A Internet e o Bibliotecário: a adaptação de habilidades profissionais frente aos novos serviços Michelângelo Mazzardo Marques Viana (contato) Aluno do 8º semestre do curso de Biblioteconomia na disciplina Prática de Biblioteconomia da Faculdade de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "Una de las solucioes, que és promisora, és sa Internet. Hay mucho tiempo que él mundo hay diminuido de tamaño. La redución estebe siempre asociada a una parceria entre la tecnologia y la información. Navios, telégrafos, aviones y satélites pueden ser citados como elementos que proporcionan esa redución. Pelo que tenemos leído y por lo que podemos vivênciar percerbese, la Internet hay venido para tornar nuestro mundo todavia mejor, para las personas quedaren ás cerca de las otras." (BRUM, 1995, fl. 1) 1 INTRODUÇÃO Estamos convivendo em uma sociedade de contrastes: conhecemos e trabalhamos com tecnologias de ponta e vemos bibliotecas públicas utilizando os mesmos recursos que utilizavam na década passada. É urgente ao bibliotecário do século XXI encarar de frente a questão do avanço tecnológico no setor quaternário. As novas tecnologias de informação surgem devido ao fenômeno da explosão informacional verificado a partir do início da segunda metade do século XX, servindo de suporte para a criação das redes de computadores e das base de dados on-line, que difundiram-se pelo mundo à ponto de hoje a Internet — a rede das redes — estar tão popular quanto estava a televisão ou o rádio. Enquanto novos serviços são desenvolvidos na Internet, os currículos dos cursos de Biblioteconomia apresentam, em suas súmulas, disciplinas que deixaram de ser importantes, ocupando espaço que poderia ser utilizado para o ensino de línguas, aplicação de tecnologia, redes, psicologia, administração, etc. Também é preciso pensar no nosso cliente: o usuário, que hoje está muito mais exigente do que há alguns anos, pois ele sabe que existem as novas tecnologias de informação, mas não as conhece. O "Moderno Profissional da Informação" (SANTOS, 1996) exercerá um papel fundamental no processo de transmissão, intermediação e disseminação da informação, trabalhando remotamente, gerenciando bibliotecas virtuais e utilizando a Internet, como um meio de fazer com que recursos e esforços sejam unidos, para que seja criado um acervo universal e totalmente compartilhável. 2 OS NOVOS SERVIÇOS NA INTERNET A interface gráfica da Internet, a WWW (World Wide Web, ou simplesmente Web), surgiu apenas em 1994, mas em dois anos sofreu um desenvolvimento muito grande, sendo que hoje ela está tentando abranger todos os serviços, por ser mais amigável e permitir o uso de multimídia e hipermídia. Hoje, é bastante comum o acesso remoto (TELNET) à bases e bancos de dados on-line através da Internet. Alguns serviços são pagos, como o Medline, Encyclopedia Britannica... mas outros, como o Library Of Congress Information System (LOCIS) — o catálogo automatizado da Biblioteca do Congresso Americano, ou mesmo o catálogo do Sistema Automatizado de Bibliotecas da UFRGS (SABi) e o ALEPH, da PUC-RS, estão disponíveis gratuitamente, para acesso remoto durante as 24 horas do dia e durante os 365 dias do ano. A comunicação em redes existe desde a sua criação. O correio eletrônico (e-mail ou electronic-mail) na Internet foi o primeiro serviço a ser criado e difundido. Antes da expansão dos provedores de acesso à Internet, os Bulletin Board Systems (BBS) só permitiam a utilização do correio eletrônico, justamente por não utilizar um volume muito grande de dados e ser de fácil empacotamento e transmissão. A potencialidade do correio eletrônico como um método prático, rápido e de baixo custo é um serviço que ainda pode ser explorado e aprimorado para efetivar ainda mais a comunicação entre as pessoas. O homem fez com que o correio eletrônico se tornasse imprescindível em certos casos, sendo mais necessário do que era a correspondência por carta antigamente. Grandes provedores de acesso movimentam cerca de 120.000 mensagens por dia. A comunicação, sem dúvida, aumentou entre as pessoas, local e mundialmente falando. É certo, existe ainda muita despadronização e alguma incerteza na busca por correios eletrônicos daqueles que não conhecemos, mas aprimoramentos estão