PARTICIPAÇÃO DA CIDADE DE LISBOA NA INICIATIVA EUROPEIA DE 22 DE SETEMBRO - " NA CIDADE, SEM 0 MEU CARRO “ PLANO OPERACIONAL DA CAMPANHA CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA Julho de 2000 1- OS "FACTOS" ... Lisboa-cidade regista uma população de cerca de 700 mil habitantes e um volume de empregos que ultrapassa os 600 mil; Milhares de pessoas, no âmbito da Região, continuam a ter necessidade ínadiável de sair e entrar diariamente em Lisboa, sendo dever dos Poderes Públicos garantir adequadas condições ao exercício pleno deste direito à mobilidade, essencial ao funcionamento da Capital, no seu duplo papel de primeira cidade do País e centro metropolitano; 0 recurso ao Transporte Individual Rodoviário nas deslocações urbanas e regionais não pára de aumentar: num total de cerca de 525 mil viagens diárias de acessolsaída a Lisboa, mais de metade (53%) realizam-se hoje em automóvel; Quer o Parque Automóvel da Cidade, quer o da Região Metropolitana registaram crescimentos acentuados nos últimos anos, tendência que deverá manter-se, dados os índices de motorização existentes; Todos os dias, devido às deslocações, a população da cidade de Lisboa praticamente duplica, bem como o seu parque automóvel; A invasão quotidiana da Cidade pelo automóvel gera efeitos negativos na própria acessibilidade (congestionamento do tráfego) e na qualidade da vida urbana (especialmente, ao nível ambiental e de fruição do espaço público), com reflexos negativos, quer para os lisboetas, quer para todos os utentes da Capital, em geral; Apesar do esforço de criação e ampliação da Rede de Parques de Estacionamento Dissuasores na periferia da cidade (principais eixos de acesso rodoviário, associados a Terminais de Transportes) e do ordenamento do espaço público, com os parquímetros - o desequilíbrio entre o transporte individual e o transporte público impõe uma mudança urgente, sob pena de se caminhar rapidamente para uma situação de ruptura; A adesão da Câmara de Lisboa à iniciativa de 22 de Setembro "Na Cidade, Sem o Meu Carro" torna-se, neste quadro, um momento privilegiado para: a) Alertar, sensibilizar e motivar para a urgente alteração de comportamentos e mentalidades, quer dos agentes públicos e privados, quer dos cidadãos utentes da cidade, em geral; b) Verificar os níveis de resposta do Sistema de Transportes Públicos que serve a Cidade, bem como a capacidade de mudança dos automobilistas, na aceitação de uma nova cultura cívica na vivência urbana; C) Lançar, a nível mais geral, o debate sobre a necessidade de praticar formas alternativas de mobilidade, que permitam reconciliar o papel essencial dos Transportes na vida urbana, com o desenvolvimento sustentado da capital, nomeadamente, dando prioridade aos Transportes Públicos e outros modos alternativos de transporte não poluentes; 2- OS OBJECTIVOS... Tendo presente os objectivos gerais estabelecidos e as realidades próprias da Capital, a participação de Lisboa na iniciativa "Na Cidade Sem o Meu Carro" encara o dia 22 de Setembro, no essencial, como um dia "normal" de trabalho e de funcionamento, tão próximo do usual quanto possível, da Cidade, assumindo-se, como objectivos municipais específicos, os seguintes: a) Obter uma redução significativa no número de carros que, diariamente, entram e saem de Lisboa ou circulam na Cidade; b) Promover o concomitante aumento da utilização dos Transportes Públicos, quer nos acessos a Lisboa, quer nas deslocações internas; C) Testar a capacidade de resposta, quer quantitativa quer qualitativa, do Sistema de Transportes Públicos que serve Lisboa; d) Incentivar os Operadores de Transporte Público - com o apoio específico da Câmara, na sua área própria de intervenção - a uma maior adequação da oferta, privilegiando as opções não agressoras do ambiente; e) Promover, com os vários agentes e parceiros institucionais, uma reflexão sobre a necessidade de um planeamento e gestão integrados do Sistema Metropolitano de Transportes, da qual possam sair propostas concretas de intervenção supra-municipal, a adoptar no curto prazo; f) Incentivar, junto dos agentes económicos e sociais, públicos e privados, com capacidade significativa de geração de tráfego, a mudança gradual e o apoio a modalidades de mobilidade sustentada, quer na configuração das frotas próprias, quer no incentivo a diferentes formas de deslocação do seu pessoal; g) Desenvolver - a propósito deste dia e na sequência das acções de sensibilização para as questões ambientais, de qualidade de vida urbana e de desenvolvimento e mobilidade sustentados, que têm vindo a ser realizadas - uma acção pedagógica de âmbito específico, concretizando um programa próprio, junto das escolas da cidade; h) Promover, em consonância com os objectivos propostos e em locais adequadamente escolhidos, diversas iniciativas e acções de âmbito desportivo, cultural, recreativo ou lúdico, visando, em especial, associar a juventude ao dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro»; 3- MEIOS E MEDIDAS... Para concretizar estes objectivos, a Câmara de Lisboa, no quadro e em articulação com a actuação, mais geral, promovida pelo Governo/Ministério do Ambiente, tomará as seguintes medidas: a) No dia 22 de Setembro de 2000, no período compreendido entre as 06:00 e as 19:00 horas, será proibido o acesso de veículos a motor à zona delimitada pela Avc1. de Ceuta, Avª. Calouste Gulbenkian, Av'. de Berna, Ava. João