USO DO LIXO COMO MEDIDA DE REABILITAÇÃO DE ÁREA DE
EMPRÉSTIMO NA AMAZÔNIA
Tienne, L1 .; Pereira, G. S.2 .; Cortines, E.2 .; Bianquini, L. A.3 ; Valcarcel, R4 ;
Pantoja, J. R. de S. 5
1- Engenheiro Florestal, Mestrando em Ciências Ambientais e Florestais UFRRJ
2- Biólogo formado pela UFRRJ
3- Discente do Curso de Engenharia Florestal - UFRRJ
4-Prof. Adjunto IV da UFRRJ
5-Engenheiro Florestal Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A
RESUMO
O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) da Usina
Hidrelétrica de Tucuruí, Estadodo Pará, foi implantado em 1998 com
objetivo de mitigar impactos ambientais durante a ampliação da
capacidade instalada da empresa. Uma das estratégias envolveu o uso de
material orgânico da Vila Permanente e canteiros de obras como medida
de reabilitação de área de empréstimo. Após seis anos de acomodação
ordenada do lixo, espalhamento em cava de área de empréstimo, foi feito
levantamento da composição florística das espécies proveniente do lixo e
encontrou-se 84 espécies, distribuídas entre 26 famílias botânicas,
totalizando 1.068 indivíduos. Este resultado reveste-se de especial
importância pois nestas áreas não foram efetuados plantios e em áreas
testemunhas
não
se
encontrou
regeneração
espontânea.
Comparativamente esta metodologia apresentou maior riqueza e
diversidade que plantios ecológicos envolvendo diferentes combinações
de espécies. Com a análise dos IVIs para as espécies amostradas,
relacionada ao tempo de implantação da estratégia, concluiu-se a respeito
do estado inicial de sucessão da área, bem como do potencial do uso da
estratégia como fornecedora de atributos ambientais para as áreas
degradadas.
Palavras-chave: Área degrada, manejo do lixo, regeneração
RESUMEN
El Programa de Recuperación de Áreas Degradadas da la UEH-Tucuruí,
Pa fue implantado en 1998 con objetivos de mitigación de los impactos
ambientales en la ampliación de la capacidad instalada da la empresa.
Una de las estrategias envolvió el uso de materiales orgánicos de la Vila
Permanente y canteros de obras como medida de rehabilitación de área
de empréstimo. Después de 6 anos de acomodación ordenada de los
detritos, espalhamento en cava de la área de empréstimo, fue hecho el
levantamiento de la composición florística de las especies proveniente de
los residuos orgánicos y se encontró 84 especies, distribuidas entre 26
familias botánicas, totalizando 1.068 indivíduos. Este resultado reviste-se
de especial importancia pues en estas áreas no fueron efectuados plantíos
y en las áreas testimonios no se encontró regeneración espontánea.
Comparativamente esta metodología presentó mayor riqueza e diversidad
que plantíos ecológicos envolviendo diferentes combinaciones de
especies. Con el analice de los IVIs para las especies levantadas,
relacionada al tiempo de implantación de la estrategia, concluye-se que el
estado inicial de sucesión de la área, bien como del potencial do uso da
estrategia como fornecedora de atributos ambientales para las áreas
degradadas.
Palavras-chave: Área degradada, manejo de basura, regeneración
INTRODUÇÃO
Grandes empreendimentos criam afluxo de pessoas que
estabelecem pequenas populações de trabalhadores em vilas temporárias
ou permanentes que produzem lixo configurado como problemas que
precisam ser gerenciados (SANTANA FILHO et. Al.,1997).
O lixo bem administrado pode ser uma estratégia de recuperação de
áreas degradadas, principalmente ser for de origem orgânica (SILVA &
JÚNIOR, 1992; SANTANA FILHO et. al., 1997). Estes autores
realizaram experiências, respectivamente em Carajás-PA e Viçosa-MG, e
diagnosticaram melhorias na fertilidade, condições físicas do solo e
auxiliaram o estabelecimento da vegetação em áreas degradadas.
