)
Para Lênin, um ano e meio depois da revolução soviética de outubro, em maio
de 1919, é de primordial importância a leitura e, portanto, a organização “metódica” e
“centralizada” nas mãos do estado de uma rede de bibliotecas em que o proletariado
33
O termo “romântico” aqui diz respeito à fase épica da revolução russa, um primeiro momento desta, em
que o estado ainda não se tinha transformado na máquina burocrática e ineficiente que acabou se
tornando. O uso do termo “romântico” se deve mais ao sonho idealista de uma construção igualitária e às
reais perspectivas e discussões, nesse sentido, que se abriam para a recente revolução, bem como para os
revolucionários utópicos em geral. Tomemo -lo, portanto como sinônimo de “idealista”.
60
possa se educar pela e para a leitura. Para ele, esse seria o fator distintivo entre uma
“revolução proletária que marcha rumo ao comunismo” e mais uma “revolução
burguesa”. Também para ele, ainda na segunda década do século XX, a “barbárie”, a
“falta de cultura” e a “ignorância” são frutos da ausência de consciência (tomada aqui
talvez como leitura) e organização que sempre acometeu a classe operária, frente à
burguesia.
Conforme se pode ver neste outro trecho extraído de seu discurso “tareas de las
organizaciones juveniles” (fragmento do discurso pronunciado no III congresso da
união das juventudes comunistas da Rússia em 2 de outubro de 1920): “De ese modo no
se puede edificar el comunismo. Sólo se puede llega r a ser comunista cuando se
enriquece la memoria con todo el tesoro de conocimientos acumulado por la
humanidad” (LÊNIN, 1979, p.268) Este é, talvez, o argumento e a crença que sempre o
levaram a aprofundar-se no estudo de Tolstoi, por quem, além de tudo, nutria imensa
admiração pessoal. Vejamos o que diz, num artigo datado de 1910, sobre a Literatura de
Tolstoi e dos benefícios da leitura desta pela classe operária russa:
Estudiando las obras literarias de Leon Tolstói, la classe obrera rusa conoce mejor a
sus enemigos, y viendo claro en la doctrina de Tolstói, todo el pueblo ruso debe
comprender en qué consistió su propria debilidad, que no le permitió llevar hasta el
fins su liberación. Eso hay que comprenderlo para marchar adelante. (LÊNIN, 1979,
p.120)
Fazendo referência, em uma conversa com Bonch-Bruevich, por volta de 1906, a
pequenos escritores populares e não canônicos da Rússia, Lênin aponta a necessidade de
um outro cânone que sirva aos interesses da revolução:
A esos escritores debemos sacarlos del olvido, reunir sus obras y publicarlas en
libros aparte. Porque son documentos de aquella época y los escritores populistas,
hay que reconocerlo, sabían reunir copioso material. No permanecían sentados en
sus casas, sino iban a las clases bajas de la sociedad, estudiaban la vida de los
obreros, campesinos y artesanos y describían muy bien, detalladamente, su léxico y
sus condiciones de existencia. (LÊNIN, 1979, p. 350)
Parece haver uma consciência, mesmo que velada, sobre a importância da
construção de um cânone próprio, com funções didáticas específicas, entre os marxistas.
Pelo menos é o que leva a crer a leitura deste trecho em especial, no qual Lênin, dando
seqüência ao comentário anterior sobre a importância dos escritores populares, é
especialmente enfático:
61
Se presta atención preferente a los grandes escritores que alcanzaron fama con sus
magníficas obras. Hacen bien en reeditarlos, ya que existe una gran demanda de sus
obras, pero repito, tambiém los pequeños escritores deben ser sacados del olvido y
deben entrar en las bibliotecas de nuestros lectores. (LÊNIN, 1979, p. 350)
Aliada a esta insistente idéia da construção de um cânone operário paralelo ao
cânone burguês, parece haver também, pelo que se pode depreender dos trechos
anteriores, uma consciência, ainda que tênue, de que a leitura (tida aqui em alguns
trechos como integrante da “memória”, e talvez da tradição) possa significar a
libertação de um povo, possa vir a ser um elemento de conscientização políticoideológica (como se vê na citação em que ele faz a análise dos benefícios da leitura de
Tolstoi para a classe proletária). Assim pode-se afirmar que, embora Lênin não teorize
diretamente sobre o cânone, o faça de modo indireto trazendo em sua fala, inclusive,
uma consciência mínima e relativa da exclusão de certos autores e obras do círculo dos
clássicos, mas, e também, da função didático- ideológica da Literatura e, por
conseguinte, do próprio cânone.
Apostando na prática da leitura como libertadora do indivíduo Sônia Kramer
parece incorrer num paradoxo ao fazer a seguinte crítica aos que supõem a leitura como
fruto arbitrário da escola e sugerem a liberdade de escolha para que o aluno realize ou
não determinadas leituras:
(...) ao criticar tão radicalmente a obrigatoriedade de ler, a imposição de prazos de
leitura, autores e títulos, não me parece que a "livre escolha" seja por si só
mobilizadora de leitura. Trata-se, ao contrário, da possibilidade de escolher no
interior e como parte de uma prática viva de leitura que pode se dar também na
escola, mas que jamais é da escola. O tema da escolha é aqui resgatado, pois,
naquilo que ele oferece para a conquista da liberdade (Sartre, 1989). Ler e escrever
não como constrangimento, mas caminho de libertação: educação, alfabetização,
leitura e escrita – como bem nos ensinava o mestre Paulo Freire, ainda nos anos 60
– como prática da liberdade. (KRAMER, 1995, p.149)
Jorge Larrosa, por exemplo, combate o “ensino” de Literatura por acreditar que
a leitura de um indivíduo em formação é sua experiência: "Para que la lectura se
resuelva en formación es necesario que haya una relación íntima entre el texto y la
subjetividad. Y esa relación podría pensarse como experiencia, aunque entendiendo
experiencia de un modo particular. La experiencia sería lo que nos pasa. No lo que
pasa, sino lo que nos pasa." (LARROSA, 1996, p.18). Ao sugerir que o “ensino” de
Literatura não é possível, por acreditar que a Literatura seja fruto da experiência, como
o faz novamente no trecho abaixo, desta vez citando Gadamer, Larrosa cria um
interessante impasse:
62
(...) dos personas, aunque enfrenten el mismo acontecimiento, no hacen la misma
experiencia. Y dice también que la experiencia no puede ahorrársela nadie, es decir,
que nadie puede aprender de la experiencia de otro a menos que esa experiencia sea
de algún modo revivida. (...) El saber de experiencia no está, como el conocimiento
científico, fuera de nosotros, sino que sólo tiene sentido en el modo como configura
una personalidad, un carácter, una sensibilidad o, en definitiva, una forma humana
singular que es a la vez una ética y una estética. (LARROSA, 1996, p.24)
Ao situar a leitura no âmbito da experiência, Larrosa parece demonstrar uma
crença maior no indivíduo, que no sistema de ensino, mas não parece disposto a
explicar como o indivíduo poderia apreender o cânone apenas através da
experienciação. Sem discordarmos de Larrosa, no que sua tese tem de fundamental (que
a experiência de diferentes indivíduos diante do mesmo fato é sempre apreendida de
modos diversos), gostaríamos de argumentar que o convívio com a Literatura demanda
esforço maior por parte de um indivíduo, nos dias de hoje, que o convívio com outros
meios de difusão cultural como a mídia eletrônica, o cinema, a informática, etc. Neste
caso, não fosse por uma certa dose de obrigatoriedade e por um projeto escolar ainda
calcado no ensino da Literatura, provavelmente estaríamos avançando muito mais
rapidamente para a extinção do modelo literário como o conhecemos em nossa era. Não
há nada de vaticínio no que afirmamos, apenas a lógica do menor esforço: diante da
dificuldade de concentração que a Literatura impõe, do esforço necessário para
enfrentá- la e ignorando por falta de orientação mais efetiva, as possibilidades (de
ascensão social inclusive) que o convívio com o literário pode proporcionar, a maioria
de nossos jovens optaria por outros meios de difusão cultural.
A Literatura, podendo ser “vilã” e “libertadora” no mesmo processo, é também a
única forma de ensino realmente interdisciplinar que conhecemos há muito tempo. Por
este motivo pode causar impacto a idéia de que ela possa ser instrumento de exclusão
social.
Note-se que o movimento de exclusão/inclusão não se dá somente no sentido
ascensional das classes sociais. Também existe entre centro e periferia. Está
primordialmente mais visível, para nós, no seio do estudantado, porém, também existe
do ponto de vista da produção literária. Quanto mais periférica for a circulação de uma
obra, menos chances terá de se tornar um clássico, especialmente se levar em conta
características locais como: linguagem, tema, etc.
63
Renunciando ao desejo de universalidade, para atender a demandas locais, o
texto literário poucas chances terá de integrar o cânone escolar, ainda que seja dentro de
seu próprio país. No caso de Roraima esta pode ser uma questão primordial para a
literatura local, uma vez que, em se tratando de um estado Amazônico, quase totalmente
isolado do restante do país, trata-se de um lugar duplamente periférico por pertencer à
uma região marginal de um país não-central34 . As escolhas lógicas mais radicais para o
sistema escolar Roraimense (mesmo no nível superior) parecem oscilar, neste caso,
entre a adoção (ainda que parcial) de um modelo central e “integrador” e a propagação,
veiculação e adoção de uma “incipiente”35 produção local.
Falar de crise, ou mesmo defender sua existência, conhecendo estas realidades,
é, sobretudo, assumir como ideais os valores da elite de outrora, de certo preconceito
para com a periferia, quer em termos de cânone, quer em termos de ensino. Assumi- la,
propugnar a idéia de que algo não está funcionando corretamente, nestes termos, é um
pouco eximir-se da responsabilidade de olhar com olhos críticos para o nosso público
estudantil, para a extensão territorial de nosso país; é permanecer voltado para um
público ideal, buscando uma educação ideal, cuja matriz mais provável é a européia; é
optar por um sistema opressor e centralizador; é também subestimar a ascensão da
cultura popular, as possibilidades de renovação do próprio cânone; é temer, como temeu
Voltaire (ABREU, 2003, p.25), no século XVIII, a chegada de “novos” valores; é não
perceber que há um fosso social que separa as classes, inclusive no que tange à bagagem
cultural/capital
simbólico
com
os
qua is
aportam
em
nossas
cadeiras
escolares/universitárias; é fazer crer, em suma, que os únicos valores positivos são
aqueles que emanam de uma posição central de poder, condenando ao limbo as regiões
periféricas e, impedindo um crescimento do todo social que respeite as diferenças;
contudo, também é o que temos visto existir e subsistir em muitos discursos.
Por outro lado, o sentimento de frustração (que se manifesta na maioria de
nossos colegas professores) que acompanha o sentimento de crise, é um indício do
quanto defendemos acriticamente, quando lidamos com o ensino em geral e, mais
especificamente, com o ensino de Literatura, valores e padrões que nos foram legados
pela nossa educação.
34
Tanto Cândido (1981) , Coutinho (1983), como Lima (2002) parecem concordar com a idéia de que
somos uma cultura periférica, ao menos em termos literários.
35
Sem querer ofender a ninguém, colocamos aqui uma ressalva de que talvez a literatura local seja
considerada pela maioria como “incipiente” quando comparada ao modelo canônico da Universidade e,
certamente por não haver ainda pesquisa acadêmica suficiente na área de literatura que comprove o
contrário. Este termo, portanto, pode não corresponder à realidade.
64
3.4 – Ler, escrever e avaliar o cânone em Roraima
Por uma questão de hierarquia de valores em nossa cultura ocidental pode-se
dizer, grosso modo, que determinados rincões, considerados economicamente como
periféricos, quando confrontados com modelos mais centrais, tendem a reproduzí- los.
No caso de Roraima, assim como de outras periferias, ditas regionais, a criação de um
cânone local/regionalista além de garantir a preservação de determinados valores da
localidade, pretende também “rivalizar” a título de “justiça” com o cânone mais central
(o qual, por sua vez, reflete a Literatura dos grandes centros, neste caso, da região
sudeste do país). Trata-se de uma imagem (que para alguns é “bairrista”) formada a
partir da produção literária local, frente aos modelos “universal” e “nacional”. É uma
forma de se auto-contemplar partindo da aceitação parcial de sua condição de periferia,
percebendo que o modelo central não favorece a inclusão de culturas outras, que não
espelhem seu próprio modo de se manifestar. Talvez seja desta percepção que nasça o
desejo de um cânone local, de algo que faça “justiça” ao que não é incluído num cânone
mais central.
Esses rincões, quase sempre, organizam sua produção local, nos cursos de
Letras, em disciplinas de Literatura Local, ou Regional. Note-se que nos grandes
centros cosmopolitas, onde estão concentradas as grandes editoras e onde o mercado
editorial é mais amplo, não há este tipo de ocorrência. Muito dificilmente há quem, pelo
menos recentemente, tenha ouvido falar de uma Literatura Carioca na UERJ, na UFF ou
na UFRJ. Tão pouco dificilmente ouviu-se falar em época recente de uma Literatura
Paulista no curso de Letras da USP, ou da UNICAMP. No entanto, houve até há pouco
tempo uma Literatura Catarinense na UFSC, assim como há uma Literatura
Amazonense na UFPA e na UA, como também há uma Literatura Cearense na UFC.
Tal processo pode ter se espelhado no processo de organização dos Departamentos de
Literatura Nacional nas grandes universidades, fator que ajudou na consolidação de uma
identidade nacional em alguns países, em vias de unificação, ou de consolidação do
Estado Nacional. Trata-se talvez de um modo de resistência institucional e reafirmação
dos valores locais frente a valores estranhos à cultura local.
Há, todavia, neste modo de hierarquização, aqueles que nem chegaram ainda ao
estágio de criar seus Departamentos de Literatura local, por descrerem que haja uma
produção regional digna de tal, ou por considerarem não haver conflito entre o local e o
65
central, ou ainda por outros motivos que não nos caberia levantar neste espaço. O caso
de Roraima parece figurar entre estes últimos. Concorrem para a não inclusão de uma
disciplina de Literatura local os seguintes fatores:
- a novidade da criação da UFRR na década de noventa;
- a falta de professores pesquisadores no seu corpo docente;
- a inexistência de mão-de-obra local qualificada que pudesse ter especial
interesse em preservar aspectos culturais locais;
- o modelo de grade curricular, bem como o tempo para sua conclusão, que não
permitiu incluir mais carga horária neste sentido.
Dos vários problemas que, no seu conjunto, costumamos denominar de “crise”
da leitura, o mais comum é o fato de, com a popularização e expansão crescente do
sistema de ensino público, termos nos deparado com a realidade de outros Brasis. A
implicação mais óbvia desta expansão é que se na “casa grande” havia livros, na
“senzala” eles eram raros, senão inexistentes. E continuam sendo em rincões como o
Estado de Roraima e boa parte do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país (salvo as
grandes capitais e cidades-sede das regiões citadas). Mas como ler num estado como
Roraima, por exemplo, em que as bibliotecas são raríssimas e não há senão duas, ou
três, livrarias em todo o Estado?
Em decorrência das condições locais, época, disponibilidade de livros, pessoal
especializado, ocorre ali uma forma anômala de conceber o cânone. Roraima é, neste
aspecto, um Estado sui generis. A falta de bibliotecas, livros e de “pessoas
especializadas”, acabou gerando uma seleção local que pode incluir textos considerados
“não-canônicos” como “romances de papelaria” no melhor estilo Júlia, Sabrina, Bárbara
Cartland, Perry Rhodan, Tex Milller, etc..., sem, contudo, atribuir- lhes características
regionais. Ou seja, ali estavam, para uma grande parcela da população leitora daquele
Estado, os legítimos representantes da literatura dita “ocidental”. Ou pelo menos o que
poderia, dadas as condições de distribuição e aquisição de livros, ser conhecido do
público leitor da região. Aliás, este fenômeno não é somente típico de Roraima, ele
pode ocorrer também entre leitores cons iderados “especializados”, da região Sudeste,
conforme aponta Batista (1998):
(...) é grande a presença, na biblioteca docente, de títulos e autores com baixo grau
de legitimidade cultural: se Paulo Coelho e o seu "O alquimista" se destacam, as
listas de preferências dos professores contam ainda com a presença de Sidney
66
Sheldon, James Caldwell e Adelaide Carraro, de romances espíritas e de livros de
auto-ajuda (de Joseph Murphy a Lair Ribeiro). (BATISTA, 1998, p.52)
Daí acharmos que nossos alunos não lêem; daí acharmos que há uma crise; daí
nos perguntarmos se é possível ensinar Literatura sem conhecimento do acervo local, da
produção literária do lugar e do universal da/na Literatura.
Como exigir uma leitura prévia do cânone dos alunos egressos destas realidades?
Não seria absurda uma exigência desta natureza? Sim e não. Sim porque não é possível
aos alunos cumpri- la por “osmose”. Não porque ao refletirmos sobre quem são os
professores que se frustram diante deste quadro, ao exigirem e esperarem um patamar
de conhecimento diferente do capital simbólico que alunos destas regiões detêm,
verificamos que foram educados segundo um modelo central, cosmopolita (ainda que
deformado/adaptado pelas realidades locais de cada um) e que não admitia a diversidade
cultural/social.
Em Roraima este conjunto de especificidades torna-se ainda mais babélico, haja
vista que o coeficiente de migração para o Estado, nas últimas três décadas do século
vinte, suplanta em duas ou três vezes a população local. Este fluxo migratório e
colonizador nada teve de homogêneo, contemplando grupos de todas as regiões e
Estados do país. A dificuldade de se vislumbrar uma realidade local, dada a diversidade
de culturas envolvidas, a novidade do Estado e a ausência de infra-estrutura básica é
típica de ex-territórios em sua trajetória rumo à consolidação enquanto Estado
autônomo da União. Deve-se levar em conta o fato de que, mesmo entre os professores
(responsáveis em grande parte por este sentimento de crise), não houve, em momento
nenhum, uma mínima homogeneidade de práticas e conhecimento, típica de sistemas
locais, que fosse capaz de gerar um norte, um paradigma para a educação literária em
Roraima.
Ao contrário, o que se tentou, ao longo do tempo de existência de nosso curso
de Letras foi adequá- lo ao modelo nacional, tanto em termos de currículo mínimo,
quanto em termos de avaliações como o ENADE e o “provão”. Essa última questão, em
si, abre uma discussão sobre o papel e a pressão exercida pelas avaliações na mudança
de estrutura de cursos de graduação.
No caso da avaliação institucional "das condições de oferta" e do "Provão", por
exemplo, há inúmeras questões que podem ser suscitadas tanto "contra" a forma de
avaliação em si, os valores e conteúdos, a pretensão à universalidade das questões da
67
prova, em detrimento da identidade regional36 destes e do conhecimento ali construído;
quanto "a favor", como, por exemplo, os argumentos de que: uma avaliação é
necessária, de que esta alegada "universalização" promovida, é capaz de homogeneizar
(sob pena
de
má
qualificação
da
instituição/curso
avaliado)
conteúdos
e
comportamentos pelo país afora. Deste modo o que parece um argumento favorável
àqueles que destacam do modelo "integracionista" um projeto de homogeneização das
formas de propagação do conhecimento ocidental, sentir-se-iam muito à vontade com a
idéia de que "... é muito provável que os administradores dos cursos de graduação
optem por formatar seus currículos tendo em vista, basicamente, os parâmetros para o
provão. (JOBIM, 2000, p.130)". Esta "homogeneidade" é na verdade pânico que se
expressa justamente pelo medo de que o seu projeto institucional não vá de encontro ao
projeto/ideologia institucional maior, ocasionando a falta de recursos e até o
fechamento de cursos. Não uma opção regional de busca de um modelo integrado.
Jobim alerta justamente nesta direção quando diz que:
(...) na prática, o que pode acontecer é que os cursos de Letras, diante do fato de
que serão efetivamente avaliados em função do que pede a Comissão Nacional de
Letras, de alguma forma tomem como parâmetros para seu quadro disciplinar e
seus conteúdos programáticos o que foi proposto pela comissão, já que uma
seqüência de avaliações negativas pode colocar em risco a sua própria
continuidade como cursos reconhecidos. (JOBIM, 2000, p.129)
Teríamos em decorrência disso "(...) uma situação esquizofrênica..." (JOBIM,
2000, p.129), em que cursos, como o nosso da UFRR, buscassem a todo custo seguir à
risca as determinações do relatório da comissão de avaliação, sem refletir criticamente
sobre o seu conteúdo, sobre as características da realidade regional, sobre as origens de
nossa clientela, enfim, sobre uma série de especificidades tão caras ao ser amazônico.
Por outro lado, propostas que atribuiriam uma maior mobilidade ao curso,
facultando ao aluno o direito também à pesquisa, estariam fadadas a dúvidas, não
pertinentes à sua natureza didático-pedagógica (essas sim, cabíveis e passíveis de uma
discussão salutar), mas a sua pertinência institucional, em função de uma possível
avaliação que não reconheça os méritos de uma proposta diferenciada.
Pode-se ponderar, a partir desta premissa de que há uma necessidade real de
mudança, proveniente tanto da avaliação externa, quanto da interna, que essas
36
Segundo o Prof. Jobim: "(...) na prática, há uma certa contradição entre a abertura para decisões locais
(concedidas pelas linhas gerais das diretrizes aos que desejarem implantar novos currículos) e o
fechamento de parâmetros nacionais para o exame dos egressos dos cursos." (JOBIM, 2000, p.130)
68
modificações têm características bem diferenciadas, e que são, em grande parte
inerentes às pressões e tensões existentes no âmbito da educação, principalmente se for
levada em conta a questão da origem de cada demanda.
Socialmente, temos percebido que a idéia de homem educado tem variado no
tempo e no espaço. Esta questão traz profundas contradições para a escola e para
a universidade que, ao seu tempo, têm tido dificuldades para tratar com ela.
Percebe -se que diferentes projetos passam a coexistir na pressão dos grupos
sociais dominantes e dos emergentes, no relacionamento das instituições
educativas e o Estado e no interior das próprias instituições. (CUNHA, 1999, p.
151)
Há, geralmente, três ou quatro forças em constante conflito, que em grande
parte, em menor ou maior grau, são responsáveis pelas tensões criadoras
(possibilitadoras talvez fosse mais apropriado) do ato educativo em si. Situemo- las em
categorias: a primeira vem a ser o poder público, institucionalizado em comissões de
avaliação das condições de oferta, "provão" e outros mecanismos das Secretarias e/ou
Ministério da Educação; a segunda os discentes (e suas organizações de classe); a
terceira os docentes (ou o "conhecimento" por excelência); e, por último, “correndo por
fora”, por nem sempre estar cotado entre os demais, a comunidade extra-acadêmica, o
público leigo e, principalmente, os profissionais, já formados pela instituição e que
enfrentaram a dura realidade do mercado de trabalho e uma vez constatada a
disparidade entre teoria e mercado, fazem duras críticas aos modelos dos quais são
oriundos. Deste quarto grupo fazem parte parentes, observadores, fornecedores,
imprensa, enfim, a comunidade em geral, a quem, supõe-se, deve-se prestar conta da
"res" pública.
Como foi dito antes, podem ser três ou quatro forças em constante conflito,
porque nem sempre esta quarta força se faz presente na maioria das (outras)
Universidades. Às vezes é possível ouvi- la via Práticas de Ensino, na figura do
professor da Escola que acompanha o estagiário em sua sala, ou quando um ex-aluno
retorna para as fileiras da Instituição quer como discente (na modalidade de reingresso
em outro curso), quer como docente substituto, ou efetivo. Ou ainda podem ser
encontrados na figura do empregador (que cursou a graduação), ou da empresa que
fornece e avalia estágios.
Mas há uma característica sui generis do mercado amazônico de trabalho nesta
área (responsável parcial inclusive pela criação do curso) que permite que possamos
contar com a participação desta quarta "força" no processo de discussão da realidade de
69
Letras. É devido à carência de mão-de-obra qualificada no Estado de Roraima – ainda
nos dias de hoje, empregam-se como professores do Estado, discentes não habilitados e,
dentre estes, muitos ingressam, ingressaram, ou ingressarão na UFRR – que existe a
possibilidade deste contato ainda enquanto o discente se encontra na instituição. Ou
melhor, quando ele já cursou a maioria das disciplinas teóricas e se apresenta para as
práticas, vivenciando aí um conflito com sua própria prática "profissiona l" do dia a dia.
Cada uma destas "forças" tem sua própria forma de avaliar e suas propostas de
mudança, correção, ou permanência. Cada uma delas tem também sua forma e/ou como
conseqüência de sua avaliação, seu meio de modificar, de interferir na realidade
avaliada. É possível identificar, hoje, pelo menos quatro modos diferenciados de olhar
para a questão de uma possível reforma, de forma geral (abrangendo todo o curso) e de
forma específica (apenas no campo que nos interessa no momento, que é a literatura).
Há as propostas dos alunos, as dos professores, os depoimentos nos relatórios de
estágio, as sugestões dos professores das escolas em que os estágios se deram e o
relatório das "condições de oferta" da SESu/MEC.
É sempre bom lembrar que o surgimento do curso de Letras da UFRR com o fim
específico de suprir uma demanda local não é um fenômeno exclusivo da Região,
conforme afirma o Professor Jobim: "Os cursos de Letras nas universidades brasileiras
surgiram com o intuito de formar docentes, vindo, as mais das vezes, acoplados à
licenciatura, como habilitação pedagógica para o magistério". (JOBIM, 2000, p.127),
Aqui, no entanto, a forma de propor, criar o curso e selecionar seu público adquiriu
características sui generis, pois já existia uma demanda de púb lico empregado nas
escolas do Estado, que não poderia, em função do grande contingente, ser atendida nos
próximos dez anos, a partir da criação. Outra questão que se coloca é que dado o nível
pressuposto de conhecimento deste público, já atuante, as primeiras turmas do interior a
ingressarem não puderam ser submetidas a um concurso vestibular. Isso porque os
"fundadores" da UFRR não viam possibilidade de haver, com a qualidade de
conhecimentos apresentada pelo público existente, um mínimo de aprovação necessário
para se formar uma turma. Assim sendo, as primeiras seleções ocorreram por análise
curricular e, a partir do critério de experiência profissional, só teria chance de ser
aprovado quem já estivesse atuando como professor pelo Estado. Por isso se afirma que
o curso de Letras da UFRR, apesar de Federal, surgiu para atender a uma demanda
específica do Estado de Roraima, recém saído da categoria de Território Federal.
70
Em 2000, segundo o Departamento de Recursos Humanos da Secretaria Estadual
de Educação, eram 208 os docentes sem graduação, de um universo de 343 contratados
para ministrar aulas de Língua Portuguesa e Literatura. Em 2002, têm-se 255
professores habilitados em Letras, sendo que destes apenas 184 estão em sala de aula,
enquanto que, ainda há 351 professores sem habilitação em Letras ministrando aulas de
Português e Literatura e destes 264 cursaram magistério; 50, licenciatura em outras
áreas; 6, habilitação em espanhol (na Venezuela); 2, apenas o ensino fundamental; 19,
ensino médio e 8, outros cursos superiores. Estima-se que em 1990, quando a UFRR e o
curso de Letras foram criados, o número de docentes estaduais sem graduação era
superior a 95% dos contratados para esta função.
Em função destas características locais, cada vez mais, na área de Literatura e
Teoria Literária, aqui, representadas por disciplinas firmemente ancoradas na História
da Literatura, tem se sentido (entre os professores) um constante desejo de
transformação destas, em disciplinas temáticas, de análise literária e com a exigência de
trabalhos monográficos, ou artigos científicos para sua conclusão (respeitando-se o
nível concernente).
É claro que uma proposta desta natureza parece apontar rumo a um
direcionamento muito mais pertinente ao bacharelado do que à licenciatura. Isto, graças
a uma falsa idéia de que a produção de conhecimento crítico, via trabalhos
monográficos e/ou artigos científicos, fatalmente leva a um nível de especialização
típico dos bacharéis.
Nada impede, no entanto, que sejam feitas oficinas de criação de materiais
didáticos próprios para a Literatura, ou pesquisas referentes à questão da qualidade de
ensino, ou de novos (e antigos) procedimentos didáticos. Conforme propõe Jobim
(...) o conceito de atuação didática se estenderia além dos horizontes limitados da
sala de aula, para englobar interações em seminários, em orientação individual e
em pequenos grupos de estudo, debate e pesquisa. Por outro lado, não só cada
docente, isoladamente, mas o conjunto de docentes encarregados de determinado
curso ou área de conhecimento teria maior liberdade de escolha de tópicos de
ensino. Exercendo sua atividade além do sistema de créditos e de avaliação
atomizada por disciplina, além do próprio conceito de disciplina, com código e
carga horária pré-determinados, os docentes atuariam tematicamente dentro da
área do saber, conciliando uma cobertura adequada – mas não necessariamente
integral da área do conhecimento – pois do aluno seriam também cobrados, na
avaliação, os frutos de seu trabalho individual de leituras, pesquisas, reflexões –
com suas preferências e motivações individuais, assegurando um engajamento e
desempenho mais ativos. (JOBIM, 2000, p.128)
71
Este anseio é fruto direto, em nosso entender, da situação amazônica da UFRR
enquanto Instituição Federal de Ensino Superior, em parte devido ao isolamento
geográfico que é pertinente à Amazônia em si, em parte graças ao fato de que a UFRR é
uma Universidade relativamente nova, com um corpo docente muito reduzido e cuja
capacitação, em nível de doutorado, não é a ideal ainda.
Quem sabe se o fato de ter sido criada para suprir uma carência profissional
imediata, na área de licenciaturas no Estado, tendo que reunir e concursar um corpo
docente às pressas, numa região em que havia poucos pós- graduados na área de Letras,
justifique a ausência de grupos de pesquisa e de material de pesquisa próprio da UFRR?
Pode ser que uma parte deste contingente não tenha percebido ainda que o seu papel não
mais pode ser o de mero repassador de informações, que urge que se façam mudanças
de postura rumo à pesquisa e ao trabalho acadêmico diferenciado do mero "dar
aulinhas", para que nosso curso avance significativamente na efetivação da tríade
(Ensino, pesquisa e extensão) da qual supostamente é fruto. É neste sentido que fazemos
coro a Cunha:
Não terá mais espaço a figura do professor repassador de informações pois as
mesmas avolumam-se nos arquivos, disquetes, CDROMs, internet, home pages
etc. Ou os papéis do professor e da universidade se redimensionam ou ficarão
cada vez mais obsoletos e dispensáveis. (CUNHA, 1999, p.161)
Talvez por isso também este curso tenha tido a preocupação com pesquisas
acadêmicas só despertada, institucionalmente há pouco mais de dois anos 37 . O desejo de
voltar o curso para a pesquisa e para a produção de textos científicos (dentro do nível
pertinente à graduação) tem sido uma das principais soluções apontadas, tanto por
alunos, quanto por professores, para que se acabe com uma parte da insatisfação gerada
pela atual proposta do Curso de Letras da UFRR, especialmente nas áreas de Literatura
e de Lingüística, seus pontos fortes. Isto se deve, em parte, à necessidade de se criar
núcleos de pesquisa que suscitem a produção intelectual local.
Há uma carência neste sentido que deve ser ultrapassada a todo custo. Dadas as
condições de isolamento da região em si, não é muito se pensar que a comunidade
acadêmica, como um todo, ache importante começar a produzir pesquisa, "ainda que
seja na graduação". Especialmente se pensarmos que o curso de pós-graduação
37
Sobre este fato é preciso salientar que, individualmente, os professores têm buscado sua própria
capacitação desde que o curso foi criado; no entanto, os planos de capacitação anteriores existiam pró
forma, não eram articulados, nem havia grupos de professores desenvolvendo projetos coletivos.
72
(mestrado) mais próximo é o da Universidade do Amazonas, situado em Manaus, que
dista 750 Km de Boa Vista e que o advento de especializações aqui, vindas de outras
unidades da Federação, ou de instituições particulares, especialmente nesta área, têm
custo elevadíssimo e pouca pertinência no estudo de questões locais ou regionais.
Para parte dos professores, falta- nos algo que suscite o "espírito acadêmico",
faltam congressos, seminários, mesas redondas, etc. E ainda que as tivéssemos,
faltariam a produção local (restrita aos professores que desenvolvem pesquisas) e
"treino", know-how, para que houvesse esta produção.
73
CAPITULO IV – A UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA E O
CURSO DE LETRAS: DA GÊNESE À ATUALIDADE
Para a grande maioria dos
universitários, a universidade é
apenas uma escola, de um nível
superior ao do curso primário e
secundário, com a finalidade de
ensinar uma profissão. E o papel do
universitário é dedicar-se a cumprir
o roteiro dos seus cursos e virar um
profissional. Ao pensar assim,
deixam de ver que a universidade é
mais que a continuação dos estudos,
é uma ruptura na maneira de criar e
transmitir conhecimento usada nos
demais setores educacionais. A
universidade não surge apenas para
aprofundar nos jovens os estudos
que faziam quando crianças, ela
surge como produto de uma
revolução na maneira medieval de
conhecer o mundo.
Cristovam Buarque
4.1 Nasce uma UFRR para o “nascente” Estado de Roraima
Em Setembro de 1989, já quase nos idos de 1990, nasce a UFRR, que por
extenso vem a ser Universidade Federal de Roraima. Seu nascimento efetivo data, mais
precisamente, do dia 08; e sua certidão de nascimento é o decreto de ? 90.127,
assinado pelo então Presidente da República o Exmo. Sr. José Sarney e pelo seu
74
Ministro da Educação o Sr. Carlos Sant’Anna. Mas a autorização para sua concepção
(permissão para sua criação) data de qua se exatos quatro anos antes, a Lei ? 7364 de
12 de setembro de 1985, de autoria do então Deputado Federal pelo Território Federal
de Roraima, Mozarildo Cavalcante, homologada pelo mesmo Sr. José Sarney e pelo
então Ministro da Educação Marco Maciel. (UFRR, 1995, p. 5/10)
No período compreendido entre a publicação da Lei que autorizava o seu
funcionamento (12/09/1985) e o ato simbólico de sua fundação (Decreto de 08/09/1989)
o Território Federal de Roraima tornou-se Estado da Federação (um dos mais jove ns e
mais pobres, na época).
A existência real da Universidade, com campus e salas de aula, é uma saga que
tem muitos capítulos posteriores a sua atribulada fundação. Dentre estes, devemos,
inicialmente destacar a invasão de prédios públicos, pertencentes então ao governo do
Estado (conforme relatos, colhidos aqui no Rio de Janeiro de professores fundadores).
Sem campus próprio e sem quase nenhum apoio na comunidade para a qual foi
instituída, a UFRR teve que recorrer ao governo do Estado que, embora contrário a sua
fundação 38 , teve que ceder à pressão e às barganhas políticas em Brasília. Deste modo o
Estado de Roraima entregou parte das antigas (e já quase abandonadas) instalações da
Secretaria do Trabalho e Ação Social para que ali se instalasse a Universidade. A área,
hoje denominada bloco I do Campus do Paricarana, já não tinha água, nem luz, e a
estrutura ali erguida não comportava, pela função que tinha anteriormente, salas de aula
(segundo entrevista com a professora Maria Helena Valentin Oyama), ou mesmo de
trabalho. Com esta parca estrutura, todos os professores já contratados, das mais
diversas áreas e cursos, se viram forçados a, num primeiro momento, dividir um espaço
(sala) de aproximadamente 30m2 entre si (dados fornecidos pelo professor Odilon R.
Correa em entrevista).
Os salários – que também fazem parte de um outro capítulo, que aponta para o
nível de desorganização, “politicagem” e de atabalhoamento, com que a UFRR foi
construída - não foram pagos, de modo regular, por, aproximadamente, seis meses (para
alguns menos, para outros mais tempo).
Um outro fator que julgamos ser preponderante na questão da criação da UFRR
é o fato de que Roraima só foi transformado em Estado da Federação a partir do final da
38
Diz-se que o Governo do Estado estava nas mãos de uma corrente contrária à do Senador que assinou a
permissão de funcionamento da UFRR e se colocou como seu “patrono”, por este motivo havia forte
resistência a sua criação na esfera oficial do Estado.
75
década de 80, quando a “instalação” da Universidade já estava encaminhada. A
tranformação do então Território Federal de Roraima em Estado da Federação pouca
influência teria na criação desta Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), não
fosse este mais um “casuísmo” político-eleitoral. Ocorre, que o Estado de Roraima não
tinha (e não tem) estrutura financeira, nem demográfica, para arcar com o ônus de se
tornar um Estado.
Sem
parque
industrial
condizente,
sem
comércio
próprio,
isolado
geograficamente entre a fronteira Norte do Brasil com a Venezuela e a Guiana, com
parca comunicação terrestre (apenas com Manaus e cidades circunvizinhas), sem
arrecadação própria e com uma folha de pagamento (da esfera pública) monumental,
Roraima viria a ser um Estado “fictício”, uma espécie de Estado eternamente subsidiado
pela União, em quase todas as suas atividades econômicas. Sob muitos aspectos este
seria um fator de agravamento do quadro de clientelismo político-eleitoral já existente.
Dados do IBGE, demonstram que a “taxa média geométrica de crescimento
anual da população” de Roraima, quase triplicou entre as décadas de 70 e de 90. Devido
à abertura e posterior fechamento dos garimpos em territórios indígenas, os índices de
crescimento populacional, neste período, sofreram uma variação muito maior que os
demais Estados e Territórios Federais circunvizinhos, conforme se pode verificar na
tabela abaixo:
TABELA I: Contagem da População – 1996
Taxa média geométrica de crescimento anual - 1970/1996
REGIÃO
NORTE
E
RESPECTIVAS
UNIDADES DA
FEDERAÇÃO
ANOS
1970/1980
1981/1991
1991/1996
Brasil
2,49
1,89
1,38
Norte
5,03
3,96
2,43
Roraima
6,86
9,55
2,62
16,00
7,87
1,68
Acre
3,46
3,01
3,02
Amazonas
4,10
3,50
2,63
Pará
4,64
3,72
2,21
Amapá
4,37
4,65
5,67
...
2,01
2,70
Rondônia
Tocantins
76
Note-se, na tabela I, que os dados referentes a Roraima contrariam os índices de
crescimento da Região Norte. Enquanto a maioria dos estados da Região experimenta
crescimentos com índices maiores na década de 70/80 (período do milagre econômico
da ditadura militar e das obras faraônicas de “integração nacional”, como a rodovia
transamazônica), sofrendo decréscimos consideráveis nas décadas seguintes, Roraima
faz o movimento contrário, crescendo mais, em, termos de população na década que
está compreendida entre os anos de 81 a 91. Fazendo-se uma comparação com os
demais Estados/Territórios da União, Roraima apresenta, na década de 80 (que se inicia
em 81), uma taxa em muito superior aos aproximadamente 2,5 pontos de média do
geral. Pode-se dizer, que este crescimento populacional extraordinário, ou explosão
demográfica, tem como principais motivos a transformação do ex-território em Estado
da Federação e, principalmente, a abertura de inúmeras frentes do garimpo em terras
indígenas. Embora houvesse também um estímulo à migração, inclusive com doação de
terras da União para agricultura (especialmente na década anterior, na Amazônia como
um todo), não se pode afirmar que esta tenha sido a principal causa do fluxo migratório
que quase triplicou a população do Estado na década de 80.
O Estado de Roraima foi, durante alguns anos, até a decretação pelo governo
Collor do fim da exploração mineral em terras indígenas, em meados de 1989, um dos
maiores pólos mineiros de metais/minerais preciosos do Brasil, o que contribuiu
grandemente para a explosão demográfica de que falamos acima. Embora anedótico, o
fato que narramos a seguir não poderia deixar de ser mencionado, pois dá a exata
proporção do que isto representou em termos de mazelas e modificações para o recém
criado Estado, bem como para o Brasil: nos últimos anos da década de 80, o tráfego
aéreo no aeroporto internacional de Boa Vista (levando-se em conta aeronaves
pequenas, médias e de grande porte), que hoje recebe apenas um único vôo diário da
Varig, era equivalente ao tráfego aéreo de Garulhos na Grande São Paulo.
Haver atividade econômica (um parque industrial/comercial) apropriada para o
sustento de um Estado também seria importante, a nosso ver, na demanda por uma
Universidade,
em
que
houvesse
cursos
tradicionalmente
voltados
para
o
desenvolvimento deste tipo de atividade, tais como engenharia (de diversos tipos),
direito, administração, contabilidade e outros.
Alguns dos professores “fundadores” da UFRR relatam ainda que, “por ser uma
terra a desbravar”, uma espécie de “El Dorado” brasileiro, Roraima teria tido um
crescimento demográfico tão “caudaloso” (explosão) e de tais proporções, que a
77
população local original se viu repentinamente reduzida a menos de um décimo do total
de habitantes (não indígenas) do Estado. Embora possamos identificar algum aparente
exagero neste tipo de depoimento, é possível constatar que a população nascida
propriamente no Estado existe em quantidade praticamente idêntica a da proporção
acima citada. Mas este fato não se deve unicamente ao fluxo migratório da década de
80, mas ao constante afluxo que o Estado tem recebido ao longo dos tempos desde que
ainda era território da União. Fato que, por sua vez, irá explicar o porquê de não haver
muitos professores, ou servidores (técnico-administrativos) naturais de Roraima, no
quadro de funcionários da Universidade.
Tanto o fluxo migratório ao garimpo quanto o conseqüente inchaço, de que se
viu vítima o Estado, segundo argumentam alguns professores que viveram o período,
teria concorrido para que Roraima se tornasse uma “Babel” de culturas, idéias, modos
de vida, modos de realizar e histórias diversas. Essa heterogeneidade de fazeres e
práticas, por um lado atraente para qualquer antropólogo, do ponto de vista da
diversidade cultural, por outro, na opinião destes professores, gerava mais impasses que
acordos, na hora de se tentar pôr em prática qualquer proposta. Cada qual trazia de suas
origens, diferentes fazeres, diferentes modos de propor e de praticar a vida acadêmica.
Ainda assim, toda esta diversidade quase nunca pôde ser aproveitada, na hora de se
apontar os rumos da educação superior em Roraima, em função da forma arbitrária
como foram criados/implementados alguns cursos.
Além disso, por conta da explosão demográfica, causada pelo garimpo, o défic it
e a inflação habitacional em Boa Vista, no início da década de 80, faziam com que o
aluguel de um imóvel de quarto e sala tivesse valor equivalente, se não maior, ao de um
similar nos locais mais nobres da região Sudeste. O ítem alimentação não ficava atrás, e
era comum ver outras atividades econômicas serem fixadas, ou levadas a cabo, com
valores expressos em gramas de ouro. A conseqüência imediata desta inflação
(especialmente a habitacional) foi que os primeiros professores recém-contratados pela
UFRR, sem salário e sem possibilidades reais de alugar qualquer espaço (em função dos
baixos salários), tiveram que compartilhar durante meses, como moradia, de um abrigo,
montado num ginásio de esportes do governo Estadual.
Em tudo indigentes e por todos os motivos acima elencados, não faltou quem
desistisse da empreitada e regressasse, tão logo fosse possível, aos seus Estados de
origem. Os que ficaram ainda tiveram que amargar outros dissabores, alguns referentes
à forma política como o processo estava sendo conduzido, outros à forma como, sem
78
um projeto que desse as diretrizes para contratações de professores, por exemplo, ou
sem uma pesquisa, que indicasse as reais necessidades, em termos de criação de novos
cursos/educação em nível superior em Roraima, os cursos foram sendo constituídos.
Há ainda um outro fator que contribuiu, em tempos posteriores a esses primeiros
momentos, para a evasão de parte do corpo docente concursado para a UFRR: com o
fim do garimpo no governo Collor, a atividade econômica foi gr adualmente
minguando 39 , tornando a permanência de outras companhias aéreas, que davam acesso a
Roraima, impraticável do ponto de vista econômico. Com uma única empresa de porte
operando no Estado, portanto sem concorrência, o preço das passagens aéreas disparou,
especialmente porque, não havendo outro meio de acesso praticável40 , era imperioso
que se pagasse o preço exigido pela empresa. Este fato concorreu para que o número de
idas e vindas de professores entre Roraima e suas localidades de origem diminuísse,
gerando o desconforto da saudade, para aqueles que tinham parentes distantes. Tendo
que optar, alguns desses desistiram de permanecer lá.
Some-se aos itens anteriormente apresentados, o fato de que a grande maioria
das vagas oferecidas (especialmente para alguns cursos, dentre eles o de Letras), para
concurso, eram para preenchimento do cargo de professor auxiliar (exigência de titulo
de graduado somente), fator que, com o passar dos primeiros anos, motivou (e ainda
motiva) uma enxurrada de pedidos de afastamento para cursar pós-graduação
(especialmente em nível de mestrado).
Tomada, inicialmente, como moeda de troca por “bom comportamento”, na falta
de planos efetivos de capacitação docente, esta modalidade de afastamento serviu de
elemento de barganha política da Reitoria, quando não ocasionou uma série de
processos/pedidos, na justiça comum, de afastamento para cursar pós-graduação.
Em alguns casos também esta foi uma forma de estimular a demissão de
professores (nos últimos quinze anos, onze professores do Departamento de Língua
39
Ver na tabela I, dados referentes ao crescimento da população no Estado na década de 90,
comparativamente aos das décadas de 70 e, principalmente, de 80.
40
Havia ligação rodoviária entre Boa Vista e Manaus, mas a estrada, na época não era pavimentada,
ficando em função das chuvas amazônicas intransitável por dias a fio. O que fazia com que o resultado de
uma viagem pela via terrestre fosse imprevisível até que se chegasse ao destino, podendo ocorrer em vinte
horas, ou demorar dias a fio (como relata a professora Raquel Rauh, do departamento de história da
UFRR em sua primeira viagem a Manaus, que teria levado três dias para percorrer os 750 quilômetros
que separam Boa Vista de Manaus). Nesta época há inúmeros relatos de casos de desabastecimento (ou
abastecimento emergencial via aeronáutica) de produtos e bens de primeira necessidade, em função do
fechamento da estrada, quer pela quebra de pontes, quer pelo tombamento de caminhões, quer pela ação
impeditivo-reivindicatória dos indígenas da tribo Waimiri-Atroari (cujas terras-reserva são cortadas pela
estrada), ou até mesmo pelo mero transbordamento de algum rio ou igarapé da região.
79
Vernácula – DLV tiveram que pedir demissão). Note-se que dos onze elencados
somente três já detinham o título de mestre. Destes onze, cinco pediram demissão, ou
tiveram problemas judiciais quando saíam para cursar pós-graduação (dois doutorandos,
três mestrandos). Há também, dentre aqueles que permanecem no departamento, os que
conseguiram sair mediante liminar da justiça e que continuaram ligados à UFRR, não
constam desta tabela. Dos onze demissionários é possível identificar pelo menos quatro
que sofreram, em maior, ou menor grau, perseguições políticas, que resultaram no seu
pedido de transferência e/ou demissão pura e simples.
É importante ressaltar que hoje o DLV conta com 16 professores efetivos e
poderia estar contando (não fossem as 11 demissões) com algo entre o total de 27 e 16.
Esta carência de professores, especialmente de professores com qualificação em nível
de mestrado, ou doutorado, é um dos motivos pelos quais o curso de Letras tem tido, ao
longo de sua existência, tão pouca efetividade no que diz respeito à pesquisa própria (de
fundo coletivo) e índices tão baixos nas avaliações das condições de oferta do MEC.
Mas, pode-se argumentar em favor da UFRR, que durante muitos anos, praticamente
todo o período do governo de Fernando Henrique Cardoso (8 anos), quase não foram
permitidas novas contratações. No caso do Curso de Letras da UFRR, houve três novas
contratações (uma a cada dois anos), cujas vagas, insuficientes para suprir as carências
do Departamento, apenas funcionavam como reposição de algumas das vagas cedidas,
conforme se pode verificar na tabela II, adiante.
Embora não houvesse quase nenhuma contratação de professores para a
Universidade, ainda que houvesse, poucos seriam os que, com o fim do garimpo, se
aventurariam por estas terras tão ao Norte e tão isoladas (ver tabela 1, sobre o
crescimento populacional em Roraima no início da década de 90). Por um lado porque,
embora não houvesse vagas disponíveis na Universidade, as havia no sistema estadual
de ensino. Este sistema, cuja carência de profissionais gabaritados impedia que se
preenchessem todas as vagas, também sofria da falta de profissionais interessados em
ingressar em suas fileiras.
Salta aos olhos, na tabela II, adiante, que, no período compreendido entre 1993
(ano de maior número de contratações) e 2004, o número total de contratados pouco
varia, havendo o acréscimo de apenas um professor, apesar do grande número de
contratações. Entre 1994 e 2003, por um período de dez anos, portanto, a situação do
quantitativo de professores do DLV pouco variou. Esta variação, no entanto não foi
80
capaz de alterar o número final de efetivos que sempre girou em torno de 13, sendo o
pior momento do período o ano de 1996, quando éramos apenas 11.
TABELA II: Número de Professores Efetivos do DLV, ano a ano,
desde a fundação do curso de Letras da UFRR:
Ano
Contratações *
Pedidos de demissão Total
**
1989
2
-
2
1990
2
-
4
1991
2
1
5
1992
3
-
8
1993
7
3
12
1994
4
3
13
1995
-
-
13
1996
-
2
11
1997
1
-
12
1998
-
-
12
1999
1
-
13
2000
-
-
13
2001
1
-
14
2002
-
1
13
2003
1
1
13
2004
3
-
16(***)
(*) Só estão considerados aqui os professores efetivamente contratados por via de concurso público. Os
professores substitutos, apesar de se constituírem num exército de indivíduos, não foram levados em
conta.
81
(**) As saídas não levam em conta afastamentos para cursar pós-graduação e licenças maternidade/
capacitação (sabática), ou licença prêmio, ou ainda afastamento por ordem médica (licença por motivos
de saúde). Tamb ém não estão consideradas possíveis aposentadorias em função de ser a UFRR uma
Universidade “jovem”.
(***) Para efeito de contratação em 2004 foi considerado como válido o último concurso para Literatura
Brasileira, cuja posse ainda não foi efetivada (nov/2004).
Por outro lado, o sistema estadual de ensino, não contava na época (1990) sequer
com 5% dos docentes com nível superior. Esta cifra, alarmante por si só, ganha
significado ainda mais expressivo quando se percebe que este número também diz
respeito ao incipiente ensino secundário, que havia no Estado, então. A grande maioria
ignorava até mesmo a necessidade de uma Universidade. Os filhos da elite agrária local,
tal qual no início do Século XX, período do surgimento das primeiras universidades no
Brasil, estudavam fora do Estado e não viam a iniciativa com bons olhos.
Provavelmente por verem na criação da universidade a certeza de concorrência pelas
poucas oportunidades de trabalho e clientela, no acanhado mercado existente. Talvez
daí tenha advindo o discurso que gerou o sentimento de que a instrução em nível
superior não fosse um bem de primeira necessidade em Roraima.
O artigo 3º da Lei 7364 de 1985, que dispunha sobre a composição inicial da
UFRR, foi redigido da seguinte forma: “Art. 3º - A Universidade referida no artigo
anterior funcionará inicialmente com os cursos de Agronomia, Geologia, Economia,
Administração, Pedagogia e Serviço Social ”. Acreditamos que estes seis cursos fossem
o que as camadas da elite política roraimense supunham ser necessários ao
desenvolvimento do Estado. Mas tal preocupação, de criar cursos especialmente
voltados para o que se acreditava serem as demandas “naturais” do então Território
Federal de Roraima, acabou, na data de sua fundação efetiva, se mostrando equivocada
por não estar apoiada em qualquer estudo prévio, apenas no senso comum, razão pela
qual este decreto foi apenas parcialmente cumprido.
Dos cursos acima indicados, Geologia e Serviço Social não viriam a ser
implementados (até 2004, pelo menos), embora houvessem sido concursados
professores nessas áreas. Também um possível curso de Psicologia (até hoje inexistente,
mas uma ambição do Reitor de então), nunca se tornou uma realidade, embora para o
curso de Pedagogia houvessem sido concursadas cinco psicólogas e apenas três
pedagogos (as). Ou eram prova cabal da absoluta falta de critério (e de conhecimento do
funcionamento dos cursos que se estava criando), nas contratações.
82
O fato de a lei de 1985 apontar na direção da criação de um curso de Geologia,
que depois foi descartado, é sintoma do contexto que descrevemos anteriormente:
proposto para dar vazão às demandas oriundas da vocação “natural” do Estado para o
garimpo, só não foi implantado em função da pressão internacional sobre o governo
Collor, para que demarcasse as terras indígenas e cessasse com a exploração mineral na
região. O curso de Serviço Social, também proposto na esteira do garimpo, (talvez se
imaginasse ser função dos egressos deste curso lidar com uma parte desta demanda), ou
o “Serviço Social” ainda fosse encarado como forma “assistencialista” de intervenção
social , tampouco vingou.
Apesar de ter sido feita por via de decretos a criação da UFRR nada teve de
pacífica; muito pelo contrário, desde o seu surgimento esta IFES foi objeto de disputas
políticas, tanto por parte daqueles que queriam sua fundação, como por parte daqueles
que, não tendo participado da proposta inicial, acreditavam que ela não seria necessária.
Contudo, embora, não houvesse concordância sobre sua criação, tampouco houve
debate real no processo que antecedeu o seu surgimento.
Não é, no entanto, fato isolado a existência de alguma resistência política ao
surgimento de uma Universidade Federal no Brasil. No Rio de Janeiro, na década de 30,
quando da criação da Universidade do Brasil, também houve quem se pronunciasse de
modo contrário ao seu surgimento. A professora Maria de Lourdes Fávero faz a este
respeito uma observação que vale a pena ressaltar:
Mas, se havia aqueles que defendiam o projeto ministerial, havia também outros
que lhe faziam objeções contundentes, sobretudo pela forma como se procedeu a
tramitação do projeto no Legislativo. Vejamos, por exemplo, o que registra o
Correio da Manhã de 13 de setembro de 1936, na matéria intitulada “o
obstinado”: “o Ministério da Educação acaba de consubstanciar, num
anteprojeto, o seu plano de Cidade Universitária” e “um ministro elabora, artigo
por artigo, um grande projeto de lei instituindo a UB” ( Correio da Manhã, 13
set. 1936). O matutino tece severas críticas, por considerar que essa atitude do
ministro é uma forma de manipular a Câmara dos Deputados. Assinala que a
história do Legislativo apresenta capitulações deste diante da vontade do
Executivo. Mas um Ministro de Estado fabricar “a lei que o Legislativo deverá
integralmente votar, e publicá-la antes na imprensa, constitui certamente um fato
inédito” (ibid). (FÁVERO, 2000, p.51)
Via de regra estas reclamações se davam em função de disputas políticas.
Quando não entre facções, entre os poderes legalmente constituídos da República, fato
que, embora em esferas de poder bem mais modestas, também será notório na criação
da UFRR. Mas haverá um diferencial importante entre as duas instituições irmãs: a
83
Universidade do Brasil (depois UFRJ) já era uma realidade acadêmica antes de sua
criação, pois já havia, em pleno funcionamento, no Rio de Janeiro instituições como a
Escola Nacional de Música, e as faculdades que viriam a compor sua espinha dorsal.
Além disso, embora a tradição do ensino de Letras tenha se desenvolvido ao longo do
século XIX principalmente no ensino secundário (Colégio Pedro II), já havia
pesquisadores e trabalhos publicados na área, o que permite concluir que o “campo” já
estava preparado e que o surgimento de uma Instituição desta natureza, neste contexto,
era só uma questão de tempo, dado o grau de maturidade da discussão existente em
torno de um projeto desta natureza.
Fruto da vontade de promoção política de um dos grupos que dominavam a cena
no Estado, dadas nas tensões e reviravoltas próprias da cena política brasileira destes
rincões, a UFRR demorou muito para sair do papel (quase quatro anos) e, demorou
ainda mais, depois de sua efetiva implantação, em 1989 (quase dez anos, numa
Instituição que conta com pouco mais de quinze), para assumir um rumo e uma vocação
efetivamente acadêmicos. A demora, em si, nada significaria se, por detrás dela,
houvesse a construção de um projeto político-pedagógico amplamente discutido com a
comunidade roraimense. Não é essa, no entanto, a impressão que temos ao abrirmos a
folha de rosto do primeiro Estatuto e Regimento Geral da UFRR (1994). Consta, ali,
uma espécie de dedicatória, em tom de agradecimento, cujo fim parece ser o de alardear
os feitos políticos de determinado grupo. Nesta dedicatória, nos dias de hoje nem
sempre tão comum no ambiente acadêmico, está dito:
A Universidade Federal de Roraima é fruto da visão de largo prazo de três
grandes homens:
MOZARILDO CAVALCANTE, Deputado Federal, autor da Lei no.
7364, de 12 de setembro de 1985, que autorizou o Poder Executivo a criar
a UFRR.
JOSÉ SARNEY, Presidente de República Federativa do Brasil, que
baixou o decreto no. 90127/89, de 08 de setembro de 1989, instituindo a
UFRR.
ROMERO JUCÁ FILHO, Governador do Estado de Roraima, que
viabilizou em curto espaço de tempo a implantação real da UFRR.
Pelo teor do que está ali expresso poder-se-ia pensar (como de fato foi,
posteriormente) que ela seria utilizada para angariar créditos eleitorais, para dois dos
“homenageados” acima.
O fato de se ver a Universidade envolvida diretamente em questões políticas
locais a tornava refém da vontade de alguns e da desconfiança do público em geral; em
84
parte porque, não tendo sido gerada a partir de um grupo de pesquisadores, ou da
demanda de amadurecimento de um projeto político-pedagógico nas bases comunitárias
ou de setores interessados (educadores em geral/comércio e indústria) e prováveis
usuários (alunos em geral e clientela da extensão), teve que ser quase toda “importada”
de outros Estados da Federação.
É importante ressaltar que não opomos questões à participação política da
universidade na comunidade na qual está inserida defendemos antes, tal qual Cristovam
Buarque (BUARQUE, 2003, p.50), a idéia de que uma Universidade deve ter raízes
fortes no meio comunitário que a circunda, e que portanto deve estar envolvida
cotidianamente nas questões políticas e na rotina locais, bem como de outras esferas
mais amplas, e que deve mesmo ser fruto destas tensões. Entendemos, também, que a
UFRR herdou grande parte das seqüelas, que apresenta hoje da forma como se deu a sua
gênese. Seu envolvimento em questões políticas meramente eleitorais, não implicava
envolvimento comunitário do tipo acadêmico/engajado, tão pouco a credenciava a
funcionar como fórum político local (o que seria ideal). Apenas questionamos o tipo de
política que tem como horizonte o período eleitoral e que uma vez terminado descarta
os objetos de seu interesse deixando que mingüem.
Não se trata, portanto, de defender a idéia da Universidade como um campo
neutro, pois nela tampouco cremos. Pelo contrário, acreditamos que uma Universidade
deve sempre se caracterizar pela fatia de participação e poder político que dispõe na
comunidade na qual está inserida. Deve também ser um centro de formação de opiniões,
assim como um local de manifestações filosóficas, ideológicas das mais variadas
correntes do pensamento. Não deve haver um lado de “dentro” e um lado de “fora” da
Universidade, pelo menos no que diz respeito aos problemas comunitários, a sua
integração ao meio em que foi criada:
(...) a universidade não deve, no futuro, se isolar dos problemas locais, não apenas
no estudo, mas também na ação. É inaceitável que uma universidade ignore o
analfabetismo ao seu redor, que seus médicos ignorem as doenças e os doentes
que estão por perto. A universidade deve se incorporar à campanha pela
erradicação da pobreza, pela luta contra doenças endêmicas, pela implantação de
condições de higiene nas cidades onde ela está. (BUARQUE, 2003, p.50)
Mas, no caso da Universidade Federal de Roraima, tomada por uns como moeda
de barganha eleitoral e por outros como “obra política do adversário a ser ignorada e, se
possível, destruída”, logo foi abandonada a sua própria sorte, até mesmo por aqueles a
quem serviu de palanque, sendo inclusive excluída da pauta parlamentar de emendas
85
orçamentárias da União (apresentadas pelos parlamentares, ou bancadas estaduais no
Congresso, com o fito de suprir os interesses pecuniários de instituições situadas nos
Estados de origem destes) por anos a fio (até 1999). Quanto àqueles que queriam o seu
fim, deles obteve o desprezo, ficando relegada ao esquecimento nas esferas do poder
público, sujeita apenas às brigas internas pelo poder acadêmico.
Talvez por este motivo (assim como pela constante alternância no comando da
política local), salvo por meio de negociações em separado de determinados setores da
Universidade, a UFRR não tenha logrado, até recentemente conseguir alianças e/ou
convênios duráveis, tanto com o Executivo Estadual, quanto com o Executivo
Municipal (de Boa Vista no caso do seu principal campus “Paricarana” e demais
cidades e/ou comunidades onde houvesse outros campi).
A
conjunção
desses
três
fatores,
anteriormente
apontados
–
o
coronelismo/clientelismo político de oligarquias que não viam a necessidade (salvo
como factóide político-eleitoral) de uma Universidade; a falta de uma demanda pública
pelo ensino superior; a inexistência de atividade economico-empresarial na região –
poderia m explicar, em parte, a falta de uma tensão geradora capaz de, até aquele
momento,
torná- la
uma
reivindicação/
demanda
mais
popular,
bem
como,
posteriormente, apontar alguns dos motivos que fizeram com que o corpo discente desta
Universidade tivessem-na como última de suas preocupações cotidianas, impedindo
assim a criação de um hábito de convívio em torno da UFRR.
Não usufruindo do necessário respaldo comunitário que uma Instituição desta
natureza precisa ter, nem do prestígio que o conhecimento ali gerado (ou reproduzido)
deveria ter, este seria um investimento (na verdade empreendimento Federal) “de
papel”, seria uma fábrica de diplomas (ou “canudos” como são popularmente
conhecidos entre os estudantes). Ou seja: seria um local onde se vai para se formar em
nível
superior
e
assegurar
uma
aposentadoria
um
pouco
melhor.
Isto,
independentemente do conhecimento implicado, seja ele de aprimoramento da prática,
seja em termos de novos conhecimentos/tecnologias. É sintomático, neste sentido, o
comportamento, em relação à instituição acadêmica, da grande maioria dos estudantes
que ingressaram nos cursos pedagógicos (licenciaturas), bem como, a elevada média
etária da população discente nos primeiros anos de funcionamento da UFRR.
No artigo terceiro de seu Estatuto (título 1º, “Da Universidade e seus fins”) na
alínea II, diz-se o seguinte: “preparar profissionais para o exercício das atividades
técnico-científicas e artísticas, segundo as peculiaridades da região;” Ora, essas
86
“peculiaridades”, de que fala o texto, não foram profundamente pesquisadas, ou mesmo
amadurecidas no seio da comunidade circundante. Surgiram da cabeça dos poucos que
estavam à frente do projeto de implantação da UFRR.
O Curso de Letras, por exemplo, nunca privilegiou concursos para professores
de Língua e Literatura Hispânicas. O que é um absurdo se pensarmos que Roraima faz
fronteira com a Guiana (de língua inglesa) e com a Venezuela (de língua espanhola) e
não com algum país de língua francesa (o curso de francês conta com a invejável cifra
de 4 professoras concursadas). Nada temos contra o ensino de língua francesa, que
também fez parte de nossa formação, mas se pensarmos em termos de recursos que a
Região demandaria, esta, certamente não seria uma prioridade, especialmente se o fato
da criação se desse em detrimento um curso mais voltado para as línguas mais presentes
no dia-a-dia da Região.
Poder-se-á argumentar, em favor da iniciativa, que o planejamento para a
contratação de professores (substitutos) para o Curso de Língua Espanhola previa
convênios com Universidades da vizinha Venezuela. O grande problema é que este tipo
de “planejamento”, apoiado nas características de oferta de mão de obra e nas
“peculiaridades” regionais, dadas as circunstâncias com que foi concebido não pode
funcionar a longo prazo. Era preciso que se tivesse pensado à época, que a variação
cambial entre os países envolvidos pode, ou não, favorecer a contratação de mão de
obra, uma vez que o valor fixado para o salário de substitutos, no Brasil, é irrisório.
A criação de cursos de línguas indígenas, uma das maiores “peculiaridades” que
a região tinha a oferecer, fo i convenientemente esquecida por um longo tempo, até a
criação do Núcleo Insikiran de Educação Indígena (2001). Dizemos “convenientemente
esquecida” porque a população indígena de Roraima, sempre em conflito pela posse da
terra com os interesses econômicos do garimpo e de fazendeiros, não representava
parcela política forte o bastante para fazer frente à facção que dominava a UFRR então.
À parte questões de política partidária pura e simplesmente, a UFRR enfrentou
anos de absoluto divórcio com a bancada roraimense no Congresso Nacional e com o
poder público local, em função das circunstâncias de sua criação. Na prática isso não
apenas representou uma considerável evasão de recursos (maior que a que houve para
instituições de mesmo porte neste período), mas também a completa alienação por parte
dos membros desta(s) bancada(s) de todo e qualquer assunto que dissesse respeito a
votações sobre o ensino superior no Brasil.
87
Isso novamente se explica se pensarmos que mais de 90% da mão de obra
docente e técnica empregada nesta IFES provêm de outros Estados da Federação, não se
envolvendo muito em questões de política local. Além disso, pode se dizer que grande
parte nunca tenha transferido seus títulos eleitorais, justificando seu voto a cada eleição.
Também conta neste sentido o fato de que, não havendo um sentido corporativo
de instituição muito arraigado ainda, nem um espírito acadêmico na comunidade, pouca
pressão foi feita sobre os parlamentares, no sentido de fazer valer os interesses da
instituição, quer pelos servidores/corpo docente/discente da Instituição (comunidade
acadêmica), quer pelo povo em geral.
Há ainda um outro fator, um tanto anedótico, que pode se juntar aos demais na
tentativa de justificarmos este isolamento inicial da UFRR, no contexto de sua gênese:
O primeiro Reitor da UFRR, o Professor Hamilton Gondim, além de já ter sido Prefeito
de Boa Vista (o que o credencia, já de saída, como membro de uma corrente política
local muito específica), tinha uma forma de dirigir a Universidade sui generis, um tanto
brusca e potencialmente arbitrária, segundo a maioria dos professores que conviveram
de perto com este período. Esta forma sui generis de “governar” a UFRR acabou
gerando desacordos com boa parte da comunidade discente e docente, especialmente
com os membros da SESDUF-RR (Seção Sindical dos Docentes da UFRR) e os
estudantes das agremiações estudantis, tais como Diretório Central dos Estudantes
(DCE) e dos Diretórios e Centros Acadêmicos (DAs e CAs). O que resultou num longo
período de repressão aos movimentos organizados dentro da Instituição, fator que
também colaborou para que não houvesse pressão organizada desses setores sobre a
bancada parlamentar do Estado.
A série de desacordos, por sua vez, gerou uma tensão interna muito grande na
UFRR41 , que por anos a fio, não pode voltar seu olhar institucional para longe das
fronteiras de seus próprios campi. Tais desacordos vieram a culminar, na ocasião da
sucessão do acima referido Reitor, quando a Universidade se viu assaltada por seus
discípulos em guerra aberta pelo poder. O resultado imediato, após alguns meses de
reitorado da gestão seguinte e uma longa troca de acusações mútuas, de desmandos e
corrupção, via imprensa, entre Reitor e Vice, foi a cassação de ambos e a intervenção
direta do MEC, nomeando um Reitor- interventor para a UFRR.
41
É possível ainda nos dias de hoje acompanhar tanto nos arquivos da extinta Procuradoria Jurídica da
Instituição, quanto na Procuradoria Geral da União, processos de reintegração ao serviço público ou em
que se denuncia perseguição política, que correm na justiça comum. São seqüelas deste período, que
ainda despontam ora aqui, ora ali.
88
Consideramos, para efeito deste trabalho de tese, marco no desenvolvimento de
uma mentalidade acadêmica mais própria o fim da intervenção Federal na Reitoria e as
eleições gerais de 1999 (consulta eleitoral com lista tríplice para reitor e eleições gerais
para Diretores de Unidades Acadêmicas e Centros).
É preciso olhar para o que pudermos resgatar daquele período e pensar que em
outras comunidades talvez o processo não tenha diferido tanto; que talvez nem todas as
Universidades Estatais do Brasil tenham surgido como a UFRJ, ou a USP, de demandas
“reais” de uma sociedade já em estado de maturidade bastante razoável. Mas se nos
reportarmos ao sentido histórico de Universidade veremos que:
Desde o fim do academicismo grego e do império romano, a Europa se
fechou por mil anos em mitos, na idéia de que o pensamento vinha de
revelações espirituais e deveria ser dedicado à interpretação dos textos
religiosos. Houve avanços científicos, houve contatos com o Oriente,
houve uma arte sacra, mas a população era prisioneira dos mitos. Foi a luta
intelectual entre o iluminismo que se iniciava com o renascimento e o
misticismo que se mantinha, que levou à criação da universidade.
(BUARQUE, 2003, p.34-5)
A Universidade é fruto de uma demanda maior, de demandas históricas em torno
da democratização do conhecimento, e a priori em torno do sentido mesmo de ciência,
como o oposto de misticismo. Sendo assim, pode-se dizer que houve sempre um “pé”
da universidade na comunidade, tanto no sentido de transformá- la – pois segundo
Cristovam Buarque durante muitos anos (até as duas últimas décadas do século XX) a
Universidade foi o principal pólo de criação e divulgação científica – quanto no de
informá-la. (BUARQUE, 2003, p. 36-7)
Como vimos anteriormente, com a UFRR se deu o oposto, pois esta instituição
teve sua gênese marcada por dois fatores preponderantes: a alienação em relação à
comunidade que lhe deveria servir de suporte/aporte e ter sido criada sem que ho uvesse
uma demanda “real” por sua existência. Estes dois fatores também foram de
fundamental importância na criação do Curso de Letras, ponto de partida de nosso
trabalho.
O sentimento de que a Universidade, de certo modo, era uma intrusa, pode ser
observado no Curso de Letras, a partir do baixíssimo nível de comprometimento dos
alunos para com a Universidade e para com o curso em si. O que nos faz pensar que
talvez não se tivesse desenvolvido ainda o sentido de universidade, de “espírito
acadêmico” (tão comum neste mesmo período em outras Instituições de Ensino
89
Superior do mesmo porte), ou pelo menos o de convívio acadêmico. Grande parte do
corpo discente só comparecia ao Campus do Paricarana para assistir, quando muito, às
aulas. Exigindo que o conteúdo e os afazeres acadêmicos se restringissem ao período de
permanência em sala de aula. Na maioria das vezes, solicitar a leitura de um livro, ou
pretender que houvesse algum outro tipo de atividade complementar extra-classe era
esforço vão.
Assinale-se também o baixíssimo nível de participação política do segmento
discente
da
comunidade
acadêmica,
especialmente
no
que
diz
respeito
a
criação/extinção de disciplinas, mudanças programáticas em geral, fato que
provavelmente diferencia a UFRR, em especial o seu curso de Letras, de outras
instituições similares.
Não eram poucos os alunos que trabalhavam como profissionais da área há
muitos anos e, nesses, portanto, havia ainda um sentimento adicional de contrariedade
por se verem “obrigados por lei” a cursar a graduação, se quisessem se aposentar com
um salário um pouco melhor. Conquanto fossem já profissionais de ensino, não fazia
parte de sua prática cotidiana questionar o ensino, bem como conteúdos que lhes fossem
oferecidos. Não é de se estranhar, portanto, que os alunos do Curso de Letras em seus
primórdios fossem tão “fracos” sob uma série de aspectos (acadêmicos), em especial no
quesito “espírito acadêmico” 42 . Mas o fato é que, além disso, liam mal, tinham uma
cultura literária abaixo do “sofrível”, escreviam muito mal e não tinham (a maioria, não
todos) interesse real nenhum em ampliar seus horizontes43 . Tratava-se, portanto, de um
grande faz-de-contas.
Talvez o que chamamos tão carinhosamente de “espírito acadêmico”, cuja falta
sentimos nos primórdios do nosso curso de Letras e da própria UFRR, seja apenas a
manifestação dos reflexos que vivenciamos na vida acadêmica, em outras Instituições: o
modus vivendi e modus operandi de certa parte da elite intelectual. Nestas Instituições
era comum que houvesse uma atividade cultural diversificada, encontros estudantis,
diretórios acadêmicos, companhias amadoras de teatro, saraus, festas, shows,
performances e uma gama tão diversa de atividades extra-acadêmicas que seria difícil
42
Cristovam Buarque identifica este “espírito acadêmico” com a própria história da universidade, mas
prefere chamá -lo de “espírito universitário”. Ver citação-epígrafe do cap. I – “O conhecimento conceitual
coloca o aluno em sintonia com o espírito universitário, o conhecimento específico da história de sua
universalidade que lhe dá o sentimento de coleguismo com os demais alunos e ex-alunos, faz dele um
grupo, uma família intelectual.”
43
Os resultados do Provão - Exame Nacional de Cursos - demonstram que, exceto por uma pequena
melhora nos últimos anos, o curso de Letras da UFRR tem tido conceito “E” ao longo de todo este
processo avaliativo.
90
descrever aqui. O fato é que os alunos “viviam”, ou melhor, “vivenciavam” suas
universidades, e esta vivência, embora não fizesse parte de nenhum currículo de curso,
fazia parte da formação de cada um como parte de um currículo alternativo e
“oficialmente” oculto.
Fatores como a existência, ou não, de uma estrutura acadêmica compatível,
aliado ao sistema de créditos, são primordiais, no desenvolvimento deste “espírito”. A
ausência de um Restaurante Universitário, por exemplo, ou o fato de que a Biblioteca
Central da UFRR nunca tenha oferecido condições reais de consulta, por não haver
sequer um parco acervo catalogado e organizado em estantes temáticas, são, sem
sombra de dúvidas, elementos capazes de inibir qualquer convívio acadêmico além
daquele mínimo exigido em sala de aula.
É bastante prová vel que, ao tentarmos balizar o surgimento da UFRR (já em
plena década de 90, com toda política neoliberal a pleno vapor) pelo modelo que
conhecemos de universidade pública, deixemos a impressão, em alguns momentos, de
estarmos externando apenas nosso estranhamento, em relação ao modelo de
universidade ali implementado, e uma certa dose de nostalgia. É claro que a UFRR,
assim como o seu curso de Letras, têm um ônus considerável para com o período em
que foram criados, fator este que não pode deixar de ser aqui considerado. Porém, como
fizemos parte da história de sua criação e não nos cremos personagens isentos44 ,
fazendo uma “investigação” isenta. Consideramos aceitável que nossas expectativas
transpareçam na narrativa de reconstrução da gênese da UFRR, sem que com isso nos
sintamos “culpados” de estarmos deturpando nossa análise dos “fatos”. Ademais,
falamos da formação de alunos e se falamos disso, a ausência/presença de determinados
fatores neste processo será, de fato, um diferencial desta formação.
Por outro lado, longe de inviabilizar a análise que fazemos do contexto de sua
gênese, o fato da UFRR ter surgido no final da década de 80, com todas as implicações
de ordem diversa que este fato possa ter (desde ideológicas a históricas, passando
necessariamente pela questão econômica), proporciona um contraste entre o significado
(e as formas de realizar) de universidade neste período e o significado de universidade
44
Como indivíduos socialmente constituídos, não podemos deixar de apontar que estas expectativas
correspondem não apenas a nossa idéia de universidade, mas a uma parcela da sociedade que vivenciou o
mesmo período/contexto, ou seja, a maioria dos professores (dada a coincidência de faixa etária/geração)
da UFRR/Letras. Talvez seja preciso ressaltar que este “sentimento” (de ausência de vida acadêmica e das
influências negativas que esta falta traz para o ensino-aprendizagem do dia-a-dia) tem sido, também,
objeto de queixas e comentários dos professores ao longo dos últimos dez anos, especialmente em
reuniões de caráter pedagógico, e/ou em reuniões do Colegiado do Departamento de Língua Vernácula
(ao qual pertence o campo da Literatura na UFFR).
91
no período anterior, intensificando a impressão de estranhamento que advém desta
realidade.
4.2 - O Curso de Letras da UFRR: uma breve descrição
O curso de Letras da UFRR está organizado em disciplinas que seguem o
sistema de créditos e está dividido em quatro habilitações básicas: Português-Literatura
Brasileira, Francês-Português, Inglês-Português e Espanhol-Português. Diferentemente
de outros cursos de Letras de Universidades tradicionais do Sudeste (USP, UFF, UERJ
e UNICAMP), no curso de Letras da UFRR, não há nenhum bacharelado. Nossas quatro
habilitações são licenciaturas. Não existe uma opção (prévia como no caso da UFRJ, ou
não) pelo bacharelado (até porque, não havendo uma comunidade de pesquisadores préexistindo à Universidade, não há pesquisa e, em não havendo pesquisa, nem perspectiva
que aponte nesta direção, não há muito sentido num bacharelado em Letras). Além
disso, como dissemos antes, as licenciaturas da UFRR surgiram de demandas
específicas do Estado, sendo essa sua “vocação” central.
Existem dois Departamentos, que, juntos, compõem o Curso de Letras da
UFRR, o Departamento de Língua Vernácula (DLV) e o de Línguas Estrangeiras e
Indígenas (DLEI). O DLV abriga a habilitação em Língua Portuguesa e Literatura,
assim como as disciplinas referentes à Lingüística, Língua Portuguesa, Literatura
Brasileira, Literatura Portuguesa, Filologias, Latim, Teoria da Literatura, Práticas de
Ensino (em língua, texto e literatura), bem como as disciplinas de Língua Portuguesa
Instrumental, para os demais cursos da UFRR. O Departamento de Línguas Estrangeiras
e Indígenas, que nunca atuou na área de educação ou de pesquisa indígena, deve o
indigenismo de seu nome a um provável equívoco, decorrente da ausência de um
projeto inicial para o curso de Letras, ou ao preconceito local, que se pudesse,
qualificaria os idiomas indígenas não apenas de estrangeiros, mas de “alienígenas”45 .
Este Departamento é responsável pelas três habilitações em Língua Estrangeira
existentes, a saber: Francês, Inglês e Espanhol, bem como por todas as suas respectivas
disciplinas, incluindo-se aí as Línguas Estrangeiras Instrumentais.
45
Aliás os únicos professores de Letras a atuar efetivamente nesta área, fazem pesquisa Lingüística e em
Literatura pertencem ao DLV.
92
Por uma questão de recorte, nos reportaremos com mais vagar a questões
referentes ao DLV, pois ao colegiado dele pertencemos, e a ele dizem respeito as
disciplinas de Literatura e de Teoria Literária. Embora nas habilitações em Língua
Estrangeira, se trabalhe também com disciplinas atinentes ao ensino da respectiva
Literatura da língua para a qual existe a habilitação, nos escusamos de analisá- las ou
descrevê- las em função, em primeiro lugar, de nosso recorte e em segundo lugar de
questões procedimentais e de método ali existentes, no ensino de Literatura, com as
quais não estamos familiarizados.
No total, contando o número de professores concursados de ambos os
Departamentos, são aproximadamente 30 professores efetivos e outros tantos substitutos
(não há como precisar a quantidade de substitutos, uma vez que o número destes varia a
cada semestre de acordo com a autorização para contratação do MEC), lidando com
duas grades em vigor (a nova e a antiga).
No caso específico do Curso de Letras da UFRR, se considerarmos apenas as
inserções tradicionais no mercado de trabalho estabeleceremos uma subdivisão entre as
habilitações duplas (Francês-Português, Inglês-Português e Espanhol-Português) e a
habilitação única (Português-Literatura Brasileira). Há, contudo, um diferencial na
região, que, embora não oficial, acaba fazendo com que o curso de Letras PortuguêsLiteratura Brasileira se transforme informalmente também numa dupla habilitação. É o
fato de que em Roraima há 46 , na maioria das escolas, a disciplina de Literatura, desde o
ensino fundamental, independente da disciplina de Língua Portuguesa, ou das
disciplinas de língua estrangeira. Esta realidade tem permitido a abertura de novas vagas
para professores, e feito com que o aluno, com vocação para o ensino de Literatura, uma
vez formado, possa, a exemplo das demais habilitações duplas, optar por exercer apenas
a função de professor na área de seu maior interesse (em Língua Portuguesa, ou em
Literatura).
Há uma diferença fundamental, entre as habilitações, no que se refere ao
desenho de suas respectivas grades curriculares. A diferença se faz notar especialmente
no que diz respeito à utilização das disciplinas de Literatura Brasileira e Portuguesa
existentes. É visível nas duplas habilitações uma maior preocupação para com o ensino
46
Desde o ano de 2000 as escolas estaduais de Roraima adotaram a disciplina de Literatura no seu
desenho curricular, em parte por demanda do próprio curso de Letras da UFRR (que criou uma disciplina
de estágio da área de Literatura e por esse motivo precisava de espaço para realizar os estágios), em parte
por demanda de alguns egressos de suas fileiras, cujo projeto de vida dizia respeito ao ensino de
Literatura (alunos e ex-alunos ligados à Secretaria de Educação do Estado que apresentaram um projeto
propondo a criação desta disciplina).
93
da língua estrangeira, fator que acaba por reduzir, no todo da carga horária do curso, o
espaço reservado para as demais áreas do conhecimento implicadas, chegando-se
mesmo a mutilá- las de tal modo ao ponto de tornarem-se inúteis.
Embora as demais habilitações tenham oficialmente um caráter duplo (o que
implicaria também no acréscimo de carga horária e na duração, do curso de pelo menos
um ano, a exemplo da UFF e da UFC), a diferença entre o número total de horas aula
destas, em relação à habilitação em língua Portuguesa e Literatura Brasileira, é mínima
e se resume a apenas 140h/a a mais para as duplas habilitações.
Avalia-se, todavia, que uma diferença maior inviabilizaria qualquer das
habilitações que tivessem sua carga ampliada ou reduzida. Deste modo, fez-se
necessário que as habilitações duplas, com o fito de não descuidar de conteúdos
fundamentais ao ensino das línguas estrangeiras, estabelecessem um critério, segundo o
qual tanto disciplinas do campo da linguagem, quanto da Literatura fossem recortadas
de suas respectivas grades para dar lugar, no seu desenho curricular, às disciplinas
pertinentes ao ensino de língua estrangeira. Desta forma, embora haja disciplinas
específicas para o ensino de Literatura dos países falantes da(s) língua(s) a ser(em)
estudada(s), optou-se por frisar aí também o ensino de língua. O que tornou a parca
Literatura específica, que deveria ser estudada ali, apenas pretexto para o conhecimento
da “cultura da comunidade enfocada”, da vida e da cronologia de alguns autores e da
língua em questão.
Ao todo, o curso, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira,
exige do aluno que ele curse 149 créditos, de uma carga horária total de 2400 (duas mil
e quatrocentas horas).
Ainda hoje (2004) é possível observar, conforme quadro adiante, a coexistência
de duas grades no curso: a grade antiga, válida para os alunos que ingressaram no curso
até dezembro de 2000, e a grade nova, válida para os calouros de 2001 e demais alunos
optantes por cursá- la, por julgarem- na mais interessante.
No quadro adiante, resultante das mudanças exigidas pela LDB 9394/96
(exigência de um mínimo 300h/aula para disciplinas de Prática de Ensino), podemos
notar diferenças no que tange ao número de créditos (totais e parciais) e, na distribuição
interna da carga horária, especialmente no que diz respeito aos itens referentes às
Disciplinas Obrigatórias. Mas no quesito carga horária total é perceptível a permanência
da mesma quantidade de horas-aula. Cabe ressaltar que esta diferença no número de
94
créditos e na carga horária das disciplinas se deve à extinção e posterior absorção 47 do
conteúdo de três disciplinas de sessenta horas, a saber: Literatura Infanto-Juvenil,
Técnica de Leitura, Lingüística II, à ampliação da carga horária, em trinta horas, de uma
disciplina de sessenta horas (Prática de Ensino em Língua Portuguesa I) e à criação de
uma disciplina de noventa horas (Prática de Ensino em Literatura), outra de sessenta
(Prática de Ensino em Leitura e Produção Textual).
TABELA III: Quadro de grades antiga e nova (quantitativo de horas/aula) da
habilitação de Língua Portuguesa-Literatura
CURSO: LETRAS – HABILITAÇÃO LITERATURA (GRADE ANTIGA)
NÍVEL: LICENCIATURA PLENA
PRAZOS: a) MÍNIMO: TRÊS ANOS
b) MÁXIMO: SETE ANOS
CRÉDITOS: a) TOTAIS: 154
b) OBRIGATÓRIOS: 138
c) OPTATIVOS: 16 d) POR
SEMESTRE: MÍNIMO: 04; MÁXIMO: não há
CARGA HORÁRIA: a) TOTAL: 2400h b) OBRIGATÓRIA: 2160 c) OPTATIVA:240
CURSO: LETRAS – HABILITAÇÃO LITERATURA (NOVA GRADE)
NÍVEL: LICENCIATURA PLENA
PRAZOS: a) MÍNIMO: TRÊS ANOS
b) MÁXIMO: SETE ANOS
CRÉDITOS: a) TOTAIS: 149
b) OBRIGATÓRIOS: 133
c) OPTATIVOS: 16 d) POR
SEMESTRE: MÍNIMO: 04; MÁXIMO: não há
CARGA HORÁRIA: a) TOTAL: 2400h b) OBRIGATÓRIA: 2160 c) OPTATIVA:240
Note-se na tabela III acima que o número total de horas/aula (2400) do curso não
se alterou de uma grade para a outra, porém o número de créditos sofreu, em função a
transformação de disciplinas que ostentavam créditos antes teóricos em práticos, uma
redução de 5 pontos (154 – 149 = 5; 138 – 133 = 5). Isto se deve ao fato de que o MEC
considera cada crédito teórico como equivalente a 15h/aula, enquanto os créditos
práticos têm sua equivalência fixada em 30h/aula por crédito.
Pouco mudou nos campos de conhecimento, em decorrência dessas pequenas
alterações efetivadas em 2000 (com efeitos retroativos a 1998). No caso específico do
campo das Literaturas Lusófonas (englobando-se aí as disciplinas referentes à Teoria da
Literatura, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Literatura Infantil & Juvenil)
ganhou-se o equivalente à 30h/a em créditos práticos, embora a quantidade total de
horas/aula da habilitação em literatura (2400h/a) não tenha se modificado.
47
Esta absorção se deu nos programas das Práticas de Ensino criadas a partir da exigência da LDB. No
caso específico de Literatura Infanto-Juvenil, por exemplo, o conteúdo foi absorvido e passou a ser
veiculado de modo compacto na disciplina Prática de Ensino em Literatura (90h/a) criada em seu lugar. A
prática de Ensino de Leitura e Produção Textual deve o cerne de seu programa à fusão entre itens dos
programas da extinta Lingüística II e Técnica de leitura, que nada mais era m que disciplinas de prática de
analise lingüística.
95
Com respeito aos “campos do conhecimento” é preciso que se faça um
esclarecimento sobre a realidade do contexto de Roraima: nas Letras da UFRR, somos
poucos e muito menos ainda naquilo que cismamos em alcunhar “área” da Literatura,
por este motivo não será incomum se deparar com um mesmo professor ministrando
disciplinas tão distintas como Teoria da Literatura, Literatura Portuguesa e/ou
Brasileira, ou Prática de Ensino em Literatura. A isso, para efeitos de estudo do ensino
da Literatura na UFRR, convencionamos chamar de campo literário, ou área de
Literatura.
É preciso que se registre, ainda, que embora esta prática pareça um
exercício/intenção algo interdisciplinar, portanto racional e planejado, ela nada tem de
intencional, faz parte da dura realidade de convívio com o caos das IES (principalmente
estatais), com os escassos recursos humanos especializados da região e, de quebra, com
a falta de investimentos e concursos na área da educação, que tivemos que suportar ao
longo dessa última década. Não se pode, no entanto, descontados os prováveis
problemas oriundos do ecletismo da fórmula encontrada, negar que a experiência tenha
alguns aspectos positivos. Dentre eles a possibilidade de constante aperfeiçoamento (em
serviço) do conhecimento do professor. Isto, no entanto, não isenta, não autoriza, nem
justifica a permanência do caos em nossas Universidades Públicas.
Como já vimos, o curso de Letras da UFRR (como a própria Universidade) é
talvez
um
dos
mais
jovens
das
Universidades Federais
brasileiras.
Tem,
aproximadamente, 15 anos. Não obstante essa juventude, já passou por duas reformas
de seus programas, ementas e disciplinas, alguns remendos e correções em suas grades48
e, ainda assim, permanece em seu corpo docente o sentimento por vezes de impotência,
diante do que há, por vezes de insatisfação parcial, diante da falta de expectativas ou
soluções possíveis.
Historicamente o DLV tem liberado de três a quatro 49 professores por vez
(média que tem variado entre, aproximadamente, 22% e 28% dos docentes efetivos do
Departamento), num sistema de saída, à medida que o anterior retorna, para que cursem
48
As reformas a que nos referimos vão desde quebra de pré-requisitos de disciplinas, ampliação da carga
horária das práticas de ensino de 120 para 300h/aula conforme a última LDB, criação de novas
disciplinas, até a extinção de disciplinas com conteúdo duplicado, etc.
49
Estas saídas costumam variar de acordo com o resultado da seleção a que se submetem os pretendentes
à vaga de qualificação. Nem sempre o índice que está previsto (a saída do professora “A” ou “B”) ocorre
no prazo estabelecido, fator que acaba reduzindo, pelo intervalo de tempo de um ano, o número dos que
estão afastados para cursar Pós-graduação.
96
a Pós-graduação, fator que onera, em termos de trabalho, os demais membros do
Departamento.
TABELA IV: Da qualificação dos professores do DLV, em 2004 (por ordem de
ingresso no Departamento).
Nome
Ingresso
Área
de Qualificação
Área da qualificação
Concurso
Maria O. de S. Cruz
1989
Lingüística
Doutora
Lingüística/Lingüíst.
Manoel S. Gomes*
1990
Língua Portug.
Doutorando
Lingüística/Lingüíst.
Odilon Rosa Corrêa*
1992
Literatura Bras. Mestrando
Literatura Comparada
Ma Socorro P. Leal*
1993
Língua Portug.
Mestranda
Língua Port/Lingüíst.
Ma Goreti Almeida
1993
Língua Portug.
Especialista
Prática de Ensino
Gláubio A. Batista
1993
Latim
Graduado
-
Cátia Wankler
1993
Literatura Port.
Doutora
Lit. Port./Teoria Lit.
Paulo de S. Gomes
1994
Língua Portug.
Graduado
-
Roberto Mibielli*
1994
Literatura Port.
Doutorando
Educação/ Lit. Comp.
Deborah Cavalcanti
1994
Lingüística
Doutor
Lingüística/Lingüíst.
Neide V. de Siqueira
1998
Latim
Mestrando
Comunicação Social
Paulina L.Carneiro
2001
Língua Portug.
Mestre
Lingüística
Aloízio Dantas
2003
Língua Portug.
Doutor
Lingüística
Sônia da S. Purceno
2004
Teoria da Lit.
Mestre
História
Ana L. de S. Cavalcanti 2004
Língua Portug.
Mestre
Língua Portuguesa
Mirella M. de B. Silva
Literatura Bras. Mestre
2004
* Afastados para cursarem mestrado/doutorado
Literatura Brasileira
97
Analisando dados da tabela IV (segunda coluna, últimas quatro inserções),
perceberemos que uma nova política de contratações do DLV, auxiliada pelo excesso de
oferta de mão de obra, ocasionada pela falta de concursos para as Instituições Federais
de Ensino Superior (IFES), no Governo Fernando Henrique Cardoso, têm permitido,
com a abertura de novas vagas para concurso, desde 2001, a contratação de
profissionais com, no mínimo, mestrado como qualificação, fator que cremos, será
fundamental no desenvolvimento do curso de Letras nos anos vindouros.
Existem, há pouco mais de um ano, cinco comissões, nomeadas no âmbito do
Departamento de Língua Vernácula, divididas nas cinco principais áreas de
conhecimento deste Departamento 50 , e que pretendem, mais uma vez, reformular toda a
grade, a estrutura, a orientação e a identidade do curso em função, inclusive da falta de
efetivo docente.
Ainda assim, a última comissão de avaliação das condições de oferta para cursos
de Letras, qualificou nosso projeto pedagógico, de modo geral, como muito bom.
Apesar disso, recomendações foram feitas, na conclusão do relatório de 1999, que
apontam na direção de maior adequação do curso às diretrizes curriculares nacionais de
Letras.
Talvez não no mesmo sentido, mas procurando soluções para problemas
detectados internamente, nossos professores, alunos e parte da comunidade de
profissionais já formados, que têm contato com nosso curso via estágio, têm apontado a
necessidade de mudanças, não só na estrutura do curso, como em sua proposta.
Essa constante insatisfação com a situação atual não se expressa somente nos
foros institucionais competentes. Têm ha vido muitas manifestações pessoais, tanto do
segmento discente, quanto do segmento docente, no que tange às práticas e formas de
lidar com conteúdos e com o conhecimento, que revelam, em última instância, um
desejo de mudança, uma necessidade de reflexão sobre o que ensinamos, como
ensinamos, para quem ensinamos, o porquê ensinamos e porquê estruturamos
institucionalmente o curso de Letras assim.
50
Essas áreas são: Língua latina e Filologias, Lingüística, Literatura, Língua Portuguesa e Práticas de
Ensino (e demais disciplinas de cunho pedagógico).
98
4.3 – Análise de problemas pontuais da grade curricular do curso de Letras da
UFRR
Um problema, já detectado nas discussões primordiais para a reforma da grade
do curso de Letras da UFRR, tem sido o das disciplinas optativas. Existem, por
exemplo, no papel, disciplinas optativas na área de Literatura. Mas estas disciplinas,
(que saibamos) nunca foram implementadas. São elas a Literatura Latina (existente
tanto na grade da UFF, como na grade da UFC, como disciplina obrigatória) e a
Literatura Regional (inexistente, na UFF, mas presente na grade da UFC). Atualmente
na UFRR, para efeitos de duplicidade, apesar da equivalência de conteúdo existente
entre a Literatura Infanto-Juvenil e a parte teórica do conteúdo da Prática de Ensino de
Literatura, também a Literatura Infanto-Juvenil figura entre as disciplinas optativas
existentes. Contudo, esta última só poderá ser ofertada, caso ainda haja algum aluno
remanescente da grade curricular de Letras da UFRR (tabela II), anterior a reforma da
LDB de 1996 (podendo ser freqüentada pelos demais como optativa, dada a escassez de
disciplinas optativas do curso a serem ofertadas). O principal fator de impedimento
para oferta de optativas tem sido o pequeno número de professores contratados, tanto no
campo literário, quanto fora dele. Na prática, este fato tem gerado acúmulo de funções e
disciplinas dentre os professores remanescentes. Em função disto, praticamente
inexistem disciplinas puramente optativas no curso de Letras.
Algumas das soluções apontadas para este problema têm sido: a transformação
destas disciplinas em cursos do tipo “atividades orientadas” (que permitiria a
participação do aluno em eventos externos à UFRR e, mesmo em eventos internos tais
como: seminários, grupos de trabalho, etc...), ou ainda, a transformação delas em
disciplinas “eletivas”, tornando-as um pouco menos optativas e mais “optatórias”
(conforme Jobim, 2000). As disciplinas “eletivas” são aquelas que podem ser escolhidas
(eleitas) pelo aluno a partir de uma lista limitada de disciplinas afins ao curso que estão
freqüentando. Exemplo disso seriam as disciplinas do Campo Pedagógico (para aqueles
que pretendem se especializar no ensino de Letras), ou disciplinas de Comunicação
Social (para, por exemplo, quem pretende se especializar na área de redação e revisão
de textos), ou ainda de Sociologia ( principalmente para quem pretende trabalhar com
Teoria da Literatura e Lingüística) , Antropologia (também para algumas áreas da
Lingüística e do ensino de línguas, especialmente no que tange ao ensino de línguas
99
indígenas), História (para quem lida com História da Literatura ou com línguas mortas,
tais como Latim e Grego Clássico), Ciências Sociais (também para o ensino de línguas,
Lingüística e Literatura), Geografia (especialmente para quem lida com Lingüística),
Filosofia (para todas as áreas teóricas de Letras), etc...
