Os Novos Desafios Para A Pesquisa de Comunicação Autor Prof. Arthur Hunold Lara UNIMEP Piracicaba SP Doutorando ECA-USP SP Resumo O espaço educa e é formador e coordenador no processo de cognição. Os novos espaços midiáticos são elásticos e maleáveis permitindo novos arranjos na relação conhecimento transformando, assim, o espaço real aristotélico. O mídias permitem uma relação próxima e acessível com o ato criativo democratizando o prazer do conhecimento e promovem a intelecção de novas tribos. Espaços cognitivos são facilmente formados e de baixo custo... Como eles devem ser nas comunicações ? Pesquisa com novos espaços midiáticos na educação. 1-Introdução Embora um cego posa ter a noção de espaço sem dominar as imagens vamos tatear as diferentes imagens que atuam na percepção do espaço e da cognição atual. As idéias contidas aqui fazem parte de uma discussão com o Prof. Fábio Duarte sobre os mídias e suas tipologias de imagens: Imagem Cega: pintura, desenho, literatura etc. O processo da imagem ainda é artesanal e o tempo da sua produção, reflexão e desenvolvimento ocorre na sua gestação. O desenhista risca o papel descobrindo o traço que fez centésimos de segundo antes. Um mundo imaginário que se formou na mente do criador flui através de seus músculos para o mundo real. O risco se mostra depois que já está gravado no papel. e o lápis, assim como o pincel, mapeam as texturas, o relevo do papel, da tela. como um cego, o pintor/desenhista vê, ilumina uma imagem tateando a superfície rugosa do mundo que o cerca: a tela/papel. Imagem Luz: as imagens químicas denunciam a passagem da luz. a verdade que portam não é a documental (até algum tempo atrás a fotografia representava o indivíduo, hoje ela pode ser manipulada digitalmente...) de uma verdade, mas da luz. cada imagem fotográfica ou cinematográfica não apenas denuncia a presença da luz como atestam que nosso espaço é composto por vários tons de luz. É a luz, materializada numa reação química indelével. mesmo enrolado, um filme contem todas as imagens, inteiras sempre - a luz que não se apaga. Imagem Tempo: o vídeo é um registro eletromagnético, não é luz. o que o torna imagem é sua passagem por um equipamento/vídeo. assim, a cada instante que o equipamento adequado lê o registro eletromagnético, transforma-o em imagem - mas no instante anterior e no seguinte, aquele mesmo registro não era imagem e logo deixa de ser, voltando a ser um registro eletromagnético apagável. por isso, a imagem vídeo denuncia a passagem do tempo - um tempo formado de instantes, um tempo que não era e que deixa de ser. Quando a fita se dobra há um salto na imagem a camada magnética se solta gerando um lapso de tempo. Quando se quebra ela, fica impossível recuperar as imagens, sons e os movimentos ali contidos, o tempo é fragmentado. Imagem Digital: computador - imagem numérica, a virtualização de uma equação que, por sua vez, é alimentada por um número amorfo de dígitos binários. depende da equação e do equipamento, uma mesma organização, ser som, texto ou imagem. A transcodificação para binário é uma nova maneira de se contar qualquer coisa mais rápido, não significa que é melhor ou pior só porque ela foi digitalizada. Imagem Híbrida: Peter Greenaway (por exemplo) chamo de imagem prestidigital, analogia ao prestidigitador, quem trabalha rápido (presto) com os dedos (dígitos): o mágico. o mágico é aquele que faz truques, ilude o espectador sem jamais mentir. desde que entramos num show de mágica sabemos que vamos ser iludidos (e não enganados) - e pagamos para isso. o mágico faz uma pessoa voar mas admite: "isso é um truque, ninguém voa". a imagem híbrida resgata a imagem cega, imagem tempo, imagem luz, imagem digital e mostra-no-las numa única imagem, que não é nenhuma das anteriores, mas se utilizou de seus suportes, seus códigos, suas ilusões, para se tornar híbrida. Imagem Genética: as idéias de vida artificial são concebidas digitalmente e podemos ver padrões, territórios, metabolismos, desenvolvimentos e comportamentos simulados até de grupos. A imagem genética, aqui, é fractal ela traduz um padrão, é inteligente e pode tomar decisões ; ela é volátil... Sendo uma manifestação de diferentes algorítimos ela pode vagar pelo espaço limitado pelo hardware onde há sua prevalência. ( Mostrar exemplos das imagens <slides>) Apresentadas as diferentes classes de imagens agora vamos falar um pouco dos espaços que possibilitam sua movimentações e dos seus processos cognitivos. Espaço Cartesiano: prevalecem as leis físicas, há gravidade e o tempo é linear. A cognição é feita pela experiência acumulada e pela carga genética. Laços familiares e produtivos são bases organizacionais e alguns modelos organizacionais foram testados, sem êxito, na divisão de bens de consumo e bens de produção. Espaço Informacional: em rede, há um mix de imagens da mais diferentes tipologias, há muita informação e não há indicações de como podemos processar as informações em conhecimento ou alterações significativas no espaço cartesiano. Esse espaço é permeável há várias identidades e seu agenciamento e caótico. Seu fator embriagador reside no fato de que os laços familiares e produtivos