VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO NASCIMENTO DE CRIANÇAS PRÉ-TERMO SEGUNDO OS
REGISTROS DOS PRONTUÁRIOS MÉDICOS DAS PARTURIENTES INTERNADAS NO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO MARIA APARECIDA PEDROSSIAN – CG- MS
Dalcionete Marcon Nogarett1
Alexandra Ayach Anache2
Resumo: O objetivo desta pesquisa é analisar fatores que podem ser determinantes para
partos pré-termo tais como: estado de saúde da gestante, gravidez múltipla, idade materna,
profissão, escolaridade, entre outros. Para alcançar este objetivo foram pesquisados e
analisados os prontuários de parturientes que tiveram seus filhos nascidos pré-termo no
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian no período de 2007 a 2010. Dentre as
informações encontramos 39% de parturientes adolescentes, 64% de parto cesáreo, 50% das
parturientes são donas de casa, e 9% não tiveram outra intercorrência além do TPPT
(Trabalho de Parto Pré-termo). Nossos resultados indicam a relevância do estado de saúde da
gestante para a precipitação do parto pré-termo. A percentagem de adolescentes nos sugere
ser um dado importante para o parto pré-termo, assim como o grande número (238) de mães
trabalhadoras do lar. Concluímos que as condições de saúde da gestante é o fator de maior
relevância para o ocorrido, o que na maioria das vezes culmina na interrupção da gravidez
através de cesariana para salvar mãe e/ou bebê. Dentre as patologias obstétricas a préeclampsia é a que mais ocorre oferecendo risco de morte para mãe e/ou filho.
Palavras-chave: 1)Psicologia, Gestação, Parto pré-termo.
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) parto pré-termo é aquele que
acontece antes de 37 semanas de gestação e acima de 22 semanas. Este critério define que o
1
Aluna do Curso de Psicologia da UFMS, bolsista de Iniciação Científica CNPq – PIBIC 2010/11
Professora Dr. da UFMS, Departamento de Ciências Humanas ; e-mail: [email protected]
22
1644
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
parto pré-termo acontece a partir da viabilidade fetal (22 semanas completas ou feto com no
mínimo 500 gramas) e antes de atingir a sua maturidade cronológica (37 semanas).
O nascimento pré-termo é a principal causa de mortalidade neonatal e de lesões
neuropsicomotores em curto e longo prazo. Na atualidade representa a maior demanda de
recursos técnicos, humano e financeiros do sistema de saúde materno-fetal (Cabral, 2009).
Segundo o mesmo autor, o nascimento com idade gestacional entre 32 e 34 semanas
corresponde a 70% dos casos (prematuridade incipiente), entre 28 e 32 obedece a 20% do
total de partos pré-termo (recém-nascidos muito prematuros) e menores de 28 semanas a 10%
dos casos (prematuridade extrema).
O termo prematuridade foi inicialmente usado em 1919 por Ylppo, indicando como
prematuro todo recém-nascido vivo com peso igual ou menor a 2.500 gramas e aceito pela
Organização Mundial de saúde (OMS) em 1950. Somente na década de 60 a OMS distingue o
recém-nascido prematuro do recém-nascido de baixo peso, o que foi um grande avanço no
cuidado dos prematuros que necessitam de tratamento diferenciado.
O recém-nascido pré-termo ou prematuro deve ser distinguido do recém-nascido de
baixo peso (que nasce com menos de 2.500 gramas independente da idade gestacional) e do
recém-nascido pequeno para a idade gestacional (PIG), pois a conduta de atendimento para o
pré-termo é diferenciada. Os riscos para a criança aumentam quanto menor a idade
gestacional. Os recém-nascidos pré-termo são ainda classificados de acordo com a faixa de
idade gestacional ao nascer justamente porque dependem de diferentes níveis de assistência.
São classificados em: prematuro incipiente ou moderado quando nasce com idade gestacional
entre 32 e 36 semanas, recém-nascido muito prematuro ou extremo entre 28 e 32 semanas e,
extremamente prematuro quando nasce antes de completar 28 semanas.
Alguns autores como Benzecry, Oliveira e Lemgruber (2000) consideram prematuro
limítrofe aqueles que nascem com idade gestacional entre 37 e 38 semanas e peso superior a
2.500 gramas, mas que apresenta algum grau de imaturidade funcional, cujas alterações
fisiológicas incluem dificuldades na regulação térmica e/ou na sucção.
O nascimento de uma criança envolve duas variáveis de vital importância para o seu
desenvolvimento: a idade gestacional e o peso ao nascer. O recém-nascido pré-termo e/ou de
baixo peso é mais frágil, propenso a problemas neurológicos, nutricionais e doenças
1645
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
respiratórias, pois ainda não terminou a maturação fisiológica. Os efeitos no desenvolvimento
da criança variam de acordo com o tipo, o estágio de desenvolvimento gestacional e a
intervenção precoce. O risco de morte para prematuros é preocupação constante nas Unidades
de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Outro ponto preocupante é que, à medida que aumenta a
sobrevivência de prematuros de extremo baixo peso ou/e idade gestacional, aumentam os
riscos de doenças e complicações relacionadas com a prematuridade como problemas
respiratórios, cardíacos e convulsões prolongando o tempo de internação, de assistência, ônus
financeiro, emocional e social para a família (Maturano, Linhares, Loreiros,2004).
Segundo Cabral (2009) a mortalidade neonatal em crianças com idade gestacional
menor que 28 semanas ou com peso abaixo de 1.000 g é alta e os sobreviventes são propensos
a complicações graves como retardo mental relevante e dependência prolongada de oxigênio.
Em longo prazo um quinto destas crianças apresentará deficiência neurossensorial de
moderada a grave até os dois anos de idade (incluindo paralisia cerebral, epilepsia, cegueira,
surdez, retardo mental). Mesmo que algumas destas crianças melhorarem suas funções com o
passar do tempo e dos estímulos recebidos outras continuarão apresentando problemas graves
e, até os distúrbios mais suaves, acarretam custos enormes para a sociedade.
