Opinião Boa prosa Sem querer ser repetitivo, resta lembrar que o ano de 2015 está chegando ao fim e muito do que foi prometido pelo poder público para acontecer em Anápolis acabou não acontecendo. A Ferrovia Norte Sul, por exemplo, termina o ano conforme começou, embora tenha sido “inaugurada” por várias vezes. Só que, não se viu nenhuma composição trafegando por ela. Da mesma forma, o tal anel viário que contorna a região urbana da Cidade, indo até ao distrito de Interlândia, está do mesmo tamanho. O que dizer, então, do Centro de Convenções, mostrado recentemente como “o maior criadouro do mosquito Aedes aegypti” da Cidade? Junte-se a isto, a obra da nova cadeia pública que, também, passou o ano em branco. Sem contar o centro de internação para menores infratores, o contorno viário do DAIA e a tal a pavimentação de alguns bairros que seria feita em parceria da Prefeitura com o Governo do Estado. Vai ficar tudo para o ano que vem. Por sinal, ano eleitoral. [email protected] Nossos políticos Aconteceu em Curitiba, considerada uma das cidades mais evoluídas do Brasil: o vereador Professor Galdino (PSDB) apresentou um projeto de lei pelo qual os funcionários públicos municipais têm direito a um dia de folga em caso de morte de seu animal de estimação. A mudança se dá por um acréscimo na lei que regula o funcionalismo, onde há várias previsões de dias de ausência remunerados. O vereador acrescenta mais um, com a seguinte redação: “Por 1 (um) dia consecutivo, por motivo de falecimento do animal de estimação, devidamente microchipado e cadastrado na Rede de Proteção Animal.” Segundo o vereador, a ideia é reconhecer o vínculo entre a pessoa e seus animais. E, diz ele, um benefício adicional seria estimular a microchipagem dos bichos. Pode? À distância Gedeão Epaminondas de Camargo Neto, radialista e jornalista (esportivo, policial e político) dos melhores que já pisaram em Anápolis, vive, hoje, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde continua na ativa. Torcedor apaixonado da Associação Atlética Anapolina, ele que, nos anos 70 e 80 foi um dos grandes colaboradores do Clube, acompanha as notícias de Anápolis através do Jornal Contexto. E, diz ter preferência por esta coluna. Necessário dizer que, além da satisfação e do orgulho que tenho nisso, Gedeão foi um dos meus principais in- centivadores no começo da (acanhada) carreira. Devo, muito, a ele. (Nilton Pereira). Nosso futebol Um dos maiores símbolos do futebol brasileiro, o Estádio do Maracanã (antigo Estádio “Mário Filho”) está por um fio. Desde que foi fechado para reforma e ampliação em 2013, para a Copa do Mundo, ao custo de R$ 1,4 bilhão, o que já foi o maior estádio do mundo amargou prejuízos superiores a 150 milhões de reais. Hoje ele é, praticamente, um “elefante branco” e o Governo do Rio de Janeiro não sabe o que fazer dele, principalmente depois que sua principal parceira, a construtora Odebrecht se envolveu com a Operação Lava Jato. Já estão querendo privatizar (vender) o Estádio assim que terminaremos jogos Olímpicos do ano que vem. Muito estranho É, pelo menos, estranho o surgimento do chamado surto do Zica Vírus, que está atormentando a todo mundo. Mulheres estão temerosas de se engravidarem; muitos estão refletindo mais antes de decidirem viajar para o Nordeste, por exemplo. Gente que não entende nada do assunto dando palpite todo dia no rádio, TV e jornais. Com isso, cresce o pânico entre a população. O bom senso recomenda um pouco de precaução e de prudência. Que a doença existe, existe desde sempre. Mas, essa enxurrada de casos mexe com a imaginação de muita gente. Alguma coisa, ainda, não está batendo nessa história toda. Carros novos As vendas de veículos zero quilômetro cresceram pouco mais de um por cento no último