Informações sobre o autor Jeanes Martins Larchert Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Mestre em Educação, doutoranda em Educação pela Universidade Federal de São Carlos/SP, professora do Departamento de Ciências da Educação da UESC da Área de Ensino e Aprendizagem. Centra seus estudos nas áreas de currículo com ênfase em diversidade cultural, tecnologia educacional e formação de professor. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Prezada(o) aluna(o), você está vivenciando um processo de formação de professor na modalidade a distância. Existem meios que podem ajudá-la(o) a aprofundar mais seus estudos e que contribuirão com experiências para além dos módulos de aprendizagem. Esta disciplina apresenta as tecnologias como linguagem, com o intuito de sensibilizá-la(o) para seu uso durante e após a sua formação. A Unidade I contextualiza a sociedade tecnológica, provocando o debate sobre os conteúdos e metodologias da escola e a possível discrepância com os conteúdos das tecnologias da informação e comunicação. As reflexões e os procedimentos que iremos realizar na Unidade II sobre o uso das tecnologias, remetem à TV, ao vídeo e ao computador na educação escolar, os quais devem ser estudados como continuação das aprendizagens sobre a metodologia de ensino e as técnicas de ensino estudadas na disciplina do módulo anterior, Didática e Tecnologias I. Na unidade III, você terá a experiência da aprendizagem na prática de forma presencial. Quem já é professor irá revisitar seu campo de atuação; quem ainda não teve a oportunidade de ensinar, irá experienciar o campo didático da escola através dos projetos solicitados. A organização didática desta disciplina centra seus conteúdos no aprender a aprender e no saber fazer, por isso, você terá a experiência de elaborar e aplicar um projeto de ensino. As atividades aqui propostas representam o saber fazer que estudamos em Didática I. As atividades das unidades I e II deverão ser realizadas através de práticas, debates e reflexões individuais e em grupo, mas não serão encaminhadas para o tutor. As atividades da unidade III (os projetos de ensino), estas serão encaminhadas para seu tutor. Bons estudos! Profª. Msc. Jeanes Martins Larchert DISCIPLINA DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II Profª. Msc. Jeanes Martins Larchert Ementa História das tecnologias na educação. Tendências atuais das tecnologias educacionais: possibilidades e limites do uso das tecnologias na educação. Desenvolvimento de habilidades básicas para a interação sócio-técnica com o vídeo, televisão, rádio, computadores (software) e rede de comunicações, a exemplo da Internet. Propostas e projetos para produção de conhecimentos didáticos mediados pelo uso das tecnologias. As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem. CARGA HORÁRIA – 60 HORAS Objetivos Ao final da unidade o(a) aluno(a) deverá: • Promover a análise e reflexão crítica dos novos paradigmas das tecnologias cientificizadas e suas implicações políticopedagógicas, a fim de se considerar o processo ensino/ aprendizagem no contexto das novas tecnologias educacionais. • Debater questões referentes à Sociedade da Informação e Comunicação, através dos estudos sobre o uso da TV, do vídeo e do computador na educação escolar. • Desenvolver aprendizagens pedagógicas para que as(os) alunas(os) possam elaborar um planejamento de ensino inserindo a Internet, a televisão e o vídeo na sala de aula, tendo em vista a inserção da pesquisa no universo escolar. Unidade 1 AS NOVAS PERCEPÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO NOS NOVOS TERRITÓRIOS, FORMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM UNIDADE 1 Unidade 1 AS NOVAS PERCEPÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO NOS NOVOS TERRITÓRIOS, FORMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Uma educação para ser libertadora deve tomar como objetivo os modos de pensar, fazer e sentir dos alunos. Esses modos podem ser aperfeiçoados indefinidamente, qualificando os sujeitos do processo educativo. Todos os recursos didáticos são meios para a realização desses objetivos. (SEED; MEC; UNIREDE, 2003, p.43). 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos estudar sobre o desenvolvimento da tecnologia e suas características na sociedade contemporânea. Veremos como as tecnologias da informação e comunicação – TICs - constituem linguagens audiovisuais, dinâmicas, despertando o interesse de crianças, jovens e adultos, mudando através da percepção e da imaginação, o comportamento das pessoas. No transcorrer da unidade, iremos refletir sobre o papel da educação frente às TICs, em especial, a educação escolar. Essa reflexão é de suma importância para a formação do professor, isto por que a tecnologia na educação não é entendida somente como equipamento, mas, principalmente, como estruturante de aprendizagem, pois amplia nossa visão de mundo e cria novas maneiras de apreender a realidade. UESC Pedagogia 19 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem 2 HISTÓRIA DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO Para iniciarmos este assunto, é importante diferenciarmos os termos Tecnologia em Educação de Tecnologia da Educação. A Tecnologia em Educação diz respeito à aplicação, na educação, de tecnologias desenvolvidas em outras áreas, enquanto que Tecnologia da Educação diz do desenvolvimento das tecnologias próprias da educação. Atualmente, para designar as duas compreensões, usamos o termo Tecnologia Educacional. A tecnologia educacional é um conjunto de conhecimentos científico, tecnológico e metodológico mediado por ferramentas voltadas para o ensino e a aprendizagem, que vão da cópia no quadro de giz ao Power Point na lousa virtual. Existem os meios próprios de ensino, como estudamos em Didática e Tecnologias I, e meios desenvolvidos para fins de entretenimento, informação, comercial etc., que utilizamos na educação. Assim, a televisão, o vídeo, o rádio e o computador, que estudaremos neste módulo, são tecnologias desenvolvidas para outras áreas que são trazidas para a educação com objetivos de se tornarem meios de ensino. Estudamos sobre a abordagem tecnicista e sobre as técnicas de ensino. Vamos relembrar? O tecnicismo foi um movimento na educação brasileira de grande valorização da técnica; também foi um momento de grande desenvolvimento da tecnologia educacional, desde a organização pedagógica que o professor estrutura para ensinar até os meios audiovisuais. Nas décadas de sessenta e setenta, os materiais visuais e os meios para sua utilização receberam muito apoio no meio educacional, contrapondo a verbalização da aula na Pedagogia Tradicional. Assim, o álbum-seriado, o flanelógrafo, o cartaz didático, o mimeógrafo e outros são exemplos de tecnologias didáticas desenvolvidas na época. Simultaneamente, as tecnologias audiovisuais, resultantes da evolução tecnológica dos materiais projetáveis, entraram na educação: filmes cinematográficos, gravadores de som, retroprojetores, epíscopo etc. O rádio e a televisão tornaram-se meios importantes de ensino. Porém, lembre-se, essa tendência educacional valorizou a técnica pela técnica sem a preocupação com o pensamento crítico reflexivo. Mas, o que são tecnologias? Segundo Kenski (2003, p. 18), Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade nós chamamos de ‘tecnologia’. Para construírem qualquer equipamento – seja 20 Módulo 3 I Volume 1 EAD uma caneta esferográfica ou um computador - os homens precisam pesquisar, planejar, criar tecnologias. Sendo assim, o homem tem desenvolvido procedimentos tecnológicos desde o inicio da humanidade e, a cada época 1 histórica, podemos dizer que se efetivou uma época tecnológica. O Unidade desenvolvimento social e político das sociedades dá-se pela invenção e utilização das técnicas da época; então, o desenvolvimento da humanidade é simultâneo ao desenvolvimento das tecnologias. Considerando que a produção da tecnologia envolve o planejamento, a técnica e a utilização de um determinado conhecimento, vejamos como elas se estruturaram e se desenvolveram em cada época histórica. 2.1 Evolução histórica das tecnologias I. Período Paleolítico Conhecimento: mágico mítico, o poder e o saber estão nas mãos dos sacerdotes e dos feiticeiros. Técnica: quebrar, afiar, entalhar. Instrumento: objetos cortantes, fogo, arte rupestre. Produto: matéria-prima (pedra), facas, lanças, geração de calor, luz, ampliação do cardápio. Educação: empirista oralidade, repetição. II. Período Neolítico Conhecimento: empírico, com divisão do trabalho em intelectual e manual. Técnica: polir, pastorear, cultivar, irrigar, fundir, tosar, curtir, tecer. Instrumento: olaria, arado, liga metálica, tecelagem, agricultura. Produto: barcos, balanças, casas, bronze, cestas, alavancas, rodas, vestimenta. Educação: visão mágica de homem e mundo. III. Período Idade de Bronze Conhecimento: empírico, porém com a preocupação em produzir uma visão não-mágica do mundo. Técnica: matemática, astronomia. Instrumento: calendário lunar, numerologia, metalurgia. UESC Pedagogia 21 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem Produto: cobre, ouro, registros contábeis. Educação: imitação, treino prático. IV. Período Idade Antiga, civilizações orientais - Egito o ápice da tecnologia. Conhecimento: domínio da aristocracia religiosa e militar. Técnica: registrar, ensinar, pesar, medir, drenar, fundir, embalsamar. Instrumento: divisão do tempo, construção de canais (diques), vidro, metalurgia, medicina. Produto: criação do calendário vinculado às estações do ano, escrita, pão fermentado, cerveja. Educação: instrução literária só para sacerdotes e nobres. V. Período Grécia antiga Conhecimento: domínio da aristocracia religiosa e militar. Considerada o berço científico tecnológico da humanidade. Técnica: cunhar, represar água. Instrumento: ferramentas para agricultura e para a guerra. Produto: moedas, abastecimento de água. Educação: observação e imitação dos adultos, filosofia. VI. Período Idade Média Conhecimento: humanista, utilitarista, reflexão sobre a prática. A ciência e a técnica buscavam o conhecimento por meio da fé. Técnica: fabricação de pergaminho. Instrumento: textos diversos. Produto: livros, óculos. Educação: formação do homem na razão apoiada na fé. VII.Período Idade Moderna Conhecimento: científico; revolução científica. Supremacia europeia na nova concepção de trabalho e de novas ciências. Técnica: mecânica: 1ª fase: séc. XIV- xvi; 2ª fase: séc. XVII – XX. Instrumento: bússola, imprensa, pólvora, máquinas de tricotar, régua de calcular, bomba de ar, máquina de calcular. Produto: navegação, armas, difusão de conhecimento, microscópio, termômetro, panela de pressão. Educação: seminários, liceus, escolas de artesãos: ensinar a fazer. 22 Módulo 3 I Volume 1 EAD da comunicação, tecnologia a serviço da medicina, engenharia genética, DNA. Técnica: informática. Instrumento: computador; telecomunicação robótica e biogenética. SAIBA MAIS Vale a pena aprofundar os conhecimentos no campo da evolução das tecnologias, para isso leia GRINSPUN, Mírian P. S. Zippin (Org.). Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2001. Produto: Internet, webcam, chips, transgênico. Educação: ensinar a saber, saber fazer e saber ser. A partir dessa análise podemos afirmar que a tecnologia educacional não envolve somente meios e equipamentos, mas, também, conhecimentos métodos, técnicas, processos, meios e recursos voltados para o ensino e a aprendizagem. Podemos dizer que as tecnologias constituem ferramentas necessárias para nossa vida cotidiana, equipamentos que foram sendo desenvolvidos e aperfeiçoados de acordo com o surgimento das necessidades humanas. Para Kenski (2003, p.18), a tecnologia Está em todo lugar, já faz parte de nossas vidas. Nossas atividades cotidianas mais comuns – como dormir, comer, trabalhar, ler, conversar, deslocarmo-nos para diferentes lugares e divertimonos – são possíveis graças às tecnologias a que temos acesso. As tecnologias estão tão próximas e presentes, que nem percebemos mais que nem são coisas naturais. Tecnologias que resultaram, por exemplo, em talheres, pratos, outros produtos, equipamentos e processos que foram planejados e construídos para podermos realizar a simples e fundamental tarefa que garante nossa sobrevivência: a alimentação. Muitas tecnologias, recursos e equipamentos estão tão imbricados na escola que não conseguimos pensar a organização escolar sem elas, como exemplo, temos o quadro de giz, em escolas informatizadas, a lousa digital. Outras tecnologias como a caneta, o lápis e o caderno constituem o aparato tecnológico do material escolar. Figura 01 - Fonte: UAB/UESC UESC Pedagogia 23 1 Conhecimento: científico-tecnológico, por exemplo: tecnologia Unidade VIII.Período Contemporâneo DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem Existem tecnologias que são apenas suportes, ferramentas, como o retroprojetor que projeta a imagem auxiliando na visualização do que está sendo explicitado pelo professor. Outras ultrapassam os limites de simples equipamentos e são também conhecimentos, mudando os modos de pensar, agir, sentir e relacionar-se em grupo, como a televisão que, usada em sala de aula de forma crítica e colaborativa, amplia os modos de pensar e sentir de todos. O desenvolvimento científico - tecnológico avança sobre o conhecimento e cria tecnologias cada vez mais sofisticadas. No período contemporâneo, estamos vivendo a era das tecnologias da informação, resultado da informática e do conhecimento científico – tecnológico; por isso, alguns autores consideram-nas como “novas” tecnologias, e comumente utilizamos o termo TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação, assim chamadas, porque mudam as formas de as pessoas se comunicarem e adquirirem conhecimentos. As TICs são equipamentos diferenciados e sofisticados que apresentam várias formas eletrônicas de armazenamento, tratamento e difusão da informação. Como exemplos, temos: televisão, telefone celular, fax, vídeos, computador (multimídia e Internet), videogames, softwares. PARA REFLETIR As tecnologias, como técnicas ou como ferramenta, são conhecimento aplicado. Não configuram necessariamente um bem ou um mal. Mas o uso que delas se faz pode fazer bem ou mal a este ou a aquele indivíduo ou grupo de pessoas. A apropriação desigual de tecnologias pode permitir que um grupo ou nação tenha hegemonia sobre os demais. Muitas tecnologias são poluentes, e seus detentores e usuários contribuem para a degradação ecológica. Neste momento, há uma crise mundial de emprego tem a tecnologia entre suas causas. Mas vamos encontrar as tecnologias também nas respostas que têm sido dadas, ao longo do tempo, às aflições humanas, físicas e psicológicas. Prevenir a utilização destrutiva das tecnologias ou corrigir os seus efeitos prejudiciais é uma responsabilidade ética e política de cada grupamento humano. Assumir essa responsabilidade prepara a cada momento, o sentido da história em construção. “Quem viver, verá!” (SEED, MEC E UNIREDE 2003, p.17). 