A primeira opção, mais aberta e, mais de acordo com as diretrizes mais recentes
para o ensino superior, conferindo mais liberdade ao aluno, em suas escolhas, encerra
um porém: há ainda uma quantidade incipiente de oferta de eventos que possam servir
exclusivamente ao curso de Letras no Estado de Roraima. E, em se tratando de Região
Amazônica, na qual as distâncias geográficas são praticamente intransponíveis, ao bolso
dos alunos de graduação, tal proposta fica prejudicada.
Na contramão dos PCN e de todos os movimentos de “autonomização” dos
estudantes de graduação em geral, a proposta de transformação destas disciplinas em
“eletivas”, acaba ganhando “contornos regionais” (justificados pela geografia e
economia local), o que explicaria, em parte, sua adoção.
O caminho atual, que permite ao aluno cursar a optativa de sua escolha, no mais
das vezes, tem levado um grande contingente de alunos a cursarem Letras como um
“trampolim” para outros cursos como o de Direito, cujos índices referentes ao número
de candidatos por vagas, quase sempre é astronômico diante dos índices do vestibular
para Letras. O esquema funciona da seguinte forma: enquanto o aluno, interessado em
outro curso, faz Letras, vai eliminando todas as optativas de sua área de preferência e
fazendo sucessivos vestibulares e solicitações de transferência interna. Deste modo
acaba tomando a vaga de quem pretendia estudar Letras e, depois de sucessivos
fracassos, nos sucessivos exames vestibulares e requerimentos (é o que ocorre com a
grande maioria), além de ficar totalmente “atravessado” em relação ao fluxograma do
curso, solicitando vaga em disciplinas iniciais, tenta não ser jubilado por decurso de
prazo, causando inúmeros transtornos a todos.
Outra das questões polêmicas quando se trata de questionar o ensino de
Literatura na UFRR, a partir de sua funcionalidade prática, é a existência de um curso
inteiro 51 (melhor dizendo, na maioria das vezes disciplinas inteiras) de Literatura
Portuguesa, como se pode ver na figura 1 adiante (LT-121, LT-122 e LT-152).
51
Quando nos referimos aqui a “curso inteiro” estamos indicando a existência diferenciada, pelo menos
na grade curricular da UFRR na habilitação em língua portuguesa e literaturas correspondentes do Curso
de Letras, de um curso de Literatura Portuguesa em sua totalidade, o que implica uma cronologia que
abranja o período que vai “das origens da literatura portuguesa e do povo português” à “atualidade”. No
100
FIGURA 01. Disciplinas que compõe o curso de Letras divididas por área de
conhecimento (Literatura - grade nova), com indicação de pré-requisitos.
PERÍODOS
LT-117
TEORIA DA
LITERATURA I
1º
LT-173 TEORIA
DA
LITERATURA II
2º
LT-118
LITERATURA
BRASILEIRA I
3º
LT-121
LITERATURA
PORTUGUESA
I
LT-119
LITERATURA
BRASILEIRA II
LT-122
LITERATURA
PORTUGUESA
II
LT-120
LITERATURA
BRASILEIRA III
LT-152
LITERATURA
PORTUGUESA
III
4º
5º
6º
LT-175
PRÁT. DE
ENSINO EM
LITERATURA
7º
8º
Muitos alunos, em diferentes situações de ensino, pesquisa e participação em
eventos de debate referentes a reforma curricular têm, seguidas vezes questionado: de
que (nos) serve o ensino de Literatura Portuguesa?
Caso específico da UFRR este “curso”, subjacente e integrado à grade maior do curso de Letras
(habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas correspondentes), tem duração de três semestres.
101
É provável que em alguns casos, como nas grades do curso de Letras em que há
dupla habilitação (Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras, seguidas das respectivas
Literaturas), esta pergunta faça mais sentido que na habilitação “simples” do curso.
O fato é que na UFRR, pelo menos, o “curso” de Literatura Portuguesa tem,
desde sua fundação, um caráter periódico, e obedece a uma seqüência histórica
determinada quase sempre pelos livros de História da Literatura, em especial, mais
recentemente, o escrito por Saraiva & Lopes (1996) e, mais na origem do curso, em
meados da década de 90, os escritos por Massaud Moisés e Soares Amora.
Problema nenhum decorreria deste fato, não fora a falta de espaço (na verdade
tempo) “curricular”, ocasionada pela presença das disciplinas de Literatura Portuguesa,
nas habilitações de caráter duplo.
Optou-se, desde que o início da UFRR, para que pudesse haver a implementação
de outras disciplinas consideradas mais “técnicas”, sem que houvesse um brutal
aumento da carga horária, pelo corte de algumas disciplinas da grade simples
(habilitação única). Deste modo a inclusão no currículo de disciplinas específicas da
área ou língua estrangeira da segunda habilitação não causaria um acréscimo muito
grande, pois seria conseqüência da substituição de disciplinas consideradas como nãoessenciais a estes cursos. Vejamos na figura 01 anterior, como esta substituição se
processa no campo da literatura – neste caso específico na grade nova de Letras, que
equivale dizer a grade vigente desde 2000, com efeitos de equivalência entre grades
retroativas a 1998.
Note-se, no fluxograma (figura 01), pertencente à habilitação simples em Letras
(Português e literaturas correspondentes), a existência, nos primeiros dois períodos da
grade, de duas disciplinas de Teoria da Literatura (seqüenciais entre si, sendo a
primeira, pré-requisito de todo o campo literário, de caráter mais teórico e a segunda de
caráter mais prático, como veremos mais adiante), seguidas de três disciplinas de
Literatura Brasileira (também seqüenciais entre si), três disciplinas de Literatura
Portuguesa (idem) e uma Prática de Ensino em Literatura (estágio curricular, no ensino
de Literaturas, nas últimas séries do Ensino Fundamental, antigo ginasial, e do Ensino
Médio).
Podemos vislumbrar na próxima tabela (V), um exemplo da problemática que
envolve o ensino de Literatura Portuguesa na UFRR. Não se trata da análise do
programa da disciplina propriamente dita, mas das oscilações de seu conteúdo, bem
102
como da grande abrangência pretendida. A análise do conteúdo desta disciplina em si,
será efetuada na Tabela VI do item 4.3.1 adiante.
Tabela V: Quadro do ementário de disciplinas de Literatura Portuguesa
(cronologia de modificaçoes):
DISCIPLINAS de Literatura Portuguesa:
Período
Literatura Portuguesa I Literatura Portuguesa II Literatura Portuguesa III Vigência
LT 121
“Estudo da Literatura no século
XII, considerando-se a posição
do
povo
português
e,
especialmente, o desenvolvimento
dos diversos estilos até o
Romantismo.” (1990.2)
NÃO HÁ PROGRAMA
DISPONÍVEL
(mas pode-se inferir que se trate
do surgimento de Portugal até o
Romantismo, inclusive)
“Estudo
da
Literatura
Portuguesa da época medieval a
partir das origens da língua e da
cultura portuguesas e sua
evolução para o Humanismo,
Renascimento,
Barroco
e
Arcadismo,
observando
os
aspectos
sociais,
políticos
econômicos e
morais, assim
como a evolução da mentalidade
do povo lusitano dentro do
contexto europeu da época.”
“Estudo
da
Literatura
Portuguesa no contexto europeu,
da Idade Média ao Barroco,
considerando
os
aspectos
culturais, sociais políticos e
econômicos em suas relações com
a expressão artística e a
formação e evolução da nação
Portugal.”
LT 122
NÃO HÁ PROGRAMA
DISPONÍVEL
(mas pode-se inferir pela
“seqüência” de ementas que se
trate “somente” do Romantismo
português)
“Visão global do RealismoNaturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características,
contexto
histórico,
gêneros
literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas, bem como analisando
os autores mais representativos
da época.” (1993.2)
“Visão geral do Romantismo
europeu, mais especialmente em
Portugal, e as tendências
estéticas da segunda metade do
século XIX que culminaram na
formação
do
RealismoNaturalismo, observando suas
etapas evolutivas e respectivos
contextos sócio-culturais.”
“Estudo das tendências estéticas
surgidas a partir do final do
século XVIII na Europa e em
Portugal,
priorizando
os
movimentos de ruptura do
Romantismo e as evoluções
subseqüentes, chegando até o
Realismo e o Naturalismo.”
LT 152
“Visão global do RealismoNaturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características,
contexto
histórico,
gêneros
literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas, bem como analisando
os autores mais representativos
da época.”(1990.2)
De 1990
a 1992
Entre
NÃO HÁ PROGRAMA
DISPONÍVEL
(mas pode-se inferir que se trate
das tendências surgidas após o
Realismo -Naturalismo e
Simbolismo, até nossos dias, ou
apenas até o “Modernismo”,
inclusive)
“Visão global do RealismoNaturalismo e do Simbolismo
Português, especificando suas
características,
contexto
histórico,
gêneros
literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas, bem como analisando
os autores mais representativos
da época.”
“Estudo das renovações artísticas
observáveis
na
Literatura
Portuguesa do século XIX, que
tiveram
como
expressão
primordial
o
movimento
Simbolista e passaram por uma
revisão através das diferentes
tendências estéticas modernas e
manifestações
literárias
da
primeira metade do século XX.”
Adiante apresentamos a seqüência cronológica inversa (do mais recente para o
mais antigo) dos programas de Literatura Portuguesa de 1990 a 2000, destacando suas
diferenças (conforme tabela V):
UFRR
1993 e
1994
De 1995
a 1999
De 2000
pra cá
103
Literatura Portuguesa I – LT 121 (carga horária 60 horas, 4 créditos: 2000)
Ementa: “Estudo da Literatura Portuguesa no contexto europeu, da Idade Média ao
Barroco, considerando os aspectos culturais, sociais políticos e econômicos em suas
relações com a expressão artística e a formação e evolução da nação Portugal.” A
ementa acima é posterior a 2000 e pertence ao conjunto da proposta de reformulação e
atualização dos programas do Curso de Letras da UFRR deste mesmo ano. Esta
proposta pretendia apenas modificar, atualizando, o conteúdo das disciplinas, sem
contudo modificar o desenho curricular do curso. Doravante quando nos referirmos a
disciplinas posteriores a 2000, estaremos fazendo referência às disciplinas, ou recortes
oriundos desta “reforma”. Para efeito de comparação, transcrevemos adiante a ementa
de uma disciplina cuja data, não consta no programa, mas que avaliamos ser do período
imediatamente posterior a nossa chegada na UFRR (1995 a 1999).
Literatura Portuguesa I – LT 121 (carga horária 60 horas, 4 créditos:
s/d – 1995 a 1999) Ementa: “Estudo da Literatura Portuguesa da época
medieval a partir das origens da língua e da cultura portuguesas e sua
evolução para o Humanismo, Renascimento, Barroco e Arcadismo,
observando os aspectos sociais, políticos econômicos e morais, assim como
a evolução da mentalidade do povo lusitano dentro do contexto europeu da
época.”(tabela V)
Note-se que entre ambas as propostas vigentes em diferentes períodos, há
algumas diferenças. Além da já mencionada acima em que a Literatura Portuguesa I era
ensinada a partir do surgimento da Língua Portuguesa e passa a ser ensinada a partir do
conceito (e da formação) da nação portuguesa, há ainda o fato de que, embora o modelo
da periodicidade histórica de movimentos seja uma constante em todos os programas,
existe uma grande diferença na abrangência do conteúdo, pois enquanto a Literatura
Portuguesa I vigente de 1995 a 1999 propunha o estudo “(...) das origens da língua e da
cultura portuguesas e sua evolução para o Humanismo, Renascimento, Barroco e
Arcadismo(...)” a mesma disciplina (ou módulo disciplinar) no período posterior a 2000
propõe “Estudo da Literatura Portuguesa no contexto europeu, da Idade Média ao
Barroco(...)”. A abrangência do conteúdo programático, dentro de uma escala histórica,
parece diminuir na mesma proporção em que avançamos no tempo. A cada nova
“reforma” parece se buscar dar mais ênfase à qualidade e menos à quantidade do
conteúdo.
104
Nas origens da UFRR e do seu curso de Letras, a proposta era ainda menos
exeqüível, pois ao que tudo indica supunha que o professor e os alunos pudessem
estudar a Literatura Portuguesa do século XII ao XIX em apenas uma disciplina de
sessenta horas aula. Neste pacote, como podemos ver na ementa abaixo, está incluída
uma curiosa acepção de cultura, traduzida na expressão “posição do povo português”:
Literatura Portuguesa I – LT 121 (carga horária 60 horas, 4 créditos:
até 1993) Ementa: “Estudo da Literatura no século XII, considerando-se a
posição do povo português e, especialmente, o desenvolvimento dos diversos
estilos até o Romantismo.”(tabela V)
Não se pode dizer, contudo, que a “evolução” (termo muito em voga nestas
ementas de Literatura Portuguesa da tabela V) rumo a uma diminuição paulatina da
quantidade de conteúdo programático, tenha se dado em uma linha constante e reta.
Podemos supor, embora nos falte a comprovação definitiva, pela falta de programas nos
arquivos da UFRR referentes a este período, que, entre 1993 e 1994, houve uma
modificação no sentido de “piorar” o conteúdo desta disciplina. Neste período, pelo que
se pode supor do programa de Literatura Portuguesa II (coetâneo - ver tabela V, item
entre 1993 e 1994), acresceu-se à Literatura Portuguesa I o “Romantismo”. Embora não
tenhamos em mãos o programa de Literatura Portuguesa I de 1993, podemos atestar as
dificuldades em sua aplicação, pois foi pouco depois deste período que chegamos na
UFRR (1995.1), tentando ministrar esta disciplina. É fato que nenhum professor que se
deparou, neste período de tempo (1990 a 1994), com esta disciplina tenha deixado de
reclamar de sua abrangência e inexequibilidade. Fato que faz com que se suspeite de
que de duas uma: Ou o conteúdo não era integralizado como previa o programa (fosse
na ausência de leituras suficientes para a elucidação do conteúdo, fosse na interrupção
“cronológica” do programa antes do fim previsto e na conseqüente perda de conteúdo
pelo aluno), ou esta disciplina era ministrada com um enfoque mais secundário (no
nível do segundo grau, ou melhor do ensino médio), com uma bibliografia menos
específica, mais ligeira, mais nome, datas e mais conteúdo decorado; menos
problematização, menos leitura literária e teórica. Fosse como fosse, o fato é que o
período de 1993 a 1994, na área de Literatura Portuguesa na UFRR, reflete a falta de
uma discussão maior em torno do nível de ensino que esta disciplina deveria ter para o
curso de Letras.
O pior é que sendo uma disciplina organizada de modo a se dar ênfase aos
períodos literários (historicamente seqüenciais), a ausência de conteúdo na fase seguinte
105
implicava em péssimo rendimento do aluno, no acompanhamento da disciplina. Isto
quando a habilitação do aluno permitia que ele desse seqüência à Literatura Portuguesa.
Conforme podemos observar na figura II abaixo.
FIGURA 02. Disciplinas que compõe o curso de Letras habilitação dupla: Português
– Língua Estrangeira Moderna/ Literatura Estrangeira Moderna divididas por área
de conhecimento (Literatura - grade nova), com indicação de pré -requisitos.
PERÍODOS
LT-117
TEORIA DA
LITERATURA I
1º
2º
LT-118
LITERATURA
BRASILEIRA I
3º
LT-121
LITERATURA
PORTUGUESA
I
LT-119
LITERATURA
BRASILEIRA II
LT-122
LITERATURA
PORTUGUESA
II
LT-120
LITERATURA
BRASILEIRA III
5º
LITERATURA
ESTRANGEIRA
I
6º
LITERATURA
ESTRANGEIRA
II
4º
7º
8º
106
Note-se no quadro esquemático do fluxograma parcial (figura 02), pertencente às
licenciaturas duplas, que ao invés da Literatura Portuguesa III – LT-152 (Fig. 01) (que
estaria na seqüência imediata da Literatura Portuguesa II) e a Teoria da Literatura II –
LT-173 (Fig. 01) (que estaria na seqüência imediata da Teoria da Literatura I),
aparecem no fluxograma, mais ao fim do curso, as disciplinas de Literatura Estrangeira
I e II referentes à Língua estrangeira ali ensinada. Faz-se, assim, a substituição de um
conteúdo considerado como “menos” importante por outro mais “pertinente” para o
currículo das habilitações duplas.
Em geral, para os alunos de habilitações duplas (Português-Inglês, PortuguêsFrancês, Português-Espanhol), a Literatura Portuguesa era considerada mais um
empecilho do que uma disciplina “produtiva”. Forçados a fazê- la de modo atabalhoado
no quarto período (e em certo momento da história do nosso curso, condenados a não
completá-la), os alunos chegavam ao segundo período da disciplina (provavelmente,
pelo fluxograma, o quinto período real do curso), a Literatura Portuguesa II sem ter tido
conteúdo suficiente no período/fase anterior. Alguns sequer tinham contato com o
Romantismo Português (um dos períodos mais férteis daquela Literatura) e já se viam
frente a frente com outras escolas, tais como o “Realismo” e o “Naturalismo”. Além
deste mal estar, tinham consciência de que sua grade não permitiria, salvo como
disciplina optativa, o contato com a Literatura Portuguesa III, fato que os desestimulava
profundamente. O roteiro era, via de regra, o mesmo: o aluno começava mal, não
entendia direito a seqüência (confundindo muitas vezes valores da Literatura Portuguesa
com os da Brasileira) e não concluía a seqüência disciplinar, chegando a se perguntar
inúmeras vezes, o motivo da existência desta.
4.3.1 - A Literatura Portuguesa
É preciso que se destaque o fato de que tanto a Literatura Portuguesa como a
Brasileira, enquanto campos do conhecimento, foram pensadas desde a fundação da
UFRR, em 1990, na forma de cursos seqüenciais (cursos que abrangem as respectivas
três disciplinas de 60 horas aula de cada campo) de cunho histórico- literário. São,
portanto, disciplinas que assumem o caráter de “história da literatura” destes países/
culturas e que pela característica de linearidade de conteúdo que apresentam, são
107
interdependentes entre si, não podendo ser interrompidas, sem claros prejuízos ao
conhecimento do aluno.
Por outro lado a ausência de um “mercado” para a Literatura Portuguesa também
ajudou a torná-la “inútil” aos olhos do estudante de Letras. Não havendo mais este
conteúdo
no
exame
vestibular,
ao
menos
em
Roraima,
que
justificasse,
mercadologicamente, a existência/permanência desta cadeira nos cursos de Letras, não
haveria o porquê de ensiná- la no Ensino Médio. E se não a achássemos sendo ensinada
neste nível secundário de ensino, para que então, sustentamos a permanência da
Literatura Portuguesa no Curso de Letras?
Muitas vezes a argumentação por parte daqueles que pretendiam, ora mais
espaço para seus respectivos “campos”/disciplinas (professores de outras áreas), ora
menor carga horária (extra-classe) de Literatura e consequentemente de leituras (alunos
em geral), apontou na direção da extinção da disciplina. Era comum ouvir argumentos
do tipo: “- É uma literatura acessória à nossa? Não. É a literatura fundadora de nosso
cânone? Pode ser, mas e daí?” Ou algo mais agressivo, mais politicamente identificado
com uma causa anti-colonialista: Será tão difícil assimilar a Literatura Portuguesa que
esta necessite de atenção especial? Terá sido alguma reserva nacionalista de “mercado
lingüístico”? Ou terá vindo de antes, num ato de preservação ideológica da Metrópole
frente à província? Algum mecanismo similar ao da proibição da circulação de jornais e
da criação de escolas na colônia, anterior à vinda da família real ao Brasil? Um tácito
acordo que, oriundo da tradição imperialista portuguesa, reze que devamos
ensinar/aprender eternamente tal disciplina em detrimento de outras. Um movimento de
política lingüística, de defesa da cultura lusófona? Talvez seja fruto da suposição de
domínio da língua por parte dos alunos?
Do outro lado do Atlântico, como a nos fazer eco, o professor Carlos Ceia
indaga va-nos a todos:
As perguntas culturais que sufocam hoje todo profissional de literatura podiam ser
enunciadas desta forma: Será que o cânone português consegue dar aos Portugueses
o sentido exacto da sua história nacional? Até que ponto o cânone responde às
necessidades culturais das novas gerações? Até que ponto toda uma geração de
professores formada há mais de vinte anos está hoje identificada com os interesses
das novas gerações? E até que ponto o silêncio cultural existente nas salas de aula
não é menos resultante da indiferença dos alunos de hoje como dos professores de
ontem? (CEIA, 1999, p.32)
108
Se, como ele diz, mesmo entre os “patrícios” não há um consenso em torno do
que há de “interessante” (até mesmo em termos de “história nacional”) no que se está
ensinando, em termos de Literatura Portuguesa lá, imagine-se aqui.
Estes argumentos, quando confrontados com o que diz A. Cândido no prefácio
da Formação: “A nossa literatura é galho secundário da portuguesa, por sua vez arbusto
de segunda ordem no jardim das Musas... Os que se nutrem apenas delas são
reconhecíveis à primeira vista, mesmo quando eruditos e inteligentes, pelo gosto
provinciano e falta de senso de proporções. (CANDIDO, 1981, p.09).” Fazem com que
ousemos pensar: Talvez a estrutura do curso de Letras como um todo tenha se
acomodado (ou tenha sido concebida de modo viciado) e não tenhamos percebido que,
ao longo dos tempos o professor de Literatura Portuguesa perdeu grande parte de seu
status, de sua “funcionalidade”. Talvez estes Departamentos/setores
tenham
permanecido ocupando um espaço que poderia ser útil para outras atividades. O que nos
faz pensar, também, que quase tudo em nossos cursos obedece a uma lógica
“funcionalista”, mas essa, infelizmente, não é nossa discussão no momento.
Então, segundo o trecho citado acima, de uma das maiores autoridades em
Literatura em nosso país, estaríamos formando lides e mais lides de “provincianos sem
senso de proporções”, ao trabalharmos apenas com Literatura Brasileira e Literatura
Portuguesa (respectivamente “galho secundário” e “arbusto de segunda do jardim das
musas”) em nossas graduações em Letras, especialmente naqueles cursos com
habilitação apenas em Português-Literaturas correspondentes? Dever-se-ia, neste caso,
abrir espaço para as outras Literaturas, nos nossos cursos de Letras?
A partir da lógica de funcionamento destas disciplinas nos cursos de Letras,
destacando-se aí a UFRR, poder-se- ia afirmar que é fundamental que haja uma ou mais
disciplinas de Literatura Portuguesa. No curso de Letras da UFF, por exemplo, são
apenas duas as disciplinas de Introdução a Literatura Portuguesa, já na UFC, mesmo nas
grades das licenciaturas duplas, são três, não havendo variação de quantidade no caso da
grade de licenciatura simples. Além disso, na UFC adotou-se um sistema diverso do
nosso, pois foram criadas disciplinas específicas de História da Literatura que, cremos,
pudessem ser utilizadas antes pelos alunos como optativas introdutórias à Literatura
Portuguesa.
Ademais, do ponto de vista historiográfico há que haver precedentes para a
formação de nossa Literatura nacional muito embora grande parte de nossos escritores
109
não tenha tido como modelo apenas a Literatura Portuguesa. Talvez seja contra um
argumento desta natureza que é dirigida a fala (que citamos acima) de Antônio Cândido.
Será que acreditamos que nossos alunos já cheguem à Universidade
conhecedores do cânone universal e que o leiam regularmente enquanto, por gosto, ou
desgosto, ignorem o cânone português? Não sabemos a resposta, nem é no ssa intenção
tentar responder às questões acima, que temos coletados de nossos alunos de Literatura
Portuguesa, ao longo da última década. Achamos que não se deve, no entanto, negar a
importância desta Literatura no cenário mundial. Não se trata disso. Talvez, no
momento em que a percebermos, como uma importante instância da Literatura
Universal, ela possa contribuir mais para a formação de nossas novas gerações de
alunos de Letras, a exemplo do que diz Calvino (2001, p.40) sobre a Literatura Italiana.
Talvez aí, encontremos uma forma de fazer com que nosso aluno leia mais e mais
variadamente a Literatura de outros países.
É importante notarmos, logo de saída na tabela VI, adiante, que a quantidade de
textos que constam da bibliografia tende a aumentar na mesma medida em que a
capacitação e o “treinamento em serviço” de nossos professores aumentam. Não apenas
nas Literaturas Portuguesas, como também nas demais disciplinas do campo literário.
Ousamos acreditar que esta seja uma constante universal de todo o curso de Letras.
Quanto à qualidade, teríamos que observar a disciplina, para podermos verificar
e afirmar se há um ganho real de qualidade, com o aumento bibliográfico. Em tese
haveria, mas outras variáveis, como a quantidade de livros, dividida pelo tempo hábil
para concluí- la, ou a criação de um coeficiente que revelasse a média de todas as
leituras de um período, por aluno, teriam que ser levados em conta.
Como já apontamos no início deste capítulo (item 4.3), esta sempre foi uma
disciplina problemática (tabela VI). Tanto no que se refere à distribuição do conteúdo
em termos de exequibilidade, quanto no que tange à possibilidade de abrangência
(leitura) de todos os textos literários a serem estudados. A parcela do cânone literário e,
principalmente, do cânone disciplinar português a ser mobilizada em termos de uma
provável leitura que respeitasse condignamente o programa proposto, implicaria numa
tamanha quantidade de textos que esta se tornaria duplamente inviável. Talvez por este
motivo não houvesse no programa (nem haja, na tabela VI) de Literatura Portuguesa I
(de 1990 a 1995) uma “bibliografia literária”.
110
Tabela VI: Disciplina Literatura Portuguesa I – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
1990 – 1994
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Estudo
da
literatura
do
Estudo
da
Literatura
Estudo
da
Ementa
século XII, considerandose a posição do povo
português
e,
especialmente,
o
desenvolvimento
dos
diversos estilos até o
romantismo (1990.2)
Portuguesa. da época medieval a
partir das origens da língua e da
cultura portuguesas e sua
evolução para o Humanismo,
Renascimento,
Barroco
e
Arcadismo, observando os
aspectos sociais, políticos,
econômicos e morais, assim
como
a
evolução
da
mentalidade do povo lusitano
dentro do contexto europeu da
época.
Bibliografia Não consta do Programa. 43, 44, 137, 172, 372, 374..
literária *
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
157, 228, 229, 310, 359.
História da literat. Port. (e
de Portugal) das origens
de Portugal ao final do
séc. XVIII e início do séc.
XIX.
Programa
organizado em 9 itens, até
a poesia pré-romântica de
Bocage
Aplicabilida 2º a 4º período do curso:
o
aluno
a
de/objetivo Levar
compreender o processo de
nascimento e evolução da
Literatura Portuguesa, desde
a sua origem ao séc. XIX,
conhecer as causas que o
determinaram e quais as
propostas dos diversos
estilos surgidos. Levar o
aluno a conhecer os
diversos estilos de época
deste período
2, 15, 87, 148, 228, 229, 310,
336.
Nove unidades organizadas
em tópicos cronologicamente
progressivos que abrangem
desde a situação geográfica
de Portugal na Europa até a
poesia Árcade em Portugal
(9.4 - Manuel Maria du
Bocage)
1° e 2° períodos:
Nenhuma palavra sobre os
objetivos da disciplina que é
eminentemente historicista
Literatura
Portuguesa no contexto
europeu, da Idade Média ao
Barroco, considerando os
aspectos culturais, sociais,
políticos e econômicos em
suas relações com a
expressão artística e a
formação e evolução da
nação Portugal.
8, 43, 44, 372, 375.
115, 116, 117, 148, 196,
211, 230, 310, 337, 338.
Cinco unidades organizadas
em torno da História da
Literatura Portuguesa: da
formação de Portugal ao
renascimento europeu e
português (incluindo a
literatura de viagens e
descobrimentos)
1° e 2° períodos:
Nenhuma palavra sobre os
objetivos da disciplina
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa 52 . Bibliografia “D”.
52
Para facilitar a diminuição do tamanho das tabelas, optou-se por atribuir uma seqüência alfa-numérica
correspondente às subáreas que encontramos na organização dos programas de literatura dos três cursos
de Letras das instituições pesquisadas. Assim sendo, todos os textos compreendidos numa tabela, estarão
identificados por uma seqüência numérica e a bibliografia correspondente à tabela será identificada, ao
final desta, por uma Letra. Quando se estiver citando algum dos autores e obras correspondentes às
tabelas, no corpo do texto de análise destas, o código virá completo, como, por exemplo, em: Saraiva
(310D).
111
Ou seja, a leitura do texto literário seria feita a partir da análise de outrem (da
análise historiográfica, ou crítica), de excertos constantes nas coletâneas, de resumos
comentados, apresentados via obra crítica.
Em parte, este problema havido nos primeiros anos de funcionamento do curso
de Letras da UFRR, tanto pode denotar a ausência de livros literários, disponíveis na
biblioteca da Universidade (ou no incipiente mercado livreiro de Roraima), quanto pode
denotar uma tendência comum à época (em termos didático-pedagógicos), de se falar
sobre a Literatura a partir de análises prontas, de autores consagrados e não a partir do
texto literário. Indicando um trato muito mais historiográfico, muito mais próprio para
tecer panoramas de “elenco” e datas da literatura, que, propriamente, de valorizar a
leitura e interpretação do texto literário.
Em 1995, essa já era uma questão superada, pois além do conteúdo da disciplina
ter mudado (conforme já vimos antes em “problemas da grade de Letras da UFRR” no
item 4.3 desta tese, tabela V), foram nele introduzidos, na bibliografia deste programa,
os primeiros títulos de obras do cânone literário, retirando dos ombros de historiadores
como Lopes & Saraiva (310D) 53 , Spina (359D) e Massaud Moisés (228D e 229D) a
responsabilidade de apresentá- las “superficialmente” aos nossos alunos. Mesmo assim
ainda havia pressão, pois a mudança de atitude, em relação ao modo como ensinar a
Literatura, acabou ocasionando a necessidade da leitura completa de determinados
textos literários (ainda poucos, dado o volume de conteúdo da disciplina) e não mais
exertos como os encontrados em Massaud Moisés (229D). Fato que fez com que a
maioria dos alunos se queixasse.
Nos parcos cinco livros recomendados na bibliografia de 1990 desta disciplina,
encontramos, não sem alguma surpresa, o clássico texto de W. Kaiser (Análise da Obra
literária – 157D). Este talvez seja um precioso testemunho de que havia, no instante em
que a disciplina foi criada, uma forte tensão no campo literário, no sentido de que o
professor não mais trabalhasse com uma leitura apenas historiográfica da Literatura,
mas introduzisse algum “suporte” teórico de análise literária. Por outro lado, este fato
vai, também, indicar que a noção que se tinha da Teoria era exatamente a de “acessória”
da História da Literatura. Ou seja, um “instrumento” de análise a ser aplicado a qualquer
53
O conjunto de números e letras entre parêntesis ao lado do nome de um autor/crítico refere-se aos
números adotados, para efeito de melhor aproveitamento espacial e diminuição do tamanho das tabelas,
na nossa bibliografia dos programas de Literatura. Assim, a letra indica a que bibliografia este autor está
filiado (ver legenda no início da bibliografia dos programas nos anexos) e o número à posição da obra
nesta bibliografia em especial.
112
texto literário indistintamente. No momento seguinte, em meados dos anos noventa,
apesar da melhoria bibliográfica, pois já estão listados seis textos literários (Camões
43D e 44D, Fernão Lopes 172D, Padre Antônio Vieira 374D, Gil Vicente 372D, A.C.
Gomes - poemas escolhidos de Bocage 137D – todos extremamente canônicos, em
termos de Literatura Portuguesa) e oito teóricos – ABDALA JR., Benjamin;
PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura Portuguesa. (2D),
AMORA, A. S. et al. Presença da Literatura Portuguesa. (15D), CUNHA, M. H. R.da;
PIVA, L. Lirismo e Epopéia em Luís de Camões (87D), HAUSER, Arnold. História
social da arte e da literature (148D), Moisés, M. A 1iteratura portuguesa (228D) e A
literatura portuguesa através de textos (229D), SARAIVA, Antônio José & LOPES,
Oscar. História da literatura portuguesa (310D), SILVA, Victor Manuel Pires de
Aguiar e. Teoria da Literatura (336D) – aparece um outro texto de Teoria da Literatura,
desta vez o (336D) de Aguiar e Silva, que embora também trabalhe com história da
Literatura Portuguesa em outros textos, foi posto aqui, provavelmente, para cumprir o
mesmo papel de Kaiser no programa anterior.
Se, neste momento, há um movimento no sentido da inclusão do texto literário
na bibliografia dos programas (embora em menor número que os teóricos), ainda há
uma tentativa de abarcar todo o cânone português do período e “narrar” o surgimento de
Portugal, no âmbito da mesma disciplina, o que a torna inviável. Mesmo com a entrada
do texto literário e a obrigação de que ele seja lido, ainda há grande quantidade de
textos híbridos (roteiros de leitura, literatura comentada, etc.) e de coletâneas de exertos
como o de Moisés (229D). A partir da reformulação da grade em 2000, embora esta
tenha permanecido como uma das disciplinas mais extensas do campo literário, houve
significativas mudanças no sentido de encurtá- la. Em contrapartida a bibliografia
aumentou na proporção inversa à diminuição do conteúdo. Ao todo, entre literárias
(8D, 43D, 44D, 372D, 375D) e críticas (115D, 116D, 117D, 148D, 196D, 211D, 230D,
310D, 337D, 338D) exigia-se a leitura de 15 textos. Foram excluídos da bibliografia os
textos de F. Lopes e A. C. Gomes e acrescentado M. Alcoforado (Cartas de amor) e,
nos críticos, excluídos dois de Moisés (incluído em meados de 90) assim como Hauser.
E acrescidos de M.E Tarracha Ferreira (Literatura do descobrimento e da expansão
Portuguesa, Crônicas de Fernão Lopes e Poesia e Prosa Medievais), A.H.Oliveira
Marques (História de Portugal), José Mattoso et al (História de Portugal), Lênia
Mongelli et al (A literatura Portuguesa em perspectiva: trovadorismo e humanismo),
Francisco Silveira et al (A Literatura Portuguesa em perspectiva: Classic ismo, Barroco e
113
Arcadismo) e Francisco Silveira (Poesia clássica: Literatura Portuguesa). É bom
ressaltar a falta de objetividade de parte da bibliografia para com os itens descritos nas
unidades do programa.
Tabela VII Disciplina Literatura Portuguesa II – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
(1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Visão global do Realismo- Visão geral do Romantismo Estudo das tendências
Ementa
Naturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características, contexto histórico,
gêneros literários fiscalizando
suas etapas evolutivas, bem como
analisando os autores mais
representativos da época (1993.2)
Bibliogr.
literária *
Não consta do Programa
Europeu,
mais
especificamente em Portugal,
e as tendências estéticas da
segunda metade do século
XIX que culminaram na
formação
do
RealismoNaturalismo, observando suas
etapas
evolutivas
e
respectivos contextos sócioculturais.
Não consta do Programa
Bibliogr.
crítica *
122, 228, 229, 310.
66, 196, 228, 310, 369, 378.
Linha de
estudos
proposta
História da literatura portuguesa
(final do século XIX).
Programa organizado em seis
itens: de uma (re)visão geral do
Romantismo português até a
ficção realista de Eça.
Aplicabilid
ade/objetiv
o
estéticas surgidas a partir
do final do século XVIII
na Europa e em Portugal,
priorizando
os
movimentos de ruptura
do Romantismo e as
evoluções subseqüentes,
chegando até o Realismo
e o Naturalismo.
47, 48, 49, 50, 51, 52, 53,
100, 133, 134, 151, 152,
153, 154, 155, 156, 242,
275, 276, 277, 278.
121, 122, 132, 135, 148,
211, 250, 310, 323, 356,
368, 371, 378.
Três
unidades
organizadas em torno da
História da Literatura
Portuguesa:
do
Arcadismo de Portugal ao
Romantismo, Realismo e
Simbolismo europeu e
português
Duas unidades organizadas em:
I) caracterização do estilo
romântico; 1.1) análise do
contexto
sócio-político
econômico em que nasceu o
romantismo europeu
1.2)
Estética 1.2) Estética romântica
1.3) O romantismo em Portugal
II) A poesia Romântica 2.1) O
ultra-romantismo de Antônio
Feliciano de Castilho
2.2)
Outros poetas da época.
3º a 6º período: levar o aluno a 3°a 6º período:
3º a 6º período
conhecer as correntes literárias Nenhuma palavra sobre os
surgidas no final do século XIX, objetivos da discip lina.
o contexto histórico em que
surgiram as causas que as
determinaram e seu legado para
as
correntes
subseqüentes.
Distinguir
as
características
formais, estilos e gêneros que
mais se destacaram, seus
representantes e respectivas
obras.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
114
A Literatura Portuguesa II (tabela VII), por sua vez, apresentava em 1990 uma
ementa que “fiscalizava” as etapas “evolutivas” do Realismo, Naturalismo e
Simbolismo Português, sempre ancorada em autores canônicos ou, nos termos da
ementa, “mais representativos da época”. Como a anterior, esta também não apresentava
bibliografia literária, buscando propor a leitura do texto literário a partir do livro de M.
Moisés: A Literatura Portuguesa através dos textos (229D). Em função dos inúmeros
problemas ocasinados pela extensão do programa de Literatura Portuguesa I, nesta
Literatura Portuguesa II, era obrigatório que o professor fizesse uma “revisão” do
Romantismo português. Por este motivo, já em meados da década de noventa, embora
não se tivesse feito nenhuma mudança significativa no programa da disciplina, esta
passou a ter entre seus itens, principalmente, o Romantismo, relegando-se à Literatura
Portuguesa III (tabela VIII) todos os movimentos literários surgidos desde então.
Embora tenha havido significativo aumento na bibliografia, esta não foi uma
disciplina contemplada com a redução de conteúdo em proporção inversa.
O programa que vigorou no período entre 2000 e 2003, por sua vez, embora
mantenha um viés historicista, investe mais em obras literárias. Elas chegam a ser 21 no
total (contra apenas 13 teóricas), gerando, agora um “problema” de quantidade de
leitura a se efetivar fora da sala de aula. Este passa a ser um “problema” ao qual os
alunos não estavam acostumados. Mesmo havendo a gradual renovação do corpo
discente, através de subsequentes gerações de vestibulandos, que alcançam o objetivo
de entrar no curso de Letras da UFRR, culturalmente permanecem as marcas das
gerações anteriores de estudantes que, percebendo essas mudanças no espírito
acadêmico, as foram rejeitando. É que quase tudo se fazia no âmbito da sala de aula da
UFRR antes, sendo quase impossível fazer com que o aluno levasse algo para fazer em
casa.
Coincidentemente, ou não, com o que demonstramos antes, na tabela VI,
também aqui, há, na bibliografia crítica dos períodos que vão de 1995 a 1999 e depois
de 2000 a 2003 da tabela VII, um texto de Teoria da Literatura de uso improvável
(Wellek, R. Conceitos de Crítica - 378D), mas de presença constante em cursos de
Teoria da Literatura durante as décadas de setenta, oitenta e parte da de noventa.
No programa de Literatura Portuguesa II da tabela VII há uma pequena
disparidade entre ementa, conteúdo e bibliografia. Enquanto a ementa e objetivo
propõem para o aluno uma: “Visão global do Realismo-Naturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas características, contexto histórico, gêneros literários
115
fiscalizando suas etapas evolutivas, bem como analisando os autores mais
representativos da época” e a: “levar o aluno a conhecer as correntes literárias surgidas
no final do século XIX, o contexto histórico em que surgiram as causas que as
determinaram e seu legado para as correntes subseqüentes. Distinguir as características
formais, estilos e gêneros que mais se destacaram, seus representantes e respectivas
obras.”, o conteúdo versa sobre: “uma (re)visão geral do Romantismo português até a
ficção realista de Eça” e a bibliografia além de Moisés (228D e 229D), tem Saraiva &
Lopes (310D) e Fidelino de Figueiredo (122D). Esta pequena confusão, provavelmente
era fruto de uma confusão maior, como veremos a seguir na tabela VIII.
Embora o segundo programa de Literatura Portuguesa II (1995 a 1999), da
tabela VII, assim como os da Literatura Portuguesa III (tabela VIII) não indicassem
nenhuma obra literária, estas estavam subentendidas, quando não citadas diretamente,
no conteúdo das disciplinas. Este também é um outro mistério: porque não fornecer a
bibliografia das obras literárias ao aluno, se os autores e obras eram citados no
programa?
Sobre esta questão levantamos duas hipóteses que, não necessariamente, se
excluem. A primeira hipótese seria a de que determinados títulos e obras não estariam à
disposição dos alunos por inexistirem na biblioteca central da UFRR, ou nas escassas
livrarias da cidade. Sendo assim, também o professor da disciplina, na ausência da obra,
em seu acervo pessoal, evitaria fornecer a bibliografia, para evitar maiores transtornos.
A segunda hipótese é que os professores preferiam trabalhar mais com trechos e
retalhos de textos literários, que com os textos na íntegra, por saber que os alunos não
leriam as obras completas.
Na seqüência do fluxograma das disciplinas de Literatura, fechando o campo dos
estudos lusitanos, a subseqüente será a Literatura Portuguesa III (na tabela VIII abaixo),
que, embora historicamente seja complementar às demais, não é obrigatoriamente
cursada pelos alunos das licenciaturas duplas.
Ao observarmos as ementas da Literatura Portuguesa II (tabela VII) e da
Literatura Portuguesa III (tabela VIII) verificamos uma semelhança absurda, entre
ambas, em termos de conteúdo, o que se confirma quando manipulamos o programa. Há
aí, na Literatura Portuguesa III (tabela VIII) um descompasso entre conteúdo
programático e ementa difícil de compreender.
116
Vig.
Ementa
Bibl.
Liter. *
Bibliog
rafia
crítica *
Linha
de
estudos
propost
a
Tabela VIII - Disciplina Literatura Portuguesa III – UFRR (quadro histórico de
alterações)
(1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Visão global do RealismoNaturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características,
contexto
histórico, gêneros literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas,
bem
como
analisando os autores mais
representativos
da
época
(1990.2)
Não consta do Programa
Visão global do RealismoNaturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características,
contexto
histórico, gêneros literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas,
bem
como
analisando os autores mais
representativos da época.
Não consta do Programa
223, 228, 239, 310.
223, 228, 239, 310.
Programa organizado em quatro
itens:
visão
geral
do
Simbolismo e o movimento em
Portugal (geração de 90) e o
Modernismo e o movimento em
Portugal, com ênfase em
“Orpheu”, Mario de Sá
Carneiro, Pessoa, Movimento
de Presença, Miguel Torga e
José Régio.
Programa organizado em quatro
itens:
visão
geral
do
Simbolismo e o movimento em
Portugal (geração de 90) e o
modernismo e o movimento em
Portugal, com ênfase em
“Orpheu”, Mario de Sá
Carneiro, Pessoa, Movimento
de Presença, Miguel Torga e
José Régio.
Aplicab 4ºa 7º período: levar o aluno a 4ºa 7º período:
ilidade / conhecer as correntes literárias Conhecer as correntes literárias
objetivo surgidas no final do século surgidas a partir do final do séc.
XIX, o contexto histórico em
que surgiram as causas que as
determinaram e seu legado para
as correntes subseqüentes.
Analisar texto e obras dos
principais representantes da
época buscando reconhecer as
características formais de cada
um.
XIX, suas origens, características,
causas que a determinaram e
panorama histórico em que
surgiram. Analisar o texto e obras
dos principais representantes da
época buscando reconhecer as
características formais de cada
um.
Estudo das renovações artísticas
observáveis na Lit. Portuguesa a
partir das últimas décadas do séc.
XIX, que tiveram como expressão
primordial
o
movimento
Simbolista e passaram por uma
revisão através das diferentes
tendências estéticas modernas e
manifestações
literárias
da
primeira metade do séc. XX.
29, 55, 108, 251, 252, 296
30, 36, 40, 59, 67, 85, 107, 127,
138, 144, 148, 227, 240, 245, 258,
259, 282, 310, 380.
Três unidades organizadas em:
Simbolismo
e
Simbolismo
Português
Antônio
Nobre,
Eugênio de Castro, Camilo
Pessanha, Raul Brandão e
Antonio Patrício); Modernismo
em Portugal ( Saudosismo de
Teixeira de Pascoaes, futurismo e
orfismo, movimento presencista,
Florbela Espanca, Mário de SáCidade e o homem da cidade,
Fernando Pessoa, a prosa
modernista) e breve reflexões
sobre
a
contemporaneidade
literária portuguesa.
4ºa 7º período (apenas obrigatória
para a Licenciatura em PortuguêsLiteratura Brasileira; para as
licenciaturas duplas, optativa)
Nada sobre os objetivos da
disciplina
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis
aparece o capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Da ementa: “Visão global do Realismo-Naturalismo e do Simbolismo Português,
especificamente suas características, contexto histórico, gêne ros literários fiscalizando
suas etapas evolutivas, bem como analisando os autores mais representativos da época”
117
para um conteúdo que prevê: “[uma]visão geral do simbolismo e o movimento em
Portugal (geração de 90) e o modernismo e o movimento em Portugal, com ênfase em
“Orpheu”, Mario de Sá Carneiro, Pessoa, Movimento de Presença, Miguel Torga e José
Régio.”, aos objetivos, que se propõem a: “levar o aluno a conhecer as correntes
literárias surgidas no final do século XIX, o contexto histórico em que surgiram as
causas que as determinaram e seu legado para as correntes subseqüentes. Analisar texto
e obras dos principais representantes da época buscando reconhecer as características
formais de cada um”, há um longo caminho a ser percorrido.
Tudo faz crer que tenha havido uma troca da folha de rosto da qual constam
nome da disciplina, ementa, objetivos (quando há), créditos, duração, período e outros
detalhes. Mas como justificar que o nome da disciplina estivesse errado? Pode ser que
tenha ocorrido uma transposição da matriz mal feita, que permitiu sobrepor dados de
ambas as disciplinas, mas se foi esse o caso, porque este programa regulou o ensino de
Literatura Portuguesa por cinco anos (esta é uma cópia válida, pois era a única
disponível nos arquivos do DLV) no período de 1990 a 1995?
Das três disciplinas do campo a Literatura Portuguesa III (tabela VIII) foi a que
menos mudou, ao menos em suas duas primeiras versões (1990 a 1994 e 1995 a 1999).
Elas são praticamente idênticas em tudo. A bibliografia é rigo rosamente a mesma e
consiste de : MENDONÇA, Fernando. A Literatura Portuguesa no Século XX (223D),
MOISÉS, Massaud (228D) NEVES, João Alves das. Contistas portugueses modernos
(239D) e SARAIVA & LOPES. História da Literatura Portuguesa (310D).
Sua versão mais recente (2000 a 2003) (tab. VIII), porém, sofreu um
considerável acréscimo bibliográfico, trazendo consigo dentre seus 19 títulos teóricos e
seis literários os seguintes textos: 29D- Charles Baudelaire (as Flores do Mal), 55DEugênio Castro (Obras Poéticas), 108D- Florbela Espanca (Poemas), 251D- Camilo
Pessanha (Clepsidra), 252D- Fernando Pessoa (O Eu profundo e outros eus), e 296DMario Sá-Carneiro (Poesia) nos críticos exclusão de todos os textos das bibliografias
anteriores, exceto 310D-Saraiva e Lopes e acréscimo de 30D- Charles Baudelaire (O
pintor da vida moderna em Chiampi Fundadores da Modernidade), 36D- Marshall
Berman (Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade), 40D - M.
Bradbury e J. McFarlane (Modernismo: guia geral), 59D - I. Chiampi (Fundadores da
modernidade), 67D- E. P. Coelho (A noite do mundo), 85D - G. Cruz (A poesia
portuguesa hoje), 107D - T.S. Eliot (A essência da poesia), 127D - Hugo Friedrich
(Estrutura da lírica moderna: da metade do século XIX a meados do século XX), 138D
118
- A.C. Gomes (A metáfora cósmica em Camilo Pessanha), 144D - Fernando Guimarães
(Simbolismo, Modernismo e Vanguarda), 148D - Hauser (História Social da literatura
e da arte.), 227D - M. Moisés (O conto português), 240D- Antônio Nobre (Só), 245DOctavio Paz (Os filhos do barro - do Romantismo à vanguarda), 258D- Edgar Allan
Poe (A arte da poesia) 259D- Ezra Pound (A arte da poesia), 282D- José Régio
(Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa) e 380D - J.M.Wisnick (Iluminações
profanas: poetas, profetas, drogados).
Além de tentar abranger muito mais autores e obras do moderno câno ne
português, esta disciplina (Literatura Portuguesa III – tabela VIII), também inova, no
sentido de buscar trazer o aluno para que fique mais em contato com autores
portugueses recentes ou contemporâneos.
Embora já tenhamos, no capítulo II e também no ínicio do capítulo IV, nos
referido a questão da quantidade mínima de professores a atuarem no campo literário da
UFRR, não custa ressaltar, mais uma vez, o fato de que, por sermos poucos (cinco
professores ao todo para as nove disciplinas do campo literário ) e por alguns de nós,
eventualmente, estarmos em processo de afastamento para cursarmos pós-graduação,
geralmente essas disciplinas são distribuídas entre os remanescentes, sem que haja uma
preocupação com a área efetiva de atuação de cada um. Isto equivale dizer que um
mesmo professor tanto poderá atuar na Teoria da Literatura, quanto em Literatura
Portuguesa, ou Brasileira, ou ainda, na Prática de Ensino de Literatura. Este também é o
motivo pelo qual o modelo disciplinar da UFRR não parece padecer de disputas internas
(apenas entre as disciplinas do próprio campo literário) por mais espaço. Em função
ainda deste aspecto, poder-se-á notar algumas semelhanças entre as disciplinas do
campo vindouro (Literatura Brasileira) e as deste campo, uma vez que os programas são
discutidos (desde a fundação da UFRR) em conjunto entre os professores de Literatura
indistintamente.
4.3.2 - A Literatura Brasileira
O campo de Literatura Brasileira, também composto de três disciplinas, sofreu
as mesmas reformas (em termos de época) que a Literatura Portuguesa, mas apesar
desta e de outras similitudes, manteve sua identidade e independência em relação às
outras Literaturas.
119
Tabela IX: Disciplina Literatura Brasileira I – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
(1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Estudo
da
Literatura Estudo
da
Literatura Estudo do processo
Ementa
Brasileira, de suas origens até
o Romantismo, com ênfase
nos
autores
mais
representativos das diversas
escolas. (1993.2)
Nenhuma
(apenas
uma
Bibliografia
antologia
de
poesia)
o
conteúdo
literária *
literário, provavelmente, será
extraído dos textos “teóricos”.
Bibliografia 17, 45, 63, 65, 67, 77, 169,
173, 175, 215, 244.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabilida
de/objetivo
Brasileira, de suas origens
até o Romantismo, com
ênfase nos autores mais
representativos das diversas
escolas.
Idem
Idem
Historiográfica,
canônica, Idem
com reconhecimento de
características de época.;
Quatro
itens
divididos
respectivamente
em:
Literatura de Informação,
Barroco,
Arcadismo
e
Romantismo.
De 2º período
Sem
objetivos
Capacitar
o
aluno
a proposta pedagógica
compreender os diversos
movimentos
literários
nascidos a partir do século
XVI, através da análise dos
fatores que os determinaram e
suas influências para os
movimentos
subseqüentes.
(reconhecer
características
através da análise de textos
dos
autores
mais
representativos)
de
formação
da
Literatura
Brasileira: em busca de uma
identidade.
26, 37, 79, 111, 258.
1, 8, 45, 47, 63, 65, 67, 68
(Dialética da Malandragem),
80, 81, 108, 126, 174, 175,
176, 224, 247.
Quatro itens divididos em: 1)
Informação e nativismo; 2)
Sátira: a construção da
identidade pelo avesso; 3)
Épica: da poesia ao romance
e;
4) Lirismo
em três
momentos: do Barroco ao
Romantismo.
nem Os objetivos são:
Capacitar
o
aluno
a
compreender os diversos
movimentos
literários
nascidos a partir do século
XVI, os fatores que os
determinaram
e
suas
influências nos movimentos
subseqüentes.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Como se pode notar na tabela IX a Literatura Brasileira I, cujo pré-requisito
único é a Teoria da Literatura I, também é uma disciplina que teve o seu início marcado
por um forte viés historiográfico em que os períodos literários eram o principal objeto e
paradigma de estudo.
Observando a tabela IX, notamos que esta também é uma disciplina que se
preocupa em fazer um estudo e reconhecimento de características de época a partir do
cânone literário, estabelecido por uma parcela restrita do cânone disciplinar. A própria
ementa da disciplina procura frisar o modelo, com o qual se pretende trabalhar,
120
indicando que este será um: “Estudo da Literatura Brasileira, de suas origens até o
Romantismo, com ênfase nos autores mais representativos das diversas escolas”. Por
“mais representativos”, e pela ausência de uma bibliografia literária própria do
programa, entenda-se que serão estudados aqueles autores que figurarem entre as obras
de: 45E- Bosi (História Concisa da Literatura Brasileira), 175 e 173E- M. Moisés
(História da Literatura Brasileira e A Literatura Brasileira Através dos textos), 215ESílvio Romero (História da Literatura Brasileira), 244E- N.W. Sodré (História da
Literatura Brasileira: Seus fundamentos Econômicos), 169E- J. G. Merquior (De
Anchieta a Euclides: Breve História da Literatura Brsileira), 63, 65 e 67E- A. Cândido
(Vários Escritos, A Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos e Na sala
de aula), 77E- A. Citelli (Romantismo e Antologia de Poesia Brasileira-Romantismo).
Embora faça falta uma bibliografia de textos literários, em Literatura Brasileira,
desde o primeiro programa da tabela IX, consta da descrição do conteúdo o nome de
cada um dos autores a serem “lidos” durante o semestre letivo. No caso desta Literatura,
serão exigidos para a primeira parte do programa : os textos dos viajantes, dos colonos,
dos jesuítas; para a segunda parte do programa: Bento Teixeira, Gregório de Matos,
Botelho de Oliveira, Padre Antônio Vieira e as academias; para a terceira parte: Basílio
da Gama, Santa Rita Durão, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Alvarenga Peixoto, Silva Alvarenga; para a quarta: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves
Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Castro Alves,
Sousândrade, Joaquim Manoel de Macedo (a Moreninha), José de Alencar (O Guarani,
Iracema, Senhora), Manoel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de
milícias), Visconde de Taunay (Inocência).
As únicas diferenças (tabela IX) para o programa do início da década (19901994) estão na ordem da apresentação dos textos na bibliografia e na ausência de
objetivos no segundo (1995-1999), o que faz crer que o programa, de algum modo,
tenha sido considerado satisfatório, na revisão entre os dois períodos, e mantido até o
ano 2000 quando foi revisto mais uma vez e modificado.
A diferença de conteúdo entre as fases 1990-1999 e 2000-2003 é bastante
significativa. Enquanto o primeiro programa da tabela IX era mais apegado à seqüência
histórica linear e à classificação da literatura em movimentos e escolas (conforme
aponta sua bibliografia crítica no texto acima), tendo como conteúdo: “Quatro itens
divididos respectivamente em: Literatura de Informação, Barroco, Arcadismo e
Romantismo” o programa mais recente de Literatura Brasileira I propunha: “Quatro
121
itens divididos em: 1) Informação e nativismo; 2) Sátira: a construção da identidade
pelo avesso; 3) Épica: da poesia ao romance e; 4) Lirismo em três momentos: do
Barroco ao Romantismo ”, amenizando, um pouco, a carga historiográfica com a qual
era tratado o conteúdo desta disciplina. Fundamentalmente esta é a diferença, em termos
de Roraima, entre o modelo escolhido para a Literatura Portuguesa (que embora tenha
mudado substancialmente, permaneceu conectada ao viés histórico) e as disciplinas de
Literatura Brasileira. A ementa deste programa prevê: “Estudo do processo de formação
da literatura brasileira: em busca de uma identidade” o que parece remeter ao texto de
Antônio Cândido (65E).
No texto do programa mais recente, que aparece no item “objetivos” da tabela
IX, não há mudança significativa, em relação aos seus “ancestrais”, desde que a
disciplina foi criada. Muito embora ela tenha sofrido acréscimos bibliográficos
consideráveis (como também sofreu reduções), os textos: 45E - Bosi, A. História
Concisa da Literatura Brasileira, 63E, 65E e 67E - CÂNDIDO, A. Vários Escritos,
Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos e Na Sala de Aula e 175E –
Moisés, M. História da Literatura Brasileira, permaneceram entre os elencados pela
disciplina em sua versão mais recente. Os demais (17E, 77E, 169E, 173E, 215E e 244E)
foram destacados do programa. No seu lugar foram adotados os seguintes autores e
obras: 1E - ABDALA JUNIOR, B.; CAMPEDELLI, S. Y. Tempos da Literatura
Brasileira, 8E – Andrade, Mário de. Aspectos da Literatura Brasileira, 47E – BOSI, A..
Céu, inferno, 68E – CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. Presença da Literatura
Brasileira: das origens ao Romantismo (Dialética da Malandragem), 80E e 81E COUTINHO, A. A Literatura no Brasil e Introdução à Literatura no Brasi, 108E GOLDSTEIN, N. Versos, sons, ritmos, 126E - HOLANDA, S. B. de. Capítulos de
literatura colonial, 174E e 176E - MOISÉS, Massaud A análise literária e A criação
literária, 224E - SANT'ANNA, A. R. de. O canibalismo amoroso. O desejo e a
interdição em nossa cultura através da poesia e 247E - SPINA, S.; CROLL, M. W.
Introdução ao maneirismo e à prosa barroca. Além destes, ainda foram acrescidos os
textos literários: 26E - AZEVEDO, A. de. Poesias completas de Álvares de Azevedo,
37E - BERALDO, J. L. José de Alencar. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,
histórico e critico e exercícios, 79E - COSTA, C. M. da. Poemas escolhidos de Cláudio
Manuel da Costa, 111E - GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu, 258E - VARELA, F.
Poemas de Fagundes Varela.
122
Tabela X: Disciplina Literatura Brasileira II – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
(1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Realismo / Naturalismo, Realismo
/
Naturalismo, O século XIX e o
Ementa
Bibliografi
a literária
*
Bibliografi
a crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabilid
ade/objetiv
o
Simbolismo/
Parnasianismo – estudo
dos estilos, situando-os
no contexto históricosociológico, com análise
das principais obras de
cada escola. (1992.2)
Apenas uma antologia de
textos comentados
Simbolismo/
Parnasianismo
–
estudo dos estilos, situando-os no
contexto histórico-sociológico, com
análise das principais obras de cada
escola.
início do Século XX,
seus
artifícios
formais,
suas
temáticas filosóficoideológicas
na
Literatura no Brasil.
Idem ao anterior (1990-1994)
Não
consta
programa
45, 65, 81, 202
44, 45, 173, 175.
44, 45, 67, 173, 175,
270, 271, 272, 273,
274, 275, 276, 277,
244, 255.
Historiográfica, canônica,
com reconhecimento de
características de época.;
cinco itens divididos
respectivamente
em:
Realismo
Histórico,
Realismo: um estado de
espírito, O Naturalismo,
O Parnasianismo e O
Simbolismo
(alguns
representantes.
Historiográfica, canônica, com
reconhecimento de características
de época.;
cinco
itens
divididos
respectivamente em: Fatores que
contribuíram para o surgimento de
novas estéticas na segunda metade
do século XIX; A década de 70 no
Brasil: a poesia científica e os ideais
anti-escravagistas
e
antimonárquicos;
Parnasianismo;
Simbolismo
e
Realismo/
Naturalismo
do
Também cinco itens
divididos em: 1)As
novas estéticas e as
ideologias do século
XIX; 2) Real e
imaginário:
perspectivas
finisseculares;
3)
Forma e conteúdo; 4)
Perspectivas da prosa
do realismo e do
Naturalismo; 5) as
vanguardas no mundo
(o século XX).
De 3º período
De 3º período
De 3º período
Sem
objetivos
nem Levar o aluno a conhecer as Sem objetivos nem
proposta pedagógica
propostas
dos
movimentos proposta pedagógica
Realismo/
Naturalismo,
Parnasianismo e simbolismo, a
estética e os artifícios formais
utilizados em cada movimento, bem
como fatores que os determinaram;
estudo das idéias caracterizadoras
dos
movimentos
Realismo/
Naturalismo,
Parnasianismo
e
Simbolismo, bem como os fatores
que os determinaram.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Na Literatura Brasileira II (tabela X), a bibliografia referente aos primórdios
desta disciplina na UFRR constou de, ao todo, nove textos de autores canônicos. São
eles: (de 1990 a 1994) 45E - BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 65E CÂNDIDO, A. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos, 81E -
123
COUTINHO, A. Introdução à Literatura no Brasil e 202E - PROENÇA FILHO, D.
Estilos de época na Literatura: através de textos comentados, sendo que apenas o 45E
se repete no programa seguinte (1995-1999). Além deste, figuraram da bibliografia: 44E
- BOSI, A. et al. Machado de Assis- antologia e escritos , 173E e 175E - MOISÉS, M.
A Literatura Brasileira Através dos Textos e História da Literatura Brasileira.
Estranhamente no programa de 1990 a 1994, contrariando o que ocorre na
Literatura Brasileira I e na Brasileira III, apenas são indicados no conteúdo, os nomes de
Machado de Assis, Aluísio Azevedo e, para nossa surpresa, alguns estrangeiros, H.
Balzac, Gustave Flaubert (Mme. Bovary), E. Zola e Antero de Quental. No programa
seguinte (1995-1999) entre as alterações que pudemos encontrar no conteúdo, estão: o
acréscimo de C. Baudelaire (As Flores do Mal) e a retirada de Antero de Quental, que
passa a ser substituído por Eça de Queiroz ( O Crime do Padre Amaro e O Primo
Basílio). Zola cuja obra passa a ser específica (Thérèse Raquin), continua vigorando,
lado a lado com Flaubert. Dentre os nacionais ocorre o acréscimo de Alberto Oliveira,
Raimundo Corrêa, Olavo Bilac, Vicente Carvalho (como poetas parnasianos); de: Cruz
e Sousa, Alphonsus de Guimarães, Mário Pederneiras e Emiliano Perneta (como
Simbolistas) e de Raul Pompéia (O Ateneu), que passa a ladear-se com Machado
(Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro) e Aluísio Azevedo (O mulato e
O cortiço).
Seguindo a tendência de sua irmã menor (a Literatura Brasileira I – tabela IX) e
mais recente esta é uma disciplina que tende a buscar outras opções de base
conteudística que não a historiográfica, na mesma medida em que é reelaborada.
Não há objetivos no programa vigente entre 1990 e 1994 (tabela X), o que é
estranho para esta época. Em compensação o programa vigente no período seguinte
(1995-1999) trará objetivos claros, embora pareça em tudo semelhante ao anterior.
Pode-se dizer que as diferenças para o programa do início da década, residem na
presença neste, de objetivos claros, na disposição dos itens, bem como nos elementos
constitutivos do conteúdo (embora o número de itens permaneça o mesmo) e na
bibliografia, ainda mais empobrecida (como vimos há pouco).
Na terceira geração (2000 - 2003) de programas da tabela X (Literatura
Brasileira II) subentende-se que haja o acréscimo do movimento ao qual se
convencionou chamar de “Pré- modernismo”, embora a descrição de conteúdo avance
até as vanguardas, este avanço se dá somente no sentido de uma descrição das
vanguardas européias, sem que, contudo, haja tempo para que se estude as nacionais.
124
É nesta terceira geração de programas (tabela X) que a discussão fica polarizada
em torno de “real e imaginário”. Busca-se, assim muito mais a tematização como linha
de estudo dos textos literários, que atribuir “rótulos” à obra literária como integrante
deste ou daquele movimento.
Na terceira versão/geração do programa da Literatura Brasileira II (tabela X) o
conteúdo bibliográfico sofre considerável acréscimo (67E CÂNDIDO, Antônio. Na Sala
de Aula, 244E - SODRÉ, Nélson Werneck. História da Literatura Brasileira. Seus
Fundamentos Econômicos, 255E - TELLES, Gilberto Mendonça. Européia e Modernismo
Brasileiro: apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 até hoje , 270E - BOPP, Raul. Seleta em prosa e verso, 271E - BOSI,
Alfredo Machado de Assis- O enigma do olhar, 272E - CÂNDIDO, Antônio. O discurso e
a cidade , 273E - CÂNDIDO, Antônio. Recortes, 274E - COUTINHO, Afrânio. Machado de
Assis na Literatura Brasileira, 275E - FURST, Lílian; PETER, Skrine. O Naturalismo - A
linguagem crítica , 276E - GOMES, Álvaro Cardoso. O Simbolismo , 277E - SCHWARZ,
Roberto. Duas meninas.) tendo sido, além desses, mantidos todos os quatro textos de sua
versão intermediária ( 44E, 45E, 173E, 175E).
O fato de não haver (salvo pelo texto 45E) nenhuma outra coincidência entre a
primeira versão desta disciplina na UFRR e sua versão mais recente (tabela X) implica
numa reformulação progressiva da Literatura Brasileira no curso de Letras da UFRR, no
sentido de buscar um horizonte menos historiográfico e mais voltado para o estudo do
texto literário em si. Embora não haja em nenhuma das três versões uma bibliografia
literária (exceto talvez pelo 270E que listado como teórico, no programa mais recente,
deve figurar entre os textos literários), pelas folhas de registro dos diários de classe que
dispomos, dada a diferença de enfoque de cada professor que ministrou a disciplina,
pode-se afirmar que : na UFRR não havia bibliografia literária porque os autores a serem
estudados eram indicados no programa, ficando a critério do professor aprofundar mais
num, ou noutro, sua análise.
Já na tabela XI referente à Literatura Brasileira III, com exceção do primeiro
programa de que dispomos, os demais trarão textos literários em sua bibliografia.
125
Tabela XI: Disciplina Literatura Brasileira III – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
Ementa
(1990 – 1994)
Modernismo – estética e
autores; fatos políticos,
sociais, econômicos e
literários determinantes
do Modernismo; autores e
obras relevantes (1993.2)
Nenhuma
(apenas uma
Bibliografi
antologia
de
textos
a literária
comentados
*
Bibliografi 45, 63, 175, 187.
a crítica *
Linha de
estudos
proposta
Historiográfica, canônica,
com reconhecimento de
características de época.;
dois
itens
divididos
respectivamente em: Prémodernismo
e
Modernismo, com seis
subitens para o primeiro e
sete para o segundo.
Aplicabilid De 4º período
ade/objetiv Levar o alu no a conhecer as
propostas do movimento
o
Modernista, sua estética e
os
artifícios
formais
utilizados,
bem
como
fatores que o determinaram;
estudo
das
idéias
caracterizadoras do movim.
Modernista brasileiro e de
seus representantes mais
notáveis.
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Modernismo – estética e
autores; fatos políticos,
sociais,
econômicos
e
literários determinantes do
Modernismo; autores e
obras.
32, 49, 56, 164, 261.
Estudo tópico do movimento
Modernista
e
da
Contemporaneidade brasileiros
32, 49, 56, 232, 261.
1, 11 (Macunaíma pra lá de
Brasil por Telê P.Ancona
Lopes), 16 (Serafim: um
grande não livro por
Haroldo de Campos), 20,
27, 45, 67, 74, 80, 81, 88,
89, 91, 129, 174, 175.
Historiográfica, canônica,
com reconhecimento de
características de época.;
dois
itens
divididos
respectivamente em: Prémodernismo
(mesmos
autores e tópicos do
programa
anterior)
e
Modernismo(seis subitens)
1, 11 (Macunaíma pra lá de Brasil
por Telê P.Ancona Lopes), 16
(Serafim: um grande não livro por
Haroldo de Campos), 20, 27, 45,
58, 74, 75, 80, 81, 88, 89, 91, 104,
114, 129, 166, 174, 175, 200, 202,
241, 245, 255.
Três itens divididos em: 1) A
abertura dos campos no Brasil, 1.1)
a semana de arte moderna, 1.2)
Fragmentação da narrativa: Mario e
Oswald de Andrade e 1.3 ) A
renovação estética da poesia
brasileira: Mário e Oswald de
Andrade além de Manuel Bandeira;
2) Diálogos Intertextuais 2.1)
Política e representação literária na
literatura brasileira, 2.2) literatura
Intimista; 3) Contemporaneidade na
Prosa e na poesia, 3.1) primeiras
manifestações: poesia concreta, 3.2)
Narrativas Pós-modernas, 3.3)
subversão da poesia pós 1960.
De 4º período
De 4º período
Levar o aluno a conhecer as Estudo da estética e de autores do
propostas do movimento Modernismo
e
da
Modernista, sua estética e Contemporaneidade no Brasil.
os
artifícios
formais
utilizados,
bem
como
fatores que o determinaram;
estudo
das
idéias
caracterizadoras
do
movimento
Modernista
brasileiro e da obra de seus
representantes
mais
notáveis.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
126
Em compensação, a Literatura Brasileira III mais recente (tabela XI), já não será,
em sua ementa – “Estudo tópico do movimento Modernista e da Contemporaneidade
brasileiros” – tão evidente na busca de uma mudança de rumos em relação às suas
irmãs menores de mesma “geração”.
Entre o último programa e seus dois antecessores, pouco mudará, exceto pelo
fato de admitir-se, apenas recentemente, apesar da UFRR ser uma universidade
relativamente nova, que se estude a Contemporaneidade.
Pode-se dizer que esta disciplina era, em termos departamentais “a menina dos
olhos dos professores”. Todos a disputavam com especial ênfase. Talvez este desejo
fosse conseqüência de uma menor qualificação do corpo docente (em termos de haver
pesquisas pessoais dos professores cujos objetos pertencessem a outras épocas que não
a modernidade) e implicasse no fato de se considerar que ministrar esta disciplina era
estar próximo de uma linguagem mais atual, mais acessível ao aluno, talvez apenas por
afinidade estética. De qualquer modo a Literatura Brasileira III, contrariando as demais
disciplinas do sub-campo (de Brasileiras) é uma disciplina cuja bibliografia literária, já
existia, em termos de programa desde a sua segunda geração (1995-1999). Eram
propostos os seguintes textos literários: 32E - BARBOSA, R. de C. Carlos Drummond
de Andrade. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico, 49E BRAIT, B. Guimarães Rosa. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e
crítico, 56E - CAMPEDELLI, S. Y.; AMÂNCIO, M. (org). José J. Veiga. Seleção de
textos, notas, estudos biográfico, histórico e critico e exercícios., 164E - MEGALE, H.;
MATSUOKA, M. (org.) Contos: João Guimarães Rosa, 261E - VIANA, V. de A.
Graciliano Ramos. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico. É
certo que os textos “literários” propostos, na sua maioria do tipo “Literatura
Comentada” (com exceção do 164E) eram cunhados muito mais para estudantes de
Ensino Médio que para alunos de graduação em Letras. Ainda assim, num Estado cuja
carência em termos de livros e de leitura é tão grande, esta era a medida do possível e
indicava um carinho especial para com esta disciplina. Além de distingüí- la em sua
época, das demais.
Trata-se de um programa cuja bibliografia é pobre (4 textos). No entanto, desde
sua primeira versão, é também bastante referente em termos de autores literários a
serem estudados (embora nada conste da 1ª bibliografia), no conteúdo eram citados,
inicialmente: Euclides da Cunha (Os Sertões), Graça Aranha (Canaã) e Lima Barreto
(Triste Fim de Policarpo Quaresma); depois: Valdomiro Silveira, Simões Lopes Neto
127
(regionalistas); e mais: Augusto dos Anjos separado dos dema is (poesia de
decomposição), Monteiro Lobato (Urupês) e Vanguarda européia. No item dois o
modernismo está separado em três fases históricas. Na primeira aparecem: Mário de
Andrade (Macunaíma, Paulicéia desvairada), Oswald de Andrade (Memórias
sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande), Manuel Bandeira (poesia),
Cecília Meireles e Jorge de Lima; Na segunda fase do modernismo: Graciliano Ramos
(Vidas secas), Carlos Drummond de Andrade (poesia e crônica), Vinícius de Morais
(poesia); e, Na terceira Fase do modernismo: Ferreira Gullar, Tiago de Melo, João
Cabral de Mello Neto, a poesia concreta, Clarice Lispector (Perto do coração selvagem,
Laços de família), João Guimarães Rosa (Primeiras estórias), José J. Veiga (Sombras
de reis barbudos)
A segunda versão deste programa (1995-1999), cuja primeira parte é igualmente
composta de autores do Pré-modernismo brasileiro, é idêntica à do programa anterior. A
segunda parte apresenta modificações significativas e embora haja a perda de um
subitem em relação ao programa anterior, há o acréscimo de autores contemporâneos e
recentes (“pós- modernos”).
São eles, no primeiro momento do Modernismo: Mario de Andrade (Macunaíma
- apenas), Oswald de Andrade (Serafim Ponte Grande - apenas), Poesia (Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles); no segundo
momento do Modernismo: Prosa: Graciliano Ramos (Vidas Secas), Poesia: Carlos
Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Mário Quintana; No terceiro momento do
modernismo: Prosa: Clarice Lispector (A Hora da Estrela – apenas), João Guimarães
Rosa (Sagarana) J.J. Veiga (Sombras de reis barbudos), Poesia: a geração de 45, Lêdo
Ivo, João Cabral de Melo Neto e a poesia concreta e seus desdobramentos. O item 2.5
vem a ser prosa contemporânea: Valêncio Xavier (O mez da Grippe) e José Roberto
Torero (Galantes memórias e Admiráveis aventuras do virtuoso conselheiro Gomes, O
Chalaça) e o item 2.6 Poesia contemporânea com: Paulo Leminski, Sérgio Rubem
Sossela, Adélia Prado, Paulo Henriques Brito.
Claro está, que diante da verdadeira “avalanche ” de textos e autores, o aluno
muitas vezes nos perguntava se era “tudo isso” que devia ser lido. Querendo, ou não,
nós professores tínhamos que fazer uma opção: ou acreditávamos que o aluno já devia
saber e dominar aqueles textos antes de entrar no Curso de Letras e trabalhávamos com
fragmentos, aconselhando os que não tinham lido a lerem os textos (o que alguns
faziam, via- de-regra) ou, diante das dificuldades e da evidente falta de leitura de nossos
128
alunos, optávamos por cinco, seis diferentes títulos a serem lidos (se é que eram!) e
analisados ao longo do semestre.
No programa intermediário (1995-1999) de Literatura Brasileira III, por sua vez,
há uma pequena alteração na ementa que perdeu a palavra “relevantes”, bem como no
objetivo específico que teve a expressão “da obra” acrescentado ao texto de 1993 e,
assim como na geração subseqüente (2000) não há, neste programa, o Movimento Prémodernista, que foi incorporado pela Literatura Brasileira II (tabela X).
4.3.3 - O estranho caso do lugar da disciplina de Teoria da Literatura nos
currículos e grades dos cursos de Letras: “instrumentalização”?
Enquanto para Lígia Chiappini Leite, o problema do ensino de literatura nas
nossas escolas não reside nas elites (embora elas possam ser responsabilizadas
parcialmente), nem numa suposta carência teórica de nossos professores, o motivo de
sua queixa, na década de 1980, não diz respeito a uma querela entre teóricos e
historiadores, diz respeito fundamentalmente ao excesso de Teoria e de História da
Literatura (LEITE, 1983). É a troca da leitura do próprio texto literário em si, pela
leitura de textos sobre o texto. É a falta de leitura fruitiva que falta nas escolas. O lugar
da Teoria da Literatura, segundo a autora, ao menos destas teorias já prontas, não
deveria ser este.
A associação indiscriminada de Teorias pouco compreensíveis no âmbito
escolar, fragmentadas, descontextualizadas, instrumentalizadas, a leitura obrigatória e
forçada de determinados textos literários, tornando-os ainda menos compreensíveis,
pode, aos poucos, decretar o desinteresse pela leitura de um clássico, por parte de toda
uma geração. É o que também denuncia Marisa Lajolo no trecho que se segue:
A assimetria entre as experiências de leitura da clientela escolar e as expectativas
de leitura da instituição escolar talvez explique porque os reflexos das teorias da
literatura que se manifestam na esfera escolar são diluições e generalidades
cristalizadas em roteiros de leitura e similares que desfiguram a teoria, tornando a
prática de leitura, comandada por este figurino, atividade sem significado (além do
cumprimento de um programa) e quase sempre tão mecânica quanto o ensino dos
rios que constituem a bacia amazônica. (LAJOLO, 1995, p.96)
129
Costa Lima, por exemplo, é um dos que, neste momento, aponta para esta
“confusão” do campo teórico inchado de tantas teorias que ao serem transportadas
acriticamente para a realidade escolar acabam gerando o caos e o medo dos professores,
ao invés de compreensão:
(...) mais recentemente como que os professores passaram a temer a
complexificação com que se defrontavam. Por ela, o objeto literário não recuperava
seu prestígio – como alguns talvez tenham pensado que sucederia – e, agora, ainda
por cima, os departamentos de literatura corriam o risco de perder alunos! Daí que a
tônica passou para assuntos mais leves ou de interesse mais imediato – a expressão
das minorias, a questão do cânone, a inter-relação mais ampla da literatura com o
que tradicionalmente fora objeto da antropologia, a volta à pesquisa histórica de
movimentos, que haviam sido relegados a segundo plano 54 . (LIMA, 2002 [1999]
p.8)
Sugere, o autor, que o movimento no sentido de privilegiar aspectos da cultura e
das micro-relações sociais serviriam como forma de escape do que realmente importa,
ou seja, a teorização da/na Literatura.
Talvez por isso, Luiz Costa Lima, na introdução da segunda edição do “Teorias
da Literatura em Suas Fontes” (LIMA, 2002 [1981]), tenha feito duras advertências que
parecem apontar como vilões o fato de se estudar Teoria apenas em língua portuguesa e
a ausência de uma prática da crítica em si.
Este [livro] se torna imprescindível, dada a situação calamitosa do ensino de teoria
da literatura em nossos cursos de letras. Sua inclusão facultativa, sem dúvida
positiva e extremamente necessária, praticamente coincidiu com uma reforma dos
cursos de literatura que, possibilitando ao aluno formar-se tendo contato apenas
com as literaturas de língua portuguesa, impede um ensino eficiente da teoria .Como
é possível teorizar-se sobre algo de que não se tem experiência ou experiência
bastante limitada? Nesta conjuntura, os cursos de teoria tornam-se no máximo
propedêuticas à literatura, que, na prática, apenas visariam cobrir as lacunas de
informação, anteriormente preenchidas pelas histórias gerais da literatura. (LIMA,
2002, p.9)
Para este último, a crítica embora voltada mais contra o recente período de
ditadura militar, do qual vínhamos saindo, também apontava para uma elite intelectual
54
Essa, no entanto não é a opinião de Leyla Perrone-Moisés, que atribui a causa do surgimento desses
“assuntos mais leves e de interesse imediato”, não a uma falha pedagógica na estrutura dos cursos de
letras, ou a um saturamento do campo teórico, mas à crise da própria história e da narratividade histórica:
“Na segunda metade de nosso século, os teóricos da pós-modernidade viriam a dar um golpe mortal na
narratividade baseada na cronologia, ao decretarem o fim das “grandes narrativas”. A fragmentação de
nossa percepção do tempo, correlata da fragmentação da experiência em geral, tem feito com que a
historiografia prefira ultimamente as narrativas parciais, centradas em agentes particulares que não eram
levados em conta nos metarrelatos, e que interessam aos agentes de hoje, grupos ou indivíduos.”
(PERRONE-MOISÉS, 1998, p. 29)
130
acrítica. Principalmente no momento em que aponta “nossa organização social”, como
culpada pelo processo acrítico com que forma nossos alunos:
Não é novidade dizer-se que não temos formação teórica e que nossa organização
social não estimula nenhum espírito crítico. Não será então por uma reforma dos
currículos dos cursos destinados a futuros professores de língua e literatura que
serão sanados os problemas que apontamos. (LIMA, 2002 [1981] p. 09-10)
E segue apontando os males que o ensino de Teoria da Literatura tem
enfrentado. Dentre eles o mais contundente, em nossa opinião, também destacado por
Jobim, vem a ser o fato de que a Teoria da Literatura muito comumente tem sido
confundida com “caixa de ferramentas” para a interpretação e entendimento de textos
literários.
Ociosos porque, para que se ponham no nível do entendimento geral, não podem
passar de uma coletânea de dados, fatos e nomes a serem preguiçosamente repetidos
pelos alunos; incompreensíveis quando, reconhecido o perigo anterior, supõem o
contato com suas fontes efetivas, a que os alunos terão pouco acesso – ou nenhum –
por se encontrarem em línguas que eles não dominam; deformadores, e este tem
sido o caso mais comum, porque, não tendo tido os próprios professores uma
formação teórica efetiva, a apresentação das teorias passa a se confudir com a
apresentação de caixas de ferramentas a serem “aplicadas” ao texto! Não é
ocasional ser este o entendimento mais comum do que seja uma teoria. (LIMA,
2002 [1981] p. 9-10)
Segundo o autor, a teoria da literatura não pode servir como mera fórmula,
aplicável na resolução, ou na interpretação textual. Deve haver uma compreensão do
que é o teórico e de como teoria e prática se articulam no ensino de Literatura.
Por outro lado, tem sido, desde há muito tempo, uma constante a argumentação,
por parte de setores, inclusive de dentro de nossos cursos de Letras, de que a Teoria
deva servir de ferramenta de trabalho do texto literário, como forma de instituir um
modo “oficial” (e contextual, a depender da teoria em voga) de interpretação.
Outros professores propunham que o objetivo da teoria seria fornecer instrumental
para leitura crítica. (...) Este tipo de opinião parece coincidir com uma concepção
estreita que grassa em nossas universidades, de que a disciplina Teoria da Literatura
deve dedicar-se a prover o aluno de técnicas para resolver problemas de
interpretação de textos singulares. Provavelmente esta presunção ganhou força em
nosso meio através de uma leitura estreita dos chamados "estruturalistas franceses"
na década de 70, apesar de não ser compartilhada por um dos mais respeitados
estudiosos do próprio Estruturalismo, Jonathan Culler (...) (JOBIM, 1996, p.62)
Em função deste fato muitos alunos e mesmo professores, ao se depararem com
o modo como a Teoria está inserida no currículo de Letras, costumam questionar
àqueles que a instituiram. A este respeito José Luis Jobim tece o seguinte comentário:
131
(...) questões mais genéricas acabam muitas vezes fazendo parte do repertório da
Teoria da Literatura, o que não impede alguns alunos e professores de expressarem
a opinião de que esta disciplina deveria ser mais "prática". Com freqüência, esta
opinião significa reivindicar que o professor desta disciplina se dedique apenas à
interpretação de textos em sala, ou que ele "ensine" formas ou fórmulas de
interpretação textual ao aluno.(...)É difícil explicar a quem possui esta visão
simplista, para não dizer simplória, que esta concepção de "prática" pressupõe
modelos teórico-interpretativos a priori, que serão aplicados ao texto literário que
se escolher. Pode-se imaginar que a interpretação de textos é "prática", não é
"teoria", quando o senso comum transforma determinados modos de interpretação
em normas, erigindo em valor geral o que antes era procedimento particula r. Neste
caso, o intérprete pode não perceber que sua "prática" possui determinados
pressupostos "teóricos", ou seja, ela é o resultado de um a priori a partir do qual o
próprio ato interpretativo se concretizou como experiência, ainda que não se esteja
consciente disto. (JOBIM, 1996, p.61)
Conforme o autor não adianta clamar por uma prática, por um modo
“instrumental” de lidar com a Literatura desconhecendo- lhe os bastidores, ou seja,
achando que não há, por detrás da maquiagem, ou da máscara, do ato interpretativo,
uma teoria válida, social e historicamente aceita. Ou seja, há que entender e interpretar o
próprio método em sua forma teórica de expressão, para poder usá- lo ainda que ele seja
um método do tipo “escaninho” (onde autores e obras são colocados de acordo com
características – critérios metodológicos – gerais)
A Teoria da Literatura I (tabela XII) concebida, mais recentemente, como
disciplina cuja função é a de “apresentar” ao aluno uma “panorâmica” das teorias que
abordam o texto literário, foi, originalmente, pensada mais como uma “história” da
Teoria da Literatura (e do próprio campo literário), que propriamente como disciplina
em que o exercício teórico deva se fazer presente. Embora a intenção, na ementa, fosse
tratar da “Natureza e função da literatura.”, o que prevaleceu foi sua segunda parte:
“Estudo dos métodos críticos procurando demonstrar a evolução do pensamento e das
atitudes críticas. Os gêneros literários e sua fundamentação”. O que equivale dizer,
estudar as “ferramentas” de trabalho teórico com a Literatura, incluindo-se aí a própria
História da Literatura.
Também a posição das Teorias, no fluxograma do curso (Figura 01, pág. 100),
ajuda e ajudou a reforçar esta condição. Sendo a primeira disciplina do campo literário,
ministrada ainda no primeiro período do curso para os alunos recém- ingressados e,
tendo sido projetada como pré-requisito das demais, ela acaba funcionando como uma
espécie de disciplina introdutória dos estudos literários, ou seja, um grande “sumário”
do que há para se ver.
132
Nesse aspecto, a Teoria da Literatura I (tabela XII a seguir) na UFRR é,
certamente, um capítulo à parte em nossa discussão.
Tabela XII: disciplina Teoria da Literatura I – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
Ementa
(1990 – 1994)
Bibliografi
a literária
*
Bibliografi
a crítica *
Nenhuma.
Linha de
estudos
proposta
Teoria como instrumento de
análise literária;
Sete
itens
divididos
respectivamente em: Estética,
Literatura,
Teoria
da
Literatura, A obra literária –
características essenciais, A
obra literária – elementos
fundamentais, características
do discurso Literário –
especialidade e, estudo de
contos.
De 1° período
Sem objetivos nem proposta
pedagógica
Aplicabilid
ade/objetiv
o
(1995 – 1999)
Natureza e função da Idem
literatura.
Estudo
dos programa
métodos críticos procurando 1990 – 1994
demonstrar a evolução do
pensamento e das atitudes
críticas. Os gêneros literários
e
sua
fundamentação.
(1993.2)
Idem
programa
1990-1994
2, 59, 63, 67, 68, 92, 95, 109, Idem
112, 117, 125, 141, 142, 146, programa
152.
1990-1994
Idem
programa
1990-1994
Idem
programa
1990-1994
(2000 – 2003)
ao Propiciar instrumentos teóricos que
de possibilitem ao aluno discutir os
conceitos de “literatura’ e a questão dos
gêneros literários; visa também a discutir
as relações que a literatura mantém com
as disciplinas que investigam o campo
literário: a Retórica, a Poética, a Estética,
a História da Literatura, a Crítica
Literária e a teoria da Literatura. O
objetivo último é o de, tendo o texto
teórico como suporte, habilitar o aluno
para o exercício da prática de leitura
crítica de textos literários.
ao Não há.
de
ao 5, 25, 33, 34, 35, 38, 45, 48, 55, 62, 72,
de (Um crítico a frente do teatro brasileiro
por Sábato Magaldi; Literatura em cena
por Lucrécia Ferrara e capítulos de João
Roberto Faria e Wilma Areas), 105,
106, 107, 112, 113, 114, 115, 118, 125,
127, 128, 129, 136, 141, 143, 144, 168.
ao Três itens (unidades): 1.A evolução do
de conceito de Literatura; as origens e
alguns conceitos gerais da T. da
Literatura (Platão x Aristóteles); 3. As
disciplinas que investigam o campo
literário: poética, retóric a, historia da
literatura, critica literária e teoria da
literatura.
ao Ainda de 1° período.
de Falta, no item II do programa, a
segunda unidade (impressão falhada)
Sem objetivos
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
133
Da primeira para a segunda geração de programas (da tabela XII), não há
modificações em termos de ementa, bibliografia, objetivos e conteúdo. Mas a terceira
geração já traz consigo uma pequena mudança de concepção da disciplina. Sua ementa
propõe:
Propiciar instrumentos teóricos que possibilitem ao aluno discutir os conceitos de
‘literatura’ e a questão dos gêneros literários; visa também a discutir as relações que
a literatura mantém com as disciplinas que investigam o campo literário: a Retórica,
a Poética, a Estética, a História da Literatura, a Crítica Literária e a teoria da
Literatura. O objetivo último é o de, tendo o texto teórico como suporte, habilitar o
aluno para o exercício da prática de leitura crítica de textos literários. (Tabela XII)
Embora a segunda parte da ementa, ou seu “objetivo último”, seja
instrumentalista, a primeira parte busca resgatar o antigo papel da teoria, de “panorama”
e “história”, tendendo mesmo a ter uma visada crítico-dialógica.
De qualquer modo, não parece que tenha havido uma mudança tão significativa,
ao ponto de se evitar que a disciplina propusesse se tornar um “instrumento de análise”.
Esta impressão se confirma ao verificarmos a configuração da disciplina de Teoria da
Literatura II (tabela XIII adiante) que, embora não obrigatória para todo o curso de
Letras, é continuação desta da tabela XII.
Quanto à bibliografia é bom pensar sempre que o que existia na biblioteca da
UFRR era o que, geralmente, se propunha como tal. Assim, de 1990 a 1999 (abarcando
duas gerações) teremos: 2A- AMORA, A. S. Introdução à Teoria da Literatura, 59AFOSTER, E. M. Aspectos do Romance, 63A- FRIEDRICH, H. Estrutura da Lírica
moderna, 67A- GOLDSTEIN, N. Versos, sons e ritmos, 68A-
GOMES, A.C. e
VECCHI, C. A. Introdução ao estudo da Literatura, 92A- KOTH, F. A alegoria, 95ALAJOLO, M. O que é literatura, 109A- MESQUITA, S. N. O enredo, 112A- MOISÉS,
M. A criação literária (poesia), 117A- NUNES, B. O tempo da narrativa, 125AProença Filho, D. Estilos de época na literatura, 141A- SILVA, Victor. M. e A e.
Teoria da Literatura, 142A- SILVA, D. C. da. Uma teoria do poema, 146A- SOUZA,
R. A. de. Teoria da Literatura, 152A- TAVARES, E. Teoria Literária. Destes, alguns
podem ser considerados hoje mais próprios ao ensino médio do que à graduação. É o
caso de 68A. Salta aos olhos, no entanto, o fato de não haver referência nem a
Wolfgang Kaiser - Análise da Obra literária – 157D, nem a Wellek, R. Conceitos de
Crítica - 378D, ambos teóricos da Literatura, apenas presentes nos programas de
Literatura Portuguesa I, II e III (respectivamente, tabelas: VI, VII e VIII),
nos faz
pressupor que teriam vindo de “empréstimo” dos programas nos quais os professores
134
fundadores do curso de letras da UFRR se basearam para produzir os nossos. Outro
fator interessante sobre a bibliografia literária, desta vez, é que embora o ítem 7 do
conteúdo proponha o estudo de contos, não há bibliografia literária específica
disponível.
Com exceção de cinco textos (2A, 68A, 141A, 146A, 152A), que procuram se
referir mais especificamente a um certo panorama histórico e metodológico da Teoria da
Literatura, os demais são, ou obras voltadas para aspectos estruturais da narrativa e da
poesia, ou textos voltados para um entendimento do que seja a Literatura. Há ainda um
texto, 125A, cujo papel é o de reforçar a teoria dos estilos de época, o que de certo
modo, não condiz muito com a idéia que se fazia na época de uma disciplina de Teoria
da Literatura.
Já a bibliografia presente no programa mais recente de Teoria I (tabela anterior
XII), apresenta modificações significativas em relação a suas versões mais antigas. São
elas: a exclusão de todos, exceto de 125A- FILHO, D. P. Estilos de época na literatura,
141A- SILVA, V. M. e A e. Teoria da Literatura e 112A- MOISÉS, M. A criação
literária (poesia). E o acréscimo de 5A-ARISTÓTELES. Arte poética, 25A- BOSI, A.
O ser e o tempo da poesia, 33, 34 e 35A- CÂNDIDO A. et al. A personagem de ficção,
Na sala de aula e A crônica), 38A- CARLSON, M. Teorias do teatro: estudo históricocrítico dos gregos à atualidade, 45A- COELHO, E.P. Os universos da Crítica, 48ACORTAZAR, J. Valise de cronópio, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, , 72AGUINSBURG, J; NETTO T.C. e CARDOSO,R.C. (org). Semiologia do teatro –
capítulos de MAGALDI,S. Um crítico à frente do teatro brasileiro; FARIA, J.R., e
FERRARA, L. Literatura em cena, 62A- FREADMAN, R. ; MILLER, S. Re-pensando
a teoria, 105, 106 e 107A- MAINGUENEAU, D. O contexto da obra literária;
Elementos de lingüística para o texto literário e Pragmática do discurso literário, 113 e
114A - MOISÉS, M. A criação literária (prosa I) e A criação literária (prosa II),
115A- NASCIMENTO, F.S. Teoria da versificação moderna, 118A- PALOTTINI, R.
Dramaturgia: construção da personagem, 127A- REIS, C. & LOPES, A. C. Dicionário
de teoria da narrativa, 128A- REIS, C. Técnicas de análise textual, 129A- REUTER,
Y. Introdução à análise do romance, 136A- SÁ, J. A crônica, 143A- SOARES, A.
Gêneros Literários, 144A- SOURIAU,E. As duzentas mil situações dramáticas, 168AWRIGHT, E. Para compreender el teatro actual.
Não apenas é de se ressaltar o aumento considerável de textos na bibliografia,
mas é perceptível um acréscimo de qualidade em determinadas áreas. Aristóteles, que
135
antes devia figurar apenas como citação, no texto de outrem, passa a ser uma leitura
mais efetiva. Do ponto de vista de um contato com o texto aristotélico, este pode ser
considerado um ponto favorável. O grande problema é verificar em que medida isso
tenha, ou não, sido importante para a formação do aluno. Outro destaque que fazemos é
a introdução de textos referentes ao teatro (38A, 72A,118A, 144A E 168A), talvez
porque o professor que ministrava a disciplina, então, tivesse sua dissertação de
mestrado baseada na dramaturgia de Nelson Rodrigues. Pela primeira vez se percebe a
introdução de textos de semiótica na Teoria da Literatura, o que significa que, embora
houvesse a predominância de uma concepção de ensino nesta disciplina, havia também
o desejo de atualizá- la, de modificá-la.
Para Osman Lins (1977), grande parte do problema do ensino de Teoria da
Literatura advém do fato de que os alunos não tendo uma bagagem de leitura ideal,
serem considerados leitores ideais e sujeitados a todo tipo de teoria complexa e
desnecessária nestas circunstâncias (p. 82-87). E segue apontando as “vantagens” desse
tipo de ensino de teoria:
(...) o aluno pode esmiuçar determinado texto, e geralmente o faz,
concentrando-se exclusivamente nele, sem necessidade de recorrer a uma
bagagem literária. (...) A instituição induz o estudioso a concentrar-se,
exclusivamente, na obra examinada, e, por uma questão de disciplina, de
rigor científico, até o impede de referir-se a outras, de tumultuar o seu estudo
permitindo que lembranças de leituras ocasionais sejam aí admitidas. (LINS,
1977, p.86)
Na UFRR, seria preciso realizar, ao menos em termos de Teoria, um grande mea
culpa no sentido de tentarmos reverter este quadro caótico de “teorismos” a que
sujeitamos nosso aluno. Talvez seja o caso de nos perguntarmos, como sugere, adiante,
Jobim (1996) de que nos serve a teoria.
