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07/07/ 2015
Todo mundo quer viver muitos anos, não é mesmo? Mas você já se questionou se está somando mais pontos contra do que a
favor na busca pela longevidade? Por isso mesmo, um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, divulgado no
Journal of American Medical Association (JAMA) em 2013 elencou uma série de fatores que podem aumentar as chances de
morte nos próximos 10 anos. De acordo com os pesquisadores, quanto mais deles constarem em sua lista, maiores são as
chances de ter a vida encurtada, pois cada um acrescenta pontos às estatísticas. Listamos aqui quais são eles, explicando sua
relação e o que dá para fazer para prevenir esses problemas. Confira!
Idade, ela pesa
Infelizmente, essa não dá para evitar, o tempo traz mudanças implacáveis no nosso organismo. "O envelhecimento é
um fato, as células envelhecem, elas são datadas a viver 120 anos no máximo. O processo de envelhecimento celular
ajuda a desencadear diversos problemas, afinal as artérias e o cérebro, entre outras estruturas, também ficam mais
velhos e perdem funções", ensina o cardiologista Otávio Gebara, professor da Faculdade de Medicina da USP e
diretor de Cardiologia do Hospital Santa Paula.
Além disso, as deficiências que o nosso corpo vai adquirindo com a idade, como reparação dos tecidos e de combate
a infecções e câncer, podem mascarar outros problemas de saúde. "Muitas doenças são diagnosticadas mais
tardiamente, pois muitos sintomas são confundidos como processos relacionados ao envelhecimento e, quando a
doença de base é diagnosticada, ela já se encontra mais avançada", salienta Luciano Giacaglia, endocrinologista do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Portanto, quanto maior a idade, mais pontos na ficha.
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07/07/ 2015
Os homens correm mais riscos
Esse quesito dá dois pontos aos homens, o que no caso é negativo, já que quanto mais elevada a pontuação, maiores
os riscos de morte nos próximo 10 anos. Isso porque é comprovado que as mulheres vivem mais do que os homens.
"Até a menopausa, elas têm o hormônio estrogênio que protege o sistema vascular", ressalta o cardiologista Otávio
Gebara. Como se não bastasse, a mulher vai ao médico com mais frequência fazer check-up e relatar suas queixas, o
que lhe dá a vantagem de diagnosticar doenças mais cedo.
Além disso, os homens têm algumas desvantagens em seu organismo. "Eles têm uma taxa metabólica maior que as
mulheres e o desgaste das células é mais intenso, razão pela qual o homem tende a gerar mais calor, transpirar mais,
ter um intestino mais acelerado, ter mais força... E quanto mais se utiliza a máquina do corpo humano, mais precoce é
seu desgaste", ensina o endocrinologista Luciano Giacaglia.
Tabagismo
Pois é, o cigarro não poderia faltar nessa lista. O tabagismo é fator de risco para doenças como infarto, derrame,
câncer, entre outras. O clínico geral Eduardo Finger, imunologista e chefe do departamento de Pesquisa e
Desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos, acredita que nosso corpo tem uma reserva de energia que
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acumulamos até os 35 anos e depois começa a ser gasta. "Fumar cria problemas (a inflamação e divisão celular) que,
para serem resolvidos, exigem um consumo de energia. Isso demanda um movimento ativo do seu corpo, que não vai
sobrar depois", ensina o médico.
Tanto que os danos do cigarro para a saúde só são realmente zerados se o indivíduo parar antes dos 30 anos. "Após
isso, existe sempre prejuízo em relação aos que nunca fumaram, mas é menor do que se a pessoa continuar a fumar",
ensina o endocrinologista Giacaglia. Até porque, sempre fica algum dano nos pulmões ou no coração, causados pelo
mau-hábito, e por mais que a genética influencie na saúde também, 80% das causas de doenças são creditadas ao
estilo de vida que a pessoa cria para si mesma. Portanto, mais dois pontos para os fumantes.
Índice de Massa Corporal (IMC)
Ter o IMC acima de 25, ou seja, com sobrepeso, resulta em mais um ponto na estatística. E alguém pode até pensar,
mas qual a diferença de alguns quilinhos a mais? "A gordura produz substâncias chamadas adipocinas, que são
tóxicas. Elas aumentam as chances de se apresentar hipertensão, diabetes, problemas cardíacos e câncer, entre
outros", ensina o cardiologista Gebara. Mas aqui os especialistas pedem cautela, já que o IMC nem sempre leva tanto
em consideração onde está concentrada essa gordura.
Inclusive, na contramão dessa pesquisa, alguns estudos demonstram que pessoas com sobrepeso têm mostrado uma
maior expectativa de vida. "Em conclusão, mais que o peso ou IMC, é o percentual de gordura corporal que reflete os
riscos para a saúde. A gordura localizada, principalmente na região do abdômen, é considerada a mais nociva, pois
promove um quadro inflamatório que agride nossos vasos sanguíneos, propiciando infarto e AVC. Também
sobrecarrega de gordura o fígado, que em alguns casos evolui para cirrose, e o pâncreas, levando ao diabetes", ensina
o endocrinologista Giacaglia.