mês de novembro, em relação a outubro. Mas, em se comparando com novembro do ano passado, a queda foi de 37 por cento, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE). A entidade faz, também, cálculos pessimistas para o ano que vem. Estima-se que a queda em relação a 2015 seja acima de cinco por cento. É preocupante, tendo-se em conta que a indústria automobilística é uma das maiores empregadoras no Brasil. Segurança Dentro da ideia de segurança na passagem do ano, já podem ser observadas, sem muitas dificuldades, as providências adotadas por alguns shoppings e lojas de maior estrutura para melhorarem suas vigilâncias internas. O objetivo é diminuir a incidência dos chamados pequenos furtos, muito comuns quando da aglomeração de clientes nesses estabelecimentos, além de impedir a ação de outros tipos de malfeitores, como assaltantes. O número de seguranças particulares aumentou consideravelmente. Samuel Vieira [email protected] Surpreendido por Deus Deus se evidencia e o mundo espiritual que sempre esteve presente de forma invisível, agora torna-se perceptível. Deus sempre esteve ali, mas agora ele toma conhecimento de sua realidade C omo parte de minha espiritualidade, na época de natal tenho o hábito de ler os textos do Evangelho que descrevem o nascimento de Cristo. Se possível, ouvindo músicas natalinas tradicionais, que inspiram muito a minha fé. Esta liturgia pessoal da alma, ou se preferirem uma linguagem mais comercial, esta agenda, traz um enorme benefício ao meu coração. A primeira narrativa do Natal, o primeiro evento, é a manifestação do arcanjo Gabriel a Zacarias, pai de João Batista. “Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o sacerdócio na ordem de seu turno, coube-lhe por sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar incenso” (Lc 1.18). Se você ler atentamente o texto, vai perceber que todas as palavras revelam uma espécie de rotina. “...segundo a ordem de seu turno”; “... coube-lhe por sorte”, “... costume”. Zacarias estava fazendo algo cotidiano. Nada de especial havia ali. Esta era a sua função, e ele estava na escala, cumprindo o seu turno, como um executivo vai para sua empresa todos os dias, como um operário que pega o ônibus para sua fábrica, ou um estudante que acordou cedo para ir à escola. Eventos comuns, gestos rotineiros. Nada excepcional. Neste contexto de “normalidade”, surge o extraordinário. Deus se evidencia e o mundo espiritual que sempre esteve presente de forma invisível, agora torna-se perceptível. Deus sempre esteve ali, mas agora ele toma conhecimento de sua realidade. Deus mergulha no universo rotineiro deste homem e altera substancialmente sua trajetória de vida. Ele jamais poderia imaginar que seria pai de João Batista, o precursor de Jesus – e que os homens do Século XXI como nós, numa cultura e país distante, estaríamos refletindo sobre sua experiência. Quando eu leio esta história, me vem à mente a frase do historiador Arnold Toynbee: “Toda história, uma vez tirada a casca e exposta a sua essência, é na verdade, espiritual”. Então, fico com vontade de dizer a Deus: “surpreenda minha história!” Que dos movimentos rotineiros do trabalho, e atividades comuns, surja algo extraordinário, sopre um vento incomum que me surpreenda. Talvez seja exatamente este o significado perdido do Natal. Ele fala de utopias e sonhos, desejos e anseios. De um Deus, para muitos distante e inacessível, que decide morar com os homens e caminhar nas estradas poeirentas da Galileia, apontando para um sentido maior da vida. De alguém que pode visitar um casamento que já perdeu o sabor e fazer um vinho novo e melhor, que tem a capacidade de curar e tocar pessoas estigmatizadas, esquizofrenizadas, feridas e doentes e libertá-las do ciclo vicioso da auto destruição e desespero. Natal nos aponta para um Deus que pode nos surpreender... 