Estudos revelam que crianças nascidas pré-termo correm mais risco de apresentar
déficit no crescimento, dificuldades comportamentais, deficiência cognitivas e de desempenho
escolar. Um acompanhamento de mães e bebês se faz necessário para minimizar estes
problemas. Estas crianças devem ser acompanhadas pelo menos até a idade escolar,
observando-se as curvas de crescimento físico e a adaptação dessas crianças na sociedade.
Suas mães devem ser orientadas como proceder quanto a estimulação da criança e quais
recursos e órgãos públicos procurar para auxiliar no desenvolvimento do seu filho.
Algumas intercorrências que levam ao trabalho de parto pré-termo são: ruptura
prematura de membranas, malformação uterina, gestação gemelar, idade materna avançada,
incompetência istmo-cervical, malformação fetal, morte fetal entre outras. Dentre os
problemas que levam o médico a optar pela interrupção da gestação para salvar a vida da mãe
e/ou bebê estão a pré-eclampsia, amniorrexe prematura, sofrimento fetal agudo, trombofilias
materna, asma, cardiopatias, doenças tireodianas, morte fetal, malformação fetal, etc.
1646
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
A infecção do trato urogenital está associada ao parto pré-termo, pois as bactérias
podem causar uma ação inflamatória que pode culminar no parto pré-termo. Assim os
antibióticos podem ser considerados um agente com potencial para prevenir o trabalho de
parto pré-termo. (Queenan, 2010).
A incidência de parto pré-termo é maior em países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento com condições socioeconômicas desfavoráveis e assistência pré-natal
precária.
Na América latina a incidência varia entre 10 a 43%, enquanto nos países
industrializados o índice é de 5 a 7%. O Brasil atinge a marca de 11% (CABRAL, 2009).
O pré-natal completo – segundo o Ministério da Saúde, um mínimo de 06 (seis)
consultas, sendo de preferência, 01(uma) no primeiro trimestre, 02 (duas) no segundo e 03
(três) no terceiro – auxilia a diminuir o número de partos pré-termo e amenizar os riscos que
este acarreta para mães e bebês. Para tanto este serviço deve estar facilmente disponível em
redes públicas para mães de baixa renda. Campanhas de esclarecimentos para as gestantes
devem ser constantemente vinculadas nos meios de comunicação, centros comunitários,
centros ligados á saúde, etc.
Na adolescência, período de intensas mudanças físicas e psicológicas (nesta pesquisa
usamos a faixa etária de 12 a 21 anos) a gravidez precoce pode acarretar problemas de
crescimento e desenvolvimento emocional, comportamental, educacional e de aprendizado
para a gestante e maior dificuldade de cuidar do bebê.
A adolescência é delimitada cronologicamente pelos diversos órgãos competentes:
Para o Estatuto da criança e do adolescente (ECA) a idade entre 12 e 18 anos marca a
adolescência, nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas
entre 18 e 21 de idade. A Organização Mundial de saúde (OMS) adotou a faixa etária de 10 a
19 anos, também adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil. A OMS define ainda juventude
como a faixa etária que se estende dos 15 aos 24 anos. Para Steinberg (1993) a adolescência
se estende aproximadamente dos 11 aos 21 anos de vida.
As transformações físicas e psíquicas pelas quais o adolescente passa tem forte
repercussão no seu desenvolvimento. A necessidade de autoafirmação se manifesta com
desejo de liberdade e independência. A onipotência é característica desta fase, levando os
jovens a pensarem que são imunes a tudo e a acreditarem que estão livres de uma gravidez
1647
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
indesejada ou de uma doença sexualmente transmissível, por este motivo muitas vezes não
usam métodos contraceptivos. Geralmente o ambiente familiar que antes era um ponto de
referência e segurança passa a ser visto pelo jovem como opressivo, ponto de conflito e
rejeição.
O risco de engravidar na adolescência pode estar associado a uma baixa autoestima,
aos conflitos com a família ou a pouca atividade no seu tempo livre. A garota pode querer
engravidar precocemente para reafirmar o seu papel de mulher ou/e sentir-se responsável por
outra pessoa (Campos, 2000).
Contini (2002) afirma que o despreparo dos serviços de saúde pública voltados para o
planejamento familiar no Brasil merece destaque. Para o adolescente o atendimento deve ser
diferenciado, há necessidade de um serviço que leve em conta os referenciais subjetivos do
adolescente e que seja capaz de responder as suas dúvidas com clareza e objetividade.
Mulheres cujos filhos nasceram pré-termo geralmente desenvolvem sinais de
ansiedade e depressão, exigindo cuidados especiais. Esta instabilidade emocional está
relacionada com o nascimento do bebê pré-termo, o tempo que o bebê fica internado e os
sérios riscos de morte. Geralmente a parturiente tem alta hospitalar e o bebê fica internado,
este distanciamento prejudica a amamentação e o vínculo afetivo mãe/bebê. Esta experiência
de estresse pela qual a mãe passa pode afetar a qualidade dos cuidados dela com o filho. O
desenvolvimento destas crianças está diretamente ligado a sua história médica inicial e a
qualidade dos cuidados que elas recebem em seu ambiente familiar, o que demonstra que o
vínculo mãe/bebê é de essencial importância para o seu crescimento físico, emocional e
cognitivo.
A preocupação de perder o filho nascido pré-termo acarreta insegurança, medo, culpa
raiva, frustração para a mulher. Assim, quanto mais cedo começar a intervenção psicológica
mais benefícios trará à criança e à mãe, ou seja, esse processo deve começar desde a UTI
neonatal junto com a parturiente, acompanhando o processo de desenvolvimento da criança
até a idade escolar, o que leva a uma melhoria da qualidade de vida, de toda a família. O
apoio começa com o esclarecimento para a mãe da real situação do bebê, orientação de como
cuidá-lo, amamentá-lo, o encaminhamento para especialistas de saúde e/ou educação que a
1648
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
criança necessitará e a importância de uma intervenção precoce e contínua para o seu melhor
desenvolvimento.
