F ACULDADE M INEIRA DE D IREITO - PUC M INAS (FMD) F EVEREIRO /J ULHO DE 2010 60 ANOS F ACULDADE M INEIRA DE D IREITO Foto de Marta Carneiro S OLENIDADE DA A NO XIII, N ÚMERO 41 DE COMEMORAÇÃO Veja os eventos programados para comemoração dos 60 anos da Faculdade Mineira de Direito e a solenidade que marcou o acontecimento. Páginas 3 e 7 Foto de Marta Carneiro E NTREVISTA COM EX - ALUNA Aluna formada na 1ª turma da FMD relata lembranças e diz como se sente sendo a única mulher a ter formado na turma de 1954. A CONTECEU EM Página 5 B RASÍLIA Os alunos da FMD, Camila Hillesheim Kraus (na foto com Michel Temer) e Gustavo Yoneyama Mourthéesteve estiveram em Brasília pelo projeto de pesquisa FIP para entrevistar o deputado federal Michel Temer. Página 8 Discurso de formatura da primeira turma de Evento em comemoração aos 60 anos da FMD, realizado dia 9 de março Advogada Maria Ângela Silveira e a Vicereitora Patrícia Bernardes Nesta Edição: Camila Hillesheim Kraus e o deputado Michel Temer Direito da PUC Minas. Entrevista com o Professor decano da Faculdade Mineira de Direito da PUC Minas, Lauro Bracarense. Artigo do Advogado e Professor de Direito do Trabalho da Puc Minas Davidson Malacco Ferreira. P ÁGINA 2 E DITORIAL D ISCURSO DE FORMATURA DA PRIMEIRIA TURMA DA F ACULDADE M INEIRA DE D IREITO EM 54 Foto de Marta Carneiro “História. Documentário. Sentimento. Em suma, aspectos da vida. Tentativa de fixação do tempo fugaz. Só a imagem impressa reproduz o instante transitório do dinamismo vital. Ela se destaca da realidade física. Torna-se abstrata. Estática. Supera o tempo. A extensão. Presença. Presença imagem. Sem dimensão. Sem conteúdo emocional. Representação que se contrapõe à memória, na qual tudo se dilui e se desfaz com o tempo. Evento em comemoração aos 60 anos da FMD, realizado dia 9 de março, no auditório da PUC Minas, no campus do Coração Eucarístico No futuro, abrindo este álbum, encontraremos em cerá e há de formar a sua tradição. Um fato, porém, cada página uma presença. Saudade. Trecho de nossa deverá ser sempre lembrado: fomos nós que escreve- vida. Alunos-fundadores da Faculdade Mineira de mos a primeira página de sua História.” Direito, o ano de 1950 será um marco em nossos destinos. As circunstâncias do tempo nos separarão. Outras gerações virão em busca da realização dos mesmos ideais com que sonhamos. A Faculdade cres- Belo Horizonte, junho de 1954. SILVEIRA NETO E XPEDIENTE O Malhete é publicado pela FDM da PUC Minas Reitor Dom Joaquim G. Mol Guimarães Diretor da FDM Professor Edimur Ferreira de Faria Colegiado do Curso de Direito Leonardo Macedo Poli Maria Cristina Seixas Vilani Renato Luiz Vieira Magalhães Wilba Lúcia Maia Bernardes Representante do Corpo Discente Jorge Vargas Neto Secretário de Comunicação Mozahir Salomão Bruck Responsável pelo jornal Wilba Lúcia Maia Bernardes Edição, produção gráfica e fotografia Secretaria de Comunicação Estagiária Júlia Marçal Mól Apoio à produção Maria Aparecida Ribeiro Todos os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores. Redação Av. José Gaspar 500, prédio 5 CEP: 30535 - Belo Horizonte/MG Telefone: 33194987 P ÁGINA 3 60 ANOS FMD H OMENAGENS MARCAM OS 60 ANOS DE HISTÓRIA DA FMD Todo esse reconhecimento, explica o atual diretor da faculdade, professor Edimur Ferreira de Faria, está sustentado por uma formação baseada em ciências como o Direito, a Filosofia, a Sociologia, entre outras, o que possibilita a formação de profissionais comprometidos com a ética e a moral cristãs. “O conhecimento deve ser aplicado para fazer justiça, no seu sentido pleno, para que possa atender aos menos favorecidos economicamente”, disse o diretor durante a cerimônia, ressaltando que a FMD está, hoje, entre as melhores