3 AS NOVAS PERCEPÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO NOS NOVOS TERRITÓRIOS DE ENSINO - APRENDIZAGEM O mundo contemporâneo, a cada dia, busca nas tecnologias benefícios, facilitando o cotidiano da sociedade no que diz respeito à rapidez e velocidade nas informações transmitidas, pagamentos, compras, viagens etc. 24 Módulo 3 I Volume 1 EAD As permitem tecnologias novas da comunicação experiências humanas, como o desenvolvimento cognitivo e sua atuação sobre o meio. A utilização de 1 revistas, jornais, livros, programas de rádio, TV e Internet nos possibilitam novas formas Unidade de comunicação, bem como a produção de novos conhecimentos. E com a existência da comunicação on-line, podemos interagir com pessoas em lugares nunca imaginados, tendo imagens, informações de diversos lugares do mundo em tempo real. Diante disso, as mudanças ocorridas nos revelam uma nova percepção de mundo, de valores e de atuação social (PIRES, 1998). As novas formas de comunicação, que foram sendo constituídas no entrelaçamento de diferentes linguagens e de diversas culturas veiculadas por diferentes meios, remetem e localizam um determinado grupo social no tempo e no Figura 02 - Parabólicas Fonte: Filipe Thomaz espaço. Preocupa-nos, nesta disciplina, o (re)dimensionamento do espaço e do tempo da escola e suas implicações na aprendizagem. Entendemos, pois, que a forma mais adequada da escola se aproximar do modo do sujeito perceber o mundo e perceber-se nele é identificando, compreendendo e processando, no ensino, as linguagens que representam o momento atual. A educação está inserida em relações de poder, que consubstanciam visões sociais, particulares e interessadas, assim como identidades individuais e sociais específicas, ligadas a um momento histórico. Por isso, a educação não pode ser considerada apenas como um simples veículo transmissor, mas, sobretudo, como um instrumento de crítica dos produtos herdados e dos novos produtos que estão sendo propostos pela tecnologia. A educação abre espaço para que seja possível a reflexão crítica da sociedade tecnológica. Assim, compreendemos que, sem que haja uma clareza maior sobre os fatos que geram dinamicamente a realidade social e a realidade escolar, não se pode compreender a prática educacional dada, entre outras coisas, tais como, a discrepância de ritmos no limiar do século, em que a vida cotidiana vai para um lado e a escola para outro. É fundamental que nós, educadores, coloquemos em foco uma discussão de natureza epistemológica, que passa pela análise de que a construção do ensino deve ser alterada, porque “os novos UESC Pedagogia 25 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem modos de comunicação alteram as formas, o modo de o sujeito perceber e perceber-se no mundo” (MOREIRA, 1997, p.13). SAIBA MAIS Este momento é marcado por dois aspectos determinantes: o tempo e o espaço. Por isso, a presença da era da informação e da comunicação nos processos educacionais é cada vez mais notória, na condição ora de veículos principais, ora de recursos complementares, bem como na perspectiva de McLuhan (1995), como meio e mensagem. As velozes transformações da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. Diante desses fatos, é preciso que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação do novo, e é a linguagem, através de sua produção social Para McLuhan (1995), o meio não é um simples canal de passagem, um mero veículo cuja mensagem é transmitida, é um “elemento determinante da comunicação”, assim, os diferentes meios apresentam diferentes elementos de transmissão e recepção, possuem diferentes processos de compreensão das mensagens, produzindo diferentes significados. Para o teórico, o meio constitui a “forma comunicativa” determinando o “conteúdo da mensagem”, nesta perspectiva ele chama atenção para o professor, pois é ele um meio de comunicação, e, como tal, é responsável em organizar e determinar a mensagem que transmitirá para seus alunos. Figura 03: Fonte: http://www.facasper.com. br/rep_imagens/2010/01/14/ 1263481462.jpg que vai dar conta da dinâmica e preservação da cultura. Essa afirmativa nos remete a Heidegger (1988), para quem só é possível abordar a linguagem no homem, lugar onde o ser se mostra. Isso significa ultrapassar a postura objetivante com que a nossa sociedade vê a linguagem. Esta não deve ser concebida como um instrumento da qual lançamos mão para representar e nominar coisas, mas concebida a partir do entendimento de que nela se dá a representação do mundo pelo homem. Nesse sentido, ela se institui como desvelamento do significado do ser, ser como espaço–tempo em que toda a significação é possível. Assim, o nosso saber no mundo e sobre o mundo se dá na linguagem, como evento originário da compreensão do ser–no–mundo. A linguagem, no sentido original da palavra (mostrar, deixar aparecer, ver, ouvir), é o caminho necessário para nosso encontro com o mundo, uma vez que ela é quem estrutura, funda e instaura todos os conceitos sociais. A linguagem ganha um novo sentido. Compreende-se que a grande característica do mundo contemporâneo é exatamente a maneira como se passa a entendê-la e que toda forma de expressão e organização do mundo é texto; todo meio e modo de representação é linguagem. Uma paisagem, um grafismo, uma dança, uma música, uma crença, são textos e intertextos, ou seja, formas de linguagem. Assim, considerando-a como o elemento fundador e mediador das interações humanas, ela se torna processo estruturante e socializador da cultura. Segundo Pierre Lévy (1977, p.76), é a partir da linguagem que o homem se distingue do restante da natureza, pois “dispõe deste extraordinário instrumento de memória e de propagação das representações”, para edificar as sociedades. Podemos, então, afirmar que a linguagem faz parte de um complexo de condutas ligadas a todo o desenvolvimento intelectual e afetivo e, por isso, torna-se a linguagem um dos fatores estruturantes 26 Módulo 3 I Volume 1 EAD da realidade. De maneira mais pertinente, dizemos que o homem produz linguagem e se produz simultaneamente na e pela linguagem. Este é um trabalho social e simbólico de produção de signos e sentidos, onde a linguagem não é só um meio e modo de interação, é também 1 produto histórico. Na atual sociedade oral e de relatos escritos, onde o Unidade comum é que as pessoas se comuniquem usando a fala ou a escrita, acreditamos que os jovens estejam envoltos por uma linguagem mais específica: a linguagem dos meios de comunicação de massa, em que prevalecem as imagens e sons, sobretudo da televisão. Esta linguagem, também se caracteriza pelo apelo à afetividade, à repetição, à memorização de músicas, jingles, gestos e enredos, envolvendo personagens ficcionais, com a pretensão de que as ideias, informações, valores, comportamentos, mensagens e apelos (principalmente comercial) sejam aprendidos. Segundo Babin (1988, p.39), são sete as características que marcam as novas linguagens: “a mixagem; a língua popular; a dramatização; a relação ideal entre fundo e figura; a presença ao pé do ouvido; a composição por lashing; disposição por razão de ser”. Isto posto, percebemos que, no sujeito contemporâneo, a linguagem audiovisual acontece no momento em que elementos distintos entram em interação, como um sistema vivo que se manifesta através das cores, dos movimentos, dos efeitos etc.; elementos em superposição, sempre em interação e em complementaridade. Podemos fazer uma analogia com o átomo, que se constitui por um núcleo onde, ao seu redor, camadas de energia se atraem e se repelem, formando as partículas de uma molécula que, por sua vez, constituem a matéria. COMPUTADOR MÚSICA TELEVISÃO RÁDIO IMAGEM DESENHO COR A SOM O RM TM FO I R Figura 04 – Sistema Vivo de Linguagens Fonte: LARCHERT, J. M. Educação e as novas linguagens de comunicação. (1999, p.11). UESC Pedagogia 27 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem Esse sistema e/ou formas de linguagens tendem a se comportar como um sistema vivo, isto é, os elementos se reproduzem, se readaptam, se transformam e se regeneram. A linguagem contemporânea é uma linguagem que volta às raízes visuais e, principalmente, sonoras da língua. A entonação das palavras tem mais importância que o rigor conceitual, pois são imagens verbais; e a mímica dos gestos de acompanhamento da fala substitui os raciocínios e as construções bem organizadas. Temos hoje, na sociedade, um conjunto de linguagens circulando: gráfica, musical, imagética, tecnológica etc., caracterizadas, por Pierre Babin (1991), como audiovisuais. Essas linguagens são representações próprias da complexidade das sociedades atuais e são mediadas por uma rede intrincada e plural de informações simbólicas. Nessa rede, nos comunicamos através da leitura e da produção de formas, volumes, interações de forças e movimentos; somos também leitores e produtores de dimensões e direções de linhas, traços, cores, sons etc. Enfim, também, nos comunicamos e nos orientamos através de imagens, gráficos, sinais, setas, números, luzes... “Através de objetos, gestos, expressões, cheiro e tato, do olhar, do sentir, do apalpar e do clicar” (SANTAELLA, 1983, p.10). Ao analisar essas ideias, insistimos para que a escola perceba que todas essas mudanças envolvem questões pedagógicas e questões de cunho epistemológico. Assim, a escola entenderá o que significa a mudança provocada pela informação e pelos meios de comunicação de massa, na maneira de sentir, pensar e agir do homem contemporâneo. Nesse sentido, é imprescindível compreender que vivemos em um mundo de imagens, onde desaparece a dicotomia real/ representação. Isso porque a realidade funde-se em um único processo: o rádio, a televisão, o computador, a música popular e os jornais se tornaram elementos de uma grande explosão e multiplicação de visões do mundo, “A tela passa a assumir a condição de espaço público e a realidade é virtual” (PRETTO, 1996, p.53). Uma época multissensorial, pois todos os sentidos passam a ter importância. Escrevem Bill Green e Chirs Bigun (1995, p.83) que “de particular relevância para nosso estudo é o papel da cultura, da mídia nos mundos vitais desses/as jovens e a relação entre essa cultura e sua escolarização”. Diante disso é preciso que as propostas pedagógicas, preocupadas com o momento atual, pensem o jovem nessa relação entre cultura e escolarização, considerando suas linguagens e suas dimensões plurais. Faz-se necessário elaborar propostas educacionais que pensem um novo conceito de educar. Deixar um jovem fazendo 28 Módulo 3 I Volume 1 EAD uma coisa completamente fora do seu interesse sem se perceber é destruir uma relação pedagógica de aprendizagem, pois o que não se faz sentir não se entende e o que não se entende não interessa. Como escreve Saltini (1996, p.81), “As máquinas, a mentalidade, as 1 necessidades mudam, tudo enfim está em constante mudança. Então podemos acreditar que as lições, os exercícios e os problemas que Unidade estão dando hoje às nossas crianças são válidos?”. A rotina a que as escolas submetem os jovens não considera seu modo de ver o mundo, sua linguagem. A escola, como espaço meramente de informação, tem causado muita confusão na cabeça dos alunos, já que eles são consumidores gulosos de informação e não têm espaços para refletir sobre o que consomem. Sem a reflexão, a informação não tem sentido. Portanto, faz-se necessário maior criticidade para não se cair no equívoco, tão comum hoje, de se confundir informação com conhecimento. Informação é o fato intencionalmente selecionado, codificado e submetido a um processo de refinamento, informatizado ou não, para a veiculação das ideias, imagens, sons, cores e mensagens. Conhecimento diz respeito ao processo de interpretação e reelaboração das informações, conferindolhes sentidos e significados operados pelos sujeitos da comunicação. Segundo Wurman (1991, p.54), Na indústria da comunicação, existem apenas três tipos de atividade ligados à difusão da informação: a transmissão que é facilmente reconhecida. Abrange tudo que possa ser transmitido por via, rebatidos por um satélite ou impresso numa página [...]; o armazenamento [...] que envolve fabricante de computadores e bancos de dados e, por último a atividade de compreensão, por sua vez permanece ainda praticamente inexplorada, compreender a ponte entra os dados e o conhecimento – é o objetivo da informação. Embora existam pessoas preocupadas com esse fator são poucas até agora as dedicadas a ele. A escola, sem dúvida, é um espaço privilegiado para essa prática, e, respeitando as experiências dos alunos, com certeza, proporcionará espaços comunicativos de criatividade, de reflexão, de reconhecimento das relações contextuais existentes entre a informação e o conhecimento. Entendemos que o mundo da comunicação concretiza-se com maior agilidade, pois se sustenta na informação e constitui-se na fragmentação e codificação da representação semiótica. Educação, ao contrário, não prescinde da informação e do processo de comunicação, mas se diferencia pelo objetivo e o compromisso de potencializar UESC Pedagogia 29 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem a construção da representação semiótica na interpretação da informação, na reelaboração da mensagem, na construção de novos conhecimentos. O grande desafio da escola parece se constituir em ajudar o aluno a interagir a linguagem elaborada pela ciência com a sua