As informações do processo de desenvolvimento do paciente devem estar registradas
nos prontuários que sempre estão guardados nos Arquivos Médicos dos hospitais.
No
prontuário consta a qualidade dos cuidados prestados pelo profissional de saúde, o tratamento,
como isto refletiu no estado de saúde do paciente e as orientações para depois da alta.
Decisões e ações ligadas ao paciente são tomadas com base nas informações contidas neste
documento registradas pelos vários membros da equipe. É, portanto, uma ferramenta de
comunicação de suma importância. As informações devem ser claras, objetivas e fáceis de
encontrar para facilitar a leitura pelos profissionais que se revezam nos cuidados com o
paciente.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirma que o prontuário é um documento de
importante valor para o paciente, seu médico, instituições de saúde, serviços públicos e
também para pesquisas. Serve ainda como instrumento de defesa legal. Portanto todos os
campos devem ser preenchidos: todas as informações de identificação do paciente, todos os
procedimentos feitos com data, hora, assinatura e nome legível do profissional que fez o
procedimento, devem constar melhora ou piora do estado do paciente, assim como o nome de
todos os medicamentos usados. É obrigatória a legibilidade da letra dos profissionais que
preencheram o formulário.
Ter acesso ao seu prontuário para leitura e esclarecimentos é direito do paciente.
Assim, como é um documento sigiloso, não pode aparecer o nome de outro paciente no
documento.
O objetivo deste estudo foi levantar todas as informações das parturientes que tiveram
seus bebês nascidos pré-termo no referido hospital, distribuí-los em um banco de dados para
futuras pesquisas e analisar os fatores que possivelmente levaram ao nascimento pré-termo.
Com estes dados futuramente pode ser feito um trabalho de intervenção junto às gestantes
para a prevenção dos partos pré-termo.
MATERIAL E MÉTODO
1649
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Esta pesquisa foi feita através da análise de documentos de domínio público, ou seja,
os prontuários de parturientes que tiveram seus bebês nascidos pré-termo no Hospital
Universitário Maria Aparecida Pedrossian nos últimos quatro anos – período de 2007 a 2010.
Foi escolhido o referido hospital por tratar-se de um centro de referência no atendimento de
crianças nascidas pré-termo em Campo Grande-MS.
Este plano de trabalho fez parte do projeto de pesquisa “A gravidez na adolescência em
situações de vulnerabilidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento de crianças
nascidas pré-termo” da Professora Doutora Alexandra A. Anache.
Os prontuários foram selecionados (todas as parturientes com idade gestacional menor
que 37 semanas) através do livro de registros de nascimentos disponível no setor da
maternidade deste hospital em um total de seiscentos e sessenta (660) documentos. Após listar
o RG (número de registro do prontuário) e nome da parturiente foi feito o pedido no arquivo
médico. As solicitações de documentos foram disponibilizadas na data combinada pelos
funcionários do setor.
Enfrentamos alguns problemas como: prontuários trocados (em alguns documentos o
RG encontrado no livro de registro não conferia, vinha o prontuário de outra pessoa não
relacionada com o estudo ou não foi encontrado o documento), outros se encontravam em
locais inacessíveis para a consulta o que dificultou o andamento da pesquisa, pois foi
necessário fazer o pedido dos prontuários novamente, demandando mais tempo e
disponibilidade do pesquisador. Destes, 62 não foram encontrados, 20 estavam trocados (não
eram de mães com bebê nascidos pré-termo, mas de mulheres com outros problemas de saúde
ou abortamento) e 100 foram de partos a termo como mostra tabela abaixo. Alguns
prontuários continham informações contraditórias, outros faltavam alguns dados ou a letra
que trazia a informação era inelegível.
Considerando os objetivos deste trabalho, analisar os fatores determinantes do parto
pré-termo, os prontuários selecionados foram os de parturientes que tiveram seus bebês
nascidos pré-termo no referido hospital.
Tabela 1. Prontuários das parturientes de parto pré-termo no período de 2007 a 2010
Prontuários pedidos no arquivo médico
F
%
1650
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Parto pré-termo
478
73%
Parto a termo (descartados)
100
15%
Prontuários trocados (descartados)
20
03%
Prontuários não encontrados
62
09%
Total
660
100%
Após separar os prontuários das parturientes que tiveram parto prematuro, todas as
informações foram disponibilizadas literalmente como se encontrava no documento, em um
banco de dados, instrumento este que servirá de apoio para intervenções futuras com as mães
e os bebês. As seguintes informações fazem parte do bando de dados: nome da parturiente,
data do parto, idade gestacional (em semanas), tipo de parto, idade da mãe, escolaridade em
anos de estudos, condições de saúde da gestante, dias de internação, profissão, endereço,
procedência, pré-natal (em número de consultas), uso de drogas (álcool, fumo ou drogas
ilícitas), uso de medicamentos, sexo e peso do bebê. Alguns campos estavam incompletos,
principalmente referentes a medicamentos e uso de drogas. Quando constava no prontuário
também foram registrados no banco de dados antecedentes da mãe e fatos inesperados durante
o parto ou logo após o mesmo.
Por conter muitas informações ficou inviável a impressão do banco de dados, este
ficará disponível em material de multimídia para dar subsídio a novas pesquisas.
As informações foram apresentadas em gráficos de acordo com as os fatores
determinantes do parto pré-termo e a seguir procedeu-se a análise dos resultados. Alguns
itens, como estado de saúde da mãe e medicamentos usados por elas, foram agrupados por
categorias, pois continham muitas informações e iriam distorcer os gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES.