do país. A Faculdade fundada no dia 12 de março de 1950, iniciou suas atividades em um palacete na Praça da Liberdade. Além dos já citados, participaram, compondo a mesa, o chefe do departamento da FMD e coordenador do colegiado de Coordenação Didática do curso de Direito no campus Coração Eucarístico, professor Leonardo Macedo Poli; e o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o estudante Leandro Alves Lima. Durante a solenidade, uma homenagem especial foi prestada ao professor decano Lauro José Bracarense, pelos relevantes serviços prestados à instituição desde o ano de 1967, sendo considerado o professor que há mais tempo está nas salas de aula da instituição. “Há 43 anos Ex-alunos da FMD recebem homenagens Para falar em nome dos ex-alunos da primeira turma da Faculdade Mineira de Direito, que concluiu o curso em julho de 54, subiu ao palco o advogado Vicente Porto de Menezes. Ele desejou que a Faculdade continue trilhando seu caminho por muitos e muitos anos, honrando a memória de seus fundadores. “Ninguém desonrou a Faculdade do Bispo”, disse, referindo-se à Dom Antônio dos Santos Cabral, então arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e idealizador da Universidade Católica de Minas Gerais, que, mais tarde, em 1983, recebeu o título de Pontifícia. Entre os ex-diretores homenageados, está o professor César Augusto de Castro Fiúza. Representando os demais dirigentes, ele afirmou que a FMD ocupa lugar de destaque na sociedade, por estar inserida no contexto de uma “grande universidade” como a PUC Minas. “Tenho certeza que cada um de nós que a dirigiu tem orgulho da construção deste longo caminhar, que hoje faz 60 anos”, disse. Após a cerimônia, foi inaugurado, na sala dos professores, no prédio 5, o retrato do ex-diretor, que agora passa a integrar a galeria de fotos do local. Foto de Marta Carneiro De acordo com a vice-reitora, desde 1950, quando foi fundada, a FMD acompanhou a trajetória de desenvolvimento do Direito, mantendo a qualidade dos seus cursos, hoje presentes em oito dos nove campi e unidades, tanto na Região Metropolitana da capital, como no interior do Estado. Além disso, também possui um programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado), segundo ela, de extremo reconhecimento da Capes, órgão do Ministério da Educação que desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação no Brasil. leciono nesta importante Universidade. Aqui passei a maior parte dos melhores momentos de minha vida”, afirmou o profes- Vicente Porto de Menezes, ex-aluno da FMD, sor, que rece- discursando sobre a turma de 54 beu placa das mãos da professora Patrícia Bernardes. Ele disse ter apreço pelo magistério e pelo contato com a juventude, o que, segundo ele, o faz Prof. Lauro Bracarense, recebendo homenagem se sentir mais da vice-reitora e Prof. Patrícia Bernardes jovem. Para o professor, o título de decano será inesquecível. “Meu comovido agradecimento”, disse. Fotos de Marta Carneiro “A Faculdade Mineira de Direito (FMD) faz parte da PUC Minas, que não seria a mesma se não a tivesse. Desejo vida longa à Faculdade, para que forme cidadãos reconhecidos e comprometidos em atender às demandas da sociedade”. A afirmação é da vice-reitora da Universidade, professora Patrícia Bernardes, durante a solenidade de comemoração dos 60 anos da Faculdade de Direito, na manhã de terça-feira, 9 de março, no campus Coração Eucarístico. A programação incluiu homenagens ao professor decano, Lauro José Bracarense, ex-alunos da primeira turma e ex-diretores, além da aula inaugural do semestre. P ÁGINA 4 E NTREVISTA E NTREVISTA COM L AURO B RACARENSE - P ROFESSOR Prof. Lauro - Segundo DE PLÁCIDO E SILVA, in “Vocábulo Jurídico” (Ed. Forense, vol. I