linguagem cotidiana - audiovisual, de modo que adquira instrumentos conceituais, formas de pensar e sentir para interpretar a realidade e viver consciente nela. O professor precisa saber fazer as conexões entre essas linguagens e as mediações cognitivas do ensino, do livro didático, do método e das técnicas de aula. 3.1 Do texto ao hipertexto Para Kenski (2003), a base da linguagem digital é o hipertexto, uma linguagem simples e possível para informar, comunicar, interagir, aprender e ensinar. Uma linguagem de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos interligados, que funcionam como páginas sem numeração, rompendo com as narrativas circulares, repetidas e fragmentadas. Tudo vai depender da ação do sujeito. O hipertexto é uma evolução do texto linear. Comumente nos referimos ao hipertexto como um meio de leitura e produção textual que existe em um computador de forma online; porém, podemos pensar no livro impresso que oferece ao leitor diferentes interconexões e nexos no trajeto da leitura, possibilitando a leitura hipertextual. No hipertexto, por exemplo, a geração audiovisual articula ideias de forma mais rápida e abandona a lógica linear, com começo, meio e fim. Trabalha melhor em rede/grupo; esperam gratificações instantâneas e recompensas frequentes; não querem mais ser apenas consumidora de informações, essa geração quer ser autora, produzir conteúdos (vídeos, textos coletivos nos wikis, criam páginas pessoais nos blogs, sites de relacionamento, fotologs). Essas crianças e jovens conhecem o mundo pelos buscadores, fazem amigos pela rede, desenvolvem habilidades por meio de videogames. SAIBA MAIS Acesse o hipertexto http://pt.shvoong. com/internet-andtechnologies/1794880que-%C3%A9-hipertexto/ http://pt.wikipedia.org/ wiki/Hipertexto Hoje se aprende de forma hipertextual. Isto marca o descompasso entre a forma como o velho modelo de ensino oferece conhecimento e a forma como os alunos aprendem com as TICs. O conhecimento marcado na dimensão hipertextual é midiático. O conceito de multimídia está diretamente ligado ao hipertexto, pois representa as múltiplas possibilidades de produção de textos, vídeos, integrando os diversos meios de expressão e de comunicação, ou seja, as diferentes mídias. 30 Módulo 3 I Volume 1 EAD ATIVIDADE 1 Para exercitar o hipertexto, vamos navegar! Utilizamos o conceito “navegar” para designar o percurso que o usuário, leitor realiza ao fazer o trajeto entre os diferentes Unidade textos on–line oferecidos pela Internet. Nesta atividade, você vai escolher um dos conteúdos escolares que são trabalhados no Ensino Fundamental I (seres vivos, substantivo, adjetivo, operações matemáticas etc.) e faça uma busca na Internet. Navegue... Pesquise e estude o conteúdo. Agora você fará uma espécie de relatório sobre a sua navegação digital: Quais os sites visitados? Descreva o link que você ficou mais tempo lendo? Quais imagens lhe chamaram atenção? Você consegue destacar algum momento em que se sentiu “perdida (o)”, sem saber onde estava e sem saber para onde seguir? Agora escolha um site e pare na página principal. Faça a leitura da página: os links, as imagens, os textos, os sons e as formas. Descreva tudo o que vê. Discuta com seus colegas a experiência de navegar pesquisando um conteúdo escolar. RESUMINDO Nesta unidade, estudamos o conceito de tecnologia e sua evolução histórica. Refletimos sobre as influências das tecnologias no cotidiano das pessoas e como estas mudam os modos de apreender a realidade e como se constituem em linguagem. Destacamos a importância da educação escolar no desenvolvimento da criticidade dos adultos, jovens e crianças frente a gama de informações recebidas diariamente das tecnologias da informação e comunicação. UM CONSELHO ORIENTAÇÕES PARA ORGANIZAR OS ESTUDOS Realize a experiência de construir sua biblioteca virtual. Com um CD regravável ou um pen-drive você organiza textos, resenhas, imagens, entrevistas etc. para seus estudos. Reserve um tempo para acessar a Internet e navegar nos endereços relacionados à Didática e Tecnologia. Ao navegar, você escolherá os textos que quer salvar. Continue compondo sua biblioteca virtual com os conteúdos das outras disciplinas do seu curso e com temas que lhe interessam. Aproveite as leituras complementares recomendadas nos módulos e salve-as na sua biblioteca virtual. UESC Pedagogia 31 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II As novas percepções de tempo e espaço nos novos territórios, formas de ensino e aprendizagem LEITURA COMPLEMENTAR Biblioteca Virtual sobre Tecnologia na Educação José Manuel Moran http://www.eca.usp.br/prof/moran/identidade.htm José Armando Valente http://www.nied.unicamp.br/equipe/equipe_detalhes.php?id=30 Nelson Pretto http://www.pretto.info/ Paulo Gileno Cisneyros http://www.institutoclaro.org.br/observatorio/artigos/detalhe/tecnologias-aprendizagem-edesenvolvimento-humano Andréa Ramal http://hermes.ucs.br/cchc/dele/esp/mypage/apresentacoes/leiturasead.htm Vani Kenski http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE08/RBDE08_07_VANI_MOREIRA_KENSKI.pdf REFERÊNCIAS BABIN, Pierre; KOULOUMDJIAN, Marie-France. Tradução de Augusto Gomes Lima Os novos modos de compreender a geração do audiovisual e do computador. São Paulo: Edições Paulinas, 1988. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. 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Acessado em 10 jun. 2010. Unidade 1 SALTINI,Claúdio João Paulo. Uma educação para o próximo século: paradigmas para uma nova pedagogia. In: Teoria e Prática - IV simpósio Internacional de Epistemologia genética. Águas de Lindóia, São Paulo, 1996. SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983. SEED, MEC e UNIREDE. Curso: TV na Escola e os Desafios de Hoje. Módulo I: Tecnologia e educação: desafios e a TV escola, Brasília, 3. ed., 2003, p.43. VEIGA, Ilma P. A. Técnicas de ensino: novos tempos, novas configurações. Campinas, São Paulo: Papirus, 2006. WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de informação. Como transformar informação em compreensão. Tradução de Virgílio Freire. São Paulo: Culturas Editoras Associados, 1991. UESC Pedagogia 33 Suas anotações __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ _________________________________________ _________________________________________ ___________________________________________ ______________________________________________________ _________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Unidade 2 O ESPAÇO EDUCATIVO DO VÍDEO, TELEVISÃO, COMPUTADORES E REDE DE COMUNICAÇÕES DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II 36 O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações Módulo 3 I Volume 1 EAD UNIDADE II O ESPAÇO EDUCATIVO DO VÍDEO, TELEVISÃO, COMPUTADORES E REDE DE COMUNICAÇÕES Ler imagens criticamente implica aprender como apreciar, decodificar e interpretar imagens, analisando tanto a forma como elas são construídas e operam em 2 nossas vidas, quanto o conteúdo que elas comunicam em situações Unidade concretas. Douglas Kellner 1 INTRODUÇÃO Prezada(o) aluna(o), é comum vermos a escola com dificuldades para inserir as TICs como meios didáticos na sua prática pedagógica. Porém, todos nós, professores, alunos, funcionários e pais, nos entregamos ao completo divertimento quando assistimos à televisão, ao filme ou navegamos na Internet, em nossos lares. Esta unidade chama a atenção para a discrepância entre os meios de comunicação e o ensino na escola, a qual deve ser diminuída para tornar a escola mais interessante e as aprendizagens mais próximas da vida do aluno. As TICs nos oferecem uma gama de conteúdos veiculados pela mídia. É função da escola a leitura crítica das imagens e dos conteúdos veiculados, a reflexão sobre a influência da mídia nas nossas vidas, suas características enquanto produto de consumo, de alienação e, de forma antagônica, sobre outras características como UESC Pedagogia 37 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações interatividade, a democratização do acesso, e o entretenimento. No primeiro momento, estudaremos a TV e sua inserção social nas nossas vidas; em seguida, discutiremos como a imagem televisiva pode ser utilizada na educação escolar. Também estudaremos a inserção do computador como máquina e como conhecimento, dando destaque para a importância da Internet nas atividades pedagógicas, tanto para as aprendizagens do professor como para as aprendizagens dos alunos. 2 USOS DA TELEVISÃO E DO VÍDEO NA ESCOLA A tecnologia de modo geral proporciona os avanços dos meios de comunicação, os quais influenciam crianças e jovens, por estarem na maior parte do tempo utilizando esses recursos. Nesse sentido, a TV, por ser um equipamento de fácil aquisição, torna-se mais utilizada por todas as camadas da sociedade. Evidenciando que se torna necessário inserir o uso desse recurso com responsabilidade nas escolas, utilizando critérios pedagógicos, pois as crianças chegam a passar mais tempo em frente à TV do que propriamente na escola ou em qualquer outro lugar (GUTIÈRREZ, 1995). Desde a década de 60, Leonardo Woodcok, em sua obra Televisão Educativa (1967), já mencionava a implantação da TV como ferramenta pedagógica a ser utilizada em sala de aula. Atualmente, no século XXI, muita coisa mudou: inclusive a TV não é mais preta e branca, a evolução já nos permite utilizar a TV digital. O que se observa é que evoluímos apenas no que diz respeito à tecnologia. Infelizmente, o que se vê ainda hoje, nas escolas brasileiras, são professores desmotivados, não sabendo fazer uso desse recurso, por não entenderem o quanto pode ser útil dispor dessa ferramenta em sala de aula. Mas, para isso, é necessário que o professor tenha interesse pela linguagem audiovisual quebrando as resistências criadas ao novo e às tecnologias. Muitas vezes, por não dominar a linguagem audiovisual, pois foi preparado para o domínio da linguagem oral escrita, e não tem formação adequada para leitura crítica das imagens veiculadas, uma vez que esse modo de expressão sempre foi visto para entreter e nunca para educar, os professores sentem-se decepcionados com o uso da TV e do vídeo em sala de aula, chegam a acreditar que não serve para educar. Outros acreditam que a aula com a tecnologia da comunicação não precisa do professor: é só ligar e deixar os 38 Módulo 3 I Volume 1 EAD substituir as orientações didáticas do professor. E, por fim, existem aqueles professores que, frente aos obstáculos existentes na escola, desistem de acrescentar ao seu planejamento de ensino a TV como recurso didático. A televisão articula três elementos básicos e essenciais: o texto, o som e a imagem. A sua própria etimologia – telos, que em grego significa distância, com o prefixo visão é um dado que demonstra a superposição da imagem sobre os outros elementos. A imagem televisiva organiza-se nas palavras de Samain (1998, p. 55) como, [...] uma imagem de signos essencialmente móveis, o rastreamento gerado por um feixe de elétrons correndo em alta velocidade sobre uma tela fosforescente, varredoura que faz surgir na tela do monitor uma aparência de imagens, pois sabemos que essa imagem não existe a não ser sob a forma de pontos luminosos que se sucedem indefinidamente. Temos que considerar a grande influência da televisão na vida cotidiana do brasileiro. A TV comanda o nosso jogo da vida e determina a cultura de massa dos grupos jovens. Um bom exemplo da influência da cultura de massa é a novela. O grande encontro de “todos” se dá no horário da telenovela, que provoca um espaço de diálogo entre ficção e realidade, em que a construção do cotidiano incorpora os temas da realidade concreta, para discuti-los, dar-lhes centralidade e colocá-los na ordem do dia das discussões dos grupos VOCÊ SABIA? Segundo o site http:// www.sergiomattos.com. br\liv_perfil03.htmL, a televisão brasileira foi inaugurada oficialmente no dia 18 de setembro de 1950, em estúdios precariamente instalados em São Paulo, graças ao pioneirismo do jornalista Assis Chateaubriand. A TV Tupi-Difusora surgiu numa época em que o rádio era o veículo de comunicação mais popular do País, atingindo a comunidade brasileira em quase todos os estados. Ao contrário da televisão norte-americana, que se desenvolveu apoiando-se na forte indústria cinematográfica, a brasileira teve de se submeter à influência do rádio, utilizando inicialmente sua estrutura, o mesmo formato de programação, bem como seus técnicos e artistas. Pesquise sobre o desenvolvimento histórico da TV no site http://www.sergiomattos.com.br\liv_perfil03. htmL sociais. Funciona como uma pauta para a mídia e alimentação para as conversas informais da vida cotidiana. A partir dessas reflexões, percebemos como essa forma de cultura é estruturante da vida dos jovens, em especial dos nossos alunos. A existência da televisão coloca para nós, educadores, alguns desafios. Em primeiro lugar, um desafio de conteúdos informáticos e, consequentemente, de conotações e ideologias. Esse desafio não é somente quantitativo (número de programas assistidos e as horas que passam em frente a uma televisão), mas também qualitativo referente ao tipo de conteúdo a que se assiste. A informação que as emissoras de mensagens põem em circulação e fazem significar de forma mais ampla e se relacionar com uma multiplicidade de aspectos da vida social, econômica e política, não é neutra. Carrega matizes e ênfases particulares que a convertem em produto cultural, no sentido mais amplo do termo. UESC Pedagogia 39 2 tecnológico, imagem ou programa de computador, será capaz de Unidade alunos assistindo. No entanto, temos a certeza de que nenhum meio DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações Assim, a informação se converte em um bem de consumo, aparentemente cada vez mais necessário para os indivíduos e os grupos em seu esforço por uma existência plena de sucesso, em uma sociedade repleta de interações sociais informatizadas. Cabe aqui refletirmos sobre o sentido da liberdade de escolha dos canais televisivos, seus programas e seus conteúdos. Um segundo desafio que a TV nos impõe tem a ver com as formas de construção, apresentação e transmissão das mensagens. PARA REFLETIR Sob o jugo de um todo progressivo, a liberdade pode ser