Publicação Bimestral da AMIRP Associação Mineira dos Reformadores de Pneus Ano 1 – Nº 8 – Janeiro/Fevereiro 2009 COMPORTAMENTO SEM RISCO SAIBA COMO AGIR NA CRISE MUNDIAL Amirp em ação – Amirp apresenta parceiros – Pág. 10 Ecoatividade – Reforma no processo da reforma – Pág. 12 Serviços – Ecoponto: para o mosquito não pegar carona nos pneus – Pág. 14 EXPEDIENTE EDITORIAL Pneus & Cia. – Ano 1 – Nº 8 – Jan/Fev 2009 Órgão Informativo da AMIRP Diretoria AMIRP Presidente Paulo César Pereira Bitarães Vice-presidente Rogério de Matos ASSOCIATIVISMO A BANDEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR Diretor de Comunicação Marcelo Hildeu de Souza Lara Diretor Financeiro Fernando Antônio Magalhães Diretor Técnico Miguel Pires Matos Conselheiro Fiscal Júlio Vicente da Cruz Neto Gerente Executivo Ader de Pádua Representante Institucional e Técnico Vanderlei Carvalho Auxiliar Administrativo Tatiane de Faria Revista Pneus & Cia. Diretora Responsável Luciana Laborne – Reg.: MTb. 12657/MG Editores Luciana Laborne e Mariana Conrado [email protected] Colaboradores Flávio Martins, Kátia Matos, Pércio Schneider e Rogério Santos Revisão Final Grazielle Ferreira Arte e Editoração In Foco Brasil (31) 3226-8463 www.infocobrasil.com Impressão Pampulha Editora Gráfica (31) 3465-5300 www.pampulhaeditora.com.br Tiragem 5.000 exemplares Os informes publicitários aqui veiculados são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes, inclusive, com relação à veracidade. Os textos editoriais não têm vinculação com os materiais publicitários. As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. Todas as pessoas têm objetivos individuais, mas muitos deles são comuns, então, por que não haver uma união organizada para o alcance dessas metas? Inclusive, é preciso muito trabalho, persistência e união para sobreviver nesta era da globalização e da competitividade. Dizem que, se conselho fosse bom, a gente vendia. Mas, apesar da minha pouca autoridade para fazer recomendações a quem quer que seja, peço licença para compartilhar com vocês alguns pontos. Na verdade nem os chamaria de conselhos, e sim de dicas: - Enquanto o mundo se desvia com tantos desentendimentos, disputas e indiferenças, não se iguale. Pense em tudo e em todos. Pense no seu país, no seu estado, na sua cidade, no seu bairro, no meio ambiente, nos seres humanos. Até porque pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. - Não desperdice as oportunidades da vida. É melhor errar do que nem tentar. Não se acomode. Caro reformador, tenha atitude. Chega de cruzar os braços enquanto os outros denigrem a imagem do setor. Chega de pedir desculpas por todas as falhas que não são nossas. Vamos esquecer as diferenças e lutar pelas semelhanças. Vamos aceitar o desafio. O setor precisa de empresários que entendam o associativismo, que acreditem nessa forma de representatividade em defesa do seu próprio crescimento. Vamos unir a entidade nacional, as estaduais, as regionais, cada reformador, para o contínuo desenvolvimento do segmento no Brasil. Unidos, atravessamos as barreiras e vamos traçando a nossa história. Não digo que é fácil. Estamos aqui com um ponto de interrogação na cabeça, mas de peito aberto e um horizonte cheio de boas perspectivas pela frente. E vamos passar a marcha, porque a estrada é longa. Vamos seguir juntos, pois o nosso destino é o sucesso. O associativismo é a bandeira para o desenvolvimento da reforma de pneus. AMIRP Av. João César de Oliveira, 452 • Sala 15 • Eldorado CEP 32310-000 • Contagem • MG • Tel: (31) 3356-3342 [email protected] • www.amirp.com.br Paulo César Bitarães Presidente da AMIRP 3 | Pneus & Cia. É proibida a reprodução total ou parcial de textos e de ilustrações integrantes da edição impressa ou virtual, sem a prévia autorização dos editores. A ideia do associativismo já existe desde os primórdios da humanidade, quando o homem entendeu que precisava se juntar a grupos para caçar, se defender, e principalmente sobreviver. Hoje, na contemporaneidade, a base da história não é tão diferente. 10 AMIRP EM AÇÃO Amirp apresenta parceiros 12 ECOATIVIDADE Reforma no processo da reforma AMIRP em ação Reuniões em destaque 8 Estratégia Equipe feliz, produtividade em alta 11 Cenário Mudanças geram oportunidades e união 21 Pneus e Frotas Crise no mercado de transportes 22 Fazendo a diferença Era uma vez... 24 Viver bem Rotina: que ideia fazer dela? 26 Valores & valores Reflexões 27 Reformadores Guia dos reformadores de Minas Gerais 28 14 SERVIÇOS Ecoponto: para o mosquito não pegar carona nos pneus 4 | Pneus & Cia. 16 CAPA Saiba como agir na crise mundial MOMENTO DO LEITOR Este espaço é seu. Está reservado para suas sugestões e opiniões. Fale com a gente: [email protected] Pela primeira vez tive a oportunidade de receber e ter o prazer de ler a revista. Quero parabenizá-los pelo modo simples e inteligente de escrever. Ângelo Íris Betim – MG Recebam meus parabéns pela revista Pneus & Cia. A cada edição vocês surpreendem. O material ficou belíssimo e o conteúdo de excelente qualidade. Pela retrospectiva das ações da Amirp em 2008 e os planos para este ano, é possível reconhecer a dedicação e a competência da associação para fortalecer o segmento de reforma de pneus. Seguem meus aplausos pelo trabalho de todos vocês. Fernanda Maia Belo Horizonte – MG A Amirp tem vontade e ideias. Já deixou claro isso na retrospectiva de 2008. O que falta é a participação mais intensa dos empresários do setor nos eventos realizados pela associação. Entendi nas palavras do presidente Paulo Bitarães, na edição nº 7, que o maior desafio da Amirp para 2009 será a união com os empresários da reforma. Já é tarde, mas ainda há tempo! 6 | Pneus & Cia. Neste momento de incertezas em relação a curto e médio prazo, a cooperação torna-se imprescindível e imediata. Não cabem mais nos dias de hoje “comerciantes de pneus recauchutados”. O mercado exige empresários que pensem em excelentes produtos acabados, preços competitivos, serviços de qualidade, valorização de colaboradores, consciência ecológica e em lucros mais expressivos. O setor tem potencial para crescer. O momento é agora. E, para atingir melhores resultados, é indispensável a participação maciça dos associados. Ótimos resultados em 2009. Sérgio Alessandro – gerente comercial da Recapagem Castelo Ltda. Sete Lagoas – MG Venho acompanhando o trabalho da Amirp e é interessante saber da disposição da associação para o desenvolvimento do setor. A reportagem “Visibilidade inédita”, sobre a iniciativa da Amirp de levar o tema “pneu” em discussão pública, na Assembleia Legislativa, mostra a importância do assunto para que as autoridades políticas e a sociedade se atentem para a relevância econômica, social e ambiental do pneu reformado. Que esse trabalho continue e reflita em excelentes resultados para a população e o setor de reforma. Raphael Castro Belo Horizonte – MG In Foco Brasil A UNIÃO FAZ A FORÇA. A AMIRP é a associação que reúne o maior número de reformadores de pneus do Brasil. Resultado do trabalho em conjunto e do apoio oferecido aos associados. Junte-se a nós. Associe-se você também e faça parte desse grupo. AMIRP – União e força para vencer. (31) 3356-3342 www.amirp.com.br [email protected] AMIRP EM AÇÃO AMIRP PRESTA CONTAS AOS ASSOCIADOS Foto: arquivo Amirp Dando continuidade à proposta de promover frequentes encontros com os empresários da reforma de pneus, a fim de firmar relacionamento, a Amirp realizou a primeira reunião do ano, no dia 13 de janeiro. A diretoria expôs os avanços da associação em 2008, quanto às ações realizadas e os trabalhos de comunicação, referentes ao site e à revista Pneus & Cia., que já está com circulação nacional. Foi apresentada também a prestação de contas da Amirp, registrando superávit de R$ 2.438,49 em 2008. Entre os planos previstos para 2009, a Amirp divulgou que irá melhorar a estrutura administrativa da associação; ampliar as ações; buscar parcerias; realizar um seminário sobre reforma de pneus; e promover campanhas de certificação e de TWI (para conscientizar a população sobre o índice máximo de 1,6mm de desgaste do pneu). Muitos benefícios estão previstos para os associados: treinamentos de custos, palestras de capacitação do empreendedor, consultorias técnica, jurídica e empresarial, entre outros. Na ocasião, o presidente da Amirp, Paulo Bitarães, ressaltou a importância da união dos reformadores Reunião Amirp – 13/1/2009 para o desenvolvimento do setor. Os empresários presentes concordaram: “é preciso mudar a cultura de ver o concorrente como