sendo feitos e certamente iremos ainda utilizar o correio eletrônico com uma freqüência ainda maior que a de hoje em dia. Existem ainda as Listas de Distribuição (Mailing Lists) que utilizam o correio eletrônico para a distribuição múltipla de mensagens, artigos, sumários e resenhas. Ao mesmo tempo, milhares de pessoas, por assinatura, recebem informações sobre diferentes assuntos em qualquer lugar do mundo. Um serviço que surgiu a pouco tempo e pode ser bastante utilizado é o de Grupos de Discussão (Newsgroups ou USENET News), onde qualquer pessoa pode ler ou escrever artigos sobre a área de interesse escolhida. "Usenet é o lar de virtualmente todo interesse, entretenimento, problema, e controvérsia que encanta ou problematiza a família humana." (RAMPEY, 1996, p.294). As áreas na USENET estão divididas em hierarquias, sendo fácil a localização da área de interesse para discussão. Um aspecto importante na USENET é que". . . a maioria dos grupos de discussão simplesmente não existiriam sem que houvesse pessoas interessadas em ler e postar para eles." (RAMPEY, 1996, p.294). A discussão direta, que permite a troca de informações e o desenvolvimento de novos conhecimentos, foi bastante auxiliada com a criação da USENET. A parte gráfica da Internet, a Web, foi criada em 1994, e no início sua criador, a W3 Organization, não fazia idéia da multiutilidade da mesma. Hoje a maioria dos serviços disponíveis na Internet pode ser utilizada sobre a interface gráfica (como correio-eletrônico, FTP, TELNET e Gopher). A Web surgiu primeiramente com a função de disponibilizar páginas (home pages) de texto, com poucas imagens, visto que a capacidade dos meios de transmissão de dados era baixa. Desde sua criação possui características de hipertexto, com links dentro do próprio texto e links para outros servidores Web, os hyperlinks. Atualmente a capacidade das fibras óticas possibilita que a Web armazene páginas que contém, sem exceções, todos elementos de hipermídia:". . . imagens estáticas (gráficos, figuras e ilustrações) como, também, imagens dinâmicas (animações, seqüências de vídeo), e som (discurso digitalizado, gravações de músicas)." (MARQUES, 1995, p.104). Além de atrativo, sistemas baseados em hipertexto, como páginas da Web, são de fácil implementação, manutenção e uso. Com o hipertexto utilizando recursos de hipermídia e aliado aos recursos da Internet e Intranet é possível acessar voz, vídeo, imagens e dados, ou qualquer outro recurso necessário para executar um trabalho melhor em qualquer lugar, não necessariamente dentro do espaço físico da biblioteca. A Web é baseada em hipertexto, e o hipertexto permite que exista uma não-lineariedade, que ajuda a encontrar informações que esparsas e isoladas não possuem nenhum significado. Poder encontrar informações através de uma leitura nãoseqüencial era antes quase impossível. Hoje, além de ler, é possível também interagir. As páginas mais acessadas na Internet, e que prendem mais a atenção dos usuários, são aquelas onde o usuário participa, onde ele critica e dá sugestões, onde ele conversa e sabe que do outro lado existem pessoas interessadas em saber o que ele sente, o que ele pensa, o que ele pode ensinar. A Internet como um todo, juntamente com seus serviços e as pessoas que a mantém, é, como propõe (OLLENDORFF; FROCHOT, 1995, p.318): ". . . uma excelente utilidade de integração da informação em organizações e instituições (. . .) as funções primordiais de nosso métier: comunicação, seleção, mediação, produção (. . .) são completamente reatualizadas por esta nova utilidade." SERVIÇOS-BR© (BECHERINI, 1996), é uma página mantida por Fábio Becherini, da USP, que mostra os serviços em rede disponíveis no Brasil. Nela estão listados serviços como: BBS - Bulletin Board System, Entrega automática de FAX, FILESERV - Distribuição de arquivos por correio eletrônico, FTP - Cópia de arquivos por "anonymous" FTP, GOPHER Acesso interativo à informações, LISTSERV - Servidores de listas, NETFIND - Serviço de busca na INTERNET, POSTMASTER-BRASIL - Serviço de auxílio à busca de e-mail, TELNET - Login remoto, USENET via E-MAIL, WHOIS - Acesso interativo à informações, WHOIS - Serviço de busca via LISTSERV, WWW - World-Wide Web. 3 UM UNIVERSO DESORDENADO DE