Como demonstrado no gráfico 1, 61% (291) das mulheres que tiveram partos prétermo são adultas (com 22 anos ou mais) e 39% (187) são de mães adolescentes (de 14 a
21anos).
De um total de 478 partos prematuros, 39% (187) foram de adolescentes, sugerindo
que a adolescência é fator importante para o parto pré-termo, principalmente se considerarmos
1651
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
que a faixa etária se alarga nas mulheres adultas: das adolescentes constam 08 faixas etárias
(nesta pesquisa de 14 a 21 anos) e das mulheres adultas constam 20 faixas etárias (nesta
pesquisa de 22 a 42 anos).
Gráfico 1: Adultas x adolescentes.
O gráfico 2 mostra o ano dos partos: em 2007 foram 109 (25%) partos, em 2008
nasceram 116 (25%) prematuros, em 2009 foram 133 (25%) nascimentos e em 2010 foram
120 (25%) partos.
A diferença do número de partos pré-termo teve pequena elevação do ano de 2007 a
2009 com queda em 2010, demonstrando que não houve alteração significativa neste recorte
de 04 anos.
Gráfico 2: Ano do parto pré-termo
1652
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Ao investigar a idade gestacional destas mulheres encontramos 64% (305) de
prematuros incipiente ou moderado (idade gestacional entre 32 e 36 semanas) 23% (104) de
recém-nascido muito prematuro ou extremo (entre 28 e 31 semanas) e, 15% (69) de bebês
extremamente prematuro (nascimento antes de completar 28 semanas), conforme distribuição
do gráfico 3.
Segundo Cabral (2009), o nascimento com idade gestacional entre 32 e 36 semanas
corresponde aproximadamente a 70% dos casos, entre 28 e 32 obedece a 20% do total de
partos pré-termo) e menores de 28 semanas a 10% dos casos, o que foi confirmado nesta
pesquisa, com pequenas variações.
Gráfico 3: Idade gestacional
Ao registrar o tipo de parto foi encontrado 64% (304) de cesarianas, 35% (170) de
parto normal e ainda 01% (03) de cesárea e normal em partos de gêmeos, conforme gráfico 4.
1653
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
O grande número de cesáreas, segundo os registros nos prontuários, se deve ao fato do
risco de morte que estava correndo a mãe e/ou bebê. Doenças maternas pré-existentes,
sofrimento fetal, morte fetal, pré-eclampsia, posição anormal do feto (não cefálica),
hemorragias, pressão alta e malformação fetal geralmente leva à interrupção da gestação
atraves de cesariana para salvaguardar a mãe e/ou feto.
Grafico 4: Tipo de parto.
Quanto à escolaridade encontramos 69% (332) considerado de baixa escolaridade (01
a 11 anos de estudo), 1% (02) com nenhuma escolaridade, 0% (02) com escolaridade
ignorada, 7% (32) não consta a escolaridade e 23% (110) com escolaridade acima de 12 anos
de estudo conforme gráfico 5.
Podemos considerar que a baixa escolaridade é um fator de risco para os nascimentos
prematuros. Geralmente, quanto menor a escolaridade menor o acesso às informações e
orientações interferindo nas condiçoes de vida e de saúde das pessoas. A menor escolaridade
pode estar ligado a maiores dificuldades de entendimento quanto à prevenção da gravidez e
aos cuidados na gestação.
Gráfico 5: Escolaridade
1654
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
O gráfico 6 mostra os dias de internação das mães. As mulheres que ficaram de 00 a
05 dias internadas foram 53% ( 251), de 06 a 10 dias 32% (154), de 11 a 15 dias 9% (42), de
16 a 20 dias 3% (16), 21 a 25 dias 1% (04), de 26 a 30 dias 1% (05) e mais de 30 dias 1%
(04). As gestantes que ficaram mais tempo interndas foi antes do parto na tentativa de impedir
o parto prematuro.
Gráfico 6: Dias de internação das mães.
O gráfico 7, sobre as condições de saúde da gestante, demonsta o quanto as
intercorrências durante a gestação contribuem para o paro pré-termo. Apenas 9% (69) das
1655
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
mulheres não tiveram nenhuma outra intercorrência clínica ou obstétrica ligada ao Trabalho
de Parto Pré-termo (TTPT). Em 15% (123) das gestantes surgiu a pré-eclampsia, 1% (07)
tiveram eclampsia – assim diferenciada da pré-eclampsia pelo fato da gestante ter convulsão,
2% (16) tiveram Sindrome de HELLP que é o agravamento da pré-eclampsia, 10% (77)
tiveram amoirrexe prematura, 9% (75) sofreram oligoâmnio, 1% (11) tiveram parto pré-termo
por malformação fetal, 5% (43) por sofrimento fetal (geralmente a gestação é interrompida
por cesárea para salvar a criança), 4% (30) por óbito fetal, 7% (56) por hipertensão, 1% (11)
por incompetência istmo-cervical, 4% (32) por bolsa rota e/ou bolsa protusa, 3% (24) por
placenta prévia ou deslocamento de placenta, 4% (34) por diabetes, 7% (60) devido a outras
intercorrências obstétricas (aqui abrange aqueles problemas que apareceram em menos de 5
casos como por exemplo enjôo incontrolável, trauma, sangramento excessivo, etc.) e
intercorrências clínicas com 17% (134). As intercorrências clínicas estão explicadas em
anexo, assim como as intecorrências obstéttricas.
Duas mães vieram à óbito, uma por pré-eclampsia, derrame pleural, convulsão e
dispnéia intensa. A outra mãe faleceu por suspeita de gripe suina.
Vale lembrar que algumas ocorrências apareceram concomitantes em uma mesma
gestante, o que agrava o quadro e dificulta ao obstetra diagnosticar o que levou ao parto
prematuro, principamente quando junto à uma complicação obstétrica há uma ocorrência
clínica pré-existente.