inimigo. Devemos ser parceiros”, comentou Luiz Eustáquio Domingues, da Recapagem Pneus Prata. Foto: arquivo Amirp FISCALIZAÇÃO PREFEITURA DE CONTAGEM 8 | Pneus & Cia. O executivo e o representante técnico e institucional da Amirp, Ader de Pádua e Vanderlei Carvalho, respectivamente, compareceram à prefeitura de Contagem, no dia 28 de janeiro, com o intuito de requisitar maior fiscalização das empresas de reforma de pneus da região. Os representantes da Amirp apresentaram uma relação dos cadastrados a José Paulo Gandra, diretor de fiscalização ambiental, e a Eduardo Eustáquio de Morais, diretor de atividades urbanas. IPEM Em busca de fiscalização e regulamentação para o setor, a Amirp firma parceria com o Ipem-MG (Instituto de Pesos e Medidas de Minas Gerais). À pedido do instituto, a associação fez um levantamento de todas as reformadoras do estado e se comprometeu em manter a relação atualizada. A lista foi entregue no dia 30 de janeiro para a responsável por registros do Ipem, Nelma Aparecida. Vanderlei Carvalho (Amirp) e Nelma Aparecida (Ipem) Foto: arquivo Amirp SECRETARIA DE SAÚDE Francisco Lemos (Secretaria de Saúde de Minas Gerais) e Vanderlei Carvalho (Amirp) In Foco Brasil A relação de todas as empresas de reforma mineiras, levantada pela Amirp, foi entregue ao gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, Francisco Leopoldo Lemos, no dia 5 de fevereiro. O intuito é intensificar o combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti nas reformadoras. Os agentes de saúde do programa Combate à Dengue realizarão inspeções. Francisco Lemos afirmou que repassará a lista para as 28 regionais do estado. Pediu, chegou. Produtos, ferramentas e acessórios para reformadoras, lojas de pneus e borracharias. Tel (31) 3291-6979 www.gebor.com.br 9 | Pneus & Cia. R. Cassia, 26 - Loja 01 - Prado - Belo Horizonte - MG - [email protected] Foto: arquivo Amirp AMIRP APRESENTA PARCEIROS Apresentação Sebrae-MG 10 | Pneus & Cia. Uma das pautas da reunião foi a apresentação dos parceiros da Amirp: o escritório de advocacia Martins e Freitas e o Sebrae-MG. O advogado André Martins explicou a tese tributária referente ao IPI (Imposto sobre produtos industrializados) que agora não possui mais alíquota zero para os reformadores de pneus e se colocou à disposição dos associados da Amirp para mais esclarecimentos e consultorias. Já Denise Duarte, representante do Sebrae, apresentou o projeto “Varejo forte”, que oferece cursos aos empreendedores (os donos das empresas), com o intuito de capacitar o empresário da reforma e promover competitividade do setor, maior rentabilidade e perenidade no negócio do empreendedor. A partir dessas apresentações iniciais, para o conhecimento dos associados, serão montados os grupos de interesse para que possam iniciar os cursos do Sebrae. Individualmente, as empresas poderão buscar auxílio do advogado para entenderem a questão da tributação e serem ressarcidas. O executivo da Amirp, Ader de Pádua, também apresentou o esboço inicial de uma tabela referência de preços da Amirp. Assim que finalizada, essa tabela será divulgada e explicada para os empresários da reforma de pneus de Minas. Foto: arquivo Amirp Empresários da reforma de pneus se reuniram na Amirp para conversarem a respeito dos novos projetos da associação e conhecê-los um pouco melhor. Após uma breve apresentação dos trabalhos desenvolvidos em 2008, a explanação referente às ações para este ano foi iniciada. O presidente da Amirp, Paulo Bitarães, falou da repercussão de sua viagem à Brasília, em que propôs, junto ao presidente do Sindipneus, Henrique Koroth, um projeto de capacitação dos afrodescendentes. O projeto, apresentado na Comissão do Congresso Nacional, tem como objetivo profissionalizar os borracheiros, retirando-os da informalidade. Empresários da reforma reunidos na Amirp ESTRATÉGIA EQUIPE FELIZ PRODUTIVIDADE EM ALTA S ócrates, filósofo grego, no ano 400 antes de Cristo, já dizia: “O bom chefe é aquele que faz felizes aqueles a quem comanda”. Sábias palavras proferidas por um sábio homem. • boas perspectivas para o futuro; • desenvolvimento profissional a partir de ações conduzidas pela empresa; • equilíbrio na administração do tempo profissional e pessoal dentro das ações da empresa; • respeito ao profissional e à pessoa. Muitas empresas se preocupam em fazer as pessoas felizes no trabalho e, para isso, realizam constantes ações. Gestores de companhias como essas sabem que uma equipe motivada produz uma eficácia já comprovada no faturamento e por isso têm consciência do seu papel social. Já as empresas que estão no outro extremo não incluem devidamente em suas políticas as ações de valorização no capital humano, acham que ameaçar demissão, com perda de status e até mesmo com assédio moral dá mais resultados. Elas apresentam, então: A empresa que tem políticas voltadas para a valorização de seus recursos humanos e para a manutenção de um clima organizacional de satisfação, recebe em troca profissionais mais comprometidos, que realmente “vestem a camisa da organização”. Esses cuidados com o ambiente empresarial geram também um considerado aumento de produtividade e da qualidade do trabalho, além de uma menor rotatividade de pessoal. Pode-se perceber que as empresas com maior índice de desenvolvimento são as que mais investem nas ações voltadas para os seus talentos humanos. As principais teorias de motivação e de liderança mostram que é fundamental as pessoas terem vontade e interesse de fazer. Mas o que torna as pessoas felizes e motivadas no trabalho? Tudo isso gera baixa nos resultados financeiros. E, na maioria das vezes, a questão financeira dos investimentos em motivação de pessoal é colocada como empecilho para essas ações. Fazendo as contas, quem investe em pessoal sai lucrando, com certeza! Flávio Martins – administrador de empresa e consultor E-mail: [email protected] Site: www.flaviomartins.com.br 11 | Pneus & Cia. • Remuneração condizente com as necessidades de cada um; • boa política de benefícios; • bom relacionamento com os colegas; • bom relacionamento com a chefia; • exercício da função condizente com a vocação (trabalhar com aquilo de que se gosta faz com que a pessoa se sinta feliz, mais produtiva e também traz inúmeros benefícios em relação à saúde); • desafios; • Alto índice de atrasos e faltas ao trabalho; • alta rotatividade de recursos humanos (entrada e saída de pessoal, o que gera custos elevados com recrutamento e demissão, além da demora para cada novo empregado se adaptar ao novo trabalho e se tornar produtivo); • baixa produtividade; • qualidade inferior de trabalho em relação àquelas que valorizam seu pessoal; • elevação de custos; • alta incidência de doenças ocupacionais, especialmente as ligada ao campo emocional; • alto índice de acidentes de trabalho, inclusive os motivados por atos inseguros. ECOATIVIDADE REFORMA NO PROCESSO DA REFORMA Pesquisador inova a vulcanização de pneus com máquina e software que economiza tempo, energia e reduz impacto ambiental por Mariana Conrado Foto: arquivo pessoal Q ue o reformador de pneus é um parceiro do meio ambiente só por realizar seu trabalho, isso todos sabem. Mas o interessante é descobrir empresários da área que não se acomodam com a preservação ambiental que naturalmente ocorre no processo da reforma. E essas pessoas existem. Há quem busca mais e consegue reformar o método da reforma. Seja para melhorias, seja para minimizar o impacto no meio ambiente. O pesquisador José Pedro Souza é uma dessas pessoas que não se conformam em colaborar com o básico. Também diretor-fundador da empresa Camelback, de Santos, em São Paulo, ele elaborou um método inédito para o processo da reforma. Após anos de pesquisa, Souza criou uma máquina e um software que controla a vulcanização de pneus. Foi comprovado que o método reduz o tempo de produção, economiza energia elétrica e ainda diminui em mais de 30% a emissão de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera. 12 | Pneus & Cia. O desafio Tudo começou quando Souza foi convidado por uma reformadora de pneus para dar assessoria na área de qualidade. A empresa registrava 30% de índice de reclamação e um alto prejuízo financeiro. Todos os defeitos potenciais foram identificados: falhas no sistema de ar e de vapor, maquinário com problemas de manutenção, entre outros que ocorriam por causa do despreparo dos funcionários. Problemas que, segundo Souza, são evidentes em muitas empresas, e a falta de atenção a eles é prejudicial. “Em uma reformadora de pneus a equipe deve estar