INFORMAÇÕES Na sociedade atual, a informação passou a ser considerada como um bem. Segundo (FERREIRA, 1994, p.9): "A informação sempre foi e será a base da interação humana. Ao lado da explosão do conhecimento científico e tecnológico, a informática trouxe um aumento considerável da oferta de informações e das possibilidades de sua disseminação." A quantidade de informações que existe disponível através das redes que compõe a Internet é incomensurável, tendo em vista que muita informação é produzida diariamente, seja individual ou coletivamente, por estudantes, pesquisadores, universidades, instituições de ensino em geral, etc. Não só informação textual como também informação multimídia. É possível afirmar que pode-se encontrar qualquer tipo de informação na Internet. Mas ao mesmo que existe todo tipo de informação, inexistem serviços e ferramentas que realmente permitam a localização da informação que se procura. Usuários estão acostumados com a dificuldade de obter êxito em buscas, pois "O problema está na complexidade da rede e no fato de suas ferramentas padrão de busca de dados requererem conhecimento e um toque de sorte para a rápida localização de informações úteis." (BARAN, 1995, p.62). No mundo on-line a quantidade de dados que trafega e que está disponível é muito grande. Usuários desavisados se admiram da vastidão e diversidade das mídias e das informações que acabam despendendo muito tempo em frente ao microcomputador. Não somente os males causados pelo uso do microcomputador (articulações, postura, visão...) mas também o "stress" psicológico causado pela "desorientação por overdose de informação." (CUNHA, 1994, p.185) devem ser sempre monitorados para evitar riscos e perdas posteriores. A quantidade de informação, hoje em dia, encontrada em acervos de bibliotecas e principalmente em bases e bancos de dados, CDs, on-line, etc. é muito grande, onde qualquer tentativa de recuperação ainda tem como resultado uma porcentagem muito grande de informações não pertinentes à busca realizada. Manter organizados catálogos eletrônicos, bases de dados etc., é uma tarefa difícil mas indispensável,". . . os responsáveis pela elaboração de resumos e pela indexação dos documentos e dos registros do conhecimento, em áreas especializadas, adquirem cada dia uma importância maior." (CUNHA, 1994, p.183). O Bibliotecário deve ter sempre em mente que é sua função "explorar intensivamente as fontes de informação existentes e desenvolver núcleos de recursos bibliográficos" (PEREIRA, 1997). 4 A BIBLIOTECA DO FUTURO A biblioteca do futuro abrange o virtual e o digital, ao mesmo tempo que não possui um espaço físico, um local de funcionamento. É a biblioteca que irá utilizar todos os recursos hoje disponíveis, graças às novas tecnologias de informação e de redes. Por que não utilizar o conceito biblioteca virtual? O conceito de virtual está voltado àquilo que, potencialmente, pode ocorrer ou ser realizado, mas que não existe como a coisa concreta. A biblioteca pode ser chamada de virtual quando ela possui as mesmas características de uma biblioteca concreta, mas que ao mesmo tempo não existe fisicamente. Além de possuir as mesmas características da biblioteca convencional, a biblioteca do futuro irá além. Ela irá utilizar novos recursos e recursos que ainda nem foram imaginados. O local de funcionamento da biblioteca do futuro será o ciberespaço e ela ficará aberta 24 horas por dia. É preciso distinguir Internet de ciberespaço. A Internet não representa o ciberespaço em si. O ciberespaço, no entendimento do autor, se constitui à medida que unimos recursos e esforços para conviver e compartilhar informações e conhecimento. O bibliotecário será um dos responsáveis por unir as pessoas e colocar à disposição delas recursos de comunicação, informação e produção de conhecimento. Segundo (CUNHA, 1994, p.187): "A biblioteca do futuro é sem paredes, por possibilitar o acesso à distância a seus catálogos, sem a necessidade de se estar fisicamente nela. É eletrônica, pois seu acervo, catálogos e serviços são desenvolvidos com suporte eletrônico. E é virtual, porque é potencialmente capaz de materializar-se via ferramentas . . . que a moderna tecnologia da informação e de redes coloca à disposição de seus organizadores e usuários." 