transformada em poderoso instrumento de dominação. O alcance da escolha aberta do indivíduo não é o fator decisivo para a determinação do grau de liberdade humana, mas o que pode ser escolhido e o que é escolhido pelo indivíduo (MARCUSE, 1982, p. 28). Formas que se originam nos tipos de conteúdos e, sobretudo, no uso de diferentes linguagens e combinações de signos e códigos, através de recursos tecnológicos. É a linguagem videotecnológica que reúne um conjunto de códigos distintos das linguagens oral, escrita e visual. Para a professora Maria Elizabete Couto (1999, p. 96), A rapidez de informação é um pulsar incessante e significa que é possível realizar muitas atividades, vivenciar muitos fatos, mais do que em qualquer outra época, constatando a rapidez com que as notícias atravessam as fronteiras, como os repórteres transmitem aos jornais escritos, telejornais e revistas, instituindo uma nova forma de adquirir informações e, consequentemente, de aprender, mudando o ambiente de trabalho, as relações sociais e pessoais e introduzindo um novo estruturante de aprendizagem, que não deve ser desconsiderado na escola, porque a rapidez de informação, via televisão, instalou-se como uma concorrente das tarefas escolares ‘dá a impressão de transmitir um conhecimento maior, mais certo, mais novo, mais atual e mais completo que uma aula’ (Marcondes Filho, 1988:104). A televisão é mais ágil, imaginativa, colorida e barulhenta, é veiculadora do novo, preenchendo o imaginário com signos de cultura. Essa linguagem apresenta uma justaposição de signos de diversos tipos e procedências (visuais, auditivos, rítmicos etc.) sempre com a finalidade de espetáculo. Por isso, a televisão mostra-se tão magnetizante e persuasiva em seus modos de ser que acaba nos contaminando até mesmo quanto às formas de nos relacionarmos com o real, visto que a tendência é nos fixarmos mais no espetáculo propriamente dito do que nas intenções que permeiam o espetáculo. Essa oportunidade de espetáculo que seduz a todos contrasta com as possibilidades da escola pública, a qual estrutura seu material didático basicamente nos livros de texto, sem uma metodologia atrativa para sua utilização. Considerando que as crianças e os jovens passam mais tempo em frente ao televisor do que em atividades escolares, é compreensiva a total sedução e dominação dos programas televisivos 40 Módulo 3 I Volume 1 EAD nas vidas destes. Diante disso, ao usarmos a televisão na sala de aula, precisamos conhecer suas possibilidades e limites, para que não seja mais um programa assistido pelos alunos, sem finalidade nenhuma de educar ou mesmo para impedir que televisão repita as enfadonhas aulas de pura verbalização do professor. Para que a TV possa ser usada na escola é importante pensá-la a partir dos diferentes gêneros que são transmitidos, questionar seus diversos programas e seus conteúdos veiculados. Também devemos refletir sobre a televisão como um meio eletrônico, desenvolvido para informar e entreter, que somente educa através de uma programação especial ou de uma mediação intencionalmente planejada para chegar ao conhecimento. Veja o que nos diz a professora Maria Elizabete Couto (1999, p. 4) Isso quer dizer que o conhecimento requer um aprofundamento e uma reelaboração da informação e é indispensável para a construção e produção da nova 2 aprendizagem. E, para chegar ao conhecimento, é preciso que haja o processo de aprender a aprender aprendendo. Unidade Dessa forma, o conhecimento está ligado à vida, ao fazer, ao ser e ao cotidiano das pessoas, implica em crítica, baseia-se na inter-relação e não na fragmentação. A escola não é mais uma instituição baseada só no falar/ ditar do professor. O universo da relação professor aluno-professor, aluno - aluno amplia-se para o falar / ditar / ver / ouvir / ler / escrever / criar / discutir / assistir a filmes e a programas de TV/chegar a consensos e conseqüentemente produzir novos conhecimentos, [...]. O professor terá que deixar de ser um artesão da transmissão do saber, baseado apenas na própria capacidade, e terá de trabalhar em grupo, com programações visuais, analistas de sistemas, profissionais de informática e de outras especialidades que surgirão nos próximos anos e décadas (BUARQUE, 2006). 2.1 O espaço educativo nos programas de televisão A utilização da TV e do vídeo em sala de aula deve produzir resultados positivos na aprendizagem dos alunos, inclusive com crianças do ensino fundamental I. E, para que isso aconteça, o educador deve ter critérios pedagógicos diante da mídia, não se limitando apenas aos materiais didáticos, mas desenvolvendo, nos UESC Pedagogia 41 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações alunos, a leitura crítica e criativa diante dos programas de TV e estabelecendo juízos de valor, através de questionamentos e opiniões, como também desenvolver a informação de conteúdo, a motivação e a ilustração. Porém, a concepção mecânica do uso da TV, em que os telespectadores são manipulados pelos programas sem questionamentos, coincide com o ensino-aprendizagem em sua metodologia tradicional, ou seja, o professor é o único conhecedor do saber, e os alunos, os receptores passivos. Atualmente, o telespectador é considerado um sujeito ativo, com opiniões e questionamentos diante das informações oferecidas, de acordo com a sua visão da realidade; mesmo assim, o poder de persuasão é muito grande, por isso, tanto a escola como a família, ao assistirem à TV com os alunos, filhos, podem auxiliá-los na construção de significados e maior aprendizagem (CARNEIRO, 2001) com os programas televisivos. O desafio do educador frente à televisão é ensinar a seus alunos a assisti-la com um olhar crítico, sob o prisma da ética e cidadania, exigindo, antes de tudo, um conhecimento mais aprofundado desse poderoso meio de comunicação (RIZZO, 1998). A escola não deve abrir mão de inserila no seu projeto de ensino, pois existe um nível maior de aprendizagem quando os alunos conseguem estabelecer uma relação com as informações que ouvem e veem, interpretam Figura 05 Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_mT7tobk8WY/Su2XxHOnJEI/AAAAAAAAAD8/ cjC7VyqZH4M/s320/tv.jpg melhor os conteúdos assistidos se estes forem discutidos nas escolas. Segundo Okky de Souza e Rosana Zakabi, à luz da psicologia e da neurociência, os computadores, videogames, certos programas da TV e filmes de hoje, usados ou vistos na dose certa, proporcionam à moçada outro tipo de aprendizado, “eles ensinam a selecionar e processar informações, a exercitar lógica e a deduzir - em suma a raciocinar” (2006, p.68). Neste sentido, a forma como é elaborada a programação da televisão, envolvendo muitos personagens diante das tramas paralelas, permite aos jovens tirar conclusões, levando-os a pensar e questionar. Diante dessa realidade, o papel do educador também se altera, por sentirem na pele a necessidade de mudar sua maneira de ensinar, quebrando os velhos paradigmas da escola, não mantendo relações autoritárias com os educandos, valorizando os conhecimentos 42 Módulo 3 I Volume 1 EAD originados dos meios de comunicação trazidos por eles. Atualmente, o debate entre escola e TV está relacionado aos valores culturais que são exibidos na tela; que, muitas vezes, desvalorizam seus aspectos, expondo a violência, o individualismo e o consumismo. Porém, a cultura popular está incorporada no meio televisivo, diante das novelas, programas infantis, propagandas. Embora possamos apontar que a televisão manifesta uma tendência geral para valorizar certos modelos de vida e não outros, o discurso televisivo não se fecha sobre uma só perspectiva. Por outro lado, assim como o discurso televisivo é heterogêneo, também existe heterogeneidade na leitura de seus significados (LITWIN, 1997). Sem esquecer que muitos telespectadores se identificam com personagens das novelas, minisséries, seriados etc., pois mostram histórias que relatam o que acontece no cotidiano das pessoas, e essa aproximação seria uma oportunidade dos educadores trabalharem com temas relacionados a valores e comportamentos. O uso indiscriminado da TV e mídia pelas crianças, em geral, se 2 dá, principalmente, pela ausência dos pais; que, tendo a necessidade de passar o dia fora de casa, acabam por facilitar todo tipo de excesso Unidade por parte da criançada. Entretanto, introduzir uma programação pedagogicamente correta, na educação infantil, vai depender em parte do poder de mediação do professor, no momento em que ele motiva, ilustra, informa, suscita debates em função dos programas e vídeos a serem exibidos (PACHECO, 1998). Como percebemos, Um programa pode ser usado de muitas maneiras: como porta de entrada de um assunto, fonte adicional de informação, pretexto para debater um tema, para coroar o final de um projeto etc. Mas em qualquer circunstância o fundamental é que o educador faça um uso didático proveitoso sem pensar em usar a TV / Vídeo apenas como passa tempo (ARATANGY, 2001, p. 8). Segundo Bertrand (1999, p.36-38), as funções que a TV pode desempenhar são: a) Observar o entorno. Tratar a informação e fazê-la circular. Informar sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. b) Assegurar a comunicação social. Favorecer a formação de grupos de debates de diversos temas e grupos. c) Fornecer uma imagem do mundo. Informar sobre o UESC Pedagogia 43 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações conhecimento que as pessoas experienciam. d) Transmitir cultura (de geração a geração). Apresentar as informações, dentro de uma visão de presente, de passado e de futuro, respeitando as tradições e valores que dão ao indivíduo identidade étnica, religiosa, familiar etc. e) Contribuir para a felicidade, entreter. As mídias devem oferecer entretenimentos suficientes para que as pessoas diminuam as tensões. f) Fazer – comprar. Meios de comunicação são veículos de publicidade. O Curso TV na Escola e os Desafios de Hoje (SEED, MEC e UNIREDE 1999), em seus três módulos, apresenta um excelente estudo sobre o uso das TCIs na sala de aula. Abaixo transcrevo uma atividade do Módulo II, e solicito que seja respondida por você. ATIVIDADE 1. Preencha a tabela abaixo, classificando os programas conforme você considere. Educativo com Educativo sem finalidade explícita finalidade explícita de educar de educar Não - educativo Deseducativo 2. Agora responda as seguintes questões: a) A quais desses programas de TV você assiste? b) A quais desses seus alunos assistem? Se você não tem alunos pense em crianças. c) Como você avalia os programas a que seus alunos (as crianças) mais assistem? d) Como avalia os programas de maior audiência em sua casa? e) Há opções mais interessantes para escolher? f) Que programas você indica para crianças e adolescentes? g) Há programas que você desconhece? Quais? h) Há programa que você deseja discutir, analisar? Quais? Fonte: Módulo II: TV na Escola e os Desafios de Hoje/Unirede e Seed/MEC/UNB, 2003, p.11-12. 2.2 Funções do vídeo na sala de aula 44 Módulo 3 I Volume 1 EAD A oportunidade da informação, sua contextualização e as possibilidades técnicas e linguísticas para sua apresentação de espetáculo, talk show, contrasta com as possibilidades das escolas, na qual o material didático, basicamente o livro texto, é insuficiente e inapropriado para cumprir sozinho a função de seduzir e instigar a aprendizagem dos alunos. A interação das crianças e jovens com a imagem televisiva é muito grande, e isto também se dá com relação aos filmes. O processo de recepção do conteúdo da TV ou do conteúdo SAIBA MAIS No site da TV Escola você encontra os módulos deste curso e outros textos e links diretamente ligados ao uso da TV na sala de aula. Vale a pena conferir! http://tvescola.mec. gov.br/ de um filme é imediato. Aceita-se ou rejeita-se! Quando assistimos a TV em casa e rejeitamos um determinado programa imediatamente mudamos para outro canal. No caso do vídeo, quando rejeitamos um filme, também temos a oportunidade de trocar ou simplesmente parar de assistir. Na escola, o processo de recepção não deve acontecer da mesma maneira: para utilizar esses recursos precisamos de um planejamento sistematizado. O professor José Manuel Moran (1995, p.29) chama a) Vídeo tapa–buraco - colocar o vídeo quando há um problema inesperado, como falta de professor. b) Vídeo–enrolação - exibir o vídeo sem articulação com a matéria de ensino. c) Vídeo–deslumbramento - o professor que acaba de descobrir o uso do vídeo e empolga-se passando o vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. d) Vídeo–perfeição - existem professores que questionam todos os vídeos possíveis, alegando que todos os vídeos possuem defeitos de informação ou estéticos, nenhum presta. e) Só vídeo - não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula e sem destacar os momentos mais importantes. Em contrapartida, o professor Moran (1995) classifica as funções do vídeo quanto ao uso adequado. Assim como a TV, o vídeo exerce as funções de informação, de conteúdo, motivação, ilustração e meio de expressão: a) Informação e de conteúdo de ensino, explorar no vídeo seu conteúdo próprio e o conteúdo de ensino. b) Motivação, o vídeo deve ser integrado à cultura daqueles que estão aprendendo, com emoção motivar o interesse da aprendizagem. UESC Pedagogia Informalmente, uma professora me contou que foi exibir um filme para um grupo de alunos e, ao reunir o grupo e informar qual era o filme a ser exibido, foi uma rejeição total, pois eles queriam assistir o filme “Tropa de Elite”, e ela havia escolhido passar “A era no Gelo”. Resultado: eles não interagiram com o filme. O que fica evidente nesse episódio é que provavelmente a escolha do filme aconteceu de forma aleatória sem nenhum planejamento e, com certeza, não poderia acabar de outra forma, aparentemente para preencher o horário “tapa buraco”, pois ela estava substituindo uma colega que havia ficado doente. Infelizmente é desta forma que a TV e o DVD são utilizados em algumas escolas, como algo a que o professor recorre quando não planeja suas aulas e quer manter entretidos os alunos. Às vezes, não funciona, pois tudo o que é feito sem planejamento aumenta a possibilidade de dar errado. 