treinada e passar por reciclagem de conhecimento periodicamente. Os problemas e defeitos de produção devem ser discutidos diariamente em reunião de segurança no início do expediente, e é preciso procurar mecanismos de correção antes do aquecimento físico para o trabalho”, comenta. O que era para ser uma assessoria de 15 dias passou a ser um desafio, que durou oito anos. Nem todos os José Pedro Souza – pesquisador problemas da empresa foram eliminados, mas o índice de falha caiu. “Para cada mil pneus reformados, apenas dois apresentavam algum defeito”, diz Souza. A pesquisa Souza não se conformava com a indicação do período ideal para vulcanização, em que era apontado um tempo fixo para cada tipo de pneu a ser vulcanizado. Para o pesquisador, por melhor que seja a fórmula para controle de vulcanização, existem muitas interferências durante o processo que não eram consideradas, já que o tempo era pré-determinado. “Há oscilações na temperatura, o sistema é pulsante e o ritmo operacional também interfere. Portanto, são muitas as variações, e pensando nisso surgiu o estudo de como anular essas interferências”, constata Souza que, desde então, passou a analisar o comportamento do processo de vulcanização. Em 2002, o pesquisador apresentou à Incubadora de Empresas de Santos o projeto da máquina e do sistema de controle de vulcanização, e teve a sua empresa selecionada para ocupar a Incubadora. Dois anos depois, conseguiu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). Para dar andamento à pesquisa, Souza buscou a orientação de José Eugênio Ganade, que é químico e especialista em vulcanização, tem experiência internacional e trabalha há mais de 50 anos na área de desenvolvimento da tecnologia da borracha. central monitora oito pneus ao mesmo tempo e pode programar alguns parâmetros de controle, como variação máxima de temperatura, tempo inicial de vulcanização, tempo extra para reparos de avarias, entre outros. Cada máquina tem um painel de controle individual, para caso ocorra alguma emergência ou problemas de manutenção durante o processo. “Antes de definirmos o software, todo o trabalho de controle era feito manualmente, apenas com multímetro e termopar”, conta o pesquisador. De acordo com Souza, o resultado desse método é uma vulcanização uniforme com tempo correto, sendo a qualidade do pneu reformado igual em todos os lotes de material. “Um pneu com o tempo correto tem sua vida útil ampliada, tanto da carcaça como em quilometragem, pois não passa pelo excesso de calor, que degrada a estrutura do pneu”, diz. O método Colaborando com o meio ambiente Lançada no mercado há menos de um ano, a nova tecnologia se baseia em controlar a vulcanização por meio de um sensor que identifica a condução do calor dentro do composto, sinalizando as variações. Esse sensor é acoplado na matriz e fornece informações a um software que processa a evolução da vulcanização, indicando o momento que ocorre o ponto de cura do composto aplicado. “Assim, torna-se possível determinar o tempo certo da vulcanização, o material sai do molde na hora exata, e não é preciso que os compostos cumpram o tempo indicado para garantir a vulcanização”, explica Souza. Em paralelo, foi desenvolvido um protótipo de máquina que vulcaniza dez pneus simultaneamente pelo método recape, em anéis. Esses pneus são perfilados lado a lado por uma prensa hidráulica. Para vulcanizar um pneu, é necessário ar comprimido, que é gerado por energia elétrica. A vulcanização com esse monitoramento apresenta redução de 30% no tempo do processo. Essa economia de tempo diminui o desperdício de combustível e, assim, lança-se menos CO² na atmosfera. “Caso todas as reformadoras do país adotassem esse método, haveria uma economia de energia elétrica suficiente para abastecer por um ano uma cidade do porte de Santos, que tem aproximadamente 500 mil habitantes”, calcula Souza. O sistema de controle de vulcanização consiste em uma central lógica de processamento (CLP), onde está instalado o software. Souza explica que essa Segundo o pesquisador, com esse método, o segmento de reforma de pneus teria grande avanço em relação à qualidade do produto, uma economia substancial de energia e ainda uma redução dos defeitos de vulcanização. “Além de poluir menos e produzir mais, poderia inclusive reduzir o preço para o consumidor com um produto de qualidade assegurada”, finaliza Souza. SERVIÇOS ECOPONTO: PARA O MOSQUITO NÃO PEGAR CARONA NOS PNEUS Recolher os pneus inservíveis e dar a eles destinação final adequada são reforços para combater a dengue por Mariana Conrado O assunto já é bem debatido. A doença é conhecida, há esforços para o combate, mas a situação ainda é preocupante. O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, infecta, no mundo, de 50 a 100 milhões de pessoas e causa cerca de 20 mil mortes por ano. No Brasil, a disseminação e contaminação do vetor é presente em 26 estados. De acordo com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), apenas em janeiro de 2009 foram registrados 2.818 casos da doença em Minas. Número alto, mas ainda dentro do esperado pela SES-MG, devido ao aumento de chuvas nessa época do ano. O Levantamento Rápido de Índices do Aedes aegypti (LIRAa), realizado por algumas prefeituras municipais, detectou situação de alerta em quase toda a região metropolitana de Belo Horizonte, quanto à infestação do vetor. E, segundo o gerente de vigilância ambiental da SESMG, Francisco Leopoldo Lemos, o período de maior risco de epidemia da doença está por vir, são os meses de março e abril. “No final do ano começa uma proliferação crescente dos mosquitos por causa do tempo quente e chuvoso. Assim, há mais água parada para eles depositarem seus ovos. A população do inseto aumenta e o pico é no 3º e no 4º mês do ano, pois nessa época já há grande número de vetores contaminados”, explica Francisco Lemos. Já que não existem vacinas contra a dengue, nem medicamentos que impeçam a contaminação, o método mais simples para se prevenir a doença é combater o vetor, eliminando os lugares que facilitam a sua reprodução. Kauara Campos, referência técnica em dengue da SES-MG, alerta: “Por isso agora precisamos redobrar a atenção e o cuidado para evitar o nascimento do mosquito”. Menos foco para a dengue Quando se fala nos focos de larvas do mosquito da dengue, a imagem de um pneu velho é uma das primeiras a serem lembradas. No entanto, qualquer local que possa acumular água é propício para a criação do Aedes aegypti, como latas, recipientes, tambores, latões, sacos plásticos, caixas d’água, entre outros. E, atualmente, o pneu já não é o principal criadouro do mosquito. É o que aponta os resultados do LIRAa de BH. Em janeiro de 2009, a porcentagem de criadouros encontrados em pneus foi de 7,51%, perdendo para inservíveis como lixo e garrafas pet (32,06%) e pratos e jarros de planta (19,82%). “O que percebemos é que o número de criadouros em pneus tem diminuído desde o funcionamento dos ecopontos“, justifica Kauara. Também nomeado como ponto de coleta, o ecoponto é um local reservado para a entrega voluntária de pneu inservível, o 14 | Pneus & Cia. SAIBA COMO ACABAR COM A DENGUE PISCINAS Trate a água com cloro e limpe-a uma vez por semana. Se não for usá-la, cubra bem. Se estiver vazia, coloque 1 kg de sal no ponto mais raso. PRATINHOS Escorra a água dos pratinhos das plantas e xaxins. Lave-os com escova e coloque areia até a borda. CAIXAS D’ÁGUA Tampe as caixas-d’água, cisternas e poços. Mantenha-os bem fechados. que possibilita a destinação ambientalmente correta desse material. Assim, evita-se o despejo dos pneus em lugares impróprios, o que pode, entre outros problemas, agredir a natureza e causar danos à saúde pública. Os pneus emitem poluentes tóxicos, se queimados a céu aberto, e podem, ainda, se transformar em focos de mosquitos transmissores de doenças, como a febre amarela e a própria dengue. O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis é realizado pela Reciclanip, iniciativa da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), em parceria com as prefeituras municipais. Dados da entidade registram, até o momento, 340 pontos de coleta de pneus distribuídos por 21 estados brasileiros. “Em 2008 foram contabilizadas 979 mil toneladas de pneus inservíveis que tiveram a destinação adequada, que é equivalente a 196 milhões de pneus de automóveis”, informa Renata Murad, gerente-geral da Reciclanip. Essa atividade é regulada pela Resolução 258, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A legislação atribui a produtores e