5 A ADEQUAÇÃO DAS HABILIDADES PROFISSIONAIS Existe ainda o desconhecimento por parte dos bibliotecários da estrutura da Internet e dos serviços nela disponíveis. Alguns sentem medo por não conhecerem, outros a conhecem parcialmente e não conseguem enfrentá-la. Mas a Internet é apenas um conjunto de redes. O ciberespaço (no entendimento do autor), é formado nela, e é apenas outro espaço, um espaço virtual, mas que é constituído por pessoas, usuários conhecidos e desconhecidos que não deixam de ser pessoas, que possuem necessidades de informações, que buscam apoio para solução de problemas. A Internet surgiu para contribuir e agilizar nosso trabalho, por isto é preciso adequar habilidades praticadas nas bibliotecas convencionais para serem aplicadas às bibliotecas do futuro. As tarefas de difusão da informação, seleção, mediação, produção de informação, gerenciamento, referência, treinamento de usuários . . . estão presentes na Internet, mas de forma diferente da existente nas bibliotecas convencionais. Segundo (OLLENDORFF; FROCHOT, 1995 , p.318) "É necessário considerar as tarefas principais do profissional da informação e examinar quanto a Internet o fará evoluir ou renovar-se.". Sendo então conhecidos os serviços hoje disponíveis, torna-se possível fazer um paralelo entre as tarefas normalmente realizadas e as tarefas que podem ser realizadas frente aos novos serviços: • a) a difusão da informação: a função básica do profissional da informação é de comunicar a informação. Existem as listas de distribuição (mailing lists), que podem ser gerenciadas por profissionais da informação, organizando os assuntos e os assinantes, recebendo críticas e sugestões, ou então efetuando o envio de sumários e resenhas para posteriormente enviar artigos para àqueles aos quais foram enviadas resenhas e sumários. Dentro de uma comunidade, especializada ou não, local ou internacional, o bibliotecário pode realizar uma difusão seletiva de informação, não somente através de listas, mas através de outros recursos, comunicando a informação e pondo esta à disposição do usuário; • b) a seleção/recuperação: existe muita informação na Internet. É preciso realizar uma seleção de serviços de informação eletrônica úteis, agrupá-los por assunto, selecionar e catalogar endereços de páginas (WWW), de serviços de acesso remoto por TELNET, as próprias listas de distribuição de outras bibliotecas etc. É preciso selecionar as melhores e mais adequadas ferramentas de busca. O Bibliotecário possui a capacidade de reconhecer qual ferramenta de busca possui interface cognitiva e que traz como resultado documentos primários que respondam às necessidades dos usuários. Não basta ter um conteúdo graficamente bem trabalhado e bem estruturado se este conteúdo não for informativo. Entra em jogo a habilidade de indexar a informação, para recuperá-la com êxito e de forma rápida. É preciso conhecer tudo sempre, pois o usuário, quando não encontra a informação em um local logo ou quando não encontra exatamente o que procura, busca a informações por outros meios e esquece o Bibliotecário; • c) a mediação: ou intermediação, que normalmente ocorre em uma biblioteca quando o profissional serve de intermediador entre o ambiente documentário, colocando a informação à disposição dos usuários. Sob diversas formas hoje é possível realizar o serviço de referência, intermediando e fornecendo informações, e localizando informações mais especializadas e específicas. Os usuários estão recorrendo com uma freqüência maior ao conhecimento do profissional da informação. Pode ser criado o serviço eletrônico de referência, que possui um mercado bastante promissor na Internet. Bibliotecários on-line, aliados a especialistas, podem aprimorar a troca rápida de informações e fornecer respostas mais concisas à perguntas que ainda hoje são dadas com aquela cara de "eu não tenho bem certeza". O uso de chats (bate-papo on-line), formalização de serviços de referência por correio eletrônico, apoio de especialistas, elaboração de home-pages interativas, que possibilitem a real comunicação com o usuário (quando existe a ajuda na formulação do problema e uma respectiva resposta coerente e imediata), etc. são alguns exemplos; • d) produção de informação: a