A partir da década de 1970, com o início dos trabalhos para a
implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí-PA, intensificou-se o
afluxo populacional, sendo necessário para abrigar esses operários a
construção de uma Vila Permanente. No ano de 1998, com o início da
segunda etapa da hidrelétrica, renovou-se o impulso migratório, bem
como os conflitos ambientais decorrentes da produção e gestão de
resíduos.
De acordo com o censo do IBGE (2000), a população de Tucuruí
chegou em 2004 a 73.740 habitantes, com uma taxa de crescimento de
5,88% ao ano e, uma densidade populacional de 35,19% hab/Km2 com
produção diária de 45 toneladas de lixo/dia, onde 50 a 60% são de
origem orgânica (MMA, 2003). A Vila Permanente gera
aproximadamente 3000 kg de lixo por dia.
A implantação do PRAD da UHE Tucuruí objetivou armonisar e
mitigar o empreendimento, onde uma das ações foi o aproveitamento do
material orgânico produzido como medida de reabilitação das áreas
degradadas durante a fase de ampliação da capacidade instalada.
Este trabalho, avaliou a eficiência do uso do lixo como estratégia de
reabilitação de áreas degradadas em áreas de empréstimo na Amazônia.
MATERIAL E MÉTODOS
•
Características Ambientais
A área objeto de estudo localiza-se em Tucuruí, (Latitude 03
45'03"S e Longitude 4940'03"W) Estado do Pará. Seu relevo e
conformação geomorfológica é representada pela unidade Depressão
Periférica do Sul do Pará, incluindo uma litologia variada: basaltos,
grauvacas, xistos e filtitos. Este embasamento origina solos ácidos e com
baixa fertilidade natural, sendo os principais tipos: Podzólicos VermelhoAmarelos (predominantes), Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos
Amarelos (FURTADO et. al, 2003) .
O clima é classificado como tropical úmido (AmW),
caracterizando-se pela temperatura média do ar (26° C), e umidade
relativa superior a 85%. A variação mensal da temperatura é pouco
significativa, sendo o período compreendido entre junho e novembro,
correspondente a estação seca. A precipitação média anual fica em torno
de 2.400 mm/ano, concentrada em 3-4 meses do ano, resultando em
eventos torrenciais.
A integração das variáveis ambientais origina a transição entre
domínios ecológicos: Floresta Pluvial Tropical e Cerradão, onde a
irregularidade da distribuição das chuvas é compensada em alguns locais
pelas excelentes condições de armazenamento e administração de água
nos solos, que são predominantemente bem estruturados (CONSÓRCIO
ENGEVIX-THEMAG, 1998).
•
Processo de degradação e reabilitação da área
As áreas de estudo (áreas de empréstimo) são remanescentes da
construção da hidrelétrica (1976-1980, fase I) e da expansão da
capacidade instalada (1998-2006, fase II). Este tipo de área degradada
constitui o principal tipo de degradação da fase I, originando 15 áreas de
empréstimo, das quais, nove encontram-se submersas e das seis áreas
remanescentes (260 ha), cinco encontram-se a jusante da barragem e/ou
área de captação do reservatório.
Os agentes ambientais atuaram por 20 anos sobre as áreas de
empréstimo, ocorrendo uma série de transformações do equilíbrio
homeostático, iniciando desde o desmatamento (equilíbrio próximo ao
original), onde existia um subsolo exposto e totalmente desprotegido, até
a síntese das manifestações de desequilíbrio do ecossistema, denominado
processos erosivos. As implicações destas interações foram diversas,
prejudicando a recuperação espontânea e trazendo muitos problemas,
tanto para o ambiente, como para a própria empresa.
A implantação do PRAD em 1998 objetivou recuperar
funcionalmente os ecossistemas alterados pelas obras da (fase I) e
mitigar os impactos ambientais, em tempo real, durante a fase II.