45 Unidade 2 atenção para o uso inadequado do vídeo em sala de aula: DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações d) Ilustração, deverá o vídeo ilustrar aulas, ajudando na compreensão de fatos, ideias e conceitos. e) Meio de expressão, trata-se de expressar-se por meio do vídeo, é fundamental que os alunos e professores, produzam vídeos sobre suas experiências escolares. Concordando com o professor Moran, a professora Maria Elizabete Couto elaborou procedimentos metodológicos para uso do vídeo no ensino. Veja suas orientações: A organização do trabalho dependerá de dois princípios: as modalidades de utilização da televisão e vídeo e a metodologia adequada a essas modalidades. Para identificar essas modalidades partimos dos seguintes critérios: a- duração – filmes de curta e longa metragem; b- gênero dos filmes – ficção e documentários; c- equipamentos – televisão e vídeo e televisão; d- transmissão - TV de circuito aberto e TV de circuito fechado. Para atingir os objetivos referentes às modalidades, fez-se necessária uma estrutura metodológica que pudesse garantir aos professores mais segurança e intimidade para lidar com tais aparatos tecnológicos dentro da escola e desenvolver um trabalho que realmente estivesse contribuindo com a produção do conhecimento da comunidade escolar (alunos e professores). Constituíram-se passos dessa estrutura metodológica: a- Escolha do conteúdo de da disciplina a ser trabalhado na classe e o filme a ele relacionado. b - Antes da projeção, o professor deverá assistir ao filme, fazer suas devidas anotações, planejar sua aula, verificar se tem relação com o conteúdo que está sendo trabalhado e com os seus objetivos. Ver e analisar a qualidade da fita; deixá-la no ponto de exibição; checar o som (volume), o canal de exibição (2 ou 3) e a regulagem do vídeo e da televisão. Iniciar as atividades já na sala de vídeo, para não perder o ritmo do trabalho na mudança de sala (sala de aula para a sala de vídeo). c - Poderá fazer a exposição do conteúdo de forma panorâmica, utilizando os recursos necessários (livros, mapas, cartazes, transparências etc.). d - O professor informará aos alunos quanto ao gênero (ficção, documentário, desenho animado, humor etc.); autor e duração, não fazendo nenhum julgamento ou pré-julgamento para que o aluno possa formar a sua idéia sobre o filme. e - Pedir aos alunos que anotem as cenas mais importantes, como (as palavraschaves, as imagens mais significativas, caracterizar os personagens, músicas, mudanças acontecidas no filme – do começo até o final, etc.). 46 Módulo 3 I Volume 1 EAD Caso seja necessário, podem-se fazer alguns comentários com a classe após a exibição do filme. f - Observar as reações dos alunos antes, durante e depois da exibição. g- Se preciso, pode-se voltar o filme ao começo para que os alunos possam rever algumas cenas importantes ou difíceis. Pode-se também exibir o filme uma segunda vez, caso a classe solicite, chamando a atenção para determinadas situações que porventura os alunos não perceberam. h - Pode-se “congelar” a imagem, por alguns instantes, para que os alunos observem a cena mais criteriosamente e até tirem dúvidas. i - Na discussão, após a exibição do filme, o professor é o mediador para conversar com os alunos. Mas não deve ser o primeiro a dar a sua opinião, nem falar o tempo inteiro. Deve ouvir os alunos, anotar as suas falas, e, depois, posicionar-se em relação ao filme, considerando seus aspectos positivos ou negativos, o tempo e o espaço em que ocorrem as cenas, as ideias principais, o que gostaria de mudar e as conseqüências de determinadas situações para a nossa vida, para o grupo etc. Poderá anotar, no quadro de giz, as opiniões dos alunos, separando-as quanto às convergências e divergências, porque, 2 nesse momento, observam-se os valores e opiniões dos alunos. j - Pode-se trabalhar com os alunos as semelhanças e diferenças, mudanças e Unidade permanências, para que possam entender o processo histórico dentro de determinado contexto histórico-social. l - Propor alguma forma de avaliação, após a exibição do filme, levando em consideração o conteúdo que está sendo estudado, estabelecendo critérios de avaliação, de acordo com os objetivos da aula (conteúdo do livro-texto e do filme). m - Após a exibição do filme e realização da atividade, pode-se continuar trabalhando com o tema, buscando outras fontes como: reportagens de jornais, revistas, livros e até outros filmes que possam contribuir e ampliar os conhecimentos dos alunos e professores. n - Com um filme de curta-metragem também é possível a divisão em blocos, partes ou cenas para atender os objetivos da aula. o - Se o filme for de longa-metragem, pode-se dividir em blocos, em pequenas cenas atendendo aos interesses e objetivos propostos pelo conteúdo que ora está sendo estudado, ou até mesmo projetar a parte que tenha relação com o conteúdo de estudo. p - Pode-se também, projetar dois filmes que tratem do mesmo conteúdo, com enfoques diferentes, como por exemplo, um retratando mais o passado, o outro, mais o presente, ou os dois retratam o passado e o presente, na tentativa de estabelecer uma comparação, trabalhar as mudanças e permanências, semelhanças e diferenças (COUTO, 1999, p. 43-45). UESC Pedagogia 47 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações A partir dessas orientações metodológicas, reafirmamos a necessidade do planejamento pedagógico para a organização do ensino com o uso das tecnologias de informação e comunicação. 3 O COMPUTADOR COMO MÁQUINA E COMO CONHECIMENTO. A INTERNET NA SALA DE AULA Para iniciarmos os estudos sobre o uso do computador na escola devemos entender o que é informática e o que é informática educativa. O termo informática designa a técnica usada nos equipamentos que utilizam a linguagem digital. Na Unidade I do módulo da disciplina Educação a Distância de autoria da Profa. Dra. Vani Moreira Kenski, DIGITAL- Do latim digitale, informação que utiliza os números 1 e 0, que permitem inúmeras combinações. Nos computadores são usados para compor o código binário, que usa esses dois dígitos. Fonte: SEED, MEC E UNIREDE (2003, p.47). você estudou sobre a tecnologia digital. Os recursos digitais são formados pela computação (a informática e seus aplicativos), as comunicações (transmissão e recepção de dados, imagens, sons etc.), e os diversos tipos, formas e suportes em que estão disponíveis os conteúdos (livros, enciclopédias, filmes, fotos, músicas, propagandas, jornais, textos etc.). Tudo isso já pode ser interligado a vários equipamentos digitais: telefone celular, computador, televisor, máquina fotográfica etc. para fazer circular com mais rapidez as informações e conhecimentos. Quando falamos em informática educativa, estamos nos referindo ao uso dos recursos digitais na educação escolar. Marques e Caetano (2002, p.141) apontam as seguintes características da informática educativa: • Suporte para as atividades de aprendizagem dos alunos: a tecnologia oferece um poderoso suporte para a aprendizagem através da investigação e resolução de problemas. • Investigação em ambientes complexos e realísticos: os professores podem basear-se nas aplicações tecnológicas para simular e criar ambientes reais. • Informação e ferramenta para suportar a investigação: os professores tornam acessíveis para os alunos aplicações que lhes permitem juntar, guardar, organizar e analisar as informações. • Aulas colaborativas para partilhar informações: as redes permitem que as produções escolares sejam levadas para o mundo exterior. • Partilha expansão do conhecimento: os sistemas de telemáticas ajudam os professores a acabar com o 48 Módulo 3 I Volume 1 EAD tradicional isolamento com colegas e profissionais a longas distâncias. • Suporte de comunicação com os pais: alguns serviços de telemática ajudam aos professores informar aos pais sobre os trabalhos de casa, relatórios e boletins. É importante entender que antes de a informática educativa se efetivar na escola, professores e alunos precisam ter o domínio da máquina, ou seja, é preciso uma formação em informática básica para que todos tenham um domínio mínimo da tecnologia computacional. Após as aprendizagens da informática básica, faz-se necessária uma formação continuada concomitante aos projetos pedagógicos com o uso do computador, aprofundando as aprendizagens para o uso de diversos programas computacionais. 2 3.1 Conhecendo a máquina Unidade O computador data de 1946, inventado para solucionar problemas da base militar americana durante a Segunda Guerra Mundial. Já a computação nasce da resolução de problemas, apoiada em fundamentos lógicos. Esses fundamentos copiam o modelo do funcionamento do sistema nervoso humano, que se apoia na lógica matemática para explicar o funcionamento dos neurônios, suas configurações, circuitos, representações para chegar ao conhecimento. Por isso, a expressão “cérebro eletrônico” é usada quando nos referimos ao computador. Para dominarmos o computador, precisamos desenvolver as habilidades de adoção, adaptação, apropriação e invenção. Assim, passaremos da apropriação técnica ao letramento digital. O termo “letramento digital” define-se como certo estado ou condição que adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e escrita na tela, diferente do estado ou condição do letramento dos que exercem práticas de leitura e de escrita no papel (SOARES, 2002). Embutido neste conceito está o de alfabetização digital, que tem a sua especificidade. Frade (2005) afirma que este termo pode ser utilizado para os que já são alfabetizados e que alcançam o domínio dos códigos que permitem acessar a máquina, manuseá-la e que, portanto, pode utilizar seus comandos para práticas efetivas de digitação de texto, leitura e produção de mensagens para efeitos de interação a distância ou para uma leitura de informação ou mesmo de leitura e escrita de outras UESC Pedagogia 49 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações linguagens (visuais, sonoras, entre outras). Veja, no quadro 1, a descrição de cada habilidade e o tempo necessário para seu desenvolvimento. Quadro 1 Estágio / habilidade Descrição Tempo de preparação A pessoa tenta dominar a tecnologia e o novo Entrada ambiente de aprendizagem, mas faltam as Nenhum experiências para prática. Adoção Adaptação A pessoa realiza treinamento bem sucedido e 30 horas de domina o uso básico da tecnologia. treinamento Supera o uso básico, descobre uma variedade de + 45 horas; aplicações e aplica no seu trabalho. Começa a ter 3 meses de noções operacionais do hardware, pode detectar experiência com falhas no equipamento. apoio técnico. Domínio sobre a tecnologia e pode usá-la para Apropriação alcançar seus objetivos. Possui boa noção dos aplicativos, do hardware e da rede. Desenvolve novas formas de ensino e objetos de Invenção aprendizagem, a tecnologia é uma ferramenta flexível. +60 horas de treinamento; 2 anos de experiência + 80 horas de treinamento; 4 a 5 anos de experiência. Fonte: Kesnki apud site: http://www.benton.org\kickStart em 1996 (2003, p.79). O computador, enquanto máquina, é formado por duas partes, SAIBA MAIS Acesse no endereço eletrônico o Dicionário de termos de informática e da Internet http://www. torque.com.br/internet/ glossario.htm Para conhecer mais sobre os softwares livre ou freeware acesse www.gnu.org, www.conectiva.com.br, www.linuxmall.com. o hardware e o software. O hardware é composto dos elementos do equipamento, enquanto o software é o programa que será instalado na máquina. Existe software que, para ser usado, é preciso pagar por sua licença e existe software disponível gratuitamente e que pode ser utilizado para uso educacional. Como exemplo de software pago, temos os da Microsoft e como gratuitos, disponíveis na Internet, temos o Linux e o Star Office. Os softwares mais comuns que compõem a máquina são os processadores de texto, que servem para construção de textos a partir de vários recursos. Como exemplos temos o Word da Microsoft e o Star Word da Star Office; os editores gráficos são programas que servem para criar desenhos e imagens gráficas e ilustram os 50 Módulo 3 I Volume 1 EAD textos; também permitem que fotografias possam ser convertidas no formato digitalizado e sofram modificações, como exemplos temos o Paint e o Corel Draw da Microsoft. Os apresentadores eletrônicos permitem a montagem em sequencia de textos e imagens para serem expostos, esses programas tem tido muita aceitação em vários setores da sociedade pela sua capacidade de multimídia (sons, imagens, movimentos, formas, cores) e interação. Como exemplos temos o Power Point da Microsoft e o Starimpress da Star Office. As folhas de calculo são softwares que possibilitam organizar textos, números ou fórmulas, calcular médias e medidas estatísticas e também criar gráficos. O mais conhecido é o Excel da Microsoft e o StarCalc da Star Office. Assim, para que a informática educativa ou a tecnologia educacional com as TICs sejam utilizadas na escola de maneira eficaz devem ser inseridas num projeto maior, devem ser planejadas no projeto político pedagógico, pois se tratam de uma Unidade 2 questão didática, política e curricular. 