3 Sonho interrompido Puxão de orelha NILTON PEREIRA Anápolis, de 11 a 17 de dezembro de 2015 Menina pobre, sofrida, oriunda de uma família humilde, Divina veio para Anápolis na pré-adolescência, entre os 11 e 12 anos. O pai, Seu João Calixto, viera com a prole em busca de dias melhores, principalmente para facilitar o acesso dos meninos à escola, já que, na região onde moravam, zona rural de Jaraguá, não havia, ainda, esta facilidade. Era final dos anos 60. A mãe. Maria das Dores, analfabeta, cuidava da família como podia, enquanto Seu João trabalhava em um depósito de lenhas, ofício muito comum naqueles tempos. Vida que seguia. Por ser a mais velha, Divina foi, logo, mandada ao serviço. Primeiro, como empregada doméstica. Mas, não se adaptou. Tempos depois, por intermédio de uma vizinha, aos 14 anos, arranjou trabalho em uma famosa empresa de torrefação e moagem de café que existia na Cidade. Levantava cedo, antes de o sol nascer e ganhava o caminho do serviço. Voltava para o almoço, retornava para a torrefação e, de lá, ia para a escola noturna. Mas, apesar de tudo, não reclamava. Divina era um doce de pessoa. Atenciosa, gentil, humilde e muito responsável. E, foi, justamente, nesta escola que ela conheceu o Aguimar. Bem falante, muito querido entre os amigos e, sapateiro de mão cheia, apesar da pouca idade. O que o atrapalhava, entretanto, era o excesso na bebida. Todo final de semana, em qualquer lugar, fosse festinha, fosse casamento, fosse bar, ele sempre enchia a cara. E, como acontecem coisas que não se pode explicar, Divina acabou por iniciar um namorico com o Aguimar. A mãe, com uma espécie de sexto sentido, parecia prever o pior e sempre a alertava: “Filha, esse rapaz não serve pra você. Ele é beberrão, vai te dar muito trabalho, se você se casar com ele”. Divina ouvia aquilo quase todos os dias. Mas, ponderava: “Mãe, ele vai parar de beber, eu gosto dele, vou ajudá-lo a sair desta vida. Ele é trabalhador, filho de boa família”, acrescentava. Só que, o tempo passou e quando completou 17 anos, Divina ficou noiva do Aguimar. Menos de um ano depois, estavam casados. Ele continuava na mesma vida: trabalhava muito, era bastante requisitado, mas, o que ganhava na sapataria, ficava no bar. Veio o primeiro filho. Um ano depois, o segundo. Divina teve de deixa o trabalho onde estava há quase seis anos para cuidar das crianças. Mas, sua vida era um sofrimento só. Dificuldades financeiras, marido bêbado quase todo dia, sem qualquer perspectiva de vida. E os conselhos choviam: “Larga desse homem, você ainda é nova, pode recomeçar a vida”, sempre lhe diziam. Mas, ela impassível, não abria mão do amor. “Não sei viver sem ele. É o homem que Deus me deu para ser meu marido”, dizia resignada. Com, apenas, cinco anos de casado, Aguimar foi vencido pela bebida. Deixou o serviço, vivia nos bares e nas ruas. Não foram poucas as vezes em que chegou em casa machucado, resultado de brigas e confusões. Chegou a ser preso por arruaça algumas vezes. Divina não se cansava de buscá-lo nas ruas, onde crianças e adolescentes zombavam dele, devido ao alto estado de embriaguez. Foi até que, Aguimar não saía mais de casa. Mas, sempre, encontrava um jeito de comprar bebidas. Resultado: foi se definhando e, aos 32 anos caiu de cama para não mais levantar. Morreu, deixando Divina e os três filhos ainda menores de idade. Em volta do caixão, momentos antes de sair o féretro, ela fez sua última declaração ao marido: “Você foi o único amor da minha vida. Não tenho nada a reclamar de você. Descanse em paz”. Quase ninguém conseguiu segurar as lágrimas. Divina, com todas as dificuldades, voltou a trabalhar, aprendeu o ofício de costureira, acabou de criar