e II, 2ª Ed., 1990, o. 11, letraD) “DECANO – além de ser empregado como sinônimo de deão, aplica-se o vocábulo, derivado do latim decanus, para indicar, em qualquer situação ou corporação, o mais antigo de seus componentes segundo a prioridade de posse.” Tendo sido admitido como professor adjunto em 2 de maio de 1967, na Faculdade Mineira de Direito, data em que comecei a lecionar e onde estou lecionando há 43 anos, tenho a honra de ser, na atualidade, o mais antigo integrante da congregação de professores. É esse o fato que inspirou a homenagem recebida que tanto me emocionou, por tudo e, principalmente, pela delicadeza dos termos constantes da linda placa que me foi ofertada. O Malhete - Como a PUC influenciou sua formação profissional? Prof. Lauro - Eu me formei em dezembro de 1953, na Faculdade de Direito que, anos depois, foi federalizada. Em 1956, fiz concurso público para exercer o cargo de advogado do Estado, que já ocupava interinamente, e fui aprovado e nomeado. Em 1958, fui convocado pelo então secretário das Finanças Tancredo Neves, para exercer as funções de consultor jurídico. Quando ingressei na Faculdade Mineira de Direito, já tinha iniciado minha formação profissional. Nela passei a me preparar para o exercício do magistério, carreira que só aqui exercito. E tenho a impressão que a influência recebida foi muito positiva, pois já são 43 anos em sala de aula. O Malhete - Quais as diferenças o senhor detecta na formação do aluno de Direito de hoje e de suas primeiras turmas? Prof. Lauro - São muitas e, infelizmente, para pior. Naquela época, não existia telefone celular. Hoje todos são portadores desse instrumento e, apesar de desliga- FMD d o s quanto ao som de chamada, permanecem n o s vibraProfessor Lauro Brascarense, docente da FMD há 43 anos dores e os alunos se ausentam da aula várias vezes, para atendêlos. Com isso, o aproveitamento é bem reduzido. Por outro lado, com a soma de informações que retiram de seus computadores, desprezam lições da aula, já que podem supri-las pela internet e pelos diversos a que podem ter acesso, o que antigamente era extremamente difícil. Percebo, com várias exceções, uma decadência na juventude escolar. O Malhete - Que mensagem o senhor gostaria de deixar para os estudantes da Faculdade Mineira de Direito? Prof. Lauro - Eu tive sucesso na minha profissão escolhida há tantos anos e, também, meus filhos nela foram vitoriosos. Porém, cada dia, o mercado de trabalho para o profissional de Direito fica mais disputado e, portanto, mais difícil. Em razão disso, o aluno tem que se preparar cada vez mais, ficando mais atentos, e a aula é o momento mais importante da universidade. Tudo que o aluno fez até hoje foi para ter direito a frequentar a aula. E alguns deles chegam atrasados, faltam às aulas, não prestam atenção nas lições, ausentam-se durante as aulas, enfim, não levam a serio. É possível? O Malhete - Qual a avaliação que o senhor faz do curso de Direito da PUC? Prof. Lauro - Faço uma avaliação muito boa, excelente. Conheço os professores, troco ideias com eles, ouço colocações, acompanho os seminários, as conferências, enfim, toda a excelente atividade cultural realizada. Portanto, o curso é de alto nível. Precisamos é conseguir o interesse dos alunos, cujo bom êxito é o nosso objetivo. Fotos de Marta Carneiro O Malhete - O senhor foi homenageado como decano da FMD. Que significado essa homenagem traduz? DECANO DA P ÁGINA 5 E NTREVISTA M ARIA Â NGELA S ILVEIRA - A LUNA DA 1ª TURMA DA FMD Fotos de Marta Carneiro O Malhete - A senhora tem alguma lembrança que tenha sido mais marcante enquanto esteve cursando Direito na PUC Minas? Maria Ângela - Naturalmente, temos muitas lembranças agradáveis desde o início do