n. 365, 25 de novembro de 2014. Ano VIII. assassinato institucionalizado Dados divulgados na semana passada pelo 8º anuário de segurança pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, nos últimos cinco anos, uma média de 6 pessoas foram assassinadas diariamente pela polícia no Brasil. Em números absolutos, 11.197 execuções. Os números oficiais indicam a tropa do Rio de Janeiro como a mais letal do país, mesmo apresentando-se com “redução expressiva da letalidade”. A diretora-executiva do Fórum vê esta redução como “bom desempenho” e concede créditos à implantação das Unidades de Polícia Pacificadora na cidade. Para além dos números oficiais, das estatísticas, das declarações cabotinas, dos créditos, é preciso escancarar que o maior assassino no Brasil é o próprio Estado. por todos os lados No anuário lê-se: “falar de segurança e paz significa pensar em um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil”. A conclusão do documento estabelece novas metas de segurança. deságua em infindáveis reformas da polícia como instituição central imprescindível ao fortalecimento do Estado e oscila entre gastar mais ou gastar menos para monitorar mais e melhor. Assegura que “as melhores práticas na redução da violência e da criminalidade têm se concentrado sobre o tripé: aproximação com a população, uso intensivo de informações e aperfeiçoamento da inteligência e da investigação”. A conclusão do anuário é mais polícia por todos os lados. Em outras palavras, e a seu modo, o anuário defende a continuidade do assassinato institucionalizado, com ou sem reduções. refúgio covarde Em meio à disputa por qual estado mata menos ou, por qual é mais transparente na concessão dos números de assassinatos, parte da população expressa seus fascismos dizendo que todos esses índices são baixos demais. Em nome da segurança, posts disseminados em blogs, sites, redes sociais, expressam o desejo de extermínio de pobres, pretos, putas, craqueiros, catadores. banho de sol Durante o mês de novembro, mulheres e trans podem se inscrever no concurso Nova Musa Toplessinrio 2015 ou Toplessaço. O concurso empreendido por uma jornalista carioca teve “inspiração” na Marcha das Vadias e pretende “mais do que seios à mostra, uma atitude”. O júri que escolherá a miss topless será composto por celebridades e empresários. Para além do show business, o inclusivo projeto é comprometido socialmente: a miss escolhida será a representante da reivindicação pela regulamentação do topless em praias cariocas. Além da paz mundial, as novas misses de conduta alternativa querem institucionalizar o direito a poder tomar sol semi-nuas. Talvez, o que estas mulheres querem coroando a sua miss seja uma concessão a mais. Descoladinhas, elas recorrem ao Estado para regulamentar como e onde poderão tomar sol sem a parte de cima do biquíni e aparecem na mídia como novo hit do verão. E só. Uma atitude de liberdade com o corpo não depende de concessão de conduta pelo Estado. às loucas Desde o final de outubro mais de cinco mulheres foram flagradas, em diferentes momentos, correndo nuas pelas ruas de Porto Alegre. A recorrência e o desconhecimento do porquê deixou a imprensa e autoridades em alerta. A primeira detida correndo nua pelas ruas da cidade foi “encaminhada” a uma unidade psiquiátrica emergencial, dopada e autorizada a sair. No último final de semana, ela foi novamente internada numa dessas unidades. Pela falta de uma explicação razoável, ou por uma atitude considerada obscena ou perversa, passível de criminalização, o corpo dessa mulher será encarcerado, entupido de drogas legais. Às chamadas loucas, os novos e sutis redimensionamentos do manicômio. E a continuidade de uma violência imensa exercida há séculos pelo Estado, seus machos e garantida pelo assujeitamento de suas mulherzinhas. Nesta mulher corajosa está a diferença entre atitude e conduta de miss. segredos da vida Distante a 510 milhões de quilômetros, o módulo Philae surfa pelo sistema solar a bordo do cometa Churyumov-Gerasimento. Assim que pousou na superfície do cometa, Philae transmitiu diversas informações que permitirão conhecer mais sobre o universo e também sobre a vida. Na poeira que recobre o cometa, foram encontradas moléculas orgânicas, confirmando achados feitos anteriormente por sondas e observações telescópicas. Acredita-se que os cometas tenham sido responsáveis por espalhar pelo universo elementos imprescindíveis para o desenvolvimento da vida, inclusive para o seu surgimento na Terra. A vida permanece o acontecimento, cujo segredo também os cometas podem contar.