"Quais são os pressupostos da atividade cognoscitiva que investiga os discursos
historicamente designados como literários ?"; "Qual a relação entre as
representações sociais presentes nos textos literários e as representações sociais
vigentes na cultura que interpreta estas mesmas representações?"; "O que significa
gênero literário: trata-se apenas de um rótulo ou é uma categoria teórica produzida
de acordo com fundamentos racionalmente discutíveis?"; "Qual é, se existe, a
condição existencial da obra de arte como criação, como linguagem, como
produto?"; "Como se situam as diversas correntes dos estudos literários em função
das respectivas tomadas de posição a favor ou contra determinados modos de
conhecer?"; e muitas outras, que seria ocioso enumerar. (JOBIM, 1996, p.60-1)
A nossa função, neste imbróglio talvez seja a mesma a que ele (Jobim) se
propõe: questionar nossa prática e as teorias de que nos termos servido para torná- la
136
efetiva em sala de aula. Nesse sentido, talvez devamos voltar nossas disciplinas teóricas
para o exercício teórico, não para o panorâmico da Teoria. As carências, os problemas
de falta de bagagem, deverão, aí, ser encarados como algo que se deve resolver de outro
modo, ou em outro espaço que não o destinado à reflexão teórica. Certamente há de se
argumentar que sem conhecimento das diversas teorias o aluno não poderá refletir, nem
criar nada de novo. Em primeiro lugar queremos salientar que não se está defendendo a
“originalidade” de conceitos. Não se pretende criar gênios (ao gosto romântico do
termo), mas impedir a reprodução inconsciente de conceitos, regras, escaninhos. Em
segundo lugar, uma vez “ensinada” uma teoria, como fazer para que ela não se torne “o”
parâmetro de análise daquele aluno? Esta é uma questão difícil que não será resolvida
aqui neste espaço. O que provavelmente concluiremos é que as disciplinas de Teoria da
Literatura da UFRR, estão no lugar errado, na hora errada, de modo errado, ao menos
no nosso atual fluxograma.
Essa avaliação, tanto vale para a Teoria I, quanto para a II, cujo desprestígio é
ainda maior, pois não é cursada por todos os alunos da graduação em Letras. A rigor,
existe apenas para 80% dos alunos de Letras uma única disciplina, a de Teoria I (tabela
XII).
Somente com a Teoria II (tabela XIII), podemos notar com mais precisão o
quanto a visão que temos de Teoria é instrumentalizadora. Basta olhar para o quarto
item do que se propõe no programa de 1990-1994 como linha de estudos, ou como
conteúdo: “(...) de análise “prática” (cada unidade “será ilustrada com textos de autores
nacionais e estrangeiros. Para a epopéia serão escolhidos trechos de os Lusíadas e para a
poesia lírica, poemas de vários autores, dando-se preferência aos brasileiros”), o que por
sua vez não se diferencia ao longo da década de 90 e muda muito pouco, tornando-se
mais panorâmico, mais histórico (supostamente mais teórico), e menos prático no ano
2000.
De 2000 em diante esta será uma disciplina (tabela XIII), cuja ementa fará juz
ao ensino panorâmico que se queria buscar na Teoria I (tabela XII) de 1990.
Vejamos o que diz sua ementa: (Tabela XIII- Programa de 2000 a 2003)
“Propiciar ao aluno de Letras o aprofundamento da discussão e da compreensão dos
conceitos de “literatura” e de “literariedade”, bem como, promover a leitura de textos
literários, de gêneros e de épocas diversas, à luz dos principais modelos de explicação
forjados no campo da teorização literária ” (tabela XIII). Trata-se de uma tentativa de,
137
através dos modelos mais conhecidos de análise literária, fazer com que o aluno opte
por um e se especialize.
Tabela XIII: Disciplina Teoria da Literatura II – UFRR (quadro histórico de
alterações)
Vigência
(1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
A poesia e a Poética. A ficção Idem ao
Propiciar ao aluno de Letras o
Ementa
narrativa: o conto, o romance programa de
e a novela. A crítica literária e 1990-1994
as disciplinas afins (1994)
Bibliografi
a literária
*
Bibliografi
a crítica *
Nenhuma: o conteúdo literário
(contos), provavelmente, será
extraído dos textos “teóricos”
Idem a 19901994
2, 141, 148, 165.
2, 3, 141, 148,
165.
Linha de
estudos
proposta
Teoria como instrumento de
análise literária;
três itens teóricos divididos
em poesia (e subitens), ficção
( e subitens) e crítica (idem) e
Um quarto item (ou
observação) de análise
“prática” (cada unidade “será
ilustrada com textos de
autores nacionais e
estrangeiros. Para a epopéia
serão escolhidos trechos de os
Lusíadas e para a poesia
lírica, poemas de vários
autores, dando-se preferência
aos brasileiros.
De 2° período (embora ela
seja apenas optativa para as
licenciaturas duplas)
Sem objetivos nem proposta
pedagógica
Idem ao
programa de
1990-1994 (com
ligeira alteração,
ou seja,
inexistência do
item 4)
Aplicabilid
ade/objetiv
o
Idem ao
programa de
1990-1995
aprofundamento da discussão e da
compreensão dos conceitos de
“literatura” e de “literariedade”, bem
como promover a leitura de textos
literários, de gêneros e de épocas
diversas, à luz dos principais modelos
de explicação forjados no campo da
teorização literária.
Não há.
4, 5, 22, 25, 33, 34, 38, 40, 55, 62, 72
(Literatura em cena por Lucrecia
Ferrara), 105, 106, 107, 112, 113,
114, 118, 124, 125, 127, 129, 135,
141, 143, 168.
Dois itens (unidades): 1. (...) e a
noção de estilo; e as sociedades. 2.
Algumas correntes da critica literária:
a critica genética, A critica
estruturalista, A critica psicanalítica, a
critica temática, A sócio-critica, A
critica textual, A teoria da recepção,
A semiótica, A literatura comparada,
detnre outros...
Ainda de 2° período (optativa para
licenciaturas duplas).
Falta algo, no item II do programa, na
primeira unidade (impressão falhada)
Sem objetivos
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Em princípio, esta seria uma idéia até coerente, não fosse ela de todo desastrosa.
O que fazer, em sala de aula (supondo-se que o aluno fizesse esta opção corretamente,
sem embaralhar os modelos) com alunos de orientações metodológicas e ideológicas
138
diferentes? Seria, muito provavelmente, uma situação plural, mas, dentro do modelo
com o qual trabalhamos atualmente, caótica.
Por outro lado, nos primórdios da Teoria II na UFRR, a bibliografia, por ser esta
uma disciplina de caráter iminentemente prático, contava apenas com quatro textos que
eram: 2A- AMORA, A. S. Introdução à Teoria da Literatura, 141A- SILVA, V. M. de
A e. Teoria da Literatura, 148A- STAIGER, E. Conceitos fundamentais de Poética,
165A- WELLEK,R. & WARREN, A. Teoria da literatura. Não havia, naquela época,
uma tentativa de traçar, ao menos, um panorama das opções existentes no campo
teórico, era a aceitação plena de um modelo que, em décadas anteriores, fora
hegemônico no campo literário. Também aqui não há maiores indicações de quais
textos literários serão empregados, apenas seu tipo Poesia Lírica, Epopéia, etc... Com o
avançar da década de 90, as coisas pouco se modificam; há o acréscimo de um texto na
bibliografia 3A- Amora, A. S. Dicionário de Narratologia, e a observação sobre a
necessidade de uma prática não consta mais do programa.
Em 2000 quando foi reformulada a grade do curso de Letras, não se atentou
para o fato de que o programa de Teoria da Literatura II (tabela XIII) não difere muito
do programa da Teoria da Literatura I (tabela XII), em especial, nota-se tal semelhança
na bibliografia: 21 dos 26 itens da bibliografia da Teoria II (Tabela XIII) são idênticos
aos da I (Tabela XII). Os cinco textos que destoam de uma para a outra são: 4A, 22A,
40A, 124A e 135A e apenas 7 textos da Teoria 1 não constam da bibliografia da II. São
eles: 35A, 45A, 48A, 115A, 128A, 136A e 144A.
Isto pode significar, entre outras coisas, uma tentativa de forçar a impressão de
que seriam disciplinas contíguas e contínuas e tentar passar ao DLEI (Departamento de
Língua s Estrangeiras e Indígenas), responsável pelas grades de licenciatura dupla, a
idéia de que esta também seria uma disciplina de seu interesse. Por outro lado, pode-se
ter recaído no velho problema da falta de livros para indicar na Biblioteca Central da
UFRR, o que limitaria as escolhas ao parco acervo dos professores, que forneceriam
fotocópias “apostiladas”.
4.3.4 - A Literatura Afro-Brasileira
Enquanto universidades mais centrais como a UFRJ, a UFF, a USP e a
UNICAMP (para ficar apenas nessas) tinham (em alguns casos) já em nível de pós-
139
graduação, bem como (em alguns casos) de graduação, disciplinas/áreas/linhas de
pesquisa voltadas para o estudo da(s) cultura(s) e da(s) Literatura(s) Africanas e
universidades mais periféricas como a UFC 55 (e outras) procuravam introduzir em seus
currículos de Letras questões atinentes a este tema, na UFRR nada era feito. Pode-se
justificar a ausência de preocupação com a(s) cultura(s) e a(s) Literatura(s) Africanas,
pelo fato de em Roraima não ter havido um período escravista tão intenso, nem
atividade econômica que justificasse, ou pelo contrário, pelo fato – como tem sido
argumento corrente no âmbito da UFRR – de, mesmo que haja algo a estudar, não haver
professores
de
Literatura
suficientes
(e,
principalmente,
interessados)
para
desenvolverem tais pesquisas. O grande problema é que a partir da publicação da Lei
10.639 de 09/01/2003 que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
nº 9394 (LDB) de 20/12/96 nos seus artigos 26 e 79, agora acrescidos de 26-A, 79-A e
79-B, os ensinos fundamental e médio passaram a demandar, em todo o território
Nacional, quem tivesse competência para ministrar disciplinas com este conteúdo.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida
dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
“Art. 26 – A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo
da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do
Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura 56 e História Brasileiras.
Destacamos a passagem referente à Literatura para que se perceba que a questão
também nos diz respeito, não sendo apenas um dos componentes da “cultura” afrobrasileira, mas, conforme o texto da lei, um componente que merece “especial” atenção
dos estabelecimentos de ensino, o que na prática equivale dizer, ou sugerir, que dali
55
56
O programa desta disciplina na UFC e na UFF, consta da Tabela XIV adiante.
Grifos nossos.
140
possa derivar, pelo menos, uma disciplina (como de sorte tem ocorrido no entendimento
de muitos estabelecimentos de ensino fundamental e médio do país).
Sem orientação acadêmica atinente à questão, os professores da rede particular e
pública de Roraima dos ensinos médio e fundamental tiveram de recorrer aos livros
didáticos disponíveis no mercado e a UFRR, mais uma vez, se viu na situação de
coadjuvante no processo de pesquisa e intervenção social, bem como na abertura de
vagas no mercado de trabalho. Além de colaborar para que a situação do ensino “piore”
ou pouco se modifique – desta vez por falta de informação e por permitir que editoras,
ainda que assessoradas por professores da área, ditem o conteúdo destas disciplinas –
nossa Universidade deixa de cumprir um duplo papel no tripé pesquisa, ensino e
extensão, pois de um lado não se propõe à pesquisa de possíveis comunidades de afrodescendentes ao seu derredor, como talvez devesse, para poder participar da discussão;
e, por outro lado, descumpre seu papel de extensão para com a comunidade que a
circunda, deixando de se integrar e de suprí- la em alguns dos itens que ela necessita e
espera receber, ou seja: informações históricas sobre a constituição de sua população e
mão de obra qualificada para esta área específica do conhecimento.
Por outro lado uma questão prática se coloca: como fazer para formar ou atrair
um (a) professor (a) especializado neste campo do conhecimento para Roraima, quando
parece ser tão evidente haver uma carência deste tipo de profissional, também em
centros urbanos maiores?
Não seria o caso de buscarmos outras soluções para o problema em si? Talvez
cursos interdisciplinares com o Departamento de História, talvez com a Sociologia, ou
a Antropologia? O caso da UFRR deve ser refletido em função de nossas próprias
carências e possibilidades. Por outro lado, o modelo da UFC (tabela XIV) parece suprir
boa parte da carência referente ao ensino da cultura africana naquele Estado.
Na tabela XIV, verificamos que a questão do ensino de Literaturas de Expressão
Africana passa, quase sempre, pela alça de mira dos professores de Literatura
Portuguesa (na UFF especialmente), ou pelo menos pelas editoras portuguesas (a
maioria dos textos é editada em Portugal), o que, certamente, implicaria em maiores
custos para a aquisição de material, uma vez que se trata de livros importados.
141
Tabela XIV: Literaturas Africanas de Língua PortuguesaIES
UFC– HG056
Vigência
atual
C.H.
60
Estudo das literaturas dos cinco países
Ementa
Bibliografia
literária *
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFF – GLC04154
Atual
60
Literatura e construção da
africanos de língua portuguesa, suas origens, nacionalidade africana. O projeto
movimentos, tendências e obras dos principais estético
e
ideológico
das
autores.
Literaturas Africanas e a questão
da busca e desejo de reconstrução
de uma identidade nacional.
2, 3, 5.
Não consta
1, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18, 19, 20.
4 itens: as questões preliminares (descobertas
e expansão, Literatura colonial e Literaturas
Africanas, a questão da taxinomia, a
Literatura de Língua Portuguesa e os falares
nativos); século XIX: sentimento nacional (a
formação das Literaturas Africanas de Língua
Portuguesa; Séc. XX: consciência nacional (a
Casa dos Estudantes do Império, o surgimento
das elites intelectuais, negritude, africanidade,
busca da identidade e luta pela independência,
a relação da Literatura Brasileira com a
africana de Língua Portuguesa); Perspectivas:
o caminho do Séc. XXI (após as lutas de
libertação, novas direções na poesia, ficção,
teatro, Literatura infantil e demais gêneros, a
hora
da
História,
da
crítica,
do
memorialismo).
4, 8, 13, 21, 48, 58
3 itens: Os conceitos operativos
(alteridade cultural e identidade
nacional; nação, nacionalidade e
literatura nacional); condições de
produção do discurso africano
(Portugal em África: notícias
históricas;
As
afirmaçoes
nacionais);
Emergência
das
literaturas africanas de Lingua
Portuguesa (O séc. XIX: um
discurso africano (?); a literatura
de língua portuguesa de Angola,
de Moçambique, de Cabo Verde,
de S. Tomé e Príncipe, de GuinéBissau.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Sua bibliografia (tabela XIV), ao menos na UFC, é ampla e procura traçar um
panorama da produção literária no continente africano: 1H - ANDRADE, Costa.
Literatura angolana (opiniões),2H - ANDRADE, Mário de. Antologia temática de
poesia africana 1 - Na noite grávidade punhais,3H – Mario de Andrade. Antologia
temática de poesia africana 2 - O canto armado, 4H - FERREIRA, Manuel. Literatura
africana de expressão portuguesa. 5H MANUEL Ferreira. 50 poetas africanos:
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, SãoTomé e Príncipe, 6H HAMILTON, Russel G. Literatura africana literatura necessária I, 7H – HAMILTON,
Russel. Literatura africana literatura necessária 11: Moçambique, Cabo Verde,GuinéBissau, São Tomé e Príncipe, 8H -MARGARIDO, Alfredo. Estudos sobre literaturas
das nações africanas de LínguaPortuguesa. 9H - MOSER, Geraldo; FERREIRA,
Manuel. Bibliografia das literaturas africanas de expressão portuguesa, 10H. NEVES,
142
João Alves das. Poetas e contistas africanos, 11H - PONTES, Roberto. Poesia
insubmissa afrobrasilusa, 12H – PONTES, Roberto. A poesia de Agostinho Neto como
expressão de um processo de combate: A junção do estético ao real; africanidade e
angolanidade 13H - SANTILLI, Maria Aparecida. Africanidade.14H – SANTILLI,
Maria Aparecida. Estórias qfricanas, 15H - SARTRE, Jean Paul. "Introductión" à
Anthologie de Ia nouvel/e poésie negre et malgache, de Léopold Sedar Senghor. 16H –
SARTRE, Jean Paul. Reflexões sobre o racismo.17H - SEABRA, Manuel de. Poesia
africana de hoje. 18H. TENREIRO, Francisco; ANDRADE, Mário Pinto de. Poesia
negra de expressãoportuguesa. 19H - TRIGO, Salvato. Introdução à literatura
angolana de expressão portuguesa,20H – TRIGO, Salvato. A poética da "Geração
Mensagem ".
O programa de Literaturas Africanas de expressão Portuguesa da UFC propõe o
estudo da rique za da produção literária de cinco países da seguinte forma :
(...) questões preliminares (descobertas e expansão, literatura colonial e literaturas
africanas, a questão da taxinomia, a literatura de língua portuguesa e os falares
nativos); século XIX: sentimento nacional (a formação das literaturas africanas de
língua portuguesa; século. XX: consciência nacional (a Casa dos Estudantes do
Império, o surgimento das elites intelectuais, negritude, africanidade, busca da
identidade e luta pela independência, a relação da literatura brasileira com a
africana de Língua Portuguesa); Perspectivas: o caminho do século XXI (após as
lutas de libertação, novas direções na poesia, ficção, teatro, literatura infantil e
demais gêneros, a hora da História, da crítica, do memorialismo). (Tabela XIV)
Talvez por sofrer influências do modelo oriundo das Literaturas Brasileira e
Portuguesa, talvez em função das singularidades da disciplina em si, este tenha sido o
modelo encontrado pela UFC para resolver a amplitude desta disciplina. Talvez este
deva ser também o caminho que devamos tomar na UFRR, ou não.
Já na UFF no currículo antigo, existia uma disciplina optativa de Literatura
Portuguesa (Literatura Portuguesa VII - Tradição e transformação na prosa ficcional
angolana do século XX), cuja ementa dizia: “O curso dará uma visão da prosa ficcional
angolana do século XX privilegiando pela intertextualidade, a tensão entre a tradição e a
transformação, marcas expressivas daqueles textos. Tal tensão será buscada, de um
lado, no nível imagético, sobretudo pelo recorte das figuras de velhos e crianças,
obsessivamente reiteradas no tecido textual. De outro, ela será perquirida no nível da
produção discursiva que, hibrida, cria um entrelugar onde se entrelaçam procedimentos
estéticos da oralidade e da escrita.” Constava uma pequena lista bibliográfica: 25HBALOGUN, O. et al. Introdução a cultura africana; 29H- BORNHEIM, G. et al.
143
Tradição/contradição; 37H- ERVEDOSA, C. Roteiro da literatura angolana; 39HFANON, F. Os condenados da terra, cujo teor não coincidia com o da UFC.
No currículo atual, as Literaturas de Expressão Africana passam a ter uma
disciplina obrigatória, denominada “Literatura e Construção da Nacionalidade”
apresentada na tabela XIV.
Ampla, ideológica, histórica, esta disciplina firmemente ancorada no campo de
Literatura Portuguesa parece propor uma leitura das Literaturas africanas a partir da
colonização portuguesa. Sua ementa propõe: “Literatura e construção da nacionalidade
africana. O projeto estético e ideológico das Literaturas Africanas e a questão da busca e
desejo de reconstrução de uma identidade nacional” (Tabela XIV) e seu conteúdo
programático complementa:
Os conceitos operativos (alteridade cultural e identidade nacional; nação,
nacionalidade e literatura nacional); condições de produção do discurso africano
(Portugal em África: notícias históricas; As afirmaçoes nacionais); Emergência das
literaturas africanas de Lingua Portuguesa (O séc. XIX: um discurso africano (?); a
literatura de língua portuguesa de Angola, de Moçambique, de Cabo Verde, de S.
Tomé e Príncipe, de Guiné-Bissau. (Tabela XIV)
Note-se que o conteúdo da disciplina da UFF, assim como sua ementa, tentam
propor a Literatura africana a partir da constituição de um discurso “africano”, de
Língua Portuguesa, especialmente em Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e Guiné Bissau, mas ressalta-se ainda a presença de “Portugal em África” e o
processo das “afirmações nacionais” africanas frente ao domínio português.
A bibliografia desta disciplina na UFF traz: 4H- FERREIRA, M. Literatura
africana de expressão portuguesa., 8H-MARGARIDO, A. Estudos sobre literaturas
das nações africanas de Língua Portuguesa, 13H- SANTILLI, M. A. Africanidade.,
21H- ABDALA, B. Literatura, historia e política: literaturas de língua portuguesa no
século XX, 48H- LARANJEIRA, J.L.P. Literaturas africanas de expressão portuguesa,
58H- TRIGO, S. Ensaios de Literatura comparada afro-luso-brasileira. E trazem como
obras comuns aos dois programas (UFF-UFC) as seguintes obras: 4H- FERREIRA, M.
Literatura africana de expressão portuguesa., 8H-MARGARIDO, A. Estudos sobre
literaturas das nações africanas de Língua Portuguesa, 13H-SANTILLI, M. A.
Africanidade.
Além desta, existem dois outros programas aplicados em 1996 (A) e sem data de
aplicação (B), cuja bibliografia, bem mais ampla, consta de: (A) - 4 e 5H- FERREIRA,
M. Literatura africana de expressão portuguesa e 50 poetas africanos: Angola,
144
Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, 8H-MARGARIDO, A.
Estudos sobre literaturas das nações africanas de Língua Portuguesa, 14HSANTILLI, M. A. Estórias qfricanas, 19H- TRIGO, S. Introdução à literatura
angolana de expressão portuguesa. 21H- ABDALA, B. Literatura, historia e política:
literaturas de língua portuguesa no século XX, 22H- ACTES du colloque international:
Lês littératures africaines de langue portugaise: a la recherche de l’identité individuelle
et nationale; 23H- ANAIS do I Encontro de professores de literaturas africanas de
língua portuguesa: Repensando a africanidade; 27H- BENJAMIN, W. Obras
escolhidas(O narrador [consideraçoes sobre a obra de Nicolai Leskov]); 28H- BERND,
Z. O que é negritude; 30H- BOSI, A. O ser e o tempo(capitulo: Poesia resistência);
31H- BOSI, A. Historia concisa da literatura brasileira; 34H- CANDIDO, A. A
educação pela noite e outros ensaios (Literatura e subdesenvolvimento), 35HCHAVES, R.de C. N. “A ficção angolana dos anos 60: imagens da voz coletiva” ; 36HCORTEZ, M. de L. “José Craveirinha; rumor de fundo em Karingana ua Karingana”;
43H- GOMES, S. C. Uma recuperação de raiz: Cabo Verde na obra de Daniel Filipe;
45H- HOBSBAWN, E. A era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991;46HLARANJEIRA, J.L. P. “Luandino Vieira: apresentação da vida verdadeira”; 48HLARANJEIRA, J.L.P. Literaturas africanas de expressão portuguesa, 50HLUGARINHO, M. C. Entre lira e tambor: Mnemosyne e a poesia angolana; 53HPADILHA, L. C. “A vez e a voz da margem”; 54H- PADILHA, L.C. “O arco tenso de
uma literatura”; 55H- PADILHA, L.C. Entre Voz e Letra: o lugar da ancestralidade na
ficção angolano do séc. XX.; 58H- TRIGO, S. Ensaios de Literatura comparada afroluso-brasileira e (B) - 1H- ANDRADE, C. Literatura angolana (opiniões); 2HANDRADE, M. de. Antologia temática de poesia africana:- Na noite grávida de
punhais; 4 e 5H- FERREIRA, M. Literatura africana de expressão portuguesa e 50
poetas africanos: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, 8H-MARGARIDO, A. Estudos sobre literaturas das nações africanas de
Língua Portuguesa, 13H- SANTILLI, M. A. Africanidade, 21H- ABDALA, B.
Literatura, historia e política: literaturas de língua portuguesa no século XX, 24HANDERSON, B. Nação e consciência nacional, 26H- BARBOSA, R. A. No ritmo dos
tantãs: antologia poética dos paises africanos de língua portuguesa: Angola, Cabo
Verde, Guine-Bissau, Moçambique, São Tome e Príncipe; 32H- BROOKSHAW, D.
“Da oralidade a literatura e da literatura a oralidade”; 33H- CANDIDO, A. Literatura e
sociedade: estudos de teoria e historia; 37H- ERVEDOSA, C. Roteiro da literatura
145
angolana; 38H- FANON, F. Pele negra, máscaras brancas; 40H- FERREIRA, M. No
reino de Caliban: antologia panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa;
41H- FINLEY, M. Uso y abuso de la historia; 42H- FREUDENTHAL, A. et al.
Antologia de poesia da CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO; 43H- GOMES, S. C.
Uma recuperação de raiz: Cabo Verde na obra de Daniel Filipe; 44H- HALBWACHS,
M. A memória coletiva; 47H- LARANJEIRA, J.L.P. De letra em riste: identidade,
autonomia e outras questões na literatura de Angola, Cabo Verde, Moçambique, São
Tome e Príncipe; 49H- LEPECKI, M. L. Sobreimpressoes: estudos de literatura
portuguesa e africana; 50H- LUGARINHO, M. C. Entre lira e tambor: Mnemosyne e a
poesia angolana; 51H- MEMMI, A. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do
colonizador; 52H- MOURALIS, B. As contraliteraturas; 55H- PADILHA, L.C. Entre
Voz e Letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolano do séc. XX.; 56H- SAID, E.
W. Cultura e imperialismo; 57H- TINHORÃO, J. R. Os negros em Portugal: uma
presença silenciosa; 58H- TRIGO, S. Ensaios de Literatura comparada afro-lusobrasileira, com coincidência com a UFC em : (A) - 4 e 5H- FERREIRA, M. Literatura
africana de expressão portuguesa e 50 poetas africanos: Angola, Moçambique, GuinéBissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, 8H-MARGARIDO, A. Estudos sobre
literaturas das nações africanas de Língua Portuguesa, 14H- SANTILLI, M. A.
Estórias qfricanas, 19H- TRIGO, S. Introdução à literatura angolana de expressão
portuguesa; e (B) - 1H- ANDRADE, C. Literatura angolana (opiniões); 2HANDRADE, M. de. Antologia temática de poesia africana 1 - Na noite grávida de
punhais; 4 e 5H- FERREIRA, M. Literatura africana de expressão portuguesa e 50
poetas africanos: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, 8H-MARGARIDO, A. Estudos sobre literaturas das nações africanas de
Língua Portuguesa, 13H- SANTILLI, M. A. Africanidade.
Além desta disciplina obrigatória, existem algumas optativas, como por
exemplo, A Poesia de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe cuja ementa
diz: “A Poesia de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Busca da
alteridade africana nas manifestações poéticas de Cabo Verde, Guiné- Bissau e São
Tomé e Príncipe: a tensão entre a literatura e a história” e a bibliografia consta de: 4HFERREIRA, M. Literatura africana de expressão portuguesa; 8H-MARGARIDO, A.
Estudos sobre literaturas das nações africanas de Língua Portuguesa; 13HSANTILLI, M. A. Africanidade; 21H- ABDALA, B. Literatura, historia e política:
literaturas de língua portuguesa no século XX, 40H- FERREIRA, M. No reino de
146
Caliban: antologia panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa; 48HLARANJEIRA, J.L.P. Literaturas africanas de expressão portuguesa.
4.3.5 – A Literatura Infantil e a Prática de Ensino e m Literatura
Em função da Lei 9394/96 no que tange à formação docente, artigo 65 cuja
redação é: “A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de
ensino de, no mínimo, trezentas horas”, criou-se, em nosso curso de Letras, em 1998,
uma nova grade. Disciplinas, como o ensino de Literatura Infanto-juvenil e outras como
Lingüística II, deixaram de existir para dar lugar a diversas práticas de ensino que
atendessem a letra da Lei sem que o aluno, tivesse sua carga horária aumentada e se
sentisse prejudicado por esse motivo. Na área de Literatura, optou-se por tornar a
Literatura Infanto-Juvenil parte integrante do módulo teórico do programa da disciplina
de Prática de Ensino em Literatura, espremendo-a ali, em menos de 30 horas/aula e ,
conseqüentemente, extinguíndo-a da nova grade. Com isso avançamos num quesito que
se fazia necessário – discutir o ensino de Literatura no âmbito do curso – sem abrirmos
mão de estarmos no centro dela, ou melhor, sem torná-la infrutífera, em função de
barreiras político- ideológicas e departamentais.
Na UFF, não pudemos deixar de notar uma tentativa de operar nesse mesmo
sentido, num período anterior ao ocorrido na UFRR. Trata-se da presença, entre os
programas das Teorias da Literatura, de uma disciplina de Teoria totalmente voltada
para o ensino de Literatura. Podemos supor que esta tivesse sido uma proposta no
sentido de evitar que, a exemplo do que ocorre hoje, questões pertinentes ao ensino e à
discussão sobre as formas de ensinar a Literatura tivessem seu domínio transferido para
a área de pedagogia, como as disciplinas ditas pedagógicas, que não podem ser
ministradas pelos departamentos que compõem o curso de Letras.
Em compensação, em nossos dias, ensina-se na área de Teoria a “pensar” e
conceber teorias sobre e da Literatura. Esta é, pensamos nós, uma conseqüência direta
da discussão ocorrida na década de 80 a propósito do ensino de Literatura. Alguns
autores, como José Luis Jobim e Ligia Chiappini Moraes Leite, entre outros, concluíam
147
que o ensino de Teoria não deveria passar pelo adestramento, nessa, ou naquela
metodologia crítica em voga, mas na reflexão sobre como trabalhar as teorias e a partir
delas propor uma teorização mais pertinente para o texto literário com o qual se
estive sse trabalhando.
Não há como fazer-se uma comparação direta entre o conteúdo de Literatura
Infanto-Juvenil nas grades antigas e a Prática de Ensino em Literatura (ambas na tabela
XV). O que se pode é, quando muito, fazer determinadas ilações quanto a possíveis
questões semelhantes entre ambas.
O pensamento consensual, na época da transformação de uma disciplina em
outra, foi o de que a Literatura Infanto-Juvenil era a disciplina mais próxima da Prática
de Ensino que as outras. E tal fato talvez não fosse inverídico, haja vista que sua
metodologia propunha então: “aulas expositivas, encenações, trabalhos em grupo,
seminários e oficinas”, e mais: “A poesia na Literatura Infantil, A ficção, O teatro, A
Literatura Infantil e a arte, O texto de Literatura e os personagens, as histórias em
quadrinhos, traduções e adaptações”.
Tratava-se de uma disciplina (a Literatura Infanto-Juvenil – tabela XV) cujo
conteúdo era menos engessado, por teóricos e propostas metodológicas ou pela
gravidade do protocolo acadêmico. Era a disciplina mais próxima dos alunos e também,
no dizer de muitos a mais divertida. Tão divertida que a maioria não a levava muito a
sério. Por isso talvez tenha sido a “sacrificada”, ou talvez por ser a que mais se
aproximava da realidade de nossos alunos, tenha sido ela a vítima. O fato é que embora
o título carregasse a idéia de uma Literatura Infantil e outra Juvenil, só havia espaço
para a Infantil.
Dos itens bibliográficos que constavam inicialmente da disciplina de Literatura
Infantil, nenhum foi absorvido pela Prática de Ensino.
A Prática de Ensino em Literatura, apesar de ser uma disciplina de “aplicação de
conteúdo” em sala de aula (ou seja, uma disciplina “prática” – estágio) uma extensiva
quantidade de textos teóricos em sua bibliografia que supostamente, só poderiam ser
trabalhados no “módulo teórico” da disciplina (30 horas/aula das 90h/aulas existentes).
Provavelmente este fato não tenha passado desapercebido daqueles que a propuseram (e
que prova velmente preferiam que ela fosse mais teórica), mas, na tentativa de atender as
às exigências da LDB 9394/96 e as necessidades do curso em termos de carga horária
apenas puderam dispor deste tempo. Não é portanto, uma bibliografia que possa ser
148
trabalhada em apenas 30h/aula. Trata-se mais de uma sugestão de leitura,
provavelmente trate da pesquisa de algum dos professores do DLV.
Tabela XV: Disciplinas – Literatura Infanto-Juvenil e Prática de Ensino e m
Literatura - UFRR
Vigência (1990 – 1994)
(1995 – 1999)
(2000 – 2003)
Ementa Estudo da Literatura Infantil em Idem (embora não Aplicação dos procedimentos técnico-
Bibliogr.
literária
*
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
todas as suas manifestações e de
suas relações com a literat.
universal e as demais artes
(1993.2)
Nenhuma: o conteúdo literário,
provavelmente, será extraído dos
textos “teóricos”, ou sugerido
pelos professores.
3, 5, 6, 11, 14, 21, 23.
haja um programa pedagógicos do ensino da literatura no
desta época para ensino fundamental e/ou médio. (Prática
comprovar)
de Ensino em Literatura)
idem
idem
Dez itens: História da Literatura idem
Infantil, funções da Literatura
Infantil, a Literatura Infantil no
Brasil, A poesia na Literatura
Infantil, A ficção, O teatro, A
literatura Infantil e a arte, O texto
de Literatura e os personagens, as
histórias
em
quadrinhos,
traduções
e
adaptações.
Metodologia: aulas expositivas,
encenações, trabalhos em grupo,
seminários e oficinas.
Aplicabil Desenvolver no discente a idem
idade/obj capacidade de apreciar, avaliar e
discernir o texto da literatura
etivo
Nenhuma
1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15,
16, 18, 20, 21, 22, 23, 30, 31, 32, 33, 34,
35, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 47, 50, 52,
54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 63, 65, 66,
68, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80,
81, 83, 85, 88, 89, 90, 92, 96.
90h/a sendo 60h/a prát. e 30h/a teóricas
Parte teórica: 1.1) literat.: o papel da
literat. e do texto literário enquanto objetos
de estudo; 1.2) literat. e intertexto: formas
de educação para a literat.; 1.3) Literat.
Infantil e Infanto-Juvenil; 1.4) O lúdico no
ensino de literat. (dramatização); 1.5)
literat.
de
expressão
portuguesa
(periodicidade, estilos e transgressões);
1.6) Processo evolutivos: mitos e
revoluções: o canônico e o não canônico
em literat.; (técnicas de exploração visual e
a chamada sub literatura (gibis, fanzines,
etc...)
Parte II: prática (projeto, assistência,
regência em sala de aula/estágio, relatório)
Não consta
infantil no contexto da Literatura
Universal e da Literatura
Brasileira;
Desenvolver
no
discente
a
capacidade
de
reconhecer a importância da
literatura no processo de ensinoaprendizagem.
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa. A numeração dos
programas de literatura infanto-juvenil pertencem a um bloco (B) e a do programa de
prática de ensino, a outro grupo, o de Ensino de Literatura (C).
149
CAPÍTULO V - DIFERENÇAS E IGUALDADES
“(...) a obra literária é um
objeto social. Para que ela
exista, é preciso que alguém
a escreva e que outro alguém
a leia. Ela só existe enquanto
obra
neste
intercâmbio
social”.
Marisa Lajolo – O que é
Literatura?
Com o intuito de evitar dispersões desnecessárias, tomamos como eixo-base da
comparação o currículo de letras da Universidade Federal de Roraima. Não queremos
com isso indicar que ela – justamente, das implicadas no processo de comparação, a
última a ter surgido – seja nosso “fiel da balança”. Na verdade, se tivéssemos que optar
por uma leitura hierarquizante entre as instituições, os critérios para tanto seriam
pautados pelo tamanho, pela produção intelectual, pela tradição no ensino e pela
antiguidade institucional. A UFF, decerto a maior das três, em que o trabalho buscou
raízes mais profundas, e a mais produtiva em termos intelectuais, viria em primeiro
lugar, ficando a UFC, como precursora da UFRR e sua “matriz”, entre ambas.
Como o modelo a ser analisado com mais vagar, tende a ser o da UFRR, todas as
tabelas, a seguir, virão centralizadas nas disciplinas que lá existem/ existiram, ficando as
demais disciplinas, que não encontrem equivalência neste modelo (apesar de mais
significativas, em termos de importância, para um suposto cenário nacional do ensino
150
de Literatura), relegadas a um subitem deste capítulo (o 5.5 – Questões específicas e
outras disciplinas do campo literário) onde serão discutidas mais apropriadamente.
Cada um dos itens abaixo será subdividido em duas tabelas: a primeira será a
que discute o currículo antigo, até 1999, e a segunda o “atual”, ou o que se aproxima de
2000 (até 2003). Estão previstos ao todo cinco subitens, sendo o primeiro sobre
Literatura Brasileira, o segundo sobre Literatura Portuguesa, o terceiro sobre Teoria da
Literatura, o quarto sobre Ensino de Literatura e o quinto e último, a que já nos
referimos acima: “questões específicas e outras disciplinas do campo literário”, no qual
trabalharemos aquelas disciplinas que não existem na UFRR, mas que consideramos
importantes nesta tese, por refletirem determinadas práticas que, ou gostaríamos de ver
implantadas na UFRR, ou nos dão pistas de como funciona o ensino de Literatura nestas
Universidades.
5.1 - A Literatura Brasileira
Nos currículos antigos havia seis disciplinas de Literatura Brasileira na Grade do
curso de Letras da UFF para todas as habilitações referentes à licenciatura; enquanto na
UFRR (a partir de sua fundação em 1990) e na UFC, havia três sendo que a Literatura
Brasileira III era de cunho Regional. Em 1993 na UFC este número é ampliado pra
quatro. Para cada disciplina de Literatura Brasileira ministrada na UFRR, em seus
primórdios, houve duas literaturas Brasileiras na UFF (sendo que para a UFC, a partir
de 1993, o índice resultará em torno de 1,5 por Literatura Brasileira a ser ministrada na
UFRR em quantidade de horas/aula). Se considerarmos que a UFF só modificou sua
grade em 1995 (assim como a UFRR o fez parcialmente nesta mesma época), e que a
UFC alterou as suas em 1993, veremos que desde o surgimento da UFRR em 1990, por
cinco anos, pelo menos (no caso de uma comparação direta com a grade da UFF), esta
realidade se manteve.
No fluxograma do curso de Letras da UFF antigo havia seis disciplinas de
Literatura Brasileira obrigatórias. Pelo critério de equivalência com a UFRR que
escolhemos utilizar, a antiga Literatura Brasileira I da UFF (tabela XVI), de apenas
30h/aula, foi comparada, em função de seu conteúdo, com as disciplinas de Literatura
Brasileira I da UFRR e da UFC (tabela XVI). A disciplina de Literatura Brasileira II da
UFF (30h/aula) e de Literatura Brasileira III (60h/aula), ambas constantes da tabela
XVIII, correspondem, também em função de seus conteúdos, à antiga disciplina de
151
Literatura Brasileira II da UFC e da UFRR. À disciplina de Literatura Brasileira III da
UFRR, correspondem (em função de seu conteúdo) às disciplinas de Literatura
Brasileira IV, V e VI da UFF (tabela XX), perfazendo um total de 180h/aula.
A
Literatura Brasileira III da UFC, por se tratar de conteúdo regionalista, não
corresponderá nem às da UFF nem às da UFRR.
Na reformulação curricular cada instituição agiu de modo diverso. A UFRR
manteve suas três disciplinas com o mesmo numero de horas/aula; a UFC ampliou a
quantidade de três para quatro, mas obteve um ganho real de 120 horas/aula por ter
transferido o conteúdo de sua antiga Literatura Brasileira III e ampliado sua abrangência
para mais uma disciplina; e a UFF minguou, passando de seis disciplinas para quatro.
Talvez a redução do número de cadeiras dedicadas à Literatura Brasileira na UFF dê
testemunho da perda de prestígio por parte da Literatura nos currículos de Letras; ou
talvez seja apenas uma questão de racionalização do currículo ; pode ser, no entanto que
isso implique na falta de professores da qual todas as IFES foram vítimas durante o
Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na tabela XVI fazemos uma comparação entre os programas antigos das
disciplinas de Literatura Brasileira que, pela sua posição na grade do curso de Letras a
que pertencem, equivaleriam a Literatura Brasileira I da UFRR. Nesta e nas demais
tabelas a seguir, nem sempre será possível uma equivalência eqüitativa de conteúdo e
disciplinas, em função do número destas últimas variar de acordo com o curso.
Tanto a UFRR, quanto a UFC, quanto a UFF, devem à herança do “currículo
mínimo” algumas das características de que são formadas. Como vimos no capítulo IV
desta tese, a UFRR trabalha quase que exclusivamente com esta matriz. Na tabela XVI,
poderemos verificar o quanto diferem, entre si, as disciplinas que atendem pelo nome de
Literatura Brasileira (geralmente I) que ocupam o lugar de primeira disciplina deste
campo a ser oferecida para os alunos da graduação em Letras (tanto as licenciaturas
duplas, quanto a simples)
Na tabela XVI, não parece haver semelhança nenhuma entre o programa antigo
da UFC, da UFF e o da UFRR, embora se trate de uma ementa que se baseia no estudo
historiográfico “linear”, ou “horizontal” da Literatura Brasileira, há uma diferença
fundament al na duração destes cursos, pois o da UFRR iria somente até o Romantismo,
o da UFC até o Realismo-Parnasianismo e o da UFF até o Arcadismo.
152
Tabela XVI: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira I
(programas antigos)
IES
Vigência/
C.H.
Ementa
UFRR (1990 -1999)
Antiga (1993.2)
60
UFC (1980-1993)
Antigo
60
Estudo da Liter. Brasil., de
suas origens até o Romant.,
com ênfase nos autores mais
represent.
das
diversas
escolas.
Nenhuma (apenas uma
antologia de poesia)
Estudo horizontal, extensivo, da
literatura brasileira das origens ao
realismo -parnasianismo
Bibliogra
fia
crítica *
17, 45, 63, 65, 67, 77, 169,
173, 175, 215, 244.
5, 45, 72, 81, 83, 135, 136, 173, 189,
191
inha de
estudos
proposta
Historiográfica, canônica,
com reconhecimento de
características de época.;
Quatro
itens
divididos
respectivamente
em:
Literatura de Informação,
Barroco,
Arcadismo
e
Romantismo.
Aplicabil
idade/obj
etivo
Capacitar
o
aluno
a
compreender os diversos
movimentos
literários
nascidos a partir do século
XVI, através da análise dos
fatores que os determinaram
e suas influências para os
movimentos subseqüentes.
(reconhecer características
através da análise de textos
dos
autores
mais
representativos)
18 itens: origens da Literat. Brasil.;
papel e obra dos Jesuítas; Barroco e
Neoclassicismo; poetas estrangeiros ao
nosso classicismo; escola mineira;
origens do romantismo; as gerações
românticas; poetas e prosadores
estrang. em nosso romantismo;
conceito de romantismo; origens do
realismo; prosadores estrang. no nosso
realismo; conc. de realismo; realismo e
naturalismo; prosadores estrang. em
nosso
naturalismo;
origens
do
parnasianismo; poetas estrang. em
nosso parnasianismo; conceito de
parnasianismo; contexto de obras de
autores representativos como G. de
Matos, T.A. Gonzaga, J. de Alencar,
M. de Assis, A. de Azevedo e O. Bilac
Não consta
Bibl.
Lit.*
Não consta
UFF (1970-1995)
Antigo (1992.1)
30
Não consta (Literatura Brasileira da
Época colonial)
J. Anchieta: 289,290,291,292,293,294;
G. Matos: 413, 414, 415; A. Vieira:
473, 474, 475, 476; J.B.Gama: 368,
369, 370; T.A.Gonzaga: 360, 375, 376,
377, 378, 379, 380, 381, 398.
15(A Arcádia e a inconfidência
mineira), 60, 63, 65, 72, 116, 295, 296,
297, 298, 310, 311, 315, 316, 317, 324,
330, 345, 347, 349, 350, 352, 361, 364,
365, 373 (T.A.G. e o tempo; A poesia
de Basílio da Gama), 374, 385, 387,
392, 398, 401, 406, 409, 416, 419,
425,429, 435, 436, 439, 448, 452, 456,
459, 469,472, 477,
4 itens subdivididos: O século XVI:
colonos,
missionários,
viajantes
(Literatura informativa dos cronistas
portugueses, literatura informativa dos
jesuítas, literatura informativa dos
cronistas estrangeiros); A época
barroca (poesia e prosa); transição
Barroco/Arcadismo;
Arcádia
e
ilustração.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
153
Se há ou não a adoção de um mesmo modelo canônico através do cânone
disciplinar entre UFRR, UFC e UFF, fica difícil determinar, apenas se pode, em termos
de comparação bibliográfica, dizer que poucos são os textos em comum de uma para
outra instituição de ensino. São eles: 45E – BOSI, Alfredo. História Concisa da
Literatura Brasileira. e 173E – MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos
Textos entre UFRR e UFC.
Entre UFF e UFRR, se repetem os textos 63E –
CÂNDIDO, A. Vários escritos e 65E – CÂNDIDO, A. Formação da Literatura
Brasileira: momentos decisivos. Entre UFC e UFF apenas o texto 72E CASTELLO, J.
Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial. se repete.
Embora nos programas da UFC e da UFRR não haja uma bibliografia literária,
no da UFF há textos literários elencados, contrariando uma tendência que havíamos
constatado em programas mais recentes 57 .
Tanto o modelo da UFF, quanto o da UFC e o da UFRR (na tabela XVI) têm um
perfil historiográfico, embora sua abrangência não seja a mesma e sua bibliografia
aponte maior ou menor especificidade de acordo com o conteúdo abordado. No caso da
UFC temos o conteúdo mais extenso dos três, conforme aponta sua ementa: “Estudo
horizontal, extensivo, da literatura brasileira das origens ao realismo-parnasianismo”
(tabela XVI). Embora a diferença na quantidade de textos teóricos entre a UFC e a
UFRR seja mínima (apenas um texto a mais para a UFRR - 11), nesta última há menos
um tópico a ser discutido nas 60h/aula de seu programa. A ementa da UFRR contempla
“Estudo da Literatura Brasileira, de suas origens até o Romantismo, com ênfase nos
autores mais representativos das diversas escolas.” Não há, como na UFC, RealismoParnasianismo a ser abordado na UFRR, fato que permitiria, em relação ao programa da
UFC, um acréscimo bibliográfico e a possibilidade de uma discussão mais específica
sobre os textos literários, o que justificaria a presença de uma Antologia (17E) entre os
elencados na bibliografia da Literatura Brasileira I da UFRR. Por outro lado a
diminuição ainda maior na “extensão horizontal” e “histórica” no programa da UFF
indicará (seguindo esta tendência que apontamos de que, quanto menos conteúdo
histórico e panorâmico, maior a possibilidade de se lidar diretamente com o texto
literário) a possibilidade de um maior trabalho com os textos literários, fato que poderia
57
Os programas mais recentes da UFF foram analisados antes em função do Departamento não ter podido
entregar os programas antigos (arquivo morto) antes, conforme assinalamos em nossa Metodologia.
Enquanto havíamos apenas analisados os programas atuais da UFF com as outras Universidades, notamos
haver uma tendência generalizada à ausência de bibliografia literária, entre os cursos de Letras das três
IFES implicadas, nos programas atuais.
154
explicar a grande quantidade de obras literárias existentes em sua bibliografia (tabela
XVI). A ementa da UFF, embora não conste do programa, parece ser apenas o estudo da
Literatura Brasileira do Período Colonial.
Enquanto as bibliografias de UFRR e UFC apontam para a historiografia de
movimentos e períodos literários de modo geral, reunindo autores cuja tônica é o
comentário leve sobre autor e obra – (UFRR) 17E- Antologia de Poesia Brasileira –
Romantismo, 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 63ECÂNDIDO, Antônio. Vários Escritos, 65E- CÂNDIDO, Antônio. Formação da
Literatura Brasileira: momentos decisivos, 67E- CÂNDIDO, Antônio. Na Sala de Aula,
77E– CITELLI, Adilson – Romantismo, 169E– MERQUIOR, José Guilherme. Anchieta
a Euclides. Breve História da Literatura Brasileira, 173E– MOISÉS, Massaud. A
Literatura Brasileira Através dos Textos, 175E– MOISÉS, Massaud. História da
Literatura Brasileira, 215E– ROMERO, Silvio. História da Literatura Brasileira,
244E– SODRÉ, Nélson Werneck. História da Literatura Brasileira. Seus Fundamentos
Econômicos. (e UFC) 5E– AMORA, Antônio Soares. O Romantismo, 45E– BOSI,
Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira, 72E– CASTELLO, J. Aderaldo.
Manifestações literárias do período colonial, 81E– COUTINHO, Afrânio. Introdução à
Literatura no Brasil, 83E– COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil., 135E–
LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à Literatura Brasileira, 136E– LIMA, Alceu
Amoroso. Quadro sintético da Literatura Brasileira, 173E– MOISÉS, Massaud. A
Literatura Brasileira Através dos Textos, 189E– PACHECO, João. O Realismo, 191E–
PAES, José Paulo & MASSAUD, Moisés. Pequeno dicionário da Literatura Brasileira.
– na UFF a proposta era de um trabalho mais voltado para autores e obras, que embora
não superassem a barreira histórica (nem seria de se esperar tal fato), ficavam mais
enfocados por uma bibliografia específica: 15E – ANDRADE, Oswald. Do Pau Brasil à
Antropofagia e às Utopias, 60E – CAMPOS, Haroldo. O seqüestro do barroco na
formação da literatura brasileira, 63E – CÂNDIDO, Antônio. Vários Escritos, 65E –
CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos, 72E –
CASTELLO, J. Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial, 116E –
HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho; Gregório de Matos e a Bahia do século
XVII, 295E – ANCHIETA, S.J., J. Teatro de Anchieta, 296E – ANCHIETA, S.J., J.
Lírica portuguesa e tupi, 297E – ANCHIETA, S.J., J. Lírica espanhola,, 298E –
ANCHIETA, S.J., J. Cartas. (Correspondência ativa e passiva), 310E – ARARIPE
JÚNIOR. Gregório de Matos, 311E – AUTOS DE DEVASSA DA INCONFIDÊNCIA
155
MINEIRA, 315E – AZEVEDO, J. L. de. História de Antônio Vieira, 316E –
AZEVEDO FILHO, L. A. Anchieta, a idade média e o barroco, 317E – AZEVEDO
FILHO, L. A ; ELIA, S. As poesias de Anchieta em português, 324E – BESSELAAR, J.
van den. Antônio Vieira: o homem, a obra, as idéias, 330E – BRAGA, T. Filinto Elysio
e os dissidentes da Arcádia, 345E – CANTEL, R. Prophétisme et messianisme dans
l’oeuvre de’Antonio Vieira, 347E –
CAXA, Q. Vida e morte do padre José de
Anchieta, 349E – CHAVES, V. P. O Uraguay e a fundação da literatura brasileira,
350E – CIDADE, H. Padre Antônio Vieira. A obra e o homem, 352E – CRISTÓVÃO,
F. Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga ou a poesia como imitação e pintura,
361E – FERREIRA, D. G. Cartas chilenas: retratos de uma época, 364E – FRECHES,
C.-H. Uruguai, oeuvre classique et pré-romantique, 365E – FRIEIRO, E. O diabo na
livraria do cônego, 373E – GOMES, E. Visões e revisões, 374E – GOMES, J. C. T.
Gregório de Matos, o boca de brasa, 385E – HELENA, L. A tradição antropofágica:
Gregório de Matos, 387E – HESSEL, L.; RAEDERS, G. O teatro jesuítico no Brasil,
392E – KAULEN, P. L. Refutação das calumnias contra os jesuítas contidas no poema
Uruguai de José Basílio da Gama, 398E – LAPA, M. R. As cartas chilenas: um
problema histórico e filológico, 401E – LEITE, S.J., S. História da companhia de
Jesus no Brasil, 406E – LIMA, J. de. Anchieta, 409E – LINS, I. Aspectos do padre
Antônio Vieira, 416E – MAXWELL, K. A devassa da devassa. A Inconfidência
Mineira: Brasil-Portugal, 1750-1808, 419E – MILLARES CARLO, A. Anchieta (José
de), 425E – NUNES, A. M. Tem papagaio no pombal: leitura d’O Uraguai, 429E –
OLIVEIRA, T. J.B. de. Cartas chilenas: fontes textuais, 435E –
PEIXOTO, A.;
ALVES, C. Vieira brasileiro, 436E – PEREIRA, P. R. D. A festa nas Cartas Chilenas
de Gonzaga: sátira do Brasil setecentista?, 439E – PONTES, J. Teatro de Anchieta,
448E – RODRIGUES, P. Vida do Padre José de Anchieta da Companhia de Jesus,
452E – SALLES, F. T. de. Poesia e protesto em Gregório de Matos, 456E –
SARAIVA, A. J. O discurso engenhoso, 459E – SÉRGIO, A. Salada de conjecturas a
propósito de dois jesuítas, 469E – TEIXEIRA, M de L. Gregório de Matos: estudo e
antologia, 472E – VASCONCELOS, S. de. Vida do venerável padre José de Anchieta,
477E – VIOTTI, S.J. Pe. H. A. Anchieta: o apóstolo do Brasil. Dos textos elencados
pela UFF para esta disciplina de Literatura Brasileira I (tabela XVI), apenas o 65E pode
ser considerado como historiográfico de “grande” porte (ou representantes da grande
narrativa historiográfica), os demais, como : 60E, 72E e 116E, embora também
historiográficos, podem ser considerados como mais episódicos.
156
Dos textos do cânone disciplinar colocados na bibliografia crítica da UFF (tabela
XVI), são dedicados quase que exclusivamente ao estudo: – de José de Anchieta os
seguintes textos: 295E, 296E, 297E, 298E, 316E, 317E, 347E, 387E, 406E, 419E, 439E,
448E, 472E, 477E; de Gregório de Matos Guerra: 60E, 116E, 310E, 365E, 374E, 385E,
452E, 469E; do Padre Antônio Vieira: 315E, 324E, 345E, 350E, 401E, 409E, 435E,
456E, 459E; de Basílio da Gama: 63E, 330E, 349E, 364E, 373E (A poesia de Basílio da
Gama), 392E, 425E; e de Tomás Antônio Gonzaga : 15E (A arcádia e a inconfidência
mineira), 65E , 72E, 311E, 352E, 361E, 365E, 373E (Tomás Antônio Gonzaga e o
tempo), 398E, 416E, 429E, 436E.
Dos textos elencados para o estudo de Anchieta, os de número: 295E, 296E,
297E, 298E, são edições críticas e comentadas de textos de Anchieta e tanto podem
figurar como literários, como podem figurar entre os críticos.
Os textos literários, escolhidos para figurar nesta bibliografia, contém quase
exclusivamente referências a Anchieta, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama,
Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos Guerra. São eles: 289E – ANCHIETA, S.J.,
J. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões, 290E – ANCHIETA, S.J., J.
De beata virgine (Poema da Virgem), 291E –ANCHIETA, S.J., J. Poesias,, 292E –
ANCHIETA, S.J., J. De gentis Mendi de Saa (Feitos de Mem de Sá), 293E –
ANCHIETA, S.J., J. Poesia, 294E – ANCHIETA, S.J., J. Poemas eucarísticos e outros.
(De eucaristia et allis: poemata varia), 360E- EULÁLIO, A. Os melhores poemas:
Tomás Antônio Gonzaga, 368E- GAMA, J.B. da. Obras poéticas, 369E- GAMA, J.B.
da. O Uraguai, 370E- GAMA, J.B. O Uraguai, 375E - GONZAGA, T. A. Marília de
Dirceu e mais poesias, 376E - GONZAGA, T. A. Cartas chilenas, 377E - GONZAGA,
T. A. Marília de Dirceu, 378E - GONZAGA, T. A. G. Obras completas, 379E GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu, 380E - GONZAGA, T. A. Antologia, 381EGONZAGA, T. A. Marilia de Dirceu , 413E- MATOS, G. de. Obras completas, 414EMATOS, G. de Poesias, 415E- MATOS, G. de. Poemas escolhidos, 473E- VIEIRA, A.
Obras escolhidas, 474E- VIEIRA, A. Cartas, 475E- VIEIRA, A. Sermões e Trechos
escolhidos, 476E- VIEIRA, A. Sermões.
Já nos programas atuais, das mesmas disciplinas (tabela XVII), há um número
maior de coincidências, que na tabela anterior.
157
Tabela XVII: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira I
(programas recentes)
IES
Período
C.H.
Ementa
UFRR
Atual
60
Estudo do processo de
formação
da
literatura
brasileira: em busca de uma
identidade.
UFC
Atual
60
Estudo
da
Literatura
Brasileira,
compreendendo
as origens, o
Barroco,
o
Neoclassicismo e
o Romantismo
Bibl.Lit.
*
Bibliogr
afia
crítica *
26, 37, 68, 79, 111, 258
Não consta
1, 8, 45, 47, 63, 65, 67, 68
(Dialética
da
Malandragem), 80, 81, 108,
126, 174, 175, 176, 224, 247
5, 45, 65, 68, 72,
73, 81, 83, 163,
169, 173, 175,
209, 215, 244,
260
Linha
de
estudos
propost
a
Quatro itens resumidos em:
1) Informação e nativismo;
2) Sátira: a construção da
identidade pelo avesso; 3)
Épica: da poesia ao romance
e; 4) Lirismo em três
momentos: do Barroco ao
Romantismo.
Capacitar
o
aluno
a
compreender os diversos
movimentos
literários
nascidos a partir do século
XVI, os fatores que os
determinaram
e
suas
influências nos movimentos
subseqüentes.
4 itens assim
resumidos:
origens; Barroco;
Neoclassicismo/
Arcadismo
e
Romantismo.
Aplicab
ilidade/
objetivo
UFF (Lit. Bras. XI)
Atual58
60
Estudo de textos literários representativos dos diversos
gêneros e estilos de época, bem como de textos críticos e
teóricos, nacionais e estrangeiros, sobre o assunto. Estudo de
textos literá rios e pára-literários do período Colonial,
refletindo sobre: 1. As relações entre literatura e dependência
cultural; 2. A formação do conceito de literatura brasileira
durante o período colonial; 3. A compreensão dos principais
gêneros e estilos de época em que textos lusobrasileiros do
período colonial, considerados fundamentais para a cultura
brasileira, se manifestam; 4. As perspectivas divergentes
acerca do estilo de época em que se inicia a literatura
brasileira: historicistas, como as de A. Candido e A. Pécora;
esteticistas, como as de H. de Campos e J. A. Hansen.
A critério de cada professor (de acordo com os autores
propostos no conteúdo do programa)
Barroco e Pré-Modernismo: 24, 47, 60, 65, 80, 81, 82, 116,
117 (“O conceito de Maneirismo”; “Renascença, Maneirismo
e Barroco”), 124, 126, 160 (“Gregório de Matos: mitos e
problemas), 192 (A arte de morrer segundo Vieira), 203, 207;
estudos teóricos sobre gêneros e estilos de época: 33, 36 (O
narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov), 50,
65, 67, 69, 81, 93, 107, 118 (A tragédia grega), 131, 142 (A
origem dos gêneeros), 199 (“Os gêneros literários” por Helena
Cunha e “Os estilos históricos na literatura ocidental” por
José Merquior) 225, 239 (Narrativa e romance), 248, 256 (A
origem dos gêneros)
3 itens assim resumidos: 1) Introdução de conceitos básicos
de Teoria da Literatura para o estudo de Literatura Brasileira;
2) estudo crítico da Literatura do período Colonial e do PréRomantismo (Gregório de Matos, Cláudio M. da Costa,
Tomás A. Gonzaga, Basílio da Gama , dentre outros); 3) Tal
estudo será sempre feito com base na articulação dos
conceitos teóricos com a prática de leitura de textos literários
representativos dos diversos gêneros e estilos.
1. Oferecer um repertório teórico, composto de conceitos
operacionais básicos para a le itura de textos literários (em
especial os conceitos de gêneros literários e de estilos de
época), para habilitar o aluno a ler e analisar criticamente
textos de Literatura Brasileira e a distinguir os diferentes
gêneros e estilos em que, dominantemente, se situam os textos
selecionados;
2. Levar o aluno a compreender o processo de formação da
Literatura Brasileira, do Colonial ao Pré-Romantismo, interrelacionando aspectos históricos, estéticos e culturais que
clarifiquem as tensões entre as matrizes metropolitanas lusas
da literatura e da cultura brasileiras em formação, enfatizando
a perspectiva diferencial com que para o Brasil se transportam
as matrizes européias.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
58
É bom lembrar que segundo os limites estabelecidos em nossa metodologia, quando nos referimos a
“atual” estamos nos referindo ao período que para UFF e UFC se encerra em 2002, e para UFRR, 2003.
158
O programa da UFF (tabela XVII) na sua descrição de objetivos adota um viés
mais voltado para a questão dos gêneros lírico, narrativo e épico, sendo menos
consistente nele a bibliografia referente a movimentos de época (embora conste
referência direta a este ítem). O segundo módulo de seu conteúdo versa, explicitamente,
sobre “compreender o processo de formação da Literatura Brasileira, do Colonial ao
Pré-Romantismo, inter-relacionando aspectos históricos, estéticos e culturais”.
Entre UFRR e UFC, no entanto, há alguma proximidade, não no que concerne à
ementa, mas no quesito conteúdo programático. Na UFRR, o conteúdo está explicitado
do seguinte modo: “1) Informação e nativismo; 2) Sátira: a construção da identidade
pelo avesso; 3) Épica: da poesia ao romance e; 4) Lirismo em três momentos: do
Barroco ao Romantismo ”.
Parece haver aí (tabela XVII) um “hibridismo” entre um programa
historiográfico e temático. No caso da UFC, o programa é de todos os três o mais
historiográfico e consta dos seguintes itens 59 :
“origens:
conceito de Literatura Brasileira, hipóteses sobre seu início,
periodização literária; Barroco: origens, ideologia contra-reformista,
características, Barroco no Brasil, Gregório de Matos, Botelho de Oliveira e
outros; Neoclassicismo/Arcadismo: origens, características, figuras
principais: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da
Gama e outros; Romantismo: origens, características, figuras principais:
Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Varela e Castro Alves(poesia), José de
Alencar, J.M. de Macedo, Manuel antônio de Almeida, Taunay e Bernardo
Guimarães (romance), e outros”. (tabela XVII)
Há, portanto, o que parece ser uma gradação entre os três, no sentido de estarem
mais ou menos implicados numa metodologia que aborde a Literatura, a partir de uma
periodização histórica. O da UFF é o que menos se presta a uma leitura linear da
Literatura, o da UFRR é o intermediário entre ambos, e o da UFC o mais fiel ao modelo
historicista, que é, de certo modo, o mesmo modelo encontrado nos programas antigos
da tabela XVI. No quesito ementas, a UFF é a que parece ser a mais abrangente (circula
entre textos de teóricos e historiadores da Literatura), enquanto a UFC mantém uma
tradição historicista e a UFRR parece se respaldar no livro A Formação da Literatura
Brasileira de Antônio Cândido para sua “busca de identidade”.
59
O conteúdo da disciplina, por uma questão espacial , nem sempre constará na íntegra da tabela,
podendo ser, caso necessário para efeito de comparação, transcrito como o fazemos neste momento.
Também será possível, em função da quantidade de programas disponível para a análise discutir outros
programas, ou partes destes, não incluídos anteriormente nas tabelas.
159
Se fizermos uma comparação direta entre a quantidade de textos que há em
comum entre as bibliografias, teremos 65E- CÂNDIDO, A. Formação da Literatura
Brasileira, 81E- COUTINHO, A. Introdução à Literatura no Brasil comuns à UFF,
UFRR, UFC; 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 68ECÂNDIDO, A.; CASTELLO, J.A. Presença da Literatura Brasileira, 175E- MOISÉS,
M. História da Literatura Brasileira comuns entre UFRR e UFC; 47E- BOSI, A.
Dialética da colonização, 67E- CÂNDIDO, A. Na sala de aula, 80E- COUTINHO, A.
A Literatura no Brasil, 126E- HOLANDA, S.B. Capítulos de Literatura Colonial
utilizados por UFRR e UFF; enquanto não há nenhum entre UFC e UFF, salvo os dois
acima (65E e 81E) que são comuns a todos os três programas da tabela XVII. Pode-se
inferir desta comparação que os programas da UFRR e da UFF têm mais semelhanças
bibliográficas (06 textos) que os programas da UFRR e da UFC (05 textos) e que UFC e
UFF são em tudo (exceto nos que são comuns às três) dessemelhantes deste ponto de
vista. Este fato pode apontar para uma tímida tentativa da UFRR no sentido de
transformar suas disciplinas em cursos menos historiográficos e mais temáticos a
exemplo do que ocorre com a UFF.
Por outro lado é sempre bom lembrar, que a ausência de bibliografia literária nos
programas de UFF e UFC, parece vir na “contra- mão” de um movimento em torno do
resgate do trabalho direto com o texto literário, frente à História da Literatura, ou os
“panoramas” da Literatura e antologias, nos quais se trabalha mais com o fragmento e
as características do que com o texto em si. Na tabela XVI (dos programas antigos de
Literatura Brasileira I) a UFF, apesar da pequena carga horária destinada à disciplina –
30h/aula – disponibilizava cerca de 25 textos (livros/capítulos/papers) literários, sem
contar com os textos literários em edição crítica.
Há ainda na UFF uma outra peculiaridade: entre os programas coletados há diversas
versões (com conteúdos e, por vezes, ementas diferenciadas) cujos códigos de
identificação da disciplina são os mesmos. No caso da Literatura Brasileira XI o
programa aplicado em 1995.2 60 , parece ser um conteúdo de transição entre o programa
antigo (tabela XVI) e o atual (tabela XVII), aparentemente mais próximo do que pede o
título da disciplina (Introdução à Literatura Brasileira) colocado no fluxograma. Sua
ementa “Através de diferentes abordagens metodológicas de textos da Literatura
60
Eventualmente nos referiremos a programas de disciplinas que não constam de nossas tabelas, com o
fim de ilustrar uma situação, ou apontar a diversidade existente. Isto ocorrerá mais amiúde com os
programas da UFF, uma vez que se trata da Instituição a que tivemos mais acesso em termos de
quantidade e variabilidade de programas, alguns dos quais ainda da década de 1970.
160
Brasileira, apresentação e discussão das questões referentes a periodização (estilos de
época) e gêneros literários” e bibliografia dão indícios, de um lado da “evolução” do
modo de pensar a Introdução à Literatura na UFF, de outro lado do decréscimo dos
textos Literários em favor dos teóricos na bibliografia, até sua versão mais atual (tabela
XVII). Este programa traz como bibliografia os seguintes textos literários: 302EANDRADE, M. Macunaíma, Poesias completas, O turista aprendiz, 363E- FONSECA, R. O
buraco na parede, 410E- LISPECTOR, C. A hora da estrela e 411E- LISPECTOR, C. Uma
aprendizagem ou o Livro dos Prazeres; e críticos: 60E- CAMPOS, H. O seqüestro do
barroco na formcação da literatura brasileira, 82E- COUTINHO, A. Do Barroco.
Ensaios, 112E- GOTLIB, N.B. Clarice. Uma vida que se conta, 116E- HANSEN, J.A.
A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII, 206E- QUEIROZ,
V.(org.) Feminino e Literatura, 218E- SÁ, O.A escritura de Clarice Lispector, 219ESÁ, O. Clarice Lispector: a travessia do oposto, 337E- CAMPOS, H. (org.). Sousândrade ,
362E- FIGUEIREDO, C. L. N. de. Lima Barreto e o fim do sonho republicano , 386EHELENA, L. (org.) Tomás Antônio Gonzaga, 393E- KHEDE, S. S. (org.). Claudio Manuel da
Costa , 444E- RESENDE, B. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos .
Na tabela (XVIII), referente à comparação entre Literatura Brasileira II da
UFRR e suas equivalentes Brasileira II da UFC e brasileiras II e III da UFF, a impressão
de distanciamento entre a UFRR e sua irmã nordestina só tende a aumentar, uma vez
que, o conteúdo bibliográfico de ambos os programas não coincide em nada, mesmo
quando são colocados no quadro da UFRR, os textos utilizados no meio da década de
1990. Também a distância em termos de abrangência de conteúdo continua a mesma,
tendendo a aumentar, cada vez mais, em função do fato da UFC ter, de suas quatro
disciplinas de Literatura Brasileira, apenas duas dedicadas à Literatura Brasileira no
geral, ficando a terceira voltada para a Literatura Regional. Este fator acaba fazendo
com que a distribuição do conteúdo, linear na UFC, se dê de modo mais alongado no
interior de cada disciplina, ou seja, há a necessidade de muita condensação,
diversamente da UFRR, já que há, no total, apenas 120(UFC) e não 180
horas/aula(UFRR) para distribuí- lo. No caso da UFF (na tabela XVIII), ao invés de
uma disciplina de apenas 60h/aula, lidaremos com duas, cuja soma perfará 90h/aula.
Na tabela XVIII (programas antigos equivalentes à Literatura Brasileira II da
UFRR) poderemos observar três diferentes modos de equacionar o Ensino de Literatura
Brasileira.
161
Tabela XVIII: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira
II (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
Liter.
Bibliogr.
Crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFRR
Antigo
60
UFC
Antigo (1981.1)
60
UFF (Lit. Bras. II/III)
Antigo (1992.2/ s.d.)
30/60
Realismo/Naturalismo,
Simbolismo/Parnasianismo – estudo dos
estilos, situando-os no contexto históricosociológico, com análise das principais
obras de cada escola.
Nenhuma (apenas uma antologia de textos
comentados) o conteúdo literário,
provavelmente, será extraído dos textos
“teóricos”.
45, 65, 81, 202 (início); 44, 45, 173, 175
(alteração)
Estudo horizontal,
extensivo, da Lit.
Brasileira
do
Simbolismo
à
Vanguarda.
Não consta
Poesia
do
Romantismo
e
do
Parnasianismo
A ficção do Romantismo ao Realismo
40, 42, 54, 55, 83,
162, 176, 179, 210,
255
45, 65, 80 (outros textos de apoio
indicados no decorrer das aulas)
47(Um rito sacrificial: o indianismo de
Alencar), 65 (Os três Alencares, A Corte
na Província), 244(As razoes do
Indianismo), 272 (De cortiço a cortiço),
285, 323, 341, 367(No tempo do rei), 388
(O homem cordial), 445, 430.
Cinco itens divididos respectivamente em:
Realismo Histórico, Realismo: um estado
de
espírito,
O
Naturalismo,
O
Parnasianismo e O Simbolismo (alguns
representantes)-(início)
cinco itens divididos respectivamente em:
Fatores que contribuíram para o
surgimento de novas estéticas na segunda
metade do século XIX; A década de 70 no
Brasil: a poesia científica e os ideais antiescravagistas
e
anti-monárquicos;
Parnasianismo; Simbolismo e; Realismo/
Naturalismo (alteração)
Dividido em 10
itens resumidos:
Simbolismo; PréModernismo;
Modernismo;
Geração 32;
Geração 30
(poesia); Geração
30 (prosa); Geração
45; Vanguarda;
Estética Moderna;
Revisão e debates.
Dividido em 4 itens: Romantismo
(origens, definições); Leitura analíticointerpretativa em G. Dias, A. Azevedo,
C.Abreu,
F.Varela
e
C.Alves;
Parnasianismo (origens, definições);
Leitura
analítico-interpretativa
em
O.Bilac, A.Oliveira, V.Carvalho.
Estudo da ficção brasileira do período
compreendido entre o Romantismo e o
Realismo, com ênfase nas questões de
literatura e nacionalidade, literatura e
sociedade e/ou História, literatura e
cultura.
Serão privilegiados alguns temas
freqüentes na poesia romântica e suas
incidências na poesia parnasiana. A
comparação entre as duas correntes se
fará na leitura das diferenças ideológicas e
formais refletidas nos respectivos poemas.
O curso enfatizará a relação entre os
romances brasileiros desse período,
mostrando como a literatura lê a si mesma
e, através dessa leitura, propõem sua
própria reconstrução.
Aplicabil Levar o aluno a conhecer as propostas dos
idade/obj movimentos Realismo/ Naturalismo,
Parnasianismo e simbolismo, a estética e
etivo
os artifícios formais utilizados em cada
movimento, bem como fatores que os
determinaram;
estudo
das
idéias
caracterizadoras
dos
movimentos
Realismo/ Naturalismo, Parnasianismo e
Simbolismo, bem como os fatores que os
determinaram.
Não consta
de base: 283, 288, 312, 322, 468
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
162
O modelo (tabela XVIII) ainda é bastante historicista, canônico, mas obedece a
orientações diferenciadas; a UFC na tentativa de “acelerar” o fluxo de seu aporte
histórico, adota o seguinte “leque” de autores e obras: 40E - BOPP, Raul. Movimentos
modernistas no Brasil, 42E - BOSI, Alfredo. O pré-modernismo, 54E - BRITO, Mário
da Silva. História do Modernismo brasileiro. Antecedentes da Semana da Arte
Moderna, 55E - BRITO, Mário da Silva. Poesia do Modernismo, 83E - COUTINHO,
Afrânio. A Literatura no Brasil, 162E - MARTINS, Wilson. O modernismo, 176E MOISÉS, Massaud. A criação literária - prosa, 179E - MURICY, Andrade. Panorama
do movimento simbolista brasileiro , 210E - RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Poesia
Moderna, 255E- TELLES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia e Modernismo
Brasileiro: apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 até hoje. Embora haja na UFC nomes do cânone disciplinar
como Coutinho, Bosi, Muricy, Telles e outros, há também nomes de menor expressão
ou menos divulgados, como Ramos e Brito. A UFRR por outro lado se utiliza dos
seguintes textos (incluindo ambas as versões de programas 1990 e 1995): 44E - BOSI,
Alfredo. et al. Machado de Assis- antologia e escritos, 45E - BOSI, Alfredo. História
Concisa da Literatura Brasileira , 65E - CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura
Brasileira: momentos decisivos. , 81E - COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura
no Brasil, 173E - MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos, 175E
- MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira, 202E - PROENÇA FILHO,
Domício. Estilos de época na Literatura: através de textos comentados. O que vai
diferenciar ambas as bibliografias é o fato de que a aposta do curso de Letras da UFRR
esteve mais em textos de panoramas históricos e em livros que contenham análises de
textos literários e/ ou fragmentos, a UFC, por seu turno, procurou buscar bibliografia
mais ampla e mais apropriada a uma “aceleração” do conteúdo. Ambos parecem
bastante coerentes se pensarmos que a UFC teria menos tempo disponível para discutir
cada movimento, não podendo aprofundar-se mais no conteúdo. Parece haver uma
inversão de expectativas em função do tempo disponível. Quanto mais tempo
disponível, menos “panorâmico” se torna o conteúdo da disciplina.
Já a UFF parece, em função da quantidade de disciplinas dedicadas à Literatura
Brasileira e da profusão de programas existentes, fazer vários movimentos simultâneos
no sentido de abranger ao máximo movimentos, gêneros, autores e obras do século
XIX. Nesta tabela XVIII duas são as ementas da UFF que pretendem abordar a
Literatura neste período: a primeira diz respeito a uma disciplina de apenas 30h/aula, a
163
Literatura Brasileira II: “Poesia do Romantismo e do Parnasianismo”; e a segunda diz
respeito a uma disciplina de 60h/aula, a Literatura Brasileira III: “A ficção do
Romantismo ao Realismo”.
Entre as duas disciplinas da UFF e a da UFRR há, ao todo, apenas dois textos
em comum: 45E e 65E. Entre UFC e UFF não há textos semelhantes. Aqui, na tabela
XVIII, apesar do predomínio de textos críticos em quase todas as disciplinas, há
também alguns textos literários num dos programas (referente à ficção – 60h/aula) da
UFF. São eles: 283E - ALENCAR, J. Iracema, 288E - ALMEIDA, M. A. Memórias de
um sargento de milícias, 312E - AZEVEDO, A. O cortiço, 322E - BARRETO, L. Triste
fim de Policarpo Quaresma, 468E - TÁVORA, F. O cabeleira. O conteúdo das
disciplinas da UFF não parece se diferenciar muito dos demais programas
historiográficos – “Romantismo (origens, definições); Leitura analítico-interpretativa
em G. Dias, A. Azevedo, C.Abreu, F.Varela e C.Alves; Parnasianismo (origens,
definições); Leitura analítico- interpretativa em O.Bilac, A.Oliveira, V.Carvalho ”
(30h/aula); e “Estudo da ficção brasileira do período compreendido entre o Romantismo
e o Realismo, com ênfase nas questões de literatura e nacionalidade, literatura e
sociedade e/ou História, literatura e cultura” (60h/aula) – embora seus objetivos
ostentem uma espécie de caráter meta- histórico. Uma reflexão em torno do papel da
tradição literária, no fazer poético das gerações subseqüentes.
Há ainda, em termos de UFF (não colocados na tabela), dois outros programas
de Literatura Brasileira II, aplicados em 1995.1 (a este chamaremos de “A”) e 1995.2 (e
a este outro “B”). A ementa de “A” é a seguinte: “Poesia do Romantismo e do
Parnasianismo: Comentários de textos críticos e literários que possibilitem a
compreensão do perfil do Romantismo e do Parnasianismo no Brasil e sua relação com
o panorama europeu. Estudo dos grandes temas dos dois períodos, tanto literária quanto
socialmente falando. Estudo das principais características dos dois estilos de época.” E a
ementa de “B” é a seguinte: “A representação do desejo na poesia brasileira do século
XIX. O discurso poético feminino e o masculino, afinidades e diferenças, marcando a
afirmação da presença da mulher na literatura brasileira. A repressão do desejo na
poesia feminina.” Ambos parecem, por pertencerem a um período de trans ição na UFF,
buscar outras possíveis soluções (para a Literatura Brasileira II), que passam, no caso de
“A” por uma visada comparativa da poesia brasileira Romântica e Parnasiana frente à
européia e, “B” por uma visão do desejo (especialmente o feminino) na poesia do século
XIX. No caso de “A” o programa está dividido em 3 itens: “O clima cultural e
164
intelectual do Romantismo e do Parnasianismo; As três grandes vertentes da lírica do
Romantismo (G. Dias, A. Azevedo, C.Alves); A poesia parnasiana (O. Bilac, R.
Correia)”. No plano de aula de “B” consta o seguinte: “Principais características do
Romantismo e leitura de poemas; Castro Alves; Leitura do texto de A. R. Sant’Anna (“a
Mulher de cor e o canibalismo erótico na sociedade escravocrata”) e do poema (“A
Cachoeira de Paulo Affonso”), a literatura feminina no Brasil do séc. XIX, Narcisa
Amália e o patriotismo sob a visão da mulher (com leitura e comentário de poemas),
introdução teórica sobre o Parnasianismo, Olavo Bilac (Literatura e Psicanálise), O
canibalismo amoroso e Francisca Julia e a visão feminina”. A bibliografia de ambos,
bastante diferenciada de um semestre para outro propõe: (“A” – Literária) 313E AZEVEDO, Á. Poesias completas, 314E- AZEVEDO, Á. Poemas malditos, 326EPoesia e 327E- BILAC, O. Poesias (Panóplias, Via-Láctea, Sarças de Fogo, Alma
Inquieta, As viagens, O caçador de esmeraldas, Tarde), (“A” – critica) 5E- AMORA,
A. S. O Romantismo (capitulo: “Poesia”), 8E- ANDRADE, M. Aspectos da Literatura
Brasileira (capítulos: “Castro Alves” e “Amor e medo – sobre a poesia de Álvares de
Azevedo), 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira (capítulos:
“Romantismo”, p.: 99-180 e “Parnasianismo, p.:181-289), 65E- CANDIDO, A.
Formação da Literatura Brasileira (capítulos: “O indivíduo e a pátria”, “Gonçalves
Dias consolida o romantismo”, “Álvares de Azevedo, ou Ariel e Caliban”, “Poesia e
oratória em Castro Alves”), 67E- CANDIDO, A. Na Sala de Aula (capitulo: “Cavalgada
ambígua – análise do poema “Meu sonho”, de Álvares de Azevedo)”), 80ECOUTINHO, A. A Literatura no Brasil, 286E- ALVES, C. Obra completa (capitulo:
Castro Alves e o romantismo brasileiro por Eugenio Gomes), 313E- AZEVEDO, Á.
Poesias completas (Introdução por Pericles Eugenio da Silva Ramos), 314E
AZEVEDO, Á. Poemas malditos (capitulo: Álvares de Azevedo: a vida dentro da lenda
por Hildon Rocha), 333E- BRAYNER, S.(org.) A poesia no Brasil. 1. Das origens até
1920, 334E- BROCA, B. Românticos, pré-romanticos e ultra-românticos.Vida literária
e romantismo brasileiro,335E- BUENO, A. Grandes poemas do romantismo brasileiro,
346E- CARVALHO, J. M. et al. Sobre o pré-modernismo (capitulo: Bilac, o jornalista
por Antonio Dimas), 353E- CUNHA, F. O romantismo no Brasil (capitulo: Castro
Alves e Alvares de Azevedo ou a contradição criadora), 357E- DIAS, M. G. Poesia
completa e prosa escolhida (capitulo: A vida e a obra do poeta [Gonçalves Dias] por
Manuel Bandeira), 373E- GOMES, E. Visões e revisões
(capítulos: Álvares de
Azevedo e o ópio da leitura, Uma fonte de Bilac, Ouvir estrelas, Outra fonte de Bilac),
165
383E- GUINSBURG, J. O romantismo (capítulos: Filosofia do romantismo por Gerd
Bornheim, Imagens do romantismo no Brasil por Alfredo Bosi e Os fundamentos
históricos do romantismo por Nachman Falbel), 384E- HANSEN, J. A. “Metáforas
barrocas do Brasil”, 422E- NAME, D. “O Brasil é romântico”, 424E- NEEDELL, J.
Belle époque tropical, 437E- PEYRE, H. Introdução ao romantismo, 446E- RICARDO,
C. O indianismo de Gonçalves Dias, 450E- ROSENFELD, A. Letras e leituras
(capítulos: Castro Alves e Heinrich Heine), 465E- SUSSEKIND, F. Papeis colados.
Ensaios (Capitulo: Brito Broca e o tema da volta a casa no romantismo); e (“B”crítica): 8E- ANDRADE, M. Aspectos da Literatura Brasileira (capítulos: “Castro
Alves” e “Amor e medo – sobre a poesia de Álvares de Azevedo), 45E- BOSI, A.
História Concisa da Literatura Brasileira, 65E- CANDIDO, A. Formação da
Literatura Brasileira, 66E- CANDIDO, A. A educação pela noite e outros ensaios
(capitulo “Literatura e subdesenvolvimento”), 80E- COUTINHO, A. A Literatura no
Brasil, 222E- SANT’ANNA, A.R. Por um novo conceito de literatura brasileira
(capitulo:“Literatura e Psicanálise: Revendo Bilac), 224E- SANT’ANNA, A.R.
O
canibalismo amoroso.O desejo e a interdição em nossa cultura através da poesia,
366E- FUNCK, S. Trocando idéias sobre a Mulher e a Literatura (artigos: Josephina
Álvares de Azevedo: Uma ensaísta polemica por Constancia Lima Duarte, O outro
discurso: ensaistas pernambucanas no sec. XIX por Luzilá Gonçalves Ferreira e
Artimanhas nas Entrelinhas: Leitura do Paratexto de Escritoras do séc. XIX por Zahidé
Muzart), 420E- MUZART, Z. (org.). Mulheres-Século XIX, 421E- MUZART, Z.
Parnasianas, Sim Senhor! A Poesia das Mulheres no final do séc. XIX, 431E- PAIXÃO,
S. A Fala a-menos; a repressão do desejo na poesia feminina, 455E- SANTOS, R. C.
dos. Modos de Saber, Modos de Adoecer, 462E- SOMMER, D. Amor e Pátria na
América Latina.
O fato de pouco haver em comum em dois programas que se sucedem, na
mesma disciplina (Literatura Brasileira II – tabela XVIII) pode fazer concluir que para
além de prováveis reformas curriculares, a última palavra em termos de programa e
prática em sala de aula é do professor da disciplina. Embora ambos os programas
abordem situações de ensino e textos diferentes, não fogem muito ao proposto pela
ementa geral. Talvez isto sugira que cada professor (ou algum professor em especial)
“interpretava” a ementa de acordo com o material de que dispunha e preparava um
programa diferenciado para si, que permitisse intervir na disciplina de acordo com seu
conhecimento do assunto. Esta é, no entanto uma hipótese que levantamos sem, contudo
166
tencionarmos afirmar que assim seja, por não termos tido oportunidade de confirmar
esta hipótese, via entrevista.
Poder-se-ia fazer, uma rápida comparação entre a antiga Literatura Brasileira I
da UFC (tabela XVI) e as disciplinas congêneres Literatura Brasileira II da UFRR e
Literatura Brasileira II e III da UFF constantes da Tabela XVIII. Isto serviria para
dirimir possíveis dúvidas em torno do fato de – por haver uma necessidade de
“aceleração” do conteúdo extensivo da História da Literatura Brasileira na UFC, para
que caiba em apenas duas disciplinas de 60h/aula cada – que parte do conteúdo (bem
como da bibliografia) que poderia equivaler-se às disciplinas da UFF e da UFRR, da
tabela XVIII, estivesse contido na disciplina da UFC na tabela XVI.
Em termos de bibliografia, feita a comparação inter-tabelas, apenas o texto 45E
é unânime. Os textos 81E e 173E são utilizados em comum por UFC (tabela XVI) e
UFRR (tabela XVIII) além dessas, apenas há coincidências de conteúdo, uma vez que
se trata dos seguintes movimentos literários: Realismo, Naturalismo e Parnasianismo.
Na UFF a Literatura Brasileira II (ou as disciplinas que a ela se equivalem a
Literatura Brasileira XII e a Literatura Brasileira XIII – tabela XIX ) tem se mostrado,
até o momento, no âmbito desta tese como as mais difíceis de se comparar. Além da
quantidade de programas a ela atribuídos desde seu antigo lay-out (tabela XVIII), nos
programas mais recentes há o desdobramento (para atender a uma demanda em torno do
ensino da Literatura Brasileira a partir dos gêneros literários) em dois diferentes
programas diversos que comporão a tabela XIX. Assim sendo teremos uma grande
tabela com quatro disciplinas duas da UFF, uma da UFC e outra da UFRR.
T
Tabela XIX: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira II
(programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
UFRR
Atual
60
O séc. XIX e o início do Séc. XX, seus
artifícios formais, suas temáticas filosóficoideológicas na Literatura no Brasil.
UFC
Atual
60
Estudo da Literatura Brasileira, compreendendo os autores do
Realismo -Naturalismo, do Parnasianismo e do Simbolismo.
Bibl.
Liter.*
Bibliogr
. crítica
*
Linha
Não consta do programa
Não consta do programa
44, 45, 67, 173, 175, 244, 255, 270, 271, 272,
273, 274, 275, 276, 277.
3, 45, 68, 81, 83, 163, 169, 172, 175, 179, 189, 209, 215, 244, 260.
5 itens divididos em: 1)As novas estéticas e as 3
itens:
1.Realismo/Naturalismo
(origens;
caracteristicas);
167
de
estudos
propost
a
Aplic./o
bjetivo
ideologias do séc. XIX; 2) Real e imaginário:
perspect. finisseculares; 3) Forma e conteúdo;
4) Perspectivas da prosa do realismo e do
Natural.; 5) as vanguardas no mundo (o séc.
XX).
Sem objetivos nem proposta pedagógica
IES
UFF (Lit. Bras. XII- Prosa Brasil. do séc.
XIX)
Atual
Vig.
60
C.H.
Ementa Estudo de obras bastante representativas da
produção romanesca nacional, seja porque
implantam padrões, seja porque os questionam,
distinguindo temas, estilos e proced. narrativos
do séc. XIX no Brasil, mostrando, sempre que
possível, sua abertura para os processos
romanescos do séc. XX, e dando relevo à
leitura comparativa de romances nac. e
estrangeiros.
A critério do professor, solicitando-se que
Bibl.
literária sejam examinados ao menos 3 romances
brasileiros do séc. XIX e 3 do séc. XX, tanto
*
intrinsecamente, quanto em perspectiva
comparada.
36 (O narrador), 66, 121, 217 (Reflexões
Bibl.
crítica * sobre o romance moderno), 228, 231, 235,
239, 253, 265.
Linha
est.
propost
a
Aplicab
ilidade/
objetivo
Real./Natur. no Br.; M. de Assis, Aluisio de Azevedo, R. Pompeia e
outros. 2.Parnasianismo (origens, características); Parnas. no Br.; A.
de Oliveira, O. Bilac, R. Correa e outros. 3. A poesia simbolista
(origens; características); Simbol. no Brasil; C. e Souza e A. de
Guimarães.
Não consta
UFF (Lit. Bras. XIII- Poesia Bras. do Séc. XIX e início do Séc.
XX)
Atual
60
Estudo de poemas brasileiros representativos dos movimentos
romântico, parnasiano e simbolista observando suas características
formais e a consonância com estéticas estrangeiras, ressaltando-se
a contribuição particular de cada autor para diferençar sua
produção. Análise de obras que fogem ao estilo de época em que
se inserem e prenunciam traços de outros movimentos:
Sousândrade e Augusto dos Anjos.
Para as obras dos autores mencionados, ver Obras Completas de
cada um deles.
Não consta
7(Parnasianismo), 8(Castro Alves), 28(Parnasianos, Românticos,
Simbolistas), 45(Romant., Simbol.), 47(Sob o signo de Can), 65,
66(A educação pela noite, Os primeiros baudelairianos),
67(Cavalgada Ambígua, No coração do silêncio), 77, 92(A época
românt. da Era Moderna), 99(Arte e capitalismo), 115, 117(O
romant. alemão e o do Ocidente), 128, 169(O espírito da literatura
românt.), 179, 190(O falsário verdadeiro), 196, 198(A poesia
românt. por Paulo Franchetti), 204, 224(Do canibalismo
melancólico sobre o corpo da amada morta à eroticidade de Lúcifer,
A mulher de cor e o canibalismo erótico na socied. escravocrata, Da
mulher esfinge como estátua devoradora ao ‘strip-tease’ na alcova).
Não consta
Conduzir uma reflexão acerca da produção
romanesca brasileira, durante o século XIX,
com projeções para o romance do século XX,
levando o aluno a conhecer as obras, os
autores e os procedimentos estéticos mais
representativos, sem perder de vista a
articulação do romance nacional aos
estrangeiros, visando a desenvolver, também
uma leitura comparativista.
Estudar os proced. Artíst. específicos da poesia românt., parnas. e
simb., possibilitando a leitura também do estilo de época em que
cada poética se insere e o reconhecim. de temas característ.: a) o
conc. de nacion.; b) as diversas formas de manifest. do Eu lírico;
c) pulsão de vida (Eros)& pulsão de morte (Thanatos); d) o papel
da natureza e a função do exótico; e) a arte pela arte e o culto da
forma; f) as questões da sensibilidade finissecular (mal du siecle e
spleen); g) imagens femininas na lírica simbolista: entre o véu e a
campa.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Na tabela XIX, UFC e UFRR parecem se aproximar mais em termos de
conteúdo que nas anteriores de Literatura Brasileira. Embora a ementa da UFRR pareça
um pouco ma is temática, o conteúdo guarda resquícios historicistas. Na UFF a opção foi
168
pelo desmembramento da disciplina em duas, sendo uma referente à prosa e outra
referente à produção poética em verso. Mesmo assim, ambas não se distanciam tanto de
um viés historiográfico, quanto a sua antecessora no fluxograma do curso, a Literatura
Brasileira XI (tabela XVII).
A bibliografia crítica na UFRR apresenta os seguintes textos: 44E - BOSI, A. et
al. Machado de Assis- antologia e escritos, 45E - BOSI, A. História Concisa da
Literatura Brasileira, 67E - CÂNDIDO, A. Na Sala de Aula, 173E - MOISÉS, M. A
Literatura Brasileira Através dos Textos, 175E - MOISÉS, M. História da Literatura
Brasileira, 244E - SODRÉ, N. W. História da Literatura Brasileira. Seus Fundamentos
Econômicos, 255E - TELLES, G. M. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro:
apresentação
dos
principais
poemas,
manifestos,
prefácios
e
conferências
vanguardistas, de 1857 até hoje, 270E - BOPP, R. Seleta em prosa e verso , 271E BOSI, A. Machado de Assis- O enigma do olhar , 272E - CÂNDIDO, A. O discurso e a
cidade, 273E - CÂNDIDO, A. Recortes, 274E - COUTINHO, A. Machado de Assis na
Literatura Brasileira, 275E - FURST, L.; PETER, S. O Naturalismo, 276E - GOMES,
Á. C. O Simbolismo, 277E - SCHWARZ, R. Duas meninas.
Para a UFC a bibliografia é a seguinte: 3E - ALMEIDA, J. M. G. de. A tradição
regionalista no romance brasileiro, 45E - BOSI, A. História Concisa da Literatura
Brasileira, 68E - CÂNDIDO, A. ; CASTELLO, J. A. Presença da Literatura Brasileira:
das origens ao Romantismo, 81E - COUTINHO, A. Introdução à Literatura no Brasil,
83E - COUTINHO, A. A Literatura no Brasil, 163E - MARTINS, W. História da
inteligência brasileira, 169E - MERQUIOR, J. G. De Anchieta a Euclides. Breve
História da Literatura Brasileira, 172E - MIGUEL-PEREIRA, L. Prosa de ficção,
175E - MOISÉS, M. História da Literatura Brasileira, 179E - MURICY, A. Panorama
do movimento simbolista brasileiro, 189E - PACHECO, J. O Realismo, 209E RAMOS, P. E. da S. Do Barroco ao Modernismo, 215E - ROMERO, S. História da
Literatura Brasileira, 244E - SODRÉ, N. W. História da Literatura Brasileira. Seus
Fundamentos Econômicos, 260E - VERÍSSIMO, J. História da literatura brasileira.
E para as duas disciplinas da UFF (Literatura Brasileira XII): 36E - BENJAMIN,
W. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política (O narrador), 66E - CÂNDIDO,
A. A educação pela noite e outros ensaios, 121E - HELENA, L. A narrativa de
fundação: Iracema, Macunaíma e Viva o povo brasileiro, 217E - ROSENFELD, A.
Texto e contexto (Reflexões sobre o romance moderno), 228E - SANTIAGO, S. Vale
Quanto pesa, 231E - SCHWARZ, R. Ao vencedor as batatas. Forma literária e
169
processo social nos inícios do romance brasileiro., 235E - SCHWARZ, R. Machado de
Assis: um mestre na periferia do capitalismo, 239E - SEIXO, M. A. A palavra do
romance, 253E - SUSSEKIND, F. O Brasil não é longe daqui: o narrador, a viagem,
265E - WATT, I. A ascensão do romance. No caso da Literatura Brasileira XIII a
bibliografia é a seguinte: 7E - ANDRADE, M. de. O empalhador de passarinho
(Parnasianismo), 8E - ANDRADE, M. de. Aspectos da Literatura Brasileira (Castro
Alves), 28E - BANDEIRA, M. Apresentação da poesia brasileira (Parnasianos,
Românticos, Simbolistas), 45E - BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira.
(Romant., Simbol.), 47E - BOSI, A. Dialética da Colonização. (Sob o signo de Can),
65E – (A educação pela noite), 66E – CÂNDIDO, A. A educação pela noite e outros
ensaios (Os primeiros baudelairianos), 67E – CÂNDIDO, A. Na Sala de Aula
(Cavalgada Ambígua, No coração do silêncio), 77E - CITELLI, A.- Romantismo, 92E D'ONOFRIO, S. Literatura romântica (A época romântica da Era Moderna), 99E FISCHER, E. A necessidade da arte (Arte e capitalismo), 115E - GULLAR, F.
"Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina". Estudo crítico introdutório a Toda a
poesia de Augusto dos Anjos, 117E - HAUSER, A. História social da literatura e da
arte (O romantismo alemão e o do Ocidente), 128E - HUGO, V. Do grotesco ao
sublime, 169E - MERQUIOR, J.G. De Anchieta a Euclides. Breve História da
Literatura Brasileira
(O espírito da literatura romântica), 179E - MURICY, A.
Panorama do movimento simbolista brasileiro, 190 - PAES, J. P. Transleituras.