curso no belo Palacete Dantas (Praça da Liberdade), depois no Edifício “balança mas não cai” (na rua Tupis) e, por último, no antigo Colégio Arquidiocesano (na av. Augusto de Lima). Inesquecível foi a excursão da turma na Argentina, em julho de 1952, sob a chefia do saudoso professor, Padre Orlando Vilela, exatamente nos dias que o país estava na maior tristeza devido à doença e morte da primeira dama, Evita Peron. Buenos Aires amanheceu com tarjas negras em todos os postes. Todo o comércio fechou por três dias, inclusive restaurantes. Foi o maior sufoco, tantas privações que passamos. Mas valeu a pena. Fomos de avião e voltamos de avião. Desembarcamos no Rio de Janeiro. Para Belo Horizonte viemos de trem noturno e, entre os passageiros, o cantor Vicente Celestino (de pijamas e chinelos), passeando pelos corredores e cantando para os passageiros. O Malhete - Existiam outras mulheres na sua turma? Maria Ângela - Não. Infelizmente eu era a única mulher naquela primeira turma. A maioria das minhas colegas do Colégio Santa. Maria não se interessaram pelo Direito e fizeram o vestibular da Escola de Filosofia Santa Maria, no mesmo Palacete Dantas. O Malhete - O que significou para a senhora se formar como advogada, em uma época em que as oportunidades para as mulheres eram muito mais limitadas? Maria Ângela - Significou uma escola de vida, uma maneira de ampliar meus conhecimentos, sem me preocupar com “oportunidades” no mercado de trabalho, pois ao estudar advocacia, por orientação do meu pai, advogado (José Nicolau de Faria), não tinha a menor “vocação”. Mas, com a força da colega Maria de Lourdes Alves Gomes da Silva (Drª. Lurdinha, da terceira A advogada Maria Ângela Silveira e o Professor Edimur Faria, diretor da FMD turma da FMD), dos meus pais, da confiança em Deus, mais a ajuda de outras colegas (doutores Maria Vicentina e Eurildes) que comigo labutaram no escritório durante anos, e muitos outros colegas e até juízes, fui enfrentando os obstáculos da profissão (obstáculos não são privilégios das mulheres) e, assim, com coragem, venho mantendo meu escritório até quando agüentar, ou que Deus quiser. O Malhete - Além da formação profissional, de que maneira a PUC contribuiu para sua formação pessoal? Maria Ângela - Além das qualidades morais trazidas do berço, é inegável a influência da PUC, no decorrer de minha vida, seja no âmbito profissional como no social, sempre pautada nos princípios da fé católica, por meio das formas de ensino com excelentes professores (Lopes da Costa, Milton Campos, Pedro Aleixo) e do amigável convívio escolar. O Malhete -Tem alguma mensagem que a senhora gostaria de deixar para os estudantes da FMD? Maria Ângela - Sei que mensagens são fáceis de deixar, mas nem sempre conseguem entusiasmar os alunos. Por isso, só me resta repetir sobre a necessidade da dedicação aos estudos e que nunca esqueçam do privilégio de serem estudantes da Faculdade Mineira de Direito. Portanto, sejam advogados dedicados ao bem da sociedade e incansáveis na busca da justiça, baseada na correta aplicação das leis e dos princípios cristãos. P ÁGINA 6 A RTIGO A EXECUÇÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA E A BUSCA PELA EFETIVIDADE PRINCIPIOLÓGICA DO DIREITO MATERIAL O escopo do presente trabalho visa o apontamento avaliativo dos princípios jurídicos aplicáveis no âmbito trabalhista, à luz do mandamento constitucional e processual, refletindo essencialmente sua relevância quanto à efetividade da tutela jurisdicional satisfativa. Insta esclarecer inicialmente, a derradeira temática da função jurisdicional, do ponto de vista do eminente Rosemiro Pereira Leal, atrelada à construção histórica do conceito de Processo, hoje definida como garantia principiológica