Ao analisar nossos resultados podemos constatatar que o estado de saúde da gestante é
o fator de risco mais importante para o parto pré-termo, como já observado em pesquisa
anterior com os prontuários dos bebês. A pré-eclampsia apareceu em maior número e é um
fator grave acarretando cesáreas de urgência e emergência, sendo alto o número entre as mães
adolescentes (32 adolescentes com pré-eclampsia, 04 com eclampsia e 04 com HELLP). As
intercorrências clínicas também constituem fator relevante para a gravidez de alto e risco e os
partos pré-termo.
Gráfio 7: Estado de saúde da gestante
1656
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
No gráfico 8 mostraremos o item referente à ocupação profissional. O fato de que 50%
(238) são trabalhadoras do lar, ou seja, trabalhadoras não remuneradas, nos sugere que este é
um fator relevante para o parto pré-termo. Das demais 2% (09) trabalham na área de saúde,
3% (13) são auxiliares de escritório, 2% (10) são autônams, 8% (40) trabalham no comércio,
4% (17) trabalham em serviços com formação acadêmica (professoras, médicas), 7% (32) em
trabalho doméstico, 2% (11) trabalham no ramo de estética,1% (03) são costureiras, 11% (53)
são estudantes, 2% (11) são secretárias, 1% (04) de universitárias, 7% (32) não consta a
profissão. Ainda com 0% apareceram 02 empresárias, 02 trabalhadoras rurais e 01 que não
trabalha .
Gráfico 8: Profissão
1657
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Quanto à procedência 78% (373) são de Campo Grande e 22% (105) são do interior do
estado como mostra o gráfico 9. Nossos resultados não indicam se há correlação com a
procedência e o parto prematuro, pois não consta a qualidade de moradia, condições de
higiene e saneamento básico.
Gráfico 9: Procedência
A literatura vigente aponta o pré-natal como um fator importante para tentar garantir a
saúde de mães e bebês, e também para evitar o parto prematuro. Esta pesquisa não confirmou
1658
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
este fato, visto que 52% (247) das mães fizeram 07 ou mais consultas de pré-natal, 25% (120)
fizeram de 04 a 06 consultas e, o Ministério da Saúde, considera 06 consultas como pré-natal
completo. 12% (56) compareceram de 01 a 03 consultas, 4% (22) das mães não fizeram
nenhuma consulta. Em 7% (32) dos prontuários não constava o pré-natal como mostra o
gráfico 9. Uma (01) mãe não comprovou o acompanhamento com o cartão da gestante.
Gráfico 9: Pré-natal
Quanto ao uso de substâncias que causaum dependência (álcool, tabaco e drogas
ilícitas) contribuir para a prematuridade nesta pesquisa não foi possível verificar, pois a
maioria dos prontuários não trazia este campo preenchido como mostra o gráfico 10:
Gráfico 10: Dependentes químicos
1659
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Quanto aos medicamentos utilizados pelas gestantes parece não ter interferido no
parto pré-termo, pois a maioria deles não influencia e alguns podem ser considerado um
agente com potencial para prevenir o trabalho de parto prematuro, como os antibióticos para
infecção do trato urogenital, infecção esta, associada ao parto prematuro. (QUEENAN,
2010). Os tocolíticos e antiespamódicos são usados para prevenção do parto pré-termo. Em
outros encontram se os medicamentos usados por 01 ou 02 gestantes apenas.
Vale lembrar que algumas gestantes usaram mais de um medicamento, inclusive do
mesmo grupo. Alguns medicamentos com funções similares como antibiótico e
antiinflamatório foram agrupados para facilitar a construção do gráfico.
Durante a gestação destas mulheres foram usados: 9% (73) de antibióticos e
antinflamatório, 3% (22) de ansiolítico e antidepressivo, 1% (04) anticonvulsivante, 4% (31)
de antialérgico, 1% (04) de antiviral (para infecçoes por HIV), 1% (07) de antiemético e
antiácido), 6% (49) para alívio da dor, 17% (138) de anti-hipertensivo, 2% (13) de hormônio,
4% (35) de antibacteriano, 3% (22) de tocolítico e antiespamótico, 2% (12) de
broncodilatador, 22% (176) de vitaminas, 2% (17) de outros, 20% (160) não constava no
prontuário e 4% (28) não fez uso de nenhum medicamento como mostra o gráfico 11:
‘
Gráfico 11: Medicamentos usados na gestação.
1660
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Como demonstrado em pesquisa anterior com os prontuários dos bebês, este estudo
revela que não há relação entre o gênero da criança e o parto pré-termo conforme
demonstrado no gráfico 12.
Dos prontuários pesquisados 4% (20) deles não constavam o sexo do bebê, 48% (254)
crianças são do sexo masculino e 48% (250) são do sexo feminino.
Gráfico 12: Gênero
1661
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
No gráfico 13 analisamos se partos múltiplos contibuem para o parto prematuro com o
seguinte resultado: 91% (434) foi de partos único e 9% (44) de parto múltiplo (43 de gêmeos
e 01 de trigêmeos).
Os resultados sugerem que o parto múltiplo é fator importante para o nascimento
prematuro, pois 44 partos é um número relevante em uma população de 478 gestações. A
gemelaridade aumenta também o risco de bebês de baixo peso.
Gráfico 13: Parto único X parto múltiplo.
No gráfico 14 apresentamos o peso destes bebês nascidos pré-termo. Esta variável tem
mais relação com a idade gestacional e não com o aumento de risco de parto pré-termo,
lembrando que o nascimento pré-termo associado ao bebê PIG – pequeno para a idade
gestacional – aumenta consideravelmente os riscos de morbidade e mortalidade da criança.
Em 3% (16) dos prontuários não constava o peso da criança. 2% (09) dos bebês
nasceram com até 0.500 gramas, 13% (70) dos bebês nasceram entre 0.501 e 1.000 g, 16%
(82) nasceram entre 1.001 e 1.500 g, 24% (127) entre 1.501 e 2.000 g, 24% (124) entre 2.001
e 2.500 g, 15% (81) entre 2.501 e 3.000 g, e 3% (16) nasceram acima de 3.000.