Durante o seu desenvolvimento, observou-se que algumas das áreas
de empréstimo originadas na Fase I, por falta de uma alternativa viável e
prontamente acessível, foram progressivamente utilizadas como depósito
de lixo (lixão) produzido, tanto pela Vila Permanente, como pela própria
obra da usina. Nestas áreas, a regeneração espontânea evidenciava uma
diferença de atributos em relação às demais áreas degradadas,
prescrevendo a ação do lixo orgânico sobre a capacidade de resiliência
daqueles ecossistemas. Dessa forma, frente a uma indicação do próprio
ambiente, foi preconizada para a área de empréstimo 3 (AE-3) a
utilização do material orgânico, triado do volume total de lixo produzido
(Tabela 1).
Tabela 1. Lixo orgânico utilizado no PRAD da UHE Tucuruí, PA
Doméstico
Podas, madeira de obra
Viagens (Unid.) Volume (m 3) Área (ha) Viagens (Unid.) Volume (m 3) Área (ha)
Diárias
6-10/2-4
72/27
0/0
240/90
2.160/810 0,86/0,32
Mensais
Nota: montante antes/durante 2003.
12-16/2-8
420/180
154/66
Total
Área (ha)
0,005/0,02 0,005/0,02
4.620/1.980 0,154/0,060 1,01/0,38
Esse material, transportado por um caminhão coletor, foi disposto
na área em montes, inicialmente pelas extremidades da área, de forma a
possibilitar o trânsito do caminhão para futuras deposições. Os valores
médios de deposição de lixo orgânico apresentam redução em
comparação ao período anterior a 2003, provavelmente em função do
desaceleramento do andamento das obras da FASE II da UHE Tucuruí
(CONSÓRCIO ENGEVIX-THEMAG, 2004).
Após um período médio de três meses no local onde fora
depositado, os montes de material orgânico foram espalhados e
distribuídos pela área. Em alguns pontos, devido a impossibilidades
logísticas originadas pela própria colonização pela vegetação, não foi
possível o posterior espalhamento do material (Figura 1).
.
Figura 1: Deposição e espalhamento de material orgânico na AE-3.
•
Amostragem
Foi realizado no período de março de 2005 o levantamento da
regeneração espontânea da área utilizando-se o Método de Pontos
(MANTOVANI & MARTINS, 1990 apud SILVA, 1991). O método
consistiu em levantar o número de toques das espécies em uma vara
graduada em 0,5 cm de diâmetro e 2 m de altura. Foram utilizados 200
pontos eqüidistantes (1 metro) em um transecto, composto por quatro
linhas paralelas na direção Leste-Oeste. A cada ponto, registrou-se a
espécie, altura, número de toques e observações gerais. As espécies
foram classificadas pela denominação local e o material botânico,
prensado e seco em estufa para identificação botânica.
A suficiência amostral foi avaliada a partir da elaboração da curva
do coletor, associada ao ajuste comparativo entre as curvas de tendência
logarítmica e linear para os pontos amostrados (GUEDES-BRUNI,
1998).
Para avaliação do efeito das estratégias adotadas, utilizou-se duas
parcelas (09 e 21) nas áreas onde foi realizado plantio de espécies (AE-2)
e uma testemunha. Na área das parcelas, entre os meses de Março, Abril
e Maio de 2000, foram implementadas 32.764 mudas, compreendendo
espécies arbóreas, herbáceas e arbustivas de diferentes estágios
sucessionais, associadas ao semeio a lanço de 23,60 Kg de sementes de
leguminosas herbáceas (CONSÓRCIO ENGEVIX-THEMAG, 2000).
Foram confrontadas as curvas do coletor obtidas para cada área,
bem como os índices de Shannon e Weaver, obtidos a partir da
expressão:
H´ = -Σ (ni / N) . ln (ni / N)
Também calculou-se o IVI (CURTIS & MCINTOSH, 1951) para as
espécies amostradas na AE-3 e realizou-se classificação por hábito,
possibilitando o entendimento do estado, bem como da velocidade de
reabilitação da área.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram amostrados 1.068 indivíduos, totalizando 84 espécies
distribuídas em 26 famílias conforme Tabela 2.