assegurada nas leis fundamentais, enfatizando o entendimento de que a Jurisdição, por si mesma, não pressupõe critérios de julgar ou proceder, mas atividade de decidir subordinada ao dever de fazê-lo segundo os princípios fundamentais do Processo. Destarte, a criação de institutos jurídicos atinentes a ramos de Direito autônomo devem levar em consideração a efetiva atuação da norma material posta, a fim de não se tornar a mesma letra morta ou norma meramente utópica. Assim não o fosse, a ciência do Direito permaneceria estagnada e travaria seus debates, no campo dogmático, arquétipo e cânone, prescindindo a crítica científica consistente da atividade produtora de conhecimentos e de esclarecimentos do conhecimento para desenvolver, aperfeiçoar e melhorar a técnica. Modernamente, no contexto acadêmico dogmático, surgem novos debates sobre o significado dos princípios constitucionais no ordenamento jurídico, citando desta forma as teorias adotadas por Robert Alexy e Ronald Dworkin, já que ambos formam pensamentos modelo da hermenêutica jurídica ocidental. Tomando por base as reflexões do emérito professor Marcelo Campos Galuppo, explicando a teoria de Alexy na defesa do entendimento que os princípios não se aplicam integral e plenamente em qualquer situação. Antes, esses princípios são identificados como “mandado de otimização”. Assim como as regras, os princípios são normas, mas, diferentemente das regras, eles são normas jurídicas que dizem que algo deve ser realizado na maior medida possível. Injusto restaria este escrito, senão sublinha-se a definição de Plá Rodriguez que princípios são linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram direta ou indiretamente uma série de soluções. Não parece a ideia de hierarquizar tais fundamentos basilares do fenômeno jurídico, todavia, o princípio protecionista, além de essencial no domínio trabalhista, na presente reflexão denota, a meu ver, o caminho para efetividade do ordenamento juslaboral. Wagner Giglio vaticina que o caráter tutelar do Direito Material do Trabalho se transmite e vigora também no Direito Pro- cessual do Trabalho. Por oportuno, a temática executória deve ser explorada em seu conceito, mesmo que singelo, a fim de levar ao leitor, a posteriori, seu objetivo precípuo e via de consequência partir para a análise da efetividade, sob o manto desses mandamentos basilares. Enfatizando, ainda, o escopo de tal procedimento, leciona Cleber Lúcio que a execução tem objetivo, em suma, a satisfação do direito reconhecido na sentença (título executivo judicial) ou em ato negocial ao qual a lei confere força executiva (título executivo extrajudicial). Pelo contexto acima delineado, o que se depreende é a indicação conceitual da essência satisfativa, por excelência, do processo executório, sendo certo que a nesta fase, a atividade jurisdicional deve se tangenciar ao estrito cumprimento do comando sentencial, respeitando, por óbvio, as garantias processo - constitucionais do Estado Democrático de Direito. Mais do que isso, o legislador deverá criar mecanismos de avanços, de modo a impedir ao devedor retardar o cumprimento da coisa julgada injustificadamente, ocorrendo em certos casos de a execução prolongar-se por muito mais tempo que a fase anterior cognitiva, o que de pronto, se torna inadmissível. As presentes indicações e reflexões, em torno dos princípios jurídicos, não deixam dúvidas que, para o caminho da efetividade da norma jurídica posta em sociedade, o operador do Direito deve se despir do apego à proteção formal ao devedor e buscar, acima de tudo, porém com o digno tratamento jurídico e social, a essência satisfativa do processo executório. Sem nos esquecer, contudo, que todo provimento executivo