Ensaios de interpretação literária (O falsário verdadeiro), 196 - PEYRE, H. A
literatura simbolista , 198 - PIZARRO, A. (org.). América Latina - palavra, literatura e
cultura (A poesia romântica por Paulo Franchetti), 204 - PY, F. "Prefácio" às Poesias
completas de Gilka Machado , 224 - SANT'ANNA, A. R. de. O canibalismo amoroso.
O desejo e a interdição em nossa cultura através da poesia (Do canibalismo
melancólico sobre o corpo da amada morta à eroticidade de Lúcifer, A mulher de cor e
o canibalismo erótico na sociedade escravocrata, Da mulher esfinge como estátua
devoradora ao ‘strip-tease’ na alcova).
Ao compararmos a bibliografia da UFRR com a da UFC e com o programa de
Literatura Brasileira XIII da UFF da Tabela XIX, percebemos haver apenas uma
coincidência: 45E – BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. Entre UFC e
UFRR, além da citada acima, há 175E - MOISÉS, M. História da Literatura Brasileira
e 244E - SODRÉ, N. W. História da Literatura Brasileira. Seus Fundamentos
Econômicos. Com a UFF, apenas uma coincidência: 67E CÂNDIDO, Antônio. Na Sala
170
de Aula (Cavalgada Ambígua, No coração do silêncio).
Entre a UFC e a UFF
(Literatura Brasileira XIII) há: 169E- MERQUIOR, J.G. De Anchieta a Euclides. Breve
história da Literatura Brasileira e 179E - MURICY, Andrade. Panorama do
Movimento Simbolista Brasileiro. Entre a disciplina de Literatura Brasileira XII e as
demais elencadas na tabela não há coincidência bibliográfica, o que pode sugerir que a
prosa Brasileira do século XIX não esteja coberta pelas demais disciplinas, ou que o
enfoque dado a esta disciplina pela UFF não é contemplado pelas demais.
Há um programa de Literatura Brasileira XII (além dos acima explicitados na
tabela XIX) que parece ter o conteúdo mais próximo do título da disciplina que consta
do fluxograma (Literatura Colonial) e no ementário da UFF, cujo conteúdo não se
coadunaria com o da UFRR, nem com o da UFC que constam da tabela. Trata-se
Literatura Brasileira XII “Do Barroco ao Arcadismo”, de conteúdo – “Dominação
colonial e dominação espiritual: as imagens do universo religioso do colonizador como
modelo ideal para o colonizado em Anchieta. O colonizador real como imagem ideal em
Bento Teixeira e Santa Rita Durão. Os sinais da corrosão do ideário colonizador, os
conflitos do homem barroco e sua projeção na poesia de Gregório de Matos. Vislumbres
pré-românticos em Manuel Botelho de Oliveira. Ecos racionalistas: prenúncio de Brasil
na poesia árcade em Basílio da Gama, C.M. Costa, T.A.Gonzaga.” – que não poderia
ser comparada aos demais pela disparidade entre eles. Para este programa extra-tabela
estão listados os seguintes textos literários: 478E - HOLANDA, S. B. Antologia dos
poetas brasileiros da fase colonial (capítulos referentes a José de Anchieta: A Santa
Inês, Vaidade das cousas do mundo e O moleiro; Vários de C.M. Costa; Caramuru de J.
Santa Rita Durão; Vários de G. de Matos; A Ilha da Maré de Manuel Botelho Oliveira e
Canto de Proteu-Prosopopeia de Bento Teixeira); 370E- GAMA, J.B. O Uraguai;
379E- GONZAGA, T. A. G. Marília de Dirceu. Os textos críticos propostos para esta
disciplina são: 45E – Bosi, A. História Concisa da Literatura Brasileira (capítulos:
Ecos do Barroco e Arcádia e ilustração)e 47E- BOSI, A. Dialética da Colonização
(capitulo: Anchieta ou as flechas opostas do sagrado); 65E- CANDIDO, A. Formação
da Literatura Brasileira (capitulo:Transição literária), 67E - CANDIDO, A. Na Sala de
Aula (capitulo: Movimento e parada e A aldeia falsa); 126E- HOLANDA, S. B. de.
Capítulos de literatura colonial; 389E - HOLANDA, S. B. Tentativas de mitologia
(capitulo: Gosto Arcádico). Apesar de se tratar da mesma instiuição de ensino, da
mesma disciplina e de períodos diferentes, este programa não tem bibliografia em
comum (salvo indicações literárias em sala de aula) com o programa da UFF (que
171
consta da tabela XIX). Em compensação há, com os programas da UFC e da UFRR
(tabela XIX), em comum um texto o 45E e apenas com a UFRR o 67E.
Outros programas, agora referentes à Literatura Brasileira XIII, diferentes do
que está na tabela XIX, mas mais próximos do que consta do ementário da UFF 2004 e
nos próprios fluxogramas do curso, apareceram em nossa pesquisa. Ao primeiro
chamaremos programa “A” que foi aplicado em data desconhecida e tem como ementa:
“Os procedimentos artísticos específicos da narrativa romântica, realista- naturalista e
modernista”; e como programa: “1. A configuração de um narrador em Inocência. 1.1.
Cinema e literatura: o romance do Visconde de Taunay e o filme de Walter Lima Jr. 1.2.
Uma possível linguagem cinematográfica em Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha. 2. A
dialética da malandragem nas Memórias de um sargento de milícias: 2.1. Teatro e
Literatura: O romance de Manuel Antonio de Almeida, a peça teatral de Francisco
Pereira da Silva e a adaptação para TV. 3. Machado de Assis e a modernidade da ficção
brasileira. 4. Ficção modernista: Uma leitura do Romantismo?”
Este programa “A” tem como bibliografia literária os seguintes textos: 282EABREU, C. F. Ovelhas negras; 336E- CAMINHA, A. Bom-crioulo; 405E-LIMA
BARRETO, A H. de. Triste fim de Policarpo Quaresma; 460E- SILVA, F. P.
Adaptação para teatro de Memórias de um sargento de Milícias; 467E- TAUNAY, V.
de. Inocência. E como textos críticos os seguintes: 1E- ABDALA JUNIOR, B.;
CAMPEDELLI, S. Y.; 63E- CÂNDIDO, A. Vários Escritos; 227E- SANTIAGO,S.
Uma literatura nos trópicos; 253E- SUSSEKIND,F. O Brasil não é longe daqui: o
narrador, a viagem; 272E- CÂNDIDO, A. O discurso e a cidade; 278E- ABDALLA
Jr,, B. O romance social brasileiro; 307E- ANDREW, J. D. As principais teorias do
cinema; 338E- CAMPOS, H. Metalinguagem e outras metas; 453E- SANTIAGO, S.
Nas malhas da letra.
Não há entre esta disciplina e a Literatura Brasileira XIII (tabela XIX) da UFF
nenhuma bibliografia em comum. Também não há nada em comum com a UFC. O
único texto em comum com alguma disciplina da tabela XIX é com a UFRR: 272ECÂNDIDO, A. O discurso e a cidade.
O segundo programa que não consta de nossa tabela XIX, a que chamaremos
programa “B” não possuía ementa e teria sido aplicado em 1997.1, mas seu conteúdo é
o seguinte: 1 parte: Conceito de Literatura como sistema; O escritor e o publico na
literatura do século XIX; Literatura e tradição cultural brasileira; 2 parte: elementos
estruturadores da narrativa do século XIX; Jose de Alencar e o projeto romântico de
172
romance; Senhora-J. De Alencar; 3 parte: M. de Assis na literatura brasileira; Memórias
Póstumas de Brás Cubas; 4 parte: O projeto naturalista de literatura; O cortiço de A.
Azevedo. De sua bibliografia constam: 50E- BRAIT,B. A personagem; 399E- LEITE,
L. C. M. O foco narrativo; 418E- MESQUITA, S. N. O enredo; 428E- NUNES, B. O
tempo na narrativa.
Não parece haver entre este programa e as demais disciplinas que constam da
tabela XIX nenhuma bibliografia em comum. Um fato, no entanto, tem chamado a
nossa atenção: estas disciplinas outras (que não constam de nossas tabelas) costumam
ser diferentes (em quase tudo, ementa inclusive) das demais, ficando difícil, salvo pela
aparência e diagramação dos programas mais recentes, determinar qual seria o “oficial”
de cada disciplina. Até porque alguns programas com aparência de oficiais discordam
do ementário da UFF.
A tabela XX traz cinco programas antigos de disciplinas que julgamos
equivalerem-se. Três delas são da UFF (Literaturas Brasileiras IV, V, VI), uma da
UFRR (a Literatura Brasileira III) e, por uma questão de coerência, repetiremos a
Literatura Brasileira II da UFC, uma vez que o conteúdo “Nacional” da Literatura
naquela Universidade estava contido em duas disciplinas de Literatura Brasileira,
ficando a terceira disciplina deste grupo reservada para o ensino da Literatura Regional.
Como podemos notar, a tabela XX, é aqui, exatamente nesse ponto, que as
diferenças entre os modelos adotados por UFF, UFC e UFRR, no passado (embora
aparentemente em períodos distintos)61 , vai se fazer mais perceptível. Enquanto a UFC
trabalhava o conteúdo de toda a Literatura Brasileira (nacional) num total de 120h/aulas,
a UFRR o fazia em 180h/aulas e a UFF em 300h/aula. Esta substancial diferença de
conteúdo e tempo disponibilizado para o estudo de Literatura Brasileira ficará ainda
mais patente se pensarmos que o tempo dispensado pela UFF para o que equivaleria à
Literatura III em termos de UFRR (Modernismo e contemporaneidade) era, no total
(180h/aula), o equivalente à soma de todas as cadeiras desta disciplina na UFRR.
61
Este modelo parece ter se mantido assim deste modo, sem grandes modificações estruturais posteriores,
até a data estipulada em nossa metodologia para a “atualidade” dos programas, ou seja, no caso da UFC,
até 1993, no caso da UFF até 1995 e no caso da UFRR até 1999. Pelo menos é o que podemos denotar do
material que temos em mãos.
173
Tabela XX: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura
Brasileira III (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFRR
Antigo (1993.2)
60
Modern. – estética e autores; fatos
polít., sociais, econôm. e liter.
determinantes
do
modern.;
autores e obras relevantes
Nenhuma (apenas uma antologia
de textos comentados) o conteúdo
literário, será extraído dos textos
“teóricos”.
Após alter.: 32, 49, 56, 164, 261
45, 63, 175, 187 (início); 1, 11
(Macunaíma prá lá de Brasil por
Telê P.A. Lopez), 16 (Serafim:um
grande não livro por Haroldo de
Campos), 20, 27, 45, 67, 74, 80,
81, 88, 89, 91, 129, 174, 175
(após alteração)
Historiográfica, canônica, com
reconhecimento de características
de época.;
dois itens divididos
respectivamente em: Prémodernismo e Modernismo, com
seis subitens para o primeiro e
sete para o segundo.
UFC (Lit.Bras. II)
Antigo (1981.1)
60
Estudo
horizontal,
extensivo, da Lit. Bras.
do
Simbolismo
à
Vanguarda.
Não consta
Antigo (s.d./s.d./1991.1)
60/60/60 (GLT04008/04009/ 04043)
Poesia do Simbol. e do Modernismo
Modernismo: narrativa e teatro
Manifestações contemporâneas
12, 299, 417.
303, 304, 305,
309, 348, 403,404, 423, 432, 438
40, 42, 54, 55, 83, 162,
176, 179, 210, 255
67, 101, 141, 226, 391, 394.
15, 141, 143, 402, 407, 408.
1, 101, 250, 251, 400, 447, 453.
Dividido em 10 itens:
Simbolismo; PréModernismo;
Modernismo; Geração
32; Geração 30 (poesia);
Geração 30 (prosa);
Geração 45; Vanguarda;
Estética Moderna;
Revisão e debates.
Aplicabilid Levar o aluno a conhecer as Não consta
ade/objetiv propostas dos movim. Real./
Natural., Parnasian. e simbol., a
o
estética e os artifícios formais
utilizados em cada movim., bem
como
fatores
que
os
determinaram; estudo das idéias
caracterizadoras dos mov. Real./
Natural., Parnasian. e Simbol.,
bem como os fatores que os
determinaram.
UFF (Lit. Bras. IV/ V/ VI)
A tradição da modernidade e a dicção
coloquial- irônica da poesia de C. D. de
Andrade, M. Mendes e O. de Andrade.
Estudo da narrativa modern. na sua
articulação com o programa das
vanguardas e de outras vertentes do
Modern. Os manisfestos. Discurso
ficcional e disc. memorialístico. O
teatro modernista.
Dividido em 3 itens: A produção
cultural dos anos 70; poesia: o binômio
“arte/vida” e outros elementos;
Narrativa: a relação (metonímica) da
Literatura com a realidade.
Não consta
Não consta
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
174
A UFF, embora adotando um molde calcado nos gêneros literários, concentrou
seus esforços (dentro da seqüência histórica) nos períodos Moderno e Contemporâneo
(180h/aula), ainda assim dispensou 90h/aula para o século XIX, deixando apenas
30h/aula para o período Colonial. Este, diferentemente do modelo atual (tabela XXI)
parece ser um modo de contemplar, tanto o acréscimo de conteúdo causado pela
“acumulação” histórica, quanto de trabalhar os gêneros literários.
Em termos bibliográficos, na tabela XX, para a UFC é repetido o da tabela
XVIII e, na UFF, encontramos as seguintes obras literárias: Literatura Brasileira IV –
12E- ANDRADE, O Poesias reunidas, 299E- ANDRADE, C. D. Poesia e prosa; 417EMENDES, M. Poesias; na Literatura Brasileira V – 303E - ANDRADE, O. Memórias
sentimentais de João Miramar, 304E - ANDRADE, O. O Rei da Vela, 305E ANDRADE, O. Um homem sem profissão (sob as ordens da mamãe); e na Literatura
Brasileira VI – 309E- ANTUNES, A. Tudos; 348E- CESAR, A. C. Inéditos e dispersos;
403 e 404E- LEMINSKI, P. Não fosse isso e era menos não fosse tanto e era quase e
Distraídos venceremos; 423E- NASSAR, R. Um copo de cólera; 432E- PAULA, J. A.
de. Panamérica; 438E- POMPEU, R. Quatro-olhos.
Em termos de bibliografia crítica na Literatura Brasileira IV: 67E-CANDIDO, A.
Na Sala de Aula., 101E- FRIEDRICH, H. Estrutura da Lírica Moderna, 141E- LIMA,
L.C. Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria; 226E- SANTIAGO, S.
Carlos Drummond de Andrade; 391E- JAKOBSON, R. Lingüística, poética, cinema;
394E- KOTHE, F. (org.) Textos de Walter Benjamin; na Literatura Brasileira V: 15EANDRADE, O. Do Pau Brasil à Antropofagia e às Utopias; 141 e 143E- LIMA, L.C.
Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria e O controle do imaginário. Razão
e imaginação no Ocidente; 402E- LEJEUNE, P. “Le pacte autobiographique (bis)”; 407
e 408E- LIMA, L. C. “Ficção e documento” e “Mimesis, um conceito proscrito”; e na
Literatura Brasileira VI: 1E- ABDALA JUNIOR, B.; CAMPEDELLI, S. Y. Tempos da
literatura brasileira; 101E- FRIEDRICH, H. Estrutura da Lírica Moderna; 250 e
251E- SUSSEKIND, F. Tal Brasil, qual romance? Uma estética e sua história: o
naturalismo e Literatura e Vida Literária: polêmicas, diários e retratos; 400E- LEITE,
S. U. Obra em dobras; 447E- ROCCO, M. T. F. Literatura/Ensino: uma problemática;
453E- SANTIAGO, S. Nas malhas da letra.
Não há coincidências bibliográficas entre UFF e UFC (no que tange à tabela
XX). Como os textos para a UFC, da tabela XX, são os mesmos já apresentados na
tabela XVIII, nos excusamos de especificar autor e obra uma vez que isto já foi feito,
175
apenas elencamos, para registro seus números: 40E, 42E, 54E, 55E, 83E, 162E, 176E,
179E, 210E, 255E. Entre UFC e UFRR também não há nenhum texto coincidente. Mas
entre UFF e UFRR há algumas coincidências, cada qual referente a uma disciplina da
UFF, quando relacionada à UFRR. Entre a Literatura Brasileira IV da UFF (tabela XX)
e a UFRR, há o seguinte texto em comum: 67E-CANDIDO, A. Na Sala de Aula. Entre
a Literatura Brasileira V da UFF (tabela XX) e a UFRR não há textos em comum e
entre a Literatura Brasileira VI (tabela XX) da UFF e a UFRR há o texto: 1EABDALA JUNIOR, B; CAMPEDELLI, S. Tempos da Literatura Brasileira.
Nossa tabela XX trará, como já dissemos, cinco disciplinas (01 – UFRR, 01 –
UFC, 03 – UFF). Mas além destas teremos, só para a UFF, a análise de três programas
de Literatura Brasileira IV, dois de Literatura Brasileira V, e quatro de Literatura
Brasileira VI (que não constam da tabela XX). A análise comparativa dar-se-á entre os
textos da bibliografia destes programas extra-tabela com os programas de UFC, UFRR e
UFF que constam da tabela XX.
A Literatura brasileira IV da UFF apresenta- nos, como já dissemos acima, três
outros distintos programas além daquele que consta de nossa tabela. A cada qual, para
tentarmos evitar confusões, atribuiremos uma letra em ordem alfabética; assim teremos
programas de Literatura Brasileira IV “A”, “B” e “C”.
Há entre as três disciplinas de Literatura Brasileira IV da UFF, não
disponibilizadas em nossa tabela XX, uma dificuldade de leitura no sentido de
distinguirmos título de ementa. Aparentemente a ementa, a exemplo do que ocorre na
pós-graduação hoje, era um título mais abrangente que permitia ao professor, derivar
dali um conteúdo mais condizente com sua área de atuação. Vejamos nos exemplos a
seguir, respectivamente Literatura Brasileira IV “A”, “B” e “C”, os diferentes títulos
dados às mesmas disciplinas em diferentes períodos: “Romantismo II: Narrativa,
Teatro. Realismo, Parnasianismo. (Monografia). Titulo: Aspectos da marginalidade na
literatura do período”. (“A” - 1982); “Do Simbolismo ao Modernismo ” (“B” - sem data)
e “Poesia Simbolista e do Modernismo” (“C” - 1992.2). Cada um aponta numa direção
diferente, indicando ter, provavelmente, havido ali, ou uma outra reformulação da
grade, da qual não tivemos notícia através dos documentos e depoimentos que
colhemos, ou uma grande liberdade de construção do conteúdo a partir de uma ementa
única. Os programas para “A”, “B” e “C” (Literatura Brasileira IV) variam do
Romantismo à poesia contemporânea, passando pelo teatro.
176
Os três programas apontam diferentes direções: Literatura Brasileira IV “A” –
“1. A critica de costumes no teatro romântico: O Noviço, de Martins Pena, e O demônio
familiar, de José de Alencar; o papel do drama na formação da consciência coletiva; a
norma social e a interação das “classes”; 2. O cortiço, de Aluisio de Azevedo, e a
malandragem carioca. As fronteiras com a criminalidade, no tratamento naturalista das
“classes baixas”; 3. A realização do personagem transgressor no Romantismo e no
Naturalismo: Memórias de um sargento de milícias,de Manuel Antonio de Almeida, e
O missionário, de Inglês de Sousa; 4. Quincas Borba de Machado de Assis:
marginalidade e conflito sócio-existencial; 5. A poesia parnasiana: o “maravilhoso
patológico” como possibilidade de infração”. (“A”); Literatura brasileira IV “B” – “1. O
Simbolismo; 2. Transição para o Modernismo. Simbolismo subdividido em: As
vanguardas européias, manifestos; Musicalidade e poeticidade; entre Eros e Tanatos.
Amor e morte na Poesia Simbolista; Em busca dos arquétipos perdidos: a reinvenção do
mito.” Transição subdividida em: O pré- modernismo; A Semana de Arte Moderna;
Manisfestos e Grupos; A Poesia Modernista”. (“B”); e a Literatura Brasileira IV “C” –
“Presença do decadentismo europeu “fin de siecle” no Simbolismo Brasileiro. Mudança
e permanência dos traços parnasianos; Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens e Pedro
Kilkerry. A posição de Augusto dos Anjos. Temas comuns e diferenças de realização; O
modernismo: Mario de Andrade: Paulicéia Desvairada; Oswald de Andrade: Poesia
Pau-Brasil, Primitivismo e Verdeamarelismo: Raul Bopp e Cassiano Ricardo. A posição
de Jorge Lima; Desdobramentos. Consolidação/Superação (do projeto modernista) em
Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. A contribuição do Surrealismo e o
trânsito para a contemporaneidade”. (C)
Muitas são as diferenças existentes entre estes programas de Literatura Brasileira
IV. O primeiro “A” progride do teatro Romântico para as narrativas do Próprio
Romantismo, do Realismo e do Naturalismo, alcançando a poesia Parnasiana; o
segundo inicia-se pelo Simbolismo poético, entra no Pré-Modernismo e depois
desemboca nas vanguardas dando ênfase à poesia; e o terceiro “C” trabalhará com
alguns aspectos do Decadentismo, do Simbolismo e das Vanguardas até a
contemporaneidade.
Não forneceremos aqui a bibliografia completa de cada uma destas disciplinas
para evitar maiores delongas. Elas serão fornecidas no anexo II desta tese.
Entre a Literatura Brasileira IV da UFF “A” e a UFC e UFRR (tabela XX) não
há coincidências bibliográficas. Mas entre o programa “B” de Literatura Brasileira IV
177
da UFF e a UFC há os seguintes textos em comum: 179E- MURICY, A. Panorama do
Movimento Simbolista Brasileiro, 255E- TELLES, G.M. Vanguarda Européia e
Modernismo Brasileiro. Já com a UFRR, a coincidência deste programa “A” da UFF
(extra-tabela) é a seguinte: 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira.
Acrescente-se 80E- COUTINHO, A. A Literatura no Brasil, (como coincidente ao
programa da UFRR na tabela XX) entre os textos da lista de coincidências anterior
(“B”), e nosso terceiro programa de Literatura brasileira IV da UFF (que também não
consta da tabela), a que chamamos de “C”, terá sido comparado com os programas de
UFRR e UFC da tabela XX.
No caso da Literatura Brasileira V há também dois programas diferentes sob a
mesma denominação, que não poderão constar de nossa tabela XX. A estes
chamaremos, a exemplo do que foi feito anteriormente, de programas de Literatura
Brasileira V “A” e “B”.
Nestes programas há um pouco menos de disparidade, pois as ementas são iguais
(“Modernismo: narrativa e teatro”) e o conteúdo tende a ser semelhante. O programa
“A” está dividido em: “O Modernismo e o Macunaima de Mario de Andrade; A
narrativa curta em Mário de Andrade e Alcântara Machado, o romance em Oswald de
Andrade; Desdobramentos: o romance de 30, o romance regionalista do Nordeste:
Raquel de Queiroz, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Graciliano Ramos; O
Teatro. Perfil do teatro no Brasil. Tendências modernistas contemporâneas.
Dramaturgia/ Montagem/Direção. Teatro do Estudante e seus desdobramentos. Nelson
Rodrigues; Teatro do modernismo. Oswald de Andrade. Teatro de hoje”. (A); e o
programa “B” está dividido em: “Introdução ao curso com leitura/apreciação dos
Manifestos Antropófago e Pau-Brasil, com referências a vanguarda européia.
Explicação pratica com passagens de Memórias sentimentais de João Miramar, de O.
de Andrade; Leitura de Macunaíma, de M.de Andrade; Introdução a 2ª. Fase do
Modernismo (depois de 1930), com a trajetória de alguns poetas, e diferenciação entre
as chamadas “fase heróica” e “fase social”; Leitura de Fogo Morto, de J. Lins do Rego;
Leitura de O rei da vela, de O. de Andrade. (B). Há, é claro, diferenças entre ambos,
pois enquanto programa “A” privilegia o romance, a narrativa curta das vanguardas e o
teatro contemporâneo, o programa “B” aponta mais para a poesia contemporânea e da
segunda fase do Modernismo”. Embora a ênfase do programa “B” esteja na poesia, o
teatro não é deixado pra trás, sendo visto em o Rei da vela de Oswald de Andrade.
178
Também neste caso, assim como na Literatura Brasileira VI, remeteremos ao
anexo II para uma visão da bibliografia destes programas que não constam da tabela
XX.
Três são os textos em comum entre a Literatura Brasileira V “A” da UFF e a
UFRR (tabela XX): 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 63ECÂNDIDO, A. Vários Escritos, 81E- COUTINHO, A. Introdução à Literatura no
Brasil. Em comum com a UFC para este programa “A” da UFF, apenas: 162EMARTINS, W. O modernismo. O programa “B” de Literatura Brasileira V apresenta
apenas uma sobreposição com o programa da UFRR (tabela XX), trata-se de: 45EBOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira.
Para a Literatura Brasileira VI há, curiosamente, quatro outros programas de
disciplina, dos quais dois, “A” e “B”, foram aplicados concomitantemente por diferentes
professores e, 1993.1. Os programas “C” e “D” por sua vez não possuem data de
aplicação definida, mas sua descrição de conteúdo também se enquadra no ementário e
no fluxograma das disciplinas mais antigas da UFF. A ementa para “A” e “B” é:
“Manifestações contemporâneas”; a ementa de “C” é: “Romance e Sociedade a partir
dos anos Trinta”; e a ementa de “D”: “Caracterização e análise da ficção produzida a
partir da década de 30, observada a partir da leitura crítica de obras que representem um
marco importante quanto à técnica literária e à temática no conjunto da Literatura
Brasileira; apresentação de elementos fundadores da narrativa; discussão de ensaios
críticos fundamentais para a compreensão das obras pospostas”.
Os programas de Literatura Brasileira VI da UFF que não constam da tabela XX,
estão assim divididos: “A”- “Conceitos fundamentais da pós-modernidade; a ficção de
Caio Fernando Abreu; O teatro de Paulo César Coutinho”; “B” – “O Conto
Contemporâneo: Laços de Família (Clarice Lispector), Romance Negro e outras
histórias (Rubem Fonseca), Três mulheres de Três PPPês
(Paulo Emílio Salles
Gomes)”; “C” – “Leitura de São Bernardo, Fogo Morto, O amanuense Belmiro,
Sagarana e A hora da Estrela, com vistas a rastrear a relação entre Literatura e
sociedade e/ou História, Literatura e Cultura, enfatizando, igualmente, a relação entre
tradição e renovação, normas vigentes e novos modos de construção da obra literária”; e
“D” – “Serão lidas obras selecionadas no seguinte grupo de autores: G. Ramos, C.
Lispector, J.G. Rosa, A. Dourado, O.Lins, R. Nassar, S.Sant´Anna, J.G. Noll, R.
Fonseca, L. Luft e S. Santiago. Os objetivos são levar os alunos a conhecer obras e
autores fundadores da ficção brasileira do período, trabalhar com a produção crítica
179
fundamental para a compreens ão das obras propostas e analisar os elementos
constituintes do gênero – foco narrativo, personagem, enredo, tempo – com apoio de
bibliografia teórica atualizada e pertinente”.
As disciplinas “A” e “B” de Literatura Brasileira VI da UFF parecem
pouco discordar em seu objeto. Exceto pelo fato de “A” buscar a esfera do texto teatral
para trabalhar, enquanto “B” apenas parece trabalhar com a narrativa da ficção; em
compensação, a disciplina “C” acrescenta às demais a relação Literatura-História e a
discussão entre “renovação e tradição”, assim como a questão dos “modos vigentes e
novos modos de construção” do literário; dos quatro, o que asssume um papel mais
“austero” de incursão historiográfica é o programa “D” cuja proposta é a de trabalhar
com textos críticos (talvez de modo “instrumental”?) para a compreensão de textos
variados de nossa Literatura Nacional, além de elencar determinadas categorias de
análise próprias de um determinado modelo de análise.
Para a Literatura Brasileira VI, uma única coincidênc ia ocorrerá entre os
programas extra-tabela e o programa “A” (dos quatro existentes a mais!), trata-se do
texto 129E- HUTCHEON, L. Poética do Pós-Modernismo: história, teoria, ficção.
Na tabela XXI, referente aos programas mais recentes destas mesmas disciplinas
(relativas à Literatura Brasileira III da UFRR), podemos notar uma proximidade maior
entre os programas, o que permite uma comparação mais apropriada.
Nas disciplinas da tabela XXI, tanto a UFC, que transfere o conteúdo referente
ao regionalismo da antiga Literatura Brasileira III (tabela XXXV) para um outro campo
disciplinar (o das Literaturas Regional, Popular e Cearense – respectivamente tabelas
XXXV, XXXVI e XXXVII/XXXVIII) inicia seu conteúdo com “Pré- modernismo”
nacional, quanto a UFRR (que inicia com as Vanguardas Brasileiras), quanto a UFF
(que pretende tratar de todo o século XX), procuram chegar à contemporaneidade. Mas
no caso da UFC esta chegada à contemporaneidade vai se dar em duas distintas etapas.
Na primeira etapa serão estudados o Pré- modernismo e as vanguardas (60 horas/aula –
Literatura Brasileira III – tabela XXI), e na segunda etapa serão estudadas da geração de
45 em diante até nossos dias (60 horas/aula – Literatura Brasileira IV). Tanto UFF
quanto UFC dispõem de quatro disciplinas de Literatura Brasileira.
180
Tabela XXI: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Brasileira
III (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
UFRR
Atual
60
Estudo
tópico
do
movimento modernista e
da contemporaneidade
brasileiros
Bibl.
Liter.*
32, 49, 56, 232, 261
Bibliogr. 1, 11 (Macunaíma prá lá
crítica * de Brasil por Telê P.A.
Lopez), 16 (Serafim:um
grande não livro por
Haroldo de Campos), 20,
27, 45, 58, 74, 75, 80, 81,
88, 89, 91, 104, 114, 129,
166, 174, 175, 200, 202,
241, 245, 255.
Linha de 1) A abertura dos campos
estudos no Br., 1.1) a semana de
moderna,
1.2)
proposta arte
Fragmentação da narrativa:
Mario e Oswald de
Andrade e 1.3 ) A
renovação
estética
da
poesia brasileira: Mário e
Oswald de Andrade além
de Manuel Bandeira; 2)
Diálogos Intertextuais 2.1)
Política e representação
liter. na literat. Brasil., 2.2)
literat.
Intimista;
3)
Contemporan. na Prosa e
na poesia, 3.1) primeiras
manifestações:
poesia
concreta, 3.2) Narrativas
Pós-modernas,
3.3)
subversão da poesia pós
1960.
UFC (Lit. Bras. III/IV)
UFF (Li.t Bras. XIV)
Atual
Atual
60/60
60
Estudo da Literat. Bras., abrangendo o Estudar e analisar as obras líricas e narrativas da
Pré-Modernismo., o Modernismo e a Literat. Brasileira produzidas no século XX,
geração de 30.
levando-se em conta os eventos literários, culturais,
Estudo crítico-analítico da literat. sociais e históricos fundamentais que se espraiam
Brasileira, no período que se inicia sincrônica e diacronicamente em torno da Semana
com a geração de 45 e se estende à de Arte Moderna.
contemporaneidade.
Não consta do programa
Sugere-se que alguns dos seguintes autores tenham
alguma(s) de suas obras articuladas pelos três eixos
propostos, sem a excludência de outros a critério do
Professor: prosa: M. de Andrade, O. de Andrade, G.
Ramos, L. Barreto, G. Rosa, C. Lispector, R .Fonseca,
J. Gilberto Noll; na poesia: M. de Andrade, O. de
259
Andrade, C. D. de Andrade, J. C. de Melo Neto, M.
Bandeira, M . Mendes, C. Meireles, A. Prado, F.
Gullar, M. de Barros.
3, 42, 45, 54, 81, 83, 162, 163, 172, Geral: 23, 25(Estética e correntes do Modernismo por
175, 209
Benedito Nunes), 34, 45, 68 (O Modernismo), 70,
80(O Modernismo), 102, 161(O Modernismo), 170(A
estética do Modern. do ponto de vista da História da
cultura), 181, 201, 213, 255. Específica: 4, 6
(Prefácio interessantíssimo), 7, 8(O movimento
modern.), 9, 10, 12(Poesia Pau-Brasil por P.Prado),
13, 14(Uma poética da radicalidade por H. de
19, 43, 45, 59, 68, 76, 155, 173, 215,
Campos), 15(Antropofagia ao alcance de todos por B.
244, 251, 255, 260
Nunes), 25(Estéticas e correntes do Modern. por B.
Nunes), 39, 61(Estilíst. miramariana), 62, 119, 125,
133(Modern.-projeto estético e ideológico), 153, 154,
165, 227(O entre-lugar do discurso latino-americ.).
4 itens: Pré -modern.(conc. E caract.; Em face da abrangência, este Curso deve ser
E. Cunha, G. Aranha, L.Barreto, trabalhado em tomo de 3 eixos simultâneos, que
M.Lobato,A.Anjos);
Modern.(Sem. privilegiem os processos estilísticos e temáticos
Arte Mod.; primeira geração: M. relacionados à prosa e à poesia dos autores
Bandeira, M. Andrade); a poesia de recortados no período, numa perspectiva
geração de 30 (C.D.Andrade, C. comparatista em relação a outros referenciais
Meireles, V. Moraes), Prosa da ger. de estético-formais. Eixos: a) Sistematização dos temas
30(urbana de O. Faria e C. Anjos; recorrentes e/ou divergentes da(s) estética(s) do
regional nordest.; rom. Social de R. período; b) Problematização dos vários estilos e
Queiroz,
J.Amado
J.A.Almeida, procedimentos narrativos que se sucedem e se
J.L.Rego, G.Ramos)
articulam por semelhanças ou por diferenças no
4 itens: Prosa da geração de 45 (C. diálogo com o passado estético-cultural brasileiro e
Lispector, G. Rosa; poesia de J.C.Melo europeu;c) Estabelecim. das várias formas de
Neto), vanguardas de 50 e 60 (poesia textualização da poesia do período, em seus
concreta, Práxis, Poema Processo); aspectos autoreferenciadores e em suas múltiplas
Ficção dos anos 70 (panorama estratégias de intervenção e de leitura das estéticas
histórico-cultural da época; contos e antecedentes, seja através dos deslocamentos
romances; ficção de vanguarda); paródicos, seja por meio das relações de imitação,
paráfrase e/ou releitura crítica.
Contemp. (poesia dos anos 80)
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
181
No caso da UFF, houve uma opção por incrementar o estudo do século XIX,
com duas disciplinas, uma de prosa a outra de verso, enquanto na UFC o foco maior se
deu no século XX, seguindo em parte a lógica da historiografica linear adotada outrora
pela UFF (tabelas XVI, XVIII e XX), quando “didatizada”, de que com o passar dos
anos, das décadas, o conteúdo tende a aumentar, a se acumular. Talvez na UFF esta
nova opção (tabela XXI) tenha se dado em função de um maior número de especialistas
na Literatura do século XIX, talvez não. Pode ter ocorrido também que lá a opção tenha
sido feita em função de ser este o período de formação dos Estados Nacionais, e,
portanto, um momento especial para o surgimento das “ciências” literárias. De todo
modo, não será algo que poderemos afirmar neste trabalho com certeza.
O que se quer aqui é, de certo modo, traçar um diferencial entre estas duas
instituições, no emprego que deram ao espaço “a mais”, de que puderam dispor para a
Literatura Brasileira. No caso da UFF, falar em espaço “a mais” pode vir a ser um
engano, pois se tomarmos como referência a própria UFF de outrora, não podemos nos
esquecer que o curso de Letras desta instituição, já teve, em sua grade antiga, seis
disciplinas de Literatura Brasileira. No entanto se compararmos esta quantidade ao
modelo de outras instituições, como a UFSC, por exemplo, num passado recente
(currículo mínimo, desde o advento da transformação dos cursos de seriados para o
sistema de créditos), veremos que a média era de três semestres de Literatura Brasileira.
A própria UFC, pelo material que temos em mãos, não tinha antes senão três disciplinas
de Literatura Brasileira (modelo do qual a UFRR deve ter herdado o seu, também de
três).
Na tabela XXI podemos perceber, quanto à UFC, que parte da bibliografia deste
programa atual estava no antigo de Literatura Brasileira II. Além disso, pode-se dizer de
modo geral, que os textos 45E e 175E aparecem em todos os programas da UFRR e
neste da UFC; que o 81E aparece em todos os programas de todas as épocas (UFRR e
UFC). Além disso, há disponível uma gama razoável de textos literários tanto na UFF,
quanto na UFRR, sendo menor a incidência na bibliografia da UFC. Talvez a
inespecificidade do conteúdo, de cunho panorâmico propicie este efeito, fazendo com
que o aluno não se aprofunde numa obra específica. Em contrapartida há uma clara
advertência, no conteúdo da disciplina da UFF, que aponta para a impossibilidade de
trabalharmos mais de três eixos de leitura ao longo do curso: “Em face da abrangência,
este Curso deve ser trabalhado em torno de 3 eixos simultâneos, que privilegiem os
processos estilísticos e temáticos relacionados à prosa e à poesia dos autores recortados
182
no período, numa perspectiva comparatista em relação a outros referenciais estéticoformais.”
Comparando as bibliografias, nota-se a unanimidade de 45E- BOSI, A. História
Concisa da Literatura Brasileira e 255E- TELLES, G. Vanguarda Européia e
Modernismo Brasileiro (na UFC, apenas na Literatura Brasileira IV). Além destas, a
bibliografia de UFRR coincide com: a Literatura Brasileira III da UFC em 81ECOUTINHO, A. Introdução à Literatura no Brasil e 175E-MOISÉS, M. História da
Literatura Brasileira; com a UFF em 80E-COUTINHO, A. A literatura no Brasil. A
UFC e a UFF, além das 2 citadas acima, tem em comum na disciplina Literatura
Brasileira IV da UFC, 68E-CÂNDIDO, A.; CASTELLO, J.A. Presença da Literatura
Brasileira: das origens ao Romantismo .
Na Literatura Brasileira XIV da UFF também ocorreu o mesmo fenômeno das
suas antecessoras. Os programas se multiplicaram tomando diferentes rumos no mesmo
período (“atual”) em tela. Para a Literatura Brasileira XIV da tabela XXI haverá três
programas diferentes “A”, “B” e “C” que não poderão, por falta de espaço, figurar desta
tabela. Do programa “A” não conhecemos a data de aplicação, embora saibamos pelo
formato e proposta ser posterior a 1995. Os programas, “A”, “B” – trabalhado em
1996.1 e “C” – em 1997.1, adotaram os seguintes conteúdos e ementas62 : “A”
(conteúdo) –“1. Estudo da poesia romântica, compreendendo: as formas do lirismo
romântico e a relação entre o Eu lírico e o mundo; a natureza como componente e
participante da representação romântica; a idéia de nacionalidade; a antinomia de amor
e morte; 2. Estudo da poesia parnasiana, compreendendo: a arte pela arte ou o culto da
forma como sensibilidade fria; as imagens marmóreas da poesia e o distanciamento
entre Eu lírico e objeto”; “B” (ementa) – “O romantismo e a questão da identidade
nacional; o Parnasianismo e o cientificismo; a representação do desejo na poesia
brasileira do século XIX; o discurso poético feminino e masculino, afinidades e
diferenças, marcando a afirmação da mulher na literatura, a repressão do desejo na
poesia”; e “C” (ementa) – “Estudo dos procedimentos estético-formais das poéticas
romântica, parnasiana e simbolista”. Entre os três, a diversidade é um pouco menos
exacerbada que em outras disciplinas da UFF (que vimos aqui anteriormente), mas,
ainda assim existe. O primeiro procura trabalhar a poesia do Romantismo e do
62
Em função de não haver, ao menos nos programas de disciplinas fornecidos pela UFF para esta
pesquisa, um formato próprio de programa pré-definido, ora haverá “ementa” e “conteúdo”, ora apenas
“conteúdo” e, de quando em vez, apenas a “ementa” será fornecida.
183
parnasianismo; o segundo “B” procura estabelecer relações entre Romantismo e
identidade nacional, Parnasianismo e cientificismo, além de buscar a questão dos
gêneros humanos na poesia destes períodos; o terceiro “C” já aponta para a questão
estético- formal da poesia do Romantismo, da Parnasianismo e do Simbolismo. Todos os
três parecem se enquadrar no ementário geral da UFF para esta disciplina.
No geral estes programas apresentam pouca bibliografia em comum com os
demais programas da tabela XXI. O programa “A”, por exemplo, não proporcionou
nenhuma coincidência bibliográfica. O programa “B”, por seu turno, teve como textos
coincidentes: 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira (comum a todas
as presentes na tabela XXI), 80E- COUTINHO, A. A Literatura no Brasil (com UFRR e
UFF – tabela XXI) e 8E- ANDRADE, M. Aspectos da Literatura Brasileira (com o
programa da UFF - Literatura brasileira XIV da tabela XXI). O programa “C” de
Literatura Brasileira XIV da UFF, teve como reincidências bibliográficas os seguintes
pares: 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira (Romantismo,
Simbolismo), comum a todas as demais; 7E- ANDRADE, M. O empalhador de
passarinho e 8E- ANDRADE, M. Aspectos da Literatura Brasileira (ao programa da
UFF da tabela XIV)
Para uma melhor visão da bibliografia completa destes programas “A”, “B” e
“C” de Literatura Brasileira XIV da UFF, remetemos ao anexo III desta tese.
5.2 – A Literatura Portuguesa
A Literatura Portuguesa, não só em função da angústia que sentem os alunos de
graduação (da UFRR, pelo menos) em relação a uma sua possível “aplicabilidade”
prática, o que equivale dizer ao mercado de trabalho e da necessidade do seu conteúdo
no dia-a-dia, tem perdido espaço em nossa IFES, ao longo dos últimos anos, uma vez
que a maioria dos alunos de Letras (os das Licenciaturas duplas) não precisam cursar a
disciplina de número III, ficando restritos a apenas dois semestres de Literatura
Portuguesa. Na UFF, apesar do gabarito e do prestígio de seu corpo docente, a
disciplina se resume, no período em tela, em termos de carga horária obrigatória, a duas
disciplinas introdutórias.
184
Tabela XXII: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
I (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
UFRR
Antiga (1990.2, s.d.)
60
Estudo da literatura do século XII,
considerando-se a posição do povo português
e, especialmente, o desenvolvimento dos
diversos estilos até o romantismo (1990.2)
Estudo da Literatura Portuguesa da época
medieval a partir das origens da língua e da
cultura portuguesas e sua evolução para o
Humanismo, Renascimento, Barroco e
Arcadismo, observando os aspectos sociais,
políticos, econômicos e morais, assim como a
evolução da mentalidade do povo lusitano
dentro do contexto europeu da época.
(alteração)
Não consta do Programa: Toda a Literatura
Portuguesa do período abrangida nas obras
críticas. (1990)
43, 44, 137, 172, 372, 374 (alter.)
157, 228, 229, 310, 350 (1990.2)
2, 15, 87, 148, 228, 229, 310, 336 (após
alteração)
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
História da literatura portuguesa (e de
Portugal) das origens de Portugal ao final do
século XVIII e início do século XIX.
Programa organizado em nove itens, até a
poesia pré-romântica de Bocage (1990.2)
Nove unidades organizadas em tópicos
cronologicamente progressivos que abrangem
desde a situação geográfica de Portugal na
Europa até a poesia Árcade em Portugal ( 9.4 Manuel Maria du Bocage) (após alteração)
Aplicabilid
ade/objetiv
o
Levar o aluno a conhecer os diversos estilos de
época deste período (1990.2)
Nenhuma palavra sobre os objetivos da
disciplina (alteração)
UFC
Antigo (1981.1, 1982.2, 1991.2)
60
Estudo da Literatura Medieval e
Clássica, com fundamento na
análise dos estilos de época:
trovadorismo,
humanismo,
classicismo, barroco e arcadismo
e destaque dos autores mais
representativos. (1981.1, 1982.2)
Estudo da Literatura Portuguesa
compreendendo o Trovadorismo,
o Humanismo, o Classicismo, o
Maneirismo, o Barroco e o
Arcadismo. (1991.2)
UFF – GLT04016
Antigo (s.d.)
60
Linhas de força da
Literatura
Portuguesa
em
diálogo com o
contexto
sóciocultural,
das
origens
ao
Romantismo:
D.
Dinis,
Camões,
Vieira,
Bocage,
Camilo
Castelo
Branco e outros.
Não consta
44, 390, 393, 374
62, 63, 64, 69, 113, 120, 158,
217, 218, 228, 255, 310, 334,
342, 357, 360 (1982.2) 23, 68,
69, 72, 90, 164, 223, 226, 227,
228, 237, 239, 300, 310, 352,
353 (1991.2).
Dividido em 5 unidades: 1.
Trovadorismo (os cancioneiros e
a gênese das cantigas; principais
trovadores
e
novelas
de
cavalaria),
Humanismo
(cronistas-F. Lopes, G. Vicente),
Classicismo
e
maneirismo
(Camões, Bernardim Ribeiro, F.
Mendes Pinto, literatura de
viagens), Barroco(cultismo e
conceptismo, Pe. Vieira, Pe.
Manuel Berbardes, D. Francisco
Manoel de Melo), Arcadismo (as
arcadias e o seu papel critico,
Bocage, J. Anastácio da Cunha e
Marquesa de Alorna)
Não consta
64, 148, 310, 397,
415
Não consta
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Das três apenas a UFC - cujo grau de excelência tende a ser, nesta área, o maior
dos três (pela produção apresentada no conteúdo bibliográfico de suas disciplinas deste
campo) - conta efetivamente com três disciplinas de Literatura Portuguesa, e além
dessas institui uma quarta disciplina obrigatória de Cultura Portuguesa. Os professores
185
da UFC souberam investir em outros “campos”, propondo-se a trabalhar desde a
História da Literatura, às Literaturas Africanas em optativas de Literatura Portuguesa. O
corpo docente da UFF, por outro lado, aposta no leque de optativas como forma de
recuperar o “terreno” (obrigatório) perdido (na grade do curso) na esperança de atrair
novos adeptos e, quiçá, futuros professores-pesquisadores.
Tanto a primeira versão da ementa, quanto a segunda, do programa de Literatura
Portuguesa I da UFRR (tabela XXII), apresentam uma disposição, no sentido de buscar
as origens e a cultura de Portugal, como pretextos iniciais para sua Literatura, conforme
consta de seu conteúdo: “das origens de Portugal ao final do século XVIII e início do
século XIX”. Na UFC esta disposição não fica tão clara, embora as ementas sejam
muito semelhantes às da UFRR, do ponto de vista dos itens que o compõem. Ambas
apresentam um conteúdo por demais extensivo, chegando mesmo, o primeiro programa
da UFRR, bem como o da UFF, a querer abranger, inclusive, o movimento Romântico
de Portugal (embora o segundo programa da UFF, sem ementa, traga conteúdo que vai
até o Maneirismo de Camões).
A bibliografia para a Literatura Portuguesa I da UFRR no início da década de 90
apresentava apenas três autores no campo da História da Literatura e um crítico – 310DSARAIVA, A. J. & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa, 359D- SPINA, S.
Presença da Literatura Portuguesa, 228 e 229D- MOISÉS, M. A Literatura
Portuguesa e A Literatura Portuguesa Através dos Textos, 157- KAISER, W. Análise
da Obra Literária – de 95 em diante passou a não contar mais com: 359D- SPINA e
157- KAISER, incorporando os seguintes textos literários: 43 e 44D- CAMÕES, L.V.
de. Lírica e Os Lusíadas, 137D- GOMES, A. C. Poemas escolhidos de Bocage, 172DLOPES, F. Textos escolhidos, 372D- VICENTE, G. Obras-primas doTeatro Vicentino,
374D-VIEIRA, A. Pe. Os sermões e os textos críticos de: 2D-.ABDALA, B. JR.;
PASCHOLIN, M.A. A História da Literatura Portuguesa,15D- AMORA, A. S. et al.
Presença da Literatura Portuguesa, 87D- CUNHA, M H. R. da; PIVA, L. Lirismo e
epopéia em Luis de Camões, 148D- HAUSER, A. História Social da Arte e da
Literatura, 228 e 229D- MOISÉS, M. – A Literatura Portuguesa e A Literatura
Portuguesa Através dos Textos, 310D- SARAIVA, A. J. ; LOPES, O. – História da
Literatura Portuguesa, 336D- SILVA, V. E. A. Teoria da Literatura.
A UFC, por sua vez adotava os seguintes textos em 1981 e 1982 iguais à UFRR:
310D- SARAIVA, A. J. & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa, 228DMOISÉS, M. A Literatura Portuguesa; além dos seguintes textos: 62D- CIDADE, H.
186
Lições de Cultura e Literatura Portuguesa, 63D- CIDADE, H. Luís de Camões, O
Lírico, 64D- CIDADE, H. Luís de Camões. O Épico, 69D- COELHO, J. P. Dicionário
de Literatura, 113D- FERREIRA, J. História da Literatura Portuguesa, 120DFIGUEIREDO, F. História da Literatura Clássica, 158D- LAPA, R. Lições de
Literatura Portuguesa, 217D- MENDES, J. Literatura Portuguesa I, 218D- MENDES,
J. Literatura Portuguesa II, 255D- PIMPÃO, C. Idade Média, 334D- AGUIAR E
SILVA, V.M. Maneirismo e Barroco na Poesia Lírica Portuguesa, 342D- SIMÕES,
J.G. História da Poesia Portuguesa, 357D- SPINA, S. Apresentação da Lírica
Trovadoresca, 360D- SPINA, S.; SANTILLI, M.A. Apresentação da Poesia Barroca
Portuguesa. A estes títulos vieram ser somados, em meados da década de 90 os
seguintes autores e obras: 32D - Berardinelli, C. Estudos camonianos, 21D - Azevedo
Filho, L. As cantigas de Pero Meogo, 22D - Azevedo Filho, L. Lírica de Camões:
história, metodologia, corpus, 165D - Linhares Filho. "O lirismo em Os Lusíadas..
Revista de I.etras,169D - Linhares Filho. O maneirismo na lírica de Camões. Revista de
Letras, 306D - Saraiva, A.J. O discurso engenhoso: estudo sobre Vieira e outros
autores barrocos, 358D- SPINA, S. A lírica trovadoresca.
Na bibliografia da UFF constavam: 44D- CAMOES, L. Os Lusíadas; 390DBOCAGE, M.M. B. du. Sonetos; 393D- BRANCO, C. C. Amor de perdição; 374DVIEIRA Pe A. Os sermões; 64D- CIDADE, H. Luis de Camões - o épico; 148DHAUSER, A. História social da arte e da literatura; 310D- SARAIVA, A.J.; LOPES,
Oscar. História da literatura portuguesa; 397D- CIDADE, H. A poesia lírica cultista e
conceptista; 415D- NUNES, J.J. Cantigas d’amigo dos trovadores galego-portugeses.
Das bibliografias podemos destacar como textos utilizados em comum: 44DCAMOES, L. Os Lusíadas (UFRR/UFF consta como subitem do conteúdo da UFC
embora não esteja na bibliografia), 374D- VIEIRA Pe A. Os sermões (UFRR/UFF);
textos críticos: 64D- CIDADE, H. Luis de Camões - o épico (UFC/UFF); 148DHAUSER, A. História social da arte e da literatura (UFRR/UFF); 310D- SARAIVA,
A.J.; LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa (nos três da Tabela XXII).
Além do já listados na tabela XXII há um outro programa da UFF sem data e
sem ementa, cujo conteúdo está dividido em três itens: “A Literatura Medieval
Portuguesa; O Teatro de Gil Vicente e Camões: o apogeu literário e a decadência
histórica. A literatura medieval subdividido em: a cultura medieval e a cultura
peninsular; a literatura medieval e a literatura peninsular; questões de leitura e
oralidade; os gêneros literários medievais. O Teatro de Gil Vicente subdividido em: O
187
teatro peninsular; a cultura dos descobrimentos; o riso, o cômico e o lúdico no teatro
vicentino; a nostalgia da ordem. Camões subdividido em: O Renascimento e o
maneirismo; Camões clássico; Camões maneirista; Os Lusíadas.”
Este programa (extra-tabela) apresenta, no cruzamento com os demais presentes
na tabela XXII, os seguintes textos em confluência 63 : 62D- CIDADE, H. Lições de
cultura e literatura portuguesa (com UFC e UFF), 158D- LAPA, R. Lições de
literatura portuguesa: época medieval (com UFC e UFF), 310D- SARAIVA, A.J.;
LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa (com as três), 148D- HAUSER, A.
História social da arte e da literatura (com UFRR e UFF), 44D- CAMOES, L. Os
Lusíadas, 63D- CIDADE, H. Luis de Camões - o lírico (com UFC e UFF), 64DCIDADE, H. Luis de Camões - o épico (com UFC e UFF), 334D- SILVA, V. M. P. de
A. Maneirismo e barroco na poesia lírica portuguesa (com UFC e UFF).
Enquanto de modo geral UFC e UFF, em Literatura Brasileira, tiveram
em comum poucas obras, em Literatura Portuguesa parecem estar mais afinadas, quer
pela ausência de uma maior quantidade de textos publicados e/ou circulando no Brasil,
quer por uma identidade maior nesta área entre ambas as instituições.
Nos programas novos (tabela XXIII), por uma questão de diferença no modelo
adotado pela UFF, para a apresentação de seu conteúdo, separado em duas disciplinas
concomitantes, uma dizendo respeito à Poesia e ao Teatro e a outra dizendo respeito à
Narrativa, optamos por apresentá- las juntas, na tabela XXIII, sem o que não seria
possível traçar uma linha comparativa. A divisão do conteúdo, na UFF, em Teatro e
Poesia numa disciplina, e Narrativa na outra disciplina, será retomada na tabela XXV de
Literatura Portuguesa II (relativizado-se à UFC e à UFRR), bem como, na tabela
XXVII, de Literatura Portuguesa III (relativizado-se à UFC e à UFRR), uma vez que
seu conteúdo também se presta a uma comparação com os ali especificados.
Para o curso de Letras da UFRR, a Literatura Portuguesa I (Tabelas XII e XIII),
em função dos diversos problemas já aqui discutidos e relatados no capítulo IV desta
tese, teria que sofrer reduções ou mudanças na apresentação de seu conteúdo. Ainda
assim, não se pensou em nenhum momento (dada a falta de pessoal docente) em, a
exemplo da UFC, criar uma disciplina de Cultura Portuguesa que, ao mesmo tempo em
63
Para uma visão mais ampla da bib liografia deste programa extra de Literatura Portuguesa I da UFF, que
não consta da tabela XXII, a exemplo dos programas de Literatura Brasileira que não constavam das
tabelas anteriores, melhor dirigir-se aos anexos.
188
que servisse como uma optativa, poderia aliviar o já pesado programa de ter que
explicar a gênese da cultura e elementos da história de Portugal para nossos alunos.
Tabela XXIII: comparativo UFRR x UFC x UFF - DISCIPLINA LITERATURA
PORTUGUESA I (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
Bibl.
Liter.*
Bibliogr.
Crítica *
UFRR
Atual
60
Estudo da Literatura Portuguesa
no contexto europeu, da Idade
Média ao Barroco, considerando
os aspectos culturais, sociais,
políticos e econômicos em suas
relações com a expressão artística
e a formação e evolução da nação
Portugal.
8, 43, 44, 372, 375
UFC
Atual
60
Estudo da Literatura Portuguesa
compreendendo o Trovadorismo, o
Humanismo, o Classicismo, o
Maneirismo, o Barroco e o
Arcadismo.
Não consta
UFF (Intr. à Lit. Port. I e II)
Atual
60/60
Constituição do processo literário
português I: Poesia e Teatro.
Constituição do processo literário
II: Narrativa
Não consta
Não consta
2, 33, 158, 178, 186, 281, 307, 310.
115, 116, 117, 148, 196, 211, 230, 21, 22, 32, 33, 34, 56, 57, 62, 63,
310, 337, 338.
64 69, 92, 94, 113, 120, 142, 158,
165, 169, 202, 208, 209, 218, 222,
228, 230, 231, 246, 255, 257, 263,
266, 267, 268, 269, 270, 295, 306, 32, 109, 174, 215, 309, 310, 350
309, 310, 334, 338, 342, 358, 360.
Linha de Cinco unidades organizadas em
torno da História da Literatura
estudos
proposta Portuguesa: da formação de
Dividido em 5 unidades: 1.
Trovadorismo (os cancioneiros e
a gênese das cantigas; principais
Portugal ao renascimento europeu e trovadores
e
novelas
de
português (incluindo a literatura de cavalaria),
Humanismo
viagens e descobrimentos)
(cronistas-F. Lopes, G. Vicente),
Classicismo
e
maneirismo
(Camões, Bernardim Ribeiro, F.
Mendes Pinto, literatura de
viagens), Barroco(cultismo e
conceptismo, Pe. Vieira, Pe.
Manuel Berbardes, D. Francisco
Manoel de Melo), Arcadismo (as
arcadias e o seu papel critico,
Bocage, J. Anastácio da Cunha e
Marquesa de Alorna)
Dividido em 5 itens: a cultura
literária em Portugal:introdução; a
poesia em Portugal: das origens ao
Romantismo; Séc. XIX: a poesia
finissecular; A lit. port. e a poesia
do séc. XX; o teatro em Portugal
Dividido em 6 itens: a prosa
medieval e humanista: Fernão
Lopes; a narrativa épica
renascentista: Os Lusíadas de
Camões; A ficção romântica:
Camilo Castelo Branco; A prosa
realista: Eça de Queiroz; Do
presencismo ao neo-realismo:
Miguel Torga; Tendências
contemporâneas da ficção
portuguesa.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
O novo programa (tabela XIII) não superou todos os problemas, por ser ainda
muito extenso, ao propor o: “ Estudo da Literatura Portuguesa no contexto europeu, da
Idade Média ao Barroco, considerando os aspectos culturais, sociais, políticos e
econômicos em suas relações com a expressão artística e a formação e evolução da
nação Portugal”. Talvez se se tivesse optado por uma solução semelhante à da UFF
189
(Constituição do processo literário português I: Poesia e Teatro e Constituição do
processo literário II: Narrativa), ou a da própria Literatura Brasileira da UFRR, a
disciplina estivesse mais enxuta e aprazível. Sua irmã, a UFC, pôde optar por uma
forma menos atropelada de propor o conteúdo, uma vez que para trabalhar com a
cultura Portuguesa foi criada uma disciplina específica. Assim sendo os itens de seu
programa diferem da UFRR, apesar da semalhança no trato historicista da Literatura de
ambas: “Trovadorismo (os cancioneiros e a gênese das cantigas; principais trovadores e
novelas de cavalaria), Humanismo (cronistas- F. Lopes, G. Vicente), Classicismo e
Maneirismo (Camões, Bernardim Ribeiro, F. Mendes Pinto, literatura de viagens),
Barroco (cultismo e conceptismo, Pe. Vieira, Pe. Manuel Berbardes, D. Francisco
Manoel de Melo), Arcadismo (as arcádias e o seu papel crítico, Bocage, J. Anastácio da
Cunha e Marquesa de Alorna)”. Como se pode notar quando o conteúdo foi
confeccionado não havia a preocupação de inserir neste espaço a história e fatos sobre a
gênese da cultura Portuguesa.
Em termos de bibliografia, a UFRR tendo adotado outros textos literários ao
longo da década, deixou de utilizar as seguintes obras: 137D- GOMES, A. C. Poemas
escolhidos de Bocage, 172D- LOPES, F. Textos escolhidos, e os críticos: 228 e 229DMOISÉS, M. A Literatura Portuguesa e A Literatura Portuguesa Através dos Textos e
todos do programa de meados de 90, exceto 148D- HAUSER, A. História Social da
Arte e da Literatura e 310D- SARAIVA, A. J. ; LOPES, O. – História da Literatura
Portuguesa., adotou em seu lugar os seguintes textos: 8D- ALCOFORADO, M. Cartas
de Amor, 43D- CAMÕES, L.V. de. Lírica, Redondilhas e sonetos, 44D- CAMÕES, L.
V. de. Os Lusíadas, 372D- VICENTE, G. Obras-primas do Teatro Vicentino, 375DVIEIRA, A. Pe. Sermão da Sexagésima, 115D- FERREIRA, M.E. T. Literatura dos
descobrimentos e da expansão portuguesa, , 116D- FERREIRA, M.E. T. Crônicas de
Fernão Lopes e 117D- FERREIRA, M.E. T. Poesia e Prosa Medievais,e, além dos já
citados, passou a adotar os seguintes teóricos: 196D- MARQUES, A. H. de O. História
de Portugal, 211D- MATTOSO, J. et al. História de Portugal, 230D-.MONGELI, L.
M. M. et al. A
literatura Portuguesa em perspectiva: Classicismo, Barroco e
Humanismo, SILVEIRA, F. M. et Al. Poesia Clássica: Literatura Portuguesa, 338DSILVEIRA, F. M. et al. A literatura Portuguesa em Perspectiva: Classicismo, Barroco
e Arcadismo.
No programa atual da UFC, repetem-se os textos de programas anteriores
(diferentemente da UFRR, onde ao menos metade é retirada da bibliografia) e foram
190
acrescidos alguns outros: 21D- AZEVEDO FILHO, L. A. As cantigas de Pero Meogo:
estabelecimento critico dos textos, análise literária, glossário e reprodução fac-similar
dos manuscritos e 22D- AZEVEDO FILHO, L. A. Lírica de Camões: história,
metodologia, corpus, 32D- BERARDINELLI, C. Estudos camonianos, 33D.BERARDINELLI, C. Estudos de literatura portuguesa e 34D-.BERARDINELLI, C.
"Os Lusíadas: a epopéia de uma época de contradições", 56D- CATZ, R. A sátira social
de Fernão Mendes Pinto: Análise critica da Peregrinação e 57D- CATZ, R.. Fernão
Mendes Pinto - Sátira e anti-Cruzada na Peregrinação, 92D- D' ALGE, C. O sal da
escrita e 94D- D' ALGE, C. O mito do paraíso terrestre em Camões, 142DGONÇALVES, E.; RAMOS, M.A. A lírica galego-portuguesa, 165D- LINHARES
FILHO. "O lirismo em Os Lusíadas.. Revista de I.etras e 169D- LINHARES FILHO. O
maneirismo na lírica de Camões. Revista de Letras, 202D- MARTINS, E. D. "Quem ri
de quem em Romagem de Agravados. Atas do IIlEncontro Internacional de Estudos
Medievais, 208D- MARTINS, E. D. Fernão Lopes: marcas de tradição e inovação e
209 D- MARTINS, E. D. Camões: alegria por trás do triste fado, 222D- MENDES,
.M.V. A oratória barroca de Vieira, 230D- MONGELLI, L. M. M et al. A literatura
portuguesa em perspectiva: Trovadorismo e Humanismo, 231D- MONGELLI, L.M.M.
A Literatura doutrinária na corte de Avis, 246D- PÉCORA, A. Poesia seiscentista:
Fênix Renascida & Postilhão de Apolo, 257D- PIRES, M. L.G. Poetas do período
Barroco, 261D- PONTES, R. «Por que ler Camões hoje?", 263D- PONTES, R. "Uma
desleitura de Os Lusíadas" , 266D- PONTES, R. Residualidade e mentalidade na lírica
camoniana, 267D- PONTES, R. Mentira e verdade na Peregrinação, 268D- PONTES,
R. Uma leitura de Romagem de Agravados, 269D- PONTES, R. Da celebração da
palavra à palavra da celebração: Pe. Antônio Vieira e 270D- PONTES, R.
Residualidade e mentalidade trovadorescas no Romance de Clara Menina, 295DROSSI, L. A literatura novelística na Idade Média Portuguesa, 306D- SARAIVA, A.J.
O discurso engenhoso: estudo sobre Vieira e outros autores barrocos e
309D-
SARAIVA, A.J.O crepúsculo da Idade Média em Portugal, 310D- SARAIVA, A. J.;
LOPES, O. História da literatura portuguesa, 334D- SILVA, V.M.P.A. Maneirismo e
harroco na poesia lírica portuguesa, 358D- SPINA, S. A lírica trovadoresca,
Na UFF, embora as disciplinas não enfoquem as épocas literárias, alguns textos
da bibliografia de poesia e teatro, são comuns à UFRR (2D- ABDALA &
PASCHOALIN) e à UFC, 33D- C. Berardinelli (Estudos de Literatura Portuguesa) ,
Rodrigues Lapa (158D) e com ambas (310D- Saraiva & Lopes). Na disciplina
191
“Narrativa” há em comum com UFC: 32D-C. Berardinelli (Estudos Camonianos),
309D- Saraiva (o crepúsculo da Idade Média em Portugal), e com ambas 310DSaraiva & Lopes. Além destes, compõe o acervo bibliográfico da UFF, em Teatro e
Poesia (Introdução à Literatura Portuguesa I): 178D- LOURENÇO, E. Poesia e
metafísica- Camões, Antero e Pessoa, 186D- MACEDO, H. Nós, uma leitura de
Cesário Verde, 281D- REBELLO, L.F. História do teatro português, 307DSARAIVA, A. J. Gil Vicente e o fim do teatro medieval. E em narrativa (Introdução à
Literatura Portuguesa II): 109D- FERRAZ, M.L. A ironia romântica: estudo de um
processo comunicativo, 215D- MEDINA, J. Eça de Queiroz e a geração de 70, 174DLOPES, O. Álbum de família: ensaios sobre autores portugueses do século XIX, 309DSARAIVA, A..J O crepúsculo da Idade Média em Portugal, 350D- SIMÕES, J.G.
Perspectiva histórica da ficção portuguesa: das origens ao séculoXX.
Na disciplina de Literatura Portuguesa II – programas antigos (tabela XXIV) o
padrão se repete. A Literatura Portuguesa é dada a partir de um modelo canônico, com
um viés histórico, linear e calcado nas escolas e movimentos literários.
A Literatura Portuguesa II antiga (tabela XXIV) da UFC apresenta uma ementa
inicialmente calcada “na análise dos estilos de época: Romantismo, Realismo,
Naturalismo, e Simbolismo e destaque dos autores mais representativos (1981/2)”
modificada para “Estudo da Literatura Portuguesa, compreendendo os autores do
Romantismo, do Realismo-Naturalismo, do Parnasianismo e do Simbolismo (1991)”.
Aparentemente esta mudança tornou a disciplina menos atrelada ao modelo voltado para
a classificação em períodos literários, voltando-a mais para a própria obra em si.
No caso da UFF o programa também será historiográfico e terá como ementa o
seguinte: “Do Realismo à contemporaneidade: visão diacrônica”. Sua metodologia
apontará para “O estudo da poesia será feito em sala de aula e será objeto de uma prova
ao final do curso. O estudo da narrativa desdobrar-se-á em: prova sobre uma das
seguintes obras: O arco de Santana (A. Garrett), Eurico, o presbítero (A. Herculano), A
Doida do Candal (C.C. Branco), As Pupilas do Senhor Reitor (J.Dinis); e monografia
sobre um dos seguintes temas: consciência e máscara em O crime do Padre Amaro
(E.Queiroz) e O homem disfarçado (F.Namora); o adultério em O primo Basílio
(E.Queiroz) e Bolor (A. Abelaira); o herói problemático em A Capital (E.Queiroz) e
Cerromaior (M.Fonseca); indivíduo e grupo social em Os Maias (E.Queiroz) e Gaibéus
(A.Redol); foco narrativo em A cidade e as serras (E.Queiroz) e O Delfim (C. Pires); o
192
cruzamento de discursos em A ilustre casa de Ramires (E.Queiroz) e Memorial do
Convento (Saramago)”.
Tabela XXIV: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura
Portuguesa II (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabilid
ade/objetiv
o
UFRR
UFC
Antiga
Antigo
60
60
Visão global do Realismo -NaturalismoEstudo da Literatura do século
e
do
Simbolismo
Português,XIX, com fundamento na análise
especificamente suas características,dos
estilos
de
época:
contexto histórico, gêneros liter.romantismo,
realismo,
fiscalizando suas etapas evolutivas, bem naturalismo, e simbolismo e
como analisando os autores maisdestaque dos autores mais
representativos da época (1993.2)
representativos. (1981.1, 1982.2)
Visão geral do Romant. Europeu, mais Estudo da Literatura Portuguesa,
especificamente em Portugal, e ascompreendendo os autores do
tendências estét. da 2ª. metade do séc.Romantismo,
do
Realismo XIX que culminaram na formação do Naturalismo, do Parnasianismo e
Realismo - Natural., observando suasdo Simbolismo. (1991.2)
etapas
evolutivas
e
respectivos
contextos sócio-culturais. (alteração)
Não consta do Programa
Não consta
UFF- GLT05017
Antigo (s.d.)
60
Do
Realismo
contemporaneidade:
diacrônica.
a
visão
Não consta
122, 228, 229, 310 (1993.2)
17, 62, 65, 88, 110, 113, 122, Não consta
66, 196, 228, 310, 369, 378 (após 214, 219, 224, 235, 294, 310,
alteração)
341, 342, 344, 351, 354,
(1981.1, 1982.2).
17, 54, 70, 78, 93, 121, 122, 159,
166, 168, 219, 228, 234, 248,
254, 283, 303, 310, 329, 336,
347, 350 (1991.2)
História da literat. portuguesa(final do Dividido em 4 unidades: 1. Dividido em 10 itens:1.O séc. XIX:
séc. XIX).Programa organizado em 6 Romantismo (A. Garrett, A. literat. e sociedade; 2.O romance,
itens: de uma (re)visão geral do Herculano,
C.C.Branco, gênero burguês por excelência; 3.
Romantismo português até a ficção Castilho e Soares de Passos), Do romance tradicional para o
realista de Eça. (1993.2)
2. Realismo (Questão Coimbra romance moderno: a construção do
Duas unidades organizadas em: I) e Conferencias do Cassino significado na estrutura do gênero
caracterização do estilo romântico; Lisbonense, A. Quental, E. literário; 4. A crise da civilização do
1.1) análise do contexto sócio-político Queiroz, C. Verde, R. Ortigao) séc.XIX na poesia port.: Guerra
econômico em que nasceu o romant. 3. Naturalismo ( F.de Almeida Junqueiro e Gomes Leal; 5. Idem:
europeu 1.2) Estética 1.2) Estética e A. Botelho) 4. Simbolismo ( Cesário Verde; 6. idem: Antero de
românt. 1.3) O romantismo em Portugal E. Castro, A. Nobre, C. Quental; 7. idem: Camilo Pessanha;
II) A poesia Romântica 2.1) O ultra - Pessanha, R. Brandão, A. 8. idem: Mario de Sá-Carneiro; 9.
romantismo de Antônio Feliciano de Patrício)
idem: Fernando Pessoa; 10. A
Castilho
2.2) Outros poetas da
literatura portuguesa no séc. XX:
época.(alter.)
Orpheu, Presença e Neo-Realismo.
3º período: levar o aluno a conhecer as Não consta
Estudar a evolução da liter. na
correntes literárias surgidas no final do
socied. burguesa, com especial
século XIX, o contexto histórico em que
atenção a poesia e ao romance.
surgiram as causas que as determinaram
Acompanhar a dissolução da visão
e seu legado para as correntes
de mundo burguesa, cristalizada na
subseqüentes.
liter. românt., através da evolução
da estrut. do romance e dos desdobr.
de 4 temas poét. básicos: a fratura
do eu, a crise do processo do
conhecim., a exaustão da cult.
Ocident. e as rel. linguagem-real
193
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Embora não haja bibliografia literária a relatar no programa da UFC e no da
UFF da tabela XXIV, o conteúdo de ambas, rica em autores e obras, supõe intenso
trabalho com vários escritores do cânone literário Português. Na UFF, os autores e obras
que, por um motivo ou por outro, não constavam da “metodologia desta disciplina
constavam do conteúdo: “1.O séc. XIX: Literatura e sociedade; 2.O romance, gênero
burguês por excelência; 3. Do romance tradicional para o romance moderno: a
construção do significado na estrutura do gênero literário; 4. A crise da civilização do
século XIX na poesia portuguesa de Guerra Junqueiro e Gomes Leal; 5. A crise da
civilização do século XIX na poesia portuguesa de Cesário Verde; 6. A crise da
civilização do século XIX na poesia portuguesa de Antero de Quental; 7. A crise da
civilização do século XIX na poesia portuguesa de Camilo Pessanha; 8. A crise da
civilização do século XIX na poesia portuguesa de Mario de Sá-Carneiro; 9. A crise da
civilização do século XIX na poesia portuguesa de Fernando Pessoa; 10. A Literatura
Portuguesa no século XX: Orpheu, Presença e Neo-Realismo ”. Cesário Verde, Camilo
Pessanha e outros, presentes no conteúdo, mas ausentes da metodologia, são exemplos
desta alternância.
Também a UFC, embora não haja bibliografia literária disponível nos
programas, transpõe no conteúdo disciplinar sua intenção de trabalhar com os seguintes
textos e autores: “1. Romantismo (A. Garrett, A. Herculano, C. C.Branco, Castilho e
Soares de Passos), 2. Realismo (Questão Coimbrã e Conferências do Cassino
Lisbonense, A. Quental, E. Queiroz, C. Verde, R. Ortigao) 3. Naturalismo ( F.de
Almeida e A. Botelho) 4. Simbolismo ( E. Castro, A. Nobre, C. Pessanha, R. Brandão,
A. Patrício)”.
Não parecem existir semelhanças significativas entre a UFC e a UFRR que
possam indicar que tenha havido um movimento de filiação de programas por parte dos
profesores da UFRR para com a UFC, onde se formaram. Contudo, dos quatro textos
apresentados inicialmente na bibliografia do curso de Letras da UFRR, três se repetem
nos programas de 1991 da UFC (reformulação).
Esta repetição pode ser indicadora de resquícios na formação dos professores da
UFRR. Por outro lado, por se tratar de autores consagrados e largamente utilizados no
cânone disciplinar como Historiadores da Literatura, não seria anormal encontrá- los
194
também em outros programas, pelo país afora, nesta época. São eles: 310D- SARAIVA,
A. J. & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa, 228D e MOISÉS, M. A
Literatura Portuguesa Através dos Textos, 122- FIGUEIREDO, F.
História da
Literatura Portuguesa. O quarto livro que a UFC não utiliza nesta mesma época e que
compõe o primeiro escopo de textos da UFRR é: 229D- MOISÉS, M. A Literatura
Portuguesa, tendo sido, no meio da década de 90, retirados os textos de Fidelino e
Moisés (A Literatura Portuguesa através dos Textos). Os demais foram substituídos por
quatro outros que não se repetem no programa da UFC: 66D- CITELLI, A.
Romantismo: uma palavra no tempo. Fogos de agulhas,196D- MARQUES. H. A
monarquia constitucional: acontecimentos, 369D- VECCHI, C.A.; RIBEIRO, R. de S.
Romantismo, 378D- WELLEK, R. Conceitos de Crítica.
Na UFC permanecem Saraiva e Lopes e Fidelino Figueiredo (igualmente ao que
acontece na UFRR) e é acrescentado Moisés (A Literatura Portuguesa). Do programa
anterior, no comparativo entre a reformulação de 1991 e os programas da década de
1980, permanece apenas João Mendes e João Pedro de Andrade (Raul Brandão). Ao
todo são 23 os textos da bibliografia da UFC: 17D- ANDRADE, J.P. Raul Brandão
Coleção a obra e o homem, 54D-CASTILHO, G. Vida e obra de Raul Brandão, 69DCOELHO, J.P. Dicionário de Literatura e 70D- COELHO, J.P.Introdução à novela
camiliana, 78D- CORTESÃO, J. Eça de Queiroz e a questão social, 93D- D´ALGE,
C.N. As relações brasileiras de Almeida Garrett, 121D- FIGUEIREDO, F. História da
literatura romântica e 122D- FIGUEIREDO, F. História da Literatura Realista, 159DLEMOS, E. “ A Clepsidra “ de Camilo Pessanha: notas e reflexões, 166D- LINHARES
FILHO. Amor e misticismo em João de Deus e 168D- LINHARES FILHO.O místico e
o social em “São Cristóvão” de Eça de Queiroz, 219D- MENDES, J. Literatura
Portuguesa III, 228D- MOISÉS, M. A literatura portuguesa, 234D- MONTEIRO, A.C.
O romance, teoria e crítica, 248D- PEREIRA, J.C.S. Decadentismo e simbolismo na
poesia portuguesa, 254D- PICHIO, L.S.História do teatro português, 283D- REIS, C.
Estatuto e perspectiva do narrador na ficção de Eça de Queiroz, 303D- SÁFAKI, N. O
sentido humano do lirismo de João de Deus, 310D- SARAIVA, A. J.; LOPES, O. –
História da Literatura Portuguesa, 329D- SERRÃO, J. Temas oitocentistas I, 336DSILVA, V.M.A Teoria da Literatura, 347 e 350D- SIMÕES, J.G. Vida e obra de Eça
de Queiroz e Perspectiva Histórica da ficção portuguesa. Destes 23, somente cinco são
efetivamente Histórias da Literatura. Os demais ou são ensaios, comentários e
aprofundamento sobre algum período literário em especial, ou enfocam um autor
195
específico. Estranhamente neste programa da UFC também aparece um texto de Victor
Manuel Aguiar e Silva - Teoria da Literatura (336D), o que acaba suscitando a idéia de
que fosse prática da época (juntar “teoria” e “prática” histórica), ou trazendo à tona mais
um indício de proximidade entre os programas da UFRR e da UFC.
É interessante salientar, nesse sentido, que o conteúdo, tanto da primeira versão
quanto da segunda versão de ambas as intituições, se equivale um pouco mais. Na UFC
e na UFRR não havia o romantismo num primeiro momento. Na reformulação dos
programas (UFC 1991) e UFRR (1995) – tabela XXIV – ambos passam a contar com o
Romantismo além do Realismo e do Naturalismo em seu conteúdo programático.
Os programas “novos” da disciplina de Literatura Portuguesa II (tabela XXV),
por sua vez, apresentam a mesma configuração da tabela XXIII, na qual as disciplinas
da UFF estavam divididas em Teatro e Poesia (Introdução à Literatura Portuguesa I) e
Narrativa (Introdução à Literatura Portuguesa II), em função do fato de se tratar dos
mesmos programas.
Embora haja pouca variância entre uma ementa e outra (UFC-UFRR), na UFC
(tabela XXV) aparece o mo vimento Simbolista, enquanto na UFRR ele não consta da
ementa do programa. Mas na descrição do conteúdo há não só o Arcadismo (que não
consta da UFC) como também o “Romantismo, Realismo e Simbolismo europeu e
português”. Deste modo, na UFRR, o problema de excesso de conteúdo que antes
costumava ser do programa de Literatura Portuguesa I, passa a ser do programa II. Este
é um dos poucos programas com os quais nos deparamos, até então, que possui em sua
bibliografia mais textos literários a indicar, que teóricos.
São eles: 47D- CASTILHO, A. F. de. O outono, 48D- CASTILHO, A. F. de. A
primavera, 49D- CASTILHO, A. F. de. Amor e melancolia ou A novíssima Heloísa,
50D- CASTILHO, A. F. de. Cartas de Ecco e Narciso, 51D- CASTILHO, A. F. de.
Excavações Poéticas, 52D- CASTILHO, A. F. de. A noite do castelo, 53DCASTILHO, A. F. de. Os ciúmes do bardo, 100D- DEUS, J. de. Campo de flores,
133D- GARRET. A. D. Branca, 134D- GARRET. A. D. Folhas caídas e outros
poemas, 151D- JUNQUEIRO, A.M. G. Horas de combate, 152D- JUNQUEIRO, A.M.
G. Prometeu libertado, 153D- JUNQUEIRO, A.M. G. Antologia para a juventude,
154D- JUNQUEIRO, A.M. G. Vibrações líricas, 155D- JUNQUEIRO, A.M. G. A
morte de D. João, 156D- JUNQUEIRO, A.M. G. Pátria, 242D- ORTIGÃO, R. Farpas
escolhidas, 275D- QUEIRÓS, E. Uma campanha alegre, 276D- QUENTAL, A. de.
Sonetos completos e poemas escolhidos, 277D- QUENTAL, A. de. Odes modernas,
196
278D- QUENTAL, A. de. Poesia e prosa, 356D- PASSOS, S. de. Poesias, 371DVERDE, C. O livro de Cesário Verde e poesias dispersas.
Tabela XXV: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura Portuguesa
II (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
Bibl. Liter.*
UFRR
Atual
60
Estudo das tendências estéticas
surgidas a partir do final do século
XVIII na Europa e em Portugal,
priorizando os movimentos de
ruptura do Romantismo e as
evoluções subseqüentes, chegando
até o Realismo e o Naturalismo.
47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 100,
133, 134, 151, 152, 153, 154, 155,
156, 242, 275, 276, 277, 278.
UFC
Atual
60
Estudo
da
Literatura
Portuguesa compreendendo o
Romantismo, o Realismo Naturalismo -Parnasianismo e
o Simbolismo.
Não consta
UFF (Intr. à Lit. Port. I e II)
Atual
60/60
Constituição do processo literário
português I: Poesia e Teatro.
Constituição do processo literário
II: Narrativa
Não consta
Não consta
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
121, 122, 132, 135, 148, 211, 250, 17, 54, 58, 69,
310, 323, 356, 368, 371, 378.
110, 121, 122,
159, 160, 166,
199, 201, 203,
234, 248, 264,
282, 310, 329,
350, 351, 368.
Três unidades organizadas em
torno da História da Literatura
Portuguesa: do Arcadismo de
Portugal
ao
Romantismo,
Realismo e Simbolismo europeu e
português (resumo)
70, 78, 93, 96, 2, 33, 158, 178, 186, 281, 307, 310.
123, 139, 140,
168, 187, 188,
219, 221, 228,
271, 272, 280, 32, 109, 174, 215, 309, 310, 350
343, 347, 348,
Dividido em 3 unidades: 1.
Romantismo (A. Garrett, A.
Herculano,
ultraromantismo,
C.C.
Branco, J.Dinis, J.de Deus),
2. Realismo, Naturalismo e
Parnasianismo
(Questão
Coimb rã e Conferências do
Cassino Lisbonense, A.
Quental, G. Junqueiro, C.
Verde, 3 fases de E.
Queiroz, A Folha e a poesia
de pretensão parnasiana,
F.de Almeida e A. Botelho),
3. Simbolismo (o clima
decadentista, E. Castro, A.
Nobre, C. Pessanha, R.
Brandão)
Dividido em 5 itens: a cultura
literária em Portugal:introdução; a
poesia em Portugal: das origens ao
Romantismo; Séc. XIX: a poesia
finissecular; A lit. port. e a poesia
do séc. XX; o teatro em Portugal
Dividido em 6 itens: a prosa
medieval e humanista: Fernão
Lopes;
a
narrativa
épica
renascentista: Os Lusíadas de
Camões; A ficção romântica:
Camilo Castelo Branco; A prosa
realista: Eça de Queiroz; Do
presencismo ao neo-realismo:
Miguel
Torga;
Tendências
contemporâneas
da
ficção
portuguesa.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Entre os teóricos empregados na UFRR estão: 121D- FIGUEIREDO, F. de.
História da Literatura Romântica e 122D- FIGUEIREDO, F. História da literatura
Realista, 132D- GARRET. A. Camões e 135D- GARRET. A. Doutrina restauradora
197
nacional, 148D- HAUSER, A. História Social da Arte e da Literatura, 211DMATTOSO, J. et al. História de Portugal, 250D- PERROT, M. et al. História de
Portugal, 310D- SARAIVA, A. J; LOPES, O. História da Literatura Portuguesa,323DSCHLEGUEL, F. Conversa sobre poesia e outros fragmentos, 368D- VECCHI, C.A. et
al. A Literatura Portuguesa em perspectiva: Romantismo e Realismo, 378D- WELLEK,
R. Conceitos de Crítica. O texto 368D se repete entre a UFRR e a UFC, não sendo isto
nenhuma surpresa já que se trata de um texto bastante divulgado e largamente utilizado
nos cursos de graduação.
Na UFC a bibliografia traz os seguintes títulos: 17D- ANDRADE, J.P. Raul
Brandão Coleção a obra e o homem, 54D-CASTILHO, G. Vida e obra de Raul
Brandão, 58D- CHAVES, C.B. O romance histórico no Romantismo português, 69 e
70D- COELHO, J.P. Dicionário de Literatura e Introdução à novela camiliana, 78DCORTESÃO, J. Eça de Queiroz e a questão social, 93D- D´ALGE, C.N. As relações
brasileiras de Almeida Garrett e 96D- D´ALGE, C.N. Almeida Garrett., 110DFERREIRA, A. Perspectiva do Romantismo português, 121D- FIGUEIREDO, F.
História da literatura romântica e 122D- FIGUEIREDO, F. História da Literatura
Realista, 123D- FIGUEIREDO, J.P. Cesário Verde: a obra e o homem, 139DGOMES, A.C. Poesia Simbolista: Literatura Portuguesa e 140D- A literatura
portuguesa em perspectiva: Simbolismo e Modernismo,159D- LEMOS, E. “ A
Clepsidra “ de Camilo Pessanha: notas e reflexões, 160. LEPECKI, M.L. Romantismo
e Realismo na obra de Júlio Dinis, 166D- LINHARES FILHO. Amor e misticismo em
João de Deus e 168D- LINHARES FILHO. O místico e o social em “São Cristóvão”
de Eça de Queiroz, 187D- MACEDO, H. Cesário Verde: o romântico e o feroz, 188DMACHADO, A.M. As origens do Romantismo em Portugal, 199D- MARTINS, E.D.
Passos da paixão em Almeida Garrett e 201D- MARTINS, E.D.Cenas de Lisboa n´O
Livro de Cesário Verde, 203D- MARTINS, F.C. Poesia Simbolista Portuguesa, 219DMENDES, J. Literatura Portuguesa III, 221D- MENDES, M.V. Poesias de Cesário
Verde, 228D- MOISÉS, M. – A Literatura Portuguesa, 234D- MONTEIRO, A.C. O
romance, teoria e crítica, 248D- PEREIRA, J.C.S. Decadentismo e simbolismo na
poesia portuguesa, 264D- PONTES, R. Três variações de Mefisto em Eça, 271DPONTES, R. A perspectiva romântica de “Amor de Perdição”e 272D- PONTES, R.
Amor de salvação:um elogio da felicidade, 280D- REBELLO, L.F. O teatro romântico,
282D- RÉGIO, J. Pequena história da moderna poesia portuguesa, 310D- SARAIVA,
A. J.; LOPES, O. – História da Literatura Portuguesa, 329D- SERRÃO, J. Temas
198
oitocentistas I, 343D- SIMÕES, J.G. Antero de Quental, 347D- SIMÕES, J.G. Vida e
obra de Eça de Queiroz, 348D- SIMÕES, J.G. Perspectiva histórica da poesia
portuguesa(dos simbolistas aos novíssimos), 350D- SIMÕES, J.G. Perspectiva
histórica da ficção portuguesa: das origens ao séculoXX e 351D- SIMÕES, J.G. Júlio
Dinis: a obra e o homem, 368D- VECCHI, C.A. et.al. A literatura portuguesa em
perspectiva: Romantismo e Realismo.
Embora as disciplinas da UFF não enfoquem as épocas literárias diretamente, há
textos em comum com ambas as outras instituições: na disciplina de Poesia e Teatro
(tabela XXV) Saraiva e Lopes (310D) e, na disciplina de Narrativa, além de Saraiva e
Lopes (310D), há também 350D- João Gaspar Simões (Perspectivas Históricas da
ficção portuguesa: das origens ao século XX), apenas com a bibliografia da UFC.
Na Literatura Portuguesa III da UFRR (tabela XXVI adiante), por outro lado,
não houve variância ao longo de toda a década de 1990. A ementa permaneceu
“fiscalizando” o “moderno” cânone português: “Visão global do Realismo-Naturalismo
e do Simbolismo Português, especificamente suas características, contexto histórico,
gêneros literários, fiscalizando suas etapas evolutivas, bem como analisando os autores
mais representativos da época.” Infelizmente esta disciplina não alcança, dentro de uma
perpectiva de periodicidade dos movimentos literários, as vanguardas portuguesas,
muito menos a contemporaneidade, o que significa que, eventualmente alguns
professores, por sua conta e risco, davam este conteúdo.
No caso da UFC, novamente ocorre o que já havia ocorrido antes (tabela XXIV)
na Literatura Portuguesa II, as ementas, modificadas da década de 80 para a de noventa
demonstram um movimento no sentido de buscar mais o texto literário que a
periodização.
Em termos bibliográficos esta disciplina, na UFRR, era também muito
historiográfica e pobre de textos literários. Estavam na lista: 228D- MOISÉS, M. A
Literatura Portuguesa, 223D- MENDONÇA, F. A Literatura Portuguesa no Século
XX , 310D- SARAIVA, A. J. & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa, 239DNEVES, J.A. Contistas portugueses modernos. Dos quatro apenas o 239D não era
panorama histórico, mas uma coletânea comentada de contos. Esta lista não se alterou
oficialmente ao longo da década de 1990.
199
Tabela XXVI: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura
Portuguesa III (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
Crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabilid
ade/objetiv
o
UFRR
Antigo
UFC
Antigo (1981.1, 1982.2, 1991.2)
UFF
Antigo
60
Visão global do Realismo Naturalismo e do Simbolismo
Português, especificamente suas
características,
contexto
histórico, gêneros literários
fiscalizando
suas
etapas
evolutivas,
bem
como
analisando os autores mais
representativos da época.
60
Estudo da Literatura do século XX, com
fundamento na análise dos movimentos e
tendências do modernismo português e
destaque
dos
séculos
mais
representativos. (1981.1, 1982.2)
Estudo
da
Literatura
Portuguesa,
compreendendo
os
autores
do
Saudosismo, do Modernismo (Orfismo,
Neo-realismo
Surrealismo.)
e
de
tendências contemporâneas (1991.2)
Não consta
Não
existe
como
disciplina obrigatória
no
fluxograma
do
curso. O Conteúdo
abrangido
nas
disciplinas da UFRR e
UFC
já
estava
contemplado
no
programa da Literatura
Portuguesa II.
Não consta
223, 228, 239, 310
História da Literatura Portuguesa
(final do século XIX). Programa
organizado em seis itens: de uma
(re)visão geral do Romantismo
português até a ficção realista de
Eça.
Levar o aluno a conhecer as
correntes literárias surgidas no
final do século XIX, o contexto
histórico em que surgiram as
causas que as determinaram e
seu legado para as correntes
subseqüentes.
23, 68, 69, 72, 90, 164, 223, 226, 227,
228, 237, 239, 300, 310, 352, 353(1981.1,
1982.2).
4, 23, 33, 68, 69, 72, 90, 95, 136, 164,
167, 170, 171, 176, 185, 223, 226, 228,
233, 262, 273, 274, 310, 331, 352, 353,
364. (1991.2)
4 unidades: 1. Saudosismo, futurismo e
orfismo; 2. Presencismo, regionalismo e
romance social; 3. Neo-realismo e
surrealismo; 4. narrativa de lírica
contemporânea.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Na bibliografia da disciplina de Literatura Portuguesa III antiga da UFC (tabela
XXVI) estavam contidos todos os autores e textos que constavam da bibliografia da
UFRR, o que não pode ser pensado, propriamente, como um indício de filiação direta,
mas, talvez, como resquício da aprendizagem dos professores da UFRR, porque os
textos implicados eram muito comuns à época. Faziam parte da lista da UFC
inicialmente (1981) os seguintes textos: 23D- AZEVEDO FILHO, L.A. Uma visão
brasileira da literatura portuguesa, 68D- COELHO, J.P. Diversidade e unidade em
Fernando Pessoa e 69D- COELHO, J.P. Dicionário de literatura, 72D- COELHO,
N.N. Escritores portugueses, 90D- D´ALGE, C. Aspectos da Nova Literatura
200
Portuguesa, 164D- LIND, G.R. Teoria poética de Fernando Pessoa, 223DMENDONÇA, F. A literatura portuguesa no século XX, 226D- MOISÉS, M. Literatura
portuguesa moderna, 227D- MOISÉS, M. O conto português e 228D- MOISÉS, M. A
Literatura
Portuguesa,
237D- NAMORA, F.; TORRES, A.P. Textos
para
estudos:Neorealismo em Portugal, 239D- NEVES, J.A. Contistas portugueses
modernos, 300D- SANTILLI, M.A. Arte e Representação da Realidade no Romance
Português Contemporâneo, 310D- SARAIVA, A. J.; LOPES, O. – História da
Literatura Portuguesa, 352D- SIMÕES, J.G. História do Movimento de Presença e
353D- SIMÕES, J.G. Vida e obra de Fernando Pessoa. – sendo destes, 223D, 228D,
239D e 310D os existentes na bibliografia do programa da UFRR que aqui se repetem.
Em função da aceleração de conteúdo no fluxograma da UFF (uma vez que lá
apenas existiam duas disciplinas de Literatura Portuguesa), frente à quantidade de
horas/aulas utilizadas pela UFC na Literatura Portuguesa (4 disciplinas de 60h/a)
totalizando 240h/aula, contra apenas 120h/aula da UFF), fica difícil fazer-se uma
comparação direta entre conteúdos. O que se pode é pensar que dado o número de
disciplinas optativas em Literatura Portuguesa existentes na UFC e a quantidade de
horas dispensadas a esta disciplina, este seja um de seus campos mais fortes. De fato, se
algum dos três cursos dá destaque à formação em Literatura Portuguesa, este curso é o
da UFC. É ali que encontramos as disciplinas de Cultura Portuguesa. Também ali, a
bibliografia é mais rica (em quantidade) neste campo que nas demais (UFRR e UFF).
A tabela XXVII é um exemplo claro da disparidade, ao menos no que tange à
bibliografia entre UFF, UFRR e UFC quando se trata de Literatura Portuguesa.
Com a mudança da grade em 1993 (tabela XXVII) o curso de Letras da UFC
deixou de usar as obras: 227D, 237D, 239D e 300D e acrescentou os seguintes textos
(além dos remanescentes da antiga): 4D- ADERALDO, N.E.S. Nos caminhos da
literatura, 33D- BERARDINELLI, C. Estudos de literatura portuguesa, 95DD´ALGE, C. A Experiência Futurista e a Geração de Orpheu, 136D- GODINHO, H.
Estudos sobre Vergílio Ferreira, 167D- LINHARES FILHO. A outra coisa na poesia
de Fernando Pessoa, 170D- LINHARES FILHO A modernidade da poesia de
Fernando Pessoa e 171D- LINHARES FILHO O poético como humanização em
Miguel Torga, 176D- LOPES, O. Entre Fialho e Nemésio: estudos de literatura
portuguesa contemporânea, 185D- LUCAS, A.C. Críticas sobre Vitorino Nemésio,
233D- MONTEIRO, A.C. A poesia portuguesa contemporânea, 262D- PONTES,
Roberto. Poesia insubmissa afrobrasilusa, 273D- QUADROS, A. Crítica e
201
verdade:introdução à atual literatura portuguesa e 274D- QUADROS, A. Fernando
Pessoa: vida, personalidade e gênio, 331D- SILVA, T. C.C. José Saramago entre a
história e a ficção, 364D- TORRES, A.P. et al. 21 estudos sobre Eugênio de Andrade;
seguidos de antologia.
Tabela XXVII: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura
Portuguesa III (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
Bibl.
Literária*
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFRR
Atual
60
Estudo das renovações artísticas
observáveis na Literat. Port. a
partir das últimas décadas do
séc. XIX, que tiveram como
expressão
primordial
o
movimento
Simbolista
e
passaram por uma revisão
através das diferentes tendências
estéticas
modernas
e
manifestações
literárias
da
primeira metade do séc. XX.
29, 55, 108, 251, 252, 296
UFC
Atual
60
Estudo da Literatura Portuguesa,
compreendendo os autores do
Saudosismo,
do
Modernismo
(Orfismo,
Presencismo,
NeoRealismo, Surrealismo) e de
tendências contemporâneas.
UFF (Intr. à Lit. Port. I e II)
Atual
60/60
Constituição do processo
literário português I: Poesia e
Teatro.
Não consta
Não consta
30, 36, 40, 59, 67, 85, 107, 127,
138, 144, 148, 227, 240, 245,
258, 259, 282, 310, 380.