importadores de pneus a responsabilidade de recolher, transportar e dar uma destinação final ambientalmente segura e adequada aos pneus inutilizados. É obrigatório, de acordo com as últimas determinações da Resolução, que, para cada quatro pneus novos fabricados ou importados, as empresas e as importadoras deem destinação final a cinco pneus inservíveis. Na legislação consta, conforme o artigo 11º, que a adoção de procedimentos para implementação da coleta dos pneus inservíveis no Brasil é uma tarefa que envolve vários colaboradores, desde distribuidores, revendedores, reformadores, até os fabricantes, os consumidores finais de pneus e o poder público. “É um processo que exige a participação de todos. Sem a conscientização dos empresários, da população e o envolvimento das autoridades públicas e governamentais, a ação dos fabricantes de pneus e da Reciclanip fica limitada”, comenta o presidente da Anip, Eugenio Deliberato. Embale para recolhimento todas que não for usar. Se for guardar, ponha sempre com a boca para baixo. A colaboração de toda a sociedade é o tema que rege também a campanha de prevenção contra o Aedes Aegypti, do Ministério da Saúde. Francisco Lemos enfatiza que o combate à dengue é responsabilidade de cada um. “Como cidadão, tenho que cuidar da minha casa. Como funcionário e empresário, devo cuidar do meu local de trabalho”, diz. O gerente de vigilância ambiental ressalta o caso do reformador de pneus, que fabrica justamente um produto que propicia boas condições para a reprodução do mosquito transmissor de doenças. “Os empresários do setor de pneumáticos devem ter atenção excessiva em suas propriedades, em nome do bem-estar da vizinhança, principalmente da própria saúde e da dos seus funcionários. É preciso cuidar dos pneus, principalmente dos inservíveis, descartando-os nos pontos de coleta. Isso, além de fazer parte da responsabilidade social, evita prejuízos, pois reduz o índice de absenteísmo e não se perde força de trabalho”, alerta o gerente. Uma pessoa infectada pelo vírus da dengue clássica afasta-se, no mínimo, sete dias do trabalho, pois tem febre alta, dores de cabeça e no corpo, tonturas, náuseas, vômitos, extremo cansaço, entre outros sintomas. Com a dengue hemorrágica, o quadro clínico é mais grave. Além dos vestígios da doença comum, a pessoa infectada pode apresentar também manchas vermelhas na pele, sonolência, agitação, confusão mental, dificuldade respiratória, dores abdominais, sinais de insuficiência circulatória e choque. A dengue hemorrágica pode levar a pessoa à morte em até 24h. A gravidade da doença é tal que o governo apela para a ajuda da sociedade. “O problema é que o poder público não consegue combater a dengue sozinho. Todos precisam se conscientizar. Fazer a prevenção por conta própria, não apenas esperar os agentes de saúde resolverem um problema que é de casa. O dia em que a população entender e se mobilizar, vamos conseguir controlar a dengue”, finaliza a referência técnica em dengue, Kauara Campos. LIXEIRAS Feche bem os sacos plásticos e mantenha as lixeiras tampadas. Fonte: Secretaria de Saúde de Minas Gerais PNEUS VELHOS Entregue-os ao serviço de limpeza urbana ou a um ponto de coleta. Caso você precise realmente mantê-los, guarde-os em local coberto. 15 | Pneus & Cia. GARRAFAS Obrigação social CAPA COMPORTAMENTO SEM RISCO SAIBA COMO AGIR NA CRISE MUNDIAL por Luciana Laborne P eríodo de dúvidas, horizonte incerto, pacotes de socorro, turbulência econômica. Sensatez, atenção e... cautela! Certamente você já deve estar familiarizado com esses dizeres. Mesmo soltos, eles podem ser associados à ideia central que o atual contexto inspira: crise financeira internacional. E, se o cenário é a notícia principal em todo o mundo, a repercussão com impactos no cotidiano já se torna previsível. Impactos que podem ser psicológicos, em decorrência da mídia ou aqueles “reais”, que apresentam reflexos diretos no dia-a-dia; tais como a instabilidade do mercado, se deparar com a dificuldade de conseguir uma entrevista de emprego, com a retração nos negócios, ou até mesmo com as adaptações feitas no seu contracheque ao final do mês. 16 | Pneus & Cia. Diante de tantos alardes, os questionamentos que envolvem a questão são gerais: como compreender o período de crise e como se movimentar perante a ele? Afinal, ignorar as informações dessa situação do mercado financeiro é o que não pode ser feito. Com origem nos Estados Unidos e a princípio no setor imobiliário, a crise financeira “evoluiu” para uma crise de crédito mundial. Atingindo todos os países do mundo, com diferentes níveis de intensidade, a dimensão da crise econômica internacional no Brasil ainda não é descrita de maneira clara. Opiniões se divergem, mas algumas questões são senso comum entre consultores financeiros, como o fato de não estarmos imunes a ela e, em decorrência disso, a necessidade de termos cautela, mas sem pânico. De acordo com o documento “A crise internacional e possíveis repercussões: primeiras análises”, lançado em janeiro de 2009, pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, para não interromper a trajetória positiva de 19 trimestres de investimentos acima da produção, de aumento do emprego formal, de redução do desemprego e da economia informal, o Brasil precisa crescer mais de 4%. O documento, elaborado por técnicos do Instituto, faz três simulações sobre os efeitos da crise internacional no Brasil. O estudo concluiu que menos de 4% significa o país interromper toda uma situação positiva de crescimento. Para o economista e professor do Ibmec/ MG, Alexandre Moreira Galvão, a crise é mais severa nos países desenvolvidos e possui uma perspectiva de recessão por um período mais longo em 2009 do que nos países em desenvolvimento. “Em função do ciclo de crescimento mais robusto vivido nos últimos anos, os países emergentes irão sofrer bem menos, mas com baixo crescimento e maior estabilidade no primeiro semestre”, informa Galvão. A partir dessas perspectivas, uma dica é ficar atento para proteger suas finanças. É fundamental o investidor ter clara noção do nível de risco que é capaz de suportar e do prazo de sua aplicação. “Em termos de investimentos de recursos excedentes, as aplicações em bancos de primeira linha ainda formam a melhor opção a curto prazo. Já aqueles que têm a possibilidade de investir durante um período de dois a três anos e, com maior agressividade, as aplicações em bolsa de valores de empresas mais sólidas e com maior estabilidade de resultados constituem algumas das opções mais seguras de investimento”, indica o economista. Ainda referindo-se à pessoa física, Galvão sugere criar uma reserva para evitar desequilíbrios financeiros futuros, de forma que possibilite gerar um plano contingencial, na ameaça de desemprego. Fazer um planejamento e um orçamento financeiro mais rígido também são sugestões do professor, que acrescenta: “é válido cortar gastos, supérfluos, substituir o consumo e evitar compromissos a longo prazo que comprometam de 10% a 20% da renda”. Do ponto de vista das empresas, a recomendação, em função da restrição do crédito, é priorizar a liquidez e restringir os investimentos, preservando apenas aqueles prioritários. “A busca deve ser a proteção das margens operacionais e a redução dos custos. Oportunidades de aquisições nesse período tendem a ocorrer, mas somente seriam recomendadas àquelas empresas com forte liquidez e capital ou com elevada capacidade de geração de resultados”, analisa Galvão. Quanto aos investimentos, é preciso avaliar, a não ser que os micro e pequenos empresários tenham garantias contratuais para a demanda futura. O professor orienta que, no caso contrário, é válido evitar o estoque de matéria-prima de produção, para que não ocorra a imobilização de capital. Até porque, se o mercado permanecer recessivo, a tendência é o preço dos fornecedores cair. Reforma em crise? Enquanto o mundo fala da crise econômica, é hora de avaliar o impacto que ela pode ter sobre o seu setor. Em primeiro lugar, nada de desespero. Tudo depende do segmento em que sua companhia 17 | Pneus & Cia. Foto: arquivo Amirp atua, da saúde contábil dela e do cargo que você ocupa. De acordo com o Ipea, será necessário um choque muito forte na economia para se criar um cenário de redução de vagas no mercado de trabalho. Por enquanto, o que vem sendo afetado é o ritmo de criação de novos postos. Segundo o economista Galvão, os setores que sofrerão menos com a crise são aqueles que produzem itens de baixo valor de aquisição, como, por exemplo, o setor de alimentos e de bebidas. A tendência é substituir gastos mais elevados pelo consumo de menor valor. O economista ressalta ainda a queda no preço das commodities . Situação que, de acordo com Galvão, a partir do segundo semestre deste ano, deve mudar. “Os produtos irão retomar os seus níveis de preço e a situação pode ser prevista, principalmente, por causa do acúmulo de estoques no início do ano e da retomada mais lenta da produção, diante dos vários investimentos que foram postergados”, alerta. Renato Antunes Campos – Jac Pneus Foto: arquivo Amirp Os bancos, apesar da crise, quase sempre se posicionam bem em qualquer cenário no Brasil, principalmente os que possuem maior capacidade de aquisição. Mas deve-se ter atenção à inadimplência no crédito pessoa jurídica, que deve piorar. Já os bens duráveis são os que mais sofrem com a crise, em especial os incluídos no setor automobilístico e os de sua cadeia produtiva. 