os filhos. E, mesmo apesar de nova e, ainda, muito bonita, nunca mais se casou. Curtiu a viuvez até morrer em 2006, aos exatos 54 anos de idade. (Fato verídico. Mas, em respeito à família, os nomes das personagens são fictícios). O parque Se o Parque do Ipiranga foi considerado um dos principais feitos da administração de Antônio Gomide, tem-se como certo que o Parque da Reboleira (nome ainda indefinido) na Vila Jaiara, vai ser um dos principais marcos da administração João Gomes. De acordo com o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Céser Donizete, o novo parque tem área maior e vai oferecer alternativas inovadoras em termos de diversão e lazer. Olisomar Pereira Pires Golpe pra uns, democracia pra outros I mpeachment é golpe, gritam os defensores do governo, os quais, implicitamente, concordam ou talvez até admirem a atual situação das coisas no país: recessão econômica, retração produtiva, desemprego, inflação, desequilíbrio entre o que gasta contra o que arrecada – tudo isso, frutos de uma gestão desastrada, infelizmente. Alguns amigos do palácio dizem até que seria a tentativa da “corrupção” de se livrar de alguém não conivente com a mesma (!) - Ora, tudo que a corrupção precisa no mundo é de pessoas incompetentes desse modelo, bastam ver as cifras bilionárias discutidas e confessadas na Polícia Federal e Ministério Público – um cinismo tão desproporcional quanto a lama produzida nos últimos anos por uma oligarquia multifacetada. Entretanto, essa última parte não é necessária para analisar o pedido de impedimento, não me refiro ao mérito do processo, isso será decidido a seu tempo, seja na comissão especial, seja no plenário do congresso, bem ou mal. Apenas para situar a questão, a presidente não é acusada de ter contas na Suíça, não é acusada de desvio de dinheiro público, contra ela, no documento impetrado por ex-fundador do próprio partido ao qual ela pertence, denuncia-se, prioritariamente, fraude fiscal, contábil e orçamentária, eufemisticamente batizada pela mídia amiga como “pedaladas fiscais”. O que não se entende é a obsessão em alcunhar de golpe o que golpe não é ! Aliás, é perfeitamente compreensível essa tática, ela mira nos mais desinformados, tenta camuflar a realidade ou o objetivo, faz parte desse jogo sujo da política: mentir, mentir, enganar e mentir de novo. O que fica é que a ferramenta de impeachment, constitucional em nosso regime democrático, não é decidido por uma única pessoa, será analisado pelo maior símbolo da democracia, o Congresso Nacional, ser contra o simples início do processo é se declarar antidemocrático - como pode ser golpe algo que será amplamente discutido, de forma representativa, por todo o Brasil ? Não, não é golpe. Tudo o que passar disso é simples desespero, medo do resultado final, logo, se há receio é porque há fundamento, havendo fundamento, passa-se a atacar a origem, tão antigo isso quanto Caim e Abel. Nesse intervalo, sofre toda a nação, rica ou pobre, em especial a mais pobre, visto que seu sangue, sua fome, seus filhos, são as vítimas diretas do desleixo e incompetência, enquanto os grandes lutam por seus cargos e poder e apenas isso. Como disse, não importa o final desse processo, se a presidente sai ou não sai nesse momento é somente um detalhe, apenas não é justo concordar que o processo não possa sequer existir ou em existindo, seja demonizado por sua singela existência. Que o processo de impeachment, independente de sua conclusão, traga ao Brasil um novo rumo, seja por meio da conscientização dos atuais governantes de que algo está muito errado, seja na figura de outros empoderados e se ainda nada mudar, que venham novos pedidos de impeachments, assim se age em um estado de direito democrático e livre, pelo menos em teoria.