3.2 A informática educativa Com o advento da cibercultura, o cotidiano dos alunos é marcado pelas vivências digitais em várias esferas, de tal modo que a tecnologia intermedia o homem e o mundo. Hoje, o que mais proporciona a inventividade é a presença das tecnologias da informação e comunicação na vida das pessoas. As tecnologias contemporâneas favorecem novas formas de acesso ao saber pela navegação, pela caça de informação, pelos novos estilos de raciocínio e de conhecimento, como a simulação. Esses saberes podem ser compartilhados por um grande número de indivíduos e, portanto, aumentam o potencial de inteligência coletiva dos seres humanos. Com o ciberespaço, passou a se desenvolver um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores, ao que se denomina cibercultura. Para Lemos (2003), a cibercultura é essa nova relação desenvolvida pela sociedade contemporânea entre tecnologias digitais (ciberespaço, simulação, tempo real, processos de virtualização etc.) e a vida social. O ciberespaço ou rede (LÉVY, 1999, p. 17) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores, não apenas “a infra-estrutura material de comunicação digital, mas também o universo de informações que esta abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”. Portanto, UESC Pedagogia 51 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações a cibercultura é uma forma sociocultural que emerge da relação entre sociedade, cultura e tecnologias digitais. Essencialmente, potencializa as trocas, possibilitando que cada indivíduo seja, ao mesmo tempo, emissor e receptor de informações e sentidos. A presença do computador no processo de ensino aprendizagem é condição real da escola brasileira. Hoje as máquinas estão chegando às escolas mais distantes geograficamente; em muitos países desenvolvidos isto já é uma realidade desde a década de 80. SAIBA MAIS No Brasil, políticas públicas do governo federal para o uso e presença Acesse o site do programa das tecnologias nas escolas fazem-se presentes desde 1990. Surgem computador para todos em www.computadorparatodos. a partir da definição das necessidades sociais, das finalidades e dos gov.br/ e conheça as pro- objetivos que deverão ser alcançados pelo sistema educacional, e postas de financiamento e licenciamento de computadores para a população. fazem parte de um conjunto que enfatiza a melhoria do ensino e da aprendizagem de alunos e professores. Os chamados laboratórios de informática estão nas escolas de assentamentos rurais, na Educação de Jovens e Adultos, na Educação Infantil, na Educação Especial etc. Também é uma verdade que, diante da imensidão geográfica e da complexidade administrativa e política do Brasil, muitas localidades ainda não receberam os computadores. Por tudo que discutimos na unidade I, deste módulo, o computador é uma tecnologia que não temos como desconhecer, e se faz urgente compreendê-la. Assim como a televisão, o computador não foi construído especificamente para ser usado como recurso didático escolar, mas as suas possibilidades no tratamento das informações e da comunicação conferiram-lhe um lugar especial no contexto do ensinar e do aprender na educação. A inserção do computador nas atividades pedagógicas requer da escola planejamento específico. Primeiro, se a escola recebeu o laboratório de informática é preciso que, no seu calendário de aulas seja introduzida a informática educativa. Isto se deve ao fato de muitos alunos não conhecerem a máquina ou não saberem usá-la para suas atividades de aprendizagem. Segundo, o computador é um instrumento de transmissão de informação muito eficiente, mas jamais substitui a explicação de um professor sobre um determinado assunto, nem mesmo um livro ou um módulo didático, onde a matéria é organizada com um determinado objetivo. O conhecimento oferecido no computador é aberto, a sistematização depende de quem acessa. É da responsabilidade do professor assumir a mediação entre o aluno e o computador, de modo que o aluno se sinta desafiado para descobrir as potencialidades da máquina. Para tanto, o professor deve ser um conhecedor da máquina e do conhecimento que é armazenado. 52 Módulo 3 I Volume 1 EAD PARA REFLETIR Prezada(o) aluna(o), leia o texto abaixo com o objetivo de compreender como o autor se utiliza dos conceitos da tecnologia digital para valorizar a leitura e o livro. High Tech! Millor Fernandes Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informação Variadas, Reutilizáveis e Figura 06 - Fonte:http://1.bp.blogspot. com/__n7hiNr0yKs/SsxnK7fPQuI/ AAAAAAAAACQ/-nM2H2Uf4R0/s1600-h/ pc.jpg Ordenadas – L.I.V.R.O. - que representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fio, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada e nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo! Cada L.I.V.R.O é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informação. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém automaticamente em sua seqüência correta. Por meio do uso intensivo do 2 recurso T.P.O. – Tecnologia de Papel Opaco -, permite que os fabricantes usem as duas faces de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir seus custos pela Unidade metade! Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações basta se usar mais páginas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de ser transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema. Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento o usuário. Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta “ERRO GERAL DE PROTEÇÃO”, nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo. O comando browser permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria do modelo à venda já vem com o equipamento “índice” instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados. Um acessório opcional, o marca página, permite que você acesse o L.I.V.RO exatamente no local em que o deixou na última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de páginas é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de páginas, caso seu usuário deseje manter selecionado vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas. Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. por meio de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicações Simplifcada – L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo aposentado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O. (SEED/MEC/UNIREDE, Módulo 1, 2003, p.43). UESC Pedagogia 53 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações O computador auxilia o professor a promover o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da criticidade, e da auto-estima do aluno quando ele descobre que pode conhecer através do computador. SAIBA MAIS Para conhecer mais o sobre os programas: editor de desenho, redes telemáticas, simulações, modelagens, sistema de autoria, aplicativos, acesse: http://pt.wikipedia. org/wiki/P%C3%A1gina_ principal A metodologia de ensino com o uso do computador deve partir sempre de situações instigadoras, levando sempre o aluno à busca de soluções de problemas. No processo de aprendizagem com o computador, professor e aluno irão articular diferentes tecnologias e recursos, tais como linguagens de programação, editor de desenho, redes telemáticas, simulações, modelagens, sistema de autoria e os aplicativos, que são os editores de texto, planilhas eletrônicas, gerenciadores de banco de dados. Assim, professor e alunos tornam-se construtores do seu conhecimento, usando o computador para buscar, selecionar e inter-relacionar informações, que serão exploradas, representadas e depuradas pelo usuário da máquina. A aprendizagem construída através das diversas possibilidades de uso dos aplicativos e da internet desafia professores e alunos na produção de atividades criativas com os conteúdos escolares. O conhecimento escolar depura a linguagem digital, e o professor e os alunos decifram ícones, percebem detalhes, leem imagens, visualizam diferentes dimensões, constroem novas formas de aprender e pensar. Enfrentam os seguintes desafios cognitivos da aprendizagem tecnológica/escolar: Pesquisar Simular situações Elaborar conhecimentos específicos Descobrir novos conceitos Descobrir lugares Criar ideias Desenhar formas e cores 3.3 A Internet na sala de aula – Pesquisa no livro eletrônico Para refletirmos sobre o uso da Internet como recurso didático, é importante sabermos que podemos utilizá-la Figura 07 - Fonte: quimicos123.blogspot.com\2009\04\seminario-as-tendencias-tecnicistas-e-html 54 Módulo 3 I como ferramenta formar cidadãos contato com Volume 1 o em para constante mundo. Faz-se EAD necessário também termos uma leitura crítica da gama de informações recebidas, que descubramos na rede novas formas de contato e de organização do seu espaço e tempo. Para Pierre Lévy (1999, p. 47), a rede como “toda entidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar e tempo em PARA REFLETIR Meus filhos terão computadores sim, mas antes terão livros. Sem livros e sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever inclusive sua própria história. Bill Gates. Fonte: http://www. fraseseproverbios.com/frasesde-bill-gates.php particular”. O espaço da Internet é virtual, possibilita que as pessoas compartilhem do mesmo campo de informações ao mesmo tempo construindo uma memória coletiva, para Lévy, (1999, p.48) “o virtual é aquilo que existe sem estar presente” A Internet promove na escola o desenvolvimento de inúmeras atividades que podem contribuir para a aprendizagem dos alunos e dos professores, a saber: busca de informações (em diferentes lugares - como museus, portais de universidades, entre outros); interações com pessoas (através de fóruns, chats, listas de discussão, e-mails, comunidades virtuais); entretenimento (jogos e simulações); e, 2 principalmente, espaços abertos para a produção individual e coletiva de conteúdos. Unidade Para Moran (2010, p.04), A Internet está se tornando uma mídia fundamental para a pesquisa. O acesso instantâneo a portais de busca, a disponibilização de artigos ordenados por palavras-chave facilitaram em muito o acesso às informações necessárias. Nunca como até agora professores, alunos e todos os cidadãos possuíram a riqueza, variedade e acessibilidade de milhões de páginas WEB de qualquer lugar, a qualquer momento e, em geral, de forma gratuita. Porém, o uso educativo da Internet requer do educador um trabalho rigoroso no seu planejamento em especial nos seus objetivos de aprendizagem, pois, a Internet é muito sedutora, a “navegação” é um campo vasto de imagens, textos, sons, cores etc., provocando uma motivação derivada das infinitas possibilidades de pesquisa. Assim, tanto os adultos como os jovens tendem a se dispersarem, a acumularem muitos textos e imagens quando estão pesquisando. O comum é copiarem muitos textos e imagens e salvá-las em sequência sem uma triagem adequada. Mercado (2002, p.193) aponta para os seguintes problemas com a pesquisa na Internet: UESC Pedagogia 55 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações • confusão entre informação e conhecimento; • facilidade de dispersão; • perde-se muito tempo na rede; • impaciência para a análise e reflexão; • conciliar os diferentes tempos dos alunos. O professor José Manuel Moran (2010) nos alerta que na Internet sempre lemos palavras ou trechos, preferimos títulos atrativos, e que somente 16 % dos alunos se detêm na leitura do texto completo. Isto quer dizer que a maioria procura o que é mais fácil, o imediato; é a leitura fragmentada, superficial, de pedaços do conteúdo. Devemos ter cuidado com o que chamamos de pesquisa: há algum tempo, a pesquisa na escola foi entendida como cópias manuscritas ou reprografadas dos livros; agora pode ser confundida com “copia, cola e imprime” da Internet. Por isso, é importante que o planejamento didático aponte as principais orientações relacionadas com a pesquisa: • o objetivo da pesquisa e o nível de profundidade do conteúdo que se quer alcançar; • as fontes confiáveis para obter as informações; • a apresentação das informações pesquisadas e a indicação das fontes de pesquisa nas referências bibliográficas; • a problematização do conteúdo para que a pesquisa seja realmente feita e não copiada. O professor comprometido com um planejamento de ensino coerente e flexível orientará seus alunos para a seleção dos textos e das imagens, acompanhadas das respectivas citações das fontes, origens das informações selecionadas. Então, o ensino-aprendizagem deve ser organizado para analisar o conteúdo acessado pelos alunos, provocando a reelaboração das informações com vistas à construção do conhecimento, finalidade de qualquer ação didática com ou sem a utilização das TICs. 56 Módulo 3 I Volume 1 EAD SAIBA MAIS Unidade 2 PÁGINA: partes integrantes de um site, abertas através do link. SITE: conjunto de páginas na Internet. Exemplo: www.uesc.br HOME PAGE: primeira pagina de um site. PORTAL: é um site na Internet que funciona como núcleo que reune e distribue conteúdos para uma série de outros sites ou subsites dentro, e também fora, do domínio ou subdomínio da empresa gestora do portal. Exemplo: www.mec.org.br DOMÍNIO: espaço e ou endereço que localiza um site na grande rede. HOSPEDAGEM: local onde os dados do site ficam armazenados. UESC Pedagogia 57 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações ATIVIDADE Leia o texto a seguir e, após a leitura, faça o que se pede. Avaliar na cibercultura. Estamos em 2069, num ambiente de estudo e pesquisa, antigamente chamado de “sala de aula”. Os aprendizes têm entre doze e dezesseis anos e conversam com o dinamizador da inteligência coletiva do grupo, uma figura que em outras décadas já foi conhecida como “professor”. Eles estão levantando e confrontando dados sobre os Centros de Cultura e Saberes Humanos (ou, como diziam antes, as “escolas”) ao longo dos tempos. Admirados, não conseguem conceber como funcionava, no século passado, um ensino que reunia os jovens não em função dos seus interesses ou temas de pesquisa, mas simplesmente por idades. O orientador de estudos lhes fala da avaliação: ela classificava os alunos por números ou notas segundo seu desempenho, e em função disso eles eram ou não “aprovados” para o nível seguinte. Os aprendizes ficam cada vez mais surpresos. Como determinar “níveis de ensino”? Como catalogar “fases de conhecimento”? O que seriam “etapas” escolares? Em que nó da rede curricular eles se baseavam para fundamentar isso? A surpresa maior se dá quando descobrem que essas avaliações ou “provas” eram aplicadas a todos os estudantes do grupo. A MESMA PROVA? - espantamse todos. Não conseguem conceber uma situação em que todos tivessem que saber exatamente os mesmos conteúdos, definidos por outra pessoa, no mesmo dia e hora marcados. “Eles não ficavam angustiados?” - comenta um aprendiz com outro. Os jovens tentam se imaginar naquela época: recebendo um conjunto de questões a resolver, de memória e sem consulta, isolados das equipes de trabalho, sem partilha nem construção coletiva. Os problemas em geral não eram da vida prática, e sim coisas que eles só iriam utilizar em determinadas profissões, anos mais tarde. Imaginando a cena, os aprendizes começam a sentir uma espécie de angústia, tensão, até mesmo medo do fracasso, pânico de ficar na mesma “série”, de ser excluído da escola... “Assim, eu não ia querer estudar”, diz um deles, expressando o que todos já experimentam. Mas em seguida, envolvido pelos outros temas da pesquisa, o grupo inicia uma nova discussão ainda mais interessante, e todos afastam definitivamente da cabeça aquele estranho pensamento. Fonte: http://www.idprojetoseducacionais.com.br/doc/avaliar_na_cibercultura.pdf Baseado nas informações contidas no texto de autoria da professora Andréa Ramal e nas discussões realizadas com seus colegas e tutor, aponte os elementos da Didática que aparecem no texto, identificando como eram e como seriam na escola de 2069. 