18 | Pneus & Cia. Mesmo não sentindo a crise, na chamada economia real, o empresário da reforma de pneus, de Belo Horizonte – MG, Renato Antunes Campos concorda que, quando o assunto é inadimplência, o pé atrás é inevitável. “Talvez porque não atenda o setor de minérios e de aço, ainda não percebo a crise nos meus negócios. No mês de dezembro contratei mais dois funcionários. Mas estou atento, porque o meu maior receio é a inadimplência. Temo também que daqui alguns meses a demanda caia”, afirma Campos. Já para o empresário da reforma, de Contagem – MG, Mateus Schelb, o fato de trabalhar diretamente com grandes indústrias fez com que a crise interferisse nos seus negócios de forma complicada, desde dezembro do ano passado. “Não atendemos frotistas e pequenas empresas, o nosso direcionamento é um pouco diferente, trabalhamos com contrato fechado com grandes indústrias, como o grupo Fiat. Devido a isso, tivemos que nos adaptar aos nossos clientes e tomamos medidas, antes nunca pensadas em nossa empresa”, explica Schelb, que, mesmo sentindo o impacto da crise, tem como lado positivo a inadimplência zero, devido aos contratos fechados. Mateus Schelb – Riacho Pneus Foto: arquivo Amirp O empresário foi obrigado a paralisar toda a empresa, pelo fato de ter 90% de seus clientes parados, dando férias coletivas de 20 dias para seus colaboradores. “Trabalho há 18 anos no setor e nunca tinha acontecido nada parecido, nós realmente paramos. Conversamos com todos e a única medida implantada foi dividir o pagamento do salário de janeiro. Mas mexer no quadro de funcionários não está em nossos planos”, relata Schelb, que tem um passado recente mais feliz: “de 2008 não posso reclamar, foi um ano interessante. A crise nos afetou apenas em dezembro. E, já que 2009 está um ano difícil, porque vamos começar a ter receita apenas em março, agora, mais do que nunca, é a hora de puxar o freio de mão, segurar e esperar”. Foto: arquivo Amirp Luiz Eustáquio Domingues – Recap. Pneus Prata Joel de Pinho Magalhães Júnior, empresário de Contagem – MG, trabalha com dois tipos de segmentos diferentes: o de passeio e o de carga. Segundo o reformador, o setor de passeio apresenta uma visão, a médio e longo prazo, de melhoria, em decorrência do aumento do preço dos pneus novos. Já a produção e a venda no setor de carga caíram nos últimos meses. Diante da retração no segmento de carga, o empresário optou por orientar os funcionários para uma produção mais enxuta, comprando apenas o necessário, para conseguir reduzir os custos. “Não fizemos corte, nem adotamos qualquer atitude drástica em decorrência da crise. Há dois anos estamos cortando o quadro de funcionários, com o intuito de adequá-lo à fábrica, evitar desperdício de energia e não contratar mão-de-obra em excesso. Mas o ritmo no processo e na produção continua o mesmo dos últimos meses, apenas com mais cautela”, diz Joel Júnior. 19 | Pneus & Cia. Joel de Pinho Magalhães Júnior – Luma Pneus Por outro lado, Luiz Eustáquio Domingues, empresário da reforma, de São Domingos do Prata – MG, percebe a crise longe dos seus empreendimentos. Com motivos para também comemorar o ano de 2008, dá o parecer: “contra a crise, o melhor remédio é o trabalho”. Com 20 colaboradores na recapagem, teve o aumento de 30% na venda e na produção no ano de 2008, se comparado a 2007. E suas perspectivas para este ano não estão abaladas. “No setor de reforma a crise ainda não chegou. Sem contar que, com a dificuldade de importação de carcaça, o pneu novo subiu bastante. Há muitos pneus para reformar e estão com preço bom no mercado. Basta o reformador ter consciência e trabalhar, em vez de ficar brigando com o preço do mercado”, afirma Domingues, que logo complementa: “eu acredito que a crise está mais na mídia do que nas empresas, principalmente quando especificamos a reforma de pneus”. Em nome da cautela: planejamento “Diante das expectativas de mudanças, é preciso replanejar”, afirma o gerente do Sebrae-MG, Ricardo Pereira. De acordo com o economista, as empresas que possuem um planejamento estratégico precisam rever os indicadores e as ações com foco no novo cenário. As micro e pequenas empresas que não têm o hábito de utilizar dessa ferramenta de gestão devem analisar as práticas adotadas, pois elas influenciam no resultado operacional. Um plano de negócios eficaz, revisto e atualizado periodicamente, pode ser um bom antídoto contra os efeitos maléficos do agravamento da crise financeira nas micro e pequenas empresas. Para o economista é necessário ter foco e visão de longo prazo. “Planejar, realizar pesquisa de mercado, buscar informações sobre o ramo de atividade, análises setoriais e outras ferramentas de gestão são fatores cruciais para ajudar na tomada de decisão do empreendedor, que pode identificar oportunidades neste momento”, aponta Pereira. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae-MG, junto a empresários de micro e pequenas empresas da indústria e do comércio, existem empresas que ainda não adotam com frequência ferramentas como fluxo de caixa (31%), cadastro de fornecedores (35%) e de clientes (38%). Assim, para o gerente, é razoável pensar que empresas com baixo nível de utilização de mecanismos de gestão tenham maior dificuldade de lidar com mudanças repentinas no mercado, o que requer atenção redobrada. “É preciso calcular previamente custos fixos e variáveis, investimentos e contratações; tudo deve estar contabilizado no plano de negócios”, enfatiza Pereira. COMPORTAMENTO SEM RISCO DICAS PARA LIDAR COM A CRISE • Participe das reuniões em sua entidade empresarial para entender o que acontece com o seu setor de atuação. • Procure alternativas para atrair novos clientes e fidelizar os já existentes. • Controle suas despesas e receitas. • Tenha atenção aos custos fixos. Localize e corte todas as despesas desnecessárias. • Fique atento ao estoque, veja se ele não cresce com “produtos encalhados”. • Evite contrair dívidas, principalmente em moeda estrangeira. • Converse com seus funcionários e peça sugestões para diminuir despesas. • Tente negociar maior prazo de pagamento com seus fornecedores de forma a receber suas vendas antes de ter de pagar os fornecedores. • Não dependa de apenas um ou dois grandes clientes. • Não faça um investimento sem antes obter o máximo de informações, analisar o potencial do mercado consumidor, o nível de vendas para o retorno e o capital de giro necessário para manter o negócio até que ele comece a dar retorno. • Evite demitir colaboradores. Só o faça se for muito necessário. Você vai precisar de profissionais treinados para enfrentar eventuais dificuldades. • Mantenha-se informado sobre os desdobramentos da crise, procure entender como ela deve impactar em seus principais clientes. • Fique atento às novas oportunidades, elas sempre surgem em momentos de crise. • Procure melhorar seus conhecimentos de gestão. Quem administra melhor enfrenta menos dificuldades nos momentos difíceis. • Planeje. Realize um plano de negócio e busque o máximo de informações e análises de investimentos. ABERTURA DE EMPRESAS • Esse procedimento será facilitado pelo Sebrae-MG a partir de 1/7/2009, com a criação da figura do Microempreendedor Individual – MEI. • O financiamento de empresas em implantação não é fácil. A análise ocorre caso a caso e depende de alguns critérios estabelecidos, como o bom histórico de relacionamento do cliente com o banco, apresentação de um bom projeto de viabilidade econômica financeira, uma parcela de capital próprio, presença de garantias, e experiência gerencial e no ramo de atividade. Fonte: Ricardo Pereira, gerente do Sebrae-MG