documentação existe na Internet. É hoje possível publicar gratuitamente informações de todo o tipo na Internet. Existem serviços como o Geocities (www.geocities.com) que armazena gratuitamente páginas, tendo o usuário somente que obedecer algumas normas. Para o bibliotecário, manter uma página com informações pertinentes aos serviços de sua biblioteca já é de grande valor, mas não é o suficiente. Pode ser criado um boletim eletrônico, que tem uma abrangência planetária e está disponível durante todo o dia e ano, que pode e deve ser atualizado periodicamente, para não ficar como um livro, que com o passar dos anos vai amarelando as páginas e perdendo a graça. É preciso conhecer um pouco da linguagem utilizada para criar as páginas, a HTML (Hyper Text Markup Language) e aprender a utilizar ferramentas de autoria que permitam uma rápida e fácil criação de páginas. Contar com o apoio de "webdesigners", profissionais da área de informática e publicidade pode ser um recurso bastante proveitoso; • e) gerenciamento: a biblioteca do futuro não possui paredes. Possui poucos funcionários e muita informação digital. É preciso coordenar tarefas novas, como a manutenção de listas de distribuição, a manutenção e criação de páginas, verificação e a rápida extinção de falhas, receber, analisar e responder mensagens de correio eletrônico, vindas de usuários locais e internacionais e estar sempre pronto à responder às mais diferentes perguntas e problemas, tendo sempre o auxílio de especialistas. É preciso possuir guias, listas e catálogos de serviços de informação atualizados. Conhecimentos sobre gerenciamento de recursos humanos e de indexação são imprescindíveis para que o resultado seja satisfatório. Todo esforço é reconhecido quando o usuário localiza a informação que ele busca; • f) treinamento de usuários: além do bibliotecário, o usuário também sente medo, não sabendo muito bem o que ver primeiro e onde ele pode encontrar outras informações que ele nem fazia idéia que existiam. Cabe ao bibliotecário orientar o usuário quanto às estruturas e o funcionamento das diferentes tecnologias e serviços disponíveis na Internet. A criação de uma página pode contribuir muito, desde que possua informações rápidas e úteis. Um canal aberto de comunicação, por correio eletrônico, telefone etc., pode deixar o usuário mais à vontade para perguntar e tirar as suas dúvidas. Sem o "face à face" ele sente-se menos inibido e normalmente consegue pôr em palavras a necessidade que ele possui. O contato direto, aquele que o bibliotecário às vezes tem medo que aconteça, deve começar a tornar-se natural e aprimorado. É um "aprender a ouvir e falar" com o usuário. O bibliotecário trabalha para o usuário da biblioteca / centro de informação / biblioteca virtual / biblioteca do futuro, e não para si ou para a instituição. 6 DO PAPEL PARA A INTERNET A Internet está baseada em documentação. Os serviços ainda contém, em sua maior parte, informações textuais. O bibliotecário não teria muita dificuldade, então, para documentar. Ocorre que, pelo fato de a Internet hoje possuir a capacidade da multimídia, é preciso enfrentar de uma forma diferente a palavra empacotamento da informação, onde participam informações pertinentes sob várias mídias. Empacotar significa selecionar toda informação pertinente à uma busca e pô-la à disposição do usuário. O bibliotecário deve começar a preocupar-se que mais importante que o documento é a informação, independente do suporte. Documentar não significa deixar um pedaço de papel com informações escritas arquivado. Documentar significa fazer com que a informação não seja volátil, que não desapareça, que possa ser utilizada mais de uma vez, que não se consuma, que esteja disponível sempre, para possibilitar, através de sua análise e combinação, a criação de novos conhecimentos. É a mudança de paradigma,". . . passando do paradigma do acervo para o paradigma da informação." (SANTOS, 1996, p.6) Existirá, ainda a informação em papel. "Ambas as publicações, impressa e eletrônica, deverão coexistir ainda por anos. O principal motivo é que são produtos diferentes, uma não substitui a outra." (SALVIATI, 1994, p.40) O prazer de folhear um livro de literatura e a portabilidade da informação impressa existirão