Tabela 2. Espécies coletadas na AE-3 (Lixão).
AMARANTHACEAE
Alternanthera tenella Colla
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze
ANACARDIACEAE
Mangifera indica, L.
ARALIACEAE
Philodendrum sp
ASTERACEAE
Mikania cordifolia
Eclipta alba (L.) Hasska
Emilia sonchifolia L. DC
CAESALPINACEAE
Cassia sp
Senna obtusifolia
CECROPIACEAE
Cecropia sp
COMELIACEAE
Commelina diffusa Burn. F.
Commelina benghalensis L.
CONVOLVULACEAE
Ipomea grandifolia (Dammer) O' Donell
Ipomoea quamoclit (L.)
CURCUBITACEAE
Nome Vulgar
Hábito
IVI
Perpétua -do-campo
Perpétua -do-Brasil
H
H
10,7522
1,8827
Manga
Ar
0,3902
Epf
0,3444
Cipó-catinga
Erva-botão
Serralha
T
H
H
0,5511
0,3444
0,3444
Fedegoso
Ar
Arb
0,5970
1,1249
Embaúba
Ar
0,8955
Maria-mole
Maria-mole
H
H
31,3281
1,3354
Corda-de-viola
Flor-de-cardeal
T
T
0,2526
0,6429
Morfoespécie Ab
Momordica charantia L.
CYPERACEAE
Fimbrystylis dichotoma (L.) Vahl
Cyperus sp
EUFORBIACEAE
Croton lobatus L.
Euphorbia heterophylla (L.)
Morfoespécie QP
Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small
Manihot sculenta
Chamaesyce hirta (L.) Millsp
Jatropha gossyoifolia
FABACEAE
Mucuna aterrina
Macropitilium atropurpureu Urb.
Macroptilium lathyroides (L.) Urb.
Alysicarpus vaginalis (L) DC
Chamaecrista nictitans (Collad.)
Crotalia pallida Aiton
GRAMINEAE
Panicum maximum Jacq.
Brachiaria sp
Sporobolus indicus (L.) R. Br
Rlynclelytrum repens (Willd.) CE. Hubb
Andropogon bicornis L.
Sporobolus indicus (L.) R. Br
LOGANIACEAE
Spigelia anthelmia L.
MIMOSACEAE
Mimosa pudica L.
MYRTACEAE
Psidium guajava L.
ONAGRAC EAE
Ludwigia octovalis (Jacq.) P. H. Raven
OXALIDACEAE
Oxalis sp.
PASSIFLORACEAE
Passiflora allata
PIPERACEAE
Morfoespécie 37
POLIGONACEAE
Polygonon sp.
RUBIACEAE
Spermacoce verticilata
Morfoespécie 82
SOLANACEAE
Physalis angulata (L.)
STERCULIACEAE
Waltheria indica L.
TUNERACAE
Turnera ulmifolia (L.)
URTICACEAE
Urtica dioica L.
VERBENACEAE
Priva bahiensis DC.
Abóbora
M. de São Caetano
T
T
18,4435
1,3794
Falso-alecrim
H
H
0,2526
0,2985
Café-bravo
Leiteira
Mandioca
Erva-andorinha
Pião-roxo
H
H
H
H
Arb
H
Arb
7,5171
24,2587
2,6494
17,1739
0,2526
1,2876
3,7058
Mucuna preta
Siratro
Feijão-de-rola
Amendoinzinho
Falsa-dormideira
Xique-xique
T
T
H
H
H
H
40,5157
16,1497
4,2299
6,1761
0,2526
0,5970
C. Colonião
Capim moirão
Capim rosado
C.Rabo de burro
Capim moirão
H
H
H
H
H
H
4,8670
5,7701
5,0505
1,7696
0,5511
5,0505
Lombrigueira
H
2,1605
Dormideira
H
2,6632
Goiaba
Ar
0,4361
Cruz-de-malta
H
0,6429
H
0,2985
T
0,3444
H
0,2985
H
0,7346
Vassoura-de-botão
H
H
0,8955
1,1481
Camapu
H
0,7824
malva-branca
H
1,2857
Vassourinha
H
7,0081
Urtiga brava
H
0,3444
Carrapicho-leve
H
1,6320
Maracujá
Dentre as famílias coletadas, destacam-se pelo número de espécies
Euforbiaceae, Fabaceae, Gramineae e Asteraceae, representado 26% do
total de espécies amostradas (Figura 2).