XX1, Viaduto das Olaias e Avª. Infante D. Henrique, abrangendo uma área territorial de cerca de 2.200 hectares, com uma população próxima dos 310.000 habitantes (cfr. plantas anexas); b) Esta zona será circundada por uma "coroa exterior dissuasora com abundante informação sobre as restrições de acesso à zona condicionada, servida por transportes públicos e com facilidades acrescidas de estacionamento; C) Ocorrendo a iniciativa num dia normal de trabalho, serão salvaguardadas as condições fundamentais para o regular funcionamento da vida urbana (nomeadamente, em termos de segurança da circulação), sendo permitido o acesso à zona "condicionada" de veículos de cargas e descargas, num horário pré-definido e sendo estabelecidas uma série de excepções (acesso livre) para veículos que assegurem determinados serviços essenciais; d) Será também permitida a saída dos veículos de residentes na área condicionada, podendo o regresso dos mesmos efectuar-se somente após as 19:00 horas desse dia; e) 0 dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro" deverá ser também um dia de Transportes Públicos e modos alternativos de transporte sustentável (Comboio, Metropolitano, Eléctrico, Autocarro, Táxi, ...). Para isso, será reforçada a oferta de Transportes Públicos, com utilização de um bilhete diário multimodal, com uma tarifa única (300$00, válido para uma zona correspondente à área do passe L123) e com um número ilimitado de viagens; f) 0 dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro" será acompanhado de iniciativas de pedonalização de algumas ruas, da abertura de Parques de Estacionamento Dissuasores e da apresentação pública de projectos relevantes na procura de novas formas de mobilidade sustentável, a desenvolver, proximamente, pela Câmara de Lisboa (ciclovias em sítio próprio, encerramento periódico de grandes eixos viários, ... ); g) 0 dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro" terá, em Lisboa, uma vertente pedagógica própria (dado o âmbito da população escolar abrangida), concretizada em programa específico e a desenvolver junto das Escolas, complementando a intervenção do Ministério da Educação; h) 0 dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro" integrará uma vertente lúdica, desportiva e de animação, promovendo, em especial, os transportes "amigos" do ambiente, a desenvolver nalguns espaços públicos cujas características o permitam (sem prejudicar os restantes objectivos da iniciativa, nomeadamente, em matéria de mobilidade e segurança) -visando, em particular, a consciencialização e adesão da Juventude; i) 0 dia "Na Cidade, Sem o Meu Carro" poderá, por último, constituir-se como momento exemplar de reencontro dos cidadãos entre si e com a sua cidade oportunidade privilegiada para a "redescoberta» de Lisboa e um novo olhar sobre o seu património e as suas gentes. Assim, a Câmara de Lisboa procurará trabalhar com as ONG's e demais instâncias da sociedade civil que, para tal, mostrem disponibilidade, na elaboração e execução, dentro dos limites e meios disponíveis, de um conjunto,de iniciativas, a levar a cabo no dia 22 de Setembro, tendo em conta aqueles objectivos. 4- INFORMAÇÃO PÚBLICA... Complementando a campanha de sensibilização levada a cabo, a nível nacional, pelo Ministério do Ambiente, a iniciativa "Na Cidade, Sem o Meu Carro" terá, em Lisboa, as seguintes vertentes informativas próprias, a desenvolver pelo Município, envolvendo designadamente os Operadores de Transportes Públicos e tendo em conta os apoios disponíveis: i i a) Campanha de informação geral, à escala metropolitana e com eventual autonomização dos grandes eixos de acesso, com identificação das portas" de entradalsaída de Lisboa e com fornecimento de informação sobre as coroas (de restrição e de dissuasão) e as condições e possibilidades de acesso mais eficazes, à cidade, em Transporte Público; ~L i i b) Campanhas de informação individualizadas ("maillings" directos, cartazetes ... ), direccionadas para segmentos determinados (comerciantes, restauração, grandes empregadores, organismos públicos, organizações de eventos...), com informação especifica; c) Criação de apoio telefónico - Linha Verde - para informação permanente e esclarecimento de questões localizadas, quer previamente, quer no próprio dia do evento; i i d) Disponibilização, via Internet, de informação geral sobre a iniciativa; i i e) Produção e distribuição de suportes informativos e promocionais específicos, para actuação nas escolas e de apoio às várias iniciativas e eventos de sensibilização que tenham lugar nesse dia, virados, essencialmente, para a educação ambiental e desenvolvimento sustentado das cidades e tendo, por alvo prioritário, as camadas mais jovens; i i f) No dia 22 de Setembro - instalação, em locais estrategicamente seleccionados, de Núcleos de Informação ao Público, com funcionamento durante todo o dia. 5- MONITORIZAÇAO... Para balanço da iniciativa, será feita, designadamente, a monitorização dos fluxos de trânsito, da poluição (atmosférica e sonora) e da utilização dos Transportes Públicos, o que possibilitará a avaliação das condições de funcionamento da cidade, sem grande parte do número habitual de veículos em circulação num dia normal de trabalho e motivará a concepção de medidas futuras de encorajamento de comportamentos compatíveis com o desenvolvimento sustentado de Lisboa. i 1 i 1 Lisboa, 11 de Julho de 2000 i 1