4, 7, 18, 23, 33, 38, 68, 69, 72, 86,
90, 95, 97, 111, 112, 129, 130,
131, 136, 140, 143, 144, 145, 146,
164, 167, 170, 171, 173, 176, 177,
178, 179, 180, 183, 184, 185, 192,
193, 198, 200, 223, 225, 226, 228,
232, 233, 238, 243, 262, 265, 273,
274, 287, 292, 298, 299, 310, 326,
345, 346, 349, 362, 363, 373.
4 unidades: 1. Saudosismo,
futurismo
e
orfismo;
2.
Presencismo,
regionalismo
e
romance social; 3. Neo-realismo e
surrealismo; 4. narrativa de lírica
contemporânea.
Três unidades organizadas em
torno da História da Literatura
Portuguesa: do Arcadismo de
Portugal
ao
Romantismo,
Realismo e Simbolismo europeu
e português
Constituição do processo
literário II: Narrativa
Não consta
2, 33, 158, 178, 186, 281, 307,
310.
32, 109, 174, 215, 309, 310,
350
Dividido em 5 itens: a cultura
literária
em
Portugal:
introdução; a poesia em
Portugal: das origens ao
Romantismo; Séc. XIX: a
poesia finissecular; A Literat.
Portuguesa e a poesia do séc.
XX; o teatro em Portugal
Dividido em 6 itens: a prosa
medieval e humanista: Fernão
Lopes; a narrativa épica
renascentista: Os Lusíadas de
Camões; A ficção romântica:
Camilo Castelo Branco; A
prosa realista: Eça de Queiroz;
Do presencismo ao neorealismo:
Miguel
Torga;
Tendências contemporâneas
da ficção portuguesa.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
202
Entre a primeira e a segunda versão podemos notar uma tendência mais
acentuada ao estudo crítico mais detalhado e menos panorâmico. Acreditamos que isso
possa ter acontecido, em parte como fruto da própria forma de pensar do corpo docente
da UFC e, em parte, em função da abertura do mercado editorial para textos mais
teóricos, assim como a publicação de mais teses e dissertações menos presas à grande
narrativa histórica e mais voltadas para o “detalhe” ou “microcosmo” crítico.
A versão atual dos programas de ambas as instituições (tabela XXVII) vai, no
entanto, apontar para os rumos autônomos de uma instituição, em relação à outra. As
bibliografias do cânone disciplinar são totalmente – (com exceção de 144D GUIMARÃES, F. Simbolismo, Modernismo e Vanguarda, e SARAIVA & LOPES –
310D) – divergentes entre si. Na UFRR constam: 30D- BAUDELAIRE, C. O pintor da
vida moderna in CHIAMPI, I. Fundadores da Modernidade), 36D- BERMAN, M. Tudo
que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade, 40D- BRADBURY, M.;
MCFARLANE, J. Modernismo: guia geral, 59D- CHIAMPI, I. Fundadores da
modernidade, 67D- COELHO, E.P. A noite do mundo, 85D- CRUZ, G. A poesia
portuguesa hoje, 107D-ELIOT, T.S. A essência da poesia, 127D- FRIEDRICH, H.
Estrutura da lírica moderna: da metade do século XIX a meados do século XX, 138DGOMES, A.C. A metáfora cósmica em Camilo Pessanha), 144D- GUIMARÃES, F.
Simbolismo, Modernismo e Vanguarda, 148D- HAUSER, A. História Social da arte e
da literatura, 227D- MOISÉS, M. O conto português, 245D- PAZ, O. Os filhos do
barro (do Romantismo á vanguarda, 258D- POE, E.A. Poemas e ensaios, 259DPOUND, E. A arte da poesia, 282D- RÉGIO, J. Pequena História da Moderna Poesia
portuguesa, 310D- SARAIVA, A. J. & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa,
380D- WISNICK, J.M. Iluminações profanas: poetas, profetas, drogados.
Da UFC constam: 4D- ADERALDO, N.E.S. Nos caminhos da literatura, 7DAIRES, E.R. A vanguarda de Almada Negreiros: presença do futurismo italiano no
Modernismo português, 18D- ÁREAS, V.S. A cicatriz e o verbo: análise da obra
romanesca de Augusto Abelaira, 23D- AZEVEDO FILHO, L.A. Uma visão brasileira
da literatura portuguesa, 33D- BERARDINELLI, C. Estudos de literatura portuguesa,
38D- BERRINI, B. José Saramago: uma homenagem,
68 e 69D- COELHO, J.P.
Diversidade e unidade em Fernando Pessoa e Dicionário de literatura, 72DCOELHO, N.N. Escritores portugueses, 86D- CRUZ, L. José Cardoso Pires, 90DD´ALGE, C. Aspectos da Nova Literatura Portuguesa e 95D- D´ALGE, C.A
Experiência Futurista e a Geração de Orpheu, 97D- DAL FARRA, M.L. Florbela
203
Espanca,111D- FERREIRA, D.M. Vinte poetas contemporâneos e 112D- FERREIRA,
D.M. Presença da “presença”, 129D- GARCEZ, M.H.N. A ficção portuguesa
contemporânea (1960-1970), 130D- GARCIA, J.M. Vitorino Nemésio: a obra e o
homem e 131D- GARCIA, J.M. David Mourão-Ferreira: a obra e o homem, 136DGODINHO, H. Estudos sobre Vergílio Ferreira, 140D- GOMES, A.C. A literatura
portuguesa em perspectiva: Simbolismo e Modernismo, 143D- GUIMARÃES, F.
Linguagem e ideologia,
144D- GUIMARÃES, F. Simbolismo, modernismo e
vanguardas, 145D- GUIMARÃES, F. Poética do Saudosismo e 146D- GUIMARÃES,
F. Os problemas da modernidade, 164D- LIND, G.R. Teoria poética de Fernando
Pessoa, 167D- LINHARES FILHO. A outra coisa na poesia de Fernando Pessoa,
170D- LINHARES FILHO. A modernidade da poesia de Fernando Pessoa e 171DLINHARES FILHO. O poético como humanização em Miguel Torga, 173D- LOPES,
O. Uma espécie de música (a poesia de Eugênio de Andrade) e 176D- LOPES, O.Entre
Fialho e Nemésio: estudos de literatura portuguesa contemporâne, 177DLOURENÇO, E. Sentido e forma da poesia neo-realista, 178D- LOURENÇO, E.
Poesia e metafísica: Camões, Antero e Pessoa, 179D- LOURENÇO, E. Fernando-rei
da nossa Baviera, 180D- LOURENÇO, E. Tempo e poesia, 183D- LOURENÇO, E.
Labirinto da saudade e 184D- LOURENÇO, E. Mitologia da saudade, 185D- LUCAS,
A.C. Críticas sobre Vitorino Nemésio, 192D- MADRUGA, M.C. A paixão segundo
José Saramago, 193D- MAGALHÃES, J.M. Os dois crepúsculos: sobre poesia
portuguesa atual e outras crônicas, 198D- MARTINS, E.D. “Memorial do Convento”:
a narrativa do invisível e 200D- MARTINS, E.D. Do fragmento a Unidade: a lição da
gnose almadiana, 223D- MENDONÇA, F. A literatura portuguesa no século XX,
225D- MOISÉS, M. Poética da rebeldia: a trajetória militante de José Gomes Ferreira,
226D- MOISÉS, M. Literatura portuguesa moderna
Literatura Portuguesa, 232D-
e 228D- MOISÉS, M. A
MONIZ, A. Para uma leitura de sete poetas
contemporâneos,233D- MONTEIRO, A.C. A poesia portuguesa contemporânea, 238DNEVES, J.A. O movimento futurista em Portugal, 243D- PAIVA, J.R. O espaço-limite
no romance de Vergílio Ferreira, 262D- PONTES, R. Poesia insubmissa afrobrasilusa
e 265D- PONTES, R. O jogo de duplas na poesia de Mario de Sá-Carneiro, 273DQUADROS, A. Crítica e verdade:introdução à atual literatura portuguesa e 274DQUADROS, A. Fernando Pessoa: vida, personalidade e gênio, 287D- REMÉDIOS,
M.L.R. O romance português contemporâneo, 292D- RODRIGUES, U. T. Realismo,
arte de vanguarda e nova cultura, 298D- SALEMA, A. Alves Redol: a obra e o homem,
204
299D- SAPEGA, E. W. Ficções modernistas: um estudo da obra em prosa de José de
Almada Negreiros, 310D- SARAIVA, A. J.; LOPES, O. – História da Literatura
Portuguesa, 326D- SENA, J. Da poesia portuguesa, 345D- SIMÕES, J.G. O mistério
da poesia, 346D- SIMÕES, J.G. Heteropsicografia de Fernando Pessoa e 349DSIMÕES, J.G. José Régio e a História do Movimento de Presença, 362D- TORRES,
A.P. O neo-realismo literário português e 363D- TORRES, A.P.O movimento neorealista em Portugal na sua primeira fase, 373D- VIDIGAL, L. O jovem Aquilino
Ribeiro.
Entre a bibliografia apresentada pela UFC e a UFRR há uma distância que
remete aos próprios programas. Na UFC houve uma preocupação de se buscar textos
que remetessem aos movimentos e à produção de vanguarda em Portugal. Na UFRR, o
conteúdo da relação bibliográfica aponta para um corpus mais teórico do que seriam os
preceitos das vanguardas mundo afora (36D - BERMAN, 30D - BAUDELAIRE, 40D BRADBURY & MACFAIRLANE,. 259D - POUND, 107D- ELIOT, T.S, 258D- POE,
E.A, etc. )
Na UFRR a bibliografia literária fornecida tende a ser mais Modernista que
Simbolista o que acaba tornando o programa (eminentemente simbolista) um pouco
confuso: 29D-BAUDELAIRE,C. As Flores do Mal, 55D- CASTRO, E. Obras Poéticas,
108D- ESPANCA, F. Poemas, 240D- NOBRE, A. Só, 251D- PESSANHA,C.
Clepsidra, 252D- PESSOA, F. O Eu profundo e outros eus, 296- SÁ-CARNEIRO, M.
Poesia.
Na UFF, apenas os mesmos se repetem 310D- Saraiva e Lopes, e 33D- C.
Berardinelli (Estudos de Literatura Portuguesa), 178D- Eduardo Lourenço (Poesia e
metafísica- Camões, Antero e Pessoa) desde a primeira comparação, com as Literaturas
Portuguesas I da UFRR e UFC.
5.3 – A Teoria da Literatura
As disciplinas de Teoria da Literatura antigas (tabela XXVIII) apresentam
ementas bastante diferentes entre si, e formam, quando vistas em conjunto, um grupo
que aponta para diferentes formas de se trabalhar com a Teoria da Literatura.
205
Tabela XXVIII: Comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da
Literatura I (programas antigos)
UFRR
IES
Antigo (1993.2)
Vig.
60
C.H.
Natureza
e função da literatura. Estudo
Ementa
UFF
Antigo (1971)
60
Finalidade
e
objetivos da Teoria
da Literatura. Estilo e
estilo de época.
Bibl.
Liter. *
Textos
para
aplicação:
171(A
nova
empregada),
180(Episodio de Inês
de
Castro),
206
(Gaetaninho), 222(O
relógio do hospital),
240(Arquétipo), 242
141, 152
UFC
Antigo (1979.1)
90
Estudo extrínseco da obra literária. A
dos métodos críticos procurando Estilística, a Crítica Literária e a História
demonstrar a evolução do pensamento e da Literatura. Problemas de criação e
das atitudes críticas. Os gêneros interpretação. (1979.1)
literários e sua fundamentação.
Nenhuma: o conteúdo literário (contos), Não consta
provavelmente, será extraído dos textos
“teóricos”, ou sugerido a parte pelo
professor da disciplina no período.
Bibl.
crítica
*
Linha
de
estudos
propost
a
2, 59, 63, 67, 68, 92, 95, 109, 112, 117, 27, 56, 122, 141, 161, 162, 165.
125, 141, 142, 146, 152.
Teoria como instrumento de análise
literária;
Sete itens divididos respectivamente
em: Estética, Literatura, Teoria da
Literatura, A obra literária –
características essenciais, A obra
literária – elementos fundamentais,
características do discurso Literário –
especialidade e, estudo de contos.
Aplicab Não consta
ilidade /
objetiv
o
Metodologia: Aulas expositivas, Leituras
extensivas e intensivas, Interpretação de
texto, Pequenos seminários, Estudo do
grupo e Redação de pequenas monografias.
9 unidades: conceituação e história da
palavra; a teoria da literatura; funções da
literatura; a criação poética; gêneros
literários;
lírica-narrativa-drama;
sociologia da literatura; história literária;
crítica literária; estilística.
Levar o aluno a: 1. Distinguir escritos
literários e escritos não literários; 2.
Distinguir os Processos retóricos em
trechos literários; 3. Identificar as várias
funções da Literatura como Arte; 4.
Identificar os vários gêneros literários em
sua forma e conteúdo; 5. Classificar
corretamente as espécies dos gêneros
literários; 6. Elaborar, com objetividade,
sucintos textos de Crítica Literária; 7.
Distinguir, em texto de crítica e história
literárias, posições sociológicas marcantes.
Dividido em três
itens: Conceito de
Teoria da Literatura;
Finalidade
e
objetivos da Teoria
da Literatura; Estilo,
estilo individual e
estilos de época.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
A ementa da UFRR (na tabela XXVIII), por exemplo, propõe que se estude:
“Natureza e função da literatura. Estudo dos métodos críticos, procurando demonstrar a
evolução do pensamento e das atitudes críticas. Os gêneros literários e sua
fundamentação”. De todas, a da UFRR é a mais genérica. A da UFC busca uma
referência mais voltada para a descrição de alguns elementos da Teoria da Literatura:
“Estudo extrínseco da obra literária. A Estilística, a Crítica Literária e a História da
206
Literatura. Problemas de criação e interpretação” e a da UFF na década de 1970 se
propõe a estudar : “Finalidade e objetivos da Teoria da Literatura. Estilo e estilo de
época.” Se Levarmos em conta o período em que esta disciplina vigiu, veremos que
guarda uma certa coerência com o modelo historicista da época (trabalhando com
periodicidade/ estilos de época) e que faz uma reflexão em torno de uma das perguntas
mais presentes naquele período, em que correntes engajadas e não engajadas da crítica
debatiam as “funções da Literatura (e da arte)”. Por outro lado é interessante verificar o
quanto coincidentemente, ao discutirem, as três, em momentos diferentes – UFF (1971),
UFC (1979) e UFRR (1993) – as funções e a finalidade da Literatura (no caso da UFC
esta preocupação consta do conteúdo, não da ementa), a distância temporal parece se
traduzir inversamente em distância física, de tal modo que os oito anos que separam a
ocorrência da ementa na UFF e na UFC pareçam traduzir também a distância entre o
centro (UFF) e um lugar mais ou menos periférico (UFC). Isso porque a preocupação da
UFF, um ano depois da ementa da UFC que consta da tabela XVIII, em 1980 (segundo
um outro programa de Teoria da Literatura I que temos em mãos) já seria outra:
“Introdução à leitura literária” cujo conteúdo seria: “De forma prática, através de leitura
de textos, serão levantados subsídios teóricos indispensáveis à introdução ao
conhecimento da obra literária (poema, conto, novela, romance)”64 . Assim como entre
UFF e UFC, a distância de 14 anos que separa UFC e UFRR, parece traduzir-se num
trecho ainda maior rumo à periferia “total” que é o Estado de Roraima. Claro que esta é
uma impressão cujo valor científico é questionável, mas pelo menos um dado parece
permitir que se pense assim: as ementas/conteúdo pouco mudam seu foco de uma para
outra instituição, quando comparadas do jeito que estão na tabela XXVIII, em épocas
distintas. As três parecem apontar a mesma questão em diferentes épocas e contextos.
O conteúdo de cada disciplina, porém, quando comparado apenas com os demais
conteúdos, parece apontar diferentes facetas específicas dentro do panorama amplo da
Teoria. Enquanto na UFRR, a proposta passa por trabalhar a: “Teoria como instrumento
de análise literária (...)Estética, Literatura, Teoria da Literatura, A obra literária –
características essenciais, A obra literária – elementos fundamentais, características do
discurso Literário – especialidade e, estudo de contos”. Na UFC temos: “conceituação e
história da palavra; a teoria da literatura; funções da literatura; a criação poética;
64
Esta disciplina de Teoria da Literatura I receberá doravante, por não ter podido figurar na tabela
XXVIII a letra “A” como denominação a exemplo do que ocorreu com os programas de Literatura
Brasileira que não couberam nas tabelas respectivas. Além dela há ainda uma outra, sem data, a qual
chamaremos Teoria da Literatura I “B” antiga.
207
gêneros literários; lírica-narrativa-drama; socio logia da literatura; história literária;
crítica literária; estilística” (tabela XXVIII). E na UFF: “Conceito de Teoria da
Literatura; Finalidade e objetivos da Teoria da Literatura; Estilo, estilo individual e
estilos de época.” Nas duas primeiras, UFRR e UFC, há uma tendência maior no sentido
de apontar possíveis teorias e formas de lidar com o texto Literário. A descrição das
“funções da literatura” (UFC), ou a descrição de métodos de análise crítica da
Literatura, tais como a Sociologia da Literatura, a História Literária a Crítica Literária e
a Estilística também (UFC) podem, ou não, dependendo da prática e do entendimento
do professor que estiver ministrando a disciplina, apontar na mesma direção do
programa da UFRR que pretende ser uma panorâmica histórica do que há em termos de
crítica literária, enquanto na UFF, fica caracterizado um movimento no sentido de
conceituar e apontar as finalidades da Teoria da Literatura, bem como esclarecer a
questão do estilo e dos estilos de época.
Esta diferença fica um pouco mais evidente na bibliografia das três, em função
do elenco de textos ser quase todo dessemelhante. Na UFRR constam os seguintes: 2AAMORA, A. S. Introdução à Teoria da Literatura, 59A- FOSTER, E. M. Aspectos do
Romance, 63A- FRIEDRICH, H. Estrutura da Lírica moderna, 67A- GOLDSTEIN, N.
Versos, sons e ritmos, 68A- GOMES, A.C. e VECCHI, C. A. Introdução ao estudo da
Literatura, 92A- KOTH, F. A alegoria, 95A- LAJOLO, M. O que é literatura, 109AMESQUITA, S. N. O enredo, 112A- MOISÉS, M. A criação literária (poesia), 117ANUNES, B. O tempo da narrativa, 125A- Proença Filho, D. Estilos de época na
literatura, 141A- SILVA, V. M. e A e. Teoria da Literatura, 142A- SILVA, D. C. da.
Uma teoria do poema, 146A- SOUZA, R. A. de. Teoria da Literatura, 152ATAVARES, E. Teoria Literária; Na UFC : 165A- WELLEK, R. & WARREN, A.
Teoria da Literatura, 161A- WELLEK, R. Concepts of criticism, 162A- WELLEK, R.
Discriminations: further concepts of criticism, 56A- EIKHENBAUM, et al. Teoria da
Literatura – formalistas russos, 27A- Bousoño, C. Teoría de la expressión poética,
122A- PORTELLA, E. et al. Teoria Literária, 141A- SILVA, V.M. e A. Teoria da
Literatura. Entre ambas só há em comum o texto 141A. Na UFF, por sua vez os textos
estarão divididos em “para aplicação” (literários): 171A- AMADO, J. Gabriela Cravo e
Canela (A nova empregada), 180A- CAMOES, L. de. Os Lusíadas (Episodio de Inês de
Castro), 206A- MACHADO, J. de A. As obras primas do Conto Brasileiro
(Gaetaninho), 222A- RAMOS, G. Insônia (O relógio do hospit al), 240A- VARELA,
L.N. F. Obras completas (Arquétipo), 242A- VIEIRA, A. Sermão da Sexagésima; e
208
Teórico-críticos: 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura, 152ATAVARES, E. Teoria Literária. Ambos os textos teóricos da UFF estão presentes nas
bibliografias de UFC e UFRR.
Para o programa de Teoria da Literatura I da UFF a que chamaremos doravante
“A” – GLT02001 – CH 30h, vigente em 1980 (que não entrou na tabela XXVIII) os
textos literários elencados são os seguintes: 172A- AMADO, J. Os pastores da noite;
238A- TREVISAN, D. Cemitério de elefantes; 241A- VERISSIMO, E. Noite; novela;
e o teóricos são: 64A- FRYE, N. Anatomia da Crítica; 141A- SILVA, V. M. de A. e.
Teoria da Literatura. Dos textos críticos acima, apenas o 141A é comum às disciplinas
da tabela XXVIII.
O segundo texto a que chamaremos Teoria da Literatura “B”, cujo período de
vigência não consta do programa, tem como ementa: “Apresentação e problematização
de conceitos básicos para a compreensão do significado da reflexão teórica sobre a
literatura, a partir da leitura de obras representativas de diferentes gêneros e estilos.”
Parece caracteriza r, a partir desta ementa, um movimento no sentido de apontar os
agentes do processo literário, e a contribuição da Teoria, através de conceitos, o que já é
bem diferente de seus antecessores da UFF.
Na confecção deste programa sem data (“B”) optou-se pela seguinte
bibliografia: 9A- AUERBACH, E. Introdução aos estudos literários, 31A- CAMPOS,
G. Pequeno dicionário de arte poética, 36A- CANDIDO, A. Formação da Literatura
Brasileira e 37A- CANDIDO, A. Literatura e sociedade, 55A- EAGLETON, T. Teoria
da literatura, 121A- PAZ, O. Signos em rotação, 140A- SARTRE, J.P. O que é
literatura, e 146A- SOUZA, R. A. de. Teoria da Literatura, 155A- TODOROV, T.
Estruturalismo e poética, 157A- TODOROV, T. e DUCROT, O. Dicionário
enciclopédico de ciências da linguagem. Desses, 55A- EAGLETON, T. Teoria da
literatura, vai aparecer no currículo atual da UFRR (tabela XXIX) e 141A- SILVA, V.
M. A e. Teoria da Literatura se repetirá também aqui, enquanto 146A- SOUZA, R. A.
de. Teoria da Literatura, ocorrerá em comum com a UFRR e com programa da UFF da
tabela XXXVIII (1971). O conteúdo desta disciplina “B” é: “ Apresentação e
problematização de conceitos básicos para a compreensão do significado da reflexão
teórica sobre a literatura, a partir da leitura de obras representativas de diferentes
gêneros e estilos”. Se sua ementa parece remeter ao estudo da própria Teoria, numa
espécie de meta-teorização, seu conteúdo, como dissemo s acima, parece se voltar para
horizontes de referência mais “problematizadores”.
209
Há muita diferença entre estes programas mais antigos e os mais novos no que
se refere à Teoria da Literatura. Na tabela XXIX a seguir tentaremos demonstrar o
quanto a Teoria I se modificou da década de 1990 para o ano 2000.
Tabela XXIX: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura
I (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
UFRR
atual
60
Propiciar instrumentos teóricos que
possibilitem ao aluno discutir os
conceitos de “literatura’ e a questão dos
gêneros literários; visa também a discutir
as relações que a literatura mantém com
as disciplinas que investigam o campo
literário: a Retórica, a Poética, a Estética,
a História da Literatura, a Crítica
Literária e a teoria da Literatura. O
objetivo último é o de, tendo o texto
teórico como suporte, habilitar o aluno
para o exercício da prática de leitura
crítica de textos literários.
Não consta.
UFC
Atual
60
Introdução ao estudo da
Teoria da Literatura;
objetivos da disciplina;
conceituações
do
fenômeno
literário;
especificidades
da
linguagem
literária;
abordagem histórica e
estrutural das espécies
narrativas.
Bibliogr
afia
crítica *
5, 25, 33, 34, 35, 38, 45, 48, 55, 62, 72
(Um crítico a frente do teatro brasileiro
por Sábato Magaldi; Literatura em cena
por Lucrécia Ferrara e capítulos de João
Roberto Faria e Wilma Areas), 105, 106,
107, 112, 113, 114, 115, 118, 125, 127,
128, 129, 136, 141, 143, 144, 168.
7, 15, 16, 26, 50, 54, 55, Bibliog. Mínima: 5, 88, 141, 165.
64, 70, 79, 111, 122,
127, 137, 140, 141, 145,
146, 149, 158, 159, 165.
Linha
de
estudos
propost
a
Três itens (unidades).
1º: a evolução do conceito de Literatura;
origens e conceitos gerais da T.L.
(PlatãoXAristóteles); 2º: não aparece; 3º
as disciplinas que investigam o campo
literário (poética, retórica, história de
literatura, crítica literária e teoria de
literatura)
Falta, no item II do programa, a segunda
unidade (impressão falhada)
Não constam objetivos
Dividido em 3 itens:
conceitos de literatura e
teoria da literatura; a
linguagem literária; a
narrativa literária.
Bibl.
Liter.*
Aplicab
ilidade/
objetivo
Não consta
Não consta
UFF (Teoria da Li.t XII)
atual (1999)
60
Apresentação e problematização de
concepções sobre o caráter mimético da
produção literária e sobre o conceito de
gênero, situando e discutindo os
sentidos da reflexão teórica sobre a
literatura.
Não consta
Dividido em 4 itens: O conceito de
mímesis e sua contextualização na
Antiguidade; Interseção entre o
conceito de mímesis e o de gênero
literário; O conceito de mímesis e suas
recepções em contextos posteriores;
Gêneros
literários:
histórico
e
problemas conceituais.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Nos programas atuais (tabela XXIX) encontramos ainda mais diferenças que nos
programas anteriores (tabela XXVIII). A UFRR parece ter optado definitivamente por
uma visão “instrumentalista” da Teoria, como indica sua ementa:
“Propiciar instrumentos teóricos que possibilitem ao aluno discutir os conceitos de
“literatura’ e a questão dos gêneros literários; visa também a discutir as relações que
a literatura mantém com as disciplinas que investigam o campo literário: a Retórica,
210
a Poética, a Estética, a História da Literatura, a Crítica Literária e a teoria da
Literatura. O objetivo último é o de, tendo o texto teórico como suporte, habilitar o
aluno para o exercício da prática de leitura crítica de textos literários .”(tabela
XXIX)
Em destaque, grifado, temos a expressão “instrumentos teóricos” que parece
indicar claramente que a Teoria será fornecida com esta função. Há, porém, outros
rumos, aventados na mesma ementa. Um deles é o de que a Teoria “buscará discutir as
relações que mantém com os campos que a investigam”. Esta idéia, no contexto em que
está posta, soa como uma tentativa de fornecer um panorama da Teoria, que teria como
finalidade instrumentalizar o aluno para o trato com a Literatura. Já o texto da ementa
do programa de Teoria I da UFC, por sua vez, aponta quase no mesmo sentido do antigo
texto da UFRR, ao propor uma: “ Introdução ao estudo da Teoria da Literatura; objetivos
da disciplina; conceituações do fenômeno literário; especificidades da linguagem
literária; abordagem histórica e estrutural das espécies narrativas (tabela XXIX)” A
disciplina em si, em relação a sua antecessora, perdeu 30 horas/aula, mas não parece ter
havido, com isso, um decréscimo na exigência de leituras. De todas as três, mais uma
vez será a UFF que destoará mais propondo: “Apresentação e problematização de
concepções sobre o caráter mimético da produção literária e sobre o conceito de gênero,
situando e discutindo os sentidos da reflexão teórica sobre a literatura”.
Na UFRR há a substituição de todos os textos listados nos programas anteriores
– exceto de 141A- SILVA, V. M. e A e. Teoria da Literatura e 112A- MOISÉS, M. A
criação literária (poesia) – pelos seguintes textos: 5A-ARISTÓTELES. Arte poética,
25A- BOSI, A. O ser e o tempo da poesia, 33A- CÂNDIDO A. et al. A personagem de
ficção, 34A- CÂNDIDO A. Na sala de aula e 35A- CÂNDIDO A. A crônica, 38ACARLSON, M. Teorias do teatro: estudo histórico-crítico dos gregos à atualidade,
45A- COELHO, E.P. Os universos da Crítica, 48A- CORTAZAR, J. Valise de
cronópio, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, 125A- FILHO, D. P. Estilos de
época na literatura, 72A- GUINSBURG, J; NETTO T.C. e CARDOSO,R.C. (org).
Semiologia do teatro – capítulos de MAGALDI,S. Um crítico à frente do teatro
brasileiro; FARIA, J.R., e FERRARA, L. Literatura em cena, 62A- FREADMAN, R. ;
MILLER, S. Re-pensando a teoria, 105A- MAINGUENEAU, D. O contexto da obra
literária; 106A- MAINGUENEAU, D. Elementos de lingüística para o texto literário e
107A- MAINGUENEAU, D. Pragmática do discurso literário, 113A - MOISÉS, M. A
criação literária (prosa I) e 114A - MOISÉS, M.A criação literária (prosa II), 115A-
211
NASCIMENTO, F.S. Teoria da versificação moderna, 118A- PALOTTINI, R.
Dramaturgia: construção da personagem, 127A- REIS, C. & LOPES, A. C. Dicionário
de teoria da narrativa, 128A- REIS, C. Técnicas de análise textual, 129A- REUTER,
Y. Introdução à análise do romance, 136A- SÁ, J. A crônica, 143A- SOARES, A.
Gêneros Literários, 144A- SOURIAU,E. As duzentas mil situações dramáticas, 168AWRIGHT, E. Para compreender el teatro actual.
Na UFC continuam (em relação ao programa antigo) 122A- PORTELLA, E. et
al. Teoria Literária, 165A- WELLEK, R. & WARREN, A. Teoria da Literatura e
141A- SILVA, V.M. e A. Teoria da Literatura. E aparece 146A- SOUZA, R. A. de.
Teoria da Literatura, que existia no programa antigo da UFRR e da UFF, mas foi
excluído no atual programa. Também encontramos 140A- SARTRE, J.P. O que é
literatura, o qual existia na UFF em programa anterior, mas foi retirado. Aparece, como
na UFRR, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, que existia na UFF antes, mas foi
substituído na atual versão do programa. Aparece ainda 111A- MOISÉS, M. A criação
literária, que por sua vez, também existe na UFRR, mas dividido em poesia, prosa I e
prosa II, assim como 127A- REIS, C. & LOPES, A. C. Dicionário de teoria da
narrativa. Os demais ocorrerão somente na UFC: 15A- BARTHES, R. Ensaios Críticos
e 16A- BARTHES, R. Elementos de Semiologia, 26A- BOURNEF, R. e OUELLET, R.
O universo do romance, 50A- COSTA LIMA, L. Teoria da Literatura em suas Fontes,
54A- COUTINHO, A. Crítica e Teoria Literárias, 55A-EAGLETON, T. Teoria da
Literatura: uma Introdução, 64A- FRYE, N. Anatomia da Crítica, 70AGROSSMANN, J. Temas de Teoria da Literatura, 79A- Intertextualidades. Poétique n°
27, 111A- MOISÉS, Massaud. A Criação Literária, 122A- PORTELLA, E. et al. Teoria
Literária, 127A- REIS, C. ; LOPES, A. C. M. Dicionário de Teoria da Narrativa,
137A- SAMUEL, R. (Org.) Manual de Teoria Literária, 140A- SARTRE, J.-P. O que é
a Literatura?, 141A- SILVA, V. M. de A. Teoria da Literatura, 145A- SOUZA, R. A.
Formação da Teoria da Literatura e 146A- SOUZA, R. A. Teoria da Literatura, 149ASUHAMY, H. A Poética, 158A- TOLEDO, D. O.(Org.) Teoria da Literatura.
Formalistas russos, 159A- VASSALO, L. A Narrativa ontem e Hoje,165A- WELLEK,
R.; WARREN, A. Teoria da Literatura.
Quanto à bibliografia, pode-se dizer que o texto 141A - aparece em todos os
programas antigos e atuais, enquanto 5A - aparece na UFRR e UFF. Na UFC aparece
Aristóteles, mas com o texto 7A. O 55A, aparece no programa da UFRR e da UFC.
212
Tabela XXX: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da
Literatura II (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliografi
a crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFRR
UFC
Antigo
Antigo
60
90
A poesia e a Poética. A ficção narrativa: o Estudo intrínseco de Obra
conto, o romance e a novela. A crítica Literária. Os gêneros literários
literária e as disciplinas afins.
e a metodologia crítica. (1985)
Nenhuma: o conteúdo literário (contos), Não consta
provavelmente, será sugerido pelo
professor.
2, 3, 141, 148, 165.
Não consta
UFF – DLt 402
Antigo (1971)
60
Estilos e estilos de
época.
Gêneros
literários.
Para
aplicação:
178, 207, 208.
Teoria como instrumento de análise 4 itens: Gêneros literários:
literária;
conceituação e manifestações;
três itens teóricos divididos em poesia (e Problemática dos gêneros
subitens), ficção ( e subitens) e crítica literários;
Caracteres
(idem) e Um quarto item (ou observação) fundamentais
e
de análise “prática” (cada unidade “será desdobramentos da Lírica, da
ilustrada com textos de autores nacionais Narrativa e do Drama. A
e estrangeiros. Para a epopéia serão Crítica Literária: métodos e
escolhidos trechos de os Lusíadas e para a evolução.
poesia lírica, poemas de vários autores,
dando-se preferência aos brasileiros.
Não consta
Não consta
Dividido em 4
itens:
Estilo
Individual; Estilos
de época; Gêneros
literários; A técnica
da ficção: o conto e
o romance.
141, 152, 165
Não consta
Aplicabilid
ade/objetiv
o
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
A Teoria da Literatura II na UFRR (tabela XXX) representou uma espécie de
curso prático de análise textual, segundo um modelo teórico a ser estipulado e
esmiuçado pelo professor da disciplina. Embora sua ementa verse que ela deva estudar:
“A poesia e a Poética. A ficção narrativa: o conto, o romance e a novela. A crítica
literária e as disciplinas afins.”, a forma como o conteúdo estava expresso indicava o
caminho da prática de análise. Não parece haver muita diferença entre a proposta da
ementa da UFC e a prática da UFRR: “ Estudo intrínseco de Obra Literária. Os gêneros
literários e a metodologia crítica.”, exceto pelo fato, de que o conteúdo da UFC não
tende a indicar unicamente o caminho da análise textual. Na UFF parece haver uma
concessão ao modo panorâmico de elencar os itens. Trata-se de uma ementa ampla (no
sentido de permissão) cujo teor parece apontar no sentido de uma historicização dos
Gêneros.
Esta impressão de amplitude histórica na ementa da UFF – “Estilos e estilos de
época. Gêneros literários – só se confirma, ainda mais, se nos prendermos ao conteúdo
que a complementa: “Estilo Individual; Estilos de época; Gêneros literários; A técnica
213
da ficção: o conto e o romance”. Olhando esta ementa temos a impressão de se tratar de
uma proposta cujo teor seja o de elencar conceitos e situá- los historicamente. Até
porque, não parece haver grandes diferenças entre este conteúdo e o da UFC: “Gêneros
literários: conceituação e manifestações; Problemática dos gêneros literários; Caracteres
fundamentais e desdobramentos da Lírica, da Narrativa e do Drama. A Crítica Literária:
métodos e evolução.”
Estranhamente tanto a bibliografia da UFRR – 2A- AMORA, A. S. Introdução à
Teoria da Literatura, 141A- SILVA, V. M. e A e. Teoria da Literatura, 148ASTAIGER, E. Conceitos fundamentais de Poética, 165A- WELLEK,R.;WARREN, A.
Teoria da literatura – quanto a da UFF – 178A- BEYLE, H. – Stendhal- O vermelho e o
negro; 207A- MACHADO DE ASSIS, J. M. Dom Casmurro; 208A- MACHADO DE
ASSIS, J.M. Contos; 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura; 152ATAVARES, E. Teoria Literária; 165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da
Literatura – são curtas e desproporcionais ao conteúdo. A UFC nem mesmo apresenta
uma bibliografia.
No quesito comparação bibliográfica há dois textos em comum entre UFF e
UFRR: 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura; 165A- WELLEK, R.;
WARREN, A. Teoria da Literatura.
Por outro lado há dois textos de Teoria da Literatura II da UFF que não constam
da tabela XXX, que podem reforçar a idéia de que na UFF a Teoria da Literatura em
seus primórdios adotava um tom historicista. A primeira, a que chamaremos de “A” (a
exemplo das demais anteriores). Trata-se da Teoria da Literatura II – GCL04120 cuja
ementa é: “Gêneros Literários. Periodização da literatura” da qual não pudemos
depreender o período de vigência. Seu conteúdo traz as seguintes questões: “Literatura e
sistematização do seu estudo; Discurso e literatura. Base discursiva para a segmentação
do estudo da literatura em gêneros literários; Bases aristotélicas para o estudo dos
gêneros; Delimitação do campo conceitual e seus problemas; Conceitos básicos do
gênero épico. As formas do épico; conceitos básicos do gênero lírico. Formas do lírico;
conceito básico do gênero dramático. Formas do dramático; Conceitos gerais sobre
periodização. A problemática histórica e o conceito dos estilos de época” (tabela XXX).
Através do conteúdo podemos perceber que se trata mais de uma discussão, em torno da
validade e do uso de determinadas “categorias” para o estudo da literatura, que inclue a
própria historicização. Mas esta interpretação dependeria em muito da atuação do
214
professor que estivesse à frente da disciplina, tal qual nos programas da UFC e da
UFRR.
Sua bibliografia propõe: 6A-
ARISTOTELES. Os pensadores; 74A-
HAMBURGER, K. A lógica da criação literária; 75A- HAUSER. A. História Social
da Literatura e da Arte; 111A- MOISÉS, M. A Criação Literária; 125A- PROENÇA
FILHO, D. Estilos de época na Literatura; 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da
Literatura; 156A- TODOROV, T; et al. Teoria da Literatura dos Formalistas Russos
165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura.
Em comum com a UFRR e com a UFF da tabela XXX (ano de 1971) esta
disciplina “A” tem os seguintes textos: 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da
Literatura; 165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura.
Uma outra disciplina da UFF, aplicada em 1980.2, a que chamaremos de Teoria
da Literatura II “B”, opta por rumos que parecem mais “práticos” conforme sua ementa:
“Introdução a análise da narrativa ” e seu conteúdo programático: “Introdução; a
narrativa enquanto história; a narrativa enquanto discurso – Introdução: a narrativa
literária (estabelecimento de fronteiras para sua conceituação); o gênero narrativo e as
tradições épica e dramática. A narrativa enquanto história: Ações e actantes (A noção de
personagem); espaços e tempo. A narrativa enquanto discurso: o narrador e sua fala;
visões do narrador; as relações entre tempo do discurso e tempo da historia.” A proposta
parece apontar no sentido da aplicação “Estruturalista” dos conceitos em textos
literários, fato que se confirma a partir da bibliografia adotada: 17A- BARTHES, R. et
al. Análise Estrutural da narrativa; 155A- TODOROV, T. Estruturalismo e poética;
235A- SILVA, V. M. A. e. A estrutura do romance. Não há nenhum texto em comum
com as demais disciplinas, inclusive com a “A”, o que não é de se estranhar em função
da pequena quantidade de obras propostas nas cinco disciplinas analisadas.
Em compensação os programas mais recentes de Teoria da Literatura II (tabela
XXXI), apresentam uma vasta bibliografia na área.
Embora apresente uma ementa redigida de uma forma um pouco diferente das
anteriores, a Teoria da Literatura II da UFRR (Tabela XXXI), pouco se modificou. Pelo
contrário, o modelo parece ter se arraigado mais, ganhando termo s e conceitos mais
específicos de determinadas correntes teóricas. Muito embora o texto faça alusão a
diversos “modelos de explicação forjados no campo da teorização literária”, e o
conteúdo pareça acompanhá- lo, ao citar vários métodos de análise literária, salta aos
olhos a exigência de uma “literariedade”. Na UFC, embora o texto seja mais enxuto
215
parece se caminhar no mesmo sentido: “ Estudo da gênese e evolução dos gêneros
literários; métodos de abordagem do texto literário.” Quando se propõe trabalhar com
“métodos de abordagem do texto literário”. Por outro lado, a UFF busca: “ Apresentação
e discussão dos quadros de referência que fundamentam as diversas formas de reflexão
sobre a literatura, bem como os problemas pertinentes a sua temporalidade e
historicidade, de modo a avaliar, tanto características específicas atribuídas ao literário,
quanto sua relação com a vida social e com o conjunto das ciências humanas.”, o que,
na prática, destoa um pouco das demais, embora pareça, também, apontar no sentido de
uma panorâmica de métodos de abordagem, não mais apenas da Literatura, mas a partir
das “ciências humanas em geral”
Tabela XXXI: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Teoria da Literatura
II (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
UFRR
Atual
60
Propiciar ao aluno de Letras o
aprofundamento da discussão e da
compreensão dos conceitos de
“literatura” e de “literariedade”, bem
como promover a leitura de textos
literários, de gêneros e de ápocas
diversas, à luz dos principais
modelos de explicação forjados no
campo da teorização literária.
Não consta.
Bibl.
Liter.*
Bibliogr 4, 5, 22, 25, 33, 34, 38, 40, 55, 62, 72
. crítica (Literatura em cena por Lucrecia
Ferrara), 105, 106, 107, 112, 113,
*
UFC
atual
60
Estudo da gênese e
evolução dos gêneros
literários; métodos de
abordagem do texto
literário.
Não consta.
UFF (Teoria da Lit XII)
atual (1999)
Não consta
Apresentação e discussão dos quadros de
referência que fundamentam as diversas
formas de reflexão sobre a literatura, bem
como os problemas pertinentes a sua
temporalidade e historicidade, de modo a
avaliar, tanto características específicas
atribuídas ao literário, quanto sua relação com
a vida social e com o conjunto das ciências
humanas.
Não consta
7, 15, 16, 26, 50, 54,
55, 64, 70, 79, 111,
122, 127, 137, 140,
141, 145, 146, 149,
158, 159, 165.
9, 18, 25, 36, 37, 41, 45, 49, 50, 52, 55, 65,
77, 78, 83, 86, 89, 97, 100, 110, 116, 117,
121, 130, 145, 146, 150, 158, 160, 165, 166,
167.
Dois itens (unidades).
3 itens: Gêneros e
Linha
1º não aparece; 2º algumas unidades subgêneros literários;
de
Crítica e História
estudos correntes da crítica literária.
Literárias e Métodos
propost
de
investigação
a
3 itens: focos de interesse da investigação
literária; estatuto da teoria de lit. e correntes
crítico-teóricas (estilística, New criticism,
formalismo russo,
estruturalismo, análise
sociológica,
estética
da
recepção);
perspectivas interdisciplinares nos estudos
literários: relações entre o dis curso literário e
os discursos histórico,
filosófico,
psicanalítico, sociológico.
Não consta
114, 118, 124, 125, 127, 129, 135,
141, 143, 168.
literária.
Aplicab
ilidade/
objetivo
Não consta
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
216
A UFRR adota, nesta versão do programa, a seguinte bibliografia: (deixa de
utilizar todos, exceto 141A- SILVA, V. M. e acresce os seguintes textos:) 4AANGENOT, M. et al. Teoria Literária, 5A-ARISTÓTELES. Arte poética, 22ABERGEZ, D. et al .Métodos críticos para análise da obra de arte literária, 25A- BOSI,
A. O ser e o tempo da poesia, 33A- CÂNDIDO A. et al. A personagem de ficção e
34A- CÂNDIDO A. Na sala de aula, 38A- CARLSON, M. Teorias do teatro: estudo
histórico-crítico dos gregos à atualidade, 40A- CASTAGNINO, R. Tempo e expressão
literária, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, 125A- FILHO, D. P. Estilos de
época na literatura, 72A- GUINSBURG, J; NETTO T.C. e CARDOSO,R.C. (org).
Semiologia do teatro – capítulo de FERRARA, L. Literatura em cena, 62AFREADMAN, R. ; MILLER, S. Re-pensando a teoria, 105A- MAINGUENEAU, D. O
contexto da obra literária, 106A- MAINGUENEAU, D.Elementos de lingüística para
o texto literário e 107A- MAINGUENEAU, D.Pragmática do discurso literário, 112A
- MOISÉS, M. A criação literária (poesia), 113A - MOISÉS, M.A criação literária
(prosa I) e 114A - MOISÉS, M.A criação literária (prosa II), 118A- PALOTTINI, R.
Dramaturgia: construção da personagem, 124A- PRINCE, G. Pragmática narrativa,
mensagem e point, 127A- REIS, C. & LOPES, A. C. Dicionário de teoria da narrativa,
129A- REUTER, Y. Introdução à análise do romance, 135A- RYNGAERT, J. P.
Introdução à análise do romance, 143A- SOARES, A. Gêneros Literários, 168AWRIGHT, E. Para compreender el teatro actual.
Na UFC são adotados os seguintes textos: 7A- ARISTÓTELES, HORÁCIO,
LONGINO. A Poética Clássica, 15A- BARTHES, R. Ensaios Críticos e 16ABARTHES, R. Elementos de Semiologia, 26A- BOURNEF, R.; OUELLET, R. O
universo do romance, 50A- COSTA LIMA, L. Teoria da Literatura em suas Fontes,
54A- COUTINHO, A. Crítica e Teoria Literárias, 55A- EAGLETON, T. Teoria da
Literatura:
uma
Introdução,
64A-
FRYE,
N.
Anatomia
da
Crítica,70A-
GROSSMANN, J. Temas de Teoria da Literatura, 79A- Intertextua lidades. Poétique n°
27, 111A- MOISÉS, M. A Criação Literária, 122A- PORTELLA, E. et al. Teoria
Literária,127A- REIS, C. & LOPES, A. C. M. Dicionário de Teoria da
Narrativa,137A- SAMUEL, R. (Org.) Manual de Teoria Literária,140A- SARTRE, J.P. O que é a Literatura?,141A- SILVA, V. M. de A. Teoria da Literatura, 145ASOUZA, R. A. Formação da Teoria da Literatura e 146A- SOUZA, R. A.Teoria da
Literatura, 149A- SUHAMY, H. A Poética, 158A- TOLEDO, D. O.(Org.) Teoria da
217
Literatura. Formalistas russos, 159A- VASSALO, L. A Narrativa ontem e Hoje, 165WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura.
E na UFF trabalha-se com: 9A- AUERBACH, E. Introdução aos estudos
literários, 18A- Crítica e verdade, 25A- BOSI, A. O ser e o tempo da poesia, 36ACANDIDO, A. Formação da Literatura Brasileira e 37A- CANDIDO, A.Literatura e
sociedade, 41A- CERTEAU, M.- A escrita da história, s/n- CHAVES, F.L.- História e
Literatura, 45- COELHO, E.P. Os universos da Crítica, 49A- LIMA, L.C. A literatura
e o leitor, 50A- LIMA, L.C. Teoria da Literatura em suas fontes e 52A- LIMA, L.C. A
aguarrás do tempo, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, 65A- GENETTE, G.
Figuras, 77A- HUNT, L. A nova história cultural, 78A- HUTCHEON, L. Poética do
pós-modernismo, 83A- JAUSS, H.R. A história da literatura como provocação à teoria
da literatura, 86A- JOBIM, J.L. Palavras da crítica, 89A- KHEDE, S.S.(org.).
Contrapontos da Literatura, 97A- LE GOFF, J.; NORA, P. (dir.) História: novos
problemas, 100A- LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural, 110A- MEYERHOFF,
H. O tempo na Literatura, 116A- NOVAES, A. Tempo de história, 117A- NUNES, B.
O tempo na narrativa, 121A- PAZ, O. Signos em rotação,130A- REVISTA
BRASILEIRA DE HISTÓRIA. América, Américas. 145A- SOUZA, R.A. Formação da
teoria da literatura e 146A- SOUZA, R.A.Teoria da Literatura, 150A- TADIE, J.Y. A
crítica literária no século XX, 158A- TOLEDO, D.(org.)- Teoria da literatura:
formalistas russos, 160A- VEYNE, P. Como se escreve a história, 165A- WELLEK, R.
& WARREN, A. Teoria da Literatura, 166A- WHITE, H. Meta-história: a imaginação
histórica do século XIX e 167A- WHITE, H. O valor da narratividade na representação
da realidade.
Entre UFC e UFRR há os seguintes textos e autores em comum: Aristóteles
(outra obra), 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, Moisés (criação literária - na
UFRR dividido em poesia, prosa I e prosa II), 127A- REIS, C. & LOPES, A. C.
Dicionário de teoria da narrativa. Entre UFF e UFC: 50A- LIMA, L.C. Teoria da
Literatura em suas fontes, 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura, 145A- SOUZA,
R.A. Formação da teoria da literatura e 146A- SOUZA, R.A.Teoria da Literatura,
158A- TOLEDO, D.(org.)- Teoria da literatura: formalistas russos e 165A- WELLEK,
R. & WARREN, A. Teoria da Literatura. E entre UFF e UFRR: 25A- BOSI, A. O ser e
o tempo da poesia, Cândido (Na UFRR- 33A- CÂNDIDO A. et al. A personagem de
ficção e
34A- CÂNDIDO A. Na sala de aula e na UFF -36A- CANDIDO, A.
Formação da Literatura Brasileira e 37A- CANDIDO, A.Literatura e sociedade), 45-
218
COELHO, E.P. Os universos da Crítica (aparece no programa da Teoria da Literatura
I), 55A- EAGLETON, T. Teoria da literatura. Nenhuma destas repetições pode ser
tomada como conclusiva de uma interação entre as instituições, uma vez que se tratam
de textos do cânone disciplinar muito conhecidos e apreciados, no ensino de Teoria, e
que, tanto poderiam figurar na bibliografia destas instituições de ensino, quanto em
quaisquer outras que pudéssemos pesquisar.
5.4 – Literatura Infanto-Juvenil e Ensino de Literatura
A Literatura Infanto-Juvenil da UFRR (Tabela XXXII) é, de todos até agora, o
programa que mais se assemelhou aos da UFC. Aparentemente se trata de uma relação
de programa “mãe-e-filho”.
As ementas Literatura Infanto-Juvenil da UFRR e Literatura Infantil II da UFC –
Tabela XXXII – dizem o seguinte: “Estudo da Literatura Infantil em todas as suas
manifestações e de suas relações com a literatura universal e as demais artes.” E o
conteúdo, é o mesmo da disciplina Literatura Infantil I da UFC: “História da Literatura
Infantil, funções da Literatura Infantil, a Literatura Infantil no Brasil, A poesia na
Literatura Infantil, A ficção, O teatro, A literatura Infantil e a arte, O texto de Literatura
e os personagens, as histórias em quadrinhos, traduções e adaptações. Metodologia:
aulas expositivas, encenações, trabalhos em grupo, seminários e oficinas.”
No entanto, a Literatura Infantil Brasileira, ou Literatura Infantil II, que também
consta da tabela XXXII, cujo conteúdo vem a ser – “O contexto sócio-cultural e o
panorama universal; O Brasil entre séculos; O marco- Monteiro Lobato; A Literatura
Infantil nas décadas de 30 a 60; A Literatura Infantil dos anos 70 à atualidade- novas
tendências; O folclore na Literatura Infantil; O processo evolutivo das ilustrações no
livro infantil; a poesia infantil brasileira; o teatro infantil/juvenil; a Literatura cearense
para crianças.” – não se assemelha em nada ao conteúdo da Literatura Infanto-Juvenil
da UFRR.
219
Tabela XXXII: comparativo UFRR x UFC x UFF - DISCIPLINA LITERATURA
INFANTO-JUVENIL (programas antigos)
IES
Vigência
C.H.
Ementa
UFRR
Antiga
60
Estudo da Literatura
Infantil em todas as suas
manifestações e de suas
relações com a literatura
universal e as demais
artes.
UFC (Lit. Inf. I e II)
Antigo
60/ 60
Não consta
Estudo
de
Literatura
Infantil
Brasileira em todas as suas
manifestações e de suas relações com
as demais artes
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Não consta
Não consta
Não consta
Aplicabilid
ade/objetiv
o
UFF (Lit. Brasileira X /Lit. Port. VI)
Antigo (sem data)
Não consta/ 60h
A Literatura infanto-juvenil brasileira
A
Literatura
infanto-juvenil
portuguesa contemporânea em seu
diálogo com produções do gênero
brasileiras e africanas. Sophia de
Mello B. Andresen, Lygia Bojunga
Nunes e Pepetela.
Não consta
29, 30, 36, 37, 38
3, 5, 6, 11, 14, 21, 23. 4, 5, 6, 8, 10, 14, 16, 18, 19, 21, 22, 23. Inicial: 21, 33, 34, 40
12, 16
Dividido em 5 itens: 1.O que é
literatura infanto-juvenil?; 2. Estudo
da narrativa: a recriação da historia;
3. A formação do leitor: abordagem
do texto em turmas de 1º e 2º graus;
“verificação” da leitura extra-classe;
adaptação
teatral;
oficina
de
criatividade; 4. Narrativa curta: a
crônica; 5. Livros e autores: Ana
Maria Machado (O canto da praça),
Eliane Ganen (A fada desencantada),
Fernanda Lopes de Almeida (A fada
que tinha idéias), Rubem Braga
(crônicas), Vicente de Percia (O
menino da horta), etc.
10 itens: o contexto sócio-cultural e o Não consta
panorama universal; O Brasil entre
séculos; O marco- Monteiro Lobato;
A lit. Inf. Nas décadas de 30 a 60; A
lit. inf. Dos anos 70 à atualidadenovas tendências; O folclore na lit.
inf.; O proc. evolutivo das ilustrações
no livro infantil; a poesia infantil
brasileira; o teatro infantil/juvenil; a
lit. cearense para crianças.
Desenvolver no discente Não consta
Não consta
a capacidade de apreciar,
avaliar e discernir o
texto da literat. infantil
Desenvolver
no
discente
a Não consta
no contexto da Literat.
capacidade de discernir, apreciar e
Universal e da Literat.
avaliar o texto de literatura infantil
Brasil.; Desenvolver no
brasileira.
discente a capacidade de
reconhecer
a
importância da literat. no
processo de ensinoaprendizagem.
Dez itens: História da
Literatura
Infantil,
funções da Literatura
Infantil, a Literatura
Infantil no Brasil, A
poesia na Literatura
Infantil, A ficção, O
teatro,
A
literatura
Infantil e a arte, O texto
de Literatura e os
personagens, as histórias
em
quadrinhos,
traduções e adaptações.
Metodologia:
aulas
expositivas, encenações,
trabalhos em grupo,
seminários e oficinas.
3, 5, 6, 7, 11, 14, 16, 21, 23, 24.
10 itens: historia da Literatura
Infantil; Funções da literatura Infantil
A literatura Infantil No Brasil; A
poesia na literatura Infantil; A ficção
; O teatro; O folclore; O fantástico na
Literatura Infantil; as estórias em
quadrinhos; traduções e adaptações.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
220
O fato é que o programa da Literatura Infantil da UFRR parece ser uma espécie
de montagem ipsis literis do conteúdo e ementa de ambas as disciplinas da UFC. Até
mesmo parte dos objetivos da UFRR já estava expresso no programa de Literatura
Infantil II da UFC: “Desenvolver no discente a capacidade de discernir, apreciar e
avaliar o texto de Literatura Infantil Brasileira.”
A Bibliografia da Literatura Infantil Brasileira, ou Literatura Infantil II da UFC é
a seguinte: 3B-ALBERTON,C.R. et al. Uma dieta para crianças: Livros. Orientação a
pais e professores 5B- AMARAL, M.L. Criança é criança, 6F- ARROYO, L.
Literatura Infantil Brasileira, 7B- BETTELHEIN, B. A Psicanálise dos contos de fada,
11B-COELHO, N.N. A literatura Infantil. História, teoria e análise (das orientais ao
Brasil), 14B-CUNHA, M.A.A. Como ensinar Literatura Infantil, 16B- JESUALDO. A
literatura infantil, 21B- MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil, , 23BSALEN, N. História da Literatura Infantil, 24B- ZILBERMAN, R. A literatura infantil
da escola? A bibliografia da UFRR é exatamente a mesma com exceção de 7B, 16B e
24B, que provavelmente não existiam na UFRR, nem no acervo dos professores que
ministravam a disciplina, por esse motivo foram retirados. Mas, o mais incrível é que a
cópia da bibliografia (da UFC) feita pela UFRR estava totalmente fora da apresentação
bibliográfica padrão, exatamente como a original.
Na disciplina de Literatura Infanto-Juvenil I (1981) da UFC estão elencados os
seguintes textos: 4B- ALMEIDA, R. Literatura Infantil in COUTINHO, A.(dir.) A
literatura no Brasil, 5B- AMARAL, M.L. Criança é criança, 6B- ARROYO, L.
Literatura Infantil Brasileira, 8B- CARDOSO, O.B. Fantasia, Violência e medo na
literatura infantil, 10B- COELHO, N.N. O ensino da literatura infantil, 14B-CUNHA,
M.A.A. Como ensinar Literatura Infantil, 16B- JESUALDO. A literatura infantil,18B
LISBOA, H. Antologia poética para a infância e juventude, 19B- LISBOA, H.
Literatura oral para a infância e juventude, 21B- MEIRELES, C. Problemas da
Literatura Infantil, 22B- NUNES, C; BRITO, M.S. Poesia brasileira para a infância,
23B-SALEN, N. História da Literatura Infantil. Alguns dos quais vão se repetir no
programa de Literatura Infantil Brasileira II já referido e esmiuçado acima. São textos
recorrentes entre os programas da UFC (de diferentes gerações): 5B, 6B, 14B, 16B, 21B
e 23B.
Já a UFF apresentava no seu currículo antigo, duas disciplinas distintas para este
segmento do ensino literário: a Literatura Infanto-Juvenil Brasileira (conhecida na grade
do curso como Literatura Brasileira X - optativa) e a Literatura Infanto-Juvenil
221
Portuguesa Contemporânea (Literatura Portuguesa VI – também optativa). Ambas
aparecem atreladas aos respectivos campos de Literatura Brasileira e de Literatura
Portuguesa. A ementa da primeira, a Infanto-Juvenil Brasileira é seu próprio título.
Assim sua amplitude ficaria limitada ao que rezava o seu conteúdo: “1. O que é
literatura infanto-juvenil?; 2. Estudo da narrativa: a recriação da historia; 3. A formação
do leitor: abordagem do texto em turmas de 1º e 2º graus; “verificação” da leitura extraclasse; adaptação teatral; oficina de criatividade; 4. Narrativa curta: a crônica; 5. Livros
e autores: Ana Maria Machado (O canto da praça), Eliane Ganen (A fada desencantada),
Fernanda Lopes de Almeida (A fada que tinha idéias), Rubem Braga (crônicas), Vicente
de Percia (O menino da horta), etc”. Na prática este não é um conteúdo que difira muito
do proposto por UFC e UFRR. Trata-se de uma disciplina com um viés sempre prático,
basicamente uma oficina de criação e de ensino de Literatura nas classes mais jovens. A
Literatura Infanto-Juvenil Portuguesa Contemporânea, por sua vez, trará como ementa a
seguinte proposta: “A Literatura Infanto-Juvenil Portuguesa Contemporânea em seu
diálogo com produções do gênero brasileiras e africanas. Sophia de Mello B. Andresen,
Lygia Bojunga Nunes e Pepetela”. Apesar de não apresentar um conteúdo programático,
para esta disciplina parece ficar claro que se trata de um estudo inter-cultural (BrasilPortugal) contemporâneo e, diferentemente da Infanto-Juvenil Brasileira voltado mais
para a leitura e interpretação textuais de autores consagrados que para a confecção de
material, ou outra tarefas práticas do ensino de Literatura. A Literatura Infanto-Juvenil
Brasileira (Literatura Brasileira X – tabela XXXII), apresentava como textos: 21BMEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil; 33B- LAJOLO, M.; ZILBERMAN,
R. Literatura infantil brasileira; 34B- Literatura infanto-juvenil brasileira; 40B- SÁ, J.
A crônica.
A Literatura Portuguesa VI, ou Literatura Infanto-Juvenil Contemporânea,
trabalhava com os seguintes autores e obras: 29B- ANDRESEN, S. de M. B. A noite de
Natal; 30B- ANDRESEN, S. M.B. A fada Oriana; 36B- NUNES, L. B. A bolsa
amarela;37B- NUNES, L.B. A casa da madrinha;38B- PEPETELA. As abenturas de
Ngunga; 12B- COELHO, N.N. A Literatura Infantil; 16B- JESUALDO. A literatura
Infantil.
Entre ambas (da UFF – tabela XXXII) não havia coincidências bibliográficas,
mas com as demais (UFC e UFRR) a optativa de Literatura Brasileira da UFF
apresentava o texto 21B- MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil, e a optativa
222
de Literatura Portuguesa apresentava em comum com as duas disciplinas da UFC o
texto: 16B- JESUALDO. A literatura Infantil.
Tabela XXXIII: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Literatura InfantoJuvenil (programas recentes)
IES
UFRR
Atual
Vig.
_
C.H.
Ementa Foi extinta e parte
do conteúdo é
trabalhada
em
prática de ensino
em literatura.
Não há
Bibl.
Liter.*
Bibliogr Não há
. crítica
*
Não há
Linha
de
estudos
propost
a
UFC (Literatura Infantil Brasileira/Literatura Infantil
Universal)
Atual
60/60
Estudo da Literatura Infantil em todas as suas
manifestações e de suas relações com a Literatura
Brasileira.
Desenvolver no discente a capacidade de discernir,
apreciar e avaliar o texto literário infantil, bem como suas
manifestações nas demais artes.
Não há
Não há
2, 6, 20, 25, 26, 27
UFF
Atual
_
No fluxograma atual,
há uma disciplina
optativa
Literatura
Brasileira
e
em
Literaturas Africanas
de
Língua
Portuguesa, mas não
tivemos acesso ao
programa da mesma.
Não há
Não há
1, 7, 9, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 21, 24.
10 itens: O Brasil entre os séculos; O marco- Monteiro Não há
Lobato; A lit. Inf. Nas décadas de 30 a 60; A lit. inf. Dos
anos 70 à atualidade- nvoas tendências; O folclore na lit.
inf.; O processo evolutivo das ilustrações no livro infantil;
a poesia infantil brasileira; o teatro infantil/juvenil; as
histórias em quadrinhos no Br; A Lit. Cearense para
crianças.
10 itens: conceituação; funções da Lit. inf., O processo
histórico; valores tradicionais e atuais da Lit. Inf.; estágios
psicológicos do leitor; o gênero “maravilhoso”; a poesia na
Lit. inf.; O teatro na Lit. Inf.; as histórias em quadrinhos;
traduções e adaptações
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
No caso atual da UFF não parece haver material para análise em Literatura
Infantil ou Infanto-Juvenil, embora conste no fluxograma as disciplinas optativas
Literatura Brasileira XXII “A Literatura Infanto-Juvenil” e “A Literatura InfantoJuvenil Africana”, talvez não tenham sido ministradas com este formato ainda. Assim
como não existe mais na UFRR tal disciplina. Por este motivo não foi possível
apresentar outros programas que não o da UFC para a tabela XXXIII. Apenas
utilizaremos o programa da UFC atual para uma eventual comparação com a Prática de
Ensino de Literatura (tabela XXXIV) e um breve comentário sobre as modificações
sofridas por esta disciplina e a perda de espaço desta área nos nossos cursos de Letras.
Embora a UFC tenha mantido suas disciplinas de Literatura Infantil, outras instituições,
223
quer por não darem a devida importância a Literatura Infanto-Juvenil, quer por falta de
espaço, ou corpo docente especializado na área, foram pouco a pouco desativando essas
cadeiras. No caso da UFRR, conforme já dissemos antes, a extinção se deveu a uma
contingência legal. Esta situação de abandono serve também para recolocar as questões
que levantamos sobre o ensino de Literatura Universal nos nossos cursos de Letras. A
Literatura Infanto-Juvenil era uma das portas por onde se podia trazer textos adaptados,
traduzidos, ou ambos, para um trabalho sério, com os alunos da graduação. Infelizmente
esta área aos poucos será (ou já foi, em alguns casos) transferida para os cursos de
Pedagogia. Talvez o professor de Letras acreditando tratar-se de uma área inglória em
termos de pesquisa e mais que isso, própria de cursos de “normalistas”, tenha dela se
distanciado, permitindo que outros a tomassem como seu domínio.
Felizmente iniciativas como as da UFC permitem que, ainda em nossos dias,
esta disciplina sobreviva. Os mais recentes programas de Literatura Infanto Juvenil,
trazem mais claramente a divisão com a qual foram consagrados na UFC: Infantil
Universal e Infantil Brasileira. Em relação ao antigo programa da UFRR, pouco, ou
quase nada permaneceu das ementas, conteúdo e bibliografia que deram origem àquela
disciplina. A bibliografia de Infantil Brasileira passou a ser: 2B- ABRAMOVICH, F.
Literatura infantil, gostosuras e bobices, 6B- ARROYO, L. Literatura Infantil
Brasileira, 20B- MARTINS, M.H. Crônicas de utopia, leitura e literatura infantil em
trânsito, 25B- ZILBERMAN, R; LAJOLO, M. Um Brasil para crianças, 26BZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira, história e histórias,
27B-
ZILBERMAN, R. A literatura rarefeita, livro e literatura no Brasil. E a da Infantil
Universal passou a ser: 1B- ABRAMOVICH, F. O estranho mundo que se mostra as
crianças, 7B- BETTELHEIN, B. A Psicanálise dos contos de fada, 9B- CARVALHO,
B.V. A literatura infantil, 12F-COELHO, N.N. A literatura infantil, 13B- CUNHA,
M.A.A. Literatura infantil (teoria e prática), 14B-CUNHA, M.A.A. Como ensinar
Literatura Infantil, 15B- FROMM, E. A linguagem esquecida, , 16B- JESUALDO. A
literatura infantil, 17B- LAJOLO, M. Usos e abusos da literatura na escola, 21BMEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil, 24B- ZILBERMAN, R. A literatura
infantil da escola? Dos textos elencados acima, apenas permaneceram em comum com
a antiga Literatura Infanto-juvenil da UFRR, os seguintes: 6B, 14B e 21B. E apenas
alguns autores, mas não com as obras listadas aqui fazem parte do que se tornou a
Prática de Ensino em Literatura da UFRR (tabela XXXIV). Entendemos, no entanto que
224
esses autores tanto poderiam figurar num quanto noutro programa com as mesmas
obras.
Os autores em comum são: 20B- MARTINS, M.H. Crônicas de utopia, leitura e
literatura infantil em trânsito (UFC) e 66C- MARTINS, M.H. O que é leitura (UFRR);
17B- LAJOLO, M. Usos e abusos da literatura na escola(UFC) e 57C- LAJOLO, M.
Do mundo da leitura para a leitura do mundo (UFRR); 25B- ZILBERMAN, R;
LAJOLO, M. Um Brasil para crianças (UFC) e 56C. LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R.
A formação da leitura no Brasil (UFRR).
A disciplina de Prática de Ensino em Literatura, por sua vez, tem sido no cenário
das demais universidades suas co-irmãs, ora no domínio dos Departamentos do curso,
ora na esfera da Pedagogia.
No caso da UFF, encontramo s uma tentativa ímpar (justificada por uma
pesquisa, talvez?) de trazer para o domínio da Teoria da Literatura a discussão sobre o
ensino de Literatura. Esta é evidentemente uma tentativa importante, pois uma das áreas
que aparentemente mais sofre de intolerância ao discurso sobre o ensino de Literatura é
da Teoria. E é justamente ali que deveria estar o grosso da discussão sobre essa questão,
por se tratar de uma discussão sobre o ensino de Literatura.
Na iniciativa da UFF esta disciplina tomou a feição de optativa com 30
horas/aula. Uma vez que UFRR e UFC têm em seus respectivos currículos disciplinas
voltadas para o ensino de Literatura, resolvemos utilizar a Teoria da Literatura V da
UFF para comparação, muito embora também haja, no curso de Letras da UFF uma
disciplina ofertada pela Pedagogia (Didática VII – Literaturas de Língua Portuguesa) a
qual não tivemos acesso a tempo.
As três disciplinas da tabela XXXIV não guardam muita semelhança entre si.
São, pois, diferentes modos de resolver a mesma questão do ensino de Literatura. Na
UFC seria injusto afirmar que esta é a única forma que encontraram para resolver a
questão. Na verdade, lá existem nada mais nada menos que quatro (contando com esta
que está na tabela XXXIV) disciplinas sobre o assunto. As outras três figuram da tabela
XXXIX mais adiante.
225
Tabela XXXIV: comparativo UFRR x UFC x UFF - Disciplina Prática de Ensino
em Literatura (programas recentes)
IES
UFRR
UFC (Estágio em Ensino de Literatura
Vernácula)
Vig.
C.H.
Atual
90
Atual
90
Ementa
Aplicação
dos
procedimentos
técnico-pedagógicos do ensino da
literatura no ensino fundamental
e/ou médio.
Não consta.
Prática de magistério
vernácula,
através
supervisionado.
Bibl.
Liter.*
Não consta
em
de
literatura
estágio
UFF (Teoria da Lit. V/
Didática VII Literaturas
de língua Portuguesa )
Atual
30 (**) / não consta
programa
A teoria da literatura e o
ensino da literatura.
Não consta programa
Não consta/idem
Bibliogr 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, Básica: 9, 17, 24, 25, 26, 42, 49, 51, 61, 46, 84, 85, 94, 96, 131,
133. (***)
. crítica 14, 15, 16, 18, 20, 21, 22, 23, 30, 31, 62, 76, 82, 92, 94, 95.
32,
33,
34,
35,
38,
39,
40,
41,
42,
43,
Complementar:
2,
28,
29,
44,
53,
64,
*
45,
60,
74,
89,
Linha
de
estudos
propost
a
47, 50, 52, 54, 55, 56, 57, 58, 59,
61, 63, 65, 66, 68, 70, 71, 72, 73,
75, 77, 78, 79, 80, 81, 83, 85, 88,
90, 92, 96.
90h/a sendo 60,
práticas e 30,
teóricas
Parte teórica: 1.1) literatura: o papel
da literat. e do texto literário
enquanto objetos de estudo; 1.2)
literat. e intertexto: formas de
educação para a literat.; 1.3) Literat.
Infantil e Infanto-Juvenil; 1.4) O
lúdico no ensino de literat.
(dramatização); 1.5) literat. de
expressão portuguesa (periodicidade,
estilos e transgressões); 1.6) Processo
evolutivos: mitos e revoluções: o
canônico e o não canônico em
literatura; (técnicas de exploração
visual e a chamada sub literatura
(gibis, fanzines, etc...)
Parte II: prática (projeto, assistência,
regência em sala de aula/estágio,
relatório)
86,87.
Outros materiais: discos, revistas, jornais, Não consta programa
transparências, filmes, vídeos, CD-Rom;
manuais didáticos e livros paradidáticos
usados na rede de ensino e publicações
relativas ao PCN.
A disciplina Estágio em Literatura Dividido em 4 itens:
Vernácula desenvolve-se através da 1 - A iniciação à literatura
prática do magistério em situação real no primeiro grau: indução
abrangendo:
ao "gosto pela leitura"; 2 1. as fases de preparação, atuação e O ensino de literatura no
avaliação de atividades didáticas;
segundo grau: indução ao
2 a abordagem do texto literário em "gosto pela leitura" e
língua portuguesa (no nível fundamental e sistematização
de
médio);
conhecimentos;
3
3. o ensino específico da literatura Recursos
didáticovernácula;
pedagógicos no ensino de
4 a abordagem do texto literário e/ou o
literatura; 4 - Critérios
ensino específico de literatura vernácula
em situações diferenciadas: alunos para indicação de livros
apoio
teóricoespeciais, deficientes visuais e auditivos, de
historiográfico e de textos
"cursinhos" para vestibular, ensino
literários stricto sensu
supletivo;
* - a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
** - disciplina optativa
*** numeração corresponde ao bloco das referências das disciplinas de teoria da
literatura (A) nº 46A, equivale ao 24 deste bloco; 96A, equivale a 56 deste bloco; as
demais, sem equivalente.
Das disciplinas elencadas acima podemos depreender uma gradação: A mais
teórica, no sentido de aplicação do conteúdo em salas de aula na forma de estágio, vem
a ser a da UFF (locada inclusive na área de Teoria da Literatura), a mais prática (estágio
somente) vem a ser a da UFC. A da UFRR pretende ser uma disciplina mista de teoria e
226
prática. Das 90 horas de que é composta esta disciplina, na UFRR, 30h são voltadas
para conceitos teóricos e leitura de textos e 60 h/aula para a prática de estágio em salas
de ensino fundamental e médio, além da inevitável confecção de um “projeto-relatório”.
A bibliografia da UFRR, por demais extensa para as 30 horas aula de que
dispõe, certamente é fruto de pesquisa de pós-graduação: 1C- ABREU, M. (org)
Leituras no Brasil: antologia comemorativa pelo 10º COLE, 3C- AQUINO, J. G.
Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação professor- aluno, 4CASSOCIAÇAO DE LEITURA DO BRASIL. Em dia: Leitura & Crítica, 5CBAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem, 6C- BAKHTIN, M. Estética da
criação verbal, 7C- BAKHTIN, M. Questões de Literatura e de Estética. A teoria do
romance e 8C- BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. O
contexto de François Rabelais, 9C- BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da
leitura, 10C- BARTHES, R O rumor da língua, 11C- BARTHES, R Elementos de
semiologia e 12C- BARTHES, R O prazer do texto,13C- BENJAMIN, W. Obras
escolhidas I, 14C- BERNSTEIN, A. A estruturação do discurso pedagógico. Classe,
códigos e controle, 15C- BOURDIEU, P. As regras da arte. Gênese e estrutura do
campo literário, 16C- CALDWELL, H. The Brazilian Othello of Machado de
Assis,18C- CANDIDO, A. A formação da literatura brasileira, 20C- CAVALLO, G.;
CHARTIER, R. Historia de la lectura em el mundo occidental, 21C- CHARTIER, R.
(org.). Práticas da Leitura, 22C- CHARTIER, R. Introdução e 23C- CHARTIER, R. A
aventura do livro. Do leitor ao navegador, Conversações com Jean Lebrun, 30C- ECO,
U. Lector in fabula. A cooperação interpretativa nos textos narrativos, 31C- ECO,
U.Apocalípticos e integrados, , 32C- ECO, U.O signo, 33C- ECO, U.Obra Aberta e
34C- ECO, U.Os limites da interpretação, 35C- FARIA, A. L. G Ideologia no livro
didático, 38C- FOUCAULT, M. A ordem do discurso e 39C- FOUCAULT, M. A
verdade e as formas jurídicas, 40C- FRANCHI, C. Criatividade e gramática e 41CFRANCHI, C. Linguagem - Atividade Constitutiva, 42C- FREIRE, P. A importância do
ato de ler, 43C- FREITAS, M. T. de A. (org.) Narrativas de professoras: pesquisando
leitura e escrita numa perspectiva sócio-histórica, 45C- GERALDI, J. W. (org.). O
texto na sala de aula, 47C- GOFFMAN, E A representação do eu na vida cotidiana,
50C- ISER, W O ato da leitura, 52C- KATO, M. Alfabetização, Leitura e Escrita –
formação de professores em curso, 54C- KRAMER, S. Alfabetização, Leitura e Escrita
– formação de professores em curso e 56C- KRAMER, S. Por entre as pedras: armas e
sonho na escola, 56C- LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. A formação da leitura no
227
Brasil, 57 e 58C- LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo e O que é
literatura, 59 e 60C- LARROSA, J. Lenguaje y educación. Em: AA.VV. Filosofia de la
Educación hoy: temas e Literatura, experiência y formación (entrevista a Jorge Larrosa
por Alfredo J. da Veiga Neto). In: COSTA, M.V. Caminhos investigativos. Novos
olhares na pesquisa em educação, 61C- LEITE, L. C. M. Invasão da
Catedral:literatura e ensino em debate, 63C- MAINGUENEAU, D. Pragmática para o
discurso literário, 65C- MARINHO, M.; SILVA, C.S.R. da (org.). Leituras do
professor, 66C- MARTINS, M.H. O que é leitura, 68C- NOGUEIRA, M.A.; CATANI,
A. (org.) Pierre Bourdieu- escritos de educação, 70C- ORLANDI, E. P. As formas do
silêncio. No movimento dos sentidos, 71C- ORLANDI, E. P. Discurso e leitura, 72CORLANDI, E. P. Interpretação. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico e 73CORLANDI, E. P. Leitura e discurso científico, 74C-OSWALD, M.L.M.B. Aprender
com a leitura. Uma leitura benjaminiana de Lima Barreto, 75C- PAULINO, G.
Leitores sem texto, 77C- PECHEUX, M. O Discurso - Estrutura ou acontecimento,
78C- PERRONE- MOISES, L. Texto, Crítica, Escritura, 79C- PIMENTA, S. G O
estágio na formação de professores. Unidade Teoria e Prática?, 80 e 81C- POSSENTI,
S. A leitura errada existe. In: BARZOTTO, V.H. (org.) Estado de Leitura, e Discurso,
estilo e subjetividade, 83C- REGO, M.F. O aprendizado da ordem. A ideologia nos
textos escolares, 85C- SILVA, E. T.Elementos de pedagogia da leitura, 88C- SOARES,
M. B. Linguagem e escola. Uma perspectiva social, 89C- SOBRINO, E. Ideologia e
educação. Reflexões teóricas e propostas metodológicas, 90C- SOUZA, M.S.D. A
conquista do jovem leitor: uma proposta alternativa, 92C- WERTSCH, J. Voces de la
mente: um enfoque sociocultural para el estúdio de la acción mediada, 96CZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (org.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. Textos
como 16C e 77C parecem destoar dos demais e dos objetivos desta disciplina.
A da UFF, por sua vez, apresenta menor quantidade de textos, mas é uma
quantidade razoável, o que significa dizer que são legíveis no período da disciplina
(30horas/aula): 46A- COELHO, N.N. O ensino de literatura, 84A- JOBIM, J.L. O livro
didático e o ensino da literatura no segundo grau, 85A- JOBIM, J.L.; SOUZA, R.A.
Iniciação à literatura brasileira, 94A- LACERDA, V.C. Das unidades didáticas à
unidade da vida, 96A- LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. A formação da leitura no
Brasil, 131A- RIEDEL, D.C. Bricolage, 133A- ROCCO, M.T.F. Literatura/ensino:
uma problemática.(como são textos do campo da Teoria, apresentam a letra “A”
acompanhando o número. Para o caso de equivalência le r nota da tabela XXXIV).
228
Na UFC teremos: Básica: 9C- BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da
leitura, 17C- CANDIDO, A. Na sala de aula, 24C- COELHO, N.N. O ensino da
literatura infantil e 25C- COELHO, N.N. A literatura Infantil, 26C-CUNHA, M.A.A.
Literatura infantil (teoria e prática), 42C- FREIRE, P. A importância do ato de ler,
49C- GUTIERREZ, A. M. R. M. de. O caráter reprodutor do ensino de literatura
brasileira nos cursos de graduação em letras, 51C- - JESUALDO. A literatura infantil,
61C- LEITE, L. C. M. Invasão da Catedral: literatura e ensino em debate, 62CMACARO, L. Ensino e Literatura no 2º grau: problemas e perspectivas, 76CPAULINO, G.; WALTY, I. (Org.) Teoria da Literatura na escola.Atualização para
professores de 1º e 2º graus, 82C- PROENÇA FILHO, D. Estilos de época na
literatura, 92C- ZILBERMAN, R. A Leitura e o ensino da Literatura e 94CZILBERMAN, R. A Literatura Infantil na escola, 95C- ZILBERMAN, R.; SILVA, E.
T. Literatura e Pedagogia: ponto e contraponto.Complementar:2C- ALVES, R.
Conversas com quem gosta de ensinar, 28C- DENBY, D. Grandes livros, minhas
aventuras com Homero, Rousseau, Shakespeare, Marx e outros escritores brilhantes,
29C- DINORAH, M. O livro infantil e a formação do leitor, 44C- GARCIA, C. A
escola como personagem da Literatura Brasileira, 53C- KLEIMAN, A. B.; MORAES,
S. E. Leitura e Interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola, 64CMANGUEL, A. Uma história da leitura, 86C- SILVA, L.L.M. da. A escolarização do
leitor; a didática da destruição da leitura na escola, 87C- SILVA, V.M.T. Literatura
Infanto-Juvenil: seis autores, seis estudos.
Entre UFF e UFRR ocorrem as seguintes coincidências bibliográficas: 96A
(UFF) a 56C (UFRR)- LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. A formação da leitura no
Brasil, 46A (UFF) e 24C (UFC) - COELHO, N.N. O ensino de literatura. E entre UFC
e UFRR: 9C- BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da leitura, 42C- FREIRE, P.
A importância do ato de ler e 61C- LEITE, L. C. M. Invasão da Catedral:literatura e
ensino em debate. Além disso vários autores se repetem, mas com outras obras.
5.5 – Questões específicas e outras disciplinas do campo literário
5.5.1 – Literatura Regional
Um dos grupos disciplinares que realmente faz falta na grade de Letras da UFRR
é aquele em que constam as disciplinas de caráter Regionalista, Popular, ou Local. Nos
229
capítulos I (1.3, 1.4) e II (2.4) desta tese já tivemos oportunidade de apontar questões
neste sentido. Aqui faremos em relação às tabelas XXXV, XXXVI, XXXVII e
XXXVIII, alguns comentários sobre a pertinência e o modelo de uma disciplina desta
natureza para a UFRR.
Tabela XXXV: Disciplina Literatura Regionalista Brasileira – UFC
Antiga (Literatura Brasileira III)
atual
Vigência
60h
60h
C.H.
Aspectos
gerais
do
Regionalismo
Nordestino
Estudo da Literatura Brasileira, com
Ementa
Bibliografia
literária *
Bibliografia
crítica *
2, 86, 159, 208.(**)
Linha de
estudos
proposta
9 itens: Análise das características gerais da
Literatura Brasileira; Regionalismo
nordestino; Romance das secas; Tema do
cangaço; Poesia do Nordeste; Sobrevivências
medievais na lit. pop. do Nordeste; Obra de E.
da Cunha e G. Freyre; Situação atual das
letras nordestinas; revisão, estudos, debates.
35, 83, 95, 197, 211
ênfase nas produções ficcionais do
regionalismo nordestino.
24, 29
2, 12, 16, 17, 23, 27, 28, , 31, 32, 39,
43, 46, 47, 56, 58, 59, 60, 62, 67, 68,
72.
5 itens: A Literatura Brasileira:
vertente regionalista; O Regionalismo
nordestino; Modernismo na década de
30; Tema do Cangaço; Sobrevivências
medievais na lit. pop. do Nordeste. A
literatura de Cordel.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
**- a numeração de literatura brasileira III se refere ao bloco de literatura brasileira (E)
e de lit, regionalista, à literaturas regionais (G).
A “vocação” da UFC para o regionalismo literário parece auto-evidente se
considerarmos apenas o número de disciplinas criadas desde a década de 1980. A
importância de um tal empreendimento era tão grande, que uma das disciplinas criadas
para este fim ocupava o lugar da Literatura Brasileira III. Todo o conteúdo de Literatura
Brasileira (que como já vimos antes), em universidades como a UFF era dado em seis
disciplinas, na UFC tinha que ser dado em apenas duas, contrariando a lógica (perversa)
de que o campo de Literatura Brasileira tendia a crescer e ser maior que o de Literatura
Portuguesa, por exemplo. Aqui, com sua redução a dois períodos disciplinares na grade
do curso forçada, para dar espaço ao Regionalismo, a Literatura Brasileira, durante um
certo período de afirmação do Regional, minguou. Mas, certamente não houve perda
sem ganhos. A discussão sobre determinados aspectos do Regionalismo deve ter
impulsionado toda uma geração acadêmica de críticos e escritores. E este impulso em
meio à polêmica que o Regional traz diante do Nacional e do Universal devem ter
servido para ajudar a firmar a necessidade de um estudo mais acurado sobre valores,
230
modelos e formas da produção local, o que certamente motivou uma maior produção
intelectual.
Conjecturas? Talvez. Em todo o caso é sempre bom verificarmos que estas
conjecturas se apóiam na própria bibliografia dos programas, que ao demonstrarem
haver produção científica calcada nas obras do cânone literário local, aponta para este
aumento da produção intelectual a que nos referimos. Ademais, nunca é muito lembrar
de uma frase de Antônio Cândido no prefácio d’A Formação da Literatura Brasileira
que pode muito bem ser aplicada também a esta situação:
Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela e não outra, que
nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem; e se não a amarmos,
ninguém o fará por nós. Se não lermos as obras que a compõe, ninguém as tomará
do esquecimento, descaso ou incompreensão. Ninguém, além de nós, poderá dar
vida a essas tentativas muitas vezes débeis, outras vezes fortes, sempre tocantes, em
que os homens do passado, no fundo de uma terra inculta(...) (CÂNDIDO, 1981, p.
10)
Embora o autor esteja se referindo à Literatura Brasileira, este trecho em
especial, nos serve também quando nos referimos ao local, pois se não formos nós a
buscarmos entender nossas particularidades, peculiaridades, “exotismos”, quem o fará?
Entre o programa da Literatura Regional mais recente e o mais antigo (tabela
XXXV), há duas bibliografias equivalentes: 83(E) equivale a 23 (G) e 86 (E) equivale a
24 (G). Estão elencados na primeira versão do programa (Literatura Brasileira III): 2E.
ALMEIDA, J.A.de. A Bagaceira; 35E- BENEVIDES, A. E. Evolução da poesia e do
romance cearense 83E- COUTINHO, A. A Literatura no Brasil, 86E- CUNHA, E. Os
Sertões, 95E- FACÓ, R. Cangaceiros e Fanáticos, 159E- MARTINS, F. Dois de Ouro,
197E- PINTO, L. Influência do Nordeste nas Letras do Brasil, 208E- RAMOS, G.
Vidas Secas, 211E- REGO, J.L. do. Presença do Nordeste na Literatura Brasileira.
Destes a maioria se refere ao Nordeste de uma ótica externa. É o caso de 211E, 83E e
possivelmente 197E. Isso demonstra uma suave transição entre o conteúdo Nacional (de
uma Literatura que deveria ser Brasileira III) e o local, por ser apresentado a partir de
uma ótica bibliográfica externa. Também denota a ausência inicial de uma produção
local mais efetiva de textos sobre a Literatura Regional, que tende a crescer à medida
em que esta disciplina se firma como subárea da Literatura e cria seu próprio referencial
em pesquisa e produção textual.
A distribuição do conteúdo também, embora a disciplina tenha sido retirada da
esfera das Literaturas Brasileiras, para o seu próprio campo, parece ter permanecido
231
semelhante, mesmo tendo sido reduzida de nove para cinco itens. O fato é que antes,
quando a disciplina pertencia ao campo das Literaturas Brasileiras ainda se fazia uma
ponte entre o Nacional e o local, gerando itens tais como: “Análise das características
gerais da Literatura Brasileira” e “Situação atual das letras nordestinas”, este último
provavelmente visto por uma ótica externa ao Nordeste.
Tabela XXXVI: Disciplina Literatura Popular em Verso - UFC
Vigência
atual
45
C.H.
Estudo das manifestações poéticas da
Ementa
Bibliografia
literária *
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Literatura de Cordel, através da
determinação de suas fontes e da análise
de suas produções.
36
10, 18, 19, 25, 34, 42, 61, 69, 73, 75, 76.
6 itens: literatura popular; literatura do
cordel nordestino; ciclos temáticos;
ideologia e cordel; o folheto; cantorias e
pelejas.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
É interessante testemunhar a existência de uma disciplina que propõe: “Estudo das
manifestações poéticas da Literatura de Cordel (tabela XXXVI), através da
determinação de suas fontes e da análise de suas produções”, complementada pela
seguinte linha de estudos: “literatura popular; literatura do cordel nordestino; ciclos
temáticos; ideologia e cordel; o folheto; cantorias e pelejas”. Trata-se de uma disciplina
cujo foco repropõe não só a literatura local em verso, como uma releitura do cânone a
partir do popular, situando-a num nicho canônico específico da Literatura Popular em
Verso, distante dos demais “gêneros” graves da cultura das elites, mas, ainda assim,
trazendo-a, definitivamente para a interlocução com o meio acadêmico.
Na tabela XXXVII encontramos um modelo mais próximo das formas mais
“graves” da cultura canônica. Ou seja, um modelo que se enquadra e se filia mais
fortemente na tradição literária acadêmica que é de ond e a Universidade retira seus
critérios para classificar e organizar a Literatura.
Há uma tendência, desde a primeira versão, datada de 1982 (tabela XXXVII), de
se estudar diacronicamente a História da Literatura Cearense, assim como é feito com a
Literatura Portuguesa e a Brasileira.
232
Tabela XXXVII: Disciplina Literatura Cearense I - UFC
Vigência
antiga (1982.2)
atual
90
C.H.
60
Estudo
das
correntes
literárias
no
Ementa
Estudo
Ceará, através da obra de seus autores
principais, (do Neoclassicismo ao
Modernismo), bem como dos
escritores independentes e ainda das
agremiações literárias de maior
relevo. (1982.2)
Bibl. Lit. *
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
3, 4, 5, 7, 11, 14, 20, 21, 22, 37, 38,
44, 45, 53, 54, 55, 74.
11 itens: Neoclassicismo (os oite iros);
Romantismo
(Indianismo,
Regionalismo,
Byronismo,
Condeirismo); Academia Francesa e o
Positivismo; Realismo (Clube Lit. e a
Quinzena, Poesia, Romance, Padaria
Espiritual e o Pão, centro lit. e
Iracema); Academia Cearense de
Letras (3 fases); Simbolismo; Várias
tendências;
Parnasianismo;
Prémodernismo; Modernismo (Maracajá e
Cipó de Fogo, Grupo Clã); Panorama
atual
da Literatura Cearense,
compreendendo os autores principais
do
Neoclassicismo
ao
PréModernismo,
os
escritores
independentes e as agremiações de
maior relevo.
1, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 14, 15, 20, 30, 35,
37, 44, 52, 53, 54, 55, 66, 70.
8 itens: Neoclassicismo; Romantismo;
Reação: Academia Francesa; Realismo
(O Clube Literário, A Padaria
Espiritual, Academia Cearense de
Letras), Simbolismo; Parnasianismo;
Ainda o Realismo; Pré-Modernismo.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Neste sentido a ementa de 1982 é categórica: “Estudo das correntes literárias no
Ceará, através da obra de seus autores principais, (do Neoclassicismo ao Modernismo),
bem como dos escritores independentes e ainda das agremiações literárias de maior
relevo ” (tabela XXXVII). O conteúdo programá tico por sua vez, não desmente nem
modifica em nada à ementa: “Neoclassicismo (os oiteiros); Romantismo (Indianismo,
Regionalismo, Byronismo, Condeirismo); Academia Francesa e o Positivismo;
Realismo (Clube Literário e a Quinzena, Poesia, Romance, Padaria Espiritual e o Pão,
centro lit. e Iracema); Academia Cearense de Letras (3 fases); Simbolismo; Várias
tendências; Parnasianismo; Pré- modernismo; Modernismo (Maracajá e Cipó de Fogo,
Grupo Clã); Panorama atual”. Se pensarmos que se trata de uma disciplina de 90
horas/aula, sucedida de outra de 60horas/aula (Literatura Cearense II – tabela
XXXVIII), veremos a importância atribuída ao estudo desta disciplina no currículo
cearense.
Embora a disciplina tenha sofrido uma perda de carga horária de 30 horas/aula
de sua versão anterior para a atual, sua ementa mudou muito pouco e o conteúdo perdeu
233
apenas três itens. A bibliografia, no entanto, variou consideravelmente. São 17 os textos
na versão mais antiga – 3G- AZEVEDO, S. A Academia Francesa do Ceará, 4GAZEVEDO, S. O Centro Literário, 5G- AZEVEDO, S. Literatura Cearense e 7GAZEVEDO, S. A Padaria Espiritual, 11G- BARREIRA, D. História da Literatura
Cearense, 14- BEZERRA, J.C. Juvenal Galeno, 20G- COLARES, O. Lembrados e
Esquecidos, 21G- COLARES, O. Lembrados e Esquecidos II e 22G- COLARES, O.
Lembrados e Esquecidos III, 37G- LINHARES, M. História Literária do Ceará, 38GLIRA, P. Poesia Cearense e Realidade Atual, 44G- MARTINS FILHO, A & GIRÃO,
R. O Ceará, 45G- MENDES, O. José de Alencar, 53G- MONTENEGRO, B. José
Albano (Nossos Clássicos), 54G- MONTENEGRO, B. Correio Retardado e 55GMONTENEGRO, B. Correio Retardado II, 74G- STUDART, G. Dicionário
Bibliográfico Cearense – E 20 textos na versão mais recente – 1G- ALENCAR, E.
Variações em tom menor, 5G- AZEVEDO, S. A Literatura Cearense, 6G- AZEVEDO,
S. Aspectos da Literatura Cearense, 7G- AZEVEDO, S. A Padaria Espiritual e o
simbolismo no Ceará, 8G- AZEVEDO, S. Dez ensaios de Literatura Cearense e 9GAZEVEDO, S. Adolfo Caminha. Vida e Obra, 11G- BARREIRA, D. História da
Literatura Cearense, 14- BEZERRA, J.C. Juvenal Galeno, 15G- BÓIA, W. Antônio
Sales e sua época, 20G- COLARES, O. Lembrados e Esquecidos, 35G- LIMA, H.
Domingos Olímpio, 37G- LINHARES, M. História Literária do Ceará, 44GMARTINS FILHO, A & GIRÃO, R. O Ceará, 52G- MONTENEGRO, A. F. O
Romance Cearense,
53, 54 e 55G- MONTENEGRO, B. José Albano (Nossos
Clássicos), Correio Retardado e Correio Retardado II, 66G- PINTO, R.M.
Experiência e ficção de Oliveira Paiva,70G- RIBEIRO, S. O romancista Adolfo
Caminha. – sendo que destes, apenas dez se repetiram: 5G, 7G, 11G, 14G, 20G, 37G,
44G, 53G, 54G e 55G. Diferentemente da literatura Brasileira III (Regionalismo) não se
discute neste programa a permanência de elementos da Literatura Medieval na
Literatura Re gional.
A Literatura Cearense II (tabela XXXVIII), embora atenda ao mesmo critério
diacrônico de historiografia literária, tende a ser mais sincrônica, na medida em que
tenta discutir a produção atual, desde as vanguardas, na Literatura Cearense.
Na prática, entre uma versão e outra (tabelas XXXVII e XXXVIII), a ementa
permanece quase a mesma. Trata-se de: “Estudo da Literatura Cearense, abrangendo os
autores principais do Modernismo à Contemporaneidade, os escritores independentes e
as agremiações de maior relevo ”. Na versão anterior havia a mais apenas a frase
234
“Estudo dos movimentos literários no Ceará”, o que dá indicações de uma proposta que
ainda busca um viés diacrônico.
Tabela XXXVIII: Disciplina Literatura Cearense II - UFC
Vigência
antiga
Atual
60
C.H.
60
Estudo
dos
movimentos
literárias
no
Ceará,
Estudo da Literatura Cearense,
Ementa
Bibliografia
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabilida
de/objetivo
através da obra de seus autores principais, (do
advento
do
Modernismo
à
contemporaneidade), bem como dos escritores
independentes e ainda das agremiações
literárias de maior relevo. (1989.1)
1, 5, 6, 8, 13, 21, 26, 33, 40, 41, 44, 48, 49,
50, 51, 52, 54, 55, 57, 63, 64, 65, 71.
O curso será ministrado através de aulas
expositivas, apresentação de seminários,
trabalho de grupo, tarefas escritas e orais.
Será tratado o Modernismo, subdividido em 7:
primeiros momentos, O Grupo Clã, Outros
Nomes, Grupo SIN, Grupo Siriará, Fora de
Grupos, Outros nomes.
Desenvolver exercitar a reflexão crítica do
aluno, analisando o inter-relacionamento de
forma/conteúdo na linguagem literária. E
também fazer que o discente conheça bem os
textos do Modernismo cearense.
abrangendo
os
autores
principais do Modernismo à
Contemporaneidade,
os
escritores independentes e as
agremiações de maior relevo.
