Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Educação Curso de GraduaçãoLicenciatura em Pedagogia Interdisciplinas: Seminário Integrador II Escolarização,Espaço na Perspectiva Histórica Infância de 0 a 10 anos Nara Souza de Oliveira Segundo Semestre/ 2007 MEMORIAL: INFÂNCIA “A AVENTURA DE CRESCER” DEDICATÓRIA Dedico este Memorial à Adão Ramos de Oliveira, que não está mais fisicamente ao meu lado, mas sei que jamais me deixará sozinha. Em reconhecimento a todo o legado que me deixou: eu agradeço, pai! As minhas linhas de tempo http://www.xtimeline.com/biography/EU-2 http://www.xtimeline.com/history/linha-de-tempo-historico Infância Um casal, que, em menos de uma ano havia perdido seu filho biológico antes mesmo de nascer, decidiram que adotariam uma criança. Percorreram hospitais e todos os procedimentos para adoção. Naquele tempo as coisas eram um pouco diferentes do que hoje, embora o rigor fosse igual. Em um dos hospitais encontraram uma menina, mas o próprio hospital não aceitou que pais brancos adotassem uma criança negra e então foram impedidos...melhor para mim! O nascimento Nasci, numa sexta-feira quente de janeiro, no dia 12 do ano de 1973, cidade de Porto Alegre, no bairro Tristeza. Dos meus pais biológicos, só sei que eram de menores e que minha mãe se chamava Maria H.S.V. Poderia tentar descobri-la e conhecê-la, mas nada nunca me motivou a querer fazer isto e tão pouco sinto mágoa por terem tomado a decisão que tomaram, não julgo, cada um tem seus motivos. Indo para casa Foi no dia 14 de janeiro de 1973 que Adão Ramos de Oliveira e Eroni Maria Souza de Oliveira, levaram para casa, na cidade de Esteio, uma pequena menina. Meus pais sempre me diziam que eu era muito pequena e que tiveram que mandar fazer roupas para mim, pois as da loja, mesmo as menores, não serviam. Meus padrinhos, Amaro e Iracema disseram a meus pais que era loucura adotarem uma criança tão pequena. Eles me contaram que durante dias a impressão que tinham era que eu não sobreviveria. Bem...acho que surpreendi! Conversando com os dindos, primos e meu pai Conversa vai e vem e rindo muito me contaram poucas e boas. Meus tios diziam que eu eram um bebê tranqüilo e quando meus pais chegavam para visitá-los, a minha prima Margareth (Deti) de 7 anos, corria para me pegar no colo e me fazer de boneca e parece que eu não me importava. A própria Deti conta, que fui um bebê fofinho e muito cheiroso. Quando fui crescendo, a tranqüilidade continuou sendo minha característica mais acentuada e meus primos, principalmente, os meninos gostavam de me provocar, e uma das coisas que tirava do sério era as cócegas que sempre detestei. MEU BATIZADO Minha madrinha relata que ainda bem pequena, em maio de 1973 me batizaram na Igreja Matriz de Esteio,tudo tranqüilo e não me assustei com a água fria, estava dormindo, logo acordei, mas permaneci serena. Serenidade foi o que não tive quando um ano mais tarde, tive uma infecção intestinal séria a qual tive que ser hospitalizada, um susto e tanto! Mais conversa Minhas primas, Ana, Aida e Neca relembram com saudades das nossas brincadeiras e passeios na casa da avó Carlinda, lá no interior de General Câmara. Eu deveria ter uns 5 anos... Corríamos feito “lebres”, palavras da Ana,pelos campos, entrávamos nos fornos de secar fumo, brincávamos de esconde-esconde, subíamos nos pés de laranjeiras, eu era a que mais tinha medo, pois era a mais gordinha ( bem tem coisas que ainda não se modificaram...) Os cachorros soltos, correndo com a gente, as figueiras, as hortênsias, os açudes, a água correndo por entre as pedras...nossa entre risos, vieram também as lágrimas... Surpresa foi quando a Ana me disse que sentia ciúmes porque eu brincava mais com a Neca do que com ela e era por isso que brigava comigo! E mais... Minha madrinha lembrou de um Natal Inesquecível que eu tinha três anos, e fomos pela primeira vez visitar minha avó no interior de General Câmara, e que eu tinha medo das vacas e que adorei as bolachinhas de polvilho que minha avó fez para nós. Meu pai se recordando da emoção que sentiu ao ver a minha felicidade em ganhar minha primeira boneca que abria e fechava os olhos, no Natal. Minha prima Neca relembrou do aniversário de 80 anos da vó Carlinda, e que toda a família se reuniu e que tinha parentes que eu nem conhecia e ficava perguntando para ela quem eram. Meu pai relembrou de outro momento muito importante para mim. Meu primeiro dia na escola. Ele conta e eu também me recordo que estava anciosa. Há dias meu uniforme estava pronto e meus materiais de prontidão. Ele conta que minha mãe foi me levar e ficou esperando um pouco para ter certeza que eu não choraria. Não chorei e adorei, minha professora Joana, da escola municipal de Padre Reus da cidade de Sapucaia do Sul. Conta ainda, que cheguei em casa dizendo que já sabia ler e escrever. Eu era um pouco tímida, mas me sai bem.... Naquele mesmo ano mudamos de cidade e viemos para Gravataí, onde vivo à 26 anos. Aqui, eu tinha sete anos e morava em Sapucaia do Sul. RECORDAÇÕES Não tenho muitas fotos, mas tenho essas imagens na lembrança e foi procurando na internet que achei verdadeiros tesouros da minha infância. A seguir algumas imagens cheia de significados