Centro Estadual de Vigilância em Saúde Divisão de Vigilância Epidemiológica Programa Estadual de Imunizações NOTA TÉCNICA Nº 01/2013 Assunto: Informe sobre a estratégia de vacinação contra influenza para pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições que possam favorecer o surgimento de casos graves de influenza. A vacinação anual dos grupos prioritários tem contribuído ao longo dos anos para a prevenção da gripe nos grupos vacinados, além de apresentar impacto de redução das internações hospitalares e mortalidade e diminuição dos gastos com medicamentos para tratamento de infecções secundárias. A campanha de vacinação contra influenza 2013 ocorrerá no período de 15/04 a 26/04 sendo o sábado, 20/04 o dia de mobilização nacional. Os grupos elegíveis para campanha de vacinação contra influenza temporada 2013 estão escritos no quadro abaixo. Quadro 1 – Grupo prioritário para a vacinação contra influenza, 2013. Grupo prioritário Crianças de 6 meses a menores de 2 anos de idade Gestantes independente da idade gestacional Puerpéras até 45 dias após o parto. Pessoas com 60 anos de idade e mais Indígenas Trabalhadores de Saúde Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições que possam favorecer o surgimento de casos graves de influenza (conforme Quadro 2). População privada de liberdade Estudos têm demonstrado que as puérperas tem risco semelhante ou maiores que às gestantes para ter complicações em decorrência de ter contraído influenza durante a gestação ou no período do puerpério 1,2. Os dados de custo benefício da vacinação de gestantes e também de puérperas devem ser considerados, levando-se em conta que as crianças menores de seis meses são de alto risco para hospitalização. Neste sentido, puérperas, no período até 45 dias após o parto, serão incluídas no grupo alvo de vacinação 1,2,3. A vacinação contra influenza tem contribuído na redução da mortalidade em indivíduos portadores de doenças crônicas, tais como: doença cardiovascular; acidente vascular cerebral (AVC); doenças renais, diabetes, pneumonias, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); dentre outras, quadro 2 4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14. No Rio Grande do sul em 2012 dos 67 óbitos confirmados laboratorialmente por Influenza A (H1N1) pdm09 , 67,5% apresentavam algum fator de risco, sendo 80% associados a presença de pelo menos uma comorbidade. Entre as comorbidades mais freqüentes destaca-se a obesidade e distúrbio metabólico (25%) seguido das cardiopatias (12,5%) e pneumopatias (6,3%). Do total de óbitos não vacinados, 50% pertenciam a algum grupo elegível para vacinação. Portanto, a vacinação do grupo com comorbidade ocorrerá em todos os postos de vacinação durante o período de campanha, deixando de ser realizada exclusivamente nos CRIE. Quadro 2. Categorias de risco clínico com indicação da vacina influenza, 2013. Categoria de risco clínico Doença respiratória crônica Doença cardíaca crônica Doença renal crônica Doença hepática crônica Doença neurológica crônica Diabetes Imunossupressão Indicações Asma em uso de corticóides inalatório ou sistêmico (Moderada ou Grave); DPOC; Bronquioectasia; Fibrose Cística; Doenças Intersticiais do pulmão; Displasia broncopulmonar; Hipertensão arterial Pulmonar; Crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade. Doença cardíaca congênita; Hipertensão arterial sistêmica com comorbidade; Doença cardíaca isquêmica; Insuficiência cardíaca. Doença renal moderada e grave (estágios 3,4 e 5 ou TFG < 60ml/mim); Síndrome nefrótica; Paciente em diálise. Atresia biliar; Hepatites crônicas; Cirrose. Condições em que a função respiratória pode estar comprometida pela doença neurológica; Considerar as necessidades clínicas individuais dos pacientes incluindo: AVC, Indivíduos com paralisia cerebral, esclerose múltipla, e condições similares; Doenças hereditárias e degenerativas do sistema nervoso ou muscular; Deficiência neurológica grave. Diabetes Mellitus em uso de medicamentos. Imunodeficiência congênita ou adquirida Imunossupressão por doenças ou medicamentos HIV/AIDS Obesos Transplantados Obesidade grau III ou obesidade mórbida * Órgãos sólidos; Medula óssea. *Obesidade mórbida = IMC ≥ 40 A fórmula para calcular o Índice de Massa Corporal é: IMC = peso / (altura)². As mulheres em período inicial de gestação deverão identificar-se como gestantes por meio da caderneta de pré-natal ou exame Beta HCG ou ainda do atestado médico. Em relação às puérperas a identificação será por meio da DNV do RN ou registro de nascimento do RN ou atestado do seu médico assistente ou outro documento comprobatório. Para as pessoas portadoras de doenças crônicas, em atendimento no Sistema Único de Saúde, rede privada ou conveniada mantém-se a necessidade de prescrição médica, ou xerox de uma receita atualizada (2012/2013) que comprove a sua condição de paciente portador de doença crônica. Este documento deverá ser apresentado no dia da vacinação. Os pacientes em acompanhamento nos programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde - SUS, devem se dirigir ao posto onde são atendidos regularmente para receberem a vacina. Caso no local de atendimento não tenha uma sala de vacina, estes, também, deverão buscar a prescrição médica com antecedência ou apresentar para vacinação cópia da receita atualizada (2012/2013) (Xerox) que comprove a sua condição de paciente portador de doença crônica. Pessoas que vivem com HIV/Aids deverão receber a vacina, preferencialmente, nos serviços da rede pública de saúde onde fazem acompanhamento ambulatorial (SAE – Serviço de Atenção Especializada). Usuários da rede privada ou conveniada deverão buscar a vacina nos postos de vacinação mediante apresentação da prescrição médica. A prescrição médica, ou o xerox da receita atualizada (2012/2013) que comprove a condição de paciente portador de doença crônica ficará retida na unidade de saúde a onde for realizada a vacinação. Referências: 1. Kanmaz HG, Oguz SS, Erdeve O, Uras N, Unlu S, Danisman N, et al. Dealing with pandemic influenza A during postpartum and early neonatal period in a busy family-centered neonatal intensive care unit. J Matern Fetal Neonatal Med. 2011 Jun;24(6):804-7. 2. Louie JK, Acosta M, Jamieson DJ, Honein MA, Aranki F, Byron-Cooper O, et al. Severe 2009 H1N1 influenza in pregnant and postpartum women in California. N Engl J Med. 2010 Jan 7;362(1):27-35. 3. 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