CENÁRIO MUDANÇAS QUE GERAM OPORTUNIDADES E UNIÃO A s mudanças estão sempre presentes em nossa vida, seja no campo pessoal, profissional, espiritual ou intelectual. Sabemos que mudar não é nada fácil, gera trabalho, é preciso muita persistência. O certo seria se, desde criança, fôssemos preparados para enfrentar as mudanças que a vida nos proporciona e para lidar com elas como algo prazeroso. É preciso entendê-las como caminho necessário para a conquista, pois, para alcançar nossos desejos e metas, devemos enfrentar as situações adversas e nos adequar ao que tiver de ser – mesmo que às vezes não concordemos, devemos agir de forma realista, mas otimista. É preciso vencer os receios e perceber que as mudanças são mais produtivas do que as acomodações. Atualmente, as principais notícias são sobre a crise internacional. Fala-se que a economia mundial sofrerá uma recessão, e que há alto índice de desemprego. A previsão é de um cenário de dificuldades para 2009. Uma crise sobre a qual nem os mais experientes sabem o real impacto e duração. O que se sabe é que muitas surpresas podem acontecer este ano. Já podemos perceber que algumas empresas estão fazendo alterações em suas corporações. Mudanças que eram vistas como complexas, que há anos não conseguiam ser realizadas. Se as empresas, as associações, os sindicatos, as federações e as confederações não estiverem todos Em 1994, quando se iniciou a estabilidade econômica com o plano real, ouvíamos de especialistas que, se as empresas não se modernizassem, estariam praticamente fora do mercado. Hoje, com a velocidade do mundo globalizado, como devemos estar preparados? Tomo a liberdade para dar a minha resposta: a melhor forma de nos preparamos é com a união de nosso segmento, o associativismo. Devemos planejar juntos as melhores ações para nosso setor, com trabalhos que garantam melhorias de forma coletiva. Para aproveitarmos as oportunidades, precisamos nos organizar, para, quando elas surgirem, já estarmos com as ações prontas para serem executadas. Se estivéssemos unidos e preparados para essa crise, poderíamos usufruir das oportunidades para conseguir incentivos fiscais, financiamentos com juros mais acessíveis e até mesmo o reconhecimento da sociedade. Somos recicladores de pneus, contribuímos de forma sustentável com o planeta e não somos poluidores do meio ambiente. Aí fica outra pergunta: Se nem todos valorizam o que representamos, os benefícios que ofertamos à sociedade e o que contribuímos para os cofres públicos, como apresentar um melhor resultado do nosso trabalho? Sabemos que, para chegarmos a 2010, precisamos primeiro passar por 2009. Então, bom trabalho! Vamos nos associar e contribuir de forma voluntária para melhoria do setor que nos alimenta. Rogério Pereira dos Santos – presidente Sindibores (Sindicato da Indústria da Borracha e da Recauchutagem de Pneus no Estado do Espírito Santo) E-mail: [email protected] 21 | Pneus & Cia. A crise trouxe agilidade para alguns empresários e está proporcionando grandes mudanças. Ressalto as medidas do governo federal que disponibilizam recursos para investimentos e a redução das alíquotas de imposto de renda e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Estamos assistindo à tomada de providências pelo governo para minimizar os impactos da crise internacional no Brasil. No entanto, percebo que o segmento de reforma de pneus não está aproveitando essas mudanças. Oportunidades que estão sendo desperdiçadas por falta de mobilização e de uma estrutura de coesão. empenhados e alinhados em ações conjuntas para defender os interesses das classes representadas, dificilmente poderão enxergar e aproveitar as oportunidades que as mudanças proporcionam. PNEUS E FROTAS CRISE NO MERCADO DE TRANSPORTES MEXA-SE, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS N 22 | Pneus & Cia. a edição passada fiz um breve comentário sobre uma fabulosa lição de logística que tive a oportunidade de presenciar, e a equipe da Pneus & Cia. pediu que eu tratasse desse assunto nesta edição. Mas vou pedir licença a todos, equipe e leitores, para abordar outro tema, também atual: a crise. Antes de escrever este texto dei um treinamento para colaboradores de uma frota em São Paulo, que transportam produtos químicos (principalmente insumos agrícolas) e polímeros, e a reclamação geral entre dirigentes e motoristas foi a queda da atividade. Desde o final de novembro que não transportavam uma única bombona de cinco litros de produto para a agroindústria. Também é comum vermos, nos noticiários, queixas de que a ajuda do governo é direcionada somente para a indústria automobilística. Mas é preciso analisar a questão olhando mais para longe. De todas as atividades industriais, a fabricação de veículos é a que possui a mais extensa cadeia pro- dutiva. As montadoras praticamente só fabricam o motor. Todo o restante é comprado de fornecedores, e apenas montado pelo fabricante. No Brasil, o automóvel requer, em boa parte, financiamento para ser vendido e comprado. Nos Estados Unidos, sempre foi fácil ter carro, mas comprar carro financiado é raridade. Em geral, utiliza-se o leasing , tanto para pessoas quanto para empresas. Já as casas são financiadas e, muitas vezes, sobre um mesmo imóvel existem duas ou três hipotecas. A crise atual tem raízes financeiras e é por essa razão que por aqui afetou a indústria automobilística, enquanto que por lá foi o mercado imobiliário que sofreu. Ultimamente, temos visto uma gritaria contra as dispensas de funcionários, gente querendo garantia de emprego em troca de ajuda financeira, que não aceita redução de salários e outros argumentos mais. Demissão é algo extremamente desagradável, tanto para quem demite quanto para quem fica desempregado. Quem já passou por isso sabe. E eu já passei, tanto de um lado quanto do outro. Vamos voltar um pouco no tempo. Lembramse do apagão, alguns anos atrás? Em São Paulo, passamos por racionamento de energia, com campanhas para redução do consumo, metas estipuladas, sobretaxas para quem excedesse os limites etc. Na nossa casa, para atingir as metas, desligamos o freezer, trocamos o chuveiro elétrico pelo a gás e paramos de usar o micro-ondas. Na prática, o que fizemos foi “demitir” nosso freezer, e, como ele não tem boca para reclamar, isso em nada nos afetou. Tudo bem, ele também não tem família para sustentar, filhos para educar, nem escola para pagar, e pode haver quem considere que a comparação não é válida. Mas é aqui que peço para olharem mais ao longe. Assim como eu, muitas pessoas desligaram seu freezer e, sem ele, diminuíram o estoque e o consumo de comida congelada. Mas, se analisarmos mais a fundo, isso gerou desemprego nas indústrias de alimentos congelados, nos setores dos supermercados, onde esse tipo de alimento é vendido, nas empresas de transporte que atuam com baús frigorificados, entre outros lugares. Menos transporte, menos pneus para reformar. E como uma indústria ou qualquer outro negócio pode reduzir despesas para superar um período de crise? Não pode comprar matéria-prima em quantidade inferior à sua necessidade de produção. Esse é um dos pontos cuja redução se dá automaticamente, pela queda do nível de atividade e de encomendas. O consumo de energia, da mesma forma, vai cair proporcionalmente conforme for diminuindo o uso das máquinas e equipamentos. Menos encomendas e menos vendas significa menos dinheiro para pagar salários e encargos. Se for mantida a mesma quantidade de funcionários e, por consequência, o mesmo tamanho da folha de pagamentos, é meio caminho andado para a insolvência da empresa. Restam-lhe poucas alternativas e, dentre elas, concordata ou falência. Muito se tem falado no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), mas pouco ou nada é dito sobre o PNLT (Plano Nacional de Logística dos Transportes). As metas do PAC vão até 2011, enquanto as do PNLT vão até 2025. Se a crise atual foi inesperada, o que vai afetar o setor de transportes, caso as metas do PNLT sejam plenamente atingidas, é uma crise anunciada e planejada. Já temos no Brasil empresas que alugam vagões. Voltamos a fabricar locomotivas depois de décadas. Importamos trilhos porque a indústria local não consegue dar conta de todas as encomendas. E essa redução já está acontecendo. Um estudo, também do Coppead, indica que entre 2004 e 2006 a participação do modal rodoviário caiu dois pontos percentuais, enquanto o modal ferroviário cresceu 2,3 pontos no mesmo período. Outro aspecto que contribui com isso é a crescente concentração do mercado. Na edição 430, de julho/agosto de 2008, da revista Transporte Moderno, intitulada “Brasil é arena para fusões e aquisições”, especialistas estimam que dentro de 10 anos o mercado de transportes terá 60% de suas atividades concentradas nas mãos de seis a oito empresas. A reportagem informa ainda que, em 2007, foram registradas 17 transações no segmento, entre aquisições e fusões, índice 55% superior a 2006. O que fazer para superar esse cenário? Não sei. Mas posso afirmar o seguinte: mexa-se, antes que seja tarde demais. Pércio Schneider – especialista em pneus da Pró-Sul E-mail: [email protected] 23 | Pneus & Cia. Sabe-se que no Brasil cerca de 60% de todos os bens são transportados por rodovias. Mas, nas metas do PNLT, a participação do modal rodoviário será reduzida cerca de 30%. E o motivo é o alto custo desse modal. Dados do Coppead (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração de Empresas da Universidade Federal do Rio de Janeiro) informam que os custos por TKU (tonelada.km.