Gráfico 14: Peso dos recém-nascidos pré-termo.
1662
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Em relação ao estado civil, foi alto o número de mães solteiras. Alguns médicos
defendem que a falta de um parceiro para dividir as preocupações e experiências com a vinda
do filho pode levar ao estresse e consequentemente ao parto pré-termo. Os resultados
encontrados indicam que estas mães não tiveram o apoio do companheiro para dividir suas
dificuldades, conforme gráfico 15:
Registra-se que 62% (297) são de mães solteiras, 28% (132) de casadas, 1% (02) de
separada judicialmente, 9% (43) não constava no prontuário,0% (01) de amasiada, 0% (01) de
união consensual e 0% (02) viúva.
Gráfico 15: estado civil.
1663
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
O nome do progenitor pouco aparece nos prontuários: consta o nome em 30 % (145),
1% (03) de não declarado e 69% (330) não foi declarado como mostra o gráfico 16:
Gráfico16: Nome do progenitor:
O grande número de prontuários sem a informação no campo paternidade não nos
possibilita avaliar se a falta de um companheiro aumenta a probabilidade de um parto
1664
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
prematuro, porém ao correlacionar com o estado civil percebe-se que este pode ser um
aspecto importante para o risco de prematuridade.
CONCLUSÕES
Este estudo sugere que os fatores que levam ao risco do parto pré-termo são
multifatoriais. Diversos aspectos envolvem a gestante e consequentemente o parto prematuro.
A baixa escolaridade esteve presente neste contexto pesquisado com indícios de que favorece
o parto pré-termo. O alto índice de mulheres trabalhadoras do lar (não remuneradas) e de
mães solteiras indica que estes são fatores que contribuem para o parto prematuro. Segundo
alguns autores a falta de um companheiro para dividir as responsabilidades pode causar
estresse precipitando o parto. Tudo indica que estes aspectos estão relacionados com a
situação socioeconômica da parturiente. Provavelmente estas variáveis terão influência
também nos cuidados que estas mães darão ao recém-nascido prematuro que necessitará de
um suporte adequado devido a sua fragilidade inicial, a médio e/ou longo prazo.
A adolescência, época de grandes transformações físicas e psicológicas, pode ser um
indicador que contribuiu para o parto pré-termo neste hospital, assim como a gestação
gemelar que se apresentou em número razoavelmente elevado.
Nesta pesquisa ficou confirmado que a principal causa de partos pré-termo neste
hospital foi o estado de saúde da gestante. Amniorrexe prematura, ruptura prematura de
membranas, bolsa protusa entre outras intercorrências obstétricas precipitaram o parto.
Doenças pré-existentes ou intercorrências obstétricas, sofrimento fetal ou óbito fetal levaram
a interrupção antecipada da gestação, acarretando grande número de cesáreas para salvar a
mãe e/ou a criança. A maior incidência de problema que levou ao parto pré-termo foi a préeclampsia, fator de grande preocupação para as equipes médicas.
Neste estudo foi perceptível a necessidade de melhoria no preenchimento dos
prontuários das parturientes. Muitos campos estavam em branco o que acarreta prejuízo para a
pesquisa como explicado nas discussões e resultados. Foram encontradas algumas
contradições e dados que estavam com a letra inelegível, fatos que não pode acontecer em
prontuários, documento de vital importância para a saúde do paciente.
1665
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
O nascimento pré-termo é um das principais causas de mortalidade e morbidade e
representa uma grande demanda de recursos técnicos, humano e financeiro do sistema de
saúde materno-fetal, merecendo um olhar cuidadoso sobre o tema. Pesquisas devem ser
desenvolvidas por profissionais da área de saúde como psicólogos, médicos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos e enfermeiros juntamente com profissionais da área de educação, tanto com
intuito de encontrar maneiras de prevenir o parto pré-termo quanto para acompanhar estas
crianças amenizando ao máximo as possíveis sequelas.
Ficam algumas sugestões de pesquisa: com adolescentes que tiveram bebês nascido a
termo e pré-termo em determinado recorte de tempo; A correlação de adolescentes e mulheres
adultas que perderam seus bebês nascidos pré-termo; O porquê do grande número de partos
prematuros entre as trabalhadoras do lar; A correspondência entre partos múltiplos a termo e
pré-termo; a atuação do psicólogo junto às gestantes para prevenir o parto pré-termo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília:
Ministério da Justiça, 1990.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 570. Brasília, DF. Diário Oficial de 1º
DE JUNHO DE 2000.
CABRAL, Antonio C. V. Fundamentos e Prática em Obstetrícia, São Paulo, Atheneu,
2009.
CAMPOS, M. A. B. Gravidez na adolescência: a imposição de uma nova identidade.
Pediatria. Atual. v. 13, n. 11/12, p. 25-6. 2000.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957,
regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958
CONTINI, M. de L. J., KOLLER, S. H., BARROS, M. N. S. Adolescência e Psicologia:
Concepções, práticas e reflexões críticas. Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia, 2002.
LIPPINCAT, WILLIANS & WILKINS, Documentação: série incrivelmente fácil, 2ª edição,
tradução: José Eduardo F. de Figueiredo, Guanabara Koogan, Rio de janeiro, 2002.
1666
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
MARCON, D. N., A Elaboração do Luto de Mães que Perderam seus Bebês Nascidos Pré-Termo
no Núcleo do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian em Campo Grande – MS, Trabalho
de Conclusão de Curso de Psicologia, Campo Grande, 2011.
MATURANO, E. M., LINHARES, M. B. M., LOUREIRO, S. R. (Org). Vulnerabilidade e
Proteção: Indicadores na trajetória de desenvolvimento do escolar. São Paulo: FAPESP e
Casa do Psicólogo, 2004.