não são importantes aqui, uma vez dentro dele o difícil é sair. A sinestesia provocada pelo movimento clicável da informação dá uma idéia de espaço infinito mas ele é finito e na medida que não encontramos o que procuramos ele se torna uma grande perda de tempo. Há experiências educacionais e terapêuticas que vamos abordar em seguida. Espaço Multidimensional: elástico, sensorial ele é alimentado por informações do espaço informacional e cartesiano. Pode assumir realidade virtual ou pode se transformar fisicamente ou transmutar em outros espaços híbridos, portanto ele é maleável. Inicialmente foi desenvolvido virtualmente para simular guerras projetando situações não reais para antecipar resultados bélicos e testar estratégias militares. Há experiências na arquitetura e artes plásticas utilizando espaços desta natureza que prolongariam a discussão saindo do propósito desta apresentação. ( Mostrar exemplos das imagens <vídeos>) I experiência da Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP - SP Em 1998 entrei para corpo docente como professor horista tendo que me deslocar de São Paulo à Piracicaba toda às semanas onde comecei a implantação de um novo método de ensino em comunicação. Leciono matérias ligadas à criação e meu objetivo principal e desenvolver e aprofundar conteúdos no processo criativo com as novas tecnologias. A criação de uma Homepage solucionou os problemas físicos abrindo novas relações no processo de ensino. 1- Objetivos A proposta feita aos alunos e professores foi apresentada desta forma: A idéia aqui é falar a mesma linguagem e afinar nossos procedimentos na produção de um audiovisual. Ter uma mesma linguagem técnica entre os professores, técnicos e alunos é uma necessidade real da UNMEP. Ao longo desses anos vi muitas falhas na grade curricular e os temas aqui escolhidos visam a correção e a soluções possíveis. As dicas e conteúdos aqui depositados fazem parte de várias reuniões e entendimentos entre os professores que utilizam os laboratórios de som e TV da Unimep. Abaixo estão os nomes e email das pessoas que direta ou indiretamente contribuíram ou estão contribuindo com as dicas e os toques tendo como objetivo a melhoria das nossas produções . Longe de uma apostila ou cartilha didática este esforço faz parte do ritmo necessário à TV . Com a TV Universitária teremos que encontrar um meio facilitador das nossas produções e espero colaborações e críticas produtivas. As palestras foram conferidas por amigos meus sem nenhuma remuneração e algumas com custos elevado de produção. 2- Resultados: Os resultados podem ser conferidos no site : http://www.geocities.com/Hollywood/heights/7674 II A experiência da Universidade São Marcos - SP 1 Histórico Em 1998, também como professor horista, lecionei a disciplina Informática para o curso de Arquitetura. Não esperava utilizar em São Paulo os procedimentos que adotei lecionando no interior mas tentei desenvolver nesta universidade um método semelhante à minha experiência na Unimep. 2 Objetivos De maneira análoga desenvolvi, com mais dificuldade, um sistema educacional apresentando os benefícios das novas tecnologias à educação. Tive bastante dificuldade na integração desta disciplina na São Marcos que são resistentes ao desenho à mão livre tendo como forte argumento a cópia e a compra de trabalhos por parte dos alunos. A construção desse novo espaço cognitivo acabou virando uma ficção e tomou a seguinte forma: ............Modelar digitalmente objetos, situações reais ou imaginários em espaço interativo onde as partes (criador, objeto, máquina, mediador e observador) trabalhem em operações sincrônicas formadoras de estruturas elásticas, dinâmicas, criando espaços-temporais cognitivos. Em rede interativa, pode servir como poderoso instrumento de ensaios, testes, projetos e produção de conhecimento ou, até mesmo, uma agência virtual capaz de solucionar à distância diversos problemas do cotidiano (cenários 3D em VRML, simulações interativas, intervenções urbanas, vídeos conferências, educação à distância, laboratório virtual gráfico, agência piloto, mailist, ensaios de modelos e maquetes, informativo digital). 3- Resultados: Os resultados, ainda em desenvolvimento, podem ser conferidos no site : http://www.geocities.com/Paris/Palais/6687/ Equipamentos PC com Internet e multimídia Netscape 4.0 ou superior e plug ins: RELAUDIO G2 + FLASH Projetor de slides Vídeo Bibilografia BROECKMANN, Andreas & BROWER Joke and gorup. The Art of the Accident. Rotterdam: NAI Publishers/V2 Organisatie, 1998 COSTA Mario. O Sublime Tecnológico. São Paulo: Experimento 1995 DAVIS Erick , Techgnosis:mity, magic + mysticism in the age of information. New York: harmony Books, 19998 DIANA, Domingues.(org.) Arte no Século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: UNESP, 1997 DRUCKREY, Timothy. Interations: The New Image. London : MIT Press, 1994 DUARTE, Fábio. Global e Local no Mundo Contemporâneo. Integração e Conflito em Escala Global. São Paulo: ed. Moderna, 1998 LANGTON, G. Christopher. Artificial Life an Overview. London : MIT Press, 1997 LÉVY, Pierre. A Ideografia Dinâmica Rumo a uma Imaginação Artificial? São Paulo: Loyola, 1998