58 Módulo 3 I Volume 1 EAD RESUMINDO Nesta unidade, abordamos o uso da TV, do vídeo e do computador na sala de aula. Apontamos suas funções e possibilidades educativas quando planejados para articular seus conteúdos aos conteúdos escolares. Ressaltamos a importância da competência crítica, tanto para os alunos como para os professores, no processo de ensino-aprendizagem com essas ferramentas, por fim, chamamos a atenção que as TICs devem ser usadas na escola inseridas em uma metodologia de ensino cuja concepção de educação seja emancipatória. LEITURA COMPLEMENTAR Apresentamos mais referências para sua biblioteca virtual: 1. O uso da televisão na sala de aula http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/tedh/tedhtxt2b.htm http://www.crmariocovas.sp.gov.br/com_a.php?t=004 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551997000100017&script=sci_arttext- 2 http://www.faced.ufba.br/~bonilla/texto3.htm Unidade 2. O uso do computador na sala de aula http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/223_materiacapa_abre.shtml http://www.espacoacademico.com.br/085/85rocha.htm#_ftn2 http://www.pgie.ufrgs.br/alunos_espie/espie/silviab/public_html/espieufrgs/ espie00001/usocomputador.html ARATANGY, Claúdia Rosemberg (Org.). Vendo e aprendendo: Como usar os vídeos da TV escola. Brasília: MEC. 2001. BUARQUE, Cristóvão. Formação do professor e os avanços tecnológicos. Disponível em: http\\www.A:\crsitovaobuarque.htm. Acesso em: 26 jun. 2008. CARNEIRO, Vânia Lúcia Quintão. A televisão e o vídeo na escola: televisão e educação. Aproximações. 2002. Disponível em: www.slideshare.net/.../televiso-e-educao-aproximaespresentation. Acesso em 18 maio 2008. REFERÊNCIAS BERTRAND, Claude-Jean. A deontologia das mídias. Bauru: Edusc, 1999. COUTO, Maria Elizabete – Kit’s na Escola: TV e vídeo na sala de aula. Dissertação de mestrado. UFBA\FACED, 1999. UESC Pedagogia 59 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II O espaço educativo do vídeo, televisão, computadores e rede de comunicações GUTIÈRREZ, Francisco. Relações que a TV e a escola proporcionam aos educandos. 1995. Disponível em: http//:www. arevistadafaculdadedeeducaçao. Acesso em: 13 jun. 2009. KELLNER, Douglas. Lendo imagens criticamente. Em direção a uma Pedagogia Pós-Moderna. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na sala de aula. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. Petrópolis; Vozes, 1995. KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e Ensino presencial e a distância. Campinas: Papirus, 2003. LITWIN, Edith (Org.). Tecnologia educacional: política, histórias e pesquisas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MARCUSE Hebert. A sociedade industrial: o homem unidimensional. Tradução de Grasone Rebuá. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. In: Revista Comunicação e Educação. São Paulo, (2), 27 a 35, jul. abril, 1995. MORAN, José Manuel Como utilizar a tecnologia na escola. Disponível em http://www.eca.usp.br/prof/moran/identidade.htm. Acesso em 07 de junho 2010. PACHECO, Elza Dias. Televisão, criança e imaginário e educação: Dilemas e diálogos. Disponível em http://www.aurora.ufsc.br/artigos/ artigos_alfabeto_TV.htm. Acesso em 05 jul 2008. PIRES, C. M. C. & SOARES, M. T. P. (Coord). Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretária de Educação Fundamental. Brasília: Mec. SEF, 1988. RIZZO, Sérgio. O poder da telinha. Nova Escola: A revista de quem educa. São Paulo: Abril, n.118, dez. 1998. SAMAIN, Etienne. Questões heurísticas em torno do uso das imagens nas ciências sociais. 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Nelson Pretto 1 INTRODUÇÃO Estudamos, nas unidades I e II, que a sociedade contemporânea criou diferentes linguagens para se comunicar: 3 cinema, TV, rádio, histórias em quadrinhos, revistas, computadores, Unidade outdoor. Todas essas linguagens devem fazer parte do cotidiano escolar, da organização do ensino e, consequentemente, participarem da produção de conhecimentos dos alunos. É preciso falar, escrever, grafar, movimentar, pintar, navegar, assistir a imagens, para que a escola esteja mais próxima de seus alunos. Esta unidade pretende levá-la(o) a discutir e elaborar propostas pedagógicas que articulem as tecnologias da informação e comunicação- TICs - com práticas de ensino interdisciplinares. Essa é uma oportunidade para você, aluna(o), experimentar seu saber-fazer didático, observando a relação teoria e prática do ato de planejar, pontuando as dificuldades e as possibilidades da Didática e das Tecnologias na escola. UESC Pedagogia 65 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias 2 AS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Na atual estrutura curricular, a escola brasileira tem exercitado praticamente a linguagem falada e escrita, embora em algumas escolas se pense que o fato de ter introduzido a televisão e o computador no interior das salas de aulas as tornam modernas. A presença desses recursos não garante a mudança de metodologia de ensino com as linguagens tecnológicas. O importante não é que tenham esses recursos, mas que o aluno possa expressar sua aprendizagem através dessas linguagens. Para tanto, são necessários a utilização de um planejamento didático, a elaboração de técnicas de ensino, instrumentos, atividades que permitam ao estudante apreender criticamente essas linguagens. Esse trecho do professor Nelson Pretto representa todo cuidado e crítica que devemos ter frente às TICs na educação. Não basta, portanto, introduzir na escola o vídeo, televisão, computador ou mesmo todos os recursos multimediáticos para se fazer uma nova educação. É necessário repensá-la em outros termos porque é evidente que a educação numa sociedade dos mass media, da comunicação generalizada, não pode prescindir da presença desses novos recursos. Porém, essa presença, por si só, não garante essa nova escola, essa nova educação [...] (PRETTO, 1996, p.122 Grifos do autor). Desta forma, é importante que o professor conheça essas linguagens e saiba utilizar os recursos suas possibilidades e limites para que, na prática, faça escolhas conscientes sobre o uso no ensino, articulando com coerência e apropriação a tecnologia, o espaço pedagógico, o conteúdo escolar em um tempo adequado. O desafio do planejamento pedagógico é ajudar o aluno na interação a linguagem elaborada (oral e escrita), com a linguagem audiovisual, televisiva, videotecnológica, de modo que adquira habilidades conceituais, formas de pensar e sentir, capazes de interpretar a realidade e viver consciente nela. O planejamento fará conexões entre o texto escolar e o hipertexto tecnológico, fará mediações entre o conteúdo escolar e os conteúdos midiáticos, entendendo que todo esse processo é educativo. O ensino e a aprendizagem na escola, organizados pela imagem tecnológica, levarão professores e alunos a refletirem criticamente em temas polêmicos e importantes para a educação de todos. Deverá surgir neste processo a subjetividade, a reflexibilidade, o dialogismo, 66 Módulo 3 I Volume 1 EAD a interdisciplinaridade, os estilos, os gêneros etc. PARA REFLETIR Para tanto, determinadas competências precisam Quando dizemos que as TICs mu- ser desenvolvidas. Qualquer avanço ou melhoria na edu- daram os modos de pensar, de cação passa necessariamente pela melhoria e inovação na fazer e de sentir do homem con- formação de professores. Precisamos refletir sobre nossas temporâneo, veja o que significa práticas cotidianas; o professor precisa pesquisar e refletir sobre seu fazer didático, gerando novos conhecimentos para inovar e ampliar sua prática. afirmar que elas são estruturantes de aprendizagem: Modos de pensar são atividades abstratas que se utilizam de ima- Em Blandin apud Belonni (1998), levantei algumas gens ou códigos linguísticos para pistas para a definição dessas competências necessárias ao representar o mundo e preparar professor na perspectiva de uma renovação da educação escolar e da sua formação. Segundo ele, o professor terá que desenvolver competências em quatro grandes áreas: respostas aos acontecimentos. Essas atividades têm recebido muitos nomes: habilidades, capacidades, competências, operações, 1. Cultura técnica - significa um domínio mínimo das comportamentos. O nome é me- técnicas ligadas ao audiovisual e à informática, nos importante desde que o aluno indispensáveis em situações educativas cada vez mais midiatizadas. aprenda a pensar. Modos de fazer são as ações que realizamos com o nosso corpo e 2. Competência comunicativa – necessária para com as ferramentas que podem que o professor saia da sua solidão acadêmica e ser consideradas prolongamento samento, atividades. Diferem do pensamento por que são concre- para elaborar o planejamento político pedagógico tas, enquanto o pensar é abstrato da escola e seus projetos de ensino. e se utiliza de imagens e signos. 3. Capacidade de capacidade de trabalhar com sistematizar métodos e – formalizar procedimentos necessários as aprendizagens Como atividades que são, as ações e os pensamentos podem fazer-se metodicamente. Esse é o sentido da educação libertadora: orientar dos seus alunos e, assim, alcançar os objetivos o estudante para pensar e agir desejados. com método, ou seja, proceder 4. Capacidade de capitalizar – traduzir e apresentar seus saberes e experiências de modo que possa com autonomia, por si próprio, para resolver os problemas com os quais depare e, quando forem des- adequar a suas necessidades e as dos outros conhecidos e não tenham solução professores. já pronta, para responder a eles Vamos agora relembrar o que estudamos na disciplina Didática e Tecnologias I. No debate sobre a qualificação do professor, durante a sua formação inicial ou com originalidade ou criatividade. Modos de sentir são, segundo Jean Piaget, uma energia que acompanha o que cada um de nós faz continuada, o professor para atender as necessidades da ou pensa. Pensamos e fazemos sociedade tecnológica deve organizar-se em três grandes com interesse, gosto ou raiva, por dimensões: a pedagógica, a tecnológica e a didática. exemplo. Sem essa energia você A dimensão pedagógica refere–se às atividades de orientação, aconselhamento e tutoria, inclui o domínio de e eu estaríamos tão indiferentes à vida ou à morte quanto um mineral. conhecimentos relativos ao campo específico da Pedagogia, Fonte: SEED, MEC E UNIREDE aos processos de aprendizagem, oriundos principalmente (2003, p.43). UESC Pedagogia 67 3 a comunicação interpessoal é muito importante dele. São também como o pen- Unidade escolar e aprenda a trabalhar em equipe, onde DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias dos campos da psicologia, das ciências cognitivas e das metodologias, com a finalidade de desenvolver o pensamento investigativo e a aprendizagem autônoma, faculdades que o professor precisa experimentar em sua própria formação para poder desenvolvê-las nos seus alunos. A dimensão tecnológica abrange as relações entre tecnologia e educação, inclui a produção de materiais pedagógicos, utilizando as tecnologias, isto é, implica no conhecimento proveniente das metodologias próprias de cada tecnologia. A dimensão didática diz respeito à formação específica para o ensino. É o desenvolvimento de competências e habilidades para a organização do ensino–aprendizagem, relacionando a dimensão pedagógica e a tecnológica na sala de aula. O processo de ensino a partir dessas dimensões vai se configurar em experiências docentes com o uso das tecnologias e a organização didática das atividades de aprendizagem, utilizando as diversas linguagens que os(as) alunos(as) cotidianamente utilizam. Para começarmos a elaborar e vivenciar o planejamento com as tecnologias, é importante que você reflita e discuta com seus tutores suas aprendizagens acerca dos conteúdos necessários para o planejamento: elaboração dos objetivos, dos conteúdos , dos procedimentos metodológicos e da avaliação. Não se preocupe se tiver que rever esses conteúdos, basta voltar ao módulo da Didática I, ou solicitar explicações do tutor presencial, ou do tutor a distância, ou mesmo do professor responsável pela matéria na UESC ou do Coordenador do curso. Lembre-se, você não está sozinho: existe uma equipe pronta para atender as necessidades da sua aprendizagem. Na disciplina Didática e Tecnologias I, demos a seguinte conceituação para projeto: o projeto educativo é um instrumento teórico metodológico para mudança da prática e da realidade educativa. Pode ser considerado um plano mais aprofundado e mais complexo, por que não é simplesmente um roteiro, é um documento que propõe mudanças reais e efetivas dos problemas existentes na instituição de ensino. Também estudamos que o planejamento é o conteúdo central da prática de um professor. Por isto, exercite-o sempre no seu curso, em todas as disciplinas, em todas as atividades. É importante que, depois da oficina de planejamento proposta na disciplina Didática e Tecnologias I, você relate como foi a experiência de planejar. Você elaborou que tipo de planejamento? O plano, o projeto? Ou elaborou os dois? Pois bem, a partir de nossos estudos sobre a Didática e a 68 Módulo 3 I Volume 1 EAD Tecnologias I e II, iremos experimentar um planejamento voltado para alunos reais em uma determinada escola. 3 O PLANEJAMENTO DE ENSINO UTILIZANDO AS TICS Neste item, orientaremos para o uso pedagógico da televisão e do computador na sala de aula, com o objetivo de proporcionar a você, aluna(o), o saber fazer didático com as TICs no cotidiano escolar. Incorporar os meios de comunicação como recursos didáticos ao projeto pedagógico é, portanto, uma necessidade decorrente da exigência de que a educação escolar esteja atrelada à vida e às circunstâncias sociais. 