Amaranthaceae
Cyperaceae
Caesalpinaceae
Rubiaceae
Commelinaceae
Convolvulaceae
Cucurbitacea
Loganiaceae
Mimosaceae
Myrtaceae
Onagraceae
Oxalidaceae
Passifloraceae
Polygonaceae
Anacardiaceae
Solanaceae
Sterculiaceae
Turneraceae
Urticaceae
Verbenaceae
Cecropiaceae
Araliaceae
Asteraceae
4%
Euphorbiaceae
8%
N Ident
39%
26%
Fabaceae
7%
Gramineae
7%
Figura 2. Frequência de Espécies por Família.
De acordo com a Figura 3, percebe-se a tendência linear (R2 =
0,9822) como a de melhor ajuste para a curva do coletor da AE-3. Esta
informação além de revelar que o esforço de coleta nesta área não foi
suficiente para representar toda sua diversidade (GUEDES-BRUNI, 1998
e SPOLIDORO, 2001), também nos fornece uma comparação de efeitos
entre estratégias adotadas para RAD durante o PRAD Tucuruí – PA.
Parcela 09
AE-3 (Lixão)
18
100
16
90
y = 0,0781x + 7,6855
2
80
70
12
Ponto
60
Ponto
R = 0,825
14
y = 0,3549x + 16,204
2
R = 0,9825
50
10
y = 2,6389Ln(x) + 2,0564
8
y = 19,506Ln(x) - 32,16
40
2
R = 0,9292
2
R = 0,7919
6
30
4
20
2
10
0
0
0
50
100
150
0
200
20
40
60
80
100
Espécies
Espécies
Testemunha
Parcela 21
8
30
6
5
Ponto
20
Ponto
y = 0,029x + 3,783
2
R = 0,7267
7
y = 0,1714x + 11,865
2
R = 0,7277
25
15
y = 6,1625Ln(x) - 1,8713
2
R = 0,9451
10
4
y = 0,9886Ln(x) + 1,6543
2
R = 0,8612
3
2
5
1
0
0
0
20
40
60
Espécies
80
100
0
20
40
60
80
100
Espécies
Figura 3: Curva do Coletor de Áreas sob diferentes estratégias de RAD
na UEH Tucuruí-PA.
Com o melhor ajuste para curva logarítimica (GUEDES-BRUNI,
1998), nas parcelas 09 e 21 das áreas com plantios e na testemunha,
evidencia-se a estabilização da curva do coletor com 100 pontos de
amostragem. Em contraponto, na AE-3, mesmo com a amostragem de
200 pontos, não foi possível a estabilização da curva. Dessa forma,
atestando, somente pelo esforço de coleta dispensado para a suficiência
amostral nessas áreas, que na área onde foi adotada a estratégia de
deposição de material orgânico do lixo (AE-3) a riqueza de espécies é
maior.
Esta observação, associada à comparação dos índices de Shannon e
Weaver das áreas trabalhadas (Tabela 3), exaltam o potencial do uso de
material orgânico triado do lixo como provedor de propriedades
emergentes em áreas degradadas, atuando como favorecedor do processo
de reabilitação de tais áreas.
Tabela 3: Índice de Shannon e Weaver em diferentes estratégias
adotadas para RAD durante o PRAD Tucuruí-PA.
ESTRATÉGIA H'
AE - 3
3,478
P - 09
2,078
P - 21
2,507
Testemunha 1,082
Ainda é importante ressaltar que os valores de IVI, evidenciados peta
Tabela 2, atribuem maior importância a espécies como Mucuna aterrina,
Commelina difusa e Euphorbia heterophylla. Também se constata
relevante importância a uma espécie de abóbora (Morfoespécie Ab)
introduzida na área juntamente com a matéria orgânica do lixo. Estas
espécies, herbáceas e anuais, e que após cumprirem seu papel ou curto
ciclo de vida naturalmente serão substituídas, fornecem uma indicação a
respeito do estado sucessional da área.