QUEENAN, J. T. Gestação de Alto Risco: diagnósticos baseados em evidências, tradução:
Raynsa Galvão e Sergio H. Prezzi, Porto alegre: Artmed, 2010.
RAMOS, H.A.de C. & CUMAN, R.K.N, Fatores de risco para a prematuridade: pesquisa
documental, 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n2/v13n2a09.pdf >
Acesso em 30/07/11.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Manual de atenção à saúde do adolescente,
CODEPPS, São Paulo, 2006.
STEINBERG, L. Adolescence , New York: MacGraw-Hill, 1993.
1667
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
GLOSSÁRIO
Intercorrências obstétricas.
Afalia = problema congênito no qual a criança nasce sem a uretra e o pênis (má formação
congênita).
Amiorrexe prematura = ruptura prematura de membranas. (É a ruptura espontânea das
membranas ovulares antes do início do trabalho de parto, independente da idade gestacional).
Bolsa rota = rompimento prematuro da bolsa.
Bolsa protusa = bolsa desce para o canal vaginal.
Centralização fetal = em fetos com problemas de oxigenação instala-se um padrão assim
denominado.
Cerclagem = Geralmente é feita em mulheres que tem incompetência istmo-cervical.
Consiste no fechamento do colo com pontos, tornando-o competente até que a gravidez
chegue a termo.
Corioamnionite = inflamação das membranas fetais (âmnio e córion) devido a uma infecção
bacteriana.
DHEG = Doença Hipertensiva Específica da Gravidez. Freqüentemente o termo DHEG é
utilizado como sinônimo de pré-eclâmpsia.
Diabetes gestacional (DMG) = O diabetes gestacional é a alteração das taxas de açúcar no
sangue que aparece ou é detectada pela primeira vez na gravidez. Pode persistir ou
desaparecer depois do parto.
Diástole zero = caracteriza insuficiência placentária gravíssima.
DPP = Deslocamento Prematuro de Placenta. Separação da placenta do sítio de implantação
uterino antes do parto.
Gestação de alto risco = aquela em que o risco de doença ou de morte, antes ou depois do
parto, é maior do que o habitual, tanto para a mãe como para o bebê.
Hiperemese gravídica = vômitos excessivo e persistente durante a gestação.
1668
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Hipertonia Uterina = diminui a força que impulsiona o sangue pelos vasos uterinos
permitindo maior compressão extrínseca dos mesmos. Pode levar a sofrimento fetal ou a
ruptura da parede do útero.
Incompetência istmo-cervical = é a incapacidade do colo do útero em manter-se íntegro até
o termo gestacional. Pode ser por deficiência estrutural ou funcional, desencadeando a
dilatação e a conseqüente expulsão do feto.
Insuficiência placentária = incapacidade deste órgão em prover oxigenação e nutrição
adequada ao feto.
Isoimunização Rh = ou eritroblastose fetal ou ainda doença hemolítica do recém-nascido,
acontece quando há incompatibilidade sanguínea: a mãe tem RH negativo e o feto RG
positivo.
Oligoidrâmnio = presença de líquido amniótico menor que o esperado para a idade
gestacional. Pode causar deformidades no feto pela compressão fetal no interior da cavidade
uterina. (Oligoâmnio grave, severo e absoluto). Oligoâmnio = perda do líquido amniótico.
Anidrâmnio = Ausência de líquido amniótico.
Placenta prévia = a placenta se implanta na parte inferior do útero e obstrui a abertura
cervical à vagina.
Polidrâmnio = excesso de líquido amniótico no útero.
Pré-eclâmpsia = síndrome grave que afeta as gestantes geralmente no terceiro trimestre.
Resulta em uma disfunção multissistêmica materna com repercussões para o feto. Quadro
imediato : hipertensão, proteinúria, lesões em órgãos alvos (rins, fígado, cérebro, sistema de
coagulação). Eclampsia = é a ocorrência de convulsões em pacientes com pré-eclâmpsia
(excluídas outras causas de crises convulsivas). Caracteriza-se por crise convulsiva evoluindo
para letargia e coma. Síndrome de HELLP = é a complicação ou agravamento da eclampsia.
RCIU - Restrição de Crescimento Intra-Uterino (do feto).
Senescência placentária = amadurecimento precoce da placenta.
Síndrome da transfusão fetal = condição que ocorre apenas em gêmeos e envolve a
transferência de sangue de um feto diretamente para o outro ainda no útero materno.
Sofrimento fetal = um conjunto de sinais que demonstram que a oxigenação do feto não está
normal (Sofrimento fetal agudo ocorre durante o trabalho de parto e sofrimento fetal crônico
1669
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
ocorre durante a gestação). Na maioria das vezes leva a interrupção da gravidez para salvar a
criança.
TPPT = Trabalho de parto pré-termo. (Nesta pesquisa foi usado o termo quando não houve
outra intercorrência concomitante).
Intercorrências clínicas.
Agenesia renal = corresponde à ausência congênita de um rim.
Anasarca = sintoma caracterizado por um inchaço distribuído pela pele de todo corpo devido
ao derrame de fluido no espaço extracelular.
Anemia = é uma condição médica na qual o sangue tem quantidade menor que a normal de
células vermelhas. Também ocorre quando as células vermelhas sanguíneas não têm
hemoglobina suficiente. Na anemia falciforme a quantidade menor de células vermelhas
sanguíneas ocorre porque as células em forma de foice não duram muito tempo. Elas morrem
geralmente depois de somente 10 a 20 dias e a medula óssea não consegue fabricar novas
células vermelhas em velocidade suficiente para reposição.
Aneurisma cerebral = doença na qual um vaso sanguíneo encontra-se anormalmente
dilatado no cérebro.
Arritmia cardíaca = é um problema na velocidade ou ritmo do batimento cardíaco.
Artrite = doença Crônica com inflamação das articulações.