3.1 Projeto de ensino utilizando a televisão Cara(o) aluna(o), a dimensão prática do planejamento da docência começa a ser uma realidade quando iniciamos o planejamento e somente se efetiva no ato de ensinar, ou seja, precisamos aprender fazendo. Organize seu tempo de estudos para que suas aprendizagens não sejam “atropeladas” pelos afazeres do dia a dia. Os procedimentos aqui descritos para elaboração dos projetos são orientações que deverão ser modificadas, complementadas ou suprimidas por você durante a elaboração do seu planejamento. Antes de elaborar o projeto de ensino utilizando as tecnologias, reflita sobre a escola e a sala de aula em que irá desenvolver o projeto, respondendo as seguintes questões: 1. Você conhece bem 3 as condições existentes na escola para aplicar a proposta? 2. Como os profissionais têm utilizado esta tecnologia na escola? 3. Como Unidade essa proposta de uso da tecnologia na escola poderá contribuir com a prática pedagógica no cotidiano escolar? Existem resistências à utilização das tecnologias na escola, na sala de aula? Existem experiências de ensino significativas com o uso de TV e vídeo e do computador na escola? Procedimentos didáticos: As orientações a seguir irão conduzi-la(o) para a elaboração e execução do projeto de ensino: Primeiro momento – Conhecendo a escola e os alunos. UESC Pedagogia 69 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias Descrever a escola e a sala de aula que irá aplicar o projeto. 1. Caracterização da escola 1.2 Nome ___________________________________________________ ___________________________________________________ 1.2 Endereço ___________________________________________________ ___________________________________________________ 1.3 Ano de fundação/ outros aspectos históricos: ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 1.4 Sistema de ensino/ nível de ensino oferecido/turnos de atendimento: ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 1.5 Comunidade que atende/situação socioeconômica da comunidade atendida: ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 1.6 Entidade mantenedora: 1.7 Número de alunos matriculados: ___________________________________________________ ___________________________________________________ 2. Estrutura Física 70 ( ) número de salas ( ) salas de vídeo ( ) número de turmas ( ) biblioteca ( ) banheiros ( ) espaço para Educação física ( ) auditório ( ) espaços alternativos ) laboratório Módulo 3 I Volume 1 ( EAD 3. Equipe escolar 3.1 Número de professores por nível de formação: ( ) nível médio/ magistério ( ) nível médio/ formação geral ( ) superior incompleto ( ) superior completo ( ) outro ___________________________________________ 3.2 Composição e perfil da direção e coordenação: ___________________________________________________ ___________________________________________________ Número de funcionários de apoio: ___________________________________________________ 4. Recursos materiais ( ) televisão ( ) vídeo ( ) vídeo ( ) computador ( ) impressora ( ) DVD ( )livros ( ) telefone ( ) mimeógrafo ( )assinatura de revistas/periódicos ( ) máquina copiadora 5. Organização Pedagógica 5.1 A escola possui Projeto Político Pedagógico? Quando foi 3 Unidade elaborado e quem participou de sua elaboração? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ ____________________________________________________ 5.2 Como a escola planeja? Como os professores organizam as suas aulas? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ UESC Pedagogia 71 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias 5.3 Como se dão a avaliação e o acompanhamento da aprendizagem? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 6. Caracterização da turma 6.1 Série/Ano _____________________________________ Turno ________________________________________ Número de alunos ______________________________ Feminino ( ) Masculino ( ) Média de idade _________________________________ 6.2 Desempenho da aprendizagem ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 6.3 Conteúdos escolares que estão estudando no momento da pesquisa. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Segundo Momento – A pesquisa. Aplicar o questionário com o objetivo de conhecer a realidade das tecnologias e seus conteúdos no cotidiano dos alunos. O texto do questionário deve ser adaptado para cada turma. Depois de aplicado em toda turma, deverão ser tabulados os dados, isto é, fazer o levantamento de todas as respostas, indicando as maiores incidências. A partir das respostas, você escolherá um programa, ou um filme, ou uma propaganda, ou um desenho que foi significativamente indicado pelos alunos e elaborará um projeto de ensino para ser aplicado na sala de aula. Lembre-se esse instrumento de ensino deve atender aos 72 Módulo 3 I Volume 1 EAD conteúdos escolares. Veja as orientações para elaboração do projeto na Didática I, no item “Roteiro para elaboração do projeto de ensino”, também conhecido como projeto didático. Caso o escolhido seja um filme, reveja os procedimentos para o uso do vídeo, organizado pela professora Elizabete Souza Couto, na unidade II deste módulo. IDENTIFICAÇÃO: 1. SEXO M ( ) F ( ) 2. IDADE _____________ 3. SÉRIE _____________ 1. O que mais faz quando não está na Escola? 1- Joga vídeo game ( 2- Joga Futebol ) ( 3- Assiste a TV ( ) ) 4- Lê revistas ( ) 5- Conversa com amigos ( 6- Ajuda em casa ( 7- Outros ( ) ) ) Qual? _______________________________ 2. Gosta de assistir a Televisão? Sim ( ) Não ( ) 3. O que mais assiste na televisão? ) Qual ?_____________________________ Qual?_______________________________ 3- Programa Infantil ( 4- Filme ( ) ) Qual? _________________________ Unidade 2- Jornal ( ) 3 1- Novela ( nome _______________________________ 5- Desenho animado ( ) Qual? __________________________ 6- Programa de Auditório ( ) Qual? _______________________ 7- Esporte ( ) Qual? _______________________________ 8- Outros ( ) ____________________________________ 4. Por que gosta de assistir a televisão? 1- Interessante ( 2- Informa 3- Ensina ( UESC ( ) ) ) Pedagogia 73 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias 4- Passatempo ( 5- Diverte ( ) ) 6- Mostra a realidade ( 7- Tudo é ficção ( 8- É legal! ( ) ) ) 9- Outros ________________________________________ 5. Você gosta mais de propaganda da televisão ou das propagandas encontradas na rua? ___________________________________________________ ___________________________________________________ 6. Descreva uma propaganda da qual você gosta muito, qual o conteúdo que ela veicula e explique porque gosta. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 7. Que tipo de filme mais gosta? 1- Ação ( ) 2- Romântico ( ) 3- Suspense ( ) 4- Aventura ( 5- Terror ( ) ) 6- Outros ________________________________________ 8. Dê exemplos de conteúdos veiculados pela televisão que é assunto para ser discutido na sua sala de aula? 1- Novela ________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ 2- Desenhos ______________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ 3- Programas de auditório ___________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ 4- Jornais ________________________________________ ______________________________________________ 74 Módulo 3 I Volume 1 EAD ______________________________________________ Terceiro momento - O ENSINO Desenvolver as atividades propostas no projeto. Neste momento você executará as vivências didáticas do projeto de ensino. Ao término da experiência de ensino, utilizando a televisão você escreverá um memorial explicando como desenvolveu as atividades programadas, indicando os procedimentos que foram adotados, os recursos e os materiais. É importante que você relate Não esqueça! Você encaminhará para o tutor o projeto de ensino, e, como anexo, os dados tabulados da pesquisa. Também encaminhará o memorial descritivo da sua experiência docente. as dificuldades pessoais e institucionais encontradas durante a execução de cada atividade, bem como as superações, as suas aprendizagens e as dos alunos. Ao escrever os resultados obtidos, estará realizando a avaliação da prática docente. 3.2 Projeto de ensino utilizando o computador Procedimentos didáticos: • Primeiro momento – Conhecendo a escola e os alunos Nesta etapa, você deve aplicar o mesmo questionário para descrever a escola e a sala de aula, usado no projeto com o uso da TV. Se for a mesma escola, repetem-se os dados. • Segundo momento - A pesquisa Investigar a experiência do aluno com o computador, (quem tem em casa, quem frequenta a Lan House, quantas horas passa na Lan, quais os programas que acessam). Descobrir as habilidades desenvolvidas pelos alunos com o uso do computador. Em, se tratando do uso computador, as realidades ainda são 3 diversas. Haverá alunos com experiências com o computador e o Unidade contrário, alunos com nenhuma experiência com a máquina. Por isso, apresentamos dois tipos de propostas de utilização do computador na sala de aula. Você escolherá uma para experienciar a docência. Proposta A Projeto para escola que não tem sala de informática. É muito difícil elaborar um projeto de ensino com o uso do computador quando não temos as máquinas disponíveis para as diversas atividades que requer um projeto. Por isso, para a escola que não tem o laboratório de informática, você deverá organizar um roteiro de atividades para realizar com os alunos. UESC Pedagogia 75 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias • Excursão com os alunos a um laboratório de informática, caso a turma seja constituída de alunos que não tenham nenhuma vivência com o computador. • Apresentação das possibilidades da máquina, utilizando o data show. Escolha um site educativo adequado para a idade dos alunos. Lembre-se que existem muitos sites de jogos infantis e juvenis educativos que são criativos e atrativos, e sites referentes a um conteúdo escolar que pode ser usado para a pesquisa. Explore com os alunos os conteúdos do site. Descreva as atividades a desenvolver, os procedimentos e as sequências. • Pesquisa em casa sobre um determinado assunto para os alunos que tenham computadores em casa. Proposta B Projeto de ensino para a escola que tem o laboratório de informática. Procedimentos didáticos: Primeiro você deve descrever a escola aplicando o mesmo questionário usado no projeto com o uso da TV e, em seguida, investigar a experiência do aluno com o computador, descobrindo as habilidades desenvolvidas pelos alunos com o uso do computador, essa é a etapa da pesquisa sugerida na Proposta A. • Terceiro momento – O ensino Para organização da metodologia estamos sugerindo algumas atividades que poderão ser realizadas a partir dos aplicativos. 1. Oficina de produção de texto (Word – digitador de texto) Produção de texto a partir da produção de imagens. Escolha de temas geradores, conteúdo das diversas disciplinas, construção da escrita, edição de fundo, inserção de objetos (figuras), utilização de cores e formas. Exemplos: cartões, cartazes, slogans, poesias, campanhas etc. 2. Resoluções de problemas lógicos (Excel - Planilha eletrônica) Problemas matemáticos utilizando as planilhas eletrônicas. Produzir informações e cruzar dados a partir dos conteúdos de geografia, 76 Módulo 3 I Volume 1 EAD história, química etc., construindo tabelas, planilhas, dados estatísticos, gráficos. Muito utilizado em conteúdo de muita informação que necessite de uma sistematização para melhor associação entre si. 3. Seminário (Power Point) Apresentação das produções dos alunos organizadas em slides. Ferramenta que permite apresentações criativas e objetivas. Possibilita diversas cores, som, formas, justaposição de imagens etc. Exemplo: trabalho de uma temática ao final de uma unidade. 4. A pesquisa e a criação (A Internet) • Na Internet as ações devem ter uma metodologia compartilhada e colaborativa. • Os alunos serão investigação, estimulados pesquisa na/com ao processo Internet, de criação de páginas com questões e roteiros planejados, considerando as aprendizagens/resultados das ações anteriores. • O conteúdo escolar deve ser organizado preferencialmente de forma interdisciplinar. • Habilidades necessárias – saber digitar, usar os recursos do processador de textos, copiar imagens da rede. • Nas páginas, os alunos trabalharão o conteúdo, do conceito mais elementar ao mais complexo, utilizandose do menu e dos links. Ao final escrever o memorial descritivo, assim como, no projeto do Unidade 3 uso da TV em sala de aula, e encaminhar para o tutor. RESUMINDO No decorrer desta unidade, vimos a importância de os estudos das TICs na educação serem matéria na formação do professor. O professor como um agente de mudança, ao valorizar os interesses e necessidades da escola, deve utilizar as TICs de maneira reflexiva possibilitando a si e aos seus alunos o exercício crítico dos meios de comunicação de massa. Quanto aos projetos, estes: • Oferecem uma metodologia adequada para o professor investigar a sua prática e favorecer conteúdos reais e dinâmicos aos seus alunos. • Possibilitam a articulação entre a formação na teoria e a formação na prática e entre o ensino e a pesquisa, favorecendo a experiência interdisciplinar do conhecimento. UESC Pedagogia 77 DIDÁTICA E TECNOLOGIAS II A formação do professor e sua prática mediada pelo uso das tecnologias LEITURA COMPLEMENTAR Durante as unidades deste módulo oferecemos uma lista significativa de endereços eletrônicos para você completar seus estudos e conhecer mais sobre a temática desta disciplina. Acrescente o endereço da Biblioteca Virtual de Educação - http://bve.cibec.inep.gov.br REFERÊNCIAS BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância mais aprendizagem aberta. In: Associação Nacional de Pesquisa em EducaçãoANPED. Caxambu, 1998. p. 47-59. PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola com/sem futuro. Educação e multimídia. Campinas: Papirus, 1996. 78 Módulo 3 I Volume 1 EAD Suas anotações __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ ___________________________________________________ _____________________________________________________ ________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________