útil) são de R$40,00 no modal ferroviário, R$62,00 no aquaviário, R$69,00 no dutoviário, R$248,00 no rodoviário e R$1.595,00 no aeroviário. Quem acompanha os boletins diários do informativo da NTC & Logística pela internet percebe que nenhum modal tem crescido e recebido mais investimentos que o ferroviário. FAZENDO A DIFERENÇA ERA UMA VEZ... um garoto de rua. Aos seis anos foi deixado pela sua mãe na Febem. Foi lá que ele passou o primeiro dia das crianças do qual se lembra. Viveu a infância cheia de infrações, vícios e duros castigos. Conquistou o título de campeão de fugas. Os educadores da fundação o consideravam irrecuperável. O decorrer da história já se previa clichê. Mas o destino de marginalidade seguiu um novo caminho quando ele encontrou afeto. O menino conheceu uma professora francesa. Ela o adotou, educou, ensinou o valor da vida. Ele cresceu. Soube aproveitar as oportunidades com quem aprendeu a fazer a diferença. Hoje é pedagogo, e considerado um dos maiores especialistas em literatura infantil do Brasil. C 24 | Pneus & Cia. açula entre dez irmãos, Roberto Carlos teria o nome de um rei da música popular, se não fosse pelo Ramos como último sobrenome, e pela desigualdade social. Aos seis anos foi deixado por sua mãe na Fundação Estadual de Bem Estar do Menor (Febem), em Belo Horizonte. Na época, no início dos anos 70, a instituição, que tinha a proposta de educar as crianças, passava a imagem de paraíso e parecia a melhor opção para as famílias carentes. Mas a realidade era diferente do que se promovia. “Você, moleque, é um caso irrecuperável!”. Foi essa a frase que Roberto Carlos mais ouviu em sua infância. Cresceu no submundo dos meninos de rua, roubava, era cheio de vícios, sem nenhuma educação e sofria duros castigos. Os únicos momentos felizes eram durante as visitas semanais de sua mãe, até perderem o contato. Ele sonhava em ser adotado, mas “as pessoas preferiam os recém-nascidos, brancos e de olhos verdes ou azuis”, diz. Ao longo dos sete anos que viveu na Febem, Ramos registrou exatas 131 fugas. “Foram os piores dias da minha vida”, recorda. O pedagogo lembra que se sentia como se não existisse, nem para ele, nem para ninguém. O desespero no mundo onde ele não se encontrava e não se reconhecia o levou ao limite. Em um momento sem esperança, Roberto tentou se matar. “Mas parece que nem para isso eu tinha sorte. Deitei no trilho e fiquei esperando o trem. Mas ele passou ao lado”, conta, ao narrar a tentativa frustrada de suicídio. Descobrindo o sentido da vida No dia em que Ramos voltou de uma de suas fugas, a professora francesa Margherit Duvas visitava a Febem para um estudo sobre as instituições, a infância e a educação. Indignada por apontarem uma criança como incorrigível, Margherit quis conhecer Roberto Carlos. “Enquanto conversávamos, pensava em roubar a correntinha que ela usava no braço. Mas em vez de esconder o ouro, como todos faziam, ela acariciou meu rosto e me convidou pra passar um tempo em sua casa”, relata Ramos. E mesmo conhecendo o histórico problemático do menino, a professora resolveu adotá-lo. A princípio, o jovem resistiu. Planejava roubar a francesa, continuou por um tempo com as travessuras e chegou até a inundar a casa dela, deixando as torneiras abertas. Mas Margherit era Foto: arquivo pessoal por Mariana Conrado ainda mais persistente do que ele. Contratou professores que alfabetizassem Roberto em português e em francês. E, mais do que a ler e a escrever, a pedagoga ensinou o jovem a dar e receber carinho. Deu a ele um lar e oportunidades. Segundo Roberto Carlos, foi a partir daí que ele passou a entender o verdadeiro valor da vida. Fez-se, assim, um forte laço de amizade e admiração. Ainda garoto, seguiu com Margherit para França, onde cursou o segundo grau e descobriu que tinha o dom de contar histórias. Ramos diz que cresceu narrando casos. Desde que estava nas ruas, quando não sabia ler, pegava o jornal e inventava os fatos para os colegas. “Era uma forma de fugir da realidade”, revela. A volta e a herança Roberto Carlos retornou ao Brasil e, aos 19 anos, reencontrou sua mãe biológica. Estudou pedagogia e, durante a faculdade, fez estágio justamente na Febem. “Fui como profissional. Provei que não era irrecuperável”, conta. Quando Ramos tinha 20 anos, a francesa Margherit faleceu. O pedagogo decidiu seguir seus passos. Um certo dia, depois do expediente, na Febem, o menor abandonado Alexandre, de 9 anos, abordou Roberto Carlos para pedir dinheiro, e ele não deu. “O menino me perguntou: ‘já aconteceu de você falar com alguém na rua e a pessoa fingir que você que não existe?’ Lembrei-me de quanto isso doía”, relata. Ramos, então, levou o garoto para casa. Depois dele, foram mais 22 acolhidos. Todos estudam e os crescidos trabalham. E a corrente não para por aí. Alguns de seus filhos já se casaram e também adotam outras crianças. E assim, a atitude de fazer a diferença segue como uma herança. História de filme O ex-menino de rua hoje tem 43 anos. É pedagogo, pós-graduado em literatura infantil e mestre em educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo. Roberto Carlos Ramos é também membro da Associação Internacional dos Contadores de Histórias e Valorizadores da Expressão Oral Mundial, sediada em Marselha, na França. Em 2001, foi eleito um dos dez maiores contadores de histórias da atualidade em Seattle, nos Estados Unidos. Muitas das fábulas narradas por Roberto são suas próprias experiências, ele transforma sua história em lições de vida. Palestrante de renome internacional, o pedagogo é requisitado em eventos motivacionais e cursos de empresas para propagar o que ele mesmo define como pedagogia do amor. “Procuro mostrar para as pessoas que, com educação e carinho, podemos fazer nossa história diferente. De forma simples assim podemos vencer”, enfatiza. Já famoso na TV por ter sido um personagem da campanha “Sou brasileiro e não desisto nunca”, Ramos agora vai ter sua história registrada nas telas do cinema. A trajetória de sua vida inspirou o diretor Luiz Villaça, e o filme “O contador de histórias” tem estréia prevista para este ano de 2009. Moral da história: Não existe criança irrecuperável. O que faltam são oportunidades. VIVER BEM ROTINA: QUE IDEIA FAZER DELA? ostumamos atribuir valor negativo à rotina. Muitos se queixam da repetição cotidiana. Parecem não dissociá-la da monotonia ou da acomodação. Mas será a rotina apenas uma importuna e tediosa reprodução de fatos e uma tendência ao comodismo? C houver, se sentirão fragmentados e desamparados. Lançam-se no mundo de maneira desajeitada. Contudo, inconscientemente, não renunciam aos ingredientes que compõem a sustentação para suas desatinadas experiências. E essa fiança só é viável em um clima de confiabilidade. Ao refletir sobre a rotina saudável, é importante investigar seu mérito nas nossas origens – a infância. Ali, não estaríamos aptos a defini-la como sendo o dormir, o acordar, o receber alimentos, cuidados e afeto. Mas, se algo nos faltasse, decerto abriríamos um berreiro desvairado. Seriam os primeiros protestos contra os dissabores decorrentes de falhas na boa constância em nossas vidas. A relação adulta com a rotina é determinada pelas experiências infantis. A partir da célula familiar, somos impelidos a adotar um estilo conservador, positivo ou negativo. Portanto, queixas triviais devem ser relevadas. Mas muitas vezes as fazemos por hábito ou desânimo passageiro. Nem sempre há um conteúdo substancial. Basta que nos seja subtraído um só elemento que integre o nosso cotidiano para rapidamente o reivindicarmos de volta. Diremos: “as férias foram maravilhosas, mas como é bom dormir na minha cama...”