MP investiga fraude em outros dois convênios do Ministério do Turismo
O Ministério Público Federal investiga a suspeita de fraude em outros dois convênios do
Ministério do Turismo e está tomando providências para reaver os recursos que teriam sido
desviados.
O Ministério Público federal já pediu a quebra do sigilo bancário dos suspeitos de desviar
verbas para qualificação de profissionais de turismo do Amapá e, nesta quinta-feira (11),
também pediu o bloqueio de bens dos suspeitos.
O relatório do Ministério Público afirma que o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e
Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) recebeu R$ 4 milhões, apesar de não ter funcionários nem
qualificação técnica. E detalha a sucessão de ilegalidades na subcontratação das empresas
que deveriam treinar trabalhadores.
Segundo o Ministério Público, a contratação de cinco empresas foi acertada pelo Ibrasi antes
da licitação do ministério. O relatório aponta como provas da ilegalidade a substituição de
documentos sobre a tomada de preços; e a coincidência entre o valor liberado pelo governo e o
total pago às empresas, para os procuradores, um descuido dos criminosos.
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Uma fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) diz também que as empresas
contratadas pelo Ibrasi enviaram seus orçamentos antes de o Ibrasi encaminhar a elas o
pedido de cotação de preços. E o relatório aponta como evidência da fraude a utilização de
empresas de fachada e a coincidência de sócios entre as empresas, que receberam
antecipadamente por serviços não executados.
O Ministério Público afirma ainda que essa conversa gravada com autorização judicial mostra
como empresários combinavam as propostas de preço para participar dos convênios.
No trecho, gravado no dia 21 de julho, o empresário Hugo Leonardo Gomes é abordado por um
amigo identificado apenas como Ricardo que se diz preocupado com uma visita da Polícia
Federal.
Ricardo: Como é o nome do instituto que você trabalhava no Amapá?
Hugo: Ibrasi.
Ricardo: Você usou minha empresa para fazer o quê?
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Hugo: Não usei sua empresa. Usei uma carta de propostas só isso, por quê?
Ricardo: Quem te autorizou a fazer isso?
Hugo: Você que passou para mim. Não lembra?
Ricardo: Porque a Polícia Federal está aqui na minha empresa, que a minha empresa está
sendo investigada.
O Ministério Público Federal também está investigando outros convênios do Ministério do
Turismo. Um deles repassou R$ 2,5 milhões para a Conectur, uma ONG que funcionaria em
uma casa em um bairro da periferia de Macapá. O dinheiro teria que ser usado para pagar
estudos sobre o turismo no Amapá. Mas o diretor da Conectur, Wladimir Furtado, também foi
preso na operação da Polícia Federal. Ele é suspeito de ter emitido notas fiscais falsas e de ter
pagado por serviços que não foram executados. O Ministério Público vê indícios de
irregularidades em outro convênio do Ibrasi, no valor de R$ 5 milhões.
“Conseguimos constatar um verdadeiro esquema que envolvia a cúpula do ministério e
funcionários subalternos. Todos eles trabalhavam para viabilizar e trabalhavam no interesse
das empresas conveniadas”, declarou o procurador do Ministério Público Federal, Celso Leal.
Os depoimentos de presos, nessa operação que investiga fraudes no Ministério do Turismo,
trouxeram novas denúncias.
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O Jornal Nacional teve acesso a três destes depoimentos, e todos mencionam Wladimir
Furtado, presidente da Conectur, e a deputada Fátima Pelaes, do PMDB do Amapá. No seu
depoimento, Luana Barbosa da Silva, que é sócia da Conectur, disse que ouviu de Wladimir
que ele ficaria com 10% dos R$ 2,5 milhões e a deputada ficaria com a maior parte do dinheiro.
Davi Laurent da Silva Teixeira, que é sobrinho de Wladimir, disse no seu depoimento que ouviu
do tio que ele, Wladimir, ficaria com 10% e que a deputada Fátima Pelaes ficaria com R$ 500
mil.
Errolflyn de Souza Paixão, vice-presidente da Conectur, também no depoimento afirmou que
ouviu de Wladimir que o dinheiro só entraria na Conectur e logo sairia para a deputada Fátima
Pelaes.
O repórter Ari Peixoto conversou com Errolflyn de Souza Paixão pelo telefone. E ele confirmou
tudo o que disse no depoimento da Polícia Federal.
No início da noite desta quinta-feira, a deputada Fátima Pelaes divulgou uma nota falando
especificamente sobre as declarações de Errolflyn Paixão. Ela repudia toda e qualquer
indicação do seu nome com recebimento de recursos de empresas ou instituições ou qualquer
esquema fraudulento. Ela afirma que todas as declarações são caluniosas e que irá tomar as
medidas cabíveis. “Meu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição”, diz a nota.
(Fonte: Jornal Nacional)
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