tem a sua eficácia constantemente ameaçada pelo transcurso do tempo, que usualmente é visto como vilão declarado e incansável do processo. Especificamente, em matéria trabalhista, os princípios jurídicos aplicáveis não permitem delongas, não só pela urgência ditada pela necessidade de satisfação econômica de direitos, em grande parte de natureza alimentar, como também em decorrência dos imperativos sociais e políticos. Enfim, busquemos o “Direito Fundamental ao trabalho digno e protegido”. Por Davidson Malacco Ferreira Davidson Malacco Ferreira, Mestre em Direito do Trabalho pela PUC Minas, Professor de Direito do Trabalho e Advogado. P ÁGINA 7 E VENTOS A CONTECE NA FMD Encontro de Direito Material e Processual do Trabalho Aconteceu no dia 5 de maio, no auditório 2 do prédio 5 da Faculdade Mineira de Direito, o Encontro de Direito Material e Processual do Trabalho, com o tema – Repercussões processuais do fim do Poder Normativo na Justiça do Trabalho. O encontro teve como palestrantes os professores Vitor Salino de Moura Eça, com Devido processo legal e a liberdade probatória no Direito Processual do Trabalho; o prof. Antônio Fabrício de Matos Gonçalves, com a Lei de Estágio; o prof. Paulo Roberto Sifuentes, com Novos Rumos do Direito Material e Processual do Trabalho; a prof. Taisa Maria Macena de Lima, com Responsabilidade Civil do empregador – Acidente de trabalho; o prof. Cléber Lucio Almeida, com Princípios do Direito Processual do Trabalho; o prof. Davidson Malacco Ferreira, com Audiência Trabalhista – Aspectos Práticos e o prof. Vicente de Paula Maciel Junior, com Repercussões processuais do fim do Poder Normativo na Justiça do Trabalho. O encontro, que teve apoio da OAB, foi organizado pelo DA da FMD. I Seminário de Direito Eleitoral Aconteceu na Faculdade Mineira de Direito da PUC Minas, nos dias 6 e 7 de maio, o I Seminário de Direito Eleitoral, com o tema: Aspectos relevantes. O evento teve como palestrantes o Rodolfo Vianna Pereira, com a palestra Nova mini-reforma eleitoral: entre o efeito placebo e a esquizofrenia, o Tarso Duarte de Tassis – com Ações Eleitorais, Mariza de Mela Porto – Prestação de contas e a Eliane Gluppo Rodrigues Lima, - Propaganda Eleitoral: aspectos modalidades e limites legais. Como participantes da casa, os professores Fernando Horta, Maria Cristina Vilani e Wilba Bernardes. O Seminário, mais um evento em comemoração aos 60 anos da FMD, foi aberto para toda a comunidade. Direito Biomédico: Faculdade Mineira de Direito e Universidade de Deusto promovem Seminário Aconteceu na PUC Minas, nos dias 26 e 27 de maio, o Seminário HispanoBrasileiro de Direito Biomédico, um dos eventos em comemoração aos 60 anos da Faculdade Mineira de Direito. A atividade foi realizada no auditório 1 do prédio 4, no campus Coração Eucarístico. Organizado pela Faculdade Mineira de Direito, representado pela professora Maria de Fátima Freire de Sá e pela Universidade de Deusto (Espanha), representada pelo professor Carlos María Romeo Casabona, o encontro teve a participação de conceituados especialistas brasileiros e espanhóis que debateram temas atuais na área do Biodireito. Após o evento, no dia 28 de maio, também no campus Coração Eucarístico, aconteceu a solenidade de entrega do título de Doutor Honoris Causa ao professor Carlos Maria Romeo Casabona. PUC Aberta Em sua 12ª edição, o PUC Aberta 2010 direcionou estudantes do 2º e 3º anos do ensino médio e vestibulandos para conhecerem mais sobre os cursos de graduação, as disciplinas estudadas e as profissões a que os cursos se destinam. O programa busca auxiliar os jovens que vivem o momento da escolha do curso superior de graduação, contribuindo para que estes estejam mais preparados e conscientes