para mim: Adorava a Moranguinho e sua turma, deixava de comer o lanche e pegar o dinheiro para compras as figurinhas. Amar é, lembro que parecia uma febre, minhas primas e eu adorávamos esses bonequinhos. Brincos adesivos, nossa! Tinha uma porção disso, de todas as cores e formas... Gostinho de infância Depois de um dia de correria, lembro da minha mãe, preparando um lanche, o Ki-Suco e a margarina da menininha não faltavam, a bala Soft existe até hoje e aquele chocolate, que delícia, acho que me tornei chocólatra por causa dele. O drops Paquera, comi na primeira vez que fui ao cinema, ver Os Trapalhões O que eu via na TV e gostava Meu desenho favorito entre os favoritos:”Caverna do Dragão” Graças a Deus estudava a tarde e podia vê-los sempre. “A Feiticeira”, adorava esses filminhos em que as bruxas não eram aquelas coisas feias, cheias de verrugas. Adoro até hoje os desenhos do Snoopy, que cachorro folgado! Muitos carnavais saí de Jeannie! A posição com os braços e a piscadela de olhos era um show, que saudade!!! “Ô Zé!”, A família Buscapé é um clássico, lembro que aqui em casa quando as coisas estavam atrapalhadas nós falávamos que éramos a própria !!!Quantas risadas... A Lula Lelé, minha primeira grande amiga tinha esse apelido por causa do jeito amalucado igualzinho ao do desenho Luciana. Onde tu andarás, hein? “O Sítio” da minha época pra mim, foi o melhor! Muito fofo esse rato... A Pantera, sempre achei ela maravilhosa, e que trilha...( tã,tãrãã...) Essa zebrinha era um show, detestava futebol, Como eu gostava dos Trapalhões, mas ela dando os resultados chorei quando o no Fantástico era ótimo! Zacarias e o Mussum morreram... Daniel Azulay, meu ídolo, adorava os desenhos que ela fazia. Meu sonho era me tornar, inteligente como Macgyver Eu tive um desses A minha Fofolete era vermelhinha e vinha dentro de um castelinho, muito lindo, logo em seguida, surgiram os Agarradinhos, um amor!!! Um baton morango, uma vez ele derreteu e virou uma meleca... Mola Maluca, a minha era verde limão, quando ela enrolava, nossa!!! Disquinhos de histórias do Silvio Santos, que vinham numa maletinha, que aliás, foi minha primeira pasta escolar. Coisas de escola Kilométrica, a caneta simpática, mas que borrava muito... Lancheira de plástico. E pensar que era parte obrigatória do meu uniforme!!! Vizualize: Conga azul marinho, meias brancas até o joelho, saia plissada azul, camisa xadrez branca e vermelha. Ainda bem que não tenho fotos! Coisas que tinha pavor... Senhor Abelardo Barbosa, que me perdoe, massempre detestei vulgaridade e humilhações gratüítas,é inegável seu valor de comunicador, mas nas tardes de sábado quando alguém optava por olhar o Velho Guerreiro distribuindo o troféu abacaxi eu tinha vontade de chorar! E todos os Jaspions e afins que existiam. Considerações finais Ao concluir este Memorial, digo que passei por três sentimentos: O primeiro foi de entusiasmo, de procurar parentes distantes e lembrar partes da minha história. A seguir foi a dor, até mesmo o fato de não conseguir abrir este arquivo e terminar a primeira versão, dor esta por uma perda irreparável, mas agora mais compreensível. E por fim a emoção mais serena e tranqüila de ver quantas pessoas maravilhosas passam pela nossa vida e que nos orientam, mas deixam conosco a responsabilidade das escolhas, escolhas estas que serão acertadas se feitas com amor e respeito. Que todas as pessoas que passaram pela nossa vida pudessem ter orgulho de nossas escolhas! Anexos Informantes-chaves em potencial: infância * Adão Ramos de Oliveira-pai *Iracema A.Souza- Madrinha *Amaro E. Souza- Padrinho *Delci Margareth- Prima * Dalmo- Primo Lisnei- Primo José C. Teixeira- Tio Zenaide T. Teixeira- Tia Oliveira S. Teixeira- Tio Tereza Teixeira- Tia Ainda e Ana- Primas Cláudio, Enio e Luís- Primos Luciana- Amiga de infância Informantes de fato Adão Ramos de Oliveira, pai, 62 anos, Gravataí ( falecido 23/07/07) Evonir de Souza,prima,45 anos, Esteio, Delci Margareth, prima,40 anos, Sapucaia, Iracema Souza , madrinha, 60 anos, General Câmara Dalmo, primo, 36 anos, Esteio Amaro Souza,padrinho, 63 anos,General Câmara (falecido 02/08/07) José, tio,60 anos, Esteio, Zenaide, tia,60 anos, Esteio, Aida, prima, 35 anos, General Câmara, Ana, prima, 36 anos, General Câmara Elenira (Neca), 34 anos, Sapucaia Entrevista semi-estruturada Aproveitando um aniversário familiar, consegui reunir parentes próximos para realização da entrevista semiestruturada para a realização deste memorial. A conversa informal girou sob o tema: Lembranças. Dirigi a conversa, em que eu perguntava e comentava, das coisas que se lembravam daquele período em que eu era bebê e criança, como eu agia, do que gostava, o que me fazia chorar, e a rir, onde gostava de passear, brinquedos que ganhei, coisas tristes e alegres que lembrassem. Referências Wikipedia www.recordaçoes.com.br A última conversa Noite de domingo (22/07/07),meu pai senta-se ao meu lado para novamente relembrarmos o passado, mal sabia eu que aquela seria nossa última boa conversa. Conversamos, rimos e relembramos com saudosismo, principalmente das pessoas que fizeram parte das nossas trajetórias, mas já partiram... Na manhã seguinte foi a vez dele partir...