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Diabetes
Nesse quadro há alta taxa de açúcar no sangue, já que a insulina, hormônio que leva a glicose para dentro das células,
está em falta ou não funciona mais tão bem. Isso danifica o corpo todo. "O excesso de glicose eleva a parede da
artéria e produz os chamados produtos avançados glicosilados, que são tóxicos e enrijecem as artérias e favorecem o
aparecimento de placas de colesterol", explica o cardiologista Otávio. Isso causa danos em diversas estruturas do
organismo, como o cérebro, o coração e os rins. Por isso, o diabetes aumenta um ponto na lista.
Doenças cardiovasculares
Já as doenças cardiovasculares, que podem ser consequentes da diabetes ou não, representam a maior causa de mortes
no Brasil, cerca de 800 mil pessoas ao ano. "A doença cardiovascular promove obstrução da parede dos vasos, que,
quando mais severa, leva a falta de circulação e morte das células que são irrigadas por esta artéria", ensina o
endocrinologista Giacaglia. Sendo assim, já ter tido alguma falência cardíaca e ter diabetes adiciona outros dois
pontos negativos a lista.
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Câncer
O câncer também drena energia do corpo, que poderia estar sendo enviada para outros processos metabólicos. "O
tumor promove perda importante de massa muscular e óssea, ainda que determinada a cura. Além disso, libera
substâncias na circulação que inibem o apetite, agravando o estado de desnutrição", ressalta o endocrinologista
Giacaglia. O tratamento também é arriscado, afinal a quimio ou a radioterapia acabam afetando não só as células
cancerígenas, como também as normais.
De acordo com o estudo, quem já teve câncer tem muito mais chances de reapresentar a doença. "A pessoa apresenta
um defeito de uma proteína que controla as mutações genéticas na célula, a chamada P-53, que por mais que o tumor
seja erradicado, o problema continua", ensina o clínico geral Eduardo Finger. Ou seja, mais dois pontos no risco de
morte nos próximos 10 anos.
Doença pulmonar
A doença crônica mais comum dos pulmões é o DPOC, que pode se apresentar como bronquite crônica, causando
uma inflamação nos brônquios, ou como enfisema pulmonar, que resulta em destruição dos pulmões ao longo do
tempo. Em ambos os casos, a passagem de ar para os pulmões, e consequentemente a entrega de oxigênio para o
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corpo, é comprometida. E isso causa ainda outros problemas, além da redução de energia que é fornecida ao corpo.
"Toda inflamação crônica acarreta a liberação de substâncias denominadas citoquinas, que agridem as células, como
a das paredes arteriais e dos rins. Além disso, a falta crônica de oxigênio leva à geração de radicais livres que atacam
o DNA das células, acelerando assim o envelhecimento precoce", ensina Giacaglia. O DPOC adiciona mais dois
pontos à lista.
Dificuldades ao lidar com as finanças
Depois de tantos problemas de saúde, parece estranho ver um fator do dia a dia nessa lista. Mas se uma pessoa que
lidava bem com seu dinheiro começa a ter dificuldades nessa tarefa, ainda mais com o passar do tempo, isso só pode
significar algum problema cognitivo, que tende a se agravar no futuro e até se manifestar na forma de doenças como
o Alzheimer. "Esse é um sinal, uma ponta de iceberg. Ao aplicar um teste cognitivo numa dessas pessoas, percebe-se
muitos outros aspectos, como falhas de memória, que a pessoa consegue disfarçar no dia a dia", ressalta Otávio
Gebara.
Esses males da mente podem se relacionar de diversas formas a comprometimento da expectativa de vida. "Pessoas
com distúrbios cognitivos e de comportamento estão mais sujeitas a acidentes de toda espécie. Em alguns casos elas
se tornam muito dependentes dos familiares, que se não tiverem boa estrutura psicológica acabam abandonando o
idoso, que fica mais sujeito a desidratação, desnutrição e piora de seu cuidado higiênico", conclui Giacaglia. Este
item adiciona mais um ponto à lista.
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Dificuldades de locomoção, banho e manuseio de objetos
São itens que representam o mesmo problema para a expectativa de vida, mas são contabilizados em separado na
lista. Em primeiro lugar, essas dificuldades com atividades motoras representam dependência e podem aparecer em
decorrência de alguma limitação físicas ou de doenças como AVC, paralisia ou Alzheimer. "São pessoas que se
tornam dependentes de outras para cuidados básicos, como alimentação, higiene, lazer, e nem sempre podem estar
sendo bem atendidas", acredita Gebara. Além disso, normalmente esses problemas estão ligados a uma redução da
massa muscular também. "Ela é nosso reservatório de proteínas em casos de desnutrição, por exemplo. Portanto,
quem tem maior reserva muscular tem maior capacidade para enfrentar doenças que exijam mais proteínas,
lembrando também que os anticorpos são proteicos, ou seja, a capacidade de se defenderem de infecções fica
reduzida", assinala Giacaglia. Por isso, cada um desses três problemas acrescenta um ponto à lista.
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10 fatores que encurtam a expectativa de vida