1 Cerimónia Entrega do Donativo do Prémio Europeu Carlos V, por parte do Dr. Durão Barroso Discurso Anabela Pedroso, CAIS, 12-0414 Exmo. Senhor Presidente da Comissão Europeia, Dr. Durão Barroso, Exmo. Senhor Presidente do Governo da Extremadura e Presidente da Fundação Yuste, Antonio Monago, Exmo. Senhor Director da Escola Secundária de Camões, Dr. João Jaime Pires Demais ilustres convidados, minhas senhoras e meus senhores Cabe-me, em nome da CAIS, a todos dar as boas vindas, e em particular ao Dr. Durão Barroso, apresentar o agradecimento pelo importante donativo, que muito ajudará a concretizar projectos, que de outra forma dificilmente se desenvolveriam. Mas enquanto preparava algumas palavras para proferir nesta ocasião, não pude deixar de sorrir, ao reflectir como os caminhos se vão cruzando e como, tantas vezes, não imaginamos o que nos reserva a próxima “esquina da vida”. Vem isto a propósito de uma pequena história que gostaria de partilhar convosco e que tem como figura central, o Dr. Durão Barroso. Em 2002, enquanto Primeiro-Ministro de Portugal, o Dr. Durão Barroso nomeou um dos co-fundadores da CAIS, Diogo Vasconcelos, infelizmente, precocemente desaparecido, responsável por uma pequena unidade de missão – a UMIC -, que apesar de pequena em dimensão, tinha uma enorme ambição e objectivo: Lançar um programa de transformação da Administração Pública portuguesa, que utilizando as tecnologias de informação, simplificasse a relação e aproximasse a Administração dos cidadãos. É assim que surgem dois projectos emblemáticos, lançados em 2004, sob a égide do Dr. Durão Barroso, o Portal do Cidadão e a b-On, biblioteca do conhecimento online, projecto absolutamente inovador no contexto universitário, e que muito contribuíram para elevar Portugal para nº1, na Europa, no contexto do Governo electrónico. E conto-vos esta história por várias razões: Primeiro, pelo que ela representa em termos das voltas que a vida dá, as tais “esquinas da vida”. Dez anos depois, voltamos a encontrar-nos, num momento de feliz coincidência, a propósito de mais um projecto de cidadania. 2 Segundo, a constatação inversa, de que essas esquinas, por vezes, levam a estradas muito difíceis, inconcebíveis num dado momento, e que transformam a vida em actos de difícil sobrevivência, como são as histórias de vida dos utentes da CAIS; Depois, pela motivação que resulta da experiência daqueles tempos: do entusiasmo, do acreditar que a partilha é sempre melhor que trabalhar só, do persistir mesmo quando as forças faltam, o ter pessoas inspiradoras, como o Diogo, o que permite caminhos de esperança que resultam em mudança, em alegria e em bem estar. Por fim, pela constatação de como as nossas acções individuais têm tanta influência no colectivo. Por acreditar que era possível fazer diferente; por permitir que se fizesse diferente; por querer partilhar, o Dr. Durão Barroso, em momentos tão distintos, ajudou a mudar a vida das pessoas, a nossa vida, a vida dos utentes da CAIS. Nesta perspectiva, a solidariedade concretiza em acções, a Cidadania. Porque é algo que tem a ver com o nosso coração, com o nosso olhar consciente para o que se passa à nossa volta e não encolher os ombros dizendo “mas que diferença posso eu fazer?” Todos fazemos diferença. Todos os que foram agraciados, ao longo dos anos, com o Prémio Carlos V, promovido pela Fundação Academia Europeia de Yuste, fizeram diferença. E deste ponto de vista, ao juntar hoje, aqui, a cidadania europeia, representada pelo Presidente da Comissão; a cooperação forte e positiva, transfronteiriça, representada pelo Governo da Estremadura; a importância da educação na construção de um mundo melhor, como é exemplo, o sempre “liceu” Camões e a importância da solidariedade, representada pela Associação CAIS, demonstramos, em conjunto, que é possível, a cada momento, com grandes ou pequenos gestos, ajudar a construir uma sociedade mais justa, equitativa e em última análise, mais feliz. Em particular a CAIS, que comemora, este ano, o seu vigésimo aniversário, continua firme no propósito dos seus fundadores, de promover a empregabilidade e o apoio, sempre que necessário, a todos os que tendo tropeçado numa “esquina” da vida, têm o direito a voltarem a viver com a dignidade que todos os seres humanos merecem. Por isso, o donativo que hoje recebemos, será utilizado em três projectos que, mais uma vez, farão a diferença. Assim, vamos promover: 1) A criação do “Fundo Diogo Vasconcelos”, que se destinará a apoiar a nossa população na fase final de inserção social. Inspirado na pessoa do Diogo, nosso amigo e co-fundador da CAIS, na sua capacidade invulgar de criação de pontes e oportunidades de empreendedorismo, 3 funcionará como um fundo para pequenos investimentos que permitirão a muitos relançar a sua vida; 2) A sustentabilidade da nossa Cantina Social, minimizando o défice em que se encontra. 3) O funcionamento da delegação da CAIS no Porto, que continua, apesar das grandes dificuldades financeiras, a prestar apoio diário a mais de 90 pessoas em situação de exclusão social. E isto faz toda a diferença! Como nota quase final, permito-me ainda mais um pequeno gesto simbólico. Em reconhecimento e agradecimento da contribuição do Dr. Durão Barroso em prol de uma cidadania mais justa e actuante (mas também com o compromisso de o ter ainda mais próximo da CAIS), oferecer-lhe, em nome da CAIS, o Diploma de Sócio Honorário desta Associação. E, agora sim, em conclusão, mesmo em cima das 13H, digo como o poeta e professor do liceu Camões, António Gedeão dizia: Trago boca para comer e olhos para desejar Com licença, quero passar, tenho pressa de viver Obrigada pela vossa presença. Obrigada pela vossa amizade. Que a vida é água a correr. Venho do fundo do tempo; não tenho tempo a perder..