Contudo, a partir da grande variedade de famílias (26) evidenciadas
pela Figura 2, bem como a constatação da ocorrência de espécies como
Cecropia sp, Psidium guajava,
Mangifera indica e Cassia sp (pioneiras
arbóreas), pode se inferir a oferta de atributos ambientais nesta área, bem
como, a evolução do processo de sucessão. Após seis anos de
desenvolvimento, que para o processo de reconstrução do ecossistema
pode ser considerado um curto intervalo, ainda prevalecem espécies
pioneiras.
CONCLUSÃO
A maior riqueza foi verificada na AE-3 juntamente com maior índice
de diversidade. Contudo, devido aos valores de IVI observados fica
evidenciado o estado inicial de sucessão da área.
Esta estratégia se mostra bastante relevante, observada sua eficiência
como potencializadora da capacidade de resiliência do ambientes
degradados e, ao mesmo tempo, por sua atuação mitigadora de fontes de
pressão ambiental comumente originadas por grandes empreendimentos,
que são as vilas operárias e seus próprios canteiros de obras.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pela Bolsa de Apoio a Pesquisa concedida ao
Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas/UFRuralR, a CAPES, aos
técnicos das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A, ao mateiro Vavá
pelas valiosas identificações das espécies no campo, ao motorista Gabriel
pela pontualidade e prestatividade, ao barqueiro Nonato e a todos que de
alguma forma auxiliaram no desenvolvimento e execução deste trabalho.
REFERÊNCIAS
CONSÓRCIO ENGEVIX-THEMAG UHE Tucuruí Programa de Recuperação de
Áreas Degradadas, 1998, 188p.
CONSÓRCIO ENGEVIX-THEMAG UHE Tucuruí, etapa final- unidades 13 a 23,
projeto executivo; plano de ações amb ientais; programa de recuperação de áreas
degradadas; relatório de acompanhamento-fevereiro/2000; TUC.-E-MAN-819-0006RA: Consórcio Engevix-Themag, 2000, 29p.
CONSÓRCIO ENGEVIX-THEMAG UHE Tucuruí, etapa final- unidades 13 a 23,
projeto executivo; plano de ações ambientais; programa de recuperação de áreas
degradadas; relatório de acompanhamento-fevereiro/2000; TUC.-E-MAN-819-0006RA: Consórcio Engevix-Themag, 2004, 29p.
CURTIS, J.T. & MCINTOSH, R.P. 1951. An upland forest continuum in the
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FURTADO, A. M. M.; COELHO, A. S.; SILVA, R. B. & SILVA, M. F. F. Expansão
Do Sítio Urbano de Tucuruí e Seus Problemas Geomorfológicos. X Simpósio Brasileiro
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GUEDES-BRUNI, Rejan R. Composição, estrutura e similaridade florística de
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MANTOVANI,W. & MARTINS,F.R. O método de pontos. In: Congresso Nacional de
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SPOLIDORO, M.L.C.V. Composição Florística em Trecho de Floresta no Médio
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SILVA, L.C.N. da & JUNIOR, V. C. D. (1992) Recuperação de Áreas Degradadas na
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SANTANA FILHO, S.; CARDOSO, I. M. & PEREIRA NETO, J. T. Utilização de
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TIENNE, L.; PEREIRA, G. S..; CORTINES, E..; BIANQUINI, L. A.; VALCARCEL, R; PANTOJA, J.
R. DE S. (2005). Uso do lixo como medida de reabilitação de área de empréstimo na Amazônia.
In: VI Simpósio Nacional sobre Áreas Degradadas, e II Congresso Latino Americano de
Recuperação de Áreas Degradadas. Anais..., 753p. p. 169-178. (24-28/10/2005).
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