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Os Livros Rejeitados por Todos - Pseudepígrafos
Novembro/2011 – Anderson V. Gazzi
PARTE III - A extensão do cânon do Antigo Testamento
2. Os livros rejeitados por todos — pseudepígrafos
Grande número de documentos religiosos espúrios que circulavam entre a antiga comunidade judaica são
conhecidos como "pseudepígrafos". Nem tudo nesses escritos "pseudepigráficos" é falso. De fato, a maior parte
desses documentos surgiu de dentro de um contexto de fantasia ou tradição religiosa, possivelmente com raízes
em alguma verdade. Com freqüência a origem desses escritos estava na especulação espiritual, a respeito de algo
que não ficou bem explicado nas Escrituras canônicas. As tradições especulativas a respeito do patriarca Enoque,
por exemplo, sem dúvida são a raiz do livro de Enoque. De maneira semelhante, a curiosidade a respeito da
morte e da glorificação de Moisés sem dúvida alguma acha-se por trás da obra Assunção de Moisés. No entanto,
essa especulação não significa que não exista verdade nenhuma nesses livros. Ao contrário, o Novo Testamento
refere-se a verdades implantadas nesses dois livros (Judas 14,15) e chega a aludir à penitência de Janes e Jambres
(2 Timóteo 3.8). Entretanto, esses livros não são mencionados como dotados de autoridade, como Escrituras
inspiradas. À semelhança das citações que Paulo faz de alguns poetas não-cristãos, como Arato (Atos 17.28),
Menânder (1 Coríntios 15.33) e Epimênides (Tito 1.12), trata-se tão-somente de verdades verificáveis, contidas
em livros que em si mesmos nenhuma autoridade divina têm. A verdade é sempre verdade, não importa onde se
encontre, quer pronunciada por um poeta pagão, quer por um profeta pagão (Números 24.17), por um animal
irracional e mudo (Números 22.28) ou mesmo por um demônio (Atos 16.17).
Observe que nenhuma fórmula como "está escrito" ou "segundo as Escrituras" é utilizada quando o
escritor sagrado se refere a tais obras "pseudepigráficas". É possível que o fato mais perigoso a respeito desses
falsos escritos é que alguns elementos da verdade são apresentados como palavras de autoridade divina, num
contexto de fantasias religiosas que em geral contêm heresias teológicas. É importante que nos lembremos de
que Paulo cita apenas aquela faceta da verdade, e não o livro pagão como um todo, como conceito a que Deus
atribuiu autoridade e fez constar do Novo Testamento.
A. Sua natureza:
Os pseudepígrafos do Antigo Testamento contêm os extremos da fantasia religiosa judaica expressos
entre 200 a.C. e 200 d.C. Alguns desses livros são inofensivos teologicamente, mas outros contêm erros históricos
e claras heresias. Desafia-se com vigor a genuinidade desses livros pelo fato de haver quem afirme que foram
escritos por autores bíblicos. Os pseudepígrafos" refletem o estilo literário vigente num período muito posterior
ao encerramento dos escritos proféticos, de modo que muitos desses livros imitam o estilo apocalíptico de
Ezequiel, de Daniel e de Zacarias -ao referir-se a sonhos, visões e revelações. No entanto, diferentemente desses
profetas, os "pseudepígrafos" com freqüência tornam-se mágicos. Os pseudepígrafos" ressaltam, sobretudo, um
brilhante futuro messiânico, cheio de recompensas para todos quantos vivem em sofrimento e abnegação. Sob a
superfície existe, com freqüência, um motivo religioso inocente, porém desencaminhado. Todavia, a infundada
reivindicação de autoridade divina, o caráter altamente fantasioso dos acontecimentos e os ensinos questionáveis
(e até mesmo heréticos) levaram os pais do judaísmo a considerá-los espúrios. O resultado, pois, é que tais livros
foram corretamente rotulados de "pseudepígrafos".
B. Seu número:
A coleção modelar de "pseudepígrafos" contém dezessete livros. Acrescente-se o salmo 151, que se
encontra na versão do Antigo Testamento feita pelos Setenta. A lista principal é a seguinte:
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Os Livros Rejeitados por Todos - Pseudepígrafos
Novembro/2011 – Anderson V. Gazzi
Lendários:
1. O livro do Jubileu
2. Epístola de Aristéias
3. O livro de Adão e Eva
4. O martírio de Isaías
Apocalípticos:
1. Enoque
2. Testamento dos doze patriarcas
3. O oráculo sibilino
4. Assunção de Moisés
5. 2º Enoque, ou O livro dos segredos de Enoque
6. 2º Baruque, ou O apocalipse siríaco de Baruque
7. 3º Baruque, ou O apocalipse grego de Baruque
Didáticos:
1. 3º Macabeus
2. 4º Macabeus
3. Pirque Abote
4. A história de Aicar
Poéticos:
1. Salmos de Salomão
2. Salmo 151
Históricos:
1. Fragmentos de uma obra de Sadoque
De modo nenhum essa lista é completa. Outros são conhecidos, mesmo alguns muito interessantes que
vieram à luz quando da descoberta dos rolos do mar Morto. Dentre esses estão o Gênesis apócrifo e Guerra dos
filhos da luz contra os filhos das trevas, etc.
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