. 26| Pneus & Cia. Situações rotineiras benéficas trazem segurança a bebês, crianças e jovens. É essencial a certeza da previsibilidade. Aquelas histórias que ouvíamos mil vezes sem nos aborrecer tinham função importante: representavam a confiança de que tudo seria do mesmo jeito, a cada dia. Como pais, sem conhecer esse pretexto, poderíamos pensar: “de novo?”. Distanciemo-nos dessa ideia de infância e juventude felizes. Porque nem todas o são. Ao avaliar sujeitos nascidos em condições socioeconômicas e culturais pouco privilegiadas ou inseridos em contextos familiares desfavoráveis, defrontaremos com expressões de medo, insegurança e descontentamento. Crianças ou jovens que têm comida dia sim, dia não. Num dia vão à escola e no outro não. Outros que vivem em meio a uma guerra bélica. Aqueles cujos genitores se relacionam de maneira hostil, são alcoólatras ou drogados. Os que são maltratados. Para esses, a rotina se configura como algo nocivo e doentio. Não garante a felicidade. Mesmo para os jovens, que manifestam grande instabilidade quanto a ideias e atos, é muito significativo o bom encadeamento familiar. Eles vivem a contestá-lo, porém, se não Existem, entretanto, questões mais severas que precisam ser analisadas. Um apego excessivo às situações rotineiras e uma acentuada aversão a inovações podem sinalizar alto grau de insegurança e nenhuma disposição para mudanças. Muitos envelhecem e morrem sapateando sobre um único terreno. Sem se dar conta de que a vida demanda transformações, permanecem em inércia obsessiva, acreditando que esse fator seja decisivo para a sobrevivência. Desvinculamse da dinâmica do mundo. Outros são regidos pela inquietude. Nos mais variados aspectos, manifestam constante mutação: experimentam oito casamentos, despedem-se do emprego mediante um convite para viajar, desvinculam-se facilmente de laços afetivos. Ficarão quietos enquanto o caldeirão do prazer estiver fervendo. Podemos, então, pensar que rotina é vida. Não vivemos sem uma. É equivocado afirmar que, por não ser permanente, o sujeito não tem rotina. Nesse caso, sua rotina é a impermanência. Kátia Matos – psicóloga E-mail: [email protected] VALORES & VALORES “Não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai.” Arthur Schopenhauer “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.” Ernesto Che Guevara “Se você ficar pensando muito para fazer as coisas, o momento certo delas às vezes acaba passando.” Toquinho “Sozinhos podemos aspirar a tão pouco; juntos podemos alcançar tanto.” Helen Keller “Uma injustiça cometida contra alguém é uma ameaça para todos.” Montesquieu “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Guimarães Rosa “A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la – mas, quem consegue, descobre tudo.” Charles Chaplin William Shakespeare “A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos.” Sigmund Freud 27 | Pneus & Cia. “Os covardes morrem muitas vezes antes da morte; o valente experimenta o gosto da morte apenas uma vez.” REFORMADORES GUIA DOS REFORMADORES DE MINAS GERAIS ALFENAS RECALFENAS AV. JOVINO FERNANDES SALLES, 761 JARDIM BOA ESPERANÇA - TEL.: (35) 3292-6400 ANDRADAS RECAUCHUTAGEM ANDRADENSE ROD. PINHAL - ANDRADAS - KM 4,7 CONTENDAS - TEL.: (35) 3731-1414 ARAGUARI PNEUBOM – FÁBIO PNEUS AV. VER. GERALDO TEODORO DA SILVA, 79 PARQUES - TEL.: (34) 3242-3456 ARAXÁ PNEUARA – PNEUS ARAXÁ LTDA. AV. TANCREDO NEVES, 495 VILA SILVÉRIA - TEL.: (34) 3661-8571 BARBACENA ASR RECAUCHUTADORA E COM. PNEUS ROD. BR 040, KM 697, S/Nº CAIÇARAS - TEL.: (32) 3333-0227 BQ PNEUS RECAUCHUTADORA E COMÉRCIO LTDA. AV. GOV.BIAS FORTES, 1.629 - B PASSARINHO - TEL.: (32) 3332-2988 RECAPE PNEUS LTDA. RUA BETA, 120 VILA PARIS - TEL.: (31) 3353-1765 REGIGANT RECUPERADORA DE PNEUS GIGANTES LTDA. RUA RIO ORENOCO, 884 RIACHO DAS PEDRAS - TEL.: (31) 2191-9999 SOMAR RECICLAGEM DE PNEUS LTDA. RUA RIO ELBA, 143 RIACHO DAS PEDRAS - TEL.: (31) 3396-1758 CORONEL FABRICIANO AUTORECAPE LTDA. AV. JOSÉ FRANCISCO DOMINGOS, 114 DISTRITO INDUSTRIAL - TEL.: (31) 3842-3900 RECAPAGEM RIO DOCE LTDA. AV. PRES. TANCREDO NEVES, 4.010 CALADINHO - TEL.: (31) 3841-9050 BANDA FORTE RECAUCHUTADORA ROD. BR 040 KM 697 CAIÇARAS - TEL.: (32) 3331-4740 DIAMANTINA PNEUSHOPPING LTDA. RUA JOSE ANACLETO ALVES, 158 CAZUZA - TEL.: (38) 3531-2407 BELO HORIZONTE JAC PNEUS LTDA. AV. DOM PEDRO II, 5.038 JARDIM MONTANHES - TEL.: (31) 3464-5553 DIVINÓPOLIS PNEUMAC LTDA. AV. A, Nº 2.388 ORION - TEL.: (37) 3229-1111 PNEUSOLA PNEUS E PEÇAS S/A. RUA ANTONIO ZANDONA, 144 JARDINÓPOLIS - TEL.: (31) 3361-2522 RECAMAX MÁXIMA LTDA. ANEL RODOVIÁRIO, S/Nº - KM. 03 RANCHO ALEGRE - TEL.: (37) 3216-2000 PNEUBRASA LTDA. AV. CRISTIANO MACHADO, 1.211 GRAÇA - TEL.: (31) 3423-4578 RENOVADORA SEGURANÇA LTDA. RUA ANTONIO PEDRO DE ALMEIDA, 2.000 BALNEÁRIO RANCHO ALEGRE - TEL.: (37) 3222-6565 SILVEIRA & SOUZA RENOV. COM. PNEUS DE MOTOS RUA PEDRO LÚCIO DA SILVA, 88 VENDA NOVA - TEL.: (31) 3451-5576 FORMIGA AD PNEUS AV. BRASIL, 1.151 MANGABEIRAS - TEL.: (37) 3322-1441 BETIM AD PNEUS E SERVIÇOS LTDA. RODOVIA FERNÃO DIAS, S/Nº - KM. 424 JARDIM PIEMONT - TEL.: (31) 2125-9100 RENOVADORA SEGURANÇA LTDA. ROD. MG 050 , S/Nº - KM. 202, 3 VILA SOUZA E SILVA - TEL.: (37) 3322-1239 REDE RECAP RENOVADORA DE PNEUS LTDA. RUA GRACYRA RESSE DE GOUVEIA, 1525 JARDIM PIEMONT - TEL.: (31) 3597-1335 UNICAP AV. LICINIO JOSÉ PINTO, 366 MARINGÁ - TEL.: (37) 3321-1822 CAPELINHA PNEUS CAP LTDA. ANEL RODOVIÁRIO, 600 PLANALTO - TEL.: (33) 3516-1512 GOVERNADOR VALADARES RECAPAGEM VALADARES LTDA. RUA EDER DA SILVEIRA, 460 VILA ISA - TEL.: (33) 3278-2160 CONTAGEM ARAUJO PNEUS LTDA. RUA TOMAZ JEFFERSON, 356 JARDIM INDUSTRIAL - TEL.: (31) 3363-1840 FROTA COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA. RUA SIMÃO ANTONIO, 300 CINCÃO - TEL.: (31) 3358-0000 FOCUS PNEUS AV. DAS AMÉRICAS, 949 PRESIDENTE KENNEDY - TEL.: (31) 3394-7879 28| Pneus & Cia. PNEUS AMAZONAS LTDA. RUA OSÓRIO DE MORAES, 800 VILA BARRAGINHA - TEL.: (31) 3361-7320 JURANDIR PNEUS LTDA. RUA AUGUSTA GONÇALVES NOGUEIRA, 35 INCONFIDENTES - TEL.: (31) 3333-1555 LUMA PNEUS LTDA. VIA EXPRESSA DE CONTAGEM, 4.800 JARDIM MARROCOS - TEL.: (31) 3352-2400 NOVATRAÇÃO MINAS GERAIS S/A. RUA JOSÉ PERMINIO DA SILVA, 80 CINCO - TEL.: (31) 3351-4751 PNEUCON PNEUS CONTAGEM LTDA. RUA DO REGISTRO, 1.715 COLONIAL - TEL.: (31) 3353-9924 REFORMADORA BELO VALE AV. RIO BAHIA, 2.615 IPÊ - TEL.: (33) 3278-1508 IGARAPÉ RECAPAGEM CAMPOS AV. PERINA WENCESLAU DO PRADO, 699 BAIRRO JK - TEL.: (31) 3534-1552 ITABIRITO RECAPAGEM ITABIRITO LTDA. AV. JUSCELINO KUBITSCHEK, 215 AGOSTINHO RODRIGUES - TEL.: (31) 3561-7272 ITAMARANDIBA BODÃO PNEUS E REFORMAS LTDA. TRAVESSA NOVE DE JULHO, 64 SÃO GERALDO - TEL.: (38) 3521-1185 JUIZ DE FORA AM COMÉRCIO DE PNEUS LTDA. RUA BRUNO SIMILI, 678 DISTRITO INDUSTRIAL - TEL.: (32) 2101-1400 RECAUCHUTADORA JUIZ DE FORA LTDA. RUA FERNANDO LAMARCA, 250 DISTRITO INDUSTRIAL - TEL.: (32) 2102-5000 / 5042 FRANS MOREIRA ROD. BR 459 - KM. 97 RIBEIRÃO DAS MORTES - TEL.: (35) 3423-8218 LAVRAS LAVRAS RECAP ROD. BR 265 KM 147 Nº 2045 AEROPORTO - TEL.: (35) 3821-6308 RIBEIRÃO DAS NEVES JP PNEUS LTDA. ROD. BR 040, KM 514, S/Nº NAPOLI - TEL.: (31) 3628-1634 MATIAS BARBOSA PNEUSOLA RECAPAGEM LTDA. OTR CENTRO EMPRESARIAL PARK SUL, 15 – A CENTRO EMPRESARIAL - TEL.: (32) 3273-8622 SANTA LUZIA DURAN RENOVADORA E COMÉRCIO DE PNEUS LTDA. RUA VICENTE LOVALHO, 174 CRISTINA C - TEL.: (31) 3637-8688 SOROCABANA PNEUS LTDA. DT EMPRESARIAL PARK SUL, 11 CENTRO EMPRESARIAL - TEL.: (32) 3273-1127 SÃO DOMINGOS DO PRATA RECAPAGEM PNEUS PRATA LTDA. RUA PAULO DIONISIO, 88 BOA VISTA - TEL.: (31) 3856-1724 MONTES CLAROS RECAPAGEM SANTA HELENA RUA TRES, 40 CENTRO ATACADISTA REGINA PERES - TEL.: (38) 3213-2051 PNEUSOLA AV. DEPUTADO PLINIO RIBEIRO, 853 ESPLANADA – TEL.: (38) 3215-7699 MURIAÉ L & A COMERCIAL PNEUS LTDA. AV. RIO BAHIA, 5.800 - KM. 706 UNIVERSITÁRIO - TEL.: (32) 3722-4042 NANUQUE CACIQUE PNEUS LTDA. RUA ARTHUR FELIPE DOS SANTOS , 40 CENTRO - TEL.: (33) 3621-4924 SÃO JOAO DEL REY MANTIQUEIRA RECAUCHUTADORA AV. 31 DE MARÇO, 1731 COLONIA DO MARÇAL - TEL.: (31) 3371-7800 SÃO LOURENÇO BRISA PNEUS LTDA. RUA EVARISTO DA VEIGA,112 CENTRO - TEL.: (35) 3332-8333 SETE LAGOAS RECAPAGEM CASTELO LTDA. AV. MARECHAL CASTELO BRANCO, 4.001 UNIVERSITÁRIO - TEL.: (31) 3773-9099 RECAPAGEM SANTA HELENA RUA OTAVIO CAMPELO RIBEIRO, 4.305 ELDORADO - TEL.: (31) 2106-6000 NOVA LIMA RENOVADORA DE PNEUS OK S/A. 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