1, 5, 13, 21, 26, 33, 40, 41, 44,
48, 49, 50, 51, 52, 54, 55.
7 itens: primeiros momentos, O
Grupo Clã, Outros Nomes,
Grupo SIN, Grupo Siriará, Fora
de Grupos, Outros nomes.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
A versão mais recente dos programas (tabela XXXVIII) apresenta somente
alterações significativas no que tange à bibliografia. Entre as duas há a perda dos
seguintes textos: 6G, 8G, 57G, 63G, 64G, 65G e 71G, o que aponta para um
enxugamento da disciplina.
5.5.2 – Questões na UFC
À medida que avançamos na leitura dos programas da UFC, por exemplo,
percebemos gradual aumento do acervo bib liográfico exigido para integralização das
disciplinas. Pode-se datar este aumento da quantidade de textos técnicos a serem lidos
pelos alunos, do início dos anos noventa, no caso da UFRR de meados da década de
1990. Deste modo, disciplinas como Literatura Portuguesa I, cuja quantidade de
235
conteúdo pouco variou neste período, sofrem acréscimo significativo na bibliografia a
ser utilizada.
Uma das hipóteses que se pode aventar a respeito, é a de que os professores, na
medida em que vão se especializando, vão trazendo para a sala de aula da graduação
esta parcela nova, ou deles ainda desconhecida, do cânone disciplinar que apreenderam
em seus cursos de pós-graduação. As tabelas XXXIX e XL do currículo recente da
UFC podem representar exemplos claros desta questão
Tabela XXXIX: comparativo UFC - Disciplinas Ligadas à Prática de Ensino e m
Literatura (programas recentes)
IES
Vig.
C.H.
Ementa
UFC (Fundamentos Teóricos do
Ensino de Literatura)
Atual
30
Fundamentos históricos, culturais,
estéticos e pedagógicos para a
metodologia do ensino de literatura
(níveis fundamental e médio)
Bibliogr Básica: 9, 17, 24, 25, 26, 42, 49,
. crítica 51, 61, 62, 76, 82, 93, 94, 95.
Complementar: 2, 28, 29, 44, 45,
*
48, 53, 64, 86, 87.
Outros materiais: discos, revistas,
jornais, transparências, filmes,
vídeos, CD-Rom; gravuras, etc.
Linha
de
estudos
propost
a
4 itens: 1.História do Ensino de
Literatura no Brasil; Literatura e
pedagogia: perspectivas atuais e
futuras; 2. O texto literário infantojuvenil na escola; o texto literário
na
sala
de
aula;
3.
A
intertextualidade na metodologia
do ensino de literatura (Cultura,
História, Artes, etc.); 4. O ensino
de literatura brasileira através da
periodização
estético-literária:
Barroco, Arcadismo, Romantismo,
Realismo -Naturalismo,
Parnasianismo, Pré-Modernismo,
Modernismo
e
Contemporaneidade: discussão e
adequação.
UFC (Seminários de Pesquisa Aplicada
ao ensino)
Atual
15
Preparação, aplicação e análise de
resultados de pesquisas sobre o ensino
de literatura vernácula.
UFC (Teoria e Prática de Ensino
de Literatura Vernáculas)
Atual
60
Metodologia do ensino de
Literatura em seus vários
aspectos (histórico cultural estético) para aplicação a alunos
de 1º e 2º graus.
Básica: 9, 17, 24, 25, 26, 27, 36, 37, 42, 9, 17, 24, 25, 26, 51, 61, 76, 82,
49, 51, 61, 62, 76, 82, 93, 94, 95.
93.
Complementar: 2, 19, 28, 29, 44, 45,
46, 48, 53, 64, 67, 69, 84, 86, 87, 91.
Outros materiais: discos, revistas,
jornais, transparências, filmes, vídeos,
CD-Rom; manuais didáticos e livros
paradidáticos usados na rede de ensino
e publicações relativas ao PCN.
Temas das pesquisas:
4 itens: 1. A experiência
1. A leitura suplementar e as atividades literária: motivações e interesses;
relacionadas ao texto literário no nível 2. O texto infanto-juvenil:
fundamental;
espécies
e
estrutura;
3.
2. O texto na sala de aula no ensino Singularidades
dos
textos
médio;
barroco, arcádico e romântico na
3.
A
literatura
em
situações literatura brasileira; 4. As
diferenciadas de ensino-aprendizagem experiências literárias brasileiras
(alunos especiais, deficientes visuais e no Parnasianismo, Realismo,
auditivos, “cursinho” pré-vestibular, Naturalismo e Simbolismo.
“unviersidade da 3ª idade”, ensino à
distância, supletivo, internet, outros);
4. O ensino de literatura, no nível médio,
através de periodização literária;
5. Os manuais, as apostilas e outros
materiais didáticos utilizados na rede de
ensino para o estudo da literatura
vernácula.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
236
Na tabela XXXIX verificamos resquícios da criação concomitante de três
disciplinas, que, juntamente com o Estágio em Literatura (tabela XXXIV) formam um
conjunto de disciplinas voltadas para o ensino de Literatura na UFC. A indicação mais
clara de que estas disciplinas foram criadas ao mesmo tempo (talvez simultaneamente
ao Estágio Em Ensino e Literatura na UFC e à Pratica de Ensino de Literatura na
UFRR) é sua bibliografia que parece se repetir exaustivamente. Explicitaremos a seguir
a bibliografia da disciplina “Seminários de Pesquisa Aplicada ao Ensino” da UFC, que
possui o maior acervo das três constantes da tabela XXXIX, para, a partir dela,
comentarmos as demais: 9C- BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da leitura,
17C- CANDIDO, A. Na sala de aula, 24C- COELHO, N.N. O ensino da literatura
infantil e 25C- COELHO, N.N. A literatura Infantil, 26C-CUNHA, M.A.A. Literatura
infantil (teoria e prática), 27C- DANTAS, J. M. Didática da literatura: proposta de
trabalho e soluções possíveis, 36C- FARIA, M. A. Parâmetros Curriculares; as
personagens de que os alunos realmente gostam, 37C- FERREIRA, N. S. de A.
Literatura infanto-juvenil: arte ou pedagogia moral?, 42C- FREIRE, P. A importância
do ato de ler, 49C- GUTIERREZ, A. M. R. M. de. O caráter reprodutor do ensino de
literatura brasileira nos cursos de graduação em letras, 51C- - JESUALDO. A literatura
infantil, 61C- LEITE, L. C. M. Invasão da Catedral: literatura e ensino em debate,
62C- MACARO, L. Ensino e Literatura no 2º grau: problemas e perspectivas, 76CPAULINO, G.; WALTY, I. (Org.) Teoria da Literatura na escola.Atualização para
professores de 1º e 2º graus, 82C- PROENÇA FILHO, D. Estilos de época na
literatura, 93C- ZILBERMAN, R. A Leitura e o ensino da Literatura e 94CZILBERMAN, R. A Literatura Infantil na escola, 95C- ZILBERMAN, R.; SILVA, E.
T. Literatura e Pedagogia: ponto e contraponto. Complementar: 2C- ALVES, R.
Conversas com quem gosta de ensinar, 19. CASASANTA, T. Criança e literatura,
28C- DENBY, D. Grandes livros, minhas aventuras com Homero, Rousseau,
Shakespeare, Marx e outros escritores brilhantes, 29C- DINORAH, M. O livro infantil
e a formação do leitor, 44C- GARCIA, C. A escola como personagem da Literatura
Brasileira, 45C- GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula, 46C- GOÉS, L.P.
Introdução à literatura infantil, 48C- GUTIÉRREZ, A. M. R. M. de. O caráter
reprodutor do ensino de literatura brasileira nos cursos de graduação em letras 53CKLEIMAN, A. B.; MORAES, S. E. Leitura e Interdisciplinaridade: tecendo redes nos
projetos da escola, 64C- MANGUEL, A. Uma história da leitura, 67C- MEIRELES, C.
Problemas da Literatura Infantil, 69C- NOSELLA, M. de L. C. D. As belas mentiras: a
237
ideologia subjacente aos textos didáticos, 84C- ROSEMBERG, F. Literatura infantil e
ideologia, 86C- SILVA, L.L.M. da. A escolarização do leitor; a didática da destruição
da leitura na escola, 87C- SILVA, V.M.T. Literatura Infanto-Juvenil: seis autores, seis
estudos, 91C- VIDAL, L. F. Al pie de Ia letra; reflexiones acerca de la enseñanza de la
literatura.
Das escolhidas para figurarem na disciplina “Teoria e Prática de Ensino de
Literatura Vernáculas” (tabela XXXIX), todas pertencem à bibliografia acima. São elas:
9C, 17C, 24C, 25C, 26C, 51C, 61C, 76C, 82C, 93C. Dos textos selecionados na
disciplina “Fundamentos Teóricos do Ensino de Literatura”, todos pertencem à
bibliografia de “Seminários de pesquisa aplicada ao ensino”. São elas 9C, 17C, 24C,
25C, 26C, 42C, 49C, 51C, 61C, 62C, 76C, 82C, 93C, 94C, 95C e as complementares:
2C, 28C, 29C, 44C, 45C, 48C, 53C, 64C, 86C e 87C. Não havendo em ambas as
disciplinas “Teoria e Prática de Ensino de Literatura Vernáculas” e “Fundamentos
Teóricos do Ensino de Literatura”, bibliografia divergente da discip lina “Seminários de
Pesquisa Aplicada ao Ensino”, nem entre si, é de se pensar, se não são as três frutos da
mesma mente, ou, pelo menos, do mesmo tempo/contexto (a exigência de 300
horas/aula práticas nas Licenciaturas pela LDB 9394/96, por exemplo).
Nas tabelas XL e XLI, há outros dois exemplos diversos do modo como a UFC
procura abordar, tanto a Teoria Literária, quanto a História da Literatura.
Tabela XL Outras disciplinas do campo Teoria da Literatura – UFC
Fundamentos de Literatura Comparada
Tópicos de Teoria da Literatura
Disciplina
Atual
atual
Vigência
60h
30h
C.H.
Estudo introdutório da literatura Comparada. Estudo específico de temas ligados à
Ementa
Bibliografia
literária *
Bibliografia
crítica *
(autor/obra)
Linha de
estudos
proposta
Destaque dos estudos da intertextualidade. Pontos Teoria da Composição Literária.
de convergência e divergência na Literatura.
Não consta
Não consta
8, 11, 12, 13, 15, 29, 32, 39, 42, 49, 60, 79, 103, 7, 11, 13, 14, 15, 20, 21, 23, 24, 28,
138, 139, 154, 163.
30, 32, 33, 42, 43, 47, 48, 50, 51, 52,
58, 69, 73, 75, 76, 79, 89, 98, 99.
5 itens: 1. Histórico da Literatura Comparada; 2. 5 itens: 1. Métodos críticos de
Conceito de originalidade, genialidade nos abordagem da obra literária; 2. A
diversos períodos literários; 3. Articulação entre Poética Clássica; 3. Poéticas da
Literatura e História; 4. A produção do texto Modernidade; 4. A Criação Literária;
moderno; 5. Recursos de composição do texto 5. Teoria da Tragédia.
contemporâneo:
metalinguagem,
paródia,
apropriação.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
238
No caso da Tabela XL está-se procurando ampliar o horizonte da Teoria
Literária do aluno, com vistas a uma futura especialização neste campo. Trata-se, pois,
de uma disciplina optativa em que o professor procura, no caso de “Fundamentos da
Literatura Comparada”, abrir espaço para a pesquisa neste campo na UFC. No caso da
disciplina “Tópicos de Teoria da Literatura”, outra optativa, o que se vê, apesar da
menor carga horária em relação à disciplina anterior, é um brutal aumento de
bibliografia a ser trabalhada, o que pode ser indício de uma disciplina preparada para
“justificar” a pesquisa de algum professor, ou para “criar” futuros pesquisadores. Há, no
entanto entre ambas, algumas coincidências no que tange à bibliografia. São elas: 11A BARTHES, Roland. O Prazer do Texto, 13A -BARTHES, Roland. Ensaios Críticos, 15A -
BARTHES, Roland et al. Análise Estrutural da narrativa, 32A - CAMPOS, Haroldo
de. Metalinguagem., 42A - CHALUB, Samira. Metalinguagem. e 79A - GUINSBURG,
J. & NETTO, T.C.;CARDOSO, R. C. (org.). Semiologia do teatro. Este último texto,
lembra um pouco a bibliografia da UFRR em Teoria da Literatura II (tabela XIII) por se
preocupar especificamente com o Teatro.
Tabela XLI: Disciplina História da Literatura
História da Literatura I
Disciplina
Antiga
Vigência
45 h
C.H.
Visão quando possível abrangente da
Ementa
Bibl.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
– UFC
História da Literatura II
antiga
45h
Um panorama geral da Literatura Portuguesa,
Literat. Universal, a partir do séc. IX a.C. e das origens, século XVIII, procurando, a partir
chegando ao Medieval, com os prenúncios de seiscentismo, mostrar as influências dessa
da formação das diversas literaturas e literatura na formação da Literatura Brasileira.
línguas, na Europa. Noções gerais.
1, 2, 3, 4, 5.
Não consta
8 itens: O século IX a.C. como ponto de
partida da lit. grega: Ilíada e Odisséia ;
Autores e obras representativas dos Séc.
VIII e VI a.C.; O séc. V a.C. ponto mais alto
da cultura grega; Séc. IV a.C.; Declínio
político e econômico da Grécia e expansão
geográfica da cultura helênica. Ascensão da
cultura latina, embasada na grega. Os
primeiros clássicos latinos; Os séc.I a.C. e 1ª
era cristã e o épico da cultura latina;
“Doutores da Igreja”, na Grécia e em Roma;
Os rudimentos das lit. nascentes européias:
germânica, inglesa, francesa, italiana e
espanhola -lusitana.
8 itens: Portugal: síntese histórica. A lit. Port. no
contexto das letras universais. Língua e lit. port.
em suas fases cronológicas: arcaica, clássica e
moderna; Período Medieval (arcaico): escola
dos Trovadores ou Provençal; A História e sua
contribuição na formação da Lit. Port.; Período
Clássico: o Quinhentismo, o Renascimento em
Portugal, a poesia épica e a poesia dramática; O
surgimento no Br., de uma literatura de
informação, de origem e inspiração portuguesas;
Período Clássico: Seiscentismo, o cultismo, o
gongorismo, as Academias; Per. Clássico:
Arcadismo e o regresso ao espírito da
Renascença; O Arcadismo no Brasil: “poetas da
inconfidência”, nativismo no Brasil.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
239
Na tabela XLI, acima, um exemplo de duas antigas disciplinas optativas, que
denotam o interesse de parte da UFC pela historiografia literária: “História da Literatura
I” e “História da Literatura II”, ambas com carga horária de 45 horas/aula cada.
A História da Literatura I, aparentemente, tenta solucionar a angústia que
sentimos na UFRR em relação à necessidade de um trabalho com o cânone universal na
graduação. Esta, no entanto, não seria, em nossa opinião, na UFRR, a melhor opção
para resolver este problema, apenas seria um indicativo de que a necessidade já existia,
também no Ceará, antes mesmo do surgimento da UFRR. Note-se que o curso de Letras
da UFC trilhou o mesmo caminho de angústias que, hoje, na UFRR, temos trilhado.
Trata-se de tentar abranger a Literatura desde o local ao Universal, fator que não parece
preocupar a UFF. Talvez a posição central, numa região de grande cidade, com a
proximidade e as vantagens culturais da vida cosmopolita, faça com que na UFF a
percepção do problema da falta de leitura não passe pelas esferas do local, nem, em
função de seu caráter cosmopolita, pela esfera do universal, uma vez que já se espera
que os alunos conheçam a Literatura Universal desde antes de prestar o vestibular.
Na UFC (tabela XLI), no entanto, fez-se necessário abranger a História da
Literatura Universal desde o século IX antes de Cristo. A tentativa talvez fosse a de
contextualizar para os alunos o surgimento de Portugal, tarefa tão cara aos programas de
Literatura Portuguesa I da UFRR através dos tempos. No caso da ementa de História da
Literatura II a idéia é atingir o ápice de ambas as disciplinas, fornecendo ao aluno: “Um
panorama geral da Literatura Portuguesa, das origens, século XVIII, procurando, a
partir de seiscentismo, mostrar as influências dessa literatura na formação da Literatura
Brasileira”.
5.5.3 – Questões na UFF
Por outro lado, na UFF, das três universidades onde há o maior número de
pesquisas e linhas de pesquisa em andamento, a quantidade de disciplinas cuja
bibliografia aponta para um conhecimento por demais específico e particular, é
razoável. Via de regra, este fato é mais evidente nas chamadas disciplinas “optativas de
ênfase”. Na sua maioria são disciplinas optativas, mas que parecem funcionar como
pretexto para a aplicação de conhecimentos oriundos de pesquisas dos professores,
conforme sugerimos no Capítulo II. São algumas delas: Literatura Brasileira XV
(Machado de Assis), Literatura Brasileira XVI (Carlos Drummond de Andrade),
240
Literatura Brasileira XVII (Guimarães Rosa), Literatura Brasileira XVIII (João Cabral
de Melo Neto), Literatura Brasileira XIX (Clarice Lispector), Literatura Brasileira XX
(Poesia e Modernidade), entre outras, tais como a Literatura Portuguesa XVI, cujo tema
é a narrativa do século XX em Portugal e que apresenta mais de setenta textos teóricos,
a maioria, sobre obras de José Saramago, além dos próprios textos literários do autor.
Caso diverso, mas que também parece operar nessa linha de justificativa da
própria pesquisa, é o da Teoria da Literatura V, que elencamos entre as disciplinas da
grade da UFF, na nossa tabela comparativa, referente ao ensino de Literatura (tabela
XXXIV). Não se trata apenas de justificar um investimento em pesquisa, mas de tentar
pôr em prática uma visão diferenciada do ensino de Literatura. A disciplina traz,
conforme vimos antes, tanto bibliografia, quanto conteúdo, referentes à discussão sobre
o ensino de Literatura. E o faz num espaço, dentro de nossos currículos de Teoria da
Literatura, onde este tipo de questão (conforme vimos antes no Capítulo I desta tese)
deveria ter sido, desde sempre, discutido.
Na tabela XLII encontraremos disciplinas obrigatórias da UFF, no campo de
Teoria da Literatura, que não encontraram equivalência com o modelo existente na
UFRR e que, por esse motivo, não puderam ser comparadas naquele momento. Como
existiam muitos e diferentes programas desta disciplina (cuja movimentação teórica tem
sido intensa há anos) faremos aqui, em separado a aná lise destes programas/disciplinas.
Tabela XLII: Outras disciplinas obrigatórias do campo de Teoria da Literatura no
currículo antigo - UFF
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
Liter. *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFF (Teoria da Literatura III)
Antigo (1971.2)
UFF (Teor. Lit. IV)
Antigo (1971.2)
30
Não consta
Textos para aplicação: 186,
230(Cara de bronze), 231
30
Não consta
Textos para aplicação: 186,
231, 247
17, 141, 155, 165, 190
17, 156, 174, 190
Dividido em quatro itens: o
discurso narrativo (enunciado e
enunciação); relações dos
personagens; técnicas de “ponto
de vista”; contribuição da
estilística e da teoria dos
formalistas russos para a teoria
da literatura.
Dividido em 5 itens: O
discurso narrative e o
romance polifonico; relaçao
dos personagens; estrutura
verbal da narrative; mimesis e
o realismo artistico; analise
critica das teorias dos
formalistas e estruturalistas.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
241
Houve um tempo na UFF em que o curso de Letras possuía um número
considerável de professores de Literatura. Este fato contribuiu para que o campo tivesse
muito mais disciplinas literárias espalhadas ao longo da grade curricular do Curso de
Letras. Na Literatura Brasileira eram seis, na Teoria da Literatura quatro e a Literatura
Portuguesa podia se dar ao luxo de ofertar uma disciplina de Literatura Infanto-Juvenil e
outra de Literaturas Africanas entre suas diversas optativas. As disciplinas de Teoria da
Literatura III e IV respectivamente na tabela XLII são deste farto período. Ambas
pertencem à “safra” de 1971 (embora adiante possamos ver outros exemplos de
diferentes “safras”), não possuem ementa, têm 30h/aula cada e possuem semelhanças
também no que tange ao conteúdo disciplinar que propõem. A Teoria da Literatura III
trará como conteúdo: “O discurso narrativo (enunciado e enunciação); relações dos
personagens; técnicas de “ponto de vista”; contribuição da estilística e da teoria dos
formalistas russos para a teoria da literatura”. E a Teoria IV terá como conteúdo o
seguinte: “O discurso narrativo e o romance polifônico; relação dos personagens;
estrutura verbal da narrativa; mimesis e o realismo artístico; analise crítica das teorias
dos formalistas e estruturalistas”. Como se pode ver são programas que contemplam
análises e categorias das teorias do Estruturalismo e do Formalismo. Sua bibliografia
também não difere muito. No caso da Teoria III (tabela XLII) os textos propostos são os
seguintes: (para aplicação) 186A- DOURADO, A. Ópera dos Mortos; 230A- ROSA, J.
G. Urubuquaquá no Pinhém (Cara de bronze); 231A- ROSA, J.G. Primeiras
estórias;(Críticos) 17A- BARTHES,R. et al. Análise Estrutural da narrativa; 141ASILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura; 155A- TODOROV, T. Estruturalismo e
poética; 165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura; 190A- DUBOIS, J.
“Enoncé et enontiation”; E para a Teoria IV serão: (aplicação) 186A- DOURADO, A.
Ópera dos Mortos; 231A- ROSA, J.G. Primeiras estórias; 247A- LISPECTOR, C.
Laços de família; (críticos) 17A- BARTHES,R. et al. Análise Estrutural da narrativa;
156A- TODOROV, T.; et al. Teoria da Literatura dos Formalistas Russos; 174ABAKHTINE, M. La poétique de Dostoievski ; 190A- DUBOIS, J. “Enoncé et
enontiation”.
Entre os dois programas há ao todo três textos coincidentes: 186A- DOURADO,
A. Ópera dos Mortos; 231A- ROSA, J.G. Primeiras estórias; 17A- BARTHES,R. et al.
Análise Estrutural da narrativa.
242
Além da Teoria da Literatura III de 1971, que consta desta tabela XLII, há ainda
quatro outras disciplinas que também atendem pelo nome de Teoria da Literatura III que
não constam da tabela. À teoria III de 1977 denominaremos “A”, à de 1980 “B”, a de
1988 “C” e à ultima das teorias III, que não apresenta data e não pôde constar da tabela,
“D”.
A disciplina “A” (de 1977) não apresenta ementa, mas tem como programa dois
itens: “O conceito de narrativa e sua discussão; a análise da narrativa: alguns
elementos”. Trata-se de uma disciplina quase que inteiramente voltada para a análise da
narrativa e seus conceitos. Sua curta bibliografia prevê: 17A- BARTHES,R. et al.
Análise Estrutural da narrativa; 179A- BUTUR, M. Repertorio; 217A- PANDOLFO,
M. do C. Teoria Literária. Ainda assim, há em comum o texto de Barthes com os da
tabela XLII.
A disciplina “B” (de 1980 GLT02003) um pouco mais elaborada, em termos de
conteúdo, que sua antecessora, traz a seguinte ementa: “Periodização e gêneros
literários” e como programa, três itens assim divididos: “1- Introdução, o percurso
histórico da literatura e a periodização literária; a questão dos gêneros em literatura. 2Introdução: A obra literária num espaço intertextual: colocação de questões relativas ao
estudo da periodização e dos gêneros em literatura. 3- Percurso histórico: O enfoque
formalista; o enfoque da Estilística. A questão dos gêneros: a classificação tripartida dos
gêneros, segundo Staiger; o lírico, o épico, o dramático”. Aqui a discussão parece se
situar na questão da intertextualidade, embora a discussão em torno do periodismo
histórico também mereça destaque. A bibliografia desta disciplina traz: 141A- SILVA,
V. M. de A. e. Teoria da Literatura; 148A- STAIGER, E. Conceitos Fundamentais da
Poética; 156A- TODOROV, T.; et al. Teoria da Literatura dos Formalistas Russos.
Esta bibliografia, quando comparada aos textos da tabela revela as seguintes
sobreposições: 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura (com a Teoria III da
tabela) e 156A- TODOROV, T.; et al. Teoria da Literatura dos Formalistas Russos
(com a Teoria IV).
Com o código GLT02003 e período de vigência em 1988.2, a disciplina “C”
tinha como ementa: “A questão da mimesis na Historia da Literatura” e como conteúdo:
“O curso tem por objetivo estudar a questão da representação do real na Literatura, ao
longo de sua história. Para isto, pretende colocar os alunos em contato com as
configurações simbólicas a que se dá o nome de “estilos de época”, no desenvolvimento
das literaturas portuguesas e brasileira. A apresentação de tais configurações simbólicas
243
pressupõe, ao mesmo tempo, uma crítica a seus fundamentos teóricos, bem como dos
aparatos descritivos de que se utilizaram até aqui. Tudo isto centrado na questão de
como se produziu a representação do real, na que stão da mimesis.” A Teoria “C” já dá
mostras de um direcionamento mais crítico em relação ao trato com a historiografia
literária, especialmente no que tange aos chamados “estilos de época” e procura discutir
a questão frente ao modo como se “produziu a representação do real”. A bibliografia
para este programa é: 75A- HAUSER, A. História Social da Literatura e da Arte;
125A- PROENÇA FILHO, D. Estilos de época na Literatura; 141A- SILVA, V. M. de
A. e. Teoria da Literatura; 154A- TYANIOV, Y. et al. Teoria da Literatura(Da
evolução literária); 165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura; 185ACOUTINHO, A. Introdução a literatura no Brasil; 236A- SODRÉ, N. W. Historia da
Literatura Brasileira: seus fundamentos econômicos. Em termos de sobreposição
bibliográfica com outras disciplinas este programa apresenta os textos: 141A- SILVA,
V. M. de A. e. Teoria da Literatura (com a Teoria da Literatura III da tabela e com a
Literatura III “B”) e 165A- WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura (com a
Teoria III da tabela XLII).
O último programa de Teoria da Literatura III (“D”) não tem data de vigência,
nem carga horária especificada (todos os demais anteriores tinham 30h/aula), mas é, de
todos, o mais amplo. Sua ementa propõe: “Apresentação e discussão dos problemas
pertinentes às relações entre o discurso literário e o discurso histórico, de modo a
evidenciar a diversidade das concepções de tempo e de história e a reavaliar tanto as
características específicas do literário quanto a sua relação com a vida social e com o
conjunto das ciências humanas” e seu conteúdo indica: “Temporalidade e historicidade:
1.1 As concepções de tempo e as de história: cronologia, linearidade, continuidade;
duração, simultaneidade; descontinuidade; objetividade e subjetividade; memória e
imaginação. 1.2 O sentido social do tempo e o discurso histórico; 2. Discurso histórico
e discurso literário: 2.1 As representações históricas no discurso literário; 2.2 A
compreensão histórica do discurso literário : alcance e limites dos critérios de
periodização; sistematização e diferenciação; estrutura e acontecimento; 3. As relações
entre história literária e história social: 3.1 Autonomia e condicionamento da produção
literária”. Também este programa parece refletir questões sobre a produção e os
critérios de sistematização da Literatura frente à sociedade e à História. A bibliografia
desta disciplina, a mais ampla das quatro traz: “1A-ADORNO, T. Lírica e Sociedade;
9A- AUERBACH, E. Introdução aos estudos literários(capítulos: A história da lit.,
244
Doutrina geral das épocas lit.); 14A- BARTHES, R. O Rumor da Língua(capitulo: O
discurso da hist.); 19A- BARTHES, R. Racine(História ou Lit.?); 25A- BOSI, A. O ser
e o tempo da poesia(O encontro dos tempos); 36A- CANDIDO, A. Formação da
literatura brasileira(Introdução); 37A- CANDIDO. Literatura e sociedade (capitulo:
Literatura e vida social); 53A- COSTA LIMA, L. O controle do imaginário (Os
destinos da subjetividade: história e natureza no Romantismo); 57A- ELIOT, T.S.
Ensaios (Tradição e talento indiviual); 61A- FOUCAULT, M. Uma aula inédita; 71AGUINSBURG, J. (org.) O romantismo (Romantismo, historicismo e história); 82AJAUSS, H.R. Pour une esthétique de la réception(Hist. e hist.da arte); 81A- JAUSS,
H.R. La actual ciência literária alemana(La historia literaria como desafio a la ciência
lit.); 108A- MATOS, C. N. de. Singular e/ou plural: o estudo das literaturas menores e
sua possível contribuição para uma nova historiografia; 110A- MEYERHOFF, H. O
tempo na literatura; 117A- NUNES, B. O Tempo na Narrativa; 132A- RIEDEL, D.C.
Narrativa: ficção e história; 151A- TAINE, H. Histoire de la littérature
anglaise(Introduction); 156A- TODOROV, T.; et al. Teoria da Literatura dos
Formalistas Russos(Da evolução lit.); 164A- WELLEK,R. Teoria da história literária”.
Dos textos selecionados para esta disciplina, apenas: 156A- TODOROV, T.; et al.
Teoria da Literatura dos Formalistas Russos, aparece na bibliografia da disciplina “B”
e no programa de Teoria da Literatura IV (da tabela XLII).
A Teoria da Literatura IV tem, a exemplo da III (tabela XLII) duas “irmãs”, que
também não couberam na tabela e, que serão respectivamente nomeadas de “A” e “B”.
Nosso primeiro programa data de 1980.2 e leva o código GLT02004 com 30h/aula, não
possui ementa e tem como conteúdo: “A retórica: o percurso critico da relação da arte
com a realidade mimesis, verossímil e simulacro. Da retórica à nova retórica:
questionamento sobre a natureza e o significado do ato criador do poeta. O imaginário
na arte – mimesis. O descentrameto do signo – o verossímil. A “outra cena” – o
simulacro” A preocupação com o “verossímil”, com a “nova retórica” e com a
“mimesis” indica uma mudança em relação ao conteúdo Formalista/Estruturalista da
disciplina na década de 1970. A bibliografia também esboça uma pequena mudança nos
rumos desta disciplina: 18A- BARTHES, R. Crítica e verdade; 50A- COSTA LIMA, L.
Teoria da Literatura em suas Fontes; 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da
Literatura; 194A- FORTUNA, E. et al. Linguagem;195A- GENETTE, G. et al.
Literatura e semiologia; 221A- PORTELLA, E. Fundamento da investigação literária.
245
Entre os textos anteriores, apenas 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura se
repete em Teoria da literatura III da tabela XLII e nas Teorias III “B” e “C”.
O outro programa de Teoria da Literatura IV, o “B”, tem como código GLT0204
e carga horária de 30h/aula e vigência em 1989, não traz ementa, mas seu programa é o
seguinte: “1. Lit eratura e narrativa: conceitos básicos; 2. As teorias da narrativa: esboço
histórico; 3. O formalismo russo e Vladimir Propp; 4. O estruturalismo e a análise do
relato; 5. O romance e as teorias do romance; 6. Conceitos fundamentais: enunciação/
enunciado; narrador/ narrativa/ narratório; tempo; espaço; personagem; conflito;
desenlace; 7. As ideologias da narrativa e na narrativa; 8. Narrativa e modelização da
realidade social”. Neste caso o programa se volta para uma teoria da narrativa e para sua
relação com o literário. Este programa traz como bibliografia: 10A- BAKTHIN,
Mikhail. Esthetique et Théorie du Roman; 17A- BARTHES,R. et al. Análise Estrutural
da narrativa; 33A- CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção; 66A- GOLDMANN,
L. Sociologia do Romance; 102A- LUBBOCK, P . A técnica da ficção; 104ALUKÁCKS, G. Théorie du Roman; 111A- MOISÉS, M. A Criação Literária; 123APOUILLON, J. Tempo e Romance; 126A- PROPP, V. Morfologia do Conto; 141ASILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura. E apresenta as seguintes obras em comum
com outros programas: 141A- SILVA, V. M. de A. e. Teoria da Literatura (Teoria III
da tabela XLII e com os programas também de Teoria III “B” e “C”) e 17ABARTHES,R. et al. Análise Estrutural da narrativa (com a Teoria III da tabela XLII e
com os programas de Teoria III “A” e de Teoria IV da tabela)
Mas a UFF não produziu apenas estas disciplinas de Teoria da Literatura. Outras,
de um tempo em que havia mais professores, ocuparam lugar de destaque entre as
optativas em Letras. As tabelas XLIII e XLIV buscam demostrar o quanto foi e é ampla a
gama de disciplinas e orientações no campo da Teoria da Literatura na UFF. Há de tudo.
Da discussão entre Literatura e História, largamente difundida em nossas universidades na
década de 1980 – (ao menos foi o que presenciamos na UFSC): “Apresentação e discussão
dos problemas pertinentes às relações entre o discurso literário e o discurso histórico, de
modo a evidenciar a diversidade das concepções de tempo e de história e a reavaliar tanto
as características específicas do literário quanto sua relação com a vida social e com o
conjunto das ciências humanas” (Teoria da Literatura III “D” extra-tabela XLII) – à
disciplinas que, como a Teoria IV “B” (extra-tabela XLII), buscam aproximar e
familiarizar o aluno com “as teorias da narrativa, o Formalismo Russo, o Estruturalismo e
as ideologias da narrativa”. Há ainda, ao redor da tabela XLIII (nos programas extra-
246
tabela), a Teoria VII (extra-tabela XLIII) que tenta traçar um panorama das “Correntes da
Teoria da Literatura contemporânea”, ou a Teoria da Literatura VIII que se propõe a
estudar “A teoria da literatura e suas relações interdisciplinares.”
Tabela XLIII : Disciplinas optativas do campo de Teoria da Literatura - UFF
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
Liter. *
Bibliogr.
Crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFF (Teor. Lit. V)
GLT 295
Antigo (1972.1)
Não consta
Linguagem poética
UFF (Teor. Lit. VI) GLT
296
Antigo (1973)
Não consta
Estruturas da narrativa II
UFF (Teoria da Lit. VIII)
GLT0299
Antigo (1974)
Não consta
Visão
diacrônica
do
formalismo,
do
newcriticism, da estilística, e do
estruturalismo a teoria da
literatura.
188, 189, 219
UFF (teor. Lit. VII) GLT
4098
Antigo (1981)
60h
Visão
critica
da
contribuição
da
estilística,
da
fenomenologia e dos
estruturalismos a Teoria
da Literatura.
Não consta
Não consta
80, 155, 158, 177
155, 187, 237
56, 122, 196, 225, 233.
170, 191, 202, 228, 243.
Dividido em 5 itens:
As
funções
da
linguagem. A função
poética; denotação e
conotação;
novas
perspectivas para a
retórica;
poética,
teoria literária e
critica literária; a
problemática
do
realismo
na
literatura.
Dividido em 3 itens:
enunciado/ enunciação (o
prosseguimento
do
estudo, partindo de uma
revisão dos registros de
fala e das visões da
narrativa);
metafora:
conceito
e
sua
funcionalidade
na
narrativa;
monólogos
interiores: características
e funcionalidade.
Dividido em 4 itens: o
alargamento
interdisciplinar da T.
Literária;
Critica
e
estruturalismo(s)
em
questão
(oposição
formalismo/estruturalism
o, visão sintagmática,
visao paradigmatica, a
semântica estrutural); a
síntese
estilística;
a
fenomenologia
(o
problema ontológico, as
camadas da obra literária
e
o
erro
da
fenomenologia pura)
Dividido em 6 itens: As
contribuições do formalismo
russo a critica literária; a
autonomia e a especificidade
do fato literario asseguradas
pelo
new-criticism;
as
conexões da estilística com a
lingüística; o estruturalismo
e as estruturas imanentes da
obra;
a
gramática
transformacional
e
o
desenvolvimento
do
estruturalismo; o sentido da
pesquisa semiológica.
Não consta
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
A Teoria da Literatura V (tabela XLIII), optativa de 1972, propunha-se a
trabalhar com “A imagem poética” e para tanto trazia como conteúdo: “As funções da
linguagem. A função poética; denotação e conotação; novas perspectivas para a retórica;
poética, teoria literária e critica literária; a problemática do realismo na literatura”. Sua
bibliografia constava de: Critica: 80A- JAKOBSON, R. Lingüística e poética; 155ATODOROV, T. Estruturalismo e poética; 158A- TOLEDO, D. O.(Org.) Teoria da
Literatura.Formalistas russos; 177A- BARTHES, R. et al. Literatura e semiologia. Era
uma disciplina cuja preocupação parecia ser a de discutir as funções da poética e da
Teoria Literária frente à Crítica vigente.
247
O programa referente à Teoria da Literatura VI de 1973 (tabela XLIII) tinha
como ementa: “Estruturas da narrativa II” e como programa: “enunciado/ enunciação (o
prosseguimento do estudo, partindo de uma revisão dos registros de fala e das visões da
narrativa); metáfora: conceito e sua funcionalidade na narrativa; monólogos interiores:
características e funcionalidade” Parece ser a continuação de um outro programa de
Teoria da tabela XLII, cujo objeto seria a narrativa. Sua bibliografia seria (Literária):
188A- DOURADO, A. A vida em segredo;189A- DOURADO, A. A Barca dos
Homens; 219A- PINON, N. Fundador. (Critica): 155A- TODOROV, T. Estruturalismo
e poética; 187A- DOURADO, A.Uma poética de romance; 237A- TEXTOS traduzidos
pelos alunos.
A Teoria da Literatura VII (tabela XLIII) de 1981 teve como ementa: “Visão
critica da contribuição da estilística, da fenomenologia e dos estruturalismos à Teoria da
Literatura” e como programa: “o alargamento interdisciplinar da Teoria Literária;
Crítica e estruturalismo(s) em questão (oposição formalismo/estruturalismo, visão
sintagmática, visão paradigmática, a semântica estrutural); a síntese estilística; a
fenomenologia (o problema ontológico, as camadas da obra literária e o erro da
fenomenologia pura)” que parece querer discutir, dentre outras coisas, a ampliação dos
horizontes da Teoria e promover uma diálogo em torno de alguns elementos deste
“alargamento”. Este programa teve como bibliografia: Critica: 122. PORTELLA, E., et
al. Teoria Literária; 158A- TOLEDO, D. O.(Org.) Teoria da Literatura.Formalistas
russos; 196A- GUIRAUD, P. A estilística; 225A- RECTOR, M. Semântica estrutural;
233A- ROSENFELD, A. Estrutura e problemas da obra literária.
Para a Teoria da Literatura VIII de 1974 (tabela XLIII) a ementa: “Visão
diacrônica do formalismo, do new-criticism, da estilística, e do estruturalismo à teoria
da literatura”, cujo programa era: “As contribuições do formalismo russo à crítica
literária; a autonomia e a especificidade do fato literário asseguradas pelo new-criticism;
as conexões da estilística com a lingüística; o estruturalismo e as estruturas imanentes
da obra; a gramática transformacional e o desenvolvimento do estruturalismo; o sentido
da pesquisa semiológica”, parece haver um quê de tentativa de resgatar elementos das
teorias listadas e proporcionar ao aluno uma visão destas teorias. A bibliografia
utilizada para dar curso a este programa é a seguinte: 170A-. ALONSO, A. Materia y
forma em poesia; 191A- ECO, U. A estrutura ausente; 202A- LEVI-STRAUSS et al.
Estruturalismo; 228A- RICHARDS, I.A. Princípios da critica literária; 243A- VIET, J.
Métodos estruturalistas nas ciências sociais.
248
Há diversos outros programas devotados a estas disciplinas. Em nossa pesquisa
registramos: um para a Teoria V (já utilizado na tabela XXXIV como programa de
Prática de Ensino em Literatura da UFF), um para a VI, três para a VII e um para a VIII.
O programa de Teoria VI “A” teve como código: GLT 02096, carga horária de
60h/aula e vigiu em 1981.1. sua ementa trabalhava com: “Estrutura da narrativa” e seu
programa propunha: “Do monologismo ao dialogismo. Discurso romanesco e discurso
carnavalesco. Intertextualidade crítica e intertextualidade poética. Paródia clássica e
paródia moderna”. Aparentemente apesar da mudança de itens do programa, trata-se
quase do mesmo conteúdo de seu antecessor, com a diferença de que aquele (da tabela
XLIII) era o segundo numa seqüência. Não há coincidências bibliográficas deste com
seus antecessores.
Os programas extra-tabela de Teoria VII serão alcunhados respectivamente de
“A”, “B” e “C”.
O programa “A”, de 1973, teve como ementa: “A linguagem poética” e como
programa: “a imagem e o ritmo: elementos constitutivos da linguagem poética; a
metáfora e a ‘metáfora fillée’; monólogos interiores e monologo com ‘fluxo de
consciência’. A imagem e o ritmo: A imagem no conceito de O. Paz; o ritmo e a
estrutura do lírico. A metáfora: revisão do conceito de metáfora; estrutura da ‘metáfora
fillée’; metáfora como elemento estruturador de personagens e condutor da narrativa.
Monólogos: revisão do estudo dos monólogos interiores; estudo das técnicas de
construção do discurso “com fluxo de consciência” e sua funcionalidade no discurso
narrativo” Este programa parece inteiramente dedicado aos elementos constitutivos da
linguagem poética e suas categorias estruturadoras. O único texto em comum na
bibliografia dele com seu homônimo na tabela XLIII é o: 158A- TOLEDO, D. O.(Org.)
Teoria da Literatura.Formalistas russos 65 .
O programa “B” de Teoria VII, cujo código era 02099, vigiu em 1989.1 e tinha
como ementa: “A poesia de João Cabral de Melo Neto e as modernas correntes da
critica literária”. Seu programa apontava: “Este curso se propõe à leitura e a
interpretação de diferentes características do discurso poético de João Cabral de Melo
Neto, tentando apontar suas articulações com alguns eixos básicos na constituição da
tradição literária brasileira. A discussão crítica dos valores consolidados por essa
tradição deverá conduzir, ainda, uma revisão dos principais conceitos veiculados pela
65
A exemplo de alguns outros programas extra-tabela sugerimos, para uma melhor visão do conteúdo
bibliográfico destas disciplinas, uma visita aos anexos da tese.
249
critica e pela teoria da literatura a partir de meados do século XIX” E parece ser um
programa em que através da interpretação do discurso poético de João Cabral se possa
apontar alguns eixos da tradição literária brasileira. Embora não seja um programa
meramente de “aplicação” de conteúdo teórico à poesia, poderia ser interpretado como
tal, dependendo de quem o desse em sala de aula.
Este programa não apresenta
semelhanças pontuais, nem bibliografia em comum, com seu homônimo na tabela
XLIII.
O terceiro programa de Teoria VII, alcunhado de “C”, não tem data de vigência
evidente, nem código e sua ementa é: “Correntes da teoria da literatura contemporânea”
e seu programa traz: “1. Unidade da disciplina e fragmentação em correntes; 2. Uma
classificação esquemática das correntes: 2.1. Correntes textualistas; 2.2. Correntes
sociológicas; 2.3. Correntes fenomenológicas”. Conforme sua ementa trata-se de uma
discussão em torno das Teorias da Literatura mais recentes, um bosquejo crítico. Não
apresenta nenhuma paridade em termos de bibliografia.
Estranhamente o programa de Teoria da Literatura VIII “A” (da tabela XLIII)
foi o único que sobreviveu às mudanças da UFF em 1995 (podendo, portanto, ser
chamado de “atual” segundo o critério que escolhemos para construir nossas tabelas e
nossa análise) e foi aplicado em 1999. Sua ementa é a seguinte: “A Teoria da Literatura
e suas relações interdisciplinares”, e seu conteúdo propõe: “1. Conceitos de inter-,
multi-, pluri- e transdisciplinaridade; 2. Relações da teoria da literatura com outras
disciplinas do campo de estudos literários; 3. Relações da Teoria da Literatura com
outras disciplinas do campo das humanidades e das ciências sociais” Este é um
programa que procura buscar e entender as relações interdisciplinares da Teoria da
Literatura ou que operam em seu interior. Não há correspondência bibliográfica com a
mesma disciplina que consta na tabela XLIII.
A Teoria da Literatura X (tabela XLIV), uma optativa, busca trabalhar as
“Poéticas do Lirismo moderno: a palavra dos poetas” e tem como programa: “Serão
estudadas concepções e perspectivas de criação poética relativas ao lirismo ocidental e
tematizadas em obras da modernidade. A bibliografia do curso será constituída
principalmente por (a) textos de caráter crítico-teórico produzidos por poetas e (b)
poemas de autores brasileiros e europeus dos séculos XIX e XX.”, sua irmã, a Teoria da
Literatura XI, é, de todas, a mais liberta de questões teóricas fechadas em métodos
teóricos. Trata-se simplesmente de uma “Oficina de criação literária” na qual também
há método, mas há espaço para a “criação poética”.
250
A Teoria da Literatura XIV volta-se novamente para uma panorâmica dos
movimentos teóricos no século XX, desta vez com um enfoque mais historiográfico,
menos “engajado”. Diz sua ementa: “Apresentação e discussão dos pressupostos
teóricos e metodológicos que fundamentam as diferentes formas de reflexão sobre a
literatura, no séc. XX.” A sua última irmã Teoria da Literatura XV se propõe a:
“Apresentação
e problematização de conceitos básicos para a compreensão do
significado da reflexão teórica sobre a literatura, a partir da leitura de obras
representativas de diferentes gêneros e estilos.” Ou seja, a partir do cânone literário.
Tabela XLIV: Disciplinas Optativas do campo de Teoria da Literatura - UFF
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária
*
Bibliogr.
Crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFF (Teoria da Literatura Xopt.) Poéticas do Lirismo
moderno: a palavra dos
poetas
atual
Não consta
Não consta
UFF (Teoria da
Literatura XI)
UFF (Teoria da
Literatura XIV)
UFF (Teor. Lit.. XV)
Introdução à leitura analítica e
crítica do texto literário
atual 1999
60
Oficina
de
criação literária.
Atual
Não consta
Apresentação
e
problematização de conceitos
básicos para a compreensão do
significado da reflexão teórica
sobre a literatura, a partir da
leitura de obras representativas
de diferentes gêneros e estilos.
Poemas selecionados de: A.
de Azevedo, C. Alves, O.
Bilac, C. e Souza, C.
Pessanha, F. Pessoa, M.
Bandeira, C.D. de Andrade,
J.C. de Melo Neto, etc. W.
Blake, V. Hugo,
C.Baudelaire, P.Verlaine,
J.L.Borges, etc.
Sumária: 44, 76, 101, 119,
120, 153.
Nao consta
atual 1999
60
Apresentação
e
discussão
dos
pressupostos
teóricos
e
metodológicos que
fundamentam
as
diferentes formas
de reflexão sobre a
literatura, no séc.
XX.
Nao consta
74, 87, 93, 134.
86, 141, 145, 146,
165.
9, 31, 36, 37, 55, 121, 140,
141, 146, 155, 157.
Serão estudadas concepções e
perspectivas
de
criação
poética relativas ao lirismo
ocidental e tematizadas em
obras da modernidade. A
bibliografia do curso será
constituída
principalmente
por (a) textos de caráter
crítico-teórico produzidos por
poetas e (b) poemas de
autores brasileiros e europeus
dos séculos XIX e XX.
Dois itens: 1. A
produção textual e
a leitura: uma
visão histórica; 2.
Exercícios de
produção textual.
Dois itens: 1. Os
estudos literários
no século XX; 2.
As diferentes
vertentes teóricas
na abordagem da
literatura.
Quatro itens: 1. O processo
literário e seus intervenientes:
o escritor, o leitor, o analista e
o teórico; 2. A recepção do
texto literário: senso comum e
construção intelectual; 3 A
reflexão teórica e a construção
de conceitos sobre a literatura;
4. Alguns conceitos e sua
crítica: texto e contexto;
discurso literário;
gêneros literários.
Seleção de textos líricos,
narrativos e dramáticos
escolhidos dentre os mais
representativos da produção
literária universal.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
251
Fica a impressão, ao olharmos as tabelas a seguir (XLVe XLVI), de Literatura
Brasileira e (XLVII e XLVIII) de Literatura Portuguesa, de ter sido criada uma
disciplina para cada professor, de acordo com sua especialidade, ou de acordo com sua
filiação em termos teóricos, ou ainda que algumas destas disciplinas foram criadas ao
mesmo tempo, com textos quase idênticos.
Tabela XLV: Disciplinas optativas de Literatura Brasileira - UFF
IES
Vig.
C.H.
Ement
a
UFF (Literatura Brasileira XVIII- João Cabral de
Melo Neto)
Atual
60
Não consta
Biblio
gr.
literári
a*
Pedra Do Sono; Os Três Mal-Amados; O
Engenheiro; Psicologia Da Composição; O
Cão Sem Plumas; O Rio; Paisagens Com
Figuras; Morte E Vida Severina; Uma Faca Só
Lâmina; Quaderna; Dois Parlamentos; Serial;
A Educação Pela Pedra; Museu de tudo; A
Escola das Facas; Auto do Frade; Crime na
Calle Redentor; Sevilha Andando; Andando
Sevilha.
Biblio
gr.
crítica
*
29, 61(O Geômetra engajado), 127(Sobre
J.C.M.Neto), 134 (Máquina sem mistério: a
poesia de J.C.M.Neto), 144(A traição
conseqüente ou a poesia de Cabral), 152, 156,
167, 183, 184, 237, 238(João Cabral:marcas),
240, 268)
Linha
de
estudo
s
propos
ta
1.1. Estudo da obra de J. C. DE MELO NETO
com enfoque nos temas, processos estilísticos e
temáticos que fundam a originalidade de sua
produção, a partir da leitura e análise de um
conjunto expressivo de poemas, escolhidos de
modo a situar: a) a import. dos textos
selecionadas em relação ao conjunto da obra e
a relação das obras entre si; b) construtivismo e
plasticidade como elementos formais de sua
poética; c) os procedimentos estilísticos e
temáticos inovadores responsáveis pela
inscrição da obra em paradigma original no
cânone da poesia bras. contemp.; 1.2. Leitura e
comentários de alguns ensaios e estudos
significativos da fortuna crítica cabralina.
UFF (Literatura Brasileira XX)
Atual
60
Não consta
Capítulo
dos
Chapéus,
Machado de Assis; Um e outro,
Lima Barreto; Emparedado,
Cruz e Souza; Poemas diversos
de Augusto dos Anjos e Pedro
Kilkerry
(unidade
I);
Recordações do escrivão Isaías
Caminha,
Lima
Barreto;
Angústia , Graciliano Ramos (
unidade II)
38(Petersburgo: o modernismo
do subdesenvolvimento), 71(O
Rio de Janeiro e a República),
101(Lírica:
perspectiva
e
retrospecto),
117
(O
Impressionismo) para unidade
I; 23(A meia marrom), 48(O
romance de introversão), 64(Os
bichos do subterrâneo), 66(A
nova narrativa) para unidade II.
Dividido em duas unidades: I.
Poesia e Modernidade; II.
Ficção e Modernidade.
UFF (Lit. Bras.
XXI)
Atual
60
Constituição
e
estrutura do texto
literário
Não consta
25, 48, 101, 140,
194, 252.
Representações
da cidade no
Modernismo de
Mário
e
Drummond.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
252
O programa Literatura Brasileira XVIII- João Cabral de Melo Neto (na tabela
XLV) propõe:
“1.1. Estudo da obra de J. C. DE MELO NETO com enfoque nos temas, processos
estilísticos e temáticos que fundam a originalidade de sua produção, a partir da
leitura e análise de um conjunto expressivo de poemas, escolhidos de modo a situar:
a) a importância dos textos selecionadas em relação ao conjunto da obra e a relação
das obras entre si; b) construtivismo e plasticidade como elementos formais de sua
poética; c) os procedimentos estilísticos e temáticos inovadores responsáveis pela
inscrição da obra em paradigma original no cânone da poesia brasileira
contemporânea; 1.2. Leitura e comentários de alguns dos ensaios e estudos mais
significativos da fortuna crítica cabralina.” (tabela XLV)
Trata-se de uma disciplina por demais específica, própria de quem estuda a
fundo um determinado autor e obra. Parece ter relação direta com uma outra, também
optativa em Teoria da Literatura em que se estudava o mesmo autor o programa “B” de
Teoria VII (extra-tabela XLIII).
São disciplinas que se propõem mais à interlocução com determinados autores
literários canônicos, sem que haja uma preocupação muito grande com a vinculação a
um movimento, ou periodicidade histórica de movimentos, escolas, etc.
As disciplinas Literatura Brasileira XX e XXI (tabela XLV) podem ser, por
oposição, consideradas menos especiais, pelo fato de serem, aparentemente, redigidas
de um modo mais genérico e adotarem um tema mais plural que abrange, na disciplina
Literatura Brasileira XX – “Poesia e Modernidade;
Ficção e Modernidade” – e
Literatura Brasileira XXI – “Representações da Cidade no Modernismo de Mário e
Drummond” – autores variados ou temporalidades e gêneros diversos. Ambas
(Brasileira XX e XXI) parecem ter um viés menos “padronizado”, mais livre em sua
ementa, o que leva a crer que tenham sido criadas em momentos diferentes das demais
optativas aqui analisadas e para um fim específico, embora sua descrição de conteúdo
seja mais abrangente e menos centrada na pessoa de um só autor.
253
Tabela XLVI: Disciplinas optativas de Literatura Brasileira - UFF
IES
Vig.
C.H.
Ementa
Bibliog
r.
Literári
a*
Bibliog
r.
crítica
*
Linha
de
estudos
propost
a
UFF (Lit. Bras.XV- Machado de
Assis)
Atual
60
UFF (Lit. Bras. XVI-) Carlos
Drummond de Andrade)
Atual
60
Não consta
Não consta
Ressurreição, A Mão e a Luva,Alguma Poesia, B. das Almas, Sent.
Helena, I. Garcia, Mem. Póst. de B.do Mundo, Jose, A Rosa do Povo,
Cubas. Q. Borba, D.Casmurro,Claro Enigma, Fazend. do ar, A Vida
Esaú e Jacó, Mem. de Aires,Passada a Limpo, Lição de Coisas, A
Contos Fluminenses, Hist. daFalta que Ama (Bo1tempo), As
Meia-Noite. P. Avulsos, Hist. Sem Impur. do Branco, Menino Ant.
Data, Várias Hist,., Paginas(Eoitempo Ii),Esquecer p/ Lembrar
Recolhidas, Rel.da Casa Velha,(Eoitempo III), A Paixão Medida,
Outros Contos.
Corpo, Amar se aprende Amando,
Poes. Errante, O Amor Nat.,
Farewell..
21(Notas e orient. Didát por Dirce 31, 63 (Inquietudes na poesia de
C. Riedel), 22 (Notas e orien. Did. Drummond), 127, 141(C. D.
por Flávio L. Chaves), 44 (Instinto Andrade: memória e ficção), 168,
e consciência da nacionalidade por 177, 223, 226, 242, 243, 254, 267.
A. Pereira), 46 (Uma figura mach.),
63 (Esquema de M. de Assis), 94
(Machado, as mais das vezes), 96,
98, 105, 106, 109, 121, 141 (Sob a
face de um bruxo), 143 (Mach. e a
inversão do veto), 145 (O
palimpsesto de Itaguaí), 160
(Relendo Machado: Ressureição e
A mão e a luva), 171, 178, 193,
212, 214, 221(Esaú e Jacó por A.
Sant’Anna), 227( Retór. da
verossim.), 231, 233(A velha pobre
e o retratista), 234(Duas notas
sobre M.de A.), 235, 249, 250, 266.
1.1. Estudo da obra de M. de 1.1. Estudo da obra lírica de C. D.
Assis com enfoque nos temas e ANDRADE enfatizando os temas
processos estilísticos e narrativos e processos estilísticos recorrentes
recorrentes de sua produção, a de sua produção, a partir da leitura
partir da leitura e análise de um e análise de um conj. expressivo
conjunto expressivo de romances de poemas de modo a situar: a) a
e/ou contos, escolhidos de modo a sua import. no contexto da
situar: a) o diálogo empreendido tradição lírica bras.; b) os cortes
pela obra machadiana com as sincrônicos
e
diacrônicos
estéticas precedentes do cânone efetuados pelos procedim. estilíst.
literário bras.; b) os cortes e formais do autor em relação às
sincrônicos
e
diacrônicos estét. precedentes; c) o caráter
efetuados pelos proced. narrativos fundacional
da
estét.
do autor; c) a tematização e a drummondiana no cânone do
problematização inovadoras que lirismo bras.; d) as obras e os aut.
sua obra empreende quanto às Contemp. mais significativos que
questões de nacionalidade na dialogam com as vertentes abertas
tradição lit. brasileira; d) os veios por sua poesia; 1.2. Leitura e
fundadores
abertos
pelas análise de
ensaios e estudos
estratégias de text ualização da significativos da fortuna crít.
literatura de Machado.
drummondiana.
UFF
(Lit.
Bras.
Guimarães Rosa)
Atual
60
XVII-
Não consta
Sagarana; Corpo de Baile
[Manuelzão
e
Miguilim,no
Urubuquaquá,, No Pinhém,
Noites do Sertão]; Primeiras
Estórias; Tutaméia [Terceiras
Estórias]; Estas Estórias; Ave.
Palavra.
45 (J. G. Rosa),
46(Céu,
Inferno),
51(Linguagem
e
fabulação), 61 (A linguagem de
Iauaretê), 63(Jagunços mineiros
de Cláudio a G. Rosa), 84(O
sentido trágico de A terceira
margem do rio por Consuelo
Albergaria, Sagarana por A.
Candido, O ritmo em O burrinho
pedrês por Ângela Leão), 100(O
problema
do
gênero
em
Sagarana), 103(O impossível
retorno, Do lado de cá, Matraga,
sua marca), 182, 184(G. Rosa),
195(Nenhures:
considerações
psicanalíticas à margem de um
conto de G. Rosa), 246.
1.1. Estudo da obra de G. ROSA
com
enfoque
nos
temas,
processos estilísticos e narrativos
que fundam a originalidade de
sua produção, a partir da leitura
e análise de um conjunto
expressivo de contos de modo a
situar: a) a importância dos
textos selecionadas em relação
ao conjunto da obra; b) a relação
das obras entre si; c) os
procedimentos estilísticos e
narrativos
inovadores
responsáveis pela inscrição da
obra em paradigma ímpar no
cânone da Liter. Brasileira
contemporânea; d) o universo
mítico universal e regional como
um dos solos sob os quais se
assenta o discurso literário do
autor.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
254
Em contrapartida, tanto a Literatura Brasileira XVIII (tabela XLV), quanto a
Literatura Brasileira XV (tabela XLVI) propõe em ementas semelhantes:
Estudo da obra de M. de Assis com enfoque nos temas e processos estilísticos e
narrativos recorrentes de sua produção, a partir da leitura e análise de um conjunto
expressivo de romances e/ou contos, escolhidos de modo a situar: a) o diálogo
empreendido pela obra machadiana com as estéticas precedentes do cânone literário
brasileiro; b) os corte sincrônicos e diacrônicos efetuados pelos procedimentos
narrativos do autor; c) a tematização e a problematização inovadoras que sua obra
empreende quanto às questões de nacionalidade na tradição literária brasileira; d) os
veios fundadores abertos pelas estratégias de textualização da literatura de
Machado. (tabela XLVI)
Esta é uma disciplina cujo conteúdo quando comparado às demais semelhantes
(Literaturas Brasileiras VIII, XV, XVI e XVII) parece apontar um procedimento de
análise padronizado, uma espécie de modelo com o qual estas disciplinas foram
confeccionadas.
A disciplina de Literatura Brsileira XVI - Carlos Drummond de Andrade (tabela
XLVI), por seu turno não tem uma redação muito diferenciada das demais:
1.1. Estudo da obra lírica de C. D. ANDRADE enfatizando os temas e processos
estilísticos recorrentes de sua produção, a partir da leitura e análise de um conjunto
expressivo de poemas de modo a situar: a) a sua importância no contexto da
tradição lírica brasileira; b) os cortes sincrônicos e diacrônicos efetuados pelos
procedimentos estilísticos e formais do autor em relação às estéticas precedentes; c)
o caráter fundacional da estética drummondiana no cânone do lirismo brasileiro; d)
as obras e os autores Contemporâneos mais significativos que dialogam com as
vertentes abertas por sua poesia; 1.2. Leitura e análise de alguns dos ensaios e
estudos mais signif icativos da fortuna crítica drummondiana. (tabela XLVI)
Embora pareçam, em tudo, semelhantes os conteúdos programáticos acima
apresentam algumas diferenças. Enquanto o relativo à Drummond (Literatura Brasileira
XVI) propõe uma leitura da importância do autor frente “à tradição lírica brasileira” o
anterior, Literatura Brasileira XV, propõe uma análise do diálogo empreendido pela
obra machadiana com a tradição e as estéticas presentes no cânone brasileiro.
E ainda há a Literatura XVII – Guimarães Rosa (tabela XLVI), cujo texto parece
obedecer ao mesmo formato das demais, o que leva a crer que tenham sido todas criadas
em conjunto, ou espelhadas umas nas outras:
Estudo da obra de G. ROSA com enfoque nos temas, processos estilísticos e
narrativos que fundam a originalidade de sua produção, a partir da leitura e análise
de um conjunto expressivo de contos de modo a situar: a) a importância dos textos
selecionadas em relação ao conjunto da obra; b) a relação das obras entre si; c) os
procedimentos estilísticos e narrativos inovadores responsáveis pela inscrição da
obra em paradigma ímpar no cânone da Literatura Brasileira contemporânea; d) o
255
universo mítico universal e regional como um dos solos sob os quais se assenta o
discurso literário do autor. (tabela XLVI)
O estudo de alguns autores, mais que de outros, parece indicar também uma
tendência à especialização, tanto de professores, como de alunos, além de reafirmar a
crença na necessidade de uma constante releitura e investigação do cânone literário.
Autores como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo
Netto, são modernos e maioria entre os eleitos para figurarem nestas disciplinas
optativas da UFF, o que parece corroborar a idéia de que a Literatura Modernista tende
(ao menos, quando formulamos a hipótese, para a Literatura Brasileira III de Roraima) a
ser mais interessante e “atraente” para alunos e professores que as demais disciplinas.
A Literatura Portuguesa parece proceder diferentemente em relação às optativas.
Tabela XLVII: Disciplinas optativas de Literatura Portuguesa - UFF
UFF (Lit. Port. XII)
UFF (Lit. Port. XIII)
UFF (Lit. Port. XIV)
IES
atual
Atual
Atual
Vigência
60
60
60
C.H.
A produção literária A poesia clássica
A poesia portuguesa dos séculos
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
1. Pri
Linha de
estudos
proposta
UFF (Lit. Port. XV
Atual
60
A narrativa do
século XIX
Não há
medieval.
Não há
Não há
XIX e XX.
Não há
2, 106, 210, 309, 310.
1, 33, 101, 102, 205.
2, 33, 67, 85, 150, 216, 289, 310.
2, 37, 70, 182, 183,
283, 285, 286, 310.
2 itens: 1. Primeira
época:
o
trovadorismo (1.1 A
poesia
dos
trovadores: o lírico e
o satírico, 1.2 As
novelas
de
cavalaria,,1.3
A
historiografia
medieval: os livros de
linhagens
e
as
primeiras crônicas);
2. Segunda época: o
humanismo (2.1 A
poesia palaciana - o
Cancioneiro Geral, de
Garcia de Resende,
2.2 As crônicas de
Fernão Lopes e seus
sucessores,
2.3
O
teatro
vicentino)
6
itens:
1.
Classicismo,
Renascimento,
Maneirismo, Barroco
e
Neoclassicismo:
introdução
à
problemática
conceitual
e
metodológica;
2. A introdução do
Classicismo
em
Portugal:
Sá
de
Miranda,
António
Ferreira,
Cristóvão
Falcão e Bemardim
Ribeiro; 3. A poesia
camoniana; 4. O
Maneirismo
e
o
Barroco em Portugal;
5. O Neoclassicismo ;
6. A poesia de
Bocage
2 itens: 1. Perfil da poesia
portuguesa no século XIX (l.l
Romantismo e Realismo na poesia
- Garrett, Antero de Quental e
Guerra Junqueiro; 1.2 A poesia
finessecular -Camilo Pessanha e
Cesário Verde; 2. Percursos na
poesia portuguesa no século XX
(2.1 Orpheu: Fernando Pessoa,
Mário Sá-Carneiro e A1mada
Negreiros, 2.2 Presença: José
Régio, 2.3 Neo-Realismo: Carlos
de Oliveira, 2.4 Surrealismo:
Mário Cesariny e Alexandre
O'Neill,
2.5
Alguns
poetas
fundamentais: Jorge de Sena,
Eugênio de Andrade, Sophia de
Mello Breyner Andresen, António
Ramos Rosa, Herberto Helder e
Ruy Belo. 2.6 Poesia 61: Gastão
Cruz, Fiama Hasse e Luíza Neto
Jorge, 2.7 Poesia Experimental:
Ana Hatherly e E.M. de Meio e
Castro,2.8 Poesia das décadas de
70,80 e.90 - avaliação global.
2 itens: I- O
Romantismo
em
Portugal ( Almeida
Garret e Alexandre
Herculano,
Júlio
Dinis e Camilo
Castelo Branco);
II- O Realismo em
Portugal (Eça de
Queiroz).
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
256
Na tabela XLVII teremos como disciplinas optativas em Literatura Portuguesa
na UFF: A produção literária medieval (Literatura Portuguesa XII), A poesia clássica
(Literatura Portuguesa XIII), A poesia portuguesa dos séculos XIX e XX. (Literatura
Portuguesa XIV) e A narrativa do século XIX (Literatura Portuguesa XV). Estas são
disciplinas da grade atual. Que de certo modo reinserem de forma mais amiudada o
conteúdo que supostamente foi (deveria ter sido?) ensinado nas disciplinas obrigatórias
da graduação. Além de não seguirem o padrão das optativas em Literatura Brasileira,
com um formato que privilegia um estudo aprofundado de um ou dois autores de cada
vez, estas não são disciplinas tão “atraentes” por não tratarem diretamente apenas com
autores do Modernismo. Provavelmente, ao elegerem estes temas para suas optativas, os
professores da Literatura Portuguesa tentavam sanar a deficiência que podem crer
existir em termos de carga horária para o trabalho com a Literatura e a cultura
Portuguesas. É que na UFF, como já dissemos antes, o fluxograma, em termos de
Literatura Portuguesa, só apresenta como obrigatórias 120h/aula distribuídas em duas
disciplinas de 60h/aula cada uma. Enquanto na UFRR elas são três (num total de
180h/aula) e na UFC o dobro da UFF. Como conseqüência, têm-se uma diferença de
caráter nas disciplinas optativas de Literatura Portuguesa, que tendem a buscar
recuperar o conteúdo que não é possível ministrar na pequena quantidade de horas/aula
de que dipõem para as disciplinas obrigatórias de seu campo, através de disciplinas
optativas que cubram toda, ou grande parte da História Literária de Portugal. Deste
modo, enquanto a Literatura Brasileira parece se preocupar em ofertar disciplinas
optativas pontuais sobre determinados autores e obras, a área de Literatura Portuguesa
parece se fechar mais em torno de uma linha historicista, porém, visando uma
“recuperação” do tempo perdido.
Na UFF de outrora havia cursos optativos que tinham um caráter monográfico –
as Literaturas Portuguesas III, IV, V. A Literatura Portuguesa III: GLT04018- 60h –
tinha como proposta (a exemplo de suas “descendentes atuais”) o estudo da “Idade
Média, Renascimento e Barroco”. A Literatura Portuguesa IV (GLT04019- 60h) tinha
como título de “c urso” “A impulsão lírica camoniana ” e como título-ementa
“Arcadismo, Romantismo e Realismo”. E a Literatura Portuguesa V (GLT-04020- 60h)
trazia como título de curso: “Lendas, mitos e narrativas, em sistema de revitalizações” e
como ementa: “Simbolismo e Modernismo”. O que se pode depreender destes cursos
monográficos é que pareciam ter a mesma preocupação que parece haver ainda nos dias
de hoje no campo de Literaturas Portuguesas, de recuperar o tempo, mas adicionavam a
257
isso a esperança de com as disciplinas monográficas sensibilizar alunos para a pesquisa
em Literatura Portuguesa a exemplo do que se quer na UFRR de hoje.
Tabela XLVIII: Disciplinas optativas de Literatura Portuguesa - UFF
UFF (Lit. Portug. XVI)
UFF (Lit. Port. XVII) UFF (Lit. Port. XVIII)
UFF (Lit. Port. XX)
IES
Atual
Atual
Atual
Vigência Atual
Não consta
60
60
60
C.H.
A narrativa do século XX.
O teatro
Perspectivas
Literatura e formas de
Ementa
Bibliogr.
Liter.*
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
Aplicabil
idade/obj
etivo
interdisciplinares:
Literatura, História e
Mito n´Os Lusíadas e
na Mensagem.
Não consta
representação
do
“outro”:
grupos
e
tradições marginais na
cultura portuguesa.
Não consta
126, 256, 314,,315, 316, 317,
318, 319, 320, 321, 322.
Não consta
Sobre obra lit. 314 (Lev.
Chão): 14, 26, 141, 161, 331,
332, 333, 340; sobre obra 315
(Mem. Conv.): 6, 24, 42, 89,
191, 220, 290, 331; sobre 317
(O ano da morte de J.R.R.):
16, 27, 42, 45, 195, 365, 291,
331; sobre 319 (a jang. de
ped.): 11, 13, 206, 212, 247,
377,; sobre 320 (Hist. C.
Lisb.): 19, 20, 42, 79, 81, 82,
125, 194, 288, 370; sobre 321
(Ev. Seg. J.C.): 73, 74, 75, 77,
83, 163, 190, 204, 260; sobre
a obra em geral: 3, 12, 46,
80, 104, 163, 175, 190, 213,
241, 279, 302, 325, 339, 355,
366, 376; obras teóricas: 76,
147, 179, 284, 335, 361, 362.
Análise em sala (exposição e
discussão) de capítulos (no
mínimo dois) dos romances
citados acima; seminários
orais sobre os romances (em
sua integralidade) sob a
responsabilidade dos alunos;
aulas
expositivas
(apresentação do autor e sua
obra, fortuna crítica de J.S.;
neo-realismo português- teoria
e estudos de fragmentos dos
romances Seara de vento de
Manuel da Fonseca e O Delfim
de José Cardoso Pires; pósmodernismo (textos teóricos);
J.S., poeta, cronista (estudo de
textos).
31, 84, 254, 281, 307.
32, 33, 71, 118, 178,
183, 274, 304, 310,
324.
67, 105, 149, 182, 297,
301.
3 itens: 1. Das Origens
a Gil Vicente: Formas
4 itens: 1. O séc. XVI
em Portugal: história,
cultura e arte; 2. Luís de
Camões e Os Lusíadas;
3. O modernismo em
Portugal:
história,
cultura e arte; 4.
Fernando Pessoa e a
Mensagem.
Formas de represent. do
outro, divididos em 3
itens: 1. Lit. e ident.
cultural em Portugal
(lit. e expansionismo e
paradigma cultural do
homem português), a
representação do outro
(primeiras referêncais
literárias: origens ao
séc. XX e imagem do
outro na lit. do séc.
XX),
a
autoreferencialidade e a
noção de diferença (o
trabalho estético como
busca da diferença e
discurso,
poder
e
ideologia).
Não consta
Oferecer uma leitura da ficção
romanesca de José Saramago,
buscando situa-lo na prosa
contemporânea portuguesa.
de teatro medieval; O
teat. popular; O teatro
cortesão; A alegoria e
o teatro vicentino; Os
autos; 2. O teatro
pós-vicentino:
Camões e Antônio
Ferreira;
Antônio
José da Silva, O
Judeu; O teatro de
Garrett
e
o
melodrama
romântico;
3.
O
século XX: o teatro e
as vanguardas; o
teatro
épico;
Bernardo Santareno.
Não consta
Não consta
258
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
É claro que se prestarmos atenção às ementas da tabela XLVIII, veremos que há
casos “particulares” como o da narrativa do século XX que tem sua extensa bibliografia
quase que inteiramente centrada em José Saramago, embora haja em seu conteúdo uma
tímida menção aos “romances Seara de vento de Manuel da Fonseca e O Delfim de José
Cardoso Pires; pós- modernismo (textos teóricos); J.S., poeta, cronista (estudo de
textos)”.
Por outro lado, das quatro disciplinas que compõem a tabela XLIII, três
apresentam multiplicidade de objetos, temas e autores a serem enfocados além de um
certo “sotaque” historicista. A Literatura Portuguesa XVII, cuja ementa é simplesmente
“o teatro”, Literatura Portuguesa XVIII que tem como ementa “Perspectivas
interdisciplinares: Literatura, História e Mito n´Os Lusíadas e na Mensagem” e a
Literatura Portuguesa XX : “Literatura e formas de representação do “outro”: grupos e
tradições marginais na cultura portuguesa” são também exemplos claros desta “forma
de ser” das optativas em Literatura Portuguesa.
Tantas opções podem apontar também para um efetivo de professores suficiente
para suprir as disciplinas obrigatórias da graduação e alguma sobra semestral para que
ao menos uma disciplina optativa possa ser ofertada. Caso bem diverso da UFRR, em
que tais disciplinas sequer foram, até hoje, pensadas, em função da falta de efetivo
necessário até mesmo para fazer funcionar a grade de disciplinas obrigatórias.
Também na UFC encontramos algumas optativas em franco funcionamento, o
que faz com que pensemos que estas instituições, bem maiores que a UFRR, possam
dispor de profissinais para este fim. Embora saibamos que não necessariamente ter o
programa da disciplina, signifique ofertá- la, também entendemos que, em algum
momento, houve tempo e disponibilidade para que alguém se dispusesse a confeccionar
estes programas, bibliografias, etc. Na UFRR, dada a proporção da relação entre o
número de alunos e professores, não é possível contratar muitos docentes mais, o que
torna esta situação (de não podermos ofertar nem criar disciplinas optativas) crônica.
Por outro lado, grande parte das disciplinas do campo de Literatura Brasileira da
UFF parece atender a um número muito restrito de alunos que tenham, naquele
momento em que são ofertadas, interesse especial pelo autor específico enfocado. O
modelo mais genérico (e temático, mas de temática calcada em intervalos históricos),
utilizado mais pela Literatura Portuguesa, parece um pouco mais abrangente.
259
O modelo adotado por ambas as universidades (UFC e UFF) também possui
semelhanças, e disciplinas monotemáticas parecidas, conforme veremos adiante no
cotejo direto entre alguns programas destas instituições.
5.5.4 Entre UFC e UFF
Na tabela XLIX a seguir ambas as instituições propõem o estudo da Cultura
Portuguesa, mas o fazem de modo diferenciado, com bibliografia totalmente diferente.
Tabela XLIX: Disciplina História da Cultura Portuguesa – UFC x UFF
IES
Vigênc ia
C.H.
Ementa
UFC
Antiga
60
Estudo de alguns aspectos da
Cultura Portuguesa (antecedentes e
formação
histórica,
correntes
culturais religiosas, as ciências as
artes e as letras, a expansão
ultramarina). (1981.1)
Bibliografi
a literária
Bibliogr.
crítica *
Não há
Linha de
estudos
proposta
5
itens:
gênese
(situação
geográfica, pré-história ao período
remano, grandes invasões, reino
dos suevos e visigodos, invasão e
domínio mulçumano), fundação do
reino de Portugal (a reconquista e a
terra portucalense e a vida
religiosa);
época
dos
descobrimentos (a crise de 1383 e
a consolidação da nacionalidade e
as artes nas grandes descobertas); a
restauração (revolução de 1640, o
barroco),
da
monarquia
constitucional à república (a guerra
civil, os movimentos artísticos e
literários do séc. XIX.
196, 197, 311, 328.
UFC
Atual
30
Estudo das principais diretrizes da
cultura portuguesa, através de um
elenco de idéias fundantes que
facilitam a compreensão do processo de
identidade e de unidade do povo
português, relacionado-as com o modo
de ser lusitano expresso em obras
canônicas.
Não há
UFF
Atual - optativa
60
Literatura Portuguesa e
a História da Cultura
em Portugal
Básica: 5, 35, 91, 207, 305, 313.
Complementar: 9, 10, 25, 41, 60, 61,
103, 119, 124, 128, 143, 183, 189, 236,
244, 249, 253, 293, 301, 312, 327, 330,
367, 379.
10 itens: pátria (território, povo, nação,
Estado),
conquistas
(internas
e
externas), fé (religião, expansão do
Cristianismo, V Império), tradição
(culto
ao
passado,
saudade,
saudosismo), mito (Ulisses, mar,
Oriente, sebastianismo, Inês de Castro,
heróis), Portugalidade (Nacionalismo e
integração),
Atualidade
(Idade
Moderna, modernidade, modernismo),
música (as tunas, o fado, o Madredeus),
política (centralismo imperial, ditadura,
liberalismo, socialismo, 25 de Abril),
Prospecção (a releitura da História, da
cultura e da ação portuguesa no
mundo).
28, 39, 181, 183, 211,
305, 308.
Não há
2 itens: a lógica da
cultura
portuguesa
(cultura e civilização
portuguesa, origem e
evolução
dos
fenômenos
culturais
portugueses);
a
literatura portuguesa e a
cultura portuguesa (a
literatura
como
representação
da
História, O lugar da
literatura portuguesa na
história
da
cultura
portugesa e literatura e
tempo português).
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
260
A UFC, que antes se dispunha a estudar a Cultura Portuguesa em 60 horas/aula,
atualmente o faz em apenas 30 horas/aula. Aqui também, a primeira e mais antiga
disciplina aponta para um estudo historiográfico da cultura portuguesa, enquanto sua
versão mais recente encaminha o aluno para o “Estudo das principais diretrizes da
cultura portuguesa, através de um elenco de idéias fundantes, que facilitam a
compreensão do processo de identidade e de unidade do povo português, relacionado-as
com o modo de ser lusitano expresso em obras canônicas”. A disciplina da UFF, por sua
vez, aborda a “Literatura Portuguesa e a História da Cultura em Portugal” a partir da
“lógica da cultura portuguesa (cultura e civilização portuguesa, origem e evolução dos
fenômenos culturais portugueses); a Literatura Portuguesa e a cultura portuguesa (a
literatura como representação da História, O lugar da Literatura Portuguesa na história
da cultura portugesa e literatura e tempo português)”. Embora se trate de uma disciplina
também marcada pela historiografia, como nos primórdios da disciplina na UFC, em
alguns momentos parece haver a inversão desta lógica para se captar na Literatura,
questões históricas pertinentes ao povo Português.
No caso das disciplinas sobre Clarice Lispector (tabela L), ambas optativas,
tanto UFF, quanto UFC, a bibliografia será parcialmente semelhante, pois serão comuns
a ambas as universidades: 18E- AREAS, V.; WALDMAN, B. Remate de males, nº 9,
110E- GOMES, R. C.(org.) Seleta de Clarice Lispector, 112E- GOTLIB, N. B. Clarice.
Uma vida que se conta, 137 G- LIMA, L. C. Por que literatura (capítulo: A mística ao
revés de Clarice Lispector) , 149E- LISPECTOR, C. A descoberta do mundo,184ENUNES, B. O dorso do tigre (capítulo: A mística ao revés de Clarice Lispector), 185ENUNES, B. (Coord.). Edição critica de A paixão segundo G. H. Paris: Association
Archives de la littérature latino-americaine, des Caralbes et africaines du XXe. Siecle e
186E- NUNES, B. O drama da linguagem. Uma leitura de Clarice Lispector, 205EQUEIROZ, V. (org.). Feminino e literatura.(Tempo Brasileiro, nº101) e 206EQUEIROZ, V. (org.). Clarice Lispector (Tempo Brasileiro, nº104), 218E- SÁ, O. de. A
escritura de Clarice Lispector, 221E- SANT'ANNA, A. R. de. Análise estrutural de
romances brasileiros (capítulo: Laços de família e Legião estrangeira), 229ESANTOS, R. C. dos. Lendo Clarice Lispector.
No caso da UFC, entre bibliografia básica e complementar, há quarenta e três
textos elencados para uma disciplina de apenas 30 horas (embora alguns não passem de
capítulos dos textos apontados), o que pode sugerir que esta também seja uma disciplina
de um professor e uma pesquisa em particular.
261
Tabela L: Disciplinas de Literatura Brasileira com ênfase em Clarice Lispector –
UFC X UFF
IES
Vigência
C.H.
Ementa
Bibliogr.
literária *
Bibliogr.
crítica *
Linha de
estudos
proposta
UFC- Lit. Bras.(O romance de UFF (Lit. Bras. XIX)
C. Lispector)
Atual
Atual
30
60
Estudo da obra romanesca de Não consta
Clarice Lispector, abrangendo
diferentes fases de sua
escritura e tomando por base
três obras para discussão e
pesquisa: Perto do coração
selvagem (1943), A paixão
segundo G.H.(1964) e A hora
da estrela (1977)
Perto do Coração Selvagem, O Lustre, A Cidade Sitiada,
Laços de Família, A Maçã no escuro, A Legião Estrangeira, A
Paixão Segundo G.H., Uma Aprendizagem Ou O
Livro dos Prazeres,Felicidade Clandestina, Água Viva, A Via
Crucis do corpo, Onde estivestes de noite, A Hora Da Estrela,
Um sopro de vida, A Bela e a Fera, A Descoberta Do Mundo.
Básica: 41, 52, 57, 78, 97, 110, 18, 63(No raiar de C. Lispector), 110(Que mistérios tem
112, 114, 149, 150, 151, 158, Clarice?), 112, 118(Clarice Lispector: a função desalienante
184(O mundo imaginário de C. de sua criação lit.), 120, 122, 123, 137(A mística ao revés de
Lispector), 185, 186, 218, 219, C.Lispector), 139, 146(No território da paixão: a vida em mim
220, 263; Complementar: 18, por N.B. Gotlib), 147(A paixão do corpo entre os fantasmas e
30, 53, 85, 87, 90, 113, 130,
as fantasias do desejo por I. Lucchesi), 148(De gênese e de
132, 137(A mística ao revés de gente: a luminosidade no escuro por L.Helena), 149(A arte
Clarice Lispector), 138, 157, imprevisível de Clarice por V.Queiroz), 184(O mundo
180, 188, 205, 206, 216, imaginário de C.Lispector), 185, 186, 205(O desejo não mora
221(Laços de família e Legião em casa por N.B.Gotlib; O espelho do silêncio por L.Helena
estrangeira), 229, 236, 257, Vianna), 206 (A literat. Segundo Lispector por L. Helena;
262, 264(Por linhas tortas), 269 Tríptico para Clarice por V.Queiroz; Discurso feminino,
corpo, arte gestual, as margens recentes por R.Santos), 218,
221(Laços de família e a Legião estrangeira), 222(C.
Lispector:linguagem), 229, 230(A leitura de Clarice).
Seis itens: introdução geral (C. 1.1. Estudo da obra de C. Lispector enfatizando os temas e
Lispector, a escritora e a processos estilísticos recorrentes de sua narrativa, a partir da
diversidade de sua obra), leitura e análise de um conj. expressivo de romances e/ou
Clarice Lispector na história da contos, escolhidos de modo a situar: a) a importância dos
literatura
brasileira;
Uma textos selecionadas em relação ao conjunto da obra; b) a
escritura inaugural: Perto do relação das obras entre si; c) os procedimentos narrativos
coração selvagem; O exercício inovadores que inscrevem a obra da autora em paradigma
de uma prosa amadurecida: A original no cânone da Lit. Bras. contemp.; d) a
paixão segundo G.H.; A hora problematização da escritura e do processo ficcional na obra
da estrela: Perspectivas de clariceana; e) a questão da linguagem e a problematização dos
estudo; A escritura no centro da gêneros na obra da autora; 1.2. Leitura e coment. de alguns
torre de babel: Clarice Lispector dos ensaios e estudos mais signif. da fortuna crítica
e sua fortuna crítica.
clariceana.
*a referência das obras numeradas está no final da tese. Entre parêntesis aparece o
capítulo específico da obra citado na bibliografia do programa.
Não há como negar, no entanto, que estas disciplinas monotemáticas exercem
um grande fascínio sobre alguns bons alunos, mas não parecem servir muito para os
medianos. São boas para aqueles que pretendem seguir carreira e ajudam a despertar o
262
interesse pela pesquisa, mas quase sempre acabam apontando um caminho por demais
específico. Seria talvez mais interessante, do ponto de vista da abrangência, conseguir o
mesmo efeito com material que suscitasse outros caminhos. Em Roraima,
provavelmente seriam instituciona lmente inócuas, uma vez que não há grupos de
pesquisa estabelecidos, e abrangeriam a um pequeno grupo de alunos, o que faria alguns
pensarem na relação custo-benefício de se ofertar uma disciplina nesses moldes.
263
CONCLUSÕES
Creio que, se nos dirigirmos
ao cânon, não para buscar
respostas, mas para fazer
perguntas, de certa maneira
desestabilizamos a própria
idéia de "uma seqüência
sacralizada
de
obras
definidas
pela
história
literária", que se constituiria
desde sempre e para sempre
no nosso universo de
docência e pesquisa.
José Luis Jobim (A crítica
da teoria, uma análise
Institucional)
Não seria justo que iniciássemos estas “conclusões”, sem antes apontarmos
algumas “possibilidades”.
Em primeiro lugar, ao tentarmos entender o modelo de ensino literário praticado
na UFRR a partir de outros modelos, nos deparamos com uma imagem do literário, da
literatura, do canônico, de ensino em geral, um pouco diferente daquilo que
vivenciamos em nosso dia-a-dia. Em função da própria orientação, do local escolhido
para freqüentarmos a pós-graduação, das leituras que fizemos, esta imagem foi, mais e
mais se consolidando. E independentemente do que pensemos sobre a questão “centro”
x “periferia” e, a despeito mesmo de haver na UFC mais disciplinas voltadas para o
ensino de Literatura que nas demais do grupo, suspeitamos que o local onde esta
discussão mais tem avançado (das três que figuraram nas tabelas comparativas) é a
264
UFF. Mas, vítima de sua própria estrutura e política interna, desgraçadamente tem sido
ali também, onde, na prática, houve menos ganho curricular efetivo e obrigatório para o
aluno de graduação, em relação ao que se tem discutido em termos de Literatura e
ensino de Literatura. Já a UFC, por outro lado, tem sido das três a que mais investe no
domínio espacial do campo literário na grade de seu curso. À UFRR, universidade em
tudo nova e de tudo carente, cabe dar um passo no sentido de modificar seu modo de
pensar e na tentativa de modificar o espaço no qual está inserida. Se disto advirá algo de
bom, ou de ruim para os roraimenses... quem sabe? Esta pesquisa, no entanto, neste
momento, aponta e crê em soluções neste sentido.
Já sugerimos, antes, que dizer que a Literatura e a leitura libertam pode ser uma
ilusão. No caso de Roraima é preciso que se leia e se produza Literatura (e que
reconheçamos esta produção) em nível local, para que o Estado possa “integrar-se” do
ponto de vista da “alta” cultura, ao restante do país. Ou seja, é preciso participar do
sistema para que não se fique ainda mais à margem.
Para as pessoas que migraram para lá como a maioria dos professores da UFRR
é preciso que se leia e é preciso fazer ler para espantar a impressão de barbárie que se
tem, com um local onde as manifestações culturais são tão diversas das que estavam
acostumadas em seus locais de origem.
Mas a leitura não liberta realmente. Ela torna o indivíduo mais consciente, é
certo; mais “fluído” em termos de relações sociais, ou mais fluente, em termos de
linguagem. Mas não liberta. Apenas aprofunda o conhecimento que se tem do todo, ao
ponto de tornar- nos mais críticos, mais ricos num determinado parâmetro, e aprofunda
nossa relação com o sistema. Eleva nossa posição na “pirâmide cultural”, o que
possibilita “uma visão mais ao largo”, mas ao mesmo tempo, isola-nos mais daqueles
que precisam de “liberdade”, aumentando o abismo e o preconceito social. Fica assim, a
título de conclusão, a impressão de que escolhemos gostar de um mecanismo que é tão
“maquiavélico” que fornece entretenimento, torna-se base estética de nossas vidas, dá a
impressão de liberdade, ao mesmo tempo em que nos torna mais e mais dependentes de
seus produtos e ideologias, e que funciona como um dos mecanismos de segregação
mais eficientes que nossa sociedade já produziu, pois suas barreiras são simbólicas e seu
capital somente visível pela linguagem.
Ainda assim, não há desilusão quando constatamos esses fatos. Há mais ilusão
(reforçada por uma nostalgia de um tempo em que só os mais favorecidos estudavam)
de que através de uma educação mais “eficiente”, conseguiremos mudar os rumos da
265
sociedade, quando o que almejamos utopicamente é, talvez, a uniformização social,
ironicamente, através de um dos mecanismos que propõem o “mérito”, ou o “dom”
como forma de avaliação e a posse de bens simbólicos como valor hierárquico maior.
Apostamos no homogêneo, sem perceber que a homogeneidade, dentro deste sistema,
não pode existir, assim como não pode existir um “cânone universal”, sem que se
desconsiderem todas as singularidades locais (linguagem inclusive).
Se, por um disparate maniqueísta, formos levados a concluir que a literatura (e
principalmente os seus cânones) é de todo má para as classes populares, por patrocinar a
exclusão, aumentar a distância entre as classes e cooptar mentes para o “sistema ”,
seremos também forçados a admitir que este é o único “sistema ” que conhecemos.
Quando falamos em “sistema”, não estamos nos referindo apenas ao econômico, ou
político, mas ao “todo” de uma “civilização ocidental”. É claro que se fossemos explicar
o inexplicável “todo” do “sistema” e “civilização ocidental”, seria esta uma outra tese,
ou talvez, muitas outras teses. Fiquemos, pois, com a impressão que as palavras causam,
ou com seu sentido mais ao gosto do senso comum. O que realmente queremos
concluir, é que bem, ou mal, o magistério em Literatura é a profissão que escolhemos e
pela qual temos lutado toda uma vida, para quem sabe fazer valer a utopia de que todos,
um dia, possam ser incluídos pela leitura/Literatura. O fato é que nos encontramos,
neste momento, numa espécie de “beco sem saída” o que provavelmente suscitará muita
discussão ainda. Fazemos “mal”, ou “bem” em acreditar na “redenção” ao “sistema ”
pela leitura/Literatura?
Como o cânone literário é uma invenção que se crê universal e única, não é
possível, a partir dele, vislumbrar diferenças entre uma instituição e outra. Coube, pois,
buscar no cânone disciplinar que cada qual emprega, uma forma, um instrumento capaz
de diferenciar as práticas dos Cursos de Letras analisados. Estas conclusões, no entanto,
não apontam para um “caráter geral”, mas para peculiaridades de cada instituição.
Entre uma observação e outra, cabe fazer uma conclusão. Em quase todos os
programas das três principais Instituições Federais de Ensino Superior, com os quais
lidamos ao longo de nossa pesquisa, a quantidade de textos literários selecionados nas
bibliografias era mínima. Muito menor que a proporção referente aos textos críticos.
Este fato pode ser fruto da flutuabilidade da quantidade de textos integrais com os quais
se pode trabalhar ao longo de um semestre; pode ser fruto de uma prática que se propõe
a trabalhar apenas com os fragmentos contidos nas Histórias da Literatura e livros no
estilo antológico ou “Literatura Comentada”; ou como em Roraima, pode ser fruto da
266
ausência do que indicar, tudo depende da época e do lugar. Lá no Norte, ao longo da
década de 1990 presenciamos as três possibilidades concomitantemente.
Por outro lado é preciso que notemos o fato de que grande parte destes
programas também trazia “dicas” literárias, sugerindo em seu próprio conteúdo com
quais autores dever-se- ia lidar para levar a contento aquele conteúdo. No caso da UFRR
esta prática, segundo um dos antigos professores da instituição teria sido adotada a fim
de se evitar “desvios maiores”, uma vez que dada a carência de profissionais no Estado,
como um todo, e na UFRR em particular, não se podia saber quem assumiria as
disciplinas futuramente. Este não parece ser o caso da UFC e da UFF. Mas nestas
instituições não pudemos ter acesso ao material humano que nos esclarecesse mais a
fundo a questão.
No caso das Literaturas Regionais é certo que a UFRR, enquanto instituição
também responsável pela esfera da cultura, precisa buscar um foco na própria região em
que se encontra, sob o risco de se isolar e de condenar a produção local ao ostracismo,
ou o que é pior, a ser considerada “exótica”, pelos demais. Assim também estará
ajudando a preservar, a discutir, a repropor, a modificar, a realidade cultural em que está
inserida. O principal é que se valorize a Literatura, que a coloque mos em destaque no
dia-a-dia da população para que lhe seja dada a devida importância, como também para
que a produção aumente, se diversifique e melhore em quantidade e qua lidade, não por
que ela possa libertar alguém, mas por que ela também poderá funcionar como uma
espécie de “passaporte” da “barbárie” à “sociedade”.
Por outro lado há, no Estado de Roraima, uma carência em torno do cânone
ocidental a ser suprida. Há que se recuperar o tempo perdido. Neste caso talvez a UFRR
deva “inovar” (como no Colúmbia College, em 1932), propondo cursos de nivelamento
pós-vestibular, ou mesmo aceitando trabalhar com a Literatura Universal em disciplinas
específicas dentro da grade do curso (o que talvez nem adiantasse tanto, mas seria uma
possibilidade a mais).
Quanto à suspeita inicial que alimentávamos de que os programas do curso de
Letras da UFRR tivessem sido apropriados pelos nossos professores fundadores, do
curso de Letras da UFC, devemos dizer que com exceção do programa da disciplina de
Literatura Infanto-Juvenil, os demais apenas revelam reminiscências (especialmente no
que tange aos programas da UFC datados de 1991) da formação de alguns dos que
trabalharam pela existência do curso da UFRR, que estudaram no Curso de Letras da
Universidade Federal do Ceará.
267
O viés adotado pelas três instiuições, no que concerne à organização das
disciplinas de Literatura também difere bastante.
Como vimos ao longo de nossa análise, e temos frequentemente sugerido ao
longo da tese, os programas da UFC tendem para um padrão mais chegado à História
enquanto fio norteador dos estudos literários, o que talvez justifique o caráter adotado
pelo curso de Letras da UFRR quando fundado. Dificilmente, conhecendo esta
instituição apenas pelos documentos que recebemos e temos em mãos, poderemos lhe
fazer justiça quanto ao seu “verdadeiro” perfil. Em todo o caso, apenas pela quantidade
de programas de disciplinas com os quais trabalhamos, é possível concluir que a área de
Literatura Portuguesa é a mais forte das Literaturas no seu curso de Letras, pelo muito
que vimos de produção própria e por ser o “nascedouro” de outro campo bastante
produtivo, o das Literaturas Africanas. Por outro lado a Literatura Brasileira, apesar de
ter sido pequena (em termos de quantidade de disciplinas obrigatórias ofertadas)
cumpriu a missão a que se propôs, dando à luz disciplinas únicas (e muito produtivas,
do pontode vista da produção acadêmica) de Literatura Cearense, através da gestação do
“campo” de Literatura Regional e Popular em sua disciplina de Literatura Brasileira III.
Na UFRR, hoje, há a pretensão do prevalecimento (quanto aos programas de
disciplinas literárias) de uma posição intermediária entre o fio histórico e o temático
(especialmente no que toca aos gêneros da Literatura). Mas esta pretensão nem sempre é
atingida, uma vez que ainda há muitas disciplinas panorâmicas, cuja proposta passa por
uma leitura e interpretação menos acurada dos textos Literários. A Literatura
Portuguesa, por exemplo, se comparada à Brasileria em termos de modo de
organização, aparenta ser mais historicista, menos aprofundada. A Teoria da Literatura,
por sua vez, parece estar no lugar “errado” (início do curso) , na hora “errada” (os
alunos ainda estão muito verdes para acompanha-la, pois são “calouros” e na sua
maioria não a compreendem) e de modo “errado” (pretendendo ser um “instrumento” de
análise para o texto literário)
Na UFF a questão parece resolvida pela adoção de um modelo disciplinar mais
temático, embora ali, especialmente nas disciplinas optativas de Literatura Portuguesa,
ainda persista um modelo que pretende resgatar um espaço para o trabalho com o
cânone Português. A teoria da Literatura é a disciplina que destacamos pela gama de
opções que apresenta e pelos percursos amplamente diferentes que percorreu ao longo
dos últimos quase 40 anos.