em conjunto com a gama de recursos da informação em suporte eletrônico. Mesmo porque ainda inexiste tecnologia segura e barata para haver uma total portabilidade da informação eletrônica. A criação de home-pages e a combinação das mídias é mais simples do que parece. A linguagem utilizada, a HTML é bastante simples e só é preciso conhecê-la parcialmente. Existem softwares de autoria de HTML que possuem uma interface bastante amigável, fazendo com que o software se pareça com um MS-Word ao editarmos um texto. A interdisciplinariedade deve aparecer nestas horas, quando é preciso recorrer a "webdesigners", profissionais das áreas de informática e publicidade, como já foi dito anteriormente. 7 O IMPACTO SOCIAL DA INTERNET A disponibilidade da informação em tempo integral e para todos era algo há tempos pensado. Ainda discute-se até que ponto a informação é para todos. Segundo (ALMEIDA JÚNIOR, 1989, p.96)". . . as 'grandes descobertas', . . . o avanço tecnológico, . . estão direcionados e apenas atendem aos interesses de uma pequena parcela, de um ínfimo grupo . . .". A Internet aparece como um avanço tecnológico que permite, em parte, que todos tenham acesso à informação. O bibliotecário percebe isto, mas sente medo, pânico, pois ainda não sabe qual a sua função na Internet. Realmente". . . é fácil ser pego pelo pânico causado pela Internet, este que os bibliotecários sentem agora ao surfar. Um sentimento que eles devem fazer parte de uma rede, sem muita idéia de quais benefícios isto pode trazer. . ." (BATT, 1996, p.28) O usuário também sente o impacto causado pela Internet, quando percebe que existe muita informação disponível e muitas pessoas, em todas as partes do mundo, dispostas a conversar, a resolver problemas, a ajudar no que for preciso. Ninguém está acostumado a ter como amigo ou colega alguém que mora do outro lado do mundo e que "fala" conosco a qualquer horário do dia. A vida das pessoas que possuem o privilégio de utilizarem os serviços da Internet realmente mudou. A adaptação, tanto às novas tecnologias quanto à nova "comunidade" mundial, é necessária e imprescindível, para que seja possível aproveitar toda a potencialidade do ciberespaço e da Internet. 8 CONCLUSÃO As novas tecnologias de informação aparecem como elemento chave para o desenvolvimento de novas tecnologias, da ciência e da cultura. O bibliotecário precisa adaptar-se aos novos serviços. Precisa conhecer melhor a informática, para utilizá-la como a principal ferramenta de disseminação da informação. Os currículos dos cursos de Biblioteconomia estão defasados. Os cursos de Biblioteconomia precisam aumentar o número de disciplinas das áreas técnicas e de psicologia do usuário, imprescindíveis para a utilização das novas tecnologias e para a comunicação com o usuário. O próprio profissional deve praticar a educação continuada, acompanhando as evoluções tecnológicas e buscando, por si próprio, a educação que ele não recebe na universidade. Todos estes elementos (novas tecnologias, Internet, explosão informacional) geram um certo impacto na vida das pessoas, como indivíduos ou como profissionais da informação. É preciso adaptar-se aos novos tempos. Estamos em uma nova era informacional. É preciso agir naturalmente, dominar todas as ferramentas e serviços, para atingir o objetivo de nossa profissão: atender as necessidades dos usuários, contribuindo para seu desenvolvimento pessoal e para o desenvolvimento da sociedade como um todo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 ABAILLÍ, Isidro Fernández. Principales Misiones del Programa General de Información de la UNESCO para la América Latina. Trabalho apresentado no III Encuentro de Educadores e Investigadores de Bibliotecología Archivología y ciencia de la Información de Iberoamérica y el Caribe, Universidad de Puerto Rico, San Juan, 1996. 2 ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Novas Tecnologias: e a população? R. Bras. Bibliotecon. e Doc., São Paulo, v. 22, n.1/2, p.92-104, jan./jun. 1989. 3 BARAN, Nicholas. O Maior Espetáculo da Terra. BYTE, São Paulo, v.4, n.7, p.48-63, jul. 1995. 4 BARSOTTI, A Informática e a Biblioteconomia: depoimento de um ex-professor da ECA/USP e FATEA. R. Bras. 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