de sua opção na Universidade. Foto de Júlia Mól “Participar do evento PUC Aberta, representando o curso de Direito da Faculdade Mineira de Direito da PUC Minas, foi uma honra para mim. Os alunos do ensino médio procuraram o estande do curso em busca de esclarecimentos variados: o mercado de trabalho, haja vista a grande proliferação dos cursos de Direito no Brasil; os altos vencimentos das carreiras das áreas jurídicas, assim como o status de muitas profissões na sociedade, além do dogma da Estante de Direito no PUC Aberta 2010 memorização, ou para alguns, a “decoreba” no curso de Direito. Muitos estudantes perguntaram, ainda, sobre a organização do curso no que diz respeito à oferta das disciplinas. Alguns salientaram a importância de disciplinas como o Direito Ambiental. A excelência do ensino, pesquisa e extensão, assim como a tradição da PUC Minas, foram pontos ressaltados e reconhecidos pelos alunos participantes de mencionado evento.” Por Álisson Costa A CONTECEU P ÁGINA 8 A LUNA DA FMD ENTREVISTA O PRESIDENTE DA D EPUTADOS M ICHEL T EMER A aluna do 9º período da FMD, Camila Hil- colega de lesheim Kraus, esteve em Brasília durante o recesso grupo de escolar de 17 a 21 de abril, numa viagem muito estudos da especial, na qual entrevistou o deputado federal Mi- entrevista- chel Temer (PMDB), atualmente presidente da Câ- dora. mara dos Deputados, ex-professor de Direito Cons- rante a esta- titucional da PUC-SP constituinte e autor de livros dia em Bra- sobre Direito constitucional. A oportunidade foi sília, os aca- decorrente do desenvolvimento de uma pesquisa dêmicos financiada pelo FIP, cujo tema Medidas Provisórias também visi- e Estado Democrático de Direito certamente tem taram o Su- seus olhos voltados para os trâmites do poder con- premo centrado na capital federal. bunal Fede- A ideia da visita a Brasília surgiu durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa FIP, no qual a professora doutora Zamira de Assis, orientadora da pesquisa, vislumbrou a possibilidade de uma EM C ÂMARA B RASÍLIA DOS Du- Tri- Camila Hillesheim Kraus, em Brasília, com o Deputado Federal Michel Temer, atualmente Presidente da Câmara dos Deputados ral, a Esplanada dos Ministérios e o Palácio da Alvorada, coletaram material bibliográfico na Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal (Biblioteca do STF) e fizeram visita guiada ao Congresso Nacional. viagem ao Distrito Federal para coletar material “Esta pesquisa foi uma grande oportunidade bibliográfico e talvez entrevistar alguma figura polí- de aprendizado e a visita à capital federal tornou tica do Legislativo Brasileiro. “O nome de Temer essa experiência ainda mais rica e cheia de significa- surgiu naturalmente ao longo da pesquisa, quando dos”, diz a jovem pesquisadora Camila Kraus. Os descobrimos a enorme influência que ele teve sobre resultados da pesquisa, juntamente com a entrevista a interpretação do art. 62 da Constituição da Repú- feita em abril, serão publicados no Seminário de blica, modificando os efeitos que as Medidas Provi- Iniciação Científica da PUC Minas. As pesquisado- sórias exercem sobre a pauta do Congresso Nacio- ras têm a intenção de publicar a investigação sob a nal”, diz a professora doutora Zamira de Assis. forma de livro até meados de abril de 2011. A obra A entrevista ocorreu no dia 19 de abril, segunda-feira, no gabinete da presidência da Câmara dos Deputados, dentro do edifício do Congresso será prefaciada pelo deputado Michel Temer, que já aceitou o convite e elogiou a forma como o tema está sendo tratado. Nacional, em Brasília. Acompanhando a entrevista e a viagem ao Distrito Federal foi o também acadêmico do 9º período Luiz Gustavo Yoneyama Mourthé, Professora Zamira de Assis