268
O cânone literário difundido em Roraima, a partir do Curso de Letras da UFRR,
em qualquer das disciplinas do campo literário pode ser considerado ainda incipiente em
quantidade e aponta para um problema, que, naquele Estado, é estrutural, ou seja, a falta
de bibliotecas e de serviços ligados à cultura nacional de modo geral. A ausência de um
parque editorial na UFRR, e de publicações locais, de certo modo influem e contribuem
para que as coisas permaneçam deste modo. A ausência de um curso de pós-graduação
em Letras na UFRR, com uma linha específica de investigação e estudo da cultura e
Literatura local, também ajuda a manter vivo o mito de que no Estado de Roraima não
há produção literária. Por outro lado uma boa parte do que há foi introduzido através de
retalhos, excertos e livros didáticos de qualidade duvidosa em termos de estudos
literários em nível de graduação em Letras.
Há um cânone literário em Roraima também formado a partir da UFRR. Mas o
alcance dele na população do Estado só pode ser verificado em outra pesquisa, desta vez
in loco. Por outro lado embora saibamos da influência da UFC na formação do curso de
Letras da UFRR e, consequentemente na imagem do canônico, entendemos haver tantos
textos críticos na UFRR em comum com a UFF, quanto os há em relação à UFC.
Outra questão importante é termos percebido o quanto o Estado avançou em
termos de qualificação de seus profissionais de ensino com a instalação da UFRR.
Mesmo sob precárias condições de qualificação, houve ganho considerável se
compararmos o que há hoje, com o que houve no início da década de 1990.
Acreditamos que o nosso curso de letras, nestes seus primeiros 15 anos, trouxe- nos, em
termos de Literatura, a um ponto quase comum com outros Estados da Federação, agora
cabe pensar adiante, pensar no que deve ser feito em termos de, cada vez mais,
proporcionar ao aluno acesso a bens culturais globais, nacionais e locais.
269
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Márcia (org.). Leitura, História e História da Leitura. Campinas: Mercado de
Letras/ Associação de Leitura do Brasil; São Paulo: Fapesp, 2002.
______. Letras, Belas- letras, Boas- letras. In: BOLOGNINI, Carmem Z.(org.) História
da Literatura e Discurso Fundador. Campinas: Mercado de Letras/ Associação de
Leitura do Brasil , 2003: 11-70
AGUIAR, Vera Teixeira. Renoir na periferia: o acesso aos bens simbólicos da cultura
letrada. In: PAULINO, Graça; COSSON, Rildo. Leitura literária, a mediação escolar.
Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2004: 47-52.
BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 5ª ed. São
Paulo: Hucitec, 1990.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 2ª ed. São Paulo: Ática,
1986.
BARBOSA, João Alexandre. A Biblioteca Imaginária, ou o Cânone na História da
Literatura Brasileira. Qfwfq, 2 (1): 42-77, 1996.
______. Alguma crítica. Cotia (São Paulo): Ateliê Editorial, 2002.
BATISTA, Antônio Augusto Gomes. Os professores são “não- leitores”? In:
MARINHO, Marildes; SILVA, Ceris Salete Ribas da (orgs.) Leituras do
professor.Campinas: Mercado de Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1998: 2360.
BLOOM, Harold. O Cânone Ocidental: os livros e a escola do tempo. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
270
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva,
2001.
BUARQUE, Cristovam. Universidade Ligada. In: MORHY, Lauro. Universidade em
questão. Brasília: EdUnB, 2003.
CALVINO, Ítalo. Porque ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
CÃMARA DOS DEPUTADOS. LDB. Brasília: CDICP, 1997.
CAMPOS, Haroldo. O sequestro do barroco na formação da literatura brasileira: o
caso Gregório de Mattos. Salvador: FCJA, 1989.
CAMPOS, Lílian M. H. S. A Licenciatura em Letras: deficiências e potencialidades.
Perspectiva sócio-histórico-pedagógica. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1987.
CÂNDIDO, Antônio. A formação da literatura brasileira. 1º vol. 6ª ed. Belo Ho rizonte:
Itatiaia, 1981.
CEIA, Carlos. A Literatura ensina-se? Estudos de Teoria Literária. Lisboa: Colibri,
1999.
CHAGAS, Valmir. Parecer nº 283/62. In: MEC. Currículos mínimos dos cursos de
graduação. Brasília: Conselho Federal de Educação/MEC, 1981.
CHARTIER, Roger. Do livro à leitura. In: CHARTIER, Roger (org.) Práticas da
Leitura. São Paulo: Estação da Liberdade, 1998: 77-105.
______. A aventura do livro. Do leitor ao navegador. Conversações com Jean Lebrun.
São Paulo: ed. UNESP, 1999;
COUTINHO, Afrânio (dir.). A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio, 1959.
______. O Processo da Descolonização Literária. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983.
CRUZ NETO, Otávio. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO,
Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993:5166.
CUNHA, Maria Izabel. Universidade e pesquisa: ensaio do futuro. In: TRINDADE, V.;
FAZENDA, I.; LINHARES, C. Os lugares do sujeito na pesquisa educacional. Campo
Grande: ed. Da UFMS, 1999: 149-166.
FÁVERO, Maria de Lourdes de A. Universidade do Brasil. Das origens à construção.
Rio de Janeiro: EdUFRJ/INEP, 2000.
FOUCALT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Ed. Nau, 1996.
271
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 11ªed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1980.
______. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez e Autores Associados, 1982.
______. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1998.
GAGNEBIN, J.M. História e narração em Walter Benjamin. Campinas: Perspectivas,
1995.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais – morfologia e história. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Cia das Letras, 1989.
IBGE.
Contagem
da
População.
Disponível
em
<<http://www.ibge.gov.br/home/.estatística/população>>Acesso em: 24 de nov. 2003.
JOBIM, José Luís(org). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992: p. 127-149.
______. A poética do fundamento. Ensaios de teoria e história da literatura. Niterói:
EdUFF, 1996.
______. O Cânon Literário e a Avaliação dos Cursos de Letras. In: VALENTE, A.C.
Língua, Lingüística e Literatura. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998: 199-208.
______. A formação profissional em Letras: do currículo à avaliação. Acta Scientiarum,
22 (1): 127-133, 2000.
______. Formas da teoria. Sentidos, Conceitos, Políticas e Campos de Força nos
Estudos Literários. Rio de Janeiro: Caetés, 2002.
KRAMER, Sônia. Por entre as pedras: armas e sonho na escola. São Paulo: Ática,
1993.
______. Alfabetização, Leitura e Escrita.- Formação de Professores em curso. Rio de
Janeiro: Papéis e Cópias de Botafogo e Escola de Professores, 1995.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
______. O que é literatura? São Paulo: Círculo do Livro, 1990.
______. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.São Paulo: Ática, 1993.
______. Leitura- literatura: mais do que um rima, menos do que uma solução. In:
ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs.) Leitura: Perspectivas
Interdisciplinares. 3ª ed. São Paulo: Ática: 1995: 87-99.
272
LARROSA, Jorge. Literatura, experiência y formación (entrevista a Jorge Larrosa por
Alfredo J. da Veiga Neto) in COSTA, M. VORRABER. Caminhos investigativos.
Novos olhares na pesquisa em educação. Porto Alegre: Mediação, 1996.
LEAHY-DIOS, Cyana. Educação Literária como Metáfora Social. Desvios e rumos.
Niterói: EdUFF, 2000
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. Invasão da Catedral: literatura e ensino em debate.
Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
______. Comentário do "texto gerador de Magda Becker Soares". In: ABREU, Márcia
(org.) Leituras no Brasil: antologia comemorativa pelo 10°COLE. Campinas: Mercado
de Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1995: 51-56.
LÊNIN, V.I. La literatura y el arte. Moscou: Editorial Progreso, 1979.
LIBÂNEO, José Carlos. Por uma pedagogia crítica que ajude na formação de sujeitos
pensantes e críticos. In: TRINDADE, V.; FAZENDA, I.; LINHARES, C. Os lugares
dos sujeitos na pesquisa educacional. Campo Grande: Ed. UFMS, 1999: 67- 80.
LIMA, Luiz Costa (org) Teoria da literatura em suas fontes. Vol.1. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
LINS, Osman. Do ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros. São Paulo:
Summus, 1977.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica Universitária, 1986.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2002.
MIBIELLI, Roberto. Aprender com Machado: o olhar burlesco e malandro da
Literatura para a Educação. Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 2000.
______. Arbítrio e Leitura: quando o discurso e a prática da escola interferem no gosto
pela leitura machadiana. In: ALVARENGA, Ana M.; FÁVERO, Osmar (org.).
Pesquisas em Educação, Diferentes enfoques 2: 129-143, 2002.
MORHY, Lauro. Universidade em questão.Brasília: EdUnB, 2003.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Leitura: de quem, para quem? In: ABREU, Márcia (org.)
Leituras no Brasil: antologia comemorativa pelo 10°COLE. Campinas: Mercado de
Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1995a: 57-71.
______. O inteligível, o interpretável e o compreensível. In: ZILBERMAN, Regina;
SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs.) Leitura: Perspectivas Interdisciplinares. 3 ed. São
Paulo: Ática, 1995b: 58- 77.
273
PERRONE – MOISÉS, Leyla. Altas literaturas. Escolha e valor na obra crítica de
escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
POSSENTI, Sírio. A leitura errada existe. In: BARZOTTO, Valdir Heitor (org.) Estado
de Leitura. Campinas: Mercado de Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1999: 169178.
QUIVY, R ; Van CAMPENHOUDT, L. Manual de investigação em Ciências Sociais.
Lisboa: Gradiva, 1992: 29-44.
REIS, Roberto. Cânon. In: JOBIM, José Luis (org). Palavras da crítica. Rio de Janeiro:
Imago Ed., 1992: 65-92.
RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e competência. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 1993.
______. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. 2ª ed. São
Paulo: Cortez, 2001.
SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura ou “lei-dura” ? In: ABREU, Márcia (org.) Leituras
no Brasil: antologia comemorativa pelo 10°COLE. Campinas: Mercado de Letras e
Associação de Leitura do Brasil, 1995: 23-27.
______. Elementos de pedagogia da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
______; ZILBERMAN, Regina. Pedagogia da leitura: movimento e história. In:
ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs.) Leitura: Perspectivas
Interdisciplinares. 3 ed. São Paulo: Ática, 1995: 111-115.
SOARES, Magda Becker. Linguagem e escola. Uma perspectiva social. 13 ed. São
Paulo: Ática, 1995a.
______. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In:
ZILBERMAN, Regina & SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs.) Leitura: Perspectivas
Interdisciplinares. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995b: 18-29.
SOUZA, Roberto Acizelo de. Situação atual da grade do curso de Letras. Caderno de
Letras da UFF, n 1, 1990:p 151-71
SUSSEKIND, Flora. Papéis colados. Rodapés, Tratados e Ensaios. A formação da
crítica brasileira moderna. Rio de Janeiro: Ed. Da UFRJ, 1993. p. 13-33.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA. Reitoria. Estatuto e Regimento Geral.
Boa Vista: UFRR, 1994.
ZILBERMAN, Regina. A leitura e o ensino da literatura. 2ª ed. São Paulo: Contexto,
1991.
______; SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura: por que a interdisciplinaridade? In:
ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs.) Leitura: Perspectivas
Interdisciplinares. 3ªed. São Paulo: Ática: 1995.
274
ANEXOS
ANEXO I – BIBLIOGRAFIA DOS PROGRAMAS DAS DISCIPLINAS:
Legenda da Bibliografia dos programas das disciplinas:
A – Teoria da Literatura
B – Literatura Infanto-Juveníl
C – Ensino de Literatura
D – Literatura Portuguesa
E – Literatura Brasileira
F – História da Literatura
G – Literatura Regional (inclui a Literatura Popular e a Cearense)
H – Literaturas de Expressão Africanas
A- Teoria da Literatura (inclui Teoria da Literatura e Literatura Comparada)
1. ADORNO, Theodor. Lírica e Sociedade. In: BENJAMIN, Walter; HABERMAS, Jurgen;
HORKHEIMER. Adorno: textos escolhidos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril, s.d.
2. AMORA, Antônio Soares. Introdução à Teoria da Literatura. São Paulo: Cu1trix, 1992.
3. ______. Dicionário de Narratologia. Coimbra: Almedina, s.d.
4. ANGENOT, Marc et al. Teoria Literária . Lisboa: Dom Quixote, 1995.
5. ARISTÓTELES. Arte poética. São Paulo: Cultrix, 1995.
275
6. ______. Os pensadores, vol II. S.l.: Abril Cultural, s.d.
7. ______., HORÁCIO, LONGINO. A Poética Clássica. São Paulo: Cultrix/ Edusp, 1981.
8. ARRIGUCCI Jr. Davi. Enigma e Comentário. São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
9. AUERBACH, Erich, Introdução aos estudos literários. São Paulo: Cultrix, s.d.
10. BAKTHIN, Mikhail. Esthetique et Théorie du Roman. Paris: Gallimard, s.d.
11. BARTHES, Roland. O Prazer do Texto. São Paulo, Perspectiva, 1977.
12. ______. Sollers Escritor.Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, Fortaleza, Ed. UFC, 1982.
13. ______. O Grau Zero da Escritura. São Paulo, Cultrix, 1986.
14. ______. O Rumor da Língua. São Paulo: Brasiliense, 1988.
15. ______. Ensaios Críticos. Lisboa: Edições 70, s.d.
16. ______. Elementos de Semiologia. São Paulo: Cultrix. 1992.
17. ______. et al. Análise Estrutural da narrativa. Petrópolis: Vozes, s.d.
18. ______. Crítica e verdade. São Paulo: Perspectiva, s.d.
19. ______. Racine. São Paulo: L&PM, s.d.
20. BELLEMIN-NOEL, Jean. Psicanálise e Literatura. São Paulo: Cultrix, 1983.
21. BENJAMIN, Walter. O narrador. In: ______ et al. Os pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.
22. BERGEZ. Daniel et al. Métodos críticos para análise da obra de arte literária. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
23. BOILEAU. A Arte Poética. São Paulo: Perspectiva, 1979. (Coleção Elos, 34).
24. BORGES, Jorge Luis. Cinco Visões Pessoais. Brasília: UnB, 1987.
25. BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia . São Paulo: Cultrix, 1993.
26. BOURNEF, Roland; OUELLET, Réal. O universo do romance.Coimbra: Almedina, 1976.
27. BOUSOÑO, Carlos. Teoria de la Expressión Poética. Madrid: Ed. Grodes, 1970.
28. BRAIT, Beth. A Personagem. São Paulo: Ática, 1985.
29. BRUNEL, Pierre et al. Que é Literatura Comparada. São Paulo: Perspectiva, 1987.
30. CALVINO, Ítalo. Seis Propostas para o Próximo Milênio São Paulo: Companhia das
Letras, 1990.
31. CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.
276
32. CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem.São Paulo, Cultrix, 1976.
33. CANDIDO, Antônio et al. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 1985.
34. ______. Na sala de aula. Caderno de análises literárias. São Paulo: Ática, 1985.
35. ______ et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas:
Unicamp; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.
36. ______. Formação da literatura brasileira. São Paulo: Martins, s.d.
37. ______. Literatura e sociedade. São Paulo: Ed. Nacional, s.d.
38. CARLSON, Marvin. Teorias do teatro: estudo histórico-crítico dos gregos à atualidade.
São Paulo: Unesp, 1995.
39. CARVALHAL, Tânia Franco. Literaturas Comparadas. São Paulo: Ática, 1986.
40. CASTAGNINO, Raúl. Tempo e expressão literária. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
41. CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
42. CHALUB, Samira. Metalinguagem. São Paulo: Cultrix, 1986.
43. CHIAMPI, Irlemar. O Realismo Maravilhoso: forma e ideologia no romance hispanoamericano. São Paulo: Perspectiva, 1980.
44. ______ (coord.). Fundadores da Modernidade. São Paulo: Ática, 1991.
45. COELHO, Eduardo Prado. Os universos da Crítica. Lisboa: Edições 70, s/d.
46. COELHO, Nelly Novaes. O ensino da literatura. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
47. COHEN, Jean. Estrutura da Linguagem Poética. São Paulo: Cultrix, 1978.
48. CORTÁZAR, Julio. Valise de cronópio . São Paulo: Perspectiva, 1974.
49. COSTA LIMA, Luís. A Literatu ra e o Leitor: Textos de estética da recepção. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1980.
50. ______. Teoria da Literatura em suas Fontes. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.
51. ______. O Fingidor e o censor: no Ancien Regime, no Iluminismo e Hoje.Rio de Janeiro:
Forense, 1988.
52. ______. A Aguarrás do Tempo. Estudos sobre a Narrativa. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.
53. ______. O controle do imaginário. São Paulo: Brasiliense, s.d.
54. COUTINHO, Afrânio. Crítica e Teoria Literárias. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro;
Fortaleza: Edições Universidade do Ceará – PROED, 1987.
55. EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma Introdução. São Paulo: Martins Fontes,
1994.
277
56. EIKHENBAUM, et al. Teoria da Literatura – Formalistas Russos. Porto Alegre: Globo,
1971.
57. ELIOT, T.S. Ensaios. São Paulo: Art Edit., s.d.
58. FEHER, FEREC. O Romance está morrendo? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
59. FOSTER, E. M. Aspectos do Romance. Porto Alegre: Globo, 1986.
60. FOUCAULT, Michael. As palavras e as coisas. Lisboa: Portugália. S.d.
61. ______. Uma aula inédita. Trad. de Um cours inédit. In: Magazine littéraire, s.v., s.n., maio
1984.
62. FREADMAN, Richard; MILLER, Seumas. Re-pensando a teoria. Uma crítica da teoria
literária contemporânea. São Paulo: Unesp, 1994.
63. FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da Lírica Moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
64. FRYE, Northrop. Anatomia da Crítica. São Paulo: Cultrix, 1973.
65. GENETTE, Gerard. Figuras. São Paulo: Perspectiva, s.d.
66. GOLDMANN, Lucien. Sociologia do Romance. Rio de Janeiro: Paz e Terra, s.d.
67. GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons, Ritmos. São Paulo: Ática, 1987.
68. GOMES, Álvaro Cardoso; VECHI, Carlos Alberto. Introdução ao Estudo da Literatura.
São Paulo: Atlas, 1991.
69. GOTLlB, Nádia Battella. Teoria do Conto. São Paulo: Ática, 1985.
70. GROSSMANN, Judith. Temas de Teoria da Literatura. São Paulo: Ática, 1982.
71. GUINSBURG, J. (org.) O romantismo. São Paulo: Perspectiva.
72. ______; NETTO, T.C.;CARDOSO, R. C. (org.). Semiologia do teatro. São Paulo:
Perspectiva, 1988.
73. HAEDÉNS, KLÉBER. Paradoxe sur le roman. Paris, Grasset, 1964.
74. HAMBURGER, Katia. A lógica da criação literária . São Paulo: Perspectiva, 1975.
75. HAUSER. Arnold. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
76. HUGO, Victor. Do grotesco e do sublime. São Paulo: Perspectiva, 1988.
77. HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
78. HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
79. INTERTEXTUALIDADES. Poétique n° 27. Coimbra: Almedina, 1979.
80. JAKOBSON, Roman. Lingüística e poética. In: ______. Lingüística e comunicação. São
278
Paulo: Cultrix, 1970. p. 118-162.
81. JAUSS, Hans Robert. La actual ciência literária alemana: seis estúdios sobre el texto y su
ambiente. Salamanca: Anaya, 1971.
82. ______. Pour une esthétique de la réception. Paris: Gallimard, 1978.
83. ______. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática. 1994.
84. JOBIM, José Luís. O livro didático e o ensino da literatura no segundo grau. Rio de
Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 1986. Tese de doutorado. Mimeo.
85. ______.; SOUZA, Roberto Acízelo de. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1986.
86. ______, org. Palavras da crítica: tendências e conceitos no estudo da literatura.. Rio de
Janeiro: Imago, 1992.
87. ______. A leitura e a produção textual: urna visão histórica. In: ______. A poética do
fundamento. Niterói: EDUFF, 1996.
88. KAYSER, Wolfgang. Análise e interpretação da obra literária . Coimbra: Armênio Amado,
1968.
89. KHÉDE, Sônia Salomão. Os Contrapontos da Literatura. Petrópolis: Vozes, 1984.
90. ______. Formação da teoria da literatura. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico; Niterói:
EDUFF, 1987.
91. ______. Teoria da literatura. São Paulo: Ática, 1999.
92. KOTH, Flávio. A Alegoria. São Paulo: Ática, 1986.
93. KUNDERA, M. A arte do romance. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1989.
94. LACERDA, Virgínia Côrtes de. Das unidades didáticas à unidade da vida.Niterói: Centro
Educacional de Niterói, 1984.
95. LAJOLO, Marisa. O que é Literatura. São Paulo: Brasiliense, 1984.
96. ______ & ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1996.
97. LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (dir.). História: novos problemas. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1976.
98. LEFEBVE, Maurice-Jean. Estrutura do Discurso da Poesia e da Narrativa.Coimbra:
Almedina, 1980.
99. LEITE. Lygia Chiappini Morais. O Foco Narrativo. São Paulo: Ática 1985.
100. LÉVI-STRAUSS, Cla ude. Antropologia estrutural. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1970.
101. LOBO, Luiza (org.). Teorias poéticas do Romantismo. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1987.
279
102. LUBBOCK, Percy . A técnica da ficção. São Paulo: Cultrix, s.d.
103. LUCAS, Fábio. Vanguarda, história e ideologia na Literatura. São Paulo: Icone,
1985.
104. LUKÁCKS, Georg. Théorie du Roman. Paris: Éditions Gonthier, s.d.
105. MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor e
sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
106. ______. Elementos de lingüística para o texto literário . São Paulo: Martins Fontes, 1996a.
107. ______. Pragmática do discurso literário . São Paulo: Martins Fontes, 1996b.
108. MATOS, Cláudia Neiva de. Singular e/ou plural: o estudo das literaturas menores e sua
possível contribuição para uma nova historiografia. Revista 34 Letras, Rio de Janeiro, n.4, s.
pág., junho 89.
109. MESQUITA, Samira Nahid. O Enredo. São Paulo: Ática, 1987.
110. MEYERHOFF, Hans. O tempo na literatura. São Paulo: Macgraw-Hill.
111. MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. São Paulo: Cultrix, 1985.
112. ______ A criação Literária. Poesia. São Paulo: Cultrix, 1997a.
113. ______. A criação Literária. Prosa I. São Paulo: Cultrix, 1997b.
114. ______. A criação Literária. Prosa II. São Paulo: Cultrix, 1997c.
115. NASCIMENTO, F.S. Teoria da versificação moderna. Fortaleza: Casa José de Alencar,
1995.
116. NOVAES, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
117. NUNES, Benedito.O Tempo na Narrativa. São Paulo: Ática, 1987.
118. PALOTTINI, Renata. Dramaturgia: construção da personagem. São Paulo: Ática, 1989.
119. PAZ, Octavio. O Arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
120. ______. Os Filhos do Barro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
121. ______. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1976.
122. PORTELLA, Eduardo, et al. Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.
123. POUILLON, Jean. Tempo e Romance. São Paulo: Cultrix, s.d.
124. PRINCE, Gerald. Pragmática narrativa, mensagem e point.s.l.: s.e., s.d.
125. PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na Literatura. São Paulo: Ática, 1995.
126. PROPP, Vladimir. Morfologia do Conto. Rio de Janeiro: Forense, s.d.
280
127. REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo:
Ática, 1988.
128. ______. Técnicas de análise textual. Coimbra: Almedina, 1992.
129. REUTER, Yves. Introdução à análise do romance. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
130. REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA. América, américas. São Paulo. V.II, n. 21,
set.1990 /fev. 1991.
131. RIEDEL, Dirce Côrtes (org). Bricolage. Rio de Janeiro: Lidador, 1982.
132. ______. Narrativa: ficção e história. Rio de Janeiro: Imago, s.d.
133. ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São Paulo: Ática,
1981.
134. ROCHA, João Cezar de Castro, org. Teoria da ficção. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1999.
135. RYNGAERT, Jean Pierre. Introdução à análise do romance. São Paulo: Martins Fontes,
1996.
136. SÁ, Jorge. A crônica. São Paulo: Ática, 1992.
137. SAMUEL, Rogel. (Org.) Manual de Teoria Literária. Petrópolis: Vozes, 1985.
138. SANT´ANNA, Afonso Romano de. Paródia/ Paráfrase & Cia. São Paulo: Ática,
1985.
139. SANTIAGO, Silviano. Uma Literatura nos Trópicos. São Paulo: Perspectiva, 1978.
140. SARTRE, Jean-Paul. O que é Literatura? São Paulo: Ática, 1989.
141. SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina., 1982.
142. SILVA, Domingos Carvalho da. Uma Teoria do Poema. Ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1989.
143. SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 1989.
144. SOURIAU, Ettienne. As duzentas mil situações dramáticas. São Paulo: Ática, 1993.
145. SOUZA, Roberto Acízelo de. Formação da Teoria da Literatura. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico; Niterói: Universidade Federal Fluminense/EDUFF, 1987.
146. ______. Teoria da Literatura. São Paulo: Ática, 1999.
147. ______. Teoria literária: opções científicas e alternativa poética. In: ______. Teoria
Literária: Ensaios. Rio de Janeiro: Cronos, 1980. P. 8-81.
148. STAIGER, Emi1. Conceitos Fundamentais da Poética. Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro,
1975.
149. SUHAMY, Henry. A Poética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1988.
281
150. TADIE, Jean-Yves. A crítica literária no século XX. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, s.d.
151. TAINE, Hyppolite. Histoire de la littérature anglaise. Paris: Hachette.
152. TAVARES, Enio. Teoria Literária. Belo Horizonte: Itatiaia,1991.
153. TELES, Gilberto Mendonça (org.). Vanguarda européia e Modernismo brasileiro.
Petrópolis: Vozes, 1972.
154. TYANIOV, Yuri. et al. Teoria da Literatura. Porto Alegre: Globo, 1971.
155. TODOROV, Tzvetan. Estruturalismo e poética. São Paulo: Cultrix, s.d.
156. ______; et al. Teoria da Literatura dos Formalistas Russos. Porto Alegre: Globo, s.d.
157. ______; DUCROT, O. Dicionário enciclopédico de ciências da linguagem. Lisboa: Dom
Quixote, s.d.
158. TOLEDO, Dionísio Oliveira.(Org.) Teoria da Literatura.Formalistas russos. Porto Alegre:
Globo, 1976.
159. VASSALO, Lígia. A Narrativa ontem e Hoje. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
160. VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Lisboa: Ed. 70, 1987.
161. WELLEK, René. Concepts of criticism. New Haven/London: Yale University Press, 1963.
162. ______. Discriminations: further concepts of criticism. New Haven/London: Yale
University Press, 1971.
163. WELLEK, René. Conceitos de Crítica. São Paulo: Cultrix, s.d.
164. ______. Teoria da história literária. In: TOLEDO, Dionísio (org.) Estruturalismo e
semiologia – Círculo Lingüístico de Praga. Porto Alegre: Globo, s.d.
165. WELLEK, René e WARREN, Austin. Teoria da Literatura. Mira-Sintra: Publicações
Europa-América, s/d.
166. WHITE, Hayden. Meta -história: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo:
EDUSP, 1992.
167. ______. O valor da narratividade na representação da realidade. Niterói: Instituto de
Letras- UFF, 1991 (Cadernos de Letras da UFF, 3).
168. WRIGHT, Edward. Para compreender el teatro actual. México: Fondo de Cultura
Econômica, 1992.
169. ADORNO, Theodor et al. Textos escolhidos. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, s.d.
170. ALONSO, Amado. Materia y forma em poesia. Madrid: Gredos, 1965.
171. AMADO, Jorge. Gabriela Cravo e Canela. São Paulo: s.d., 1958.
282
172. AMADO, Jorge. Os pastores da noite. São Paulo: Martins, s.d.
173. AUERBACH, Erich. Mimesis. São Paulo: Perspectiva, s.d.
174. BAKHTINE, Mikhail. La poétique de Dostoievski. Paris: Seuil, 1970.
175. BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoievski. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1980.
176. BARBOSA, João Alexandre. A imitação da forma; uma leitura de João Cabral de Melo
Neto. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
177. BARTHES, Roland et al. Literatura e semiologia: seleção de ensaios da revista
“Communications”. Petrópolis: Vozes, 1972.
178. BEYLE, Henri – Stendhal- O vermelho e o negro. Rio de Janeiro: Ed. Ouro, s.d.
179. BUTUR, Michel. Repertorio. São Paulo: Perspectiva, 1974.
180. CAMOES, Luis de. Os Lusíadas. 2ed. Porto: Emanuel Paulo Ramos Ed., s.d.
181. CARONE NETO, Modesto. A poética do silencio; João Cabral de Melo Neto e Paul
Celan. São Paulo: Perspectiva, 1979.
182. COSTA LIMA, Luis. Lira e antilira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
183. ______. A metamorfose do silencio. Rio de janeiro: Eldorado, 1974.
184. ______. Dispersa demanda. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981.
185. COUTINHO, Afrânio. Introdução a literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Distr. De
Livros Escolares Ltda., s.d.
186. DOURADO, Autran. Ópera dos Mortos. Rio de Janeiro: Expressão e cultura, 1969.
187. ______. Uma poética de romance. São Paulo: Perspectiva, s.d.
188. ______. Uma vida em segredo. Rio de janeiro: Ed. Ouro, s.d.
189. ______. A Barca dos Homens. Rio de janeiro: Expressão e cultura, s.d.
190. DUBOIS, J. “Enoncé et enontiation”. In: Languages, 13 (Analyse du discours). Paris:
Didier-Larousse, 1969.
191. ECO, Umberto. A estrutura ausente. São Paulo: EdUSP/Perspectiva, 1971.
192. FERREIRA GULLAR. Cultura posta em questão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1965.
193.______. Vanguarda e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
194. FORTUNA, Eneida et al. Linguagem. Revista do Instituto de Letras, UFF, ano I, no. 2,
1978.
195. GENETTE, Gerard et al. Literatura e semiologia. Petrópolis: Vozes, 1972.
283
196. GUIRAUD, Pierre. A estilística. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
197. HOLANDA, Sergio Buarque. Cobra de vidro. São Paulo: Perspectiva, 1978.
198. KOTHE, Flavio R. Literatura e Sistemas Intersemioticos. São Paulo: Cortez, s.d.
199. KRISTEVA, Julia. Introdução a semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.
200. LEITE, Ligia Chiappini M. Invasão da catedral: literatura e ensino em debate. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1983.
201. LEITE, Sebastião Uchoa. Participação da palavra poética. Petrópolis: Vozes, 1966.
202. LEVI-STRAUSS et al. Estruturalismo. 2ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, n. 15/16,
s.d.
203. LOTMAN, Louri. A estrutura do texto artístico. Lisboa: Estampa, 1978.
204. LUCAS, Fabio. Temas literários e juízos críticos. Belo Horizonte: Tendência, 1963.
205. LUKACS, Georg. Ensaios sobre literatura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, s.d.
206. MACHADO, José de Alcântara. As obras primas do Conto Brasileiro. São Paulo: s.e.,
1953.
207. MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: ed. Ouro, s.d.
208. ______. Contos. Rio de janeiro: ed. Ouro, s.d.
209. MAMEDE, Zila. Civil geometria. São Paulo: Nobel/EDUSP/INL, 1987.
210. MARCO, Valeria et al. Língua e literatura: o professor pede a palavra. São Paulo: Cortez,
1981.
211. MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas (1940-1965). Rio de Janeiro: José
Olympio, 1979.
212. ______. Antologia poética. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1979.
213. MERQUIOR, José Guilherme. A astúcia da mimese. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1972.
214. MOISES, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971.
215. NUNES, Benedito. João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Vozes, 1971.
216. ______. O dorso do tigre. São Paulo: Perspectiva, 1976.
217. PANDOLFO, Maria do Carmo. Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.
218. PIGNATARI, Décio. Contracomunicaçao. São Paulo: Perspectiva, 1973.
219. PINON, Nelida. Fundador. S.l.: José Álvaro Ed., s.d.
220. ______. Sala de armas. Rio de Janeiro: José Olympio, s.d.
284
221. PORTELLA, Eduardo. Fundamento da investigação literária. Rio de janeiro: Tempo
Brasileiro, 1974.
222. RAMOS, Graciliano. Insônia. Rio de janeiro: s.e., 1955.
223. RAMOS, Maria Luiza. Fenomenologia da obra literária. Rio de Janeiro: Forense, 1972.
224. RAMOS, Péricles Eugenio da Silva. “O Modernismo na poesia: Joao Cabral de Melo
Neto”. In: COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Sul-Americana,
1969.
225. RECTOR, Mônica. Semântica estrutural. V Congresso Brasileiro de Língua e Literatura.
Rio de janeiro: Gernasa, 1974. p.41-57.
226. RENOVACAO. Recife, julho de 1941.
227. REVISTA BRASILEIRA DE POESIA. São Paulo, fev. 1949.
228. RICHARDS, I.A. Princípios da critica literária. Porto Alegre: Globo, 1971.
229. RIFATERRE. “ A metáfora filée”. Artigo traduzido e xerocado, sem indicação
bibliográfica.
230. ROSA, João Guimarães. Urubuquaquá no Pinhém. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.
231. ______. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.
232. ROSENFELD, Anatol. Texto/contexto. São Paulo: Perspectiva, s.d.
233. ______. Estrutura e problemas da obra literária. São Paulo: Perspectiva, 1976.
234. SANTIAGO, Silviano. Vale quanto pesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
235. SILVA, Vitor Manuel Aguiar e. A estrutura do romance. Coimbra: Almedina, 1974.
236. SODRÉ, Nelson Werneck. Historia da Literatura Brasileira: seus fundamentos
econômicos. São Paulo: Difel, s.d.
237. TEXTOS traduzidos pelos alunos, sob minha responsabilidade [Profa. Diva Vasconcelos
da Rocha], extraídos da revista Languages no. 17, 13 e 12, sobre os problemas de enunciação.
238. TREVISAN, Dalton. Cemitério de elefantes. 4ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1975.
239. VALLE, Eneida Fortuna Barros do. A palavra poética. Revista do Instituto de Letras, UFF,
2: 17-33, 1978.
240. VARELA, Luis Nicolau Fagundes. Obras completas. Rio de Janeiro: s.e., 1943.
241. VERISSIMO, Erico. Noite; novela. Rio de janeiro: Globo, 1958.
242. VIEIRA, Antonio. Sermão da Sexagésima. Nossos Clássicos. Rio de Janeiro: Agir, 1957.
285
243. VIET, Jean. Métodos estruturalistas nas ciências sociais. Rio de janeiro: Tempo
Brasileiro, 1967.
244. ARAUJO, Lais Correa de (comp.) Murilo Mendes. Petrópolis: Vozes, 1972.
245. CHAMIE, Mario. Casa da época. São Paulo: Conselho Estadual de Artes e Ciências
Humanas, 1979.
246. COSTA, Maria Ignes Correa da. “Memórias de uma entrevista”. In: Gentissima. Rio de
Janeiro: Record, 1968.
247. LISPECTOR, Clarice. Laços de família. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1965.
248. STEEN, Edla van. Viver e escrever. Porto Alegre: L&PM, 1981.
249. MELO NETO, João Cabral. Museu de tudo e depois. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1988.
B - Literaturas Infanto-Juvenis
1. ABRAMOVICH, Fanny. O Estranho Mundo que se Mostra as Crianças. São Paulo:
Summus, 1983.
2. ______. Literatura Infantil, gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1989.
3. ALBERTON, Carmen Regina et al. Uma dieta para crianças: Livro. Orientação a pais e
professores. Porto Alegre: Redac/Prodil, 1980.
4. ALMEIDA, Renato. Literatura Infantil. In: COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil.
Vol. VI, Rio de Janeiro: Editorial Sul Americana, 1971, p: 183-204.
5. AMARAL, Maria Lúcia. Criança é criança. Literatura Infantil e seus problemas. Petrópolis:
Vozes, 1971.
6. ARROYO, Leonardo. Literatura Infantil Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1968.
7. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fada. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980.
8. CARDOSO, Ofélia Boisson Cardoso. Fantasia, violência e medo na literatura infantil. 3 vol.
Rio de Janeiro: Conquista, 1959.
9. CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A Literatura Infantil. São Paulo: Global, 1984.
10. COELHO, Nelly Novaes. O ensino da literatura infantil. In: ______. O ensino da literatura.
3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
11. ______. A literatura infantil: história, teoria, análise (das origens orientais ao Brasil de
hoje). São Paulo/Brasília: Quiron/INL, 1981.
12. ______. A Literatura Infantil. São Paulo: Quiron, 1987.
13. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil (Teoria e Prática). São Paulo: Ática,
286
1983.
14. ______. Como Ensinar Literatura Infantil. 3ª ed. São Paulo: Discubra, 1974.
15. FROMM, Erich. A Linguagem Esquecida. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
16. JESUALDO. A literatura Infantil. São Paulo: Cultrix/USP, 1978.
17. LAJOLO, Marisa. Usos e Abusos da Literatura na Escola. Porto Alegre: Globo, 1978.
18. LISBOA, Henriqueta. Antologia poética para infância e a juventude. Rio de Janeiro:
Edições de Ouro, 1966.
19. ______. Literatura oral para a infância e a juventude. São Paulo: Cultrix, 1968.
20. MARTINS, Maria Helena. Crônica de Utopia, leitura e literatura infantil em trânsito. São
Paulo: Brasiliense, 1989.
21. MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Summus, 1979.
22. NUNES, Cassiano; BRITO, Mario da Silva. Poesia Brasileira para a Infância. 3ª ed. São
Paulo: Saraiva, 1968.
23. SALEN, Nazira. História da Literatura Infantil. 2ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
24. ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Global, 1981.
25. ______; LAJOLO, Marisa. Um Brasil para Crianças. São Paulo: Global, 1988.
26. ______. Literatura Infantil Brasileira, história e histórias. São Paulo: Ática, 1988.
27. ______. A Literatura Rarefeita, Livro e literatura no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1991.
28. ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989.
29. ANDRESEN, Sophia de Mello B. A noite de Natal. 3ª ed. Lisboa: Ática, 1975.
30. ______. A fada Oriana. Porto: Figueirinhas, 1974.
31. GUINSBURG, J. et al.(org.) Semiologia do teatro. São Paulo: Perspectiva, 1988.
32. KAPLAN, E. Ann (org.) O mal-estar no modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
33. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira. São Paulo: Ática,
1984.
34. Literatura infanto-juvenil brasileira. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1979.
35. MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1985.
36. NUNES, Lygia Bojunga. A bolsa amarela. Rio de janeiro: Agir, 1983.
37. ______. A casa da madrinha. 6ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1983.
38. PEPETELA. As abenturas de Ngunga. São Paulo: Ática, 1980.
287
39. ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura, ensino: uma problemática. São Paulo: Ática,
1981.
40. SÁ, Jorge de. A crônica. 4 ed. São Paulo: Ática, 1992.
41. ______. (org. e apres.) Rubem Braga. Rio de Janeiro: Agir, 1994.
42. SILVA, Ezequiel Theodoro; Zilberman, Regina (org.). Leitura: perspectivas
interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1988.
43. ZILBERMAN, Regina (org.). A produção cultural para a criança. 3 ed. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1986.
C- Ensino de Literatura
1. ABREU, Márcia. (org) Leituras no Brasil: antologia comemorativa pelo 10º COLE.
Campinas: Mercado de Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1995.
2. ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1993.
3. AQUINO, J. G. Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação professoraluno, São Paulo: Summus Editorial, 1996.
4. ASSOCIAÇAO DE LEITURA DO BRASIL. Em dia: Leitura & Crítica. Boletim Informativo,
Campinas, 4, 1998.
5. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 5ª ed. São Paulo: Hucitec, 1990.
6. ______. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
7. ______. Questõ es de Literatura e de Estética. A teoria do romance. 4ª ed. São Paulo:
Hucitec, 1998.
8. ______. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento.
O contexto de François Rabelais. 4ªed. São Paulo -Brasília: Hucitec, 1999.
9. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Ática, 1991.
10. BARTHES, R O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1988.
11. ______. Elementos de semiologia. São Paulo: Cultrix, 1997.
12. ______. O prazer do texto. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
13. BENJAMIN, W. Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987.
288
14. BERNSTEIN, B. A estruturação do discurso pedagógico. Classe, códigos e controle.
Petrópolis: Vozes, 1996.
15. BOURDIEU, Pierre. As regras da arte. Gênese e estrutura do campo literário. São Paulo,
Cia das Letras, 1996.
16. CALDWELL, H. The Brazilian Othello of Machado de Assis. Los Angeles, University of
California Press, 1960.
17. CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1985.
18. ______. A formação da literatura brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
19. CASASANTA, Tereza. Criança e literatura. 4ª ed. Belo Horizonte: Veja; Brasília: INL,
1974.
20. CAVALLO, G.; CHARTIER, R. Historia de la lectura em el mundo occidental. Madrid:
Taurus, 1998.
21. CHARTIER, Roger (org.). Práticas da Leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
22. ______. Introdução. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
23. ______. A aventura do livro. Do leitor ao navegador. Conversações com Jean Lebrun. São
Paulo : UNESP, 1999.
24. COELHO, Nelly Novais. O ensino da literatura. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
25. ______. A Literatura infantil. São Paulo: Quíron, 1984.
26. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil - Teoria e Prática . São Paulo: Átic a,
1985.
27. DANTAS, José Maria. Didática da literatura: proposta de trabalho e soluções possíveis.
Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
28. DENBY, David. Grandes livros, minhas aventuras com Homero, Rousseau, Shakespeare,
Marx e outros escritores brilhantes. Rio de Janeiro: Record, 1998.
29. DINORAH, Maria. O livro infantil e a formação do leitor. Petrópolis: Vozes, 1995.
30. ECO, Umberto. Lector in fabula. A cooperação interpretativa nos textos narrativos. São
Paulo: Perspectiva, 1986.
31. ______. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1979.
32. ______. O signo. Lisboa: Presença, 1997.
33. ______. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1997.
34. ______. Os limites da interpretação. São Paulo: Perspectiva, 1995.
35. FARIA, A. L. G Ideologia no livro didático. São Paulo: Cortez e Autores Associados, 1989.
289
36. FARIA, Maria Alice. Parâmetros Curriculares; as personagens de que os alunos realmente
gostam. São Paulo: Contexto, 1999.
37. FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. Literatura
pedagogiamoral? São Paulo: Cortez, 1982.
infanto -juvenil: arte ou
38. FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1996a.
39. ______. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 1996b.
40. FRANCHI, C. Criatividade e gramática. Trabalhos em Lingüística Aplicada, 9: 5-45, 1987.
41. ______. Linguagem - Atividade Constitutiva, Cad. Est. Ling., Campinas, 22: 9-39,1992.
42. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1992.
43. FREITAS, M. T. de A. (org.) Narrativas de professoras: pesquisando leitura e escrita numa
perspectiva sócio -histórica. Rio de Janeiro: Ravil e Escola de Professores, 1998.
44. GARCIA, Celina. A escola como personagem da Literatura Brasileira. Fortaleza: UFC,
1988. (dissertação de mestrado mimeografada).
45. GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
46. GOÉS, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil. São Paulo: Pioneira, 1984.
47. GOFFMAN, E A representação do eu na vida cotidiana. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
48. GUTIÉRREZ, Angela Maria Rossas Mota de. O caráter reprodutor do ensino de literatura
brasileira nos cursos de graduação em letras. Fortaleza: UFC, 1980. (dissertação de rnestrado
mimeografada)
49. GUTIERREZ, Angela Maria Rossas M. de. O caráter reprodutor do ensino de literatura
brasileira nos cursos de graduação em letras. Revista de Letras. Fortaleza: UFC, 9/10 (2/1):
julho/dez. jan./jun. 1985/86.
50. ISER, W O ato da leitura, vol. 1 e 2, São Paulo: Ed. 34, 1999.
51. JESUALDO. A Literatura Infantil. São Paulo: Cultrix, 1982.
52. KATO, M. Alfabetização, Leitura e Escrita – formação de professores em curso.São Paulo:
Martins Fontes, 1995.
53. KLEIMAN, Angela B.; MORAES, Silvia E. Leitura e Interdisciplnariedade: tecendo redes
nos projetos da escola. Campinas: Mercado de Letras, 1999.
54. KRAMER, Sônia. Alfabetização, Leitura e Escrita – formação de professores em curso. Rio
de Janeiro: Papéis e Cópias de Botafogo e Escola de Professores, 1995.
55. ______. Por entre as pedras: armas e sonho na escola. São Paulo: Ática, 1993.
56. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. 3ª ed. São
Paulo: Ática, 1999.
57. ______. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
290
58. ______. O que é literatura. 4ª ed.São Paulo: Brasiliense, 1984.
59. LARROSA, J. Lenguaje y educación. Em: AA.VV. Filosofia de la Educación hoy: temas.
Madrid: Dykinson: 193-214, 1998.
60. ______. Literatura, experiência y formación (entrevista a Jorge Larrosa por Alfredo J. da
Veiga Neto). In: COSTA, M.V. Caminhos investigativos. Novos olhares na pesquisa em
educação. Porto Alegre: Mediação, 1996: 133-162.
61. LEITE, Lígia Chiappini Moraes. Invasão da Catedral:literatura e ensino em debate . Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1983.
62. MACARO, Letícia. Ensino e Literatura no 2º grau: problemas e perspectivas. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1985.
63. MAINGUENEAU, D. Pragmática para o discurso literário. São Paulo: Martins Fontes,
1996.
64. MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
65. MARINHO, M.; SILVA, C.S.R. da (org.). Leituras do professor. Campinas: Mercado das
Letras e Associação de Leitura no Brasil, 1998.
66. MARTINS, M.H. O que é leitura. 12 ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
67. MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. 2ª ed. São Paulo: Summus, 1979.
68. NOGUEIRA, M.A.; CATANI, A. (org.) Pierre Bourdieu- escritos de educação. 2ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.
69. NOSELLA, Maria de Lourdes Chagas Deiró. As belas mentiras: a ideologia subjacente aos
textos didáticos. São Paulo: Moraes, 1980.
70. ORLANDI, Eni P. As formas do silêncio. No movimento dos sentidos. 3ª ed. Campinas: Ed.
Unicamp, 1995.
71. ______. Discurso e leitura. 3ª ed. São Paulo: Cortez e Unicamp, 1996.
72. ______. Interpretação. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1998.
73. ______. Leitura e discurso científico. Ensino da Ciência Leitura e Literatura. Caderno
Cedes, 41: 25-34, 1997.
74. PAULINO, Graça. Leitores sem texto. Tese de doutorado, Rio de Janeiro, UFRJ, 1990.
75. ______; WALTY, Ivete. (Org.) Teoria da Literatura na escola.Atualização para
professores de 1º e 2º graus. Belo Horizonte: UFMG, 1992.
76. PECHEUX, M. O Discurso - Estrutura ou acontecimento. 2ª ed. Campinas: Pontes, 1997.
77. PERRONE- MOISES, L. Texto, Crítica, Escritura. col. Ensaios 45, São Paulo: Ática, 1993.
78. PIMENTA, S. G O estágio na formação de professores. Unidade Teoria e Prática? São
291
Paulo: Cortez, 1997.
79. POSSENTI, Sírio. A leitura errada existe. In: BARZOTTO, V.H. (org.) Estado de Leitura.
Campinas: Mercado de Letras e Associação de Leitura do Brasil, 1999.
80. ______. Discurso, estilo e subjetividade. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
81. PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo: Ática, 1988.
82. REGO, M.F. O aprendizado da ordem. A ideologia nos textos escolares. Rio de Janeiro:
Achiamé, 1981.
83. ROSEMBERG, Fúlvia. Literatura nfantil e ideologia. São Paulo: Global, 1985.
84. SILVA, E. T.Elementos de pedagogia da leitura. São Paulo: Marfins Fontes, 1988.
85. SILVA, Lilian Lopes Martins da. A escolarização do leitor; a didática da destruição da
leitura na escola. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.
86. SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura Infanto-Juvenil: seis autores, seis estudos.
Goiânia: Ed.UFG, 1994.
87. SOARES, Magda B. Linguagem e escola. Uma perspectiva social. 13ªed. São Paulo: Ática,
1995.
88. SOBRINO, E. Ideologia e educação. Reflexões teóricas e propostas metodológicas, São
Paulo: Cortez e Autores Associados, 1986.
89. SOUZA, M.S.D. A conquista do jovem leitor: uma proposta alternativa. Florianópolis:
EdUFSC, 1993.
90. VIDAL, Luis Fernando. Al pie de Ia letra; reflexiones acerca de la enseñanza de la
literatura. Lima: Amaru, 1979.
91. WERTSCH, J. Voces de la mente: um enfoque sociocultural para el estúdio de la acción
mediada. Madrid: Visor Distribuciones, 1993.
92. ZILBERMAN, Regina. A Leitura e o ensino da Literatura. São Paulo: Contexto, 1988.
93. ______. A Literatura Infantil na escola. São Paulo: Global, 1981.
94. ______; SILVA, Ezequiel Theodoro. Literatura e Pedagogia: ponto e contraponto. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1990.
95. ______; ______. (org.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. 3ª ed. São Paulo: Ática,
1995.
Outros materiais didáticos:
Parâmetros Curriculares Nacionais (Língua Portuguesa e Literatura Vernácula)
Manuais didáticos e livros chamados paradidáticos utilizados pelas escolas para o ensino de
Língua Portuguesa e Literatura Vernácula.
Discos, revistas, jornais, transparências, filmes, vídeos, CD-Rom, gravuras, etc.
292
D- Literatura Portuguesa (inclui todas as literaturas portuguesas e cultura portuguesa):
1. AAVV. L´Humanisme portugais et e. Actes du XXIe Colloque International d`Etudes
Humanistes. Paris: Centro Cultural Português/Fund. Calouste Gulbenkian, 1984.
2. ABDALA JR., Benjamin; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa.
29ª ed. São Paulo: Atica, 1985.
3. ______. Estado e nação nas literaturas de língua portuguesa: perspectivas político-culturais.
XV Encontro de professores universitários brasileiros de literatura portuguesa. Assis, 1994,
v.1, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, p. 79-87.
4. ADERALDO, Noemi Elisa. Nos Caminhos da Literatura. Ensaios. Fortaleza. Secretaria de
Cultura e Desporto, 1983.
5. AFONSO, A. Martins. Curso de História da Civilização Portuguesa. 7ª ed. Porto: Porto
Editora, s.d.
6. AGUIAR, Joaquim Alves de. Um convento e uma passarola. Estudos portugueses e
africanos. (2): p. 125-131, nov. 1983.
7. AIRES, Eleonora Romano. A vanguarda de Almada Negreiros: presença do Futurismo
italiano no Modernismo português. São Paulo: Torres Pereira & Machado Editores, 1998.
8. ALCOFORADO, Mariana. Cartas de amor. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
9. ALVES, Adalberto. Arabesco da música árabe e da música portuguesa. Lisboa: Assírio &
Alvim, 1989.
10. ______. O meu coração é árabe. Lisboa: Assírio e Alvim, 1999.
11. ALLEMAND, Maria Lúcia de Oliveira. Leituras da pátria portuguesa; a jangada de
pedra. Niterói, Instituto de Letras/UFF, 1991, Dissertação de mestrado. Mimeo. 226p.
12. ______. José Saramago: uma leitura de epígrafes. XIII Encontro de professores
universitários brasileiros de literatura portuguesa. Rio de Janeiro, 1990, Faculdade de
Letras/UFRJ, 1992, p. 627-631.
13. ______. José Saramago: enigmas de uma navegação metafórica. Convergência Lusíada.
Rio de Janeiro, Real Gabinete Português de Leitura, 11: 46-51, 1994.
14. ALMEIDA, Sérgio Rubens Barbosa de. Viva o povo brasileiro e Levantado do chão.
Caleidoscópio, 8, São Gonçalo, AJOEC, p. 189-198, s.d.
15. AMORA, A. S. et al. Presença da Literatura Portuguesa.s.l.: s.e.. s.d.
16. ANDRADE, Ana Luiza. O fantasma oculto de José Saramago. JL, 7 (250): p. 16, abr. 1987.
17. ANDRADE, João Pedro de. Raul Brandão. Lisboa: Arcádia, 1963.
18. ARÊAS. Vilma Sant' Anna. A cicatriz e o verbo: análise da obra romanesca de Augusto
Abelaira. Rio de Janeiro: Casa da Medalha, 1972.
293
19. ______. O vinho maduro de Saramago. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 133: 6-9, 15 abr.
1989, Caderno Idéias.
20. ______. Tudo quanto não for vida é literatura. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 133: 7-9, 15
abr. 1989, Caderno Idéias.
21. AZEVEDO FILHO. Leodegário A. de. As cantigas de Pero Meogo: estabelecimento crítico
dos textos, análise literária, glossário e reprodução fac-similar dos manuscritos. 2ª Ed. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1981.
22. ______. Lírica de Camões: história, metodologia, corpus. Lisboa: Imprensa Nacional da
Moeda, 1984.
23. ______. Uma Visão Brasileira da Literatura Portuguesa. Coimbra: Almedina, 1985.
24. ______. Saramago ou a ficção que reinventa a história. Letras & Letras, 4 (44): p. 11, abr.
1991.
25. AYAD, A. S. A civilização árabe. Salvador: Universidade da Bahia - Centro de Estudos
Orientais, 1965.
26. BARADEZ, François. A longa caminhada. Dossier. Letras & Letras, 4 (49): p. 7-14,
jun. 1991.
27. ______. Sombra e sol. Dossier. Letras & Letras, 4 (49): p. 7-14, jun. 1991.
28. BARRETO, Luís Filipe. Caminhos do saber no Renascimento português: estudos de
história e teoria da cultura. Lisboa: INCM, 1986.
29. BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
30. ______. O pintor da vida moderna. In: CHIAMPI, Irlemar. Fundadores da modernidade.
São Paulo: Ática, 1991.
31. BENJAMIN, Walter. A origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
32. BERARDINELLI, Cleonice. Estudos camonianos. Rio de Janeiro: MEC - Departamento de
Assuntos Culturais, 1973.
33. ______. Estudos de literatura portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
1985.
34. ______. Os LUSÍADAS: a epopéia de uma época de contradições in APPEL, Myrna Bier;
GOETTEMS, Miriam Barcellos (org.). As formas do épico. Porto Alegre: Editora
Movimento/Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos/UFRGS, 1992.
35. BERNARDINO, Teresa. Sociedade e atitudes mentais em Portugal (1777-1810). Lisboa:
Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1986.
36. BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.
São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
37. BERRINI, Beatriz. Portugal de Eça de Queiroz. Lisboa: INCM, 1984.
38. ______ (Org.) José Saramago: uma homenagem. São Paulo: EDUC, 1999.
294
39. BETHENCOURT, Francisco; CURTO, Diogo Ramada (org.). A memória da nação;
colóquio do Gabinete de Estudos de Simbologia. Lisboa: Sá da Costa, 1991.
40. BRADBURY, Malcolm; McFARLANE, James. Modernismo: guia geral (1890-1930). São
Paulo: Companhia das Letras, 1989.
41. BRITO, Bernardo Gomes (Org.). História trágico-marítima. Rio de Janeiro: Lacerda
Editores: Contraponto Editores, 1998.
42. BULGER, Laura Fernanda. Saramago na Portucalense. Dossier. Letras & Letras, 4 (49): p.
7-14, jun. 1991.
43. CAMÕES, Luís de. Lírica, Redondilhas e Sonetos. s.1.: Ediouro,s.d.
44. ______. Os Lusíadas. São Paulo: Cultrix, s.d.
45. CAMPELO, Juril do Nascimento. A ficção da ficção em O ano da morte de Ricardo Reis.
Revista Letras, Curitiba (34): p. 39-43, 1985.
46. CASTELO, José. José Saramago, leitor de Georges Duby. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
24 abr. 1989, caderno B, p. 1.
47. CASTILHO, Antônio Feliciano de. O outono. Lisboa: Imprensa Nacional, 1863.
48. ______.A primavera. 3ªed. Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1903.
49. ______. Amor e melancolia ou A novíssima Heloísa. Lisboa: Empreza da História de
Portugal, 1903.
50. ______. Cartas de Ecco e Narciso. Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1903.
51. ______. Excavações poéticas. Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1904. 2v.
52. ______. A noite do castelo . Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1907.
53. ______. Os ciúmes do bardo. Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1907.
54. CASTILHO, Guilherme de. Vida e obra de Raul Brandão. Lisboa: Bertrand, 1978.
55. CASTRO, Eugênio. Obras Poéticas. 2ªed. Lisboa: Lúmen, 1927.
56. CATZ, Rebecca. A sátira social de Fernão Mendes Pinto: Análise critica da Peregrinação.
Lisboa: Prelo editoria, 1978.
57. ______. Fernão Mendes Pinto - Sátira e Anti-Cruzada na Peregrinação. Lisboa: ICALP,
1981.
58. CHAVES, Castelo Branco. O Romance Histórico no Romantismo Português. Lisboa:
ICALP. 1980.
59. CHIAMPI, Irlemar (coord.). Fundadores da modernidade. São Paulo: Ática, 1991.
60. CIDADE, Hernâni. Portugal Histórico Cultural. Salvador: Publicações da Universidade da
Bahia, 1957.
295
61. ______. O conceito de poesia como expressão da cultura. Coimbra: Armênio Amado
Editor, 1957.
62. ______. Lições de cultura e literatura portuguesa. 1º vol. S.l.: Coimbra Edit. Ltda.,1968.
63. ______. Luis de Camões - o lírico. 3ª ed. Lisboa: Bertrand, 1977.
64. ______. Luis de Camões - o épico. 3ª ed. Lisboa: Bertrand, 1977.
65. ______. Antero de Quental. Coleção A Obra e o Homem, Lisboa, s.d.
66. CITELLI, Adilson. Romantismo: uma palavra no tempo. Fogos de agulhas. In: ______.
História de Portugal. 2ª ed. Lisboa: Palas Editores, 1981.
67. COELHO, Eduardo Prado. A noite do mundo. Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda,
1988.
68. COELHO. Jacinto do Prado. Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa. Lisboa: Berbo,
1963.
69. ______. Dicionário de literatura. Porto: Figueirinhas, 1973.
70. ______. Introdução ao estudo da novela camiliana. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da
Moeda, 1982.
71. ______. Camões e Pessoa, poetas da utopia. Lisboa: Europa-América, 1983.
72. COELHO, Nely Novais. Escritores Portugueses. São Paulo: Quíron, 1973.
73. COHEN, Sandra. O evangelho segundo Saramago. O Globo, Rio de Janeiro, 13 out. 1991,
Livros, p.5.
74. ______. Um ateu preocupado com Deus. O Globo, Rio de Janeiro, 27 jun. 1993, Livros, p.3.
75. ______. O ajuste de contas de Saramago. O Globo, Rio de Janeiro, 17 abr. 1994, Livros, p.7.
76. CONNOR, Steven. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São
Paulo: Loyola, 1992.
77. CORTES, Cristino. A coragem de afirmar em José Saramago. Letras & Letras, 5 (66): 12, 4
mar. 1992.
78. CORTESÃO. Jaime, Eça de Queiroz e a questão social. Lisboa: Portugália, 1970.
79. COSTA, Francisco. Escritor reconstrói a “história do cerco de Lisboa”. Folha de São Paulo,
São Paulo, 22 abr. 1989, Letras, p. G-3.
80. COSTA, Horácio. Os textos experimentais de José Saramago. XIII Encontro de professores
universitários brasileiros de literatura portuguesa. Rio de Janeiro, 1990, Faculdade de
Letras/UFRJ, 1992, p. 538-543.
81. COSTA, Linda Santos. Trocar de Rosa. JL, 9 (359): p. 16-17, maio 1989.
82. COURI, Norma. A cidade dos mouros. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 133: 6-9, 15 abr.
296
1989, Caderno Idéias.
83. ______. Cristo foi um mártir com culpas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 nov. 1991,
Caderno Idéias, p. 6-8.
84. CRUZ, Duarte Ivo da. Introdução à história do teatro português. Lisboa: Guimarães, 1983.
85. CRUZ, Gastão. A poesia portuguesa hoje. Lisboa: Plátano, 1974.
86. CRUZ, Liberto. José Cardoso Pires. Lisboa: Arcádia. 1972.
87. CUNHA, M. H. R.da; PIVA, L. Lirismo e epopéia em Luís de Camões. São Paulo: Cultrix
/EDUSP, 1980
88. DA CAL, Ernesto Guerra. Linguagem e estilo de Eça de Queiroz. Lisboa: Áster, s.d.
89. DACOSTA, Fernando. Escrever é fazer recuar a morte, é dilatar o espaço da vida. JL, 2
(50): 16-17, jan. 1983.
90. D' ALGE, Carlos. Aspectos da Nova Literatura Portuguesa. Fortaleza: Imprensa
Universitária do Ceará, 1965.
91. ______. Terra do mar grande. Fortaleza: Imprensa Universitária da UFC, 1970.
92. ______. O sal da escrita. Ensaios de Literatura Comparada. Coleção Alagadiço Novo.
Fortaleza: Imprensa Universitária, 1977.
93. ______. As relações brasileiras de Almeida Garrett. Rio de Janeiro: Tempo
Brasiliense/MEC,
1978.
94. ______. O mito do paraíso terrestre em Camões in ______. O exílio imaginário Fortaleza:
PROEO- UFC, 1983.
95. ______. A experiência Futurista e a geração de "Orpheu". Lisboa: Instituto de Cultura e
Língua Portuguesa, 1989.
96. ______. Almeida Garrett. Rio de Janeiro: AGIR, 1996 (Col. Nossos Clássicos, v.122).
97. DAL FARRA, Maria Lucia. Florbela Espanca. Rio de Janeiro: AGIR, 1995 (Col. Nossos
Clássicos. v. 121).
100. DEUS, João de. Campo de flores: poesias líricas completas. Porto: Lello e Irmão, 1981.
101. DIAS, José Sebastião da Silva. A política cultural de Dom João III. Coimbra: s.e., 1960.
2v.
102. ______. A expansão portuguesa e a problemática cultural do século XVI. Lisboa:
Presença, 1992.
103. DINIS, Júlio. A Morgadinha dos Canaviais. Lisboa: Editora Ulisseia, s.d.
104. DUARTE, Lélia Parreira et al. José Saramago, tecedor da História. Boletim, 9/10 (12): 90100, jul/1986 a dez./1988.
297
105. EAGLETON, Terry. A ideologia da estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
106. ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval. Rio de Janeiro: Globo, 1989.
107. ELIOT, T. S. A essência da poesia. Rio de Janeiro: Artenova, 1972.
108. ESPANCA, Florbela. Poemas. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
109. FERRAZ, Maria de Lourdes. A ironia romântica: estudo de um processo comunicativo.
Lisoba: INCM, 1987.
110. FERREIRA, Alberto. Perspectiva do Romantismo português (1833-1865). Lisboa: Moraes
Editores,
1979.
111. FERREIRA, David Mourão. Vinte poetas contemporâneos. Lisboa: Edições Ática, 1960.
112. ______. Presença da "presença”. Porto: Brasília Editora, 1977.
113. FERREIRA, Joaquim. História da literatura portuguesa. 3ª ed. Porto: Domingos Barreira,
s.d.
114. FERREIRA, Maria Ema Tarracha. Poesia e prosa medievais. Lisboa: Editora Ulisséia,
1988.
115. ______(Org.). Literatura dos Descobrimentos e da expansão portuguesa. s.l.: Ulisséia, s.d.
116. ______. Crônicas de Fernão Lopes. s.l.: Ulisséia, s.d.
117. ______. Poesia e prosa medievais. s.1.: Ulisséia, s.d.
118. FERREIRA, Vergílio et al. Camões e a identidade nacional. Lisboa: INCM, 1983.
119. FIGUEIREDO, Antônio de. Portugal: 50 anos de ditadura. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1976.
120. FIGUEIREDO, Fidelino. História da literatura clássica. 3ª ed. São Paulo: Anchieta, 1946.
121. ______. História da literatura romântica (1825-1870). São Paulo: Anchieta, 1946.
122. ______. História da literatura realista (1871-1900). São Paulo: Anchieta, 1946.
123. FIGUEIREDO, João Pinto de. Cesário Verde: A obra e o homem. Lisboa: Editora Arcádia,
1981.
124. FILHO, Ruy Andrade. Os muçulmanos na Península Ibérica. São Paulo: Contexto, 1989.
125. FLORY, Suely Fadul Villibor. O inter-relacionamento História/História, Realidade/Ficção
na construção do texto de José Saramago. XV Encontro de professores universitários brasileiros
de literatura portuguesa. Assis, 1994, v.1, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, p. 369-377.
126. FONSECA, Manuel da. Seara de vento. Lisboa: Portugália, 1962.
127. FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna: da metade do século XIX a meados do
século XX. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
298
128. FUNDAÇÃO EUROPÁLIA INTERNACIONAL. Europália 91 Portugal. Bruxelas:
Europália,
1991. [Catálogo].
129. GARCEZ, Maria Helena Nery. A ficção portuguesa contemporânea (1960-1970). São
Paulo:
FFLCH/USP. Boletim nº 16, 1979.
130. GARCIA, José Martins. Vitorino Nemésio: a obra e o homem. Lisboa: Arcádia, 1978.
131. ______. David Mourão-Ferreira: a obra e o homem. Lisboa: Arcádia.. 1980.
132. GARRETT, Almeida. Camões. In: ______. Obras. São Paulo: Cultura, 1943. v.1.
133. ______. D. Branca. In: ______. Obras. São Paulo: Cultura, 1943. v.2. (Série Clássica
Brasileiro-Portuguesa 'Os Mestres do Pensamento")
134. ______. Folhas caídas e outros poemas. Lisboa: Clássica, 1943. (Clássicos Portugueses)
135. ______. Doutrina Restauradora Nacional. 2ª ed. Lisboa: Panorama, 1960. (páginas
Portuguesas)
136. GODINHO, Hélder. (Org.) e pref. Estudos sobre Virgílio Ferreira. Lisboa: Imprensa
Nacional-Casa da Moeda, 1982.
137. GOMES, Álvaro Cardoso. Poemas escolhidos de Bocage. São Paulo: Cultrix, 1974.
138. ______. A metáfora cósmica em Camilo Pessanha. São Paulo: EDUSP, 1977.
139. ______. Poesia simbolista: Literatura portuguesa. São Paulo: Global Editora, 1986.
140. ______. A literatura portuguesa em perspectiva: Simbolismo e Modernismo, v. 4. São
Paulo: Editora Atlas, 1994.
141. GOMES, Renato Cordeiro. A alquimia do sangue e do resgate em Levantado do chão.
Estudos portugueses e africanos (13): p. 101-109, jan./jun. 1989.
142. GONÇALVES, Elsa e RAMOS, Maria Ana. A lírica galego-portuguesa. Lisboa:
Comunicação, 1992.
143. GUIMARÃES, Fernando. Linguagem e ideologia. Porto: Editora Inova, 1972.
144. ______. Simbolismo, modernismo e vanguarda. Lisboa: Imprensa Naciona1- Casa da
Moeda, 1982.
145. ______. Poética do Saudosismo. Lisboa: Editorial Presença, 1988.
146. ______. Os problemas da modernidade. Lisboa: Editorial Presença, 1994.
147. HARVEY, David. Condição pós-moderna. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1992.
148. HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes,
1994. (Paidéia).
299
149. HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro:
Imago, 1991.
150. JÚDICE, Nuno. O processo poético. Lisboa: INCM, 1982.
151. JUNQUEIRO, A. M. Guerra. Horas de combate. Porto: Lello & Irmão, 1924.
152. ______. Prometeu libertado. Porto: Lello & Irmão, 1926
153. ______. Antologia para a juventude. Porto: Lello & Irmão, 1958.
154. ______. Vibrações líricas. Porto: Lello & Irmão, 1978.
155. ______. A morte de D. João. 14ªed. Porto: Lello & Irmão, s.d.
156. ______. Pátria. Porto: Lello & Irmão, s.d.
157. KAISER, Wolfgang. Análise da obra literária. 6ª ed. São Paulo: Cultrix, s.d.
158. LAPA, Rodrigues. Lições de literatura portuguesa: época medieval. 10ª ed. Coimbra:
Coimbra Edit., 1981.
159. LEMOS, Esther de. A Clepsidra de Camilo Pessanha: notas e reflexões. Lisboa: Verbo,
1981.
160. LEPECKI, Maria Lúcia. Romantismo e Realismo na obra de Júlio Dinis. Lisboa: ICALP,
1979.
161. ______. Levantado do chão: história e pedagogia. JL, 1 (18): p.12-13, out. Nov./ 1981.
162. LIMA. Francisco Ferreira de. O Outro livro das maraviIhas: A Peregrinação de Fernão
Mendes Pinto. Rio de Janeiro/Salvador: Relume Dumará/Fundação Cultural do Estado da
Bahia, 1998.
163. LIMA, Isabel Pires de. José Saramago: uma “figura” européia. Letras & Letras, Porto, 4
(49): 9, jun. 1991.
164. LIND, Georg Rudolf. Teoria poética de Fernando Pessoa. Porto: Inova, s.d.
165. LINHARES FILHO. O lirismo em Os Lusíadas. Revista de Letras, Fortaleza, v.3/4, n.2/1,
s.p., Jul/dez. 1980/ Jan/jun. 1981.
166. ______. Amor e misticismo em João de Deus. In: Revista da Academia Cearense de
Letras. Fortaleza, v.86, n.42, p. 13-27, 1981.
167. ______. A Outra Coisa na poesia de Fernando Pessoa. Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará, PROED, 1982.
168. ______. O místico e o social em 'São Cristóvão', de Eça de Queirós. In: Revista de Letras,
UFC, Fortaleza, v.6, n.112, p. 63-82, jan./dez.1983.
169. ______. O maneirismo na lírica de Camões. Revista de Letras, Fortaleza, v.12, n. ½, p.155170, Jan/dez. 1987.
170. ______. A modernidade da poesia de Fernando Pessoa. Fortaleza: Universidade Federal
300
do Ceará, 1991.
171. ______. O Poético como humanização em Miguel Torga. Fortaleza: Programa Editorial
Casa de José de Alencar, 1997.
172. LOPES, F. Textos escolhidos. Lisboa: Verbo, 1971.
173. LOPES, Oscar. Uma espécie de música (a poesia de Eugenio de Andrade). Lisboa:
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1981.
174. ______. Álbum de família: ensaio sobre autores portugueses do século XIX. Lisboa:
Caminho, 1984.
175. ______. Os sinais e os sentidos; literatura portuguesa do século XX. Lisboa: Caminho,
1986, p. 195-217.
176. ______. Entre Fialho e Nemésio. Estudos de literatura portuguesa contemporânea.
Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987.
177. LOURENÇO, Eduardo. Sentido e forma da poesia neo-realista. Lisboa: Dom Quixote,
1983.
178. ______. Poesia e metafísica: Camões, Antero e Pessoa. Lisboa: Sá da Costa, 1983.
179. ______. Fernando - rei da nossa Baviera. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
1986.
180. ______. Tempo e poesia. Lisboa: Relógio d´Água, 1987.
181. ______. A Europa desencantada: para uma mitologia européia. Lisboa: Visão, 1994.
182. ______. Nós e a Europa ou as duas razões. Lisboa: INCM, 1994.
183. ______. O Labirinto da Saudade: psicanálise mítica do destino português. Lisboa: Dom
Quixote, 1999.
184. ______. Mitologia da saudade. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1999.
185. LUCAS, Antônio C. (coord.) Críticas sobre Vitorino Nemésio. Lisboa: Bertrand, 1974.
186. MACEDO, Helder. Nós, uma leitura de Cesário Verde.3ª ed. Lisboa: D. Quixote, 1986.
187. ______. Cesário Verde: O romântico e o feroz. Lisboa: Edição & etc, 1988.
188. MACHADO, Álvaro Manuel. As origens do Romantismo em Portugal. Lisboa: ICALP,
1979.
189. ______. O mito do Oriente na literatura portuguesa. Lisboa: ICALP, s.d.
190. MACNAB, Gregory. A interface história -invenção em três romances de José Saramago.
Revista Letras, Curitiba, 38: 134-143, 1989.
191. MADRUGA, Maria da Conceição. Blimunda e os olhares excessivos. Dossier. Letras &
Letras, 4 (49): p. 7-14, jun. 1991.
301
192. ______. A paixão segundo José Saramago. Porto: Campo das Letras, 1998.
193. MAGALHÃES, Joaquim Manuel. Os dois crepúsculos: sobre poesia portuguesa atual e
outras crônicas. Porto: A Regra do Jogo, 1981.
194. MALTA, Maria Helena. O cerco de Lisboa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 abr. 1989.
Segundo Caderno, p.3.
195. MARGATO, Izabel. Ler (com) José Saramago. Rio de Janeiro. Faculdade de Letras da
UFRJ, 1992. Tese de doutorado. 216 p.
196. MARQUES, A. H. de Oliveira. História de Portugal. 3 v. 2ª ed. Lisboa: Palas Editores,
1981.
197. ______. A Sociedade Medieval Portuguesa. S.l.: s.e., s.d.
198. MARTINS, Elizabeth Dias. “Memoria l do Convento”: a narrativa do invisível. In:Escrita –
Revista da Pós-Graduação da PUC-Rio, v.1, n.2, jul/dez 1995, p. 30-45.
199. ______. Passos da paixão em Almeida Garrett. Fortaleza: IAPEL, 2000.
200. ______. Do fragmento a Unidade: a lição da gnose almadiana .Rio de Janeiro: PÓS/PUC,
2000.
201. ______. Cenas de Lisboa n'O Livro de Cesário Verde. Fortaleza: IAPEL, 2001.
202. ______. Quem ri de quem em Romagem de Agravados.In:ENCONTRO
INTERNACIONAL DE ESTUDOS MEDIEVAIS, 3, 2001, Rio de Janeiro. Anais do III
Encontro Internacional de Estudos Medievais. Rio de Janeiro: ABREM/Editora Ágora da Ilha,
2001.s.p.
203. MARTINS, Fernando Cabral. Poesia simbolista portuguesa. Lisboa: Editorial
Comunicação, 1990.
204. MARTINS, Francisco. O inverossímil segundo Saramago. Letras & Letras, 5 (66): 13,
mar. 1992.
205. MARTINS, J.V. de Pina. Humanisme et Renaissance de l´Italie au Portugal. Lês deux
regards de Janus. Lisboa e Paris: Calouste Gulbenkian, 1989. 2v.
206. MARTINS, Luís Almeida. A jangada de pedra, finalmente a questão ibérica. JL, 6 (227):
nov. 1986.
207. MARTINS, Oliveira. História de Portugal (vs.I e II). Mem Martins: Europa-América, s.d.
208. MARTINS, Elizabeth Dias. Fernão Lopes: marcas de tradição e inovação. Fortaleza:
IAPEL, 2002.
209. ______. Camões: alegria por trás do triste fado. Fortaleza: IAPEL, 2002.
210. MATTOSO, José. Portugal medieval – novas interpretações.Lisboa: INCM, 1985.
211. ______ et al. História de Portugal. Bauru: EDUSC; São Paulo:UNESP; Lisboa: Instituto
Camões, 2000
302
212. MEDINA, Cremilda de Araújo. A literatura dará corpo a este continente à deriva. O Estado
de São Paulo, São Paulo, 13 jun. 1982, p.32.
213. ______. Viagem à literatura portuguesa contemporânea. Rio de Janeiro: Nórdica, 1983, p.
261-282.
214. MEDINA, João. Eça de Queiroz e o seu tempo. Lisboa: Horizonte, 1972.
215. ______. Eça de Queiroz e a geração de 70. Lisboa: Moraes, 1980.
216. MELO E CASTRO, E.M. de. Projecto: poesia. Lisboa: INCM, 1984.
217. MENDES, João. Literatura Portuguesa I. Lisboa: Verbo, 1978.
218. ______. Literatura portuguesa II. Lisboa: Verbo, 1978.
219. ______. Literatura portuguesa. V.3. Lisboa: Verbo, 1979.
220. MENDES, José Manuel. Blimunda (um breve adágio pessoal) in Dossier – José Saramago.
Letras & Letras, 4 (49): 7/14, jun. 1991.
221. MENDES, Margarida Vieira. Poesias de Cesário Verde. Lisboa: Editorial Comunicação,
1982.
222. ______. A oratória barroca de Vieira. Lisboa: Editorial Caminho, l989.
223. MENDONÇA, Fernando. A Literatura Portuguesa no Século XX. Assis: HUCITEC/FFCL
de Assis, 1973.
224. MENEZES, Djacir. Crítica Social de Eça de Queiroz. Fortaleza: Imprensa Universitária do
Ceará, 1965.
225. MOISÉS, Carlos Felipe. Poética da rebeldia: a trajetória militante de José Gomes
Ferreira. Lisboa: Moraes Editora, 1983.
226. MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa moderna. São Paulo: Cultrix e USP, 1973.
227. ______. O conto português. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1981.
228. ______. A 1iteratura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1985.
229. ______. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix, 1988.
230. MONGELLI, Lênia Márcia de Medeiros; MALEVAL, Maria do Amparo Tavares;
VIEIRA, Yara Fratceschi. A literatura portuguesa em perspectiva: Trovadorismo e
Humanismo, v. 1. São Paulo: Editora Atlas, 1992.
231. ______. A literatura doutrinária na corte de Avis. São Paulo: Martins Fontes. 2001.
232. MONIZ, Antônio. Para uma leitura de sete poetas contemporâneos. Lisboa: Editorial
Presença, 1997.
233. MONTEIRO, Adolfo Casais. A poesia portuguesa contemporânea. Lisboa: Sá da Costa,
1977.
303
234. ______. O romance: teoria e crítica. Rio de Janeiro: José 0lympio, s.d.
235. MOOG, Viana. Eça de Queiroz e o século XIX. 5ªed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1966.
236. MOURA, Francisco Carlos. Teatro a bordo de naus portuguesas nos séculos XV; XVI.
XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Instituto Luso-Brasileiro de História/Liceu Literário Português,
2000.
237. NAMORA, Fernando; TORRES, Alexandre Pinheiro. Textos para Estudos: Neorealismo
em Portugal. Fortaleza: Centro de Cultura Portuguesa, 1969.
238. NEVES, João Alves das. O movimento futurista em Portugal.Lisboa: Divulgação, 1966.
239. ______. Contistas portugueses modernos. São Paulo: Samambaia, s.d.
240. NOBRE, Antônio. Só. 2ªed. s.I.:Ulisséia, 1998.
241. OLIVEIRA, Anabela Dinis Branco de. O outro-personagem sem nome? Para uma
definição do Outro em José Saramago. Letras & Letras, Porto, 4, (49): 13, jun. 1991.
242. ORTIGÃO, Ramalho. Farpas escolhidas. s.l.: Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses,
s.d.
243. PAIVA, José Rodrigues. O espaço-limite no romance de Vergílio Ferreira.Recife: Edições
Encontro/Gabinete Português de Leitura, 1984.
244. PASCOAES, Teixeira. Os poetas lusíadas. Lisboa: Assíri & Alvim, 1987.
245. PAZ, Octavio. Os filhos do barro (do Romantismo à vanguarda). Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.
246.PÉCORA, Alcir. Poesia seiscentista:Fênix Renascida & Postilhão de Apolo. São Paulo:
Hedra, 2002.
247. PEDROSA, Inês. A península Ibérica nunca esteve ligada à Europa. JL, 6 (227), p. 24-26,
nov. 1986.
248. PEREIRA, José Carlos Seabra. Decadentismo e Simbolismo na poesia portuguesa.
Coimbra: Centro de Estudos Românticos, 1975.
249. PERES, Damião. Como nasceu Portugal. Porto: Vertente, [s.d.].
250. PERROT, Michelle et al. História da vida privada: da Revolução Francesa à Primeira
Guerra. v. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
251. PESSANHA, Camilo. Clepsidra. 2ªed. s.l.: Ulisséia, s.d.
252. PESSOA, Fernando. O Eu profundo e outros eus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
253. PESSOA, Joaquim. Viagens na Nossa Terra: Portugal visto pelos escritores portugueses.
Lisboa: Direção Geral de Turismo, 1986.
254. PICCHIO, Luciana Stegnano. História do teatro português.Lisboa: Portugália, 1964.
304
255. PIMPÃO, Costa. Idade Média. 2ª ed. Coimbra: Atlântida. 1959.
256. PIRES, José Cardoso. O delfim. Lisboa: Moraes, 1971.
257. PIRES. Maria Lucília Gonçalves. Poetas do período Barroco. Lisboa: Editorial
Comunicação, 1985.
258. POE, Edgar Allan. Poemas e Ensaios. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
259. POUND, Ezra. A arte da poesia. 3ª Ed. São Paulo: Cultrix, 1991.
260. PONTES, Mario. A tentação de Saramago. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 2 nov. 1991,
Caderno Idéias, p. 8-9.
261. PONTES, Roberto. Por que ler Camões hoje?. O Povo, s.l., 23 set.1995, p.5.
262. ______. Poesia insubmissa afrobrasilusa.Rio de Janeiro/Fortaleza: Oficina do
Autor/Edições UFC, 1995.
263. ______. Uma desleitura de Os Lusíadas. Escrita III- PUC, Rio de Janeiro, 1997.
264. ______. Três variações de Mefisto em Eça. Rio de Janeiro: Trifólio, 1997.
265. ______. O jogo de duplos na poesia de Mario de Sá-Carneiro. Rio de Janeiro: PÓS/PUC,
1998.
266. ______. Residualidade e mentalidade na lírica camoniana. Fortaleza: IAPEL, 2000.
267. ______.Mentira e verdade na Peregrinação. Conferência proferida no VI Encontro dos
Intelectuais e Artistas da Lingua Portuguesa. Fortaleza: IAPEL, 2000.
268. ______.Uma leitura de Romagem de Agravados. Fortaleza: IAPEL, 2000.
269. ______. Da celebração da palavra à palavra da celebração: Pe. Antônio Vieira. Fortaleza:
IAPEL, 2000.
270. ______. Residualidade e mentalidade trovadorescas no Romance de Clara Menina.
In:ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS MEDIEVAIS, 3, 2001, Rio de Janeiro.
Anais do III Encontro Internacional de Estudos Medievais. Rio de Janeiro: ABREM/Editora
Ágora da Ilha, 2001.s.p.
271. ______. A perspectiva romântica de Amor de perdição. Prefácio in BRANCO, Camilo
Castelo. Amor de Perdição. Fortaleza: ABC Editora, 2003.
272. ______. Amor de salvação: Um elogio da felicidade. Prefácio in BRANCO, Camilo
Castelo. Fortaleza: ABC Editora, 2003.
273. QUADROS, Antônio. Crítica e verdade: introdução à atual literatura portuguesa. Lisboa:
Livraria Clássica, 1964.
274. ______. Fernando Pessoa: vida, personalidade e gênio. 2ª ed. Lisboa: Dom Quixote,
1984.
275. QUEIRÓS, Eça de. Uma campanha alegre: de «As Farpas». Porto: Lello & Irmão, s.d. 2v.
305
276. QUENTAL, Antero de. Sonetos completos e poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Livros de
Portugal, 1942. (Coleção Clássicos e Contemporâneos)
277. ______. Odes modernas. Lisboa: Ulmeiro, 1983.
278. ______. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Agir, s.d. (Nossos Clássicos; 6)
279. REBELLO, Luis de Sousa. Os rumos da ficção de José Saramago. In: SARAMAGO, José.
Manual de pintura e caligrafia. 3ª ed. Lisboa: Caminho, 1983.
280. REBELLO, Luiz Francisco. O teatro romântico (1838-1869). Lisboa: ICALP, 1980.
281. ______. História do teatro português. 2ª ed. Lisboa: Europa-América, 1972.
282. RÉGIO, José. Pequena história da moderna poesia portuguesa. 4ªed. Porto: Brasília
Editora, 1976.
283. REIS, Carlos. Estatuto e perspectiva do narrador na ficção de Eça de Queiroz. Coimbra:
Almedina, 1975.
284. ______. O discurso ideológico do neo-realismo português. Coimbra: Almedina, 1983.
285. ______. Construção da leitura- ensaios de metodologia e de crítica literária. Coimbra:
Inst. Nac. de Invest. Científica, 1985.
286. _____. O conhecimento da leitura: introdução aos estudos literários. Coimbra: Almedina,
1985.
287. REMÉDIOS, Maria Luiza Ritzel. O romance português contemporâneo. Santa Maria:
UFSM, 1986.
288. ______. A prosa portuguesa contemporânea: texto, contexto, intertexto. XV Encontro de
professores universitários brasileiros de literatura portuguesa. Assis, 1994, v.1, Faculdade de
Ciências e Letras de Assis, p. 359-367.
289. Revista A Phala –um século de poesia.Lisboa: Assírio & Alvim, 1988.
290. ROCHA, Clara. O palácio do Rei Pavão. Diário de Notícias – Revista de Livros: 5, nov.
1983.
291. ______. Saramago e a ficção sobre a ficção. JL, 4 (123): p. 9, nov. 1984.
292. RODRIGUES, Urbano Tavares. Realismo, arte de vanguarda e nova cultura. Lisboa:
Editora Ulisséia, 1966.
293. RORIZ, Aydano. O desejado. A fascinante história de Dom Sebastião. São Paulo: Ediouro,
2002.
294. ROSA, Alberto Machado da. Eça de discípulo de Machado? Rio de Janeiro: Fundo da
Cultura, 1963.
295. ROSSI, Luciano. A literatura novelística na Idade Média portuguesa. Lisboa: ICALP,
1979.
296. SÁ-CARNEIRO, Mário. Poesia . São Paulo: Iluminuras, 1995.
306
297. SAID, Eduard W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
298. SALEMA, Alvaro. Alves Redol: a obra e o homem. Lisboa: Arcádia, 1980.
299. SAPEGA, Ellen W. Ficções modernistas: um estudo da obra em prosa de José de Almada
Negreiros. 1915-1925. Lisboa: ICALP, 1992.
300. SANTILLI, Maria Aparecida. Arte e Representação da Realidade no Romance Português
Contemporâneo. s.l.: s.e., s.d.
301. SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela Mão de Alice: o social e o político na pósmodernidade. São Paulo: Cortez Editora, 1996.
302. SANTOS, Ceres Costa Fernandes dos. O narrador plural na voz de José Saramago. Tese
mimeo. Rio de Janeiro, PUC-RJ, 1989.
303. SÀFAKY, Naief. O sentido humano do lirismo de João de Deus.São Paulo: Faculdade de
Filosofia, Ciênc ias e Letras de Assis, 1961.
304. SARAIVA, António José. Luis de Camões. Lisboa: Europa-América, 1959.
305. ______. Para a História da Cultura em Portugal. vs. I e II. Mem Martins: EuropaAmérica, 1972.
306. ______. O discurso engenhoso: estudo sobre Vieira e outros autores barrocos. São Paulo:
Perspectiva, 1980.
307. ______. Gil Vicente e o fim do teatro medieval. 2ª ed. Lisboa: Gradiva, 1994.
308. ______. A cultura em Portugal. 2ª ed. Lisboa: Gradiva, 1994. 2v.
309. ______. O crepúsculo da Idade Média em Portugal. Lisboa: Gradiva, 1995.
310. ______; LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa. 17ª ed. Porto: Porto Editora,
1996.
311. ______. História da Cultura em Portugal. (jornal). s.l., s.e, s.d.
312. ______. Iniciação na Literatura Portuguesa. Lisboa: Gradiva, s.d.
313. SARAIVA, José Hermano. História Concisa de Portugal. 16ª ed.. Mem Martins:
EuropaAmérica, 1993.
314. SARAMAGO, José. Levantado do chão. São Paulo: Difel, 1983.
315. ______. Memorial do convento. São Paulo: Difel, 1983.
316. ______. Manual de pintura e caligrafia. 3ª ed. Lisboa: Caminho, 1983.
317. ______. O ano da morte de Ricardo Reis. 6ªed. Lisboa: Caminho, 1985.
318. ______. Deste mundo e do outro. Crônicas. Lisboa: Caminho, 1985.
319. ______. A jangada de pedra. Lisboa: Caminho. 1986.
307
320. ______. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
321. ______. O evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
322. ______. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
323. SCHLEGEL, Friedrich. Conversa sobre a poesia e outros fragmentos. São Paulo:
IIuminuras, 1994.
324. SEABRA, José Augusto. Fernando Pessoa ou o poetodrama. São Paulo: Perspectiva,
1974.
325. SEIXO, Maria Alzira. A palavra do romance: ensaios de genologia e análise. Lisboa:
Livros Horizonte, 1986, p.21-27.
326. SENA, Jorge de. Da poesia portuguesa. Lisboa: Edições Ática. 1959.
327. SÉRGIO, António. Breve interpretação de Portugal. 13ª ed. Lisboa: Sá da Costa, 1989.
328. ______. História de Portugal. Coleccion Labor. S.l., s.e., s.d.
329. SERRÃO, Joel. Temas oitocentistas I. Lisboa: Ática, 1979.
330. ______. Cronologia Geral da História de Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 1980.
331. SILVA, Teresa Cristina Cerdeira da. José Saramago entre a história e a ficção: uma saga
de portugueses. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
332. ______. No paraíso da memória, um outro valor da terra se alevanta. XIII Encontro de
professores universitários brasileiros de literatura portuguesa. Rio de Janeiro, 1990. Faculdade
de Letras/UFRJ, 1992, p. 297-392.
333. _____. Saramago e Redol: referência e reverência. XV Encontro de professores
universitários brasileiros de literatura portuguesa. Assis, 1994, v.1, Faculdade de Ciências e
Letras de Assis, p. 106-115.
334. SILVA, Victor Manuel Pires de Aguiar. Maneirismo e barroco na poesia lírica
portuguesa. Coimbra: Centro de Estudos Românticos, 1971.
335. ______. A estrutura do romance. Coimbra: Almedina, 1974.
336. ______. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina., 1982
337. SILVEIRA, Francisco Maciel. Poesia Clássica: Literatura Portuguesa. São Paulo: Global,
1988.
338. _____; MONGELLI, Lênia Márcia de Medeiros; CUNHA, Maria Helena Ribeiro da. A
literatura portuguesa em perspectiva: Classicismo, Barroco e Arcadismo, v. 2. São Paulo:
Editora Atlas, 1993.
339. SILVEIRA, Jorge Fernandes. O bom romance português. Jornal de letras, Artes e Idéias.
Lisboa, 148: 3-4, maio 1985.
340. ______. Fontes na prosa portuguesa contemporânea. XV Encontro de professores
308
universitários brasileiros de literatura portuguesa.Assis, 1994, v.1., Faculdade de Ciências e
Letras de Assis, p. 355-358.
341. SIMÕES, João Gaspar (org.). História da Literatura Portuguesa do século XIX. 3 vols.
Lisboa: Ática, 1967.
342. ______. História da poesia portuguesa. 2º vol. Lisboa: Ática, 1955.
343. ______. Antero de Quental. Lisboa: Editorial Presença, 1962.
344. ______. História do Romance Português. V. II. Lisboa: Verbo, 1969.
345. ______. O mistério da poesia. Porto: Editorial Inova. 1971.
346. ______. Heteropsicografia de FernandoPessoa. Porto: Editorial Inova, 1973.
347. ______. Vida e obra de Eça de Queiroz. Lisboa: Bertrand, 1973.
348. ______. Perspectiva histórica da poesia portuguesa (dos simbolistas aos novíssimos).
Porto: Brasília Editora, 1976.
349. ______ .José Régio e a História do Movimento de “presença”. Porto: Brasília Editora,
1977.
350. _____. Perspectiva histórica da ficção portuguesa: das origens ao século XX Lisboa:
Dom Quixote, 1987.
351. ______. Júlio Dinis: A obra e o homem. Lisboa: Editora Arcádia, s.d.
352. ______. História do Movimento de “presença”. Coimbra: Atlântida, s.d.
353. ______. Vida e obra de Fernando Pessoa. História de uma geração. 2ªed. Lisboa:
Bertrand, s.d.
354. ______. Eça de Queiroz. O homem e o artista. 2ª ed. Lisboa: Bertrand, s.d.
355. SOARES, Maria de Lourdes Martins de Azevedo. Mulheres em tempo gerúndio. Tese
mimeo. Rio de Janeiro, OUC-RJ, 1988.
356. SOARES DE PASSOS. Poesias. 10ª.ed. Lisboa-Paris: Lello & Irmãos-Chardron, 1925.
357. SPINA, Segismundo. Apresentação da lírica trovadoresca. Rio de Janeiro: Livraria
Acadêmica, 1956.
358. ______. A lírica trovadoresca. São Paulo: Edusp, 1991.
359. ______. Presença da literatura portuguesa.São Paulo: Difusão Européia do Livro,
360. ______; SANTILLI, Maria Aparecida. A apresentação da poesia barroca portuguesa.
Assis: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. 1967.
361. TORRES, Alexandre Pinheiro. Romance: o mundo em equação. Lisboa: Portugàlia, 1967.
362. ______. O Neo-Realismo Literário Português. Lisboa: Moraes Editores, 1977.
363. ______. 0 movimento neo-realista em Portugal na sua primeira fase. Lisboa: ICALP,
309
1983.
364. ______ et a1. 21 estudos sobre Eugênio de Andrade;seguidos de antologia. Porto: Inova,
s.d.
365. VALE, Francisco. Neste livro nada é verdade e nada é mentira. JL, 4 (121): p. 2-3, out.
Nov./ 1984.
366. VALLADARES, Maria Therezinha do Prado. Quando a história comanda o espetáculo.
Tese mimeo. Rio de Janeiro, Faculdade de Letras da UFRJ, 1987.
367. VASCONCELOS, Carolina Michaêlis de. A saudade portuguesa. Lisboa- Porto-Rio de
Janeiro: Renascença Portuguesa-Seara Nova-Anuário do Brasil, 1922.
368. VECCHI, Carlos Alberto et al. A literatura portuguesa em perspectiva: Romantismo e
Realismo, v. 3. São Paulo: Editora Atlas, 1994.
369. ______; RIBEIRO, Raquel de Souza. Romantismo (1825-1865). São Paulo: Atlas, 1994.
370. VENÂNCIO, Fernando. Que farei com este cerco? JL, 9 (368): p. 6-8, jul. 1989.
371. VERDE, Cesário. O livro de Cesário Verde e poesias dispersas. Mém Martins: Europa
América,1998.
372. VICENTE, Gil. Obras-primas do teatro vicentino. São Paulo: Difusão Européia do Livro;
EDUSP, 1970.
373. VIDIGAL, Luis. O jovem Aquilino Ribeiro. Lisboa: Livros Horizonte, 1986.
374. VIEIRA Pe Antonio Os sermões. São Paulo: Melhoramentos, 1963
375. ______. Sermão da Sexagésima. 3ª ed. S.l.: Ulisséia, s.d.
376. VILLARDI, Raquel. Trindade feminina em Saramago. XIII Encontro de
professores universitários brasileiros de literatura portuguesa. Rio de Janeiro,
1990, Faculdade de Letras/UFRJ, 1992, p. 658-661.
377. WALTY, Ivete Lara Camargos. O risco da escrita: uma leitura de A jangada
de pedra, de José Saramago. Boletim CESP, v. 14, n.17: 16-23, jan./jul. 1994.
378. WELLEK, René. Conceitos de Crítica. São Paulo: Cultrix, s.d.
379. WILSON, Robert. Uma pequena morte em Lisboa. Rio de Janeiro-São Paulo: Record,
2002.
