12/08/2013 - 03h15
É possível lucrar na Bolsa, diz
economista
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ANDERSON FIGO
DE SÃO PAULO
Na contramão de muitos especialistas que enxergam um cenário
mais favorável à renda fixa com a recente alta no juro básico (Selic), Moises
Spritzer enfatiza que ainda é possível ter lucro na Bolsa, apesar da queda de
18,2% do Ibovespa neste ano.
Basta escolher bem as empresas, decidir o momento certo de comprar as ações
e ter um horizonte de longo prazo para deixar o investimento maturar.
O economista e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) acaba de lançar o
livro "A Bolsa no bolso", pela FGV Editora, escrito em parceria com sua mulher,
Ilda Spritzer, professora de finanças também da FGV.
Em entrevista, Moises fala sobre a educação financeira no Brasil e as
perspectivas para o mercado de ações. A seguir, os principais trechos.
*
RECOMENDAÇÕES
A pessoa que quer ter uma visão de investimento de longo prazo tem que
aprender lições que parecem básicas, mas que fazem uma grande diferença.
Por exemplo, ela tem que saber que não se pode colocar todos os ovos em uma
cesta só. É preciso diversificar.
Além disso, ela tem que conhecer onde está colocando seu dinheiro, mesmo
que recorra a ajuda profissional para fazer suas aplicações --o que não é
errado, desde que seja alguém qualificado.
É preciso entender o que é a Bolsa e ter uma pequena noção de como ela
funciona. Tem que saber que, ao comprar uma ação, está adquirindo parte de
uma empresa.
Luciana Whitaker-8.ago.13/Folhapress
Moises e Ilda Spritzer, autores de livro sobre como ganhar dinheiro na bolsa
PRECAUÇÃO
O conhecimento prévio da Bolsa é importantíssimo. Muita gente investe, tem
um prejuízo grande e só então procura entender como funciona o mercado.
É preciso ter precaução. O mercado de ações envolve riscos. Você pode ganhar
e você pode perder. Por isso, investir no longo prazo é mais recomendável.
Mesmo que a pessoa tenha perda, com uma estratégia de longo prazo é
possível reverter o prejuízo.
O investidor tem que saber, no entanto, que não pode contar com aquele
dinheiro. Tem que ser capaz de se sustentar diante de uma perda.
PERSPECTIVAS
Já houve uma mudança significativa no mercado brasileiro. Estamos
negociando em torno de R$ 6 bilhões por dia, às vezes mais que isso. Esse
valor é bem maior do que víamos poucos anos atrás. Isso indica que já tem
mais gente na Bolsa, mas muitos ainda deverão vir.
Estamos vivendo um ano de mudança econômica, mudança tecnológica,
mudança regulatória. Isso elevou a complexidade dos serviços financeiros,
exigindo que os investidores estejam mais preparados.
Sou otimista. Tenho certeza de que estamos no caminho para atingir a
disciplina financeira e, aos poucos, os brasileiros vão entender que Bolsa não é
sorte, não é jogo, é aplicação.
EDUCAÇÃO
No nosso país, grande parte da população, infelizmente, não tem a menor
noção sobre investimentos. Eu vejo a educação financeira como um direito da
população. Fui instrutor da Caixa durante muitos anos e acabei estudando
alguma coisa de pedagogia.
Existe uma mulher que se chama Maria Montessori, que dizia: "a educação é
um direito da criança'. A criança já nasce com a capacidade de ensinar a si
mesma. O brasileiro precisa aprender a aplicar seus recursos para garantir uma
velhice confortável. Pensar no futuro é extremamente importante, mas
infelizmente pouco frequente.
Em outros países, as pessoas compram ações, correm riscos, mas sabem
diferentes estratégias na Bolsa para atingir lucros. Essa cultura a gente ainda
precisa desenvolver aqui. Temos que desfazer os mitos sobre a Bolsa. É
possível ganhar dinheiro no mercado de ações, especialmente no longo prazo.
*
RAIO-X
MOISES SPRITZER, 61
ATUAÇÃO Instrutor de risco de crédito na Caixa Econômica Federal e professor
da FGV Management em finanças e mercado de capitais
FORMAÇÃO Economista, especialista em finanças (UFRJ)
ILDA SPRITZER, 55
ATUAÇÃO Professora da FGV Management nas áreas de finanças e análise de
projetos de investimentos
FORMAÇÃO Doutora em engenharia de produção pela Coppe/UFRJ
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