Bradicardia = diminuição na frequência cardíaca
Candidíase = doença causada pelo fungo Candida albicans. Ela assume particular
importância clínica em infecções da boca e mucosa vaginal.
Ceratocone = doença não inflamatória degenerativa do olho na qual as mudanças estruturais
na córnea a tornam mais fina e a modificam para um formato mais cônico (ectasia) que a sua
curva gradual normal.
Cistite = inflamação da bexiga.
Choque hipoglicêmico = hipoglicemia é um distúrbio em que a concentração de açúcar do
sangue encontra-se anormalmente baixa.
1670
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Clamídia = é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Chlamydia
trachomatis.
Colelitíase ou Colecistopatia = é a presença de cálculo(s) no interior da vesícula biliar.
Cólica nefrética = ou cólica ureteral é um sintoma característico da obstrução do trato
urinário.
Condiloma = ou verruga genital é uma doença sexualmente transmissível.
Crise tireotóxica = condição clínica, grave, resultante da exacerbação abrupta do estado
hipertireóidico, na qual ocorre descompensação de um ou mais órgãos.
Derrame pleural = popularmente conhecido como água na pleura ou água no pulmão, é o
nome dado ao acúmulo anormal de líquidos na pleura.
DM = síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da
insulina de exercer adequadamente seus efeitos.
Dispnéia = ou falta de ar é um sintoma no qual a pessoa tem desconforto para respirar,
normalmente com a sensação de respiração incompleta.
Doppler = exame para diagnóstico da hipertensão.
Edema de MMII = acúmulo anormal de líquidos no espaço intersticial membros inferiores.
Epigastralgia = dor de estômago.
Epistaxe = ou hemorragia nasal é o nome dado a qualquer perda de sangue pelo nariz,
geralmente pelas narinas.
Erisipela = infecção bacteriana aguda da derme e hipoderme que está associada com
inflamação clínica.
Esteatose hepática = ou fígado gorduroso é uma alteração morfofisiológica dos hepatócitos
que ocorre em consequência de diversas desordens metabólicas.
HAS = Hipertensão Arterial Sistêmica.
Hematoma na parede abdominal = pode desenvolver-se depois de um trauma ou aparecer
espontaneamente. É o acúmulo de sangue na sua bainha por ruptura de vaso epigástrico ou da
própria musculatura.
1671
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Hepatite B = uma doença infecciosa freqüentemente crônica causada pelo vírus da HBV.
Hipotireoidismo = diminuição de funcionamento da tireóide.
Histerectomia = operação cirúrgica da área ginecológica que consiste na retirada do útero.
Pode ser total ou parcial.
ITU = Infecção do trato urinário.
LES = O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença auto-imune crônica,
multissistêmica, remitente e recidivante, que afeta predominantemente mulheres. As
principais manifestações clínicas são erupções, artrite e glomerulonefrite, mas a anemia
hemolítica, a trombocitopenia e o envolvimento do sistema nervoso central também são
comuns.
Leishmaniose visceral = doença transmitida pelo mosquito-palha que, ao picar, introduz na
circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi
Meningite viral = caracteriza-se por um quadro clínico de alteração neurológica, que, em
geral, evolui de forma benigna.
Menorragia = é utilizada para designar qualquer hemorragia vaginal.
Miocardiopatia = distúrbio progressivo que altera a estrutura ou compromete a função da
parede muscular das câmaras inferiores do coração.
Miomas submucosos = são uma das principais causas de sangramento uterino anormal no
menacme e muitas vezes estão associados a uma história de abortamento habitual.
Nefrolitíase = condição na qual um ou mais cálculos estão presentes na pélvis ou nos cálices
do rim ou no ureter.
Obesidade mórbida = ocorre quando o peso de uma pessoa ultrapassa o valor 40 no índice
de massa corporal - (IMC).
Ovários policísticos = Caracterizada pelo aumento do nível de testosterona no corpo da
mulher, a doença tem como principais sintomas a irregularidade menstrual, o surgimento de
acne, o aumento da gordura corporal e dos pelos. Freqüentemente, ela também se manifesta
por meio do aparecimento de microcistos no ovário. Caso não seja realizado
acompanhamento pode favorecer o abortamento ou a infertilidade.
1672
VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1644-1673
Pancreatite = inflamação do pâncreas.
Pielonefrite = é uma infecção do trato urinário ascendente que atingiu a "pielo" (pelve) do
rim.
Plaquetopenia = significa número reduzido de plaquetas.
Polaciúria, Oligúria e disuria = policiúria aumento da freqüência urinária e disuria dor ao
urinar. Oligúria é definida como o volume da urina excretada menor que as necessidades para
a eliminação de catabólitos.
Prolapso da válvula mitral = é um distúrbio em que a válvula mitral apresenta uma
protrusão e não se fecha apropriadamente, permitindo o refluxo do sangue para o átrio
esquerdo.
SAAF = doença auto-imune. É a mais comum das doenças trombofílicas adquiridas.
Taquipnéia = aumento do número de incursões respiratórias na unidade de tempo.
Taquicardia = aumento da frequência cardíaca.
Taquissistolia = Aceleração das sístoles cardíacas com uma frequência superior a cem por
minuto.
Toxoplasmose = Apenas infecção aguda pelo Toxoplasma gondii ou reagudizada, pode
resultar em infecção fetal. O risco de transmissão do parasita para o concepto aumenta com a
evolução da gestação, cerca de 20% a 25% no primeiro trimestre e 65% a 80% no terceiro
trimestre (na gestante não tratada). Quanto à gravidade das alterações provocadas pela
toxoplasmose congênita, estas são mais graves quanto mais precocemente o feto for infectado
(lesões neurológicas e oculares).
Trombofilia = propensão de desenvolver trombose (coágulos sanguíneos) devido a uma
anomalia no sistema de coagulação.
1673
Download

os fatores determinantes do nascimento de crianças pré-termo