380. WISNICK, José Miguel. Iluminações profanas: poetas, profetas, drogados. O OLHAR.
São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
381. ALBUQUERQUE, Luís de. Ciência e experiência nos Descobrimentos Portugueses.
Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983.
382. ARIES, Philippe; DUBY, Geoges. Historia da vida privada, v.2: Da Europa feudal ao
Renascimento. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
310
383. ARMAND, Anne. Moyan Age et XVI siecle. Paris: Hatier, 1989.
384. AZEVEDO Filho, Leodegário A. A história da Literatura portuguesa: a poesia dos
trovadores galeo-portugueses. Rio de janeiro/Maceió: Tempo Brasileiro/EDUFAL, 1983. v.1.
385. BEDIER, Joseph. O romance de Tristão e Isolda. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
386. BELL, Aubrey F.G.. Estudos Vicentinos. Lisboa: Imprensa Nacional, 1940.
387. BENJAMIN, Walter. Documentos de Cultura/Documentos de Barbárie. Org. Willi Bolle,
São paulo: Cultrix/EDUSP, 1986.
388. BERGSON, Henri. Le rire: essai sur la signification du comique. Paris: PUF, 1975.
389. BISMUT, Roger. La lyrique de Camões. Paris: PUF, 1970.
390. BOCAGE, M.M. Barbosa du. Sonetos. Introd. Vitorino Nemesio. Lisboa: Clássica, 1943.
391. BOSI, Alfredo. O ser e o tempo na poesia. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1977.
392. BRAGA, Teophilo. Historia do theatro portuguez. Vida de Gil Vicente e sua eschola:
século XVI. Porto: Imprensa Portugueza, 1870.
393. BRANCO, Camilo Castelo. Amor de perdição. Porto: Lello & Irmão, 1983.
394. CAMOES, Luis de. Rimas. Coimbra: Atlântida, 1973.
395. ______. Lírica Completa. Pref. E notas de Maria de Lourdes Saraiva. Lisboa: Imprensa
Nacional/Casa da Moeda, 1980-1. 3v.
396. CANçÃO DE ROLANDO, A. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1988.
397. CIDADE, Hernâni. A poesia lírica cultista e conceptista. Lisboa: Seara Nova, 1968.
398. COELHO, Jacinto de Prado. Problemática da Historia literária. Estudos sobre Camõespaginas do Diário de Noticias no 4º. Centenário de sua morte. Lisboa: INCM, 1981.
399. COHEN, Jean. Estructura del lenguage poético. Madrid: Gredos, 1970.
400. CORREIA, Natália (org.) Cantares dos trovadores galego-portugueses. 2ed. Lisboa: Ed.
Estampa, 1978.
401. DUBY, Georges. Idade Média,Idade dos Homens: do Amor e outros ensaios. São Paulo:
Companhia das Letras, 1980.
402. FERREIRA, Ana Maria Pereira. O essencial sobre Portugal e a origem da liberdade dos
mares. Lisboa: INCM, 1988.
403. FOUCALT, Michel As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 9 ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1990.
404. GALLUZ, Maria Aliete (org.). Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar,
1965.
405. HAUSER, Arnold. Maneirismo. 2ed. São Paulo: Perspectiva, 1993.
311
406. HERCULANO, Alexandre. Lendas e narrativas. Obras completas. São Paulo: Saraiva,
1959.
407. HOCKE, Gustav. Maneirismo: o mundo como labirinto. 2ed. São Paulo: Perspectiva,
1992.
408. HUIZINGA, Johannes. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1971.
409. LAGARDE, André; MICHARD, Laurent. Moyen Age. Paris: Bordas, 1963.
410. LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no
Ocidente. Lisboa: Estampa, 1980.
411. LOBEIRA, João (?). Amadis de Gaula. Sel., trad., org. e pref. de Rodrigues Lapa. 6ed.
Lisboa: Seara Nova, 1973.
412. LOPES, Oscar. Ler e depois. Porto: Inova, 1969.
413. MALORY, Sir Thomas. A morte de Arthur. Brasília: Thor, 1987. 2v.
414. MELO E CASTRO, E.M. O fim visual do século XX. São Paulo: EDUSP, 1993.
415. NUNES, J.Joaquim. Cantigas d’amigo dos trovadores galego-portugeses. Coimbra:
Imprensa da Universidade, 1928.
416. ______. Crestomatia Arcaica: excertos de Literatura portuguesa. 5 ed. Lisboa: Clássica,
1959.
417. PASTOREAU, Michel. No tempo dos cavaleiros da Távola Redonda. São Paulo:
Companhia das Letras/Circulo do Livro, 1989.
418. PESSANHA, Camilo. Clepsidra e outros poemas. Lisboa: Ática, 1969.
419. PIMPAO, Álvaro J. Costa (sel.). Poetas do Cancioneiro Geral. Lisboa: Clássica, 1942.
420. POEMA DO CID. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
421. QUEIROZ, Eça de. Obra completa. Vol. I. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1970.
422. RECKERT, Stephen. Gil Vicente: espírito e letra- estudos. Lisboa: Imprensa
Nacional/Casa da Moeda, s.d.
423. RIBEIRO, Maria Aparecida. Gil Vicente e a nostalgia da Ordem. Rio de janeiro: Livraria
Eu e Você, 1984.
424. ROUGEMONT, Denis. O amor e o Ocidente. 2ed. Rio de janeiro: Guanabara, 1988.
425. SÁ CARNEIRO, Mario de. Poesia completas. Porto: Anagrama, 1980.
426. SANTIAGO, Silviano. Eça, autor de Unne Bovary. Conferencia lida na Indiana University
em 30 de abril de 1970, por ocasião do centenário da “Geração de 70”. Copia pré-publicaçao.
Departamento de Letras e Artes, PUC/RJ.
312
427. SARAIVA, José Hermano. Historia concisa de Portugal. 16ed. Lisboa: Europa-America,
1984.
428. SEIXO, Maria Alzira. Discursos do Texto. Amadora: Livr. Bertrand, 1977.
429. VERDE, Cesário. O livro de Cesário Verde. Ed. Revista por Cabral do Nascimento.
Lisboa: Minerva, 1977.
430. VICENTE, Gil. Obras completas. Org. Marques Brafa. 5ed. Lisboa: Sá da Costa, 1974. 6v.
431. ______. Sátiras sociais: Auto da Índia, Quem tem farelos?, Farsa de Inês Pereira, O Juiz
da Beira, Farso dos Almocreves, Romagem dos Agravados. Lisboa: Europa-America, 1975.
432. ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz: a “literatura” medieval. São Paulo: Companhia das
Letras, 1993.
E- Literaturas Brasileiras:
1. ABDALA JUNIOR, Benjamim; CAMPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da literatura
brasileira. São Paulo: Ática, 1986.
2. ALMEIDA, José Américo de. A Bagaceira. s.l.: s.e., s.d.
3. ALMEIDA, José Mauricio Gomes de. A tradição regionalista no romance brasileiro. Rio de
Janeiro: Achiamé, 1981.
4. AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. São Paulo: Perspectiva, 1976.
5. AMORA, Antônio Soares. O Romantismo. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1969.
6. ANDRADE, Mario de. Paulicéia desvairada. Poesias completas. São Paulo: Martins, 1966.
7. ______. O empalhador de passarinho. São Paulo: Martins Fontes, 1972.
8. ______. Aspectos da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins Editora, 1974.
9. ______. Taxi. Crônicas no Diário Nacional. São Paulo: Duas Cidades/Secretaria de Cultura,
Ciência e Tecnologia, 1976.
10. ______. Entrevistas e depoimentos. In LOPEZ, Telê Porto Ancona (org). São Paulo : T.A.
Queiroz, 1983.
11. ______. Macunaíma:o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.
12. ANDRADE, Oswald. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
13. ______. Ponta de lança. Polêmica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
14. ______. Memórias sentimentais de João Miramar. Serafim Ponte Grande. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1975.
15. ______. Do Pau Brasil à Antropofagia e às Utopias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
313
1978.
16. ______. Serafim Ponte Grande. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.
17. Antologia de Poesia Brasileira - Romantismo. São Paulo: Ática, 1985. (Série Bom Livro)
18. AREAS, Vilma; WALDMAN, Berta. Remate de males. Revista do Departamento de Teoria
Literária, nº 9, dedicado a Clarice Lispector. Campinas: UNICAMP, 1989.
19. ARRIGUCCI JUNIOR, David et al. Ficção em debate e outros temas. São Paulo: Duas
Cidades/ Unicamp´, 1979.
20. ______. Humildade, Paixão e Morte: a poesia de Manuel Bandeira. São Paulo: Companhia
das Letras, 1990.
21. ASSIS, Machado. Quincas Borba. Romances para estudo.Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1975.
22. ______. Esaú e Jacó. Romances para estudo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
23. AUERBACH, Erich. Mimesis. A representação da realidade na literatura ocidental. São
Paulo: Perspectiva, 1976.
24. ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções do mundo barroco. São Paulo: Perspectiva, 1971.
25. ______. O Modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1975.
26. AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. s.l.: Ediouro, s.d.
27. BANDEIRA, Manuel. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília:
INL, 1984.
28. ______. Apresentação da poesia brasileira. São Paulo: Ediouro, s/d.
29. BARBOSA, João Alexandre. A imitação da forma: uma leitura de João Cabral de Melo
Neto. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1975.
30. BARBOSA, Maria José Somerlate. Clarice Lispector: desfiando as teias da paixão. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2001.
31. BARBOSA, Rita de Cássia. Poemas eróticos de Cartas Drummond de Andrade. São Paulo:
Ática, 1987.
32. ______ (org.). Carlos Drummond de Andrade. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,
histórico e crítico. São Paulo: Nova Cultura, 1988.
33. BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 1978.
34. BATISTA, Rosseti; LOPEZ, Telê Ancona; LIMA, Yone Soares. Brasil: 1º tempo
modernista – 1917/1929. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, 1972.
35. BENEVIDES, Artur Eduardo. Evolução da poesia e do romance cearense. S.l.: s.e., s.d.
36. BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. V. 1. São Paulo:
314
Brasiliense, 1985.
37. BERALDO, José Luiz. José de Alencar. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,
histórico e critico e exercícios. São Paulo: Abril Educação, 1980.
38. BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São
Paulo, Companhia das Letras, 1986.
39. BOPP, Raul. Vida e morte da Antropofagia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/ MEC,
1977.
40. ______. Movimentos modernistas no Brasil. S.l. s.e., s.d.
41. BORELLI, Olga. Clarice Lispector: esboço para um possível retrato. 2 ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1981.
42. BOSI, Alfredo. ______. O pré-modernismo. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 1967.
43. ______. O Conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1981.
44. ______ et al. Machado de Assis- antologia e escritos. São Paulo: Ática, 1982.
45. ______. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1985.
46. ______. Céu, inferno. Ensaios de crítica literária e ideológica. São Paulo: Ática, 1988.
47. ______. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
48. BRADBURY, Malcolne & MacFARLANE, James. Modernismo: guia geral. São Paulo,
Companhia das Letras, 1989.
49. BRAIT, Beth. Guimarães Rosa. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e
crítico. São Paulo: Abril Educação, 1982.
50. ______. A personagem. São Paulo: Ática, 1987.
51. BRASIL, Assis. Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Org. Simões ed., 1969.
52. ______. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Org. Simões ed., 1969.
53. BRAVO! (Revista). São Paulo: D´Ávila Comunicações Ltda., dez. 1997, ano 1, nº 3.
(Dossiê Clarice Lispector).
54. BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo brasileiro. Antecedentes da Semana da
Arte Moderna. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
55. ______. Poesia do Modernismo. S.l.: s.e., s.d.
56. CAMPEDELLI, Samira Yossef; AMÂNCIO, Moacir (org). José J. Veiga. Seleção de textos,
notas, estudos biográfico, histórico e critico e exercícios. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
57. ______; ABDALA JUNIOR, Benjamim. Clarice Lispector. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural,
1988.
315
58. ______. Poesia Marginal dos Anos 70. São Paulo: Scipione, 1995.
59. CAMPOS, Augusto et al. Teoria da Poesia Concreta. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
60. CAMPOS, Haroldo. O seqüestro do barroco na formação da literatura brasileira. 28 ed.
Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989.
61. ______. Metalinguagem. Petrópolis: Vozes, 1970.
62. ______. Morfologia do Macunaima. São Paulo: Perspectiva, 1973.
63. CÂNDIDO, Antônio. Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
64. ______. Tese e antítese. 3ª ed. São Paulo: Nacional, 1978.
65. ______. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia,
1981.
66. ______. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987.
67. ______. Na Sala de Aula . São Paulo: Ática, 1993.
68. ______; CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira: das origens ao
Romantismo. São Paulo: Difel, 1984.
69. CARA, Salete de Almeida. A poesia lírica. São Paulo: Ática, 1989.
70. CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1980.
71. CARVALHO, J. M. de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São
Paulo, Companhia das Letras, 1987.
72. CASTELLO, J. Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial. 3ª ed. São Paulo:
Cultrix, 1975.
73. ______. A Literatura brasileira: origens e unidade. São Paulo: EDUSP, 1992. 2v.
74. CASTRO, Dácio Antônio de. Primeiras Estórias: roteiro de leitura. São Paulo: Ática, 1993.
75. ______. Roteiro de Leitura: Vidas Secas. São Paulo: Ática, 2001.
76. CHAMIE, Mario. Instauração Práxis. 2v. São Paulo: Quiron, 1974.
77. CITELLI, Adilson - Romantismo. São Paulo: Ática, 1990.
78. CORDOVANI, Glória Maria. Clarice Lispector. Esboço de uma bibliografia. Dissertação
de mestrado. São Paulo: USP/FFLCH, 1991.
79. COSTA, Cláudio M. da. Poemas escolhidos de Cláudio Manuel da Costa . Ediouro
80. COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio; Niterói: UFF,
1986.
81. ______. Introdução à Literatura no Brasil. 15ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
316
82. ______. Do Barroco. Ensaios. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/Tempo Brasileiro, 1994.
83. ______. A Literatura no Brasil. São Paulo: Global, 1997.
84. COUTINHO, Eduardo de Faria (org.). Guimarães Rosa. Rio de Janeiro/Brasília: Civilização
Brasileira/INL, 1983.
85. CULT (Revista). São Paulo, nº 5, dez. 1997. (dossiê Clarice Lispector)
86. CUNHA, Euclides. Os Sertões. S.l.:s.e., s.d.
87. CURI, Simone. A escritura nômade de Clarice Lispector. Chapecó: Argos, 2001.
88. DACANAL, José Hildebrando. A Literatura no Século XX. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1984.
89. ______. O Romance de 30. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.
90. DINIS, Nilson. A arte da fuga em Clarice Lispector. Londrina: Ed. UEL, 2001.
91. D'ONOFRIO, Salvatore. Literatura ocidental. São Paulo: Ática, 1990.
92. ______. Literatura romântica. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 1990.
93. DUCROT, Oswald; TODOROV, Tzvetan. "Gêneros literários". In Dicionário das ciências
da linguagem. In COELHO, Eduardo Prado(orientação). Lisboa: Publicações Don Quixote,
1982, p. 187-194.
94. EULÁLIO, Alexandre. Livro involuntário. Literatura, história, matéria & memória. Rio de
Janeiro: Ed. UFRJ, 1993.
95. FACÓ, Rui. Cangaceiros e Fanáticos. s.l.: s.e., s.d.
96. FAORO, Raymundo. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1974.
97. FERREIRA, Teresa Cristina Montero. EU sou uma pergunta – uma biografia de Clarice
Lispector. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
98. FILHO, Barreto. Introdução a Machado de Assis. Rio de Janeiro: Agir, 1980.
99. FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. São Paulo: Zahar ed., 1976.
100. FREIXEIRO. Fábio. Da razão à emoção II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1971.
101. FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da Lírica Moderna. São Paulo, Duas Cidades, 1978.
102. FUNDAÇÃO CASA RUI BARBOSA. Sobre o pré-modernismo. Rio de Janeiro: Fundação
Casa de Rui Barbosa, 1988.
103. GALVÃO, Walnice Nogueira. Mitológica roseana. São Paulo: Atica, 1978.
104. GARBÚGLIO, José Carlos. Roteiro de leitura: poesia de Manuel Bandeira. São Paulo:
Ática, 1998.
317
105. GLEDSON, John Machado de Assis. Impostura e realismo. São Paulo: Cia das Letras,
1984.
106. ______. Machado de Assis. Ficção e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
107. GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. São Paulo: Ática, 1989.
108. GOMES, Álvaro Cardoso; VECCHI, Carlos Alberto. A Estética Romântica. São Paulo:
Atlas, 1992.
109. GOMES, Eugênio. Machado de Assis. Rio de Janeiro: Liv.São José, 1958.
110. GOMES, Renato Cordeiro(org.) Seleta de Clarice Lispector. Rio de Janeiro/Brasília: José
Olympio/INL, 1976.
111. GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro-Belo Horizonte: Garnier,
1992.
112. GOTLIB, Nádia Battella. Clarice. Uma vida que se conta. São Paulo: Ática, 1995.
113. GROSSMANN, Judith. Os grandes desafios da crítica literária: o caso Clarice. Revista
Tempo Brasileiro, nº 60, Rio de Janeiro, jan. mar. 1980, p. 52-58.
114. GUIDIN, Márcia Lígia. Roteiro de leitura: A Hora da Estrela . São Paulo: Ática, 1998.
115. GULLAR, Ferreira. "Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina". Estudo crítico
introdutório a Toda a poesia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976, p. 14-59.
116. HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho; Gregório de Matos e a Bahia do século
XVII. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
117. HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre Jou, 1972, p.
471-482.
118. HELENA, Lucia. Escrita e poder. Rio de Janeiro/Brasília: Cátedra/ INL, 1985.
119. ______. Totens e tabus da modernidade brasileira: símbolo e alegoria na obra de Oswald
de Andrade. Niterói/Rio de Janeiro: EDUFF/Tempo Brasileiro, 1985.
120. ______. A problematização da narrativa em Clarice Lispector". In Hispania, v. 75,
december 1992, p.1164-1173.
121. ______. A narrativa de fundação: Iracema, Macunaíma e Viva o povo brasileiro. Letras,
Santa Maria (UFSM), v.6, p. 79-94, 1993.
122. ______. "Um texto fugitivo em Água viva. Sujeito, escrita e cultura em Clarice Lispector.
In Brazil,Brazil. Revista de Literatura Brasileira, nº 12, ano 7, Porto Alegre: Mercado Aberto,
1994, p. 9-28.
123. ______. Nem musa, nem medusa. Itinerários da escrita em Clarice Lispector. Niterói:
EDUFF, 1997.
124. ______. Queremos a revolução caraíba. In: GRAGOATÁ, Revista da Pós Graduação em
318
Letras da UFF, Niterói, v. 1, p. 55-65, 1997.
125. HOLLANDA, Heloísa Buarque de Macunaíma - da literatura ao cinema. Rio de Janeiro:
José Olympio/Embrafilme, 1978.
126. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Capítulos de literatura colonial. São Paulo: Brasiliense,
1991.
127. HOUAISS, Antonio. Drummond, mais seis poetas e um problema. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
128. HUGO, Victor. Do grotesco ao sublime. São Paulo: Perspectiva, 1988.
129. HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-Modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro:
Imago, 1991.
130. IANNACE, Ricardo. A leitora Clarice Lispector. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2001.
131. JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969.
132. KADOTA, Neiva Pitta. A tessitura dissimulada: o social em Clarice Lispector. 2º ed. São
Paulo: Estação Liberdade, 1997.
133. LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o Modernismo. São Paulo: Duas Cidades, 1974.
134. LEITE, Sebastião Uchoa. Crítica clandestina. Rio de Janeiro: Taurus, 1986.
135. LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à Literatura Brasileira.s.l.: s.e., s.d.
136. ______. Quadro sintético da Literatura Brasileira. s.l.: s.e., s.d.
137. LIMA, Luiz Costa. Por que literatura. Petrópolis: Vozes, 1966.
138. ______. Clarice Lispector. A paixão segundo G.H. In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de
Janeiro, nº 8, ano IV, fev. 1966, p. 139-154.
139. ______. "Clarice Lispector". In COUTINHO, Afrânio (org.). Rio de Janeiro: Editorial Sul
Americana, 1970, v. 5, p.449-472.
140. ______. Mimesis e modernidade. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
141. ______. Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria. Rio de Janeiro: F. Alves,
1981.
142. ______. (Org.). Teoria da literatura em suas fontes. v. 1. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1983.
143. ______. O controle do imaginário. Razão e imaginação no Ocidente. São Paulo:
Brasiliense, 1984.
144. ______. Lira e antilira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.
145. ______.Pensando nos trópicos (dispersa demanda II). Rio de Janeiro: Rocco, 1991.
146. LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H..Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.
319
147. ______. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.
148. ______. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
149. ______. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
150. ______. Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
151. ______ Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
152. LOBO, Danilo. O poema e quadro: o picturalismo na obra de João Cabral de Melo Neto.
Brasília: Thesaurus, 1981.
153. LOPEZ, Telê Ancona Porto. Mario de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas
Cidades, 1972.
154. ______. Macunaima: a margem e o texto. São Paulo: Hucitec, 1974.
155. MACHADO, Janete Gaspar. Os Romances Brasileiros nos anos 70. Florianópolis: Ed. Da
UFSC, 1981.
156. MAMEDE, Zila. Civil geometria: bibliografia crítica, analítica e anotada de João Cabral
de Melo Neto. São Paulo: Liv. Nobel/EDUSP, 1987.
157. MANZO, Lícia. Era uma vez: Eu- A não ficção na obra de Clarice Lispector. Juiz de Fora:
Editora da UFJF, 2001.
158. MARTING, Diane e. (ed.) Clarice Lispector – A bio-bibliography. Westpor: Greenwood
Press, 1993.
159. MARTINS, Fran. Dois de Ouro. s.l.: s.e., s.d.
160. MARTINS, Heitor. Do Barroco a Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983.
161. MARTINS, Wilson. A literatura brasileira.v. VI. São Paulo: Cultrix, 1965.
162. ______. O modernismo. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1969.
163. ______. História da inteligência brasileira. São Paulo: Cultrix, 1977-79, 7v.
164. MEGALE, Heitor; MATSUOKA, Marilena (org.) Contos: João Guimarães Rosa. Edição
didática. São Paulo: Editora Nacional, 1978. v. 3.
165. MELLO E SOUZA, Gilda. O tupi e o alaúde. São Paulo: Duas Cidades, 1979.
166. MENESES, Philadelpho. Roteiro de leitura: poesia concreta e visual. São Paulo: Ática,
1998.
167. MERQUIOR, José Guilherme. A astúcia da mimese. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
168. ______. Verso universo em Drummond. Rio de Janeiro: José Olympio/SECCT, 1975.
169. ______. De Anchieta a Euclides. Breve História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro:
320
José Olímpio, 1977.
170. ______. Formalismo e tradição moderna - o problema da arte na crise da cultura. Rio de
Janeiro/São Paulo: Forense Universitária/EDUSP.
171. ______. O elixir do apocalipse. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
172. MIGUEL-PEREIRA, Lúcia. Prosa de ficção. 3ª ed. Rio de janeiro: José Olympio, 1973.
173. MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos. 8ª Ed. São Paulo: Cultrix,
1993.
174. ______. A análise literária . São Paulo: Cultrix, 1984.
175. ______. História da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989, 5v.
176. ______. A criação literária - prosa. São Paulo: Cultrix, 1993.
176. ______. O simbolismo. S.l.: s.e., s.d.
177. MORAES, Emmanuel. Drummond rima ltabira mundo. Rio de Janeiro: José Olympio,
1970.
178. MORAES, Helenic e Valias de (org.). Encontro com Machado. Edição comemorativa do
sesquicentenário de nascimento de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Governo do Estado do
Rio de Janeiro, 1990.
179. MURICY, Andrade. Panorama do movimento simbolista brasileiro. São Paulo:
Perspectiva, 1987. 2 vols.
180. NOLASCO, Edgar Cezar. Clarice Lispector: nas entrelinhas da escritura. São Paulo:
Annablume, 2001.
181. NOVAES, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
182. NOVIS, Vera. Tutaméia: engenho e arte. São Paulo: Perspectiva, 1989.
183. NUNES, Benedito. João Cabral de Melo Neto. Petrópolis: Vozes, 1971.
184. ______.O dorso do tigre. São Paulo: Perspectiva, 1976.
185. ______. (Coordenador). Edição critica de A paixão segundo G. H. Paris: Association
Archives de la littérature latino-americaine, des Caralbes et africaines du XXe. Siecle; Brasilia:
CNPq, 1988. Coleção Arquivos, nº 13.
186. ______. O drama da linguagem. Uma leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Ática, 1989.
187. OLIVEIRA, Franklin de. Euclides: a Espada e a Letra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
188. OLIVEIRA, Solange Ribeiro de. A barata e a crisálida: o romance de Clarice Lispector.
Rio de Janeiro/Brasília: José Olympio/INL, 1985.
189. PACHECO, João. O Realismo. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1968.
321
190. PAES, José Paulo. Transleituras. Ensaios de interpretação literária.São Paulo: Ática,
1995.
191. ______; MASSAUD, Moisés. Pequeno dicionário da Literatura Brasileira.s.l.: s.e., s.d.
192. PÉCORA, Alcir. A arte de morrer. Os sermões de quarta -feira de cinza de Antonio Vieira.
São Paulo: Nova Alexandria, 1994.
193. PEREIRA, Astrojildo. Machado de Assis. Rio de Janeiro: São José, 1969.
194. PERLOFF, Marjorie. O momento futurista. São Paulo: EDUSP, 1993.
195. PERRONE-MOISÉS, Leyla. Flores da escrivaninha. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
196. PEYRE, Henri. A literatura simbolista. São Paulo: Cultrix, 1983.
197. PINTO, Luiz. Influência do Nordeste nas Letras do Brasil. s.l.: s.e., s.d.
198. PIZARRO, Ana (org.). América Latina- palavra, literatura e cultura, v. 2. Emancipação
do discurso. Campinas: Ed. Unicamp, 1994.
199. PORTELLA, Eduardo (coord.). Teoria literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976.
200. PROENÇA, M. Cavalcanti. Roteiro de Macunaíma. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1977.
201. PROENÇA FILHO, Domício (org.). O livro do Seminário. Ensaios da Bienal Nestlé de
Literatura 1982. São Paulo: L R Editores Ltda., 1983.
202. ______. Estilos de época na Literatura: através de textos comentados. São Paulo : Ática,
1989.
203. ______. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1996.
204. PY, Fernando. "Prefácio" às Poesias completas de Gilka Machado. Rio de Janeiro:
Cátedra, 1978, p.XIX-XXVIII.
205. QUEIROZ, Vera (org.). Feminino e literatura. Revista Tempo Brasileiro, v. 101, abr-jun
1990, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro (nº temático).
206. ______. (org.). Clarice Lispector. Revista Tempo Brasileiro, v. 104, jan-mar 1991, Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro ( nº temático).
207. RAMINELI, Ronald. Imagens da colonização. Rio de Janeiro/São Paulo: Zahar/EDUSP,
1996.
208. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. s.l.: s.e., s.d.
209. RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Do Barroco ao Modernismo. 2ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1979.
210. ______. Poesia Moderna. S.l.: s.e., s.d.
211. REGO, José Lins do. Presença do Nordeste na Literatura Brasileira. s.l.: s.e., s.d.
322
212. RIEDEL, Dirce Cortes (org.). O tempo no romance machadeano. Rio de Janeiro: São José,
1959.
213. ______. Narrativa - ficção & história. Rio de Janeiro: Imago, 1988.
214. ______. Metáfora, o espelho de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
215. ROMERO, Silvio. História da Literatura Brasileira. 6ª Ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1960, 5v.
216. ROSENBAUM, Yuidith. Metamorfose do mal: uma leitura de Clarice Lispector. São
Paulo: EDUSP /FAPESP, 1999.
217. ROSENFELD, Anatol. Texto e contexto. São Paulo: Perspectiva, s.d.
218. SÁ, Olga de. A escritura de Clarice Lispector. Petrópolis: Vozes, 1979.
219. ______. Clarice Lispector: a travessia do oposto. São Paulo: Annablume, 1993.
220. SABINO, Fernando; LISPECTOR, Clarice. Cartas perto do coração. Rio de Janeiro:
Record, 2001.
221. SANT'ANNA, Affonso Romano de. Análise estrutural de romances brasileiros.
Petrópolis:Vozes, 1974.
222. ______. Por um novo conceito de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca,
1977.
223. ______. Carlos Drummond de Andrade: análise da obra. Rio de Janeiro: Documentário,
1977.
224. ______. O canibalismo amoroso.O desejo e a interdição em nossa cultura através da
poesia. São Paulo: Brasiliense, 1984..
225. ______. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Ática, 1985.
226. SANTIAGO, Silviano. Carlos Drummond de Andrade. Petrópolis: Vozes, 1976.
227. ______. Uma literatura nos trópicos. Ensaios sobre dependência cultural. São Paulo:
Perspectiva, 1978.
228. ______. Vale Quanto pesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
229. SANTOS, Roberto Corrêa dos. Lendo Clarice Lispector. São Paulo: Atual, 1976.
230. SCHWARZ, Roberto. A sereia e o desconfiado. São Paulo: Civilização Brasileira, 1965.
231. ______. Ao vencedor as batatas. Forma literária e processo social nos inícios do romance
brasileiro. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
232. ______. Oswald de Andrade. Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e
crítico e exercícios. São Paulo: Abril Educação, 1980.
233. ______. Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
323
234. ______. Que horas são? Ensaios. São Paulo: Cia das Letras, 1987.
235. ______. Machado de Assis: um mestre na periferia do capitalismo. São Paulo: Duas
Cidades, 1990.
236. Seara (revista), nº3, ano 2, Fortaleza, Thesaurus, 1987. (nº temático sobre Clarice
Lispector).
237. SECCHIN, Antonio Carlos. João Cabral: o poesia do menos. São Paulo: Duas Cidades,
1985.
238. ______ et alii. Dossiê João Cabral: novos ensaios sobre a obra do maior poeta brasileiro
vivo. In Range rede. Revista de literatura, Rio de Janeiro, Ano I, n° 0, outono de 1995.
239. SEIXO, Maria Alzira. A palavra do romance. Lisboa: Horizonte, 1986.
240. SENNA, Marta de. João Cabral: tempo e memória. Rio de Janeiro: Antares, 1980.
241. SEVICENKO, Nicolau. A Literatura como Missão: tensões sociais e criação cultural na
Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1989.
242. SILVA, Vasconcellos et al. Construção/desconstrução do texto literário. São Paulo:
Francisco Alves, 1975.
243. SIMON, Iumna Maria. Drummond, uma poética do risco. São Paulo: Ática, 1978.
244. SODRÉ, Nélson Werneck. História da Literatura Brasileira. Seus Fundamentos
Econômicos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
245. SOUSA, Gilda e Mello e. O Tupi e o Alaúde: uma interpretação de Macunaíma. São
Paulo: Duas Cidades, 1979.
246. SPERBER, Suzi Frankl. Guimarães Rosa: sigilo e sentimento. São Paulo : Ática, 1982.
247. SPINA, Segismundo; CROLL, Morris W. Introdução ao maneirismo e à prosa barroca.
São Paulo: Ática, 1990.
248. STAIGER, Émil. Conceitos fundamentais da poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1975.
249. STEIN, Ingrid. Figuras femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1984.
250. SUSSEKIND, Flora. Tal Brasil, qual romance? Uma estética e sua história: o
naturalismo. Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.
251. ______. Literatura e Vida Literária: polêmicas, diários e retratos. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1985.
252. ______. Cinematógrafo das letras. São Paulo: Cia das Letras, 1987.
253. ______. O Brasil não é longe daqui: o narrador, a viagem. São Paulo: Cia das Letras,
1990.
324
254. TELLES, Gilberto Mendonça. Drummond, a estilística da repetição. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1976.
255. ______. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro: apresentação dos principais
poemas, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas, de 1857 até hoje. Petrópolis:
Vozes, 1986.
256. TODOROV, Tzvetan. Os gêneros do discurso. Lisboa: Ed. 70, s/d, p. 45-62.
257. Travessia (revista). Nº 14, Florianópolis, Ed. UFRS, 1º se, 1987. (nº temático sobre Clarice
Lispector)
258. VARELA, Fagundes. Poemas de Fagundes Varela. s.l.: Tecnoprint, 1988.
259. VENTURA, Zuenir. 1968. O ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
260. VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1969.
261. VIANA, Vivina de Assis. Graciliano Ramos. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,
histórico e crítico. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
262. VIEIRA, Telma Maria. Clarice Lispector: uma leitura instigante. São Paulo: Annablume,
1988.
263. WALDMAN, Berta. Clarice Lispector. A paixão segundo C.L. 2ª ed. São Paulo: Escuta,
1992.
264. ______. Entre passos e rastros: presença judaica na literatura brasileira contemporânea.
São Paulo: Perspectiva/FAPESP/Associação Universitária de Cultura Judaica, 2003.
265. WATT, Ian. A ascensão do romance. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
266. WERNECK, Maria Helena. O homem encadernado. Machado de Assis na escrita
das biografias. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1996.
267. WILLIAMS, Frederick; PACHÁ, Sergio (eds). Carlos Drummond de Andrade and his
generation. Proceedings of the Colloquium hel at the University of California, Santa Barbara.
April, 24 and 25, 1981. University of California, Santa Barbara: Bandana Books, 1986.
268. ZAGURY, Eliane. A palavra e o eco. Petrópolis: Vozes, 1971.
269. ZILBERMAN, Regina et al. Clarice Lispector: a narração do indizível. Porto Alegre:
Artes e Ofícios/EDIPUC/Instituto Cultural Judaico Marc Chagal, 1998.
270 66 . BOPP, Raul. Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
271. BOSI, Alfredo Machado de Assis- O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999.
66
Os últimos itens estão fora da ordem alfabética por terem sido incluídos, em função de contingências na
UFRR, depois que a lista já tinha sido fechada e as tabelas já estavam sendo analisadas. Não foram
colocadas na ordem alfabética correta da lista porque isso implicaria renumerar toda a bibliografia das
tabelas de Literatura Brasileira, assim como o texto que já havia sido produzido.
325
272. CÂNDIDO, Antônio. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993.
273. ______, Antônio. Recortes. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
274. COUTINHO, Afrânio. Machado de Assis na Literatura Brasileira. Rio de Janeiro:
Academia Brasileira de Letras, 1990.
275. FURST, Lílian; PETER, Skrine. O Naturalismo - A linguagem crítica. Lisboa: Lysia,
1971.
276. GOMES, Álvaro Cardoso. O Simbolismo . São Paulo: Ática, 1994.
277. SCHWARZ, Roberto. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
278. ABDALLA Jr,, Benjamin. O romance social brasileiro. São Paulo: Scipione, 1993.
279. ABREU, Caio Fernando. Morangos mofados. 8ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
280. ______. Onde andará Dulce Veiga? Um romance B. São Paulo: Companhia das Letras,
1990.
281. ______. O ovo apunhalado. 4ed. São Paulo: Siciliano, 1992.
282. ______. Ovelhas negras. Porto Alegre: Sulina, 1995.
283. ALENCAR, José. Iracema. Ed. Critica. São Paulo: EdUSP/Livros técnicos e científicos,
s.d.
284. ______. Sonhos D’Ouro. São Paulo: Ed. Saraiva, 1959.
285. ______. Como e Porque sou Romancista. Rio de Janeiro: ABL, 1987.
286. ALVES, Castro. Obra completa. Rio de janeiro: Aguilar, 1966.
287. ______. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.
288. ALMEIDA, Manuel Antonio. Memórias de um sargento de milícias. Ed. Critica. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
289. ANCHIETA, S.J., Joseph. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1933.
290. ______. De beata virgine (Poema da Virgem). Edição do Padre Armando Cardoso S.J. Rio
de Janeiro: Arquivo Nacional, 1940.
291.______. Poesias. Edição de M. de L. de Paula Martins. São Paulo: Museu Paulista (Boletim
IV, ano IV-VI), 1954.
292. ______. De gentis Mendi de Saa (Feitos de Mem de Sá). Edição do Pe. Armando Cardoso
S.J. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1958.
293. ______. Poesia. Edição de Eduardo Portella. Rio de Janeiro: Agir, 1959.
294. ______. Poemas eucarísticos e outros. (De eucaristia et allis: poemata varia). Edição do
Padre Armando Cardoso S.J. São Paulo: Loyola, 1975.
326
295. ______. Teatro de Anchieta. Edição do Padre Armando Cardoso S.J. São Paulo: Loyola,
1977.
296.______. Lírica portuguesa e tupi. Edição do Padre Armando Cardoso S.J. Tomo I. São
Paulo: Loyola, 1984.
297. ______. Lírica espanhola. Edição do Padre Armando Cardoso S.J. Tomo II. São Paulo:
Loyola, 1984.
298. ______. Cartas. (Correspondência ativa e passiva). Edição do Pe. Hélio Abranches Viotti,
S.J. São Paulo: Loyola, 1984.
299. ANDRADE, Carlos Drummond. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983.
300. ANDRADE, Mario. Macunaíma. São Paulo: Martins, 1955.
301. ______. Poesias completas. 4 ed. São Paulo: Martins, 1974.
302. ______. O turista aprendiz. 2ed. São Paulo: Duas Cidades, 1983.
303. ANDRADE, Oswald. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Difusão
Européia do Livro, 1964.
304. ______. O Rei da Vela . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.
305. ______. Um homem sem profissão (sob as ordens da mamãe).3ed. Rio de janeiro:
Civilização Brasileira, 1976.
306. ______. Obras completas VIII, teatro. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
307. ANDREW, J. Dudley. As principais teorias do cinema. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
308. ANJOS, Cyro dos. O amanuense Belmiro. Rio de Janeiro: José Olympio, s.d.
309. ANTUNES, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 1990.
310. ARARIPE JÚNIOR. Gregório de Matos. In: ______. Obra crítica. Vol. II. Rio de Janeiro:
MEC/Casa de Rui Barbosa, 1960. p: 383-490.
311. AUTOS DE DEVASSA DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA. 2ª ed. Brasília/Belo
Horizonte: Câmara dos Deputados/Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1976-1983. 10v.
312. AZEVEDO, Aluisio. O cortiço. São Paulo: Ática, s.d.
313. AZEVEDO, Álvares. Poesias completas. São Paulo: Saraiva, 1962.
314. ______. Poemas malditos. 3 ed. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1988.
315. AZEVEDO, J. Lúcio de. História de Antônio Vieira. 2ª ed. Lisboa: Clássica, 1931. 2
tomos.
316. AZEVEDO FILHO, Leodegário A. Anchieta, a idade média e o barroco. Rio de Janeiro:
Gernasa, 1966.
327
317. ______; ELIA, Sílvio. As poesias de Anchieta em português. Rio de Janeiro: Antares/ INL,
1983.
318. BALAKIAN, Anna. “As Convenções do Simbolismo na Literatura Européia”. In: O
simbolismo. São Paulo: Perspectiva, 1985.
319. BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.
320. ______. Antologia dos poetas românticos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1974.
321. BARBOSA, João Alexandre. “A modernidade no romance”. In: O livro do Seminário.
Ensaios. São Paulo: LR Ed., 1982, pp.19-42.
322. BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. S.l.: Brasiliense, s.d.
323. BARTHES, Roland. Mitologias. Rio-São Paulo: DIFEL, 1978.
324. BESSELAAR, José van den. Antônio Vieira: o homem, a obra, as idéias. Lisboa: Instituto
de Cultura e Língua Portuguesa, 1981.
325. BILAC, Olavo. Poesias. 28ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1964.
326. ______. Poesia. Org. de Alceu Amoroso Lima. 4ed. Rio de janeiro: Agir, 1970. (nossos
clássicos, 2)
327. ______. Poesias (Panóplias, Via -Láctea, Sarças de Fogo, Alma Inquieta, As viagens, O
caçador de esmeraldas, Tarde). 29 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.
328. BOURNEUF, Roland; OUELLET, Real. O universo do romance. Cooimbra: Livraria
Almedina, 1976.
329. BORNHEIM, Gerd. O sentido e a máscara. São Paulo: Perspectiva, 1969.
330. BRAGA, Teófilo. Filinto Elysio e os dissidentes da Arcádia. Porto: Lello & Irmão, 1901.
p: 480-505.
331. BRAYNER, Sonia. A metáfora do corpo no romance naturalista: estudo sobre O cortiço.
Rio de Janeiro: São José, 1973.
332. ______ (org.). Graciliano Ramos. Col. Fortuna Critica (n.2). Dir. Afrânio Coutinho. Rio
de janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
333. ______ (org.) A poesia no Brasil. 1. Das origens até 1920. Rio de janeiro: Civilização
Brasileira, 1981.
334. BROCA, Brito. Românticos, pré-romanticos e ultra-românticos.Vida literária e
romantismo brasileiro. São Paulo/Rio de Janeiro: Polis/INL, 1979.
335. BUENO, Alexei. Grandes poemas do romantismo brasileiro. Rio de janeiro: Nova
Fronteira, 1995.
336. CAMINHA, Adolfo. Bom-crioulo. São Paulo: Ática, 1983.
337. CAMPOS, Haroldo (org.). Sousândrade. Nossos clássicos, 85. Rio de Janeiro: Agir, 1966.
328
338. ______. Metalinguagem e outras metas. 4ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.
339. CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1967.
340. ______. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 1968.
341. ______. Dialética da Malandragem. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, USP, no 8,
1970.
342. ______. Dialética da Malandragem. In: ALMEIDA, M.A. de Memórias de um sargento de
milícias. Ed. Critica de Cecília de Lara. Rio de janeiro: LTC, 1978.
343. ______. Ficção e confissão. Rio de Janiero: Ed. 34, 1991.
344. ______. “Um romancista da decadência”. In: J.L.do Rego. Fortuna critica. Rio de janeiro:
Civilização Brasileira, 1991.
345. CANTEL, Raymond. Prophétisme et messianisme dans l’oeuvre de’Antonio Vieira. Paris:
Hispano-Americanas, 1960.
346. CARVALHO, José Murilo et al. Sobre o pré-modernismo. Rio de janeiro: Casa de Rui
Barbosa, 1988.
347. CAXA, Quirício. Vida e morte do padre José de Anchieta. Edição de Joaquim Ribeiro. Rio
de Janeiro: Prefeitura de Distrito Federal, s.d.
348. CESAR, Ana Cristina. Inéditos e dispersos. São Paulo: Brasiliense, 1985.
349. CHAVES, Vânia Pinheiro. O Uraguay e a fundação da literatura brasileira. Tese de
Doutorado. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1990. 2 vol.
350. CIDADE, Hernani. Padre Antônio Vieira. A obra e o homem. Lisboa: Arcádia, 1979.
351. COUTINHO, Paulo César. A Lira dos Vinte Anos. In: Cadernos de Teatro, n 103, O
Tablado. Rio de Janeiro, 1984, p: 22-24.
352. CRISTÓVÃO, Fernando. Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga ou a poesia como
imitação e pintura. Lisboa: Imprensa Nacional, 1981.
353. CUNHA, Fausto. O romantismo no Brasil. Rio de janeiro: Paz e Terra/INL, 1971.
354. DE MARCO, Valéria. O império da cortesã. Lucíola: um perfil de Alencar. São Paulo:
Martins Fontes, 1986.
355. DIAS, Ângela Maria. Gregório de Matos: sátira. Rio de Janeiro: Agir, 1985. (Coleção
Nossos Clássicos, vol.113).
356. DIAS, Gonçalves. Ainda uma vez adeus. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974.
357. DIAS, Manuel Gonçalves. Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Janeiro: Aguilar,
1959.
358. DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: vida e obra. Natal: UFRN, 1995.
359. ESSLIN, Martin. Uma anatomia do drama. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
329
360. EULÁLIO, Alexandre (sel. e apres.) Os melhores poemas: Tomás Antônio Gonzaga. 2ª ed.
São Paulo: Global, 1986.
361. FERREIRA, Delson Gonçalves. Cartas chilenas: retratos de uma época. 2ª ed. Belo
Horizonte: UFMG, 1986.
362. FIGUEIREDO, Carmem Lucia Negreiros de. Lima Barreto e o fim do sonho republicano.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
363. FONSECA, Rubem. O buraco na parede. S.l.: s.e., 1995.
364. FRECHES, Claude-Henri. Uruguai, oeuvre classique et pré-romantique. In: Bracara
Augusta. Vol. XXVIII, no. 65-66, 1974, p: 18-30.
365. FRIEIRO, Eduardo. O diabo na livraria do cônego. 2ª ed. São Paulo: Itatiaia -EDUSP,
1981.
366. FUNCK, Susana (org.). Trocando idéias sobre a Mulher e a Literatura. Florianópolis:
UFSC, 1994.
367. GALVÃO, Walnice Nogueira. Saco de gatos. São Paulo: Duas Cidades, 1976.
368. GAMA, José Basílio da. Obras poéticas. Edição de José Veríssimo. Rio de Janeiro:
Garnier, s.d. (1920).
369. ______. O Uraguai. Edição comemorativa do segundo centenário anotada por Afrânio
Peixoto, Rodolfo Garcia e Osvaldo Braga. Rio de Janeiro: Academia Brasileira, 1941.
370. ______. O Uraguai. Edição de Mário Camarinha da Silva. Rio de Janeiro: Agir, 1964.
(Nossos clássicos no. 77).
371. GARBUGLIO, José Carlos et al. (org.). Graciliano Ramos. Coleção Escritores Brasileiros.
Antologia & estudos. São Paulo: Ática, 1987.
372. GOLDMAN, Lucien. Sociologia do romance. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
373. GOMES, Eugênio. Visões e revisões. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1958, p: 38-45.
374. GOMES, João Carlos Teixeira. Gregório de Matos, o boca de brasa. (Um estudo de
plágio e criação intertextual). Petrópolis: Vozes, 1985.
375. GONZAGA, Tomás Antonio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Edição de
Manuel Rodrigues Lapa. Lisboa: Sá da Costa, 1937.
376. ______. Cartas chilenas. Edição de Afonso Arinos de Melo Franco. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1940.
377. ______. Marília de Dirceu. Edição de Afonso Arinos de Melo Franco. São Paulo: Martins,
1944.
378. ______. Obras completas. Edição de M. Rodrigues Lapa. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1957.
2v.
330
379. ______. Marília de Dirceu. Intr. de M. Cavalcanti Proença. Rio de Janeiro: Tecnoprint,
1967. (Edições de Ouro).
380. ______. Antologia. Org. por Lucia Helena. Rio de Janeiro: Agir, 1985. (Nossos clássicos
114)
381. ______. Marilia de Dirceu. Edição revista e prefaciada por José Veríssimo. Rio de Janeiro:
Garnier, 1910.
382. GOTLIB, Nadia Batella. Teoria do conto. São Paulo: Ática, 1985.
383. GUINSBURG, J. O romantismo. São Paulo: Perspectiva, 1978.
384. HANSEN, João Adolfo. “Metáforas barrocas do brasil”. In: Mais (supl. Literário) da
Folha de São Paulo, 12 mar. 1995, p:6-II.
385. HELENA, Lúcia. A tradição antropofágica: Gregório de Matos. In: ______ Uma literatura
antropofágica. Rio de Janeiro: Cátedra/INL, 1982. p: 19-45.
386. ______. (org.) Tomás Antônio Gonzaga. Col. Nossos clássicos. Rio de Janeiro: Agir, 1990.
387. HESSEL, Lothar; RAEDERS, Georges. O teatro jesuítico no Brasil. Porto Alegre:
Ed.URGS, 1972.
388. HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, s.d.
389. ______. Tentativas de mitologia. São Paulo: Perspectiva, 1979.
390. IVO, Ledo (org.). Raimundo Correa. Col. Nossos Clássicos. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
391. JAKOBSON, Roman. Lingüística, poética, cinema. São Paulo: Perspectiva, 1970.
392. KAULEN, Padre Lourenço. Refutação das calumnias contra os jesuítas contidas no poema
Uruguai de José Basílio da Gama. In: Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro.
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907, tomo LXVIII, parte I, p. 93-224.
393. KHEDE, Sonia Salomão (org.). Claudio Manuel da Costa. Col. Nossos Clássicos. Rio de
Janeiro: Agir, 1983.
394. KOTHE, Flávio (org.) Textos de Walter Benjamin. São Paulo: Ática, 1985.
395. ______. O herói. São Paulo: Ática, 1987. Col. Princípios.
396. LAFETÁ, João Luis. “O mundo a revelia”. Posfacio a São Bernardo de Graciliano Ramos.
Rio de Janeiro: Record, 1978.
397. ______. Figuração da intimidade. Imagens na poesia de Mario de Andrade. São Paulo:
Martins Fontes, 1986.
398. LAPA, M. Rodrigues. As cartas chilenas: um problema histórico e filológico. Rio de
Janeiro: INL, 1958.
399. LEITE, Ligia Chiappini M. O foco narrativo. São Paulo: Ática, s.d. Col. Princípios.
400. LEITE, Sebastião Uchoa. Obra em dobras. São Paulo: Duas Cidades, 1988.
331
401. LEITE, S.J., Serafim. História da companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: INL,
1949, tomo IX.
402. LEJEUNE, Philippe. “Le pacte autobiographique (bis)”. In: Poétique, 56. Seuil, Nov.
1983.
403. LEMINSKI, Paulo. Não fosse isso e era menos não fosse tanto e era quase. Curitiba: ZAP,
1980.
404. ______. Distraídos venceremos. 2ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
405. LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo:
Scipione, 1994.
406. LIMA, Jorge de. Anchieta. 4ª ed. Rio de Janeiro: Getúlio Costa, 1944.
407, LIMA, Luiz Costa. “Ficção e documento”, ensaio inédito apresentado ao simpósio sobre
“Literatura y testimenio”, Minneapolis, mar. 1984.
408. ______. “Mimesis, um conceito proscrito”, inédito, Minneapolis.
409. LINS, Ivan. Aspectos do padre Antônio Vieira. Rio de Janeiro: São José, 1956.
410. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de janeiro: José Olympio, s.d.
411. ______. Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, s.d.
412. MATA, Roberto. “Pedro Malazartes e os Paradoxos da Malandragem”. In: ______.
Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
413. MATOS, Gregório de. Obras completas. Salvador: Janaína, 1968. 7vol.
414. ______. Poesias. Seleção de Antônio Dimas. 2ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
415 .______. Poemas escolhidos. Seleção de José Miguel Soares Wisnik. São Paulo: Cultrix,
1976.
416. MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa. A Inconfidência Mineira: Brasil-Portugal,
1750-1808. 3ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
417. MENDES, Murilo. Poesias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.
418. MESQUITA, Samira Nahid. O enredo. São Paulo: Ática, 1987. Col. Princípios.
419. MILLARES CARLO, Agustín. Anchieta (José de). In: ______. Bio-bibliografia de
escritores naturales de las islas Canárias (siglos XVI,XVII y XVIII). Madrid: Tipografia de
Archivos, 1932, p: 69-86.
420. MUZART, Zahidé (org.). Mulheres-Século XIX. Travessia. Florianópolis: Curso de PosGraduaçao em Letras, 1991.
421. ______. Parnasianas, Sim Senhor! A Poesia das Mulheres no final do séc. XIX. In: Anais
do V Seminário Nacional Mulher e Literatura. Natal: UFRN, 1995.
332
422. NAME, Daniela. “O Brasil é romântico”. In: O Globo, Segundo Caderno, 10 fev. 1995,
p.10.
423. NASSAR, Raduan. Um copo de cólera. 4ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
424. NEEDELL, Jeffrey. Belle époque tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
425. NUNES, Antônio Manuel. Tem papagaio no pombal: leitura d’O Uraguai. Dissertação de
Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1989.
426. NUNES, Benedito. Clarice Lispector. São Paulo: Edições Quirin, 1973.
427. ______. “Reflexões sobre o romance moderno”. In: O livro do Seminário. Ensaios. São
Paulo: LR Editora, 1982, pp. 43-70.
428. ______. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1988.
429. OLIVEIRA, Tarquínio J.B. de. Cartas chile nas: fontes textuais. 5ed. São Paulo:
Referência, 1972.
430. ORLANDI, Eni P. Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo. Campinas: Cortez ed.,
1990.
431. PAIXÃO, Sylvia. A Fala a-menos; a repressão do desejo na poesia feminina. RJ: Numen,
1991.
432. PAULA, José Agripino de. Panamérica. 2ed. São Paulo: Max Limonad, 1988.
433. PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1972.
434. ______. Discurso em Estocolmo. In: Carta . Brasília: Senado Federal, 1991, p.31-41.
435. PEIXOTO, Afrânio; ALVES, Constâncio. Vieira brasileiro. Lisboa: Aillaud e Bertrand,
1921, 2vol.
436. PEREIRA, Paulo Roberto Dias. A festa nas Cartas Chilenas de Gonzaga: sátira do Brasil
setecentista? In: Anais do VIII Congresso Internacional: A Festa. Lisboa: Universitária Editora,
1992, vol I, p: 175-210.
437. PEYRE, Henri. Introdução ao romantismo. Lisboa: Europa-America, 1975.
438. POMPEU, Renato. Quatro-olhos. São Paulo: Alfa-Omega, 1976.
439. PONTES, Joel. Teatro de Anchieta. Rio de Janeiro: MEC/SNT, 1978.
440. PRADO, Décio de Almeida. “Os Demônios Familiares de Alencar”. Revista do Instituto de
Estudos Brasileiros, São Paulo, 15: 27-57, 1974.
441. RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1991.
442. REGO, José Lins do. Fogo morto. Rio de janeiro: José Olympio, 1968.
443. REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de narratologia. Lisboa: Almedina,
1990.
333
444. RESENDE, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos. Rio de
Janeiro/Campinas: EdUFRJ/EdUNICAMP, 1993.
445. RIBEIRO, Luís Filipe. Mulheres de papel. Tese de doutorado. Niterói: UFF, 1994.
446. RICARDO, Cassiano. O indianismo de Gonçalves Dias. São Paulo: Conselho Estadual de
Cultura, 1964.
447. ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/Ensino: uma problemática. São Paulo: Ática,
1981.
448. RODRIGUES, Pero. Vida do Padre José de Anchieta da Companhia de Jesus. Edição do
Pe. Hélio Abranches Viotti, S.J. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 1981.
449. ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de janeiro: José Olympio, 1983.
450. ROSENFELD, Anatol. Letras e leituras. São Paulo/Campinas: Perspectiva/EDUSP, 1994.
451. SÁ, Jorge de. A crônica. 4ed. São Paulo: Ática, 1992.
452. SALLES, Fritz Teixeira de. Poesia e protesto em Gregório de Matos. Belo Horizonte:
Interlivros, 1975.
453. SANTIAGO, Silviano. Nas malhas da letra. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
454. SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é Pós-Moderno. São Paulo: s.e., 1986.
455. SANTOS, Roberto Correa dos. Modos de Saber, Modos de Adoecer. In: Anais do 2º
Congresso ABRALIC. Belo Horizonte : ABRALIC, 1991. v.1. p: 523-534.
456. SARAIVA, Antônio José. O discurso engenhoso. São Paulo: Perspectiva, 1980.
457. SARTRE, Jean-Paul. O que é literatura? São Paulo: Ática, 1989.
458. SCHULLER, Donaldo. Teoria do romance. São Paulo: Ática, 1989.
459. SÉRGIO, Antônio. Salada de conjecturas a propósito de dois jesuítas. In: ______. Ensaios.
Tomo V. 3ª ed. Lisboa: Sá de Costa, 1973.
460. SILVA, Francisco Pereira. Adaptação para teatro de Memórias de um sargento de
Milícias. São Paulo: Brasiliense, 1965.
461. SILVA RAMOS, Ivone; CAVALIERI, Ruth V. Apostila organizada especialmente para o
curso, com textos de apoio sobre o modernismo, selecionados em 9 autores contemporâneos,
mais os Manifestos (autores e obras devidamente indicados).
462. SOMMER, Doris. Amor e Pátria na América Latina. RJ: CIEC, s.d.
463. SUSSEKIND, Carlos. Armadilha para Lamartine. Rio de Janeiro: Labor, 1976.
464. SUSSEKIND, Flora. A utopia da capital. As revistas de ano e a invenção do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/FCRB, 1986.
465. ______. Papeis colados. Ensaios. Rio de Janeiro: UFRJ, 1993.
334
466. ______. “Ficção 80: dobradiças e vitrines”, In: Revista do Brasil. Literatura anos 80. Ano
2, n. 5, pp.82-89.
467. TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: Ática, 1995.
468. TÁVORA, Franklin. O cabeleira. S.l.: Ediouro, s.d.
469. TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Gregório de Matos: estudo e antologia. São Paulo:
Melhoramentos/INL, 1977.
470. THOMPSON, Franklin M. “José Lins do Rego”. In: J.L. do Rego. Fortuna critica. Rio de
janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
471. TOLLER GOMES, Heloisa. “O senhor de terras e o poder”. In: O poder na ficção rural.
São Paulo: Ática, 1981.
472. VASCONCELOS, Simão de. Vida do venerável padre José de Anchieta. Edição de
Serafim Leite, S.J. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. 2 vols.
473. VIEIRA, Antônio. Obras escolhidas. Edição de Antônio Sérgio e Hernani Cidade. Lisboa:
Sá da Costa, 1951-1954, 12 vol.
474. ______. Cartas. Edição de J. Lúcio de Azevedo. 2ª ed. Lisboa: Imprensa Nacional, 19701971, 3 tomos.
475. ______. Sermões (nossos clássicos n 11) e Trechos escolhidos (nossos clássicos n 103).
Edições de Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Agir.
476. ______. Sermões. Edição de Antônio S. Amora. São Paulo: Cultrix, 1975.
477. VIOTTI, S.J. Pe. Hélio Abranches. Anchieta: o apóstolo do Brasil. 2ª ed. São Paulo:
Loyola, 1980.
478. HOLANDA, Sergio Buarque. Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial. São
Paulo: Perspectiva, 1979.
F - História da Literatura
1. BANDEIRA, D. Peg. H. das Literaturas. S.l.: s.e., s.d.
2. CARPEAUX, O.M. História da Literatura Oriental. S.l.: s.e., s.d.
3. COLARES, O. Sinopse da Literatura Universal (mimeografado).
4. CRUZ, M. da. História Universal da Literatura. S.l.: s.e., s.d.
5. MACY, J. História da Literatura Universal. S.l.: s.e., s.d.
335
G- Literaturas Regionais:
1. ALENCAR, Edigar de. Variações em tom menor. Fortaleza: UFC, 1984.
2. ALMEIDA, José Mauricio Gomes de. A tradição regionalista no romance brasileiro. Rio de
Janeiro: Achiamé, 1980.
3. AZEVEDO, Sânzio. A Academia Francesa do Ceará. Fortaleza: Casa de José de Alencar,
1971.
4. ______. O Centro Literário. Fortaleza: Casa de José de Alencar, 1972.
5. ______. Literatura Cearense. Fortaleza: ACL, 1976.
6. ______. Aspectos da Literatura Cearense. Fortaleza: UFC, 1982.
7. ______. A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará. Fortaleza: Secretaria de Cultura,
1983.
8. ______. Dez ensaios da literatura cearense. Fortaleza: UFC, 1985.
9. ______. Adolfo Caminha. (Vida e obra). S.l.: s.e., s.d.
10. BAROJA, Julio Car. Ensayo sobre a literatura de Cordel. Madrid: Revista do Ocidente,
1969.
11. BARREIRA, Dolor. História da Literatura Cearense. Fortaleza: Instituto do Ceará, 4v.
1948 a 1962.
12. BASTIDE, Roger. Brasil, terra de contrastes. São Paulo-Rio de Janeiro: DIFEL, 1979.
13. BENEVIDES, Artur Eduardo. Evolução da poesia e do romance cearenses.Fortaleza: s.e.,
1976.
14. BEZERRA, João Clímaco. Juvenal Galeno. Rio de Janeiro: Agir, 1959.
15. BÓIA, Wilson. Antônio Sales e sua época. Fortaleza: BNB, 1984.
16. BOOTH, Waine C. A retórica da ficção. Lisboa: Arcádia, 1980.
17. BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
18. CASA RUI BARBOSA. Literatura Popular em Verso. Casa de Rui Barbosa. Tomo I, II, III,
s.d.
19. CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura Oral. Rio de Janeiro: José 0lympio, s.d.
20. COLARES, Otacilio. Lembrados e esquecidos. Fortaleza: IUC, 5v., 1975.
21. ______. Lembrados e esquecidos II. Fortaleza: UIC, 1976.
22. ______. Lembrados e esquecidos II. Fortaleza: UIC, 1977.
23. COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio; Niterói: UFF,
336
1986.
24. CUNHA, Euclides. Os Sertões. São Paulo: Círculo do Livro, 1986.
25. CURRAU, Mark. J. A Literatura de Corde1. Recife: Universidade Federal de Pernambuco,
1973.
26. D' ALGE, Carlos. O exílio imaginário. Fortaleza: UFC, 1983.
27. DACANAL, José Hildebrando. O Romance de 30. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.
28. FOSTER, E. M. Aspectos do Romance. Porto Alegre: Globo, 1969.
29. FREIRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro/Brasília: José Olympio/INLMEC, 1980.
30. GIRÃO, Raimundo. A academia de 1984. Fortaleza: ACL, 1975.
31. GOLDMANN, Lucien. Sociologia do Romance. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
32. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1965.
33. LANDIM, Teoberto. Trocando em miúdos. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto,
1985.
34. LESSA, Orígenes. Getúlio Vargas na literatura de cordel. Rio de Janeiro: Editora
Documentário, 1973.
35. LIMA, Herman. Domingos Olímpio. Rio de Janeiro: AGIR, 1961.
36. LINHARES, Francisco; BATISTA, Otací1io. Anto1ogia ilustrada dos
contadores.Fortaleza: Imprensa Universitária UFC, 1976.
37. LINHARES, Mário. História Literária do Ceará. Rio de Janeiro: Jornal do Comércio, 1948.
38. LIRA, Pedro. Poesia Cearense e Realidade Atual. Petrópolis: Vozes, 1975.
39. LUCAS, Fábio. O caráter social da ficção do Brasil. São Paulo: Ática, 1985.
40. LYRA, Pedro. Poesia cearense e realidade atual. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.
41. MACEDO, Dimas. Leitura e conjuntura. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto, 1984.
42. MAGALHÃES, Celso de. A poesia popular brasileira. s.l.: Bib1ioteca Nacional, 1973.
43. MARTINS, Wilson. História da Inteligência do Brasil. São Paulo: Cu1trix/EdUSP, 19771978. 7 v.
44. MARTINS FILHO, Antônio & GIRÃO, Raimundo. O Ceará 3ª ed. Fortaleza: Instituto do
Ceará, 1966.
45. MENDES, Oscar. José de Alencar. Romances Indianistas. (Nossos Clássicos). Rio de
Janeiro: Agir, 1968.
337
46. MIGUEL-PEREIRA, Lúcia. Prosa de ficção. Rio de Janeiro: José 01ympio, 1950.
47. MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos. 8ª Ed. São Paulo: Cultrix,
1980.
48. MONTEIRO, José Lemos. O Discurso Literário de Moreira Campos. Fortaleza: UFC,
1980.
49. ______. O Universo mí(s)tico de José Alcides Pinto. Fortaleza, s.e., 1979.
50. ______. O Compromisso Literário de Eduardo Campos. Fortaleza: Sec. de Cultura e
Desporto, 1981.
51. MONTEIRO, Pedro Paulo. Convivências. Fortaleza: UFC, 1966.
52. MONTENEGRO, Aberlardo. O Romance cearense. Fortaleza: Royal, 1953.
53. MONTENEGRO, Braga. José Albano. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
54. ______. Correio retardado. Fortaleza: UFC, 1966.
55. ______. Correio retardado II. Fortaleza: Sec. de Cultura e Desporto, 1974.
56. MOOG, Viana. Bandeirantes e Pioneiros. In: ______. Obras. Rio de Janeiro: Delta, 1966,
10 v.
57. MORAES, Vera Lúcia Albuquerque de. A arte poética de Artur Eduardo Benevides.
Fortaleza: s.e., 1978.
58. MOTA, Leonardo. Cantadores.3ª ed. Fortaleza: IUC, s.d.
59. ______ . Sertão Alegre. 2ª ed. Fortaleza: IUC, 1965.
60. ______. Violeiros do Norte.3ª ed. Fortaleza: IUC, 1962.
61. MOURA, Clóvis. O preconceito de cor na 1iteratura de Cordel. São Paulo: Edit ora
Resenha Universitária, 1976.
62. MUIR, Edwin. A estrutura do romance. Porto Alegre: Globo, s.d.
63. NASCIMENTO, F.S. Três momentos da ficção menor. Fortaleza: Sec. de Cultura e
Desporto, 1981.
64. PINTO, José Alcides. Política da arte. Fortaleza: Sec. de Cultura e Desporto, 1981.
65. ______. Política da arte II. Fortaleza: BNB, 1986.
66. PINTO, Rolando Moral. Experiência e ficção de Oliveira Paiva. São Paulo: USP, 1967.
67. PORTELLA, Eduardo et al. O Romance de 30 no Nordeste . Fortaleza: UFC/PROED, 1983.
68. PRADO, Paulo. Retrato do Brasil.6ªed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962.
69. PROENÇA, Ivan Cavalcanti. A ideologia do Cordel. Rio de Janeiro: Imago Editora/MEC,
1976.
338
70. RIBEIRO, Sabóia. O Romancista Adolfo Caminha. Rio de Janeiro: Pongetti, 1967.
71. SILVA, Dias da. Da Pena do vento I. Fortaleza: s.e., 1981.
72. SODRÉ, Nélson Werneck. História da Literatura Brasileira. Seus Fundamentos
Econômicos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
73. SOUSA, Liêdo M. de. Classificação popular na literatura de Corde1. Petrópolis: Vozes,
1976.
74. STUDART, Guilherme. Dicionário Bibliográfico Cearense. Fortaleza: Tipografia a Vapor,
3v., 1910 a 1915.
75. TAVARES JÚNIOR, Luiz. O mito na literatura de corde1. Tese de 1ivre-docência, s.l., s.d.
76. VANSINA, Jam. La tradición oral. Barcelona: Editorial Labor, s.d.
H- Literaturas Africanas:
1. ANDRADE, Costa. Literatura angolana (opiniões). Lisboa: Edições 70, 1980.
2. ANDRADE, Mário de. Antologia temática de poesia africana 1 - Na noite grávida
de punhais. Lisboa: Sá da Costa, 1975.
3. ______. Antologia temática de poesia africana 2 - O canto armado. Lisboa: Sá da
Costa, 1979.
4. FERREIRA, Manuel. Literatura africana de expressão portuguesa. São Paulo:
Ática, 1987.
5. ______. 50 poetas africanos: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe. Lisboa: Plátano, 1989.
6. HAMILTON, Russel G. Literatura africana literatura necessária I: Angola. Lisboa:
Edições 70, 1981.
7. ______. Literatura africana literatura necessária 11: Moçambique, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. Lisboa: Edições 70, 1984.
8. MARGARIDO, Alfredo. Estudos sobre literaturas das nações africanas de Língua
Portuguesa. Lisboa: A Regra do Jogo, 1980.
9. MOSER, Geraldo; FERREIRA, Manuel. Bibliografia das literaturas africanas de
expressão portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, s. d.
10. NEVES, João Alves das. Poetas e contistas africanos. São Paulo: Brasiliense, 1963.
11. PONTES, Roberto. Poesia insubmissa afrobrasilusa. Rio de Janeiro-Fortaleza:
.
339
Oficina do Autor-Edições UFC, 1999.
12. ______. A poesia de Agostinho Neto como expressão de um processo de combate:
A junção do estético ao real; africanidade e angolanidade in Anais do I Encontro de
Professores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Niterói (RJ): Universidade
Federal Fluminense-UFF, 1991.
13. SANTILLI, Maria Aparecida. Africanidade. São Paulo: Ática, 1985.
14. ______. Estórias qfricanas. São Paulo: Ática, 1985.
15. SARTRE, Jean Paul. "Introductión" à Anthologie de Ia nouvel/e poésie negre et
malgache, de Léopold Sedar Senghor. Paris: Presses Universitaires, 1948.
16. ______. Reflexões sobre o racismo. São Paulo: Difusão Européia de Livro, 1960.
17. SEABRA, Manuel de. Poesia africana de hoje. Lisboa: Editorial Futura, 1974.
18. TENREIRO, Francisco; ANDRADE, Mário Pinto de. Poesia negra de expressão
portuguesa. Lisboa: África, 1982.
19. TRIGO, Salvato. Introdução à literatura angolana de expressão portuguesa. Porto:
Brasília Editora, 1977.
20. ______. A poética da "Geração Mensagem". Porto: Brasília, 1979.
21. ABDALA, Benjamin. Literatura, historia e política: literaturas de língua portuguesa no
século XX. São Paulo: Ática, 1989.
22. ACTES du colloque international: Lês littératures africaines de langue portugaise: a la
recherche de l’identité individuelle et nationale. Paris, 28,2930 novembre, 1 decembre, 1984.
Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, 1989.
23. ANAIS do I Encontro de professores de literaturas africanas de língua portuguesa:
Repensando a africanidade. Niterói, 1 a 4 de outubro de 1991. Niterói: Imprensa Universitária
da UFF, 1995
24. ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1987.
25. BALOGUN, Ola et al. Introdução a cultura africana. Lisboa: Edições 70, 1980.
26. BARBOSA, Rogério Andrade. No ritmo dos tantãs: antologia poética dos paises africanos
de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guine-Bissau, Moçambique, São Tome e Príncipe.
Brasília: Thesaurus, 1991.
27. BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Vol. I. São Paulo: Brasiliense, 1993.
28. BERND, Zilá. O que é negritude. Col. Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1988.
29. BORNHEIM, Gerd et al. Tradição/contradição. Rio de Janeiro: Zahar, s.d.
30. BOSI, Alfredo. O ser e o tempo. São Paulo: Cultrix, 1983.
31. ______. Historia concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1980.
340
32. BROOKSHAW, David. “Da oralidade a literatura e da literatura a oralidade. In: ANGOLÊ,
ARTES E IDÉIAS, Odivelas, 1, março de 1990, p. 30-4.
33. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e historia. 5ed. São Paulo:
Editora Nacional, 1976.
34. ______. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987.
35. CHAVES, Rita de Cássia Natal. “A ficção angolana dos anos 60: imagens da voz coletiva”
In: Boletim do SEPESP, Rio de Janeiro, UFRJ, Faculdade de Letras, n.4, 1991.
36. CORTEZ, Maria de Lourdes. “José Craveirinha; rumor de fundo em Karingana ua
Karingana”. In: Colóquio/Letras. Fundação Calouste Gulbenkian, no. 110/111, Jul./Out/1989.
37. ERVEDOSA, Carlos. Roteiro da literatura angolana. 2ed. Lisboa: Edições 70, 1979.
38. FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. 2ed. Porto: Paisagem, 1975.
39. ______. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
40. FERREIRA, Manuel. No reino de Caliban: antologia panorâmica da poesia africana de
expressão portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
41. FINLEY, Moses. Uso y abuso de la historia. Barcelona: Critica, 1977.
42. FREUDENTHAL, A. et al. Antologia de poesia da CASA DOS ESTUDANTES DO
IMPÉRIO. Lisboa: ACEI, 1994. 2v.
43. GOMES, Simone Caputo. Uma recuperação de raiz: Cabo Verde na obra de Daniel Filipe.
Praia: Insituto Caboverdiano do Livro e do Disco, 1993.
44. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice/Revista dos Tribunais,
1990.
45. HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
46. LARANJEIRA, J.L. Pires. “Luandino Vieira: apresentação da vida verdadeira”. In: Revista
de Cultura Vozes. Petrópolis, ano 73, vol. LXXIII, março 1979, n.2.
47. ______. De letra em riste: identidade, autonomia e outras questões na literatura de Angola,
Cabo Verde, Moçambique, São Tome e Príncipe. Porto: Afrontamento, 1992.
48. ______. Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta,l 995.
49. LEPECKI, Maria Lucia. Sobreimpressoes: estudos de literatura portuguesa e africana.
Lisboa: Caminho, 1988.
50. LUGARINHO, Mario César. Entre lira e tambor: Mnemosyne e a poesia angolana.
Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: Depart. Letras PUC, 1993.
51. MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. 2 ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1977.
52. MOURALIS, Bernard. As contraliteraturas. Coimbra: Almedina, 1982.
341
53. PADILHA, Laura Cavalcante. “A vez e a voz da margem”. In: Boletim do SEPESP. Rio de
Janeiro, Faculdade de Letras, n. 4, 1991.
54. ______. “O arco tenso de uma literatura”. In: Cadernos de Letras da UFF. Niterói: UFF,
Faculdade de Letras, n.7, 1991.
55. ______. Entre Voz e Letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolano do séc. XX.
Niterói: EDUFF, 1995.
56. SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
57. TINHORÃO, José Ramos. Os negros em Portugal: uma presença silenciosa. Lisboa:
Coimbra, 1988.
58. TRIGO, Salvato. Ensaios de Literatura comparada afro-luso-brasileira. Lisboa: Veja,
1986.
342
ANEXO II – LEITURA DA BIBLIOGRAFIA DOS PROGRAMAS DA UFF QUE
NÃO CONSTAM DA TABELA XX:
Literatura Brasileira IV “A”:
340E- CANDIDO, A. A personagem de ficção, 342E- CANDIDO, A. Dialética da
Malandragem, 359E- ESSLIN, M. Uma anatomia do drama, 412E- MATA, R. “Pedro
Malazartes e os Paradoxos da Malandragem”, 440E- PRADO, D. de A. “Os Demônios
Familiares de Alencar”. (A)
Literatura Brasileira IV “B”:
12E- ANDRADE, O. Poesias reunidas; 301E- ANDRADE, M. Poesias completas;
319E- BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. 45E- BOSI, A. História Concisa da
Literatura Brasileira; 179E- MURICY, A. Panorama do movimento simbolista
brasileiro; 202E- PROENÇA FILHO, D. Estilos de época na Literatura: através de
textos comentados; 224E- SANT’ANNA, A. O canibalismo amoroso.O desejo e a
interdição em nossa cultura através da poesia ( Do canibalismo melancólico sobre o
corpo da amada morta a eroticidade de Lúcifer), 255E- TELLES, G.M. Vanguarda
Européia e Modernismo Brasileiro; 318E- BALAKIAN, A. “As Convenções do
Simbolismo na Literatura Européia”. In: O simbolismo; 397E- LAFETÁ, J.L.
Figuração da intimidade. Imagens na poesia de Mario de Andrade. (B)
Literatura Brasileira IV “C”:
45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 80E- COUTINHO, A. A
Literatura no Brasil; 179E- MURICY, A. Panorama do movimento simbolista
brasileiro, 255E- TELLES, G.M. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro;
Textos de apoio: 133E- LAFETÁ, J. L. 1930: a crítica e o Modernismo (Modernismo:
projeto estético e ideológico), 339E- CANDIDO, A. Literatura e sociedade (Literatura
e cultura de 1900 a 1945), 433E- PAZ, O. Signos em rotação (Verso e prosa), 457ESARTRE, J.-P. O que é literatura? (Que é escrever). (C)
Literatura Brasileira V “A”:
45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira, 81E- COUTINHO, A.
Introdução à Literatura no Brasil, 162E- MARTINS, W. O modernismo; 14E-
343
ANDRADE, O. Memórias sentimentais de João Miramar. Serafim Ponte Grande;
300E- ANDRADE, M. Macunaíma; 304E- ANDRADE, O. O Rei da Vela; 441ERAMOS, G. São Bernardo; 62E- CAMPOS, H. Morfologia do Macunaíma; 63ECÂNDIDO, A. Vários Escritos; 245. SOUSA, Gilda e Mello e. O Tupi e o Alaúde: uma
interpretação de Macunaíma. (A)
Literatura Brasileira V “B”:
25E- AVILA, A. O Modernismo; 45E- BOSI, A. História Concisa da Literatura
Brasileira; 68E- CANDIDO, A.; CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da Literatura
Brasileira; 329E- BORNHEIM, G. O sentido e a máscara; 461E- SILVA RAMOS, I.;
CAVALIERI, R. V. Apostila (B)
Literatura Brasileira VI “A”:
Básica literária (a ser complementada): 279E- ABREU, C. F. Morangos mofados, 280EABREU, C. F. Onde andará Dulce Veiga?, 281E- ABREU, C. F. Um romance B, O
ovo apunhalado.
Bibliografia Critica: 129E- HUTCHEON, L. Poética do Pós-Modernismo: história,
teoria, ficção, 251E- SUSSEKIND, F. Literatura e Vida Literária: polêmicas, diários e
retratos, 351E- COUTINHO, P. C. A Lira dos Vinte Anos, 434E- PAZ, O. Discurso em
Estocolmo, 451E- SÁ, J. de. A crônica, 454E- SANTOS, J. F. dos. O que é PósModerno.
Literatura Brasileira VI “B”:
18E- AREAS, V.; WALDMAN, B. Remate de males (“o Búfalo. Clarice Lispector e a
Herança Judaica” por Gilda Salem Szklo e “Os laços de família ou a Enunciação do
Humor” por Diva Vasconcelos da Rocha), 66E- CANDIDO, A. A educação pela noite
e outros ensaios(A nova narrativa), 141E- LIMA, L.C. Dispersa demanda: ensaios
sobre literatura e teoria (O cão pop e a alegoria cobradora), 186E- NUNES, B. O
drama da linguagem. Uma leitura de Clarice Lispector, 206E- QUEIROZ,V.(org.).
Clarice Lispector (Triptico para Clarice), 217E- ROSENFELD, A. Texto e contexto
(Reflexões sobre o romance moderno), 382E- GOTLIB, N. B. Teoria do conto
Literatura Brasileira VI “C”:
344
308E- ANJOS, C. dos. O amanuense Belmiro, 410E- LISPECTOR, C. A hora da
estrela, 441E- RAMOS, G. São Bernardo; 442E- REGO, J. L. do. Fogo morto, 449EROSA, G. Sagarana; 66E- CANDIDO, A. A educação pela noite e outros ensaios
(Literatura e subdesenvolvimento), 84E- COUTINHO, E. de F. (org.). Guimarães Rosa
(Sagarana por Antonio Candido, Uma Grande Estréia por Álvaro Lins e Revolução
Roseana por Franklin de Oliveira), 218E- SÁ, O. de. A escritura de Clarice Lispector,
308E- ANJOS, C. dos. O amanuense Belmiro(A estratégia por Antonio Candido),
343E- CANDIDO, A. Ficção e confissão; 344E- CANDIDO, A. “Um romancista da
decadência”; 426E- NUNES, B. Clarice Lispector; 441E- RAMOS, G. São Bernardo
(O Mundo a Revelia por J.L.Lafetá), 442E- REGO, J. L. do. Fogo morto(Introdução por
Alfredo Bosi e Um novo romance dos engenhos por Álvaro Lins), 470E- THOMPSON,
F. M. “José Lins do Rego”; 471E- TOLLER GOMES, H. “O senhor de terras e o
poder”.
Literatura Brasileira VI “D”:
25E- AVILA, A. O Modernismo, 36E- BENJAMIN, W. Obras escolhidas. (O narrador.
Considerações sobre a obra de nikolai Leskov), 46E- BOSI, A. Céu, inferno. Ensaios de
crítica literária e ideológica, 48E- BRADBURY, M.; MacFARLANE, J. Modernismo:
guia geral, 50E- BRAIT, B. A personagem, 66E- CANDIDO, A. A educação pela noite
e outros ensaios (A nova narrativa), 84E- COUTINHO, E. de F. (org.). Guimarães
Rosa, 120E- HELENA, L. A problematização da narrativa em Clarice Lispector, 141ELIMA, L.C. Dispersa demanda: ensaios sobre literatura e teoria, 145E- LIMA,
L.C..Pensando nos trópicos (dispersa demanda II), 185E- NUNES, B. (Coordenador).
Edição critica de A paixão segundo G. H., 186E- NUNES, B. O drama da linguagem.
Uma leitura de Clarice Lispector, 206E- QUEIROZ,V.(org.). Clarice Lispector
(Triptico para Clarice), 213E- RIEDEL, D.C. Narrativa - ficção & história, 217EROSENFELD, A. Texto e contexto (Reflexões sobre o romance moderno), 221ESANT'ANNA, A. R. de. Análise estrutural de romances brasileiros., 233ESCHWARTZ,R. Os pobres na literatura brasileira, 250 e 251E- SUSSEKIND, F. Tal
Brasil, qual romance? Uma estética e sua história: o naturalismo e Literatura e Vida
Literária: polêmicas, diários e retratos, 321E- BARBOSA, J. A. “A modernidade no
romance”, 328E- BOURNEUF, R.; OUELLET, R. O universo do romance, 332EBRAYNER, S.(org.). Graciliano Ramos, 340E- CANDIDO, A. A personagem de
ficção (A personagem do romance), 371E- GARBUGLIO, J.C. et al. (org.). Graciliano
345
Ramos, 372E- GOLDMAN, L. Sociologia do romance, 395E- KOTHE, F. O herói,
396E- LAFETÁ, J. L. “O mundo a revelia”, 399E- LEITE, L. C. M. O foco narrativo,
418E- MESQUITA, S. N. O enredo, 427E- NUNES, B. “Reflexões sobre o romance
moderno”, 428E- NUNES, B. O tempo na narrativa, 443E- REIS, C.; LOPES, A.C. M.
Dicionário de narratologia, 453E- SANTIAGO, S. Nas malhas da letra, 458ESCHULLER, D. Teoria do romance, 466E- SUSSEKIND, F. “Ficção 80: dobradiças e
vitrines”.
346
ANEXO III – LEITURA DA BIBLIOGRAFIA DAS DISCIPLINAS DE
LITERATURA BRASILEIRA XIV DA UFF QUE NÃO APARECEM NA
TABELA XXI:
Bibliografia de Literatura Brasileira XIV “A”
320E- BANDEIRA, M. Antologia dos poetas românticos (Casimiro de Abreu,
Junqueira Freire e Fagundes Varela), 287E- ALVES,C. Poesias completas, 26.
AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo, 325E- BILAC, O.
Poesias, 390E- IVO, L.(org.). Raimundo Correa, 356E- DIAS, G. Ainda uma vez adeus.
47E- BOSI,A. Dialética da Colonização(Sob o signo de Can), 65 e 67E- CANDIDO, A.
Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos (O Nacionalismo literário e o
Romantismo como posição do espírito e da sensibilidade) e Na Sala de Aula (Cavalgada
ambígua e No coração do silencio), 389E- HOLANDA, S. B. Tentativas de mitologia
(Árcades & Românticos), 383E- GUINSBURG, J. O romantismo (A visão romântica
por Nunes Benedito), 108E- GOMES, Á. C.; VECCHI, C. A. A Estética Romântica.
Bibliografia de Literatura Brasileira XIV “B”:
8E- ANDRADE,M. Aspectos da Literatura Brasileira (Amor e medo e Castro Alves),
45E- BOSI,A. História Concisa da Literatura Brasileira, 65E- CANDIDO, A.
Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos, 80E- COUTINHO, A. A
Literatura no Brasil, 358E- DUARTE, C. L. Nísia Floresta: vida e obra, 431EPAIXÃO, S. A Fala a-menos; a repressão do desejo na
poesia feminina, 224E-
SANT’ANNA,A.R. O canibalismo amoroso.O desejo e a interdição em nossa cultura
através da poesia., 222E- SANT’ANNA,A.R Por um novo conceito de literatura
brasileira (Literatura e psic análise: revendo Bilac).
Bibliografia de Literatura Brasileira XIV “C”:
7E- ANDRADE, M. O empalhador de passarinho (Parnasianismo), 8E- ANDRADE,
M. Aspectos da Literatura Brasileira (Castro Alves e Amor e medo), 28EBANDEIRA, M. Apresentação da poesia brasileira (Parnasianos, Românticos,
Simbolistas), 45E- BOSI,A. História Concisa da Literatura Brasileira (Romantismo,
Simbolismo), 47E- BOSI,A. Dialética da Colonização (Sob o signo de Can), 65 e 67ECANDIDO, A. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos e Na Sala de
Aula (Cavalgada Ambígua, No coração do silêncio), 77E- CITELLI, A. Romantismo,
347
99E- FISCHER, E. A necessidade da arte (Arte e capitalismo), 117E- HAUSER, A.
História social da literatura e da arte (O romantismo alemão e o do Ocidente), 128EHUGO, V. Do grotesco ao sublime, 179E- MURICY, A. Panorama do movimento
simbolista
brasileiro,
196E-
PEYRE,
H.
A
literatura
simbolista,
224E-
SANT’ANNA,A.R. O canibalismo amoroso.O desejo e a interdição em nossa cultura
através da poesia (Do canibalismo melancólico sobre o corpo da amada morta à
eroticidade de Lúcifer, A mulher de cor e o canibalismo erótico na sociedade
escravocrata, Da mulher esfinge como estátua devoradora ao ‘strip-tease’ na alcova).
348
ANEXO IV –
LEITURA DA
BIBLIOGRAFIA
DA DISCIPLINA
DE
LITERATURA PORTUGUESA I DA UFF QUE NÃO APARECE NA TABELA
XXII:
Obras originais (e/ou traduzidas), antologias e coletâneas: 21D- AZEVEDO FILHO. L
A. de. As cantigas de Pero Meogo, 114 e 116D- FERREIRA, M. E. T. Poesia e prosa
medievais e Crônicas de Fernão Lopes, 142D- GONÇALVES, E. e RAMOS, M. A. A
lírica galego-portuguesa, 359D- SPINA, S. Presença da literatura portuguesa, 385DBEDIER, J. O romance de Tristão e Isolda, 396D- CANÇÃO DE ROLANDO, A, 400DCORREIA, N. (org.) Cantares dos trovadores galego-portugueses, 411D- LOBEIRA, J.
(?). Amadis de Gaula, 413D- MALORY, Sir T. A morte de Arthur, 420D- POEMA DO
CID
Estudos críticos e ensaios teóricos:62D- CIDADE, H. Lições de cultura e literatura
portuguesa, 158D- LAPA, R. Lições de literatura portuguesa: época medieval, 230DMONGELLI, L.M.de M. et al. A literatura portuguesa em perspectiva: Trovadorismo e
Humanismo, 310D- SARAIVA, A.J.; LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa,
383D- ARMAND, A. Moyan Age et XVI siecle, 384D- AZEVEDO Filho, L A. A
história da Literatura portuguesa: a poesia dos trovadores galeo-portugueses, 409DLAGARDE, A.; MICHARD, L. Moyen Age, 414D- MELO E CASTRO, E.M. O fim
visual do século XX (A palavra erótica do português), 416D- NUNES, J.J. Crestomatia
Arcaica: excertos de Literatura portuguesa, 424D- ROUGEMONT, D. O amor e o
Ocidente, 432D- ZUMTHOR, P. A letra e a voz: a “literatura” medieval.
Historia de Portugal e Historia da Cultura:60D- CIDADE, H. Portugal Histórico
Cultural, 197D- MARQUES, A.H.O. A Sociedade Medieval Portuguesa, 382DARIES, P.; DUBY, G. Historia da vida privada, 401D- DUBY, G. Idade Média,Idade
dos Homens: do Amor e outros ensaios, 410D- LE GOFF, J. Para um novo conceito de
Idade Média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente, 417D- PASTOREAU, M. No
tempo dos cavaleiros da Távola Redonda, 427D- SARAIVA, J. H. Historia concisa de
Portugal
O Teatro de Gil Vicente:
349
Obras de G. Vicente: 430D- VICENTE, G. Obras completas; 431D- VICENTE, G.
Sátiras sociais: Auto da Índia, Quem tem farelos?, Farsa de Inês Pereira, O Juiz da
Beira, Farso dos Almocreves, Romagem dos Agravados
Sobre G. Vicente: 305D- SARAIVA, A.J. Para a História da Cultura em Portugal (Gil
Vicente), 307.D- SARAIVA, A.J. Gil Vicente e o fim do teatro medieval, 386D- BELL,
A. F.G.. Estudos Vicentinos, 392D- BRAGA, T. Historia do theatro portuguez. Vida de
Gil Vicente e sua eschola: século XVI, 422D- RECKERT, S. Gil Vicente: espírito e
letra- estudos;
423D- RIBEIRO, M. A. Gil Vicente e a nostalgia da Ordem.
Sobre o teatro português: 84D- CRUZ, D. I. da. Introdução à história do teatro
português, 281D- REBELLO, L.F. História do teatro português
Outras obras: 31D- BENJAMIN, W. A origem do drama barroco alemão, 148DHAUSER, A. História social da arte e da literatura, 310D- SARAIVA, A.J.; LOPES,
Oscar. História da literatura portuguesa, 387D- BENJAMIN, W. Documentos de
Cultura/Documentos de Barbárie;388D- BERGSON, H. Le rire: essai sur la
signification du comique, 403D- FOUCALT, M As palavras e as coisas: uma
arqueologia das ciências humanas, 408D- HUIZINGA, J. Homo ludens.
Camões:
Recomendada: 28D- BARRETO, L. F.. Caminhos do saber no Renascimento
português: estudos de história e teoria da cultura, 32D- BERARDINELLI, C. Estudos
camonianos, 44D- CAMOES, L. Os Lusíadas, 60D- CIDADE, H. Portugal Histórico
Cultural, 63D- CIDADE, H. Luis de Camões - o lírico, 64D- CIDADE, H. Luis de
Camões - o épico, 178D- LOURENÇO, E. Poesia e metafísica: Camões, Antero e
Pessoa, 148D- HAUSER, A. História social da arte e da literatura (Renacimiento),
304D- SARAIVA, A. J. Luis de Camões, 334D- SILVA, V. M. P. de A. Maneirismo e
barroco na poesia lírica portuguesa, 381D- ALBUQUERQUE, L
Ciência e
experiência nos Descobrimentos Portugueses, 389D- BISMUT, R. La lyrique de
Camões, 395D-CAMOES, L. de Lírica Completa, 398D- COELHO, J. de P.
Problemática da Historia literária (Camões: poeta do desengano), 402D- FERREIRA,
A. M. P. O essencial sobre Portugal e a origem da liberdade dos mares, 405D-
350
HAUSER, A. Maneirismo, 407D- HOCKE, G. Maneirismo: o mundo como labirinto,
412D- LOPES, O. Ler e depois (Camões), 414D- MELO E CASTRO, E.M. O fim
visual do século XX (As transgressoes de Camões, A palavra erótica em Português, As
Fontes, as Nuvens e o Caos(Notas sobre Barroco, Neobarroco e Metabarroco na Poesia
Portuguesa).
351
ANEXO V – LEITURA DA BIBLIOGRAFIA DOS PROGRAMAS DE TEORIA
DA LITERATURA VI, VII e VIII (UFF) QUE NÃO ENTRARAM NA TABELA
XLIII
Teoria da Literatura VI “A”
141A- SILVA, V. M. de A.e. Teoria da Literatura; 175A- BAKHTIN, M. Problemas
da poética de Dostoievski; 199A- KRISTEVA, J. Introdução a semanálise; 203ALOTMAN, L. A estrutura do texto artístico; 239A- VALLE, E. F. B. do. A palavra
poética
Teoria da Literatura VII “A”
Textos literários: 189A- DOURADO, A. A Barca dos Homens, 219A- PINON, N.
Fundador, 220A- PINON, N. Sala de armas, 230A- ROSA, J. G. Urubuquaquá no
Pinhém (O Cara-de-Bronze).
Textos teóricos:, 121A- PAZ, O. Signos em rotação, 148A- STAIGER, E. Conceitos
Fundamentais
da
Poética,
158A-
TOLEDO,
D.
O.(Org.)
Teoria
da
Literatura.Formalistas russos 229A- RIFATERRE. “ A metáfora filée”
Teoria da Literatura VII “B”
Literária: 211A- MELO NETO, J. C. de. Poesias completas (1940-1965) (poesias:
Pedra do Sono, O Engenheiro, Os três mal-amados, Psicologia da composição com a
Fabula de Anfion e Antiode, O cão sem plumas, O Rio, Morte e vida Severina,
Paisagens com figuras, Uma faca só lamina, Quaderna, Dois parlamentos, Serial, A
educação pela pedra, Museu de tudo), 249A- MELO NETO, J.C. Museu de tudo e
depois (poesias: A escola das facas, Auto do frade), 212A- MELO NETO, J.C.
Antologia poética.
Criticos: 32A- CAMPOS, H de. Metalinguagem (capitulo: O geometra engajado),
153A- TELES, G. M. (org.). Vanguarda européia e Modernismo brasileiro (capitulo:
Poesia e composição; a inspiração e o trabalho de arte), 176A- BARBOSA, J. A. A
imitação da forma; uma leitura de João Cabral de Melo Neto, 181A- CARONE NETO,
M. A poética do silencio; João Cabral de Melo Neto e Paul Celan, 182A- COSTA
352
LIMA, L. Lira e antilira (capitulo: A traição consequente ou a poesia de Cabral), 183ACOSTA LIMA, L. A metamorfose do silencio (capitulo: A lamina assimétrica ou a
ilusão de simetria), 184A- COSTA LIMA, L. Dispersa demanda (capitulo: Pernambuco
e o mapa- mundi), 192A- FERREIRA GULLAR. Cultura posta em questão (capitulo:
Situação da poesia brasileira), 193A- FERREIRA GULLAR. Vanguarda e
subdesenvolvimento, 197A- HOLANDA, S. B. Cobra de vidro (capitulo: Branco sobre
o branco), 201A- LEITE, S. U. Participação da palavra poética (capítulos: O pósmodernismo, a geração de 45, Cabral, os novos poetas), 204A- LUCAS, F. Temas
literários e juízos críticos (capitulo: Estetica de Descartes), 209A- MAMEDE, Z. Civil
geometria, 213A- MERQUIOR, J. G. A astúcia da mimese (capitulo: Nuvem civil
sonhada), 214A- MOISES, M. A literatura brasileira através dos textos (capitulo: João
Cabral de Melo Neto), 215A- NUNES, B. João Cabral de Melo Neto (capítulos: Da
função moderna da poesia e João Miró), 216A- NUNES, B. O dorso do tigre (capitulo:
A máquina do poema), 218A- PIGNATARI, D. Contracomunicação (capitulo: Situação
atual da poesia no Brasil), 223A- RAMOS, M. L. Fenomenologia da obra literária
(capitulo: Um conceito de poesia), 224A- RAMOS, P. E. da S. “O Modernismo na
poesia: Joao Cabral de Melo Neto”, 226A- RENOVACAO (capítulos: Considerações
sobre o poeta dormindo, Pratica de Mallarmé), 227A- REVISTA BRASILEIRA DE
POESIA (Introdução a Quinze poetas catalães), 234A- SANTIAGO, S. Vale quanto
pesa (capitulo: As incertezas do sim), 244A- ARAUJO, L. C. de (comp.) Murilo
Mendes (Carta a Murilo Mendes), 245A- CHAMIE, M. Casa da época (entrevista:
Desleitura da poesia de João Cabral de Melo Neto), 246A- COSTA, M. I. C. da.
“Memórias de uma entrevista”, 248A- STEEN, E. van. Viver e escrever (Uma boa prosa
com João Cabral).
Teoria da Literatura VII “C”
Bibliografia: 86A- JOBIM, J.L.(org) Palavras da crítica: tendências e conceitos no
estudo da literatura, 141A- SILVA, V. M. de A.e. Teoria da Literatura, 145ASOUZA, R.A. de. Formação da Teoria da Literatura, 146A- SOUZA, R.A. de. Teoria
da Literatura, 147A- SOUZA, R.A. de. Teoria literária: opções científicas e alternativa
poética.
353
Teoria da Literatura VIII “A”
80A- JAKOBSON, R. Lingüística e poética, 86A- JOBIM, J.L.(org) Palavras da
crítica: tendências e conceitos no estudo da literatura, 89A- KHÉDE, S. S. Os
Contrapontos da Literatura, 90A- KHÉDE, S. S. Formação da teoria da literatura,
91A- KHÉDE, S. S. Teoria da literatura.
Download

SUMÁRIO etc - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações