Volume 24 / Número 1
EDIÇÃO PORTUGUÊS
ATOS
HERDEIROS DE DEUS
Sua Adoção
Espiritual
&
Cidadania
Celestial
DADÃ
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO NÃO
DESTE
MUNDO
CIDADÃO NÃO
DESTE
MUNDO
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ADOÇÃO:
Herdeiros
de
Deus!
Rev. Frank R. Parrish
A
doutrina bíblica da ADOÇÃO espiritual não é amplamente estudada, tampouco bem compreendida.
Contudo, este princípio bíblico revela verdades importantes, até mesmo profundas, sobre o nosso relacionamento com Deus.
Eu gostaria de incentivá-lo a estudar em oração este ensino bíblico sobre a Adoção Espiritual. À medida que você
estiver estudando, peça fervorosamente ao Espírito Santo
para ajudar a sua mente a compreender e o seu coração a
receber esta verdade. Se você fizer estas coisas, a verdade
bíblica da Adoção transformará o seu relacionamento pessoal com o Senhor Vivo e reajustará o serviço ministerial
que você oferece a Ele e à sua igreja.
Introdução
O conceito de adoção da maneira praticada em nosso
mundo hoje é um conceito com o qual a maioria de nós estamos familiarizados. É geralmente quando um adulto generoso assume uma criança indesejada ou órfã e torna essa criança parte da sua família. A adoção deste tipo é praticada na
maior parte do mundo e tem sido feita há milhares de anos.
A Bíblia também tem muito a dizer sobre a adoção. No
2 / ATOS
entanto, quando as Escrituras se referem à adoção, este termo representa muito mais do que o ato de se assumir um
órfão.
O que o Espírito Santo queria que soubéssemos sobre o
conceito da adoção? Ele inspirou o Apóstolo Paulo a escrever: “Porque não recebestes o espírito de escravidão para
outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de
adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8:15). “E
nos predestinou à adoção como filhos por Jesus Cristo a Si
Mesmo, de acordo com o beneplácito da Sua vontade” (Ef
1:5); “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu
Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os
que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção
como filhos” (Gl 4:4,5).
Deus divinamente revelou uma preciosa verdade através dos escritos bíblicos dos Seus servos que Ele quer que
saibamos e aceitemos entusiasticamente. O nosso conceito
atual de “adoção” certamente é maravilhoso e é uma tremenda bênção a qualquer criança órfã. Contudo, através de
uma comparação, é somente uma sombra da bênção e do
propósito extremamente profundos da adoção espiritual feita pelo nosso amoroso Pai Celestial. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Parte I
A
Prática
da
Adoção
P
ara obtermos uma melhor compreensão da referência de Paulo à adoção no Novo Testamento, sera
útil analisarmos mais detalhadamente a adoção da
maneira como era praticada na cultura da sua época.
A.Histórico Cultural
1. As Culturas Judaica e do Oriente Médio
Muitas das culturas orientais praticavam a adoção de
uma maneira ou de outra. Antigos textos históricos revelam que os babilônios, os nuzis, os ugaritas, e todos
os outros povos que eram contemporâneos dos israelitas
praticavam a adoção.
O termo hebraico verdadeiro, referente a “adoção”,
não aparece no Antigo Testamento. Contudo, o conceito
de uma criança recebendo os privilégios, o nome, e as
vantagens da família de uma outra pessoa é visto em várias passagens do Antigo Testamento:
●● Abrão dispondo-se a adotar o servo da sua família
como seu herdeiro (Gn 15:1-4)
●● Abrão e Sarai estando dispostos a adotarem
o filho de Hagar como herdeiro de Abrão (Gn
16:1-3)
●● A adoção dos dois filhos de José como sendo os
próprios filhos de Jacó (Gn 48:5)
●● A adoção de Moisés pela filha de Faraó (Êx 2:10)
●● Genubate sendo criado na corte de Faraó como
um dos seus filhos (1Rs 11:19,20)
●● A adoção de Ester por Mardoqueu (Et 2:7,15)
O conceito da adoção também está presente na literatura israelita (Veja Provérbios 17:2; 29:21). Estas
referências talvez sejam sobre a adoção de escravos a
uma família livre. Além disso, este tipo de adoção talvez
tenha fornecido a maneira de a criança nascida de um
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
pai livre e de uma mãe escrava herdar propriedades (Gn
21:1-13; 30:1-13).
Adotados por Deus
Mas o mais profundo e importante quadro de adoção do Antigo Testamento é o de Deus adotando a Israel
como Seu filho.
O povo de Israel é citado como filhos de Deus quando eles foram redimidos da sua escravidão no Egito (Êx
4:22; 14:2; 33:5). Até mesmo quando Deus entrou em
juízo e pronunciou o Seu desagrado com Israel, ainda
assim Ele chamou a Israel de Seu filho (Is 1:2,4; Jr 3:19;
Os 1:10, 11:1,2).
O conceito da adoção está muito presente no Antigo
Testamento. Assim sendo, também estava muito presente na cultura e no treinamento religioso do povo judeu,
inclusive durante a época do Apóstolo Paulo.
2. Culturas Romana e Grega
Claramente, a explicação de Paulo sobre a adoção
espiritual inclui os conceitos e as descrições do Êxodo
de Israel do Egito. Contudo, Paulo também foi criado
na cultura romana dominante da sua época e a ela foi
exposto. E foram os romanos que plenamente desenvolveram a prática cultural da adoção. Esta prática servia
tanto como uma função cívica prática como também
como uma instituição legal.
●● Assim sendo, quando Paulo explica a nossa
adoção espiritual, ele combina as ricas descrições e conceitos de ambas as culturas, recorrendo:
●● à história do povo judeu, e às leis e práticas
da adoção da cultura romana em que ele foi
criado.
ATOS / 3 EDIÇÃO PORTUGUÊS
Volume 24 / Número 1
ATOS
Índice
ADOÇÃO: Herdeiros de Deus
por Rev. Frank R. Parrish
Introdução . .......................................................................... 2
I. A Prática da Adoção........................................................... 3
II. Princípios das Escrituras com Relação à Adoção............... 5
III. O Preço da Adoção.......................................................... 9
IV. O Privilégio da Adoção................................................... 13
V. O Propósito da Nossa Adoção......................................... 18
Conclusão........................................................................... 21
CIDADANIA CELESTIAL
Desenvolvendo Uma Visão Bíblica do Mundo
Adaptado dos ensinos do Dr. Vic Torres, Jr.
Introdução . ........................................................................ 22
1. A Perspectiva de Deus.................................................... 23
2. A Nossa Cidadania Está no Céu..................................... 25
3. A Nossa Cosmovisão...................................................... 26
4. Quando a Nossa Cosmovisão se Torna
um Obstáculo................................................................. 28
5. A Experiência de Vida Vs a Palavra de Deus................... 31
6. Desenvolvendo Uma Visão Bíblica do Mundo................ 36
7. O Impacto Transformador de Uma Cosmovisão Bíblica.. 38
8. As Ferramentas da Renovação e Transformação............. 41
9. Alguns Princípios Adicionais........................................... 44
Editores...............................................Frank & Wendy Parrish
Editor Internacional............................................. Gayla Dease
Revisor Final........................................................ Keith Balser
Fundador do World MAP............................... Ralph Mahoney
Artes Gráficas................................................... Vander Santos
Ilustrações........................................................Dennis McLain
Tradutor...........................................................Marcos Taveira
Revisora.............................................................. Nadya Denis
Leitura Final.................................................. Maura Ocampos
Impressão Gráfica..................................... Editora Betânia S/C
VISÃO E MISSÃO DA REVISTA ATOS
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líderes de igreja na Ásia, África e América Latina que pregam ou
ensinam a Palavra de Deus a 20 ou mais pessoas a cada semana,
de forma que estejam equipados para cumprir a Grande Comissão
em sua própria nação e ao redor do mundo.
ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publicada a cada
três meses pelo “World MAP”, 1419 N. San Fernando Blvd.,
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4 / ATOS
Mantenha em mente que o estudo destas duas tradições culturais nos ajudará a compreendermos os conceitos
que Paulo descreveu com relação à adoção espiritual.
Adoção Romana
Numa típica família romana, o pai era o chefe e soberano absoluto. Todas as pessoas relacionadas pelo sangue nesta família estavam sob a sua completa autoridade. Isto também se aplicava a todos os que haviam sido
acrescentados à família através da adoção legal.
O processo romano de adoção legal era completado por uma cerimônia de transmissão. Esta cerimônia
era realizada diante de um tribunal de justiça romano,
onde a pessoa que estava sendo adotada era transferida à família do adotante. Esta transferência tinha
que ser testemunhada e atestada por uma outra pessoa
fidedigna. A adoção romana poderia ser efetuada independentemente da idade da pessoa que estava sendo
adotada.
As chaves para a compreensão do processo de adoção na sociedade romana são: (a) a autoridade do pai
adotante; (b) a mudança completa que a adoção trazia à vida da pessoa que estava sendo adotada.
A adoção incluía muitas mudanças para a pessoa
adotada, como, por exemplo:
●● Todos os relacionamentos ou lealdades anteriores
eram rompidos.
●● Todas as dívidas e obrigações anteriores eram
canceladas ou pagas pela nova família.
●● O adotado tornava-se um herdeiro do patrimônio
do pai.
●● O adotado experimentava um relacionamento
mais completo com o pai adotante e com a nova
família, o qual definiria e moldaria o ponto de
vista do adotado sobre a vida, sobre si mesmo, e
sobre o mundo ao seu redor.
O filho adotado também estava sob a total autoridade
do seu novo pai, o que significava que o novo pai:
●● era considerado o proprietário de todas as posses
e da vida do adotado;
●● tinha o direito de disciplinar e direcionar o comportamento do adotado;
●● tornava-se responsável pelas ações do adotado.
O ato da adoção também significava que ambas as
partes tinham o compromisso de sustentarem e de ajudarem a manter um ao outro. O pai sustentava e tomava
conta do adotado, e o adotado sustentava e contribuía
com a sua nova família.
A adoção dava claramente muitos direitos e privilégios importantes ao novo herdeiro. Contudo, ela também
exigia que o adotado aceitasse o seu próprio conjunto de
deveres e responsabilidades.
A obediência e submissão do adotado para com o seu
novo pai era justamente esperada. O adotado também
não deveria envergonhar ou desonrar o seu novo pai e
família; ao invés, ele deveria viver de uma maneira que
aumentasse a honra, a influência, e o prestígio do seu pai
e família. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Parte II
Princípios
da Adoção
nas
Escrituras
A
palavra grega do Novo Testamento correspondente a “adoção” é huiothesia. É uma palavra
composta das raízes referentes a “filho” e a “uma
colocação”. Isto subentende mais do que a colocação de
uma criança – é a colocação de um filho. A importância
disto será estudada mais tarde neste ensino.
A. O Uso da Adoção por Paulo
O Apóstolo Paulo é o único escritor do Novo Testamento que usa a palavra adoção. Paulo, inspirado pelo Espírito
Santo, usa este “quadro ilustrativo de palavras” cinco vezes
no Novo Testamento.
A palavra “adoção” é usada uma vez em referência a
Israel (Rm 9:4); é usada três vezes em relação à vida do
crente nascido de novo (Rm 8:12-17; Gl 4:1-5; Ef 1:3-6); e,
finalmente, Paulo usa “adoção” para referir-se à nossa esperança pelo futuro em que plenamente experimentaremos
o completamento da nossa fé por ocasião da Segunda Vinda
de Cristo (Rm 8:22,23).
1. Definição de Adoção
Antes de continuarmos este estudo sobre a adoção, é
importante apresentarmos brevemente uma outra verdade
bíblica que ajudará a nossa compreensão. Quando a Bíblia
usa a palavra “filho” em referência a um seguidor de Cristo,
este termo inclui as pessoas do sexo masculino como também do feminino. Assim sendo, neste ensino, usaremos a
palavra bíblica “filho” ao referirmo-nos a um filho adotado,
que pode significar um homem ou uma mulher.
Esta “filiação”, tanto para crentes do sexo masculino
como do feminino, significa que a plena herança de Deus é
recebida por todas as pessoas que são salvas pela fé em Jesus Cristo (Veja Gálatas 3:26-28 e Colossenses 3:11). Não
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
há nenhuma diferença entre o herdeiro do sexo masculino
e do feminino. Todos têm os mesmos direitos à sua herança
em Cristo e aos plenos benefícios e privilégios da sua filiação.
Limites Da Adoção Humana
Para plenamente compreendermos o princípio bíblico da adoção, precisamos definir claramente como ela é
usada no Novo Testamento. O uso de Paulo deste termo é
radicalmente diferente de como talvez pensemos sobre este
termo na vida cotidiana. A maioria de nós entendemos
a adoção como a maneira pela qual uma criança que não
é nascida numa certa família pode tornar-se um membro
integral desta família. Esta criança adotada provavelmente
terá características bem diferentes das dos pais adotantes. A
criança adotada e os pais adotantes talvez tenham diferenças na altura ou porte físico, na personalidade, nas reações
emocionais, ou até mesmo nos hábitos ou maneiras de falarem.
Normalmente, os pais adotantes reconhecem uma qualidade ou característica numa criança órfã que faz com que
sejam atraídos a ela. Talvez seja a aparência física, uma personalidade encantadora, ou um temperamento alegre. Talvez seja a necessidade desesperadora de uma criança indesejada, ou a compaixão pelas limitações físicas ou mentais
de uma criança e o desejo de ajudá-la.
Independentemente do motivo para a adoção, o ato da
adoção humana não transmite automaticamente à criança
adotada a natureza, disposição ou características dos pais
adotantes.
Mas, com relação a isto, há diferenças radicais e maravilhosas entre o processo humano de adoção e a nossa adoção
espiritual na Família de Deus!
ATOS / 5 Uma Nova Criação
A primeira e mais importante diferença é o fato de que
TODO indivíduo que é adotado por Deus (huiothesia = colocado como filho) nasceu primeiramente como filho de
Deus (Jo 1:12,13). A adoção por Deus não é o ato de tornar
alguém um filho. Ao invés, é a colocação de alguém que já
se tornou um filho pela salvação através de Cristo.
Quando alguém nasce de novo pela graça através da fé
em Cristo (Ef 2:8-10), esta pessoa é imediatamente aceita
por Deus como um filho Seu. A morte sacrificial e a ressurreição de Jesus forneceram a maneira pela qual todos
os que recebem a salvação através de Jesus Cristo são restaurados a Deus como Seus filhos. Deus então, imediata e
soberanamente, adota essas pessoas à Sua família! A adoção espiritual ocorre no momento em que a pessoa recebe a
Cristo como seu Salvador e nasce de novo pelo Espírito.
A Bíblia revela que, quando somos salvos, tornamo-nos
uma nova criação em Cristo (Gl 6:15). Em nossa salvação,
a antiga natureza, que outrora tínhamos, é transformada (1
Co 6:9-11). Tornamo-nos pessoas “nascidas de novo”, e todas as coisas para nós tornam-se novas (2 Co 5:17). Começamos a viver a vida como indivíduos perdoados e lavados
por sangue. Temos agora a presença de Cristo pelo Espírito
Santo vivendo dentro de nós. Somos pessoas “novinhas em
folha” em nosso “homem interior”, começando uma vida
espiritual “novinha em folha” pela primeira vez.
Sendo estas pessoas “novinhas em folha”, somos então
imediatamente colocados numa nova família – a Família
de Deus. Somos mais do que um órfão sendo introduzido
numa família diferente. Somos ao invés recém-nascidos e
introduzidos na Família de Deus como filhos “novinhos em
folha”. Somos membros integrais do Corpo de Cristo.
Não temos que obter a nossa filiação por merecimento ou provar o nosso valor antes de sermos aceitos na
Família de Deus. Desde o momento da nossa salvação,
somos considerados filhos do nosso Pai Celestial!
Plena Filiação – Imediatamente!
Esta adoção espiritual imediata também significa que
temos uma imediata maturidade de posição em Cristo.
Portanto, TODAS as responsabilidades e privilégios do
fato de sermos filhos na Família de Deus são imediatamente
nossos.
Não há uma “fase de infância” na expectativa de
Deus para as nossas vidas. Devemos começar imediatamente a viver uma vida de santidade, de serviço e de
responsabilidade cristã, da melhor maneira possível e à
medida que Deus nos der a graça sobrenatural e a ajuda
para fazermos isto (Fp 1:6). Devemos começar a viver
como membros da Família de Deus, obedecendo aos
Seus mandamentos e servindo-O como nosso amoroso
Pai.
Obviamente, há uma necessidade de que todo novo
cristão amadureça e cresça como crente em Jesus Cristo.
Não nos tornaremos totalmente maduros ou aperfeiçoados
imediatamente (Fp 2:12,13). Mas, apesar disso, é vitalmente importante que percebamos que, no momento da nossa
salvação, somos espiritualmente colocados como filhos
6 / ATOS
maduros. Temos imediatamente TODAS as responsabilidades – e privilégios – do fato de sermos membros da Família de Deus, independentemente do nosso nível de maturidade espiritual em Cristo. É isto o que significa recebermos
a posição de filhos maduros.
De Pastor Para Pastor
Pastor: este posicionamento espiritual feito por Deus é uma
das razões pelas quais é vitalmente importante ensinarmos e
treinarmos Novos Crentes. Eles precisam entender Quem Deus
é, o que Ele fez por eles através de Jesus, e o que Ele espera
deles. Eles precisam aprender como devem agir, como amados
filhos de Deus, e como devem viver, como Seus embaixadores
nesta terra.
Exatamente como qualquer criancinha, os que são “bebezinhos em Cristo” precisam ser alimentados, ensinados e treinados. Como pastores do Rebanho de Deus, este é o nosso chamado principal (1 Pe 5:2).
Esta função pastoral é um chamado sublime e traz consigo
uma grande responsabilidade. Deus nos confia os Seus “cordeiros”. Devemos cuidar deles, alimentá-los com a Palavra de Deus,
e dirigí-los de maneira que eles saibam como devem andar com o
Senhor. Não precisamos ser brilhantes, talentosos, nem ter muita
instrução. Mas precisamos ser fiéis, exatamente como Moisés o
foi (Hb 3:2).
Como pastores, somos chamados a amarmos as ovelhas e a
protegê-las dos que podem ferí-las (At 20:27-29). Devemos servir
amorosamente ao nosso rebanho, ajudando-os a amadurecer e
crescer como filhos e filhas do nosso Pai Celestial.
Como líderes de igreja, precisamos fazer o melhor possível
para fielmente representarmos o Sumo Pastor às Suas ovelhas.
Precisamos nos esforçar sempre para ensinarmos corretamente
a Palavra de Deus, guiando os que lideramos de maneira que
eles saibam como conhecer e compreender o seu Pai Celestial.
Um dia prestaremos contas do quão fielmente executamos este
chamado santo (Hb 13:17; 1 Pe 5:2-4). ●
Lógica Humana Equivocada
Geralmente há interpretações errôneas com relação
às passagens das Escrituras sobre a adoção espiritual.
Isto causa um mal-entendido com relação à nossa verdadeira posição diante de Deus depois da salvação.
Na sociedade humana, é geralmente o filho adulto
maduro que recebe os privilégios de ser um herdeiro
das propriedades do pai. Algumas pessoas erroneamente aplicam esta mesma lógica humana a uma passagem
chave em que Paulo escreve sobre o princípio da adoção
(Gl 4:1-7). Mas, antes de examinarmos esta passagem,
analisemos primeiramente o capítulo anterior de Gálatas. Isto ajudará a estabelecermos o contexto para as declarações e revelações de Paulo sobre a nossa adoção
espiritual.
Propósito da Lei
Paulo veementemente argumenta que ninguém pode
ser justificado pela Lei (Gl 3:10-14,21,22; veja também
Gálatas 2:16; Romanos 3:9-28). É impossível para os
seres humanos obedecerem completamente toda a Lei.
Portanto, a Lei nunca pode salvar-nos ou restaurar-nos
ao nosso lugar de filhos do Deus Vivo.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Mas a Lei, da maneira dada por Deus, ainda tinha um
tremendo propósito: revelar para nós o nosso pecado e a
nossa necessidade de um Salvador que pudesse cumprir
as exigências da Lei e redimir-nos (Gl 3:19-22).
Paulo então usa as características romanas da adoção
para mostrar ainda mais como Deus usou a Lei. As Escrituras declaram que “antes que a fé [salvação] viesse”, éramos
“mantidos sob guarda” pela Lei, a qual era “o nosso tutor”
(Gl 3:23,24).
Nas famílias romanas, era comum a existência de um
mordomo ou guardião adulto, o qual era responsável em
disciplinar e cuidar das crianças. Assim sendo, Paulo contrasta o sermos “mantidos sob guarda” por um mordomo
(a Lei) com a nossa nova posição como filhos depois da
nossa salvação: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé
em Cristo” (Gl 3:26).
A palavra grega referente a “filhos” usada por Paulo
nesta passagem é huios. Observe que é a mesma raiz usada
para “adoção” (huios/thesia, filho/colocação). O uso desta
palavra por Paulo nos revela que, no momento em que nascemos de novo, não estamos mais sob a “tutela” da Lei (Gl
3:25; Rm 7:6). Ao invés, somos colocados pela ação soberana de Deus como filhos integrais na Família de Deus.
Em outras palavras, na salvação, Deus nos coloca na posição de filhos maduros.
Agora, com este contexto em mente, vamos analisar a
passagem chave de Paulo com relação à adoção espiritual.
A Nossa Condição Espiritual Antes da Adoção
“Digo, pois, que, todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de
tudo. Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo
determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos
meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo; mas, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho,
que clama: Aba, Pai! Assim que já não és mais servo, mas
filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo”
(Gl 4:1-7).
Nesta passagem, Paulo está usando um “quadro ilustrativo de palavras” sobre a adoção cultural romana para revelar verdades espirituais. O filho ainda menino na família era
pouco mais do que um escravo em termos das suas liberdades (Vs. 1). Contudo, ele tinha o potencial de ser colocado
como filho e receber os benefícios quando ele crescesse à
plena maturidade ou quando o pai morresse.
Paulo então faz uma declaração sobre a condição espiritual dos “meninos” no Versículo 3 – que eles estão “em
servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.”
Isto revela um ponto chave na compreensão da adoção espiritual.
Adoção: Uma Dádiva
A palavra “rudimentos” usada por Paulo tem dois significados no Novo Testamento. Ela descreve tanto os prinVOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
cípios elementares da Lei do Antigo Testamento como também as práticas religiosas pagãs dos gentios (Veja Gálatas
4:8-11; Colossenses 2:16-23).
A Lei Judaica e as expressões religiosas pagãs aparentemente teriam pouco em comum. Contudo, o que ambas
faziam na prática era tentar substituir a verdadeira salvação
pela fé em Cristo e a presença e o poder do Espírito Santo
por rituais, tradições, e costumes dos homens (Veja também
Gálatas 3:1-9). Mas nem os rituais da Lei nem a prática
das religiões pagãs jamais poderiam trazer a salvação a ninguém.
Quando Paulo fala sobre os que estão em escravidão aos
rudimentos do mundo, é claro que Paulo está se referindo
ao não-salvo (Gl 4:3). Ele não estava se referindo a alguém
que recentemente nasceu de novo ou que era simplesmente
imaturo nas coisas de Deus.
Portanto, Paulo não estava dizendo que somente conseguimos por merecimento a nossa filiação espiritual à
medida que amadurecemos em Cristo. O quadro ilustrativo de palavras de Paulo é claro em seu significado: Não
podemos obter por merecimento a nossa colocação como
filhos de Deus. Ao invés, ao recebermos a Cristo como
nosso Salvador, na salvação, o “menino” torna-se imediatamente o filho. Somos colocados numa posição de
maturidade, num pleno relacionamento com o Pai e como
herdeiros plenos.
Esta colocação não é algo que temos que trabalhar para
que ela ocorra. Não podemos obter por merecimento a posição que Deus nos dá gratuitamente: a de sermos Seus filhos.
Ao invés, é uma dádiva. Esta dádiva nos capacita a cumprirmos a vontade de Deus e a trazermos mais glória ao Seu
nome. Aleluia!
A Perfeita Sincronização de Deus
Paulo segue adiante nesta passagem e revela as ações de
Deus no fluir da história humana. Antes da vinda de Cristo,
as pessoas somente poderiam escolher entre servir a uma
falsa religião pagã ou à Lei Judaica. E nenhuma delas poderia trazer salvação ou nos restaurar a Deus.
Mas, no momento certo, quando a “plenitude dos tempos havia chegado, Deus enviou o Seu Filho”, para que o
Filho cumprisse a Lei (Mt 5:17,18) e tornasse possível a
salvação pela fé n’Ele.
De Pastor Para Pastor
Em Gálatas 4:8, Paulo escreve: “Mas, quando não conhecíeis
a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.” Paulo
então escreve sobre os “rudimentos fracos e pobres” (Gl 4:9).
Está claro que Paulo, pelo Espírito Santo, está ligando os espíritos demoníacos com a prática de filosofias e rituais religiosos
humanos.
O mundo demoníaco não fica preocupado quando as pessoas são religiosas. Afinal de contas, são os demônios que têm
inventado e promovido as falsas religiões humanas e a escravidão a estes enganos que destrói as pessoas ao redor do mundo.
Contudo, Satanás e os seus demônios ficam preocupados
quando são confrontados com o verdadeiro poder de Deus, pois
eles sabem que o poder deles foi quebrado na Cruz de Jesus
ATOS / 7 Cristo (Cl 2:14,15; Hb 2:14; 1 Jo 3:8; 4:4). Eles também sabem
que estão destinados à condenação eterna (Ap 20:10).
Deus não enviou a Jesus para nos dar uma nova religião, filosofia, ou ritual. Ao invés, Jesus veio para nos dar vida abundante
(Jo 10:10) – vida que é ungida pelo poder do Espírito Santo (Ef
5:18), para nos capacitar para fazermos a Sua obra agora (Cl
1:27-29) e para antevermos com uma esperança segura o nosso
futuro destino eterno (1 Pe 1:3-9).
Através de Cristo, fomos libertos dos “rudimentos fracos e pobres” das falsas religiões e dos enganos, para que pudéssemos
andar na luz e verdade do querido Filho de Deus (Cl 1:13). Aleluia! ●
Plenamente Filhos Desde o Momento da Salvação
Paulo continua com o seu quadro ilustrativo de palavras em Gálatas. Ele revela que, exatamente como a
adoção romana exigia uma testemunha, assim também
os cristãos recebem uma testemunha: o Espírito Santo
(Gl 4:6)! Quando somos salvos, o Espírito Santo testemunha que passamos a fazer parte da Família de Deus.
O Espírito Santo nos é dado na salvação (Jo 3:5-8; Tt
3:5). Paulo vai adiante e nos diz mais sobre o que acontece no momento da salvação:
●● temos disponibilizada a nós uma intimidade imediata com o Pai (Gl 4:6; Rm 8:15,16);
●● somos feitos herdeiros plenos com Cristo (Gl
4:7).
Estas coisas que coincidem com a nossa adoção espiritual acontecem imediatamente na nossa salvação. Elas
são realizadas unicamente pela soberana obra da graça
de Deus. A nossa adoção, semelhantemente à nossa salvação, não pode ser obtida por merecimento, nem pode
ser alcançada por nenhum dos nossos esforços próprios.
Na salvação, somos introduzidos como filhos integrais na Família de Deus pela amorosa mão do nosso
Deus-Pai. Certamente, à medida que crescemos na maturidade e disciplina pessoal nas coisas de Deus, tornamonos mais frutíferos e eficazes em nosso serviço a Ele.
Contudo, o nosso serviço não nos tornará mais amados
por Deus ou mais Seus filhos. Somos plenamente filhos
desde o momento em que somos salvos.
A nossa identidade como crentes é primeiramente o
fato de que somos filhos de Deus e fazemos parte da Sua
família; em seguida segue-se tudo o mais. Não somos
pastores que são filhos. Somos filhos amados que estão
fazendo a obra de pastores!
Ainda que seja importante nesta vida o que você faz
e em quem você está se transformando, precisamos nos
lembrar que o mais importante nesta vida que todos os
cristãos entendam é que eles são primeiramente amados por Deus e colocados como Seus filhos. Aí então
tudo o mais que eles são e farão deveria fluir a partir
deste entendimento.
Nas seções posteriores, examinaremos mais detalhadamente os privilégios, responsabilidades e liberdades
que passam a ser nossos como filhos amados que foram
espiritualmente adotados na Família de Deus.
8 / ATOS
Regeneração e Justificação
Este estudo tem permitido que afirmemos com confiança que a nossa adoção espiritual – a nossa introdução
como filhos na Família de Deus – acontece no momento
em que nascemos de novo. Neste mesmo momento, também recebemos a justificação pela nossa fé em Cristo
(Gl 2:16) e experimentamos a regeneração pelo Espírito Santo (Tt 3:5).
A justificação, em poucas palavras, significa que,
quando chegamos à salvação através da fé em Cristo,
Deus nos declara justos. Isto se baseia unicamente em
nossa fé no sacrifício de Cristo pelos nossos pecados na
Cruz (Rm 4:3). Nunca poderemos nos tornar justos pelas
nossas próprias obras.
Mas a justificação é mais do que o perdão do nosso
pecado e a remoção da nossa culpa. Quando Deus nos
justifica, Ele “deposita” em nossa “conta espiritual” a
perfeita justiça ou retidão de Cristo (1 Co 1:30; 2 Co
5:21). O nosso débito total pela penalidade do nosso pecado foi pago pelo perfeito sacrifício de Cristo por nós.
Tudo o que temos a fazer é recebermos a Sua obra salvadora.
A regeneração é uma obra soberana de Deus, pelo
Espírito Santo, que acontece em nossa salvação (Jo
3:5-8). A regeneração, ou o novo nascimento, é uma
nova criação interna da nossa natureza humana caída.
Estávamos mortos em nossas transgressões e pecados,
mas, na salvação, somos regenerados e transformados
em novas criaturas que agora estão vivas em Cristo (Ef
2:1,5).
A regeneração está intimamente ligada à adoção e
está aglutinada com ela. A regeneração nos prepara para
uma nova vida como membros da Família de Deus. Ela
também nos prepara para vivermos nos privilégios da
adoção e os exercermos. Os que são regenerados são soberanamente adotados por Deus, introduzidos na posição
de maturidade como herdeiros de Deus e co-herdeiros
com Cristo (Rm 8:15-17; Gl 4:6,7).
Destinados A Sermos Filhos
A nossa adoção foi planejada nos eternos conselhos
de Deus: “E nos predestinou à adoção como filhos por
Jesus Cristo, para Si Mesmo, segundo o beneplácito
da Sua vontade” (Ef 1:5). A nossa colocação como filhos não é uma ideia posterior de Deus. Ele nos criou
para que fôssemos Seus filhos, mas perdemos a nossa
herança através do pecado. Assim sendo, Deus, em Seu
amor e misericórdia, forneceu um meio para que a nossa
verdadeira herança e posição fosse restaurada – através
da morte e ressurreição sacrificial de Jesus Cristo pelos
nossos pecados (Gl 4:4,5).
Não podemos nos colocar a nós mesmos como filhos.
É somente Deus-Pai que pode fazer isto por nós. Para
todos os que entregam os seus corações a Cristo e creem
n’Ele para a salvação, a vontade de Deus é que eles sejam adotados – colocados como filhos – em Sua Família!
Não há nenhum merecimento, obra ou espera para provarmos que somos dignos de sermos aceitos como Seus
filhos. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Parte III
O Preço da
Adoção
G
raças a Deus pelo que Ele fez por nós: enviando
a Jesus Cristo para morrer pelos nossos pecados
e para salvar-nos; e adotando-nos – colocandonos – como Seus filhos plenamente aceitos e estabelecidos (Ef 1:6)! Mas certamente deve haver um preço pelo
que o nosso Pai Celestial forneceu para nós através da
nossa adoção. Obviamente não fomos adotados por sermos dignos ou merecedores.
A. O Preço da Dádiva
Podemos ser gratos pelo fato de que a nossa adoção
não depende do nosso merecimento! Pois quem dentre
nós é verdadeiramente digno do amor, da compaixão
e da misericórdia de Deus? “Porque todos pecaram
e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23; veja
também os Versículos 10-18).
Toda a humanidade está totalmente perdida em seus
pecados e está sob a justa e reta condenação da ira de
Deus (Ef 2:3; 5:6; Cl 3:6,7). A humanidade não pode
fazer nada para salvar a si mesma (Ef 2:8,9; Rm 3:20; Gl
2:16). Quem, então, pode salvar-nos? E se for capaz de
salvar-nos, será que está disposto a salvar-nos?
A justa condenação do pecado executada por Deus
requer que a Sua justiça seja satisfeita antes que a Sua
misericórdia possa ser concedida. O juízo de Deus sobre
o pecado está absolutamente determinado. “A alma que
pecar certamente morrerá” (Ez 18:4,20). A penalidade
pela nossa escolha voluntária do pecado é a morte.
Contudo, o coração de Deus tampouco jamais hesitou em Seu absoluto amor pela humanidade, a qual foi
criada à Sua imagem (Gn 1:26,27) e para a Sua glória.
A perfeita santidade e justiça de Deus exige a justa
condenação e punição pelo nosso pecado. Contudo, a
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Bíblia deixa claro que o amor e a compaixão de Deus
são grandes e eternos (Jr 31:3; Lm 3:22,23; Rm 8:3739). O que Deus então pode fazer?
O Plano Eterno do Pai Cumprido
No momento da rebelião e queda no pecado de Adão
e Eva, Deus, em Sua onisciência e grande misericórdia,
já sabia o que Ele faria (Veja Gênesis 3). Uma das cinco passagens do Novo Testamento que falam sobre a
nossa adoção espiritual também revela este plano eterno do Pai: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus
enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, para redimir os que estavam debaixo da lei [a justa
condenação do pecado], para que pudéssemos receber
a adoção de filhos” (Gl 4:4,5).
O Apóstolo João escreveu isto da seguinte forma:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu
o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Como pastores e líderes da Igreja de Deus, vocês
sabem que Deus não enviou o Seu Filho à terra para
uma mera visita ou para dar-nos alguns pensamentos
novos sobre religião. Ao invés, Deus enviou o Seu Filho com o expresso propósito de morrer (At 2:23; 3:18;
veja também Hebreus 2:9). Cristo morreu – deu a Sua
própria vida – em nosso lugar. Ele voluntariamente levou sobre Si Mesmo a justa condenação do nosso pecado – sofrendo e tomando a penalidade da morte em
nosso lugar (2 Co 5:21).
A morte de Jesus Cristo – quando escolhemos crer
n’Ele e aceitar que Ele morreu pelo nosso pecado – nos
possibilita recorrermos a Ele em fé para a salvação. A
obra salvadora de Cristo é uma dádiva da graça, que
ATOS / 9 não pode ser obtida por merecimento. Deus enviou a Jesus por causa do Seu amor por nós (Rm 5:6-10; Ef 2:110) e do Seu desejo de “trazer muitos filhos à glória”
(Hb 2:10). Aleluia!
O Seu Valor Para Deus
A nossa adoção – a nossa colocação como filhos maduros com plenos privilégios – faz parte do ato de graça
que Deus-Filho (Jesus) realizou para nós na Cruz. “E
nos predestinou para a adoção como filhos por Jesus
Cristo, para Si Mesmo, segundo o beneplácito de Sua
vontade” (Ef 1:5). Em Seu único ato na Cruz, sofrendo e
morrendo por nós, Jesus possibilitou que os “filhos [herdeiros] da ira” (Ef 2:3) se tornassem os “filhos [herdeiros] da promessa” (Rm 8:17; Gl 4:28).
Antes que Cristo derramasse o Seu sangue sacrificial
por nós na Cruz, éramos “inimigos” e “estrangeiros”
(Rm 5:10; Ef 2:12; 4:18; veja também Colossenses 1:21).
No entanto, agora, pela fé em Cristo, somos feitos filhos
de Deus (Gl 3:26). A nossa adoção, semelhantemente à
nossa salvação, não depende nem pode ser ganha através
de qualquer mérito nosso ou dos nossos esforços próprios. Ao invés, ela depende somente do favor imerecido – graça – que Deus concede sobre toda e qualquer
pessoa que se aproxima d’Ele pela fé em Cristo.
O preço da nossa adoção é literalmente e nada menos do que a vida e o sangue de Jesus Cristo. Pedro
declara: “Sabendo que não fostes redimidos com coisas
corruptíveis [perecíveis], como prata ou ouro, da vossa
conduta vã [inútil, vazia, infrutífera] recebida por tradição de vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1
Pe 1:18,19; veja também 1 Pe 1:23).
A nossa filiação, a nossa adoção, baseia-se no perfeito e imperecível sangue de Cristo. Haverá ocasiões
em que o Diabo o condenará, mentirá a você, ou tentará desanimá-lo, dizendo-lhe que você é um fracasso, ou
que você não é amado ou digno. Mas você pode dizer ao
Diabo que você tem provas absolutas de que ele é um
mentiroso!
O seu valor como pessoa – o seu valor para Deus –
é revelado pelo que custou ao nosso Pai Celestial tornálo filho e colocá-lo como co-herdeiro com Cristo. O
preço que foi pago por você não é nada menos do que
o inestimável e incomparável sangue do Deus-Filho!
Este é o seu valor para o Rei de reis e Senhor de senhores!
Não precisamos mais lutar com dúvidas com relação ao nosso valor. O sangue, o perdão, e o amor de
Cristo nos tornam dignos. Não precisamos temer o
nosso futuro. Na qualidade de filhos adotados de Deus,
somos herdeiros de tudo o que o nosso Pai Celestial
prometeu aos que pertencem a Cristo. Não precisamos
lutar com a culpa do nosso passado, pois, quando nos
arrependemos e somos salvos e adotados na Família do
nosso Pai, somos separados da mácula do passado e da
penalidade pelos nossos fracassos e pecados. Glória a
Deus!
10 / ATOS
A nossa filiação, a nossa
adoção, baseia-se no perfeito
e imperecível sangue de
Cristo. Haverá ocasiões em
que o Diabo o condenará,
mentirá a você, ou tentará
desanimá-lo, dizendo-lhe que
você é um fracasso, ou que
você não é amado ou digno.
Mas você pode dizer ao Diabo
que você tem provas absolutas
de que ele é um mentiroso!
O Diabo não tem mais poder para escravizar-nos (Hb
2:14-16), pois ele foi derrotado na Cruz (Cl 2:15). Mas
precisamos nos levantar para resistí-lo, declarando a verdade de que somos filhos adotados de Deus com todos os
direitos!
A nossa inestimável adoção também tem fortes implicações para nós como filhos de Deus. O fato de sermos os Seus filhos adotados significa que Deus espera
que vivamos a vida diferentemente do tempo anterior à
nossa adoção.
B. As Implicações da Dádiva
Quando recebemos a Cristo, somos transferidos
(transportados) para o Reino de Deus (Cl 1:13) e nos tornamos membros da Sua Família (Ef 2:19), com todos os
direitos (Rm 8:17). Devido a isto, há algumas implicações consistentes no sentido de como devemos viver as
nossas vidas a cada dia. Como filhos adotados do Pai:
1. Não devemos mais fidelidade ou lealdade aos
nossos antigos senhores.
Quem são estes senhores anteriores? Gálatas 4:3 nos
diz o seguinte: “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos em escravidão, debaixo dos primeiros
rudimentos do mundo.” Como já aprendemos, a palavra
“rudimentos” nesta passagem refere-se às religiões vãs,
às filosofias, e à escravidão ao legalismo, que não têm o
poder de salvar-nos.
Antes de sermos salvos, estávamos em escravidão a
estes antigos senhores. Mas agora, em Cristo, somos libertos:
●● do nosso pecado e do juízo sobre ele (Cl 1:11-14;
2:14);
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 ●● da escravidão à nossa carne pecaminosa (Romanos 6 e 7);
●● do legalismo religioso, das doutrinas demoníacas,
e dos esforços próprios para merecermos a nossa
salvação (Cl 2:16-23);
●● do temor, das intimidações, e das mentiras manipuladoras do Diabo (Cl 2:15; Hb 2:14-18).
Devemos romper e rejeitar as nossas antigas submissões
a dominadores ímpios. As Escrituras nos dão um quadro
claro do poder que temos em Cristo para deixarmos para
trás os domindores ímpios: “Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criação é; as coisas velhas já passaram; eis
que todas as coisas ficaram novas” (2 Co 5:17).
Contudo, a liberdade com relação ao pecado e à escravidão que recebemos na salvação não deve ser usada egoisticamente. Fomos libertos, não para fazermos tudo que
quisermos fazer. Ao invés, ganhamos a liberdade de agora
fazermos o que deveríamos fazer! Assim sendo, uma outra
implicação da nossa adoção é que:
2. Devemos fidelidade e lealdade a Deus acima de todas as demais coisas.
A Bíblia revela: “E Ele morreu por todos, para que
os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele
que por eles morreu e ressuscitou” ( 2 Co 5:15).
O nosso Senhor deve mandar em nossas palavras e
ações, não apenas enquanto estamos na igreja ou funcionando no ministério. Se isto for tudo o que permitimos
que Ele faça, então estamos nos comportando como os
fariseus e saduceus da época de Jesus (Mateus 23). Temos uma aparência religiosa externa, mas não estamos
plenamente servindo a Deus de coração e com toda a
nossa vida (Mt 15:7-9).
Jesus derramou o Seu precioso sangue e deu a Sua
vida para que Ele pudesse ser o Senhor de todas as áreas
das nossas vidas – o Senhor dos nossos corações, como
também dos nossos hábitos! O Seu desejo, como também o desejo do Pai, é que Ele encha completamente
a nossa vida e ocupe a “primeira posição” dos nossos
corações.
Temos a obrigação de sermos mais do que um filho
pródigo. Em outras palavras, não deveríamos pegar a
nossa magnífica herança espiritual obtida por nós pela
morte de Jesus e pela nossa adoção, e, aí então, egoisticamente desperdiçarmos toda a vida, alegria, paz, graça, propósito e esperança que foram fornecidos. (Você
pode ler mais sobre o filho pródigo em Lucas 15:11-32.)
Os dons e chamados de Deus são para a nossa bênção e
para os propósitos e uso d’Ele, para glorificá-Lo e para o
avanço do Seu Reino.
É verdade que o filho pródigo foi perdoado e recebido de volta pelo seu pai. Isto de fato fornece um lindo
quadro da misericórdia e amor de Deus. Contudo, uma
boa parte do que o filho pródigo perdeu no propósito e
dons, e no potencial dado por Deus, nunca seria recuperado. Além disso, se ele não houvesse se arrependido, a
vida obstinada e volúvel do filho pródigo teria causado
uma destruição certa e eterna.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
De Pastor Para Pastor
Todos nós estamos cientes de líderes espirituais que foram
chamados e capacitados por Deus para fazerem a Sua vontade.
Ele lhes deu bons dons e capacidades. Ele os chamou para o
Seu uso, para servirem a Ele e aos outros, por causa dos eternos
propósitos de Deus.
Mas aí então eles começaram a permitir a iniquidade em
seus corações. Frequentemente o orgulho ou os desejos carnais
entraram furtivamente e não foram resolvidos. Logo isto levou
ao pecado, como, por exemplo, a justificativa para um roubo de
dinheiro, a prática de pecados sexuais, o abandono de suas famílias, ou outros meios-termos e esmorecimentos da carne. Eles
passaram a amar as suas posições, títulos de respeito, e “o louvor dos homens mais do que o louvor [aprovação] de Deus” (Jo
12:43) – servindo a estas coisas, ao invés de servirem ao Senhor.
Por algum tempo, talvez parecesse que estes líderes estivessem escapando impunes com alguma coisa, enganando aos outros e até mesmo a Deus. Mas Deus nunca é enganado (Gl 6:7,8).
Tampouco Deus olha levianamente para o pecado e a rebelião (Hb
3:12-15; Jd 8-11). O comportamento pecaminoso causa no final
sérias consequências, até mesmo a destruição (Tg 1:13-15). Isto
se aplica a todos, inclusive aos líderes de igreja.
O pecado também prejudica o testemunho do pastor e da
igreja na comunidade. As famílias sofrem, e muita dor e angústia
é experimentada por todos os que ficam cientes destes fracassos. Não é de se admirar que Satanás trabalhe tão arduamente
para tentar os líderes da Igreja, para que eles se desviem e sejam
destruídos! (Lc 22:31).
Mas onde começa o pecado? Começa no coração (Mt
12:34,35; 15:19; 2 Pe 2:14). Quando os nossos corações não
estão totalmente leais e submissos a Deus – temendo-O com
toda a santidade e reverência – aí então outras coisas começam
a pressionar e a retirar o primeiro lugar do Senhor em nossos corações. Mas, se nos prepararmos e dermos os nossos corações
totalmente ao Senhor, Ele irá adiante de nós e estabelecerá o
nosso caminho (1 Sm 7:3; Pv 3:5-8).
Portanto, pastores, vigiem os seus corações (Pv 4:23)! Submetam diariamente os seus corações ao Senhor em oração.
Peçam-Lhe que Ele revele quaisquer fraquezas, enganos, ou
desejos carnais que talvez estejam se arraigando. Nem sempre
podemos conhecer o nosso próprio coração (Jr 17:9,10). Mas
Deus olha para os nossos corações (1 Sm 16:7) e Ele pode trazer
convicção de pecado a nós pelo poder do Espírito Santo.
Sejam fiéis quanto à leitura da Bíblia todos os dias também,
pois a Palavra Viva de Deus tem o poder de revelar-lhes o que
está em seus corações (Hb 4:12). Aí então obedeçam o que lerem,
tornando-se pessoas que praticam a Palavra (Tg 1:22)! ●
3. Tudo o que temos – e tudo o que somos – pertence
ao Senhor.
Como filhos adotados, as nossas vidas, relacionamentos, dons, capacidades, potencial, e posses terrenas – tudo
pertence ao Senhor. Tudo o que nos diz respeito, inclusive
os nossos desejos e esperanças (Sl 37:4,5), deve ser entregue a Deus e ao Seu sábio governo.
Algumas pessoas, por temor ou egoísmo, talvez racionalizem ou justifiquem a sua negação a Deus do seu tempo,
talentos, ou tesouros. Mas a realidade é que tudo o que não
é dado a Deus e é mantido para nós mesmos também é retido, e não recebemos a Sua bênção!
ATOS / 11 Deveríamos desejar, acima de tudo o mais, a bênção de
Deus sobre todas as coisas das nossas vidas! Mas isto requer que entreguemos tudo a Deus. Isto significa dar-Lhe
a responsabilidade sobre até mesmo as áreas ainda nãotransformadas de nossas vidas! Quando fazemos isto, há
uma liberação para que Deus lide conosco, com as nossas
necessidades, com os nossos pecados, com os nossos desejos, da Sua maneira toda sábia e toda poderosa.
À medida que nos rendermos e correspondermos à Sua
obra de convicção de pecado – confessando e arrependendo-nos do nosso pecado e tornando-nos mais obedientes à
Sua Palavra – Ele nos moldará à imagem do Seu Filho, que
é a Sua vontade para nós (Rm 8:29). Aí então Deus poderá
nos confiar ainda mais das Suas bênçãos e tarefas!
Lembre-se: como filhos adotados, a meta e esforço de
toda a nossa vida é glorificarmos e honrarmos ao nosso Pai
Celestial. Devemos também abençoar e honrar a Sua Família
(a Igreja – Gl 6:10; Ef 2:19), da qual somos uma parte vital.
4. Como filhos colocados numa posição de maturidade
e de herança, somos obrigados a consistentemente
buscarmos a maturidade espiritual.
O fato de sermos colocados como filhos – adoção espiritual – acontece quando nascemos de novo. No caso da
adoção humana, a criança adotada geralmente se torna um
herdeiro depois da morte do pai adotante. Presume-se que a
criança terá crescido, amadurecido, e provado que é digna
de receber a sua herança.
No entanto, os caminhos de Deus nem sempre são os
caminhos do homem (Is 55:8,9). Não temos que provar
que somos dignos da nossa herança como filhos e santos de
Deus. Isto é importante, uma vez que ninguém é digno das
maravilhosas dádivas e bênçãos que nos são dadas como
herança espiritual. Ao invés, a nossa colocação como filhos
(adoção) e a nossa herança são recebidas gratuitamente pela
fé, exatamente como recebemos a nossa salvação. Precisamos crer no que Deus prometeu em Sua Palavra e receber o
que Ele supriu gratuitamente.
É importante enfatizarmos, no entanto, que as Escrituras
revelam que nós também precisamos amadurecer espiritualmente. Todos nós começamos como bebezinhos em Cristo que precisam crescer (1 Co 3:1-3).
Muito embora a nossa adoção nos coloque numa posição de maturidade – qualificados para recebermos toda
a provisão de Deus – ainda assim precisamos crescer no
que diz respeito à nossa fé, para longe da carnalidade e em
direção à verdadeira espiritualidade.
Este crescimento espiritual não faz com que adquiramos mais herança. Não podemos nos tornar mais dignos
do que o que Cristo já nos tornou através da Sua obra na
Cruz. Mas precisamos aprender a funcionar mais fielmente
e frutiferamente na filiação e herança que Deus nos deu.
A Necessidade de Crescimento
À medida que somos fiéis em obedecermos a Deus e
a sermos transformados de dentro para fora, tornamo-nos
cada vez mais capazes de lidarmos com os privilégios que
o nosso Pai quer que tenhamos (Veja Mateus 25:14-29).
12 / ATOS
Há muitas passagens bíblicas de exortação com relação
ao nosso amadurecimento como filhos de Deus. Por exemplo, devemos crescer:
●● na fé (2 Co 10:15);
●● no conhecimento de Deus (Cl 1:10; 2 Pe 1:1-4);
●● na graça (2 Pe 3:18);
●● na sabedoria espiritual (Ef 1:17-19);
●● no conhecimento de Cristo e da Sua obra (Fp 3:711);
●● no entendimento do nosso chamado (Fp 3:12-16);
●● nas prioridades santas (Cl 3:1-4);
●● na santificação (2 Pe 1:5-8).
Estes exemplos representam somente algumas das muitas maneiras nas quais devemos estar continuamente crescendo e sendo transformados depois da nossa salvação.
Separe um tempo para buscar nas Escrituras mais formas
ainda pelas quais você pode crescer espiritualmente como
um filho de Deus.
O Caminho do Crescimento
É preciso afirmarmos que o crescimento e maturidade
espiritual em Cristo não é automático. Deus, pelo Espírito
Santo, sempre será fiel no sentido de vir ao nosso encontro
e ajudar a transformar-nos. Mas este processo precisa ter a
nossa cooperação total – inclusive a disposição de arrependermo-nos, mudarmos, negarmos a nossa carne, obedecermos a Palavra de Deus, e outras coisas mais.
A Bíblia é clara no sentido de que, para crescermos e
amadurecermos espiritualmente, há coisas que precisamos
fazer. Precisamos:
●● nos alimentar da Palavra de Deus (1 Pe 2:2; Hb 5:1114);
●● nos devotar ao estudo sistemático da Palavra de
Deus, especialmente como líderes de igreja (1 Tm
4:13; 2 Tm 2:15) ;
●● nos esforçar para fazermos o tipo de escolhas na vida
que nos ajudarão a amadurecermos espiritualmente
(1 Tm 4:8-16; 6:11,12,20; Hb 5:14; 1 Jo 3:1-3);
●● ser continuamente cheios, vez após vez, com o Espírito de Deus (Ef 5:18).
O nosso Pai quer que cresçamos n’Ele. Ele nos deu tudo
o que precisamos para sermos participantes da Sua natureza
divina (2 Pe 1:2-4). Ele empenhou a Si Mesmo e a todos os
recursos do Céu no processo do nosso crescimento e maturidade espiritual. E Ele nos deu o privilégio de sermos parceiros com Ele à medida que Ele opera em nós (Fp 2:12,13).
Deus deseja que nós, como Seus filhos, façamos grandes coisas em Seu Reino. Pelo fato de que isto é verdade,
precisamos nos dedicar para nos tornarmos herdeiros maduros e dignos de confiança (Veja 1 Coríntios 2:6; 14:20;
Filipenses 1:6; 3:15; Hebreus 5:12-14).
Como já aprendemos, há responsabilidades como também privilégios para os filhos adotados. Vamos examinar
agora alguns dos maravilhosos privilégios que recebemos
como filhos adotados de Deus. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Parte III
O Privilégio
da Adoção
A
nossa adoção – o fato de sermos colocados como
filhos – nos coloca num novo tipo de relacionamento. Tanto o filho adotado como o pai adotante têm o compromisso, pelo ato da adoção, no sentido de
apoiar, ajudar, e manter o outro. Acabamos de estudar as
implicações e obrigações que devem ser cumpridas pela
pessoa que está sendo adotada.
Mas também há grandes privilégios dados ao que foi
colocado como filho. Isto se aplica até mesmo na adoção
humana. Mas os que se tornaram filhos de Deus recebem
privilégios inestimáveis e eternos. Vamos estudá-los
agora.
A.O maior privilégio da adoção é ter agora a Deus como seu Pai (Rm 8:15; Gl 4:5).
Todos os seres vivos devem a sua existência a Deus,
especialmente a humanidade (At 17:25,28). Todos os homens têm a Deus como seu Pai, mas somente no sentido
de que Ele é o Criador de tudo (Jo 1:3). Não temos nenhuma relação com Deus como nosso Pai antes de nascermos de novo e de entrarmos na adoção como filhos de
Deus. O incrédulo pode chamar a Deus de “Juiz”, mas
não de Pai.
No entanto, para nós que fomos verdadeiramente
transformados em filhos de Deus através do novo nascimento pela fé em Cristo, recebemos o maior privilégio
de todos. Somos introduzidos na Família de Deus e Ele
nos concede todo o amor, privilégios, e direitos de um
filho.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
O nosso Pai não tem vergonha de nos chamar de Seus
filhos e filhas (2 Co 6:18; Hb 2:11). Não somos crianças
abandonadas que Deus foi obrigado a assumir. A Bíblia
nos ensina que Deus “nos escolheu n’Ele [Cristo] antes
da fundação do mundo” (Ef 1:4). Toda a humanidade foi
desejada e escolhida por Deus antes mesmo que o nosso
mundo existisse!
Deus também “nos predestinou à adoção como filhos
por Jesus Cristo, para Si Mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade” (Ef 1:5). Deus tem desejado muitas
coisas, mas a nossa adoção é de acordo com o prazer da
Sua vontade.
Ele sempre nos quis, fornecendo o caminho através
de Cristo para que escolhêssemos vir a Ele como Seus
filhos. Que grande honra e glória ser um filho desejado
de Deus!
Talvez você (ou alguém em sua igreja) não foi desejado como filho pelos seus pais terrenos. Ou talvez você
achasse que não era amado e que era mais como um peso
ou incômodo do que alguém que era tratado com carinho
ou desejado.
Fique sabendo por favor que Deus, o seu Pai Celestial, sempre quis você! Ele estabeleceu planos preciosos
e magníficos para a sua vida, e para a vida de todos os
membros da sua igreja e família (Jr 29:11-13; Et 4:14;
1 Co 2:9). Deus separou provisões e recursos para você
(Mt 6:33; Fp 4:19). E Ele está ativamente operando em
você e para o seu bem (Rm 8:28-30). Louvado seja o Seu
santo nome!
ATOS / 13 De Pastor Para Pastor
É geralmente a negligência, rejeição, ou abandono por parte dos
pais que faz com que a pessoa sinta que não é desejada ou amada
pelos outros e por Deus. Assim sendo, permita-me exortá-lo, caro
pastor, a nunca permitir que as muitas atividades do ministério façam com que você deixe de cumprir as suas primeiras responsabilidades para com a sua esposa e filhos com relação a isto.
A Bíblia deixa claro que o seu casamento e a sua família são
uma prioridade maior do que o ministério (Ef 5:22-33). O seu relacionamento pessoal com o Senhor é sempre a primeira prioridade para a sua vida. E, se você for casado, a sua esposa é então a
segunda prioridade. Se você tiver filhos, cuidar deles é a sua terceira prioridade. Isto significa amar e suprir às necessidades da
sua família, criando-os e ensinando-lhes os caminhos do Senhor
(Dt 6:7). Em seguida vem o ministério, depois do seu caminhar
pessoal com o Senhor, e depois das suas responsabilidades para
com a sua esposa e filhos.
Se o seu casamento ou filhos estiverem mostrando sinais de negligência, você ficará desqualificado para a liderança na Igreja (1 Tm
3:1-5). E o que é pior ainda, a sua negligência poderá causar males
que façam com que a sua família não queira ou não seja capaz de
receber o amor e os planos de Deus para eles.
É um desafio equilibrarmos o trabalho, a família, e o ministério. Nenhum de nós faz isto perfeitamente. Mas sempre precisamos nos esforçar para seguirmos as instruções de Deus para as
nossas vidas. Estas instruções encontram-se em Sua Palavra.
Portanto, tome tempo para estudar as passagens bíblicas que
explicam as prioridades e padrões de Deus sobre como liderar a
sua família. (Comece com Efésios 6:1-4; Colossenses 3:20,21; 1
Pedro 3:1-7; Malaquias 2:13,14,16.) ●
B. O nosso Pai nos deu o Seu Espírito Santo.
Os muitos benefícios da dádiva da “herança” do Espírito Santo de Deus são inúmeros. Alguns deles incluem:
1. O Espírito Santo é o “Espírito de adoção” (Rm 8:15).
Isto significa que, pela presença do Espírito Santo em
nós, podemos realmente e pessoalmente conhecer e experimentar um relacionamento íntimo com o nosso Pai
Celestial. Através do Espírito, podemos clamar “Aba,
Pai” (Rm 8:15; Gl 4:6).
O termo “aba” denota uma intimidade e um respeito
afetuoso. Ele era usado em tempos bíblicos pelos filhos
(até mesmo filhos adultos) para afetuosamente se dirigirem
a seus pais, e às vezes pelos alunos aos seus professores.
Poderíamos usar um termo semelhante com os nossos pais
terrenos, como, por exemplo, “papai”.
Jesus usava o termo “aba” quando Ele falava com o Pai
(Mc 14:36). Mas “aba” era raramente usado pelos judeus
quando se referiam a Deus, pois, ainda que tivessem a Lei
de Deus, eles não tinham o extraordinário privilégio de um
relacionamento pessoal com Ele. Isto tornou-se viável somente através da obra sacrificial de Cristo na Cruz.
2. Fomos libertos de um temor de Deus como se
fôssemos escravos.
“Porque não recebestes o espírito de escravidão
para outra vez estardes em temor” (Rm 8:15). Sabe14 / ATOS
mos que deve haver um “temor do Senhor” saudável e
de retidão, uma reverência e temor respeitoso pelo Deus
Todo-Poderoso. Mas nós, como cristãos, não precisamos
mais trabalhar arduamente com “uma certa expectação
temerosa de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar
os adversários” (Hb 10:27). O juízo pelo nosso pecado
já foi propiciado; a nossa sentença de morte pelo pecado foi paga por Cristo (Ez 18:20). Podemos proclamar:
“Portanto agora nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne,
mas segundo o Espírito” (Rm 8:1).
Pelo fato de que isto é verdade, podemos nos achegar
“com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo de necessidade” (Hb 4:16; veja também
Hebreus 10:19,22). O nosso Pai, que nos ama, nos ouvirá
quando O chamarmos, e responderá de acordo com o Seu
perfeito amor e sabedoria.
3. Fomos “selados” pelo Espírito Santo.
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, e tendo n’Ele
também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é a garantia da nossa herança, para redenção da
possessão de Deus, para louvor da Sua glória” (Ef 1:13,14).
Como ato legal, a adoção romana tinha que ser atestada
por uma testemunha confiável. Já aprendemos que, na adoção espiritual, a presença do Espírito Santo dentro de nós é
a nossa testemunha.
O Espírito Santo está presente para dar testemunho, para
verificar que verdadeiramente somos os filhos legítimos de
Deus. Como filhos de Deus, somos os herdeiros da Sua herança que temos em Cristo. “O Próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós
somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de
Deus e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados”
(Rm 8:16,17; veja também Gálatas 4:6,7).
Este conceito de sermos “selados” pelo Espírito Santo
(Ef 1:13; 4:30; 2 Co 1:22; 5:5) é de grande importância
para nós. Um “selo” na cultura grega, quando colocado
numa propriedade, era usado para indicar posse e para
dar proteção contra roubos. Um selo também indicava
que uma documentação ou mensagem tinha autenticidade e transmitia a autoridade da pessoa que a enviou.
Como filhos adotados de Deus, selados pelo Espírito Santo, somos marcados como verdadeiros filhos de
Deus. Pertencemos a Ele, e Ele deu aos Seus anjos ordem
a nosso respeito (Sl 91:11,12). Estamos sob a autoridade
de Deus para fazermos a Sua vontade, e também temos
a autoridade de Deus disponível a nós, para nos capacitar a executarmos a Sua vontade (Lc 10:19; Jo14:13;
15:16).
Como filhos com uma posição de maturidade, foi-nos
confiado o privilégio de executarmos os “negócios do nosso
Pai” no mundo ao nosso redor. Devemos viver e ministrar em
nome de Jesus, pela Sua autoridade e alinhados com a vontade de Deus para executarmos os negócios do Reino. Amém!
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 4. O Espírito Santo nos guiará.
“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de
Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8:14).
O tempo de verbo no grego, traduzido por “são guiados”,
significa que devemos ser continuamente guiados pelo Espírito Santo. Isto deve tornar-se um estilo de vida para todos
os crentes que estão amadurecendo, mas especialmente para
os pastores e líderes do Corpo de Cristo.
Este direcionamento contínuo do Espírito Santo acontecerá de duas maneiras:
1) através de um constante e crescente conhecimento da
Bíblia, associado com esforços diligentes e conscientes de se
obedecer tanto a letra como o espírito da Palavra de Deus (1
Tm 4:12-16; 2 Tm 2:15; 3:16,17; Tg 1:21-25);
2) cultivando-se uma sensibilidade aos estímulos e direcionamentos do Espírito Santo, tomando-se tempo, tanto
para se orar como para se ouvir uma resposta, à medida que
nos ocupamos com os nossos afazeres diários.
É importante convidarmos ativamente a presença do
Espírito Santo em nossas vidas a cada dia (Gl 5:16). Podemos pedir que Ele nos direcione em todas as situações
ou circunstâncias que enfrentarmos. Faça um hábito seu
conversar regularmente com o Espírito Santo, pedindo-Lhe
direcionamento e separando tempo para ouvir o que Ele revelará ao seu coração.
De Pastor Para Pastor
Pastor: fique sabendo por favor que o Espírito Santo nunca
o levará a fazer ou dizer nada que desagrade ao Senhor ou que
seja contrário ao que já está escrito na Palavra de Deus.
O Espírito Santo, como Deus e Terceira Pessoa da Trindade,
sempre confirmará a Palavra de Deus e o conduzirá à obediência ao que Deus já revelou na Bíblia.
Se você sentir que o Espírito Santo o está direcionando a fazer algo, é sábio buscar o conselho de outros conselheiros que
são mais maduros na fé cristã e conhecedores da Palavra (Pv
11:14; 24:6). Escolha os que têm experiência, os cristãos maduros que possuem um histórico comprovado de fidelidade à Palavra de Deus. Procure os que têm a coragem de falar a verdade,
se for preciso que eles o corrijam.
Você também deveria confirmar que o que você está sentindo
do Espírito Santo não contradiz a letra ou espírito da Palavra de
Deus. Por exemplo, o Espírito Santo nunca o dirigiria a tomar
posse de algo que não lhe pertença, pois a Bíblia revela claramente que não devemos roubar (Êx 20:15; Ef 4:28).
Um conselho aqui, especialmente aos homens: Uma provisão de conselhos sábios que Deus já lhe deu é a sua esposa.
Isto não significa que ela sempre estará certa – da mesma maneira que você nem sempre estará certo. No entanto, uma esposa boa e consagrada a Deus é uma companheira e ajudante
(Gn 2:18) – e a ajuda dela pode vir às vezes na forma de um
bom conselho.
Separe tempo para orar com a sua esposa tão frequentemente quanto possível. E, quando você fizer isto, também passe algum tempo para falar sobre o que você talvez esteja sentindo do
Espírito Santo. Muitas mulheres são muito sensíveis ao Espírito
Santo. Os maridos precisam ter a humildade de pedirem a opinião de suas esposas, e a sabedoria para implementá-la, se for
confirmada pela Palavra de Deus. Faça todo o esforço possível
para vocês buscarem ao Senhor juntos, regularmente! ●
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
C.O nosso Pai tem um compromisso total de nos
disciplinar.
Todos os pais, mais cedo ou mais tarde, reconhecem
a importância de disciplinarem os seus filhos. Mas a
disciplina de Deus é bem diferente do tipo de disciplina
que os pais terrenos talvez apliquem aos seus filhos.
A disciplina do Senhor não é algo a ser temido. Deus
não nos disciplina por aversão, ira, ou impaciência. A Sua
disciplina não envolve a punição, o juízo, ou a rejeição.
Na verdade, o oposto destas coisas é que é a verdade!
Deus nos disciplina porque somos filhos que Ele ama.
Ele nos disciplina para nos liberar da escravidão do pecado e da rebeldia. Deus nos disciplina para nos libertar,
para recebermos mais da Sua unção e bênção.
Separe um momento para ler Hebreus 12:3-13. A
“punição” de Deus nem sempre é devida ao fato de termos feito algo errado ou de que precisamos ser corrigidos. A palavra “punição” na verdade contém a ideia
de fortalecimento ou treinamento que é necessário para
desenvolvermos plenamente o nosso potencial, a fim de
cumprirmos todos os planos que Deus tem para as nossas vidas.
O fortalecimento das nossas vidas também tem o benefício adicional de nos proteger contra possíveis ataques ou ferimentos futuros (Hb 12:12,13; veja também 1
Coríntios 9:24-27).
D.Uma vez que somos filhos adotados, o nosso
Pai deseja transformar-nos à imagem do Filho
Unigênito.
Quando somos adotados e introduzidos na Família
de Deus na salvação, Ele nos dá não somente um novo
nome, mas também uma nova natureza. “Visto como o
Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida
e piedade, pelo conhecimento d’Aquele que nos chamou
por Sua glória e virtude, pelas quais Ele nos tem dado
grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas
fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (2 Pe 1:3,4).
Como cristãos, temos o nome d’Aquele que nos adotou (At 11:26; 1Pe 4:12-16). Nós também, através da
Sua provisão e da obra do Seu Espírito, estamos sendo
diariamente transformados internamente à imagem do
Deus-Filho – Jesus (2 Co 3:18)!
Este processo de transformação é contínuo, durante
toda a nossa vida. Temos o mandamento de nos entregarmos a este processo, e de cooperarmos com a obra do
Espírito Santo. Também devemos nos esforçar o máximo
possível para nos tornarmos mais semelhantes Àquele
que nos adotou: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1,2; veja também 1
Coríntios 15:49; 1 João 3:2,3).
ATOS / 15 Como um amoroso Pai Celestial,
Deus está nos restaurando a fim
de que, quando finalmente O
virmos face a face, sejamos mais
semelhantes Àquele que nos criou
(Sl 17:15).
A humanidade foi originalmente criada à imagem de
Deus (Gn 1:26,27). No entanto, temos sido distorcidos
e desfigurados por multiplicados séculos de pecado e
rebelião, e dos seus efeitos. Na salvação, no entanto,
começamos o glorioso processo de sermos restaurados
à imagem e semelhança do nosso Pai Celestial, transformados de dentro para fora, a fim de que o nosso caráter
fique mais semelhante ao d’Ele.
Deus tem um compromisso com relação à nossa maturidade e crescimento. O Seu Espírito continuamente
nos convencerá da nossa necessidade de nos arrependermos (nos afastarmos) de comportamentos prejudiciais.
Ele nos ensinará como confiarmos, rendermo-nos, e
obedecermos ao Senhor e à Sua Palavra. Deus usará até
mesmo a pressão das circunstâncias para moldar e dar
forma às nossas vidas, assim como o oleiro moldaria e
daria forma a um vaso de barro (Is 64:8).
Como um amoroso Pai Celestial, Deus está nos restaurando a fim de que, quando finalmente O virmos face
a face, sejamos mais semelhantes Àquele que nos criou
(Sl 17:15).
E. Como filhos, ganhamos o privilégio da liberdade.
“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és
filho, és também herdeiro de Deus por Cristo” (Gl 4:7);
“Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36).
Como crentes em Jesus Cristo, fomos libertos, através de Cristo, da lei do pecado e da morte (Rm 8:2). Fomos libertos dos rudimentos deste mundo (Cl 2:8,16-23).
Não precisamos mais ter medo da morte (Hb 2:14,15),
nem do juízo e da ira (Rm 5:9).
Contudo, a nossa adoção e a liberdade que ela traz
têm um propósito maior ainda. O filho adotado não está
livre para fazer o que quer que ele deseje (1 Pe 2:16,17).
Ao contrário, agora somos livres para fazermos o que
deveríamos fazer, em obediência à vontade do nosso Pai
e da Sua Palavra.
Fomos libertos para prestarmos um serviço fiel ano
nosso Deus e à Sua Família (A Igreja), e, como Seus
mensageiros, ao mundo inteiro.
F. Como filhos adotados, recebemos proteção contra
o mal.
A Palavra de Deus promete que os Seus Filhos serão guardados do poder do mal (Veja Lucas 10:19; João
17:11-15; Romanos 8:31-39; 1 João 3:8; 4:4). O único
16 / ATOS
poder e autoridade que o Inferno tem na vida do crente é
o que o crente aceita ou permite. Jesus nos deu a capacidade de resistirmos ao Diabo (2 Co 10:3-5) e de sermos
libertos de qualquer coisa maligna que tente nos oprimir
(Ef 6:10-18).
Contudo, é importante observarmos que a Bíblia claramente afirma que nesta vida ainda experimentaremos
provações, tribulações, e oposições do Diabo (Veja Tiago 1:2-7,12,13; 1 Pedro 4:12-19; Mateus 5:10-12; João
10:10; 2 Co 2:10,11). Vivemos num mundo caído e repleto de pecados, e cada um de nós enfrentará desafios e
sofrimentos.
No entanto, o nosso Pai Celestial promete usar até
mesmo essas dificuldades para operar grandes bênçãos
em nós e para nós (Rm 8:10,28; 2 Co 4:7-18). Nas tribulações, ou teremos a graça de Deus para suportarmos
ou o Seu poder para sermos libertos (Tg 4:6-8; 1 Pe
4:12,13; 1 João 3:8; 4:4; Ap 12:11). Mas, qualquer que
seja a tribulação, o Senhor estará conosco. Ele nunca nos
deixará nem nos abandonará (Mt 28:20; Hb 13:5). Ele
nos dará o que necessitarmos para corrermos a carreira
desta vida com a Sua força e paciência, quaisquer que
sejam os obstáculos.
G.A nossa adoção nos fornece uma dignidade e
igualdade santa.
Há muitos lugares no mundo hoje que consideram algumas pessoas menos aceitáveis do que outras. Pessoas
de castas, tribos, ou regiões geográficas específicas, ou
que falam uma certa língua, são consideradas como sendo menos importantes ou inferiores na ordem social. Há
religiões ou países que não oferecem às mulheres a mesma dignidade, privilégios, ou respeito que os homens recebem. Estas e outras formas de preconceito ou opressão
não são incomuns.
Mas, para os seguidores de Jesus Cristo nascidos de
novo, a sua adoção e status diante de Deus-Pai os coloca
no mesmo nível com todos os outros crentes. Porque,
em Cristo, “não há nem judeu nem grego, não há servo
nem livre, não há macho nem fêmea; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28, ênfase acrescentada;
veja também Colossenses 3:11).
Os que estão em Cristo agora são todos da mesma
linhagem de sangue real (o sangue de Jesus Cristo) e
têm todos o mesmo nome de Família e herança. A Bíblia
revela que os crentes são a “geração escolhida, sacerdócio real, nação santa, o próprio povo especial” de Deus
(1 Pe 2:9).
A dignidade e o valor pessoal dos cristãos são estabelecidos pelo preço pago por nós na Cruz do Calvário,
e pela simples e inegável verdade de que Deus direcionou o Seu amor sobre nós (1 Jo 3:1). Nada pode mudar
esta verdade eterna (Rm 8:38,39). Não importa a cor,
a classe social, a raça, ou o sexo – os crentes são todos
iguais uns aos outros. Cada um deles se torna digno do
amor de Deus em Cristo, e eles são um, no vínculo da
unidade pelo Espírito de Deus (Gl 3:26-29; Ef 2:11-18;
Cl 3:11).
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 De Pastor Para Pastor
Pastores: tudo o que dizemos e fazemos deveria refletir este
importantíssimo princípio bíblico de igualdade. Já foi dito que “o
solo, na base da Cruz de Jesus, é plano”. Em outras palavras,
todos os crentes – sejam jovens ou idosos, homens ou mulheres,
de classe social alta ou baixa, ricos ou pobres – TODOS têm o
mesmo valor e a mesma posição diante de Deus. TODOS têm
um igual acesso a Deus na salvação e no relacionamento. Deus
deseja derramar o Seu Espírito sobre todos os crentes, para capacitá-los para o serviço e para refletir a Sua glória (Jl 2:28,29).
A Bíblia revela um princípio de unidade que vai além
do mero relacionamento entre marido e esposa (1 Pe 3:712). Como líderes, precisamos sempre dar o exemplo de
um tratamento com retidão a todos aqueles por quem
Cristo morreu para salvar. Precisamos tratar os outros
– não importa quem sejam – com dignidade, honra e
respeito, dando o exemplo de um comportamento semelhante ao de Cristo aos que lideramos.
Se a sua cultura ou histórico de vida, o seu orgulho, ou
o seu temor impedem que você ame e libere no ministério
todos os crentes igualmente, reconsidere por favor o seu
papel como presbítero ou líder na Igreja. Para ser um líder
frutífero e eficaz, é preciso que você viva e dê o exemplo
dos princípios encontrados nas Escrituras.
H.O cumprimento completo dos privilégios de
sermos adotados por Deus ainda está por vir.
“E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a ressurreição do nosso
corpo” (Rm 8:23).
O fato de sermos justificados pela fé em Cristo nos
liberta do pecado e da condenação (Rm 3:21-25,27,28).
Através da nossa adoção tornamo-nos filhos que são estabelecidos como co-herdeiros com Cristo (Rm 8:17; 1
Co 3:21-23; Gl 4:6,7; Hb 6:17; Ap 21:7).
A nossa herança como filhos de Deus já começou.
Pelo fato de que somos filhos adotados, a Bíblia nos chama de filhinhos, filhos e herdeiros. Como filhinhos, já
recebemos a dádiva de um relacionamento íntimo com
o nosso Pai Celestial. Como filhos, a nossa colocação
ou posição diante d’Ele é firme e repleta de promessas
para esta vida e para a vida vindoura. Como herdeiros, a
nossa herança também é tanto para agora como para o
futuro.
A nossa herança futura será totalmente concretizada
quando partirmos desta vida e virmos ao nosso Salvador
“face a face” (1 Co 13:12). A chave para a compreensão desta herança futura é a promessa contida em Efésios 1:13,14. Use alguns momentos para ler esta passagem agora (Veja também 2 Coríntios 1:22; 5:5; Efésios
4:30).
Há uma afirmação de que recebemos a dádiva de sermos selados com o Espírito Santo como uma “garantia”.
A palavra garantia pode ser traduzida como pagamento
de entrada, depósito ou primeira prestação. Em outras
palavras, Deus nos deu o Seu Espírito como um pagaVOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
mento de entrada, garantindo-nos para o dia em que Ele
nos receberá e nos introduzirá plenamente na eternidade.
O nosso Pai Celestial pagou o preço final por nós,
enviando ao Deus-Filho para levar o nosso pecado sobre
Si Mesmo e morrer em nosso lugar na Cruz. Em seguida, o nosso Pai deu ao Deus-Espírito Santo como uma
promessa, ou garantia, de que a nossa plena herança e a
total redenção das nossas vidas estão asseguradas e serão concretizadas.
A Bíblia revela que até mesmo os nossos corpos
mortais, fracos e corruptíveis serão ressuscitados algum
dia (1Ts 4:15,16). Os nossos corpos mortais serão então
transformados, tornando-se imortais e incorruptíveis (1
Co 15:35-58).
Louvado seja o Senhor! Como filhos de Deus, seremos totalmente transformados – corpo, alma e espírito.
Algum dia viveremos na eternidade, totalmente íntegros,
e na resplandecente e não-atenuada presença do nosso
Senhor e do Seu amor!
Até então, podemos conhecer a Deus e experimentar
o Seu amor. Temos o “pagamento de entrada” do Seu
Espírito habitando dentro de nós. À medida que crescemos e amadurecemos em Cristo, podemos conhecer ao
Senhor mais profundamente, vivenciando uma medida
cada vez maior do Seu amor e do Seu poder em nossas
vidas e através delas.
Louvado seja o Senhor! Como
filhos de Deus, seremos totalmente
transformados – corpo, alma e espírito.
Algum dia viveremos na eternidade,
totalmente íntegros, e na resplandecente
e não-atenuada presença do nosso
Senhor e do Seu amor!
Este processo de crescimento pode e deveria continuar a cada dia de nossas vidas até que finalmente O
vejamos face a face e O conheçamos plenamente, assim
como somos conhecidos (1 Co 13:12). Que alegria e privilégio o fato de sermos filhos, adotados e estabelecidos,
do Deus Vivo! Que grande alegria e promessa de herança é a nossa, tanto agora como por toda a eternidade!
“Ele Nos Fez Aceitos”
Os nossos privilégios como filhos adotados e herdeiros do Deus Vivo são verdadeiramente gloriosos. Certamente teremos uma eternidade para cantarmos os Seus
maravilhosos louvores pelo fato de que Ele recebeu pecadores, impossíveis de serem amados – pela Sua graça
e amor – e nos fez Seus filhos. Tudo isto Deus fez, “segundo o beneplácito da Sua vontade, para o louvor da
glória da Sua graça, pela qual Ele nos fez aceitáveis no
Amado” (Ef 1:5,6). &
ATOS / 17 PECADO
Parte V
O Propósito da Nossa Adoção
A
adoração devida ao nosso Deus por toda a eternidade é certamente uma consequência justa por causa
da nossa adoção. Mas há também um propósito em
nossa adoção como filhos que podemos vivenciar e dar expressão enquanto vivemos aqui na terra.
A.Destinados Para o Relacionamento
As Escrituras revelam que a humanidade foi originalmente criada à imagem de Deus (Gn 1:26,27). Isto inclui o
fato de que a humanidade foi criada com a capacidade do
livre arbítrio e escolha. Nós somos capazes de pensar, sentir, raciocinar, e de tomar decisões inteligentes. Nós também
temos emoções. Todas estas coisas são atributos que são necessários para termos relacionamentos normais e saudáveis.
Em última análise, a humanidade foi criada para a glória
de Deus (Ap 4:11). Mas como o homem deveria trazer esta
glória a Deus? Será que isto deveria ser realizado através
da complexidade do ser humano? Ou através da nossa inteligência ou criatividade? Todas essas coisas são características maravilhosas que Deus nos deu. Contudo, elas, por
si só, não revelam o verdadeiro propósito de Deus para a
criação da humanidade à Sua imagem.
Ou talvez o homem deveria trazer glória a Deus através do
seu serviço. Mas será que Deus precisava de mais servos? Em
caso afirmativo, então por que Deus simplesmente não faria
mais anjos? Eles são fortes, mais rápidos, e sem muitas das
nossas limitações humanas e carnais. Certamente a humanidade tem a capacidade de servir, mas, uma vez mais, esta não é a
razão pela qual fomos criados à imagem de Deus.
18 / ATOS
O Pecado Destrói O Relacionamento
Várias passagens bíblicas estudadas nos revelam até certo
ponto a razão pela qual Deus criou o homem à Sua semelhança. Lemos que Deus nos escolheu em Cristo e nos predestinou
à adoção “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Em outras
palavras, Deus, na eternidade passada, escolheu nos criar à
Sua imagem, a fim de que pudéssemos ser os Seus filhos.
Deus escolheu nos criar da forma como o fez a fim de
que pudéssemos ter um relacionamento de amor com Ele,
como nosso Pai Celestial! O propósito original era o de andarmos e conversarmos com Deus face a face, como Adão
o fazia no Jardim do Éden (Gn 2). Você e eu fomos criados para um relacionamento – um relacionamento pessoal,
amoroso, e íntimo com o nosso Criador.
Infelizmente, Adão e Eva escolheram violar este relacionamento através da desobediência e rebelião contra os
mandamentos de Deus. Assim sendo, o pecado entrou em
nosso mundo e começou a sua cruel obra na Criação de
Deus. O pecado sempre destrói os relacionamentos – no
casamento, nas amizades, nas famílias – mas especialmente
entre nós e um Deus perfeito e santo.
O Nosso Destino Claramente Planejado
O pecado e a sua consequência, a morte, ameaçaram
arruinar os planos de Deus para a Sua Criação. Mas Deus
muito rapidamente colocou em ação o Seu plano de redenção (Gn 3:15). Muito embora levaria séculos para que se
desvendasse por completo, ele era perfeito em seu planejamento e sincronização.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 No momento exato da história – depois que a Lei havia
sido usada como um tutor para revelar à humanidade a sua
desesperada necessidade de Deus (Gl 3:23-25) – Deus enviou o Seu Filho para levar sobre Si Mesmo a penalidade
de morte por todos os pecados da humanidade (Jo 3:16).
Este perfeito e imaculado Cordeiro tornou-Se o sacrifício
por todos (Is 53; 2 Co 5:15; 1 Pe 1:18-21). Em seguida,
Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos para reinar para
sempre como nosso Senhor e Salvador Vivo!
Todos os que creem e recebem a Jesus, o Salvador
Vivo, têm os seus pecados perdoados. Devido ao fato de
que os pecados do pecador arrependido são removidos dele
para tão longe quanto o ocidente está longe do oriente (Sl
103:12), não há mais a separação causada pelo pecado entre
o pecador e o seu Deus Criador.
Assim sendo, o pecador torna-se um filho adotado e é
restaurado ao que Deus havia intencionado originalmente –
ter um relacionamento pessoal com Ele como Pai Celestial.
Este é o destino claramente planejado para todas as pessoas – e é por isso que precisamos levar esta mensagem do
Evangelho a todo o mundo!
De Pastor Para Pastor
Pastores: as nossas ocupadas vidas e ministérios podem muitas vezes causar a negligência do nosso relacionamento pessoal
com Deus. O nosso “primeiro amor” (Ap 2:4) se torna a obra do
ministério, ou talvez alguma outra coisa. Todo o nosso tempo e
esforços são devotados a outras coisas que não sejam o nosso
relacionamento com o Senhor.
Nenhum de nós tem a intenção de negligenciar a Deus, mas,
lentamente, à medida que os nossos ministérios crescem e as
nossas vidas ficam ocupadas, encontramo-nos passando cada
vez menos tempo com o Senhor. A nossa vida de oração tornase focada em pedirmos as coisas que queremos, nas bênçãos
para nós, ou na unção para que nos saiamos bem, ao invés de
simplesmente nos assentarmos aos pés do nosso Salvador para
estarmos com Ele. Estudamos a Palavra de Deus somente para
obtermos um bom sermão, ao invés de simplesmente termos comunhão com Ele e para nos alimentarmos espiritualmente.
Muitos pastores caem nesta armadilha. Não é de se admirar
que eles comecem a se esgotar e a se perguntar: “Por que estou
me sentindo tão seco espiritualmente? Onde estão a minha sensação de chamado e a minha visão? Por que Jesus parece estar
tão longe? Onde está Deus em minha vida? Por que o ministério
está me dando a sensação de ser uma apresentação externa, e
não algo vital e vivo, vindo do meu coração?”
Será que algumas dessas perguntas lhe parecem familiares?
Cada um de nós precisa ter o cuidado de proteger e ativamente
fortalecer o seu relacionamento com Deus, e crescer neste relacionamento. Sem uma comunhão revigorada e diária com Ele e
o maná fresco da Sua Palavra, rapidamente ficamos enfraquecidos espiritualmente. Quando estamos fracos, somos alvos muito
mais fáceis para ataques demoníacos. Aí então temos menos
força para resistirmos e vencermos a nossa carne (Rm 13:14; Gl
5:16; Ef 4:27; 6:10-18). Inevitavelmente, os meios-termos e os
fracassos logo se seguem.
No entanto, o mais trágico será a perda da comunhão íntima
com Deus para a qual você foi criado. Ele anseia por você (Tg 4:5),
e você precisa d’Ele desesperadamente. Não há nenhum outro relacionamento ou atividade nesta vida que seja mais importante do
que caminhar e conversar com o seu Pai Celestial todos os dias!
Isto se aplica a você e também aos que você lidera. ●
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Assim sendo, o pecador torna-se
um filho adotado e é restaurado
ao que Deus havia intencionado
originalmente – ter um
relacionamento pessoal com Ele
como Pai Celestial. Este é o destino
claramente planejado para todas as
pessoas...
A Nossa Porta de Acesso
A humanidade foi criada para um relacionamento
com o nosso Criador, o nosso Deus e Pai. Quando o pecado destruiu esta possibilidade, Deus enviou o Seu Filho para tomar a penalidade de morte pelo nosso pecado.
O sacrifício de Jesus por nós reabriu a porta a Deus que
o pecado havia fechado.
A adoração no Templo nos dias de Jesus incluía um
lugar recluso, o Santo dos Santos. Somente o Sumo Sacerdote podia entrar lá para falar com Deus a favor do
povo (Hb 9:6-9). Ele era coberto por um grande e espesso tecido conhecido como “véu”.
A Bíblia revela que, quando Jesus morreu, o véu do
Templo que cobria o Santo dos Santos foi sobrenaturalmente rasgado em dois (Mc 15:38). O rasgamento deste
pesado tecido do véu de alto a baixo significa para nós
que, através da morte de Cristo, uma vez mais havia sido
aberta, por Deus, a porta de acesso entre Ele Mesmo e
toda a humanidade!
Reconciliação
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho, muito mais,
estando já reconciliados, seremos salvos pela Sua
vida” (Rm 5:10). A palavra “reconciliar” significa
mudar, restabelecer, ou restaurar um relacionamento.
Uma vez mais vemos que a obra sacrificial de Cristo estabeleceu a possibilidade da nossa reconciliação
com Deus.
Esta reconciliação encontra-se disponível a qualquer
pessoa que creia em Cristo para a salvação (Ef 2:8-13;
Rm 10:13). Um íntimo relacionamento com Deus é possível a qualquer crente em Cristo. Mas esta reconciliação
também fornece um segundo propósito importante.
B. Destinados a Sermos Embaixadores
Como filhos adotados de Deus, fomos soberanamente colocados por Deus-Pai na posição de maturidade de
filiação. Somos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo” (Rm 8:17).
Esta tremenda posição de privilégio também traz
consigo tremendas responsabilidades. Uma das principais responsabilidades de todos os crentes enquanto estiATOS / 19 Todos os crentes têm o
mandamento e o privilégio de
contar aos outros o que Deus,
através de Cristo, fez por eles. Não
faz diferença nenhuma a idade, o
sexo, o chamado, ou a maturidade
espiritual – é responsabilidade de
todos os cristãos falar aos outros
sobre Jesus!
verem na terra é revelar o Evangelho – a salvação eterna
e o relacionamento restaurado com Deus que se encontra
disponível somente pela fé em Cristo.
Todos os crentes têm o mandamento e o privilégio
de contar aos outros o que Deus, através de Cristo, fez
por eles. Não faz diferença nenhuma a idade, o sexo,
o chamado, ou a maturidade spiritual – é responsabilidade de todos os cristãos falar aos outros sobre
Jesus!
O Apóstolo Paulo explicou isto da seguinte maneira
à Igreja de Corinto, e a nós hoje: “E tudo isto provém
de Deus, que nos reconciliou Consigo Mesmo por Jesus
Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é,
Deus estava em Cristo reconciliando o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da
reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos
pois da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus”
(2 Co 5:18-20).
Todos nós devemos ser embaixadores por Cristo. A nossa adoção requer muito mais de nós do que
simplesmente ficarmos sentados, regozijando-nos em
nossa salvação e posição como filhos. Temos uma
missão do nosso Pai Celestial. Essa missão é implorar
aos outros a se reconciliarem com Deus e a dizer-lhes
como isto é feito – somente pela salvação através de
Jesus Cristo.
Esta missão é o mandamento final de Jesus a todos
os Seus seguidores: “E chegando-Se Jesus, falou-lhes,
dizendo: ‘Toda autoridade Me é dada no céu e na terra. Ide portanto, e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo, ensinando-as a observarem todas as coisas que
Eu vos tenho ordenado; e eis que estou convosco sempre, até o fim dos séculos’” (Mt 28:18-20; veja também
Marcos 16:15).
O Apóstolo Paulo dedicou a sua vida a este grande
propósito (1 Co 9:19-27; Cl 1:24-29), assim como têm
feito outros inúmeros crentes através das eras. E nós hoje
não podemos fazer nada menos do que isto!
20 / ATOS
A Vontade do Nosso Pai
O nosso maior privilégio e alegria como filhos adotados de Deus é revelar o amor de Deus que se encontra
disponível aos outros através de Jesus Cristo. A nossa
mensagem inclui o seguinte: “O Senhor não retarda a
Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é
longânimo para convosco, não querendo que alguns se
percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2
Pe 3:9); “... todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo” (Rm 10:13); e “Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que
todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo 3:16).
Deus disse ao Seu primeiro filho criado, Adão, que
ele “fosse frutífero e se multiplicasse” e que ele fosse
um administrador de tudo o que Deus havia entregado
aos seus cuidados (Gn 1:26-28; 2:8,15). A vontade de
Deus para nós é muito semelhante, mas agora, acrescentada a ela, há a seguinte dimensão: “Nisto é glorificado
Meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis Meus discípulos… Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos
escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto,
e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto
em Meu nome pedirdes ao Pai Ele vo-lo conceda” (Jo
15:8,16).
O “fruto” que devemos produzir e que é eterno por
natureza é o fruto das pessoas – os que são levados à salvação através de Cristo. Devemos multiplicar os filhos
que são restaurados a Deus através da salvação. Não podemos salvar a ninguém pelo nosso próprio poder. No
entanto, recebemos a mensagem da salvação, e Deus nos
dá o poder do Espírito para entregá-la com ousadia! Ele
confirmará o Evangelho com sinais e maravilhas que se
seguem (Mc 16:17,18; 1 Ts 1:5).
Somos os filhos adotados que também são chamados
para serem pregadores do Evangelho (Rm 10:14,15). A
vontade do nosso Pai é que todos os nascidos de novo
compartilhem fielmente as Boas Novas da salvação através de Cristo com qualquer pessoa que quiser ouvir.
Precisamos estudar a Palavra de Deus e prepararmonos para respondermos as perguntas que os incrédulos
possam ter (2 Tm 4:1-5; 1 Pe 3:14-17). Também precisamos amar e servir aos que estão necessitados, em nome
de Cristo, demonstrando de uma maneira bem prática o
quanto que Deus ama as pessoas. Tudo isto são maneiras de compartilharmos o Evangelho, as Boas Novas do
amor de Deus e da salvação em Cristo.
Como filhos adotados de Deus, recebemos o privilégio e a responsabilidade de cumprirmos a vontade do
nosso Pai Celestial. Isto não faz com que mereçamos a
nossa adoção, não prova o nosso valor para recebê-la,
nem faz com que Deus nos ame mais do que Ele já nos
ama (Lc 17:10; Rm 5:1-10; 1 Jo 3:1-3).
Não servimos ao nosso Pai a fim de obtermos o privilégio ou a posição de filiação; isto já é nosso em Cristo.
Contudo, nós servimos porque somos aceitos como Seus
filhos. Não somos filhos porque servimos; servimos
porque somos filhos! &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Conclusão
Vá
Adiante
RELAC
IONAMENTO
O
Deus Todo-Poderoso, o nosso Criador e Pai Celestial, o escolheu, para que você fosse Seu filho, em
plenos direitos, uma vez que você receba a salvação
através de Jesus Cristo. Assim sendo, você também é herdeiro d’Ele para todos os privilégios, provisão, promessas e
poder – AGORA, e no Reino de Deus ainda por vir! Glória
a Deus!
Tire alguns momentos ainda agora, levantando a sua
cabeça e as suas mãos ao Senhor. Agradeça-Lhe em voz
alta pelo fato de que você é Seu filho. Declare esta verdade
ao mundo natural e ao mundo sobrenatural – a tudo o que
poderia opor-se para que esta verdade não seja realizada
plenamente em sua vida.
Você não é um filho indesejado. Se você recebeu a salvação de Cristo, você não é indigno de ser um amado filho
de Deus. O sangue de Cristo o purificou do pecado e o tornou digno de receber. Ele quebrou a parede de separação
entre você e Deus, e você pode ter uma comunhão íntima
com o seu Pai Celestial.
Não há dúvida nenhuma na mente e no coração de Deus
com relação à sua posição e condição diante d’Ele como
filho. Portanto, não permita também que nenhuma pergunta
ou dúvida entre em sua mente com relação a isto! Deus ama
você com um amor eterno. Ele colocou o Seu amor e favor
sobre você na eternidade passada; e uma vez que você é
salvo, não há nada neste mundo ou no mundo espiritual que
possa mudar isto!
“Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem
o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm
8:38,39).
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Vá Adiante com Coragem!
Compete a cada um de nós escolher a começar a viver
como o filho plenamente amado e capacitado que cada um
de nós é! Todos os crentes em Cristo foram estabelecidos na
posição do filho maduro e herdeiro pela inabalável e imutável vontade de Deus (Jo 1:12,13).
Portanto, que cada um de nós comece a viver cada dia
com confiança, sabendo que a nossa posição com Deus
é segura. Estude a Palavra de Deus e aprenda tudo o que
Deus lhe deu como herança nesta vida e na vida vindoura.
Ore diariamente e tenha comunhão com o seu Pai Celestial, conhecendo-O cada vez mais e permitindo que o Seu
Espírito o faça mais semelhante a Jesus em seu caráter e
comportamento.
Permita que a sua fé cresça, para que você creia em Deus
pela provisão e poder que você precisa para fazer o que o
seu Pai estiver fazendo (Jo 5:19) e para dizer o que o seu Pai
estiver dizendo (Jo 7:17,18) – a fim de que você possa liderar
a Igreja de Deus de acordo com a vontade do Pai.
Rejeite todo temor, dúvida e incerteza com relação a
quem você é em Cristo e ao chamado d’Ele sobre a sua
vida. Adote plenamente o direcionamento do Espírito Santo
e da vontade d’Ele para você, à medida que você coloca a
sua mão no arado e nunca olha para trás. Você foi destinado por Deus – e recebeu tudo o que você precisa – para
ser “mais do que vencedor por Aquele que nos amou” (Rm
8:37).
Você é um filho adotado de Deus. Você tem todos os
privilégios e todas as responsabilidades que vêm com esta
posição abençoada. Portanto, regozije-se e vá adiante com
coragem, fé e esperança – pois Deus, o seu Pai, é por você
e está com você! Amém! &
ATOS / 21 CIDADANIA CELESTE
Desenvolvendo Uma Cosmovisão Bíblica
DADÃ
UND
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO DO
MUNDO
CIDADÃO NÃO
DESTE
MUNDO
CIDADÃO NÃO
DESTE
MUNDO
Adaptado dos ensinos do Dr. Vic Torres, Jr.
Introdução
O princípio bíblico da CIDADANIA é de grande importância para todos os crentes. O Apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: “Pois a nossa cidadania
está no Céu, de onde também avidamente aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20). Este versículo
bíblico revela que todos os crentes em Jesus Cristo não são
Exatamente como a adoção espiritual
na Família de Deus tem grandes
implicações para todos os crentes,
assim também acontece com a
cidadania celestial. O fato de nos
tornarmos cidadãos do Reino de Deus
deveria causar um impacto em todas
as áreas das nossas vidas – incluindose o nosso entendimento de quem
somos, e de como pensamos e agimos.
Isto deveria afetar a maneira como
vemos o mundo ao nosso redor e
como vivemos as nossas vidas diárias.
22 / ATOS
mais “cidadãos” deste mundo, mas, ao invés, pertencem a
um Reino eterno muito maior.
No momento em que nascemos de novo pela fé em Cristo, somos adotados espiritualmente como filhos de Deus
(Rm 8:15,16). A nossa cidadania é “transmitida” ou transferida para o Reino de Deus, que não é deste mundo (Cl
1:12,13).
Exatamente como a adoção espiritual na Família de
Deus tem grandes implicações para todos os crentes, assim
também acontece com a cidadania celestial. O fato de nos
tornarmos cidadãos do Reino de Deus deveria causar um
impacto em todas as áreas das nossas vidas – incluindo-se o
nosso entendimento de quem somos, e de como pensamos e
agimos. Isto deveria afetar a maneira como vemos o mundo
ao nosso redor e como vivemos as nossas vidas diárias.
A maneira como vemos o mundo ao nosso redor contribuirá grandemente para as escolhas diárias que fazemos. Isto
é o que é conhecido como cosmovisão. Todas as pessoas em
toda parte têm uma cosmovisão de um tipo ou de outro, a
qual é moldada por uma grande variedade de fatores.
Como cristãos, um entendimento correto da nossa cidadania no Reino de Deus deveria ser a influência principal que
molda a nossa cosmovisão. É importante para você como líder viver de uma forma tal que todos possam ver que você
é um cidadão do Reino de Deus. Também é importante que
você tanto seja um exemplo como também ensine este estilo
de vida às pessoas que você pastoreia. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Capítulo 1
Perspectiva de Deus
O seu entendimento da cidadania celestial afetará a
sua perspectiva geral: como você vê as coisas com relação à vida, aos relacionamentos, e ao ministério. Como
você “vê” a vida determinará então as suas ações. As
suas ações determinarão os seus resultados. Os seus resultados determinarão a eficácia da sua vida e ministério.
Veja que tudo começa com a sua perspectiva. Assim sendo, é importante que tenhamos a perspectiva correta.
Ter a perspectiva do Reino de Deus e andar em obediência a Ele são duas chaves básicas à frutificação na
vida e no ministério.
Para entendermos melhor a cidadania celestial e como
ela molda a nossa cosmovisão, analisemos a vida de
Saulo/Paulo (Pare agora e leia Atos Capítulos 8,9,22,26
e Gálatas Capítulos 1,2). A Bíblia revela como uma mudança total da cosmovisão de Paulo produziu uma mudança completa em sua vida e ações.
A Mudança Dramática da Cosmovisão
de Saulo/Paulo
Saulo cresceu num lar judeu muito devoto. Ele era
bem instruído pelo seu pai e pela família nos costumes
e tradições judaicos. Saulo foi a escolas hebraicas e foi
inteiramente imerso em sua cultura judaica.
Quando Saulo já tinha idade suficiente, ele se uniu
a um grupo judaico em Jerusalém conhecido como os
fariseus. Ele foi excelente em todo o aprendizado e era
muito zeloso pelos formalismos e tradições dos judeus.
Na verdade, os líderes judeus viam que Saulo era tão
promissor como líder que ele teve como mentor um dos
grandes rabinos da época, Gamaliel.
Saulo havia sido totalmente doutrinado pelo seu amVOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
biente judaico – tanto é que ficou cego a qualquer outra
forma de pensamento.
Caminho de Destruição
Os profetas judeus haviam predito que um dia um
Messias viria para libertar o povo judeu da sua opressão.
Havia, nos dias de Saulo, os que estavam dizendo que
um Homem, Jesus Cristo, era exatamente esse Messias
ou Salvador. Este Jesus estava ensinando sobre o Reino
de Deus baseado em amor, perdão, e aceitação de todas
as pessoas – não somente judeus, mas gentios também.
Muitos dos judeus começaram a receber a Jesus e aos
Seus ensinamentos, e estavam abandonando as tradições
da Sinagoga e sendo batizados no cristianismo.
Quando Saulo ouviu sobre Jesus e estes seguidores
que estavam ameaçando o que ele acreditava e valorizava, ele ficou furioso e buscou perseguí-los e destruí-los.
Saulo os perseguia, e, mais tarde, voluntariou-se a ir à
Cidade de Damasco com o propósito de prender cristãos
e colocá-los na prisão.
Salvo de si Mesmo
A viagem de Saulo no caminho a Damasco tornarse-ia o ponto de virada da sua vida. Enquanto viajavam,
Saulo e os seus companheiros subitamente se depararam
com uma luz do Céu. Ela era tão brilhante e poderosa
que eles caíram por terra. Uma voz que somente Saulo
conseguia ouvir falou de dentro da luz: “Saulo, Saulo,
por que você está Me perseguindo?” Saulo respondeu:
“Quem és Tu, Senhor?” A voz falou novamente: “Eu sou
Jesus de Nazaré, a quem você está perseguindo.”
Neste exato instante, Saulo teve uma revelação
pessoal, e ele sabia sem dúvida nenhuma que o que estava acontecendo era real. Subitamente, muito do que ele
havia sabido e crido durante toda a sua vida estava sendo
colocado em dúvida. A exata Pessoa a quem Saulo havia
vindo para perseguir seria a Pessoa que o salvaria de si
mesmo. Saulo havia recebido uma revelação pessoal de
Jesus Cristo, e, como resultado, ele entregou a sua vida
para seguir este Salvador, o Filho de Deus.
Uma Visão Cegante do Mundo
Semelhantemente a Saulo, todas as pessoas que creem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador tiveram um
tipo de “revelação pessoal”. A luz da verdade de Jesus
Cristo lhes foi revelada (2 Co 4:3-6), ainda que, talvez,
não tão dramaticamente quanto na experiência singular
de Saulo!
Na salvação, as nossas “vendas espirituais” são removidas, e conseguimos ver melhor a verdade de Jesus
Cristo da forma como Ele é revelado nas Escrituras (Ef
1:17-23). Também começamos a ver que, antes da nossa
conversão, fazíamos o que nós achávamos que era certo. Mas, uma vez que a verdade é revelada a nós, percebemos que muito do que achávamos que era certo era na
verdade errado!
Pode haver uma grande diferença entre a verdade de
fato e o que outrora percebíamos como sendo verdade
ATOS / 23 – especialmente quando a base para o que achávamos
que era verdade era o mundo e as suas filosofias cegas.
A nossa cosmovisão foi moldada de uma certa maneira,
antes de Cristo, mas ela precisa ser moldada novamente,
depois que recebemos a salvação através de Cristo.
O ambiente em que Saulo cresceu – os seus amigos,
professores, cultura, religião, e até mesmo a sua família
– contribuiu com uma maneira de pensar ou cosmovisão
que o impedia de ver a verdade de fato. Foi necessária
uma revelação pessoal, por Deus, para começar a abrir
os olhos do seu entendimento.
Após a conversão inicial de Saulo (o seu nome foi
então mudado para Paulo), passaram-se muitos anos antes que ele finalmente começasse o seu ministério. Foi
provavelmente durante esses anos que Paulo dedicou
tempo para reconsiderar as suas crenças. Para poder ser
um obediente seguidor de Cristo, Paulo teve que rejeitar
as falsas crenças e práticas da sua vida. Ele também teve
que aprender, adotar por completo, e viver de acordo
com as verdades recém-descobertas, ensinadas por Jesus
Cristo.
Alinhando-se com a Verdade
A minha oração é que, à medida que você continuar
estudando este ensino, você reconheça a verdade da Palavra de Deus. Em seguida, separe um tempo para examinar a sua vida à luz da verdade. Se você tiver crenças
ou práticas que discordem do que é ensinado na Bíblia,
24 / ATOS
você precisa rejeitar essas coisas e substituí-las pela verdade encontrada na Palavra de Deus.
Quase todos nós, antes de nos achegarmos a Cristo, desenvolvemos falsas ideias, crenças, filosofias, ou
práticas que talvez tenham tido as suas raízes em associações emocionais, familiares, culturais, tradicionais,
ou religiosas. Mas agora, como cristão, as suas crenças
ou práticas precisam alinhar-se com a verdade de Jesus
Cristo e do todo da Palavra de Deus.
Como seguidores de Cristo, sempre deveria ser uma
prioridade nos tornarmos mais semelhantes a Ele (Mt
10:24,25; 1 Pe 2:21; 1 Jo 2:6). Portanto, qualquer crença
ou prática de sua vida que não seja santa, que não se
conforme com a Palavra de Deus, ou que esteja fazendo
com que você seja menos semelhante a Cristo, deveria
ser rejeitada (Ef 4:1; 1 Jo 3:2,3).
Deus o chamou ao Seu serviço no ministério porque Ele deseja que você seja um líder em Sua Igreja, a
Noiva de Cristo (Jo 15:16; 2 Tm 1:8-12). Ele também
quer que você seja transformado diariamente e cada
vez mais à Sua imagem (Rm 8:29; 2 Co 3:18) e moldado para os Seus propósitos. Assim como foi com Paulo,
Deus supriu tudo o que você precisa para capacitá-lo a
ser eficaz. Deus vê o seu desejo de ser fiel a Ele e ao
ministério ao qual você foi chamado. “E eu agradeço a
Cristo Jesus nosso Senhor, o qual me capacitou, porque
Ele me considerou fiel, colocando-me no ministério” (1
Tm 1:12). &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Pro
va
de
cidadania
passa
po
rte
ATENÇÃO!
É PRECISO
MOSTRAR
PROVA DE
CIDADANIA
PARA ENTRAR
Capítulo II
Nossa Cidadania Está no Céu
Vamos ler novamente a declaração feita por Paulo, sob a
inspiração do Espírito Santo: “Pois a nossa cidadania está no
Céu, de onde também avidamente aguardamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20).
Que profunda declaração do Apóstolo Paulo! Paulo estava
declarando que a terra, com tudo o que ela contém, não era o
seu lar. A sua cidadania estava no Céu! Fazendo esta declaração, Paulo estava dizendo que a sua cosmovisão e da vida
agora vinha de uma perspectiva celestial ou do Reino.
Ao nascermos de novo, a nossa cidadania espiritual muda.
Exatamente como o nosso nascimento espiritual é do Céu, assim também é a nossa recém-descoberta cidadania. Para podermos ter a certeza de que vemos a vida precisamente como
cidadãos celestiais – com uma perspectiva do Reino – precisamos examinar o que cremos e porque cremos nestas coisas.
Vamos examinar agora mais detalhadamente este conceito
da nossa cidadania celestial.
Cidadania
Paulo era um cidadão romano e entendia que o fato de ser
um cidadão de Roma por nascimento ou adotado incluía direitos, privilégios e deveres que os estrangeiros não tinham (Veja
Atos 16:37; 21:39; 22:25-29; 23:27).
Mas Paulo escreveu à Igreja dos Filipenses sobre uma cidadania espiritual (Fp 3:20). Ele queria que eles entendessem
que assim como a Cidade de Filipos era uma colônia de Roma,
assim também a Igreja de Filipos era uma colônia do Céu.
Quando nascemos de novo, aceitando a Jesus Cristo como
nosso Senhor e Salvador, a nossa cidadania é mudada da terra
para o Céu. Não somos mais apenas asiáticos, indianos, africanos, europeus, espanhóis, ou americanos. Somos acima de
tudo cristãos. A nossa fidelidade e a nossa lealdade são primeiramente como cidadãos do Céu. Esta cidadania recém-descoberta deveria ter a prioridade sobre todas as outras associações
terrenas.
A Bíblia revela que, na salvação:
●● Os nossos olhos são abertos (2 Co 4:3-6);
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
●● Passamos das trevas para a luz (2 Co 4:6; 1 Pe
2:9);
●● Somos libertos do poder de Satanás para o poder
de Deus (Cl 1:13);
●● Recebemos o perdão dos pecados (Ef 1:7); e
●● Recebemos uma herança entre os que são santificados pela fé em Jesus (At 26:18).
Como parte desta herança espiritual, passamos do fato de
sermos cidadãos terrenos e nos tornamos cidadãos do Céu.
Como membros do eterno Reino de Deus, devemos representar
o Rei do Céu onder quer que formos: “Agora, portanto, somos
embaixadores por Cristo, como se Deus estivesse suplicando
através de nós” (2 Co 5:20).
Sim, somos cidadãos do Céu – e, até mesmo mais do que
isto, somos embaixadores pelo nosso Rei, Jesus Cristo!
Como Seus embaixadores, também recebemos o poder e a autoridade que fluem do Rei de reis e Senhor de senhores (Mt
16:19; 28:18; Tt 2:15). Este poder e esta autoridade nos são
dados para executarmos a vontade de Deus, e não a nossa.
O Problema
Contudo, pode haver um problema com a nossa recém-descoberta cidadania. A Bíblia afirma: “Portanto, se alguém está
em Cristo, é uma nova criação; as coisas velhas já passaram;
eis que todas as coisas se fizeram novas” (2 Co 5:17).
Somos novas criações, que agora são cidadãos de um reino
celestial. O problema, no entanto, é que ainda não sabemos
ou não compreendemos por completo os direitos, privilégios, e deveres da nossa nova cidadania!
Portanto, devido ao fato de que não entendemos a nossa
cidadania de nascidos de novo, continuamos a viver pelas antigas práticas, tradições, e cultura da terra em que fomos criados.
Estas antigas práticas frequentemente estão em desobediência
direta às verdades e altos padrões do nosso Rei, Jesus Cristo, e
da Sua Palavra.
Por que isto é assim? E, mais importante ainda, como pode
ser mudado? &
ATOS / 25 Capítulo 3
COSMOVISÃO
NHA
I
M
Nossa
Cosmovisão
BÍB
SAG LIA
RAD
A
Todo ser humano que já nasceu desenvolve algum
tipo de cosmovisão. A nossa cosmovisão é formada por
muitas coisas, incluindo-se: a nossa educação, a nossa
criação, a sociedade e cultura em que vivemos, os livros
que lemos, os professores que temos, e a nossa exposição à televisão, rádio, ou jornais. Para muitas pessoas,
a sua cosmovisão é simplesmente algo que absorveram
através de um contato contínuo com as influências dos
seus arredores.
A maioria das pessoas não identifica a sua cosmovisão nem as suas percepções de como a vida deveria
funcionar. Elas simplesmente vivem a vida a cada dia,
não vivendo consciente ou intencionalmente a sua visão específica do mundo. A sua cosmovisão pode ser
bíblica ou secular, ou encontrar-se em algum lugar no
meio.
Infelizmente, uma boa parte da nossa cosmovisão é
formada por pessoas e circunstâncias ao nosso redor que
frequentemente são prejudicadas e obscurecidas pelo pecado. Assim sendo, a nossa cosmovisão também se torna
distorcida e prejudicada. O fato de termos este tipo de
cosmovisão pode fazer com que nos tornemos enganados com relação a muitas coisas.
Quando a nossa forma de pensamento e as nossas
crenças são moldadas pelo “mundo” – através de vãs filosofias, falsas religiões, e impiedade – acabamos com
uma cosmovisão secular ou mundana (Fp 3:17-19).
Porque Precisamos de Transformação
No momento em que somos salvos pela fé em Cristo, todos os nossos pecados são perdoados (Cl 1:14).
A penalidade pelo nosso pecado foi paga pelo sangue
de Cristo (Rm 3:24,25). Quando somos perdoados, os
26 / ATOS
nossos pecados não são mais lembrados por Deus (Hb
10:16,17). O nosso passado é visto por Deus como sendo
completamente puro e santo (1 Co 6:9-11).
No entanto, alguns dos efeitos da nossa vida pecaminosa antes de Cristo ainda podem permanecer dentro de
nós. A Bíblia revela que, após a salvação, ainda precisamos de uma transformação adicional do nosso coração
e mente (2 Co 3:18; Hb 10:14; Rm 8:29; 12:1,2). Esta
transformação nos ajudará a pensarmos e agirmos mais
semelhantemente a um seguidor de Cristo e a termos
uma cosmovisão diferente e mais santa.
A nossa cosmovisão secular frequentemente nos impede de reconhecermos ou de correspondermos aos padrões de retidão da Bíblia. Acabamos não vivendo como
cidadãos frutíferos do Reino de Deus, ou não desfrutando dos benefícios da nossa nova cidadania celestial.
Talvez continuemos praticando ou crendo em coisas que
contradigam a Bíblia, ou talvez escolhamos cair de volta
a um estilo de vida pecaminoso.
Vamos estudar um pouco mais sobre a nossa cosmovisão para descobrirmos porque isto acontece frequentemente.
Você Tem Uma Cosmovisão
Todos têm uma cosmovisão. A sua cosmovisão consiste de como você vê e percebe muitas coisas – inclusive os seus relacionamentos, família, trabalho, governo,
e religião. A sua cosmovisão influencia todas as suas decisões e ações.
Já que a nossa cosmovisão é tão importante assim em
relação a como vivemos – e fazemos a obra do ministério – vamos analisar mais detalhadamente o significado
de “cosmovisão”:
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 1. “Cosmovisão” é a perspectiva geral de
onde vemos e interpretamos o mundo.
2. “Cosmovisão” é um conjunto de crenças
sobre a vida e o Universo, sustentado por
um indivíduo ou grupo.
Infelizmente, muitos estão vivendo uma
vida que é inconsistente com uma visão bíblica, simplesmente porque foram enganados
pelos muitos fatores que podem moldar uma
cosmovisão.
Engano
A natureza do engano é sinistra. A pessoa
que é enganada frequentemente não está ciente de que está sendo enganada (2 Tm 3:13).
Todos nós temos o potencial para a iniquidade e o engano em nossos corações (Jr 17:9).
Assim sendo, precisamos de uma fonte de
verdade para podermos verificar os nossos
corações.
Deus, em Sua sabedoria, revelou a Si Mesmo e a Sua verdade a nós. Através dos séculos,
o Espírito Santo inspirou os servos de Deus a
escreverem esta verdade. Estes escritos foram
preservados e passados de geração a geração
e são conhecidos hoje como a Bíblia Sagrada.
Estas Escrituras Sagradas funcionam como uma bússola,
para nos guiarem à verdade, e como uma luz, que ilumina a verdade (Sl 119:105).
Precisamos examinar sempre o que cremos e porque cremos em contraposição à Bíblia, a Palavra de
Deus, que nos revela a verdade. É através deste processo
de exame, com a Palavra de Deus como padrão, que discerniremos os enganos e desvios da verdade.
Se nunca examinarmos os nossos valores e crenças,
não poderemos ter a certeza de que o que cremos baseiase na verdade. Se não estivermos na verdade, deveremos
então estar num engano ou numa mentira.
Esta é a razão principal pela qual muitas pessoas se
desviam posteriormente: Ao invés de viverem pela sabedoria e verdade da Palavra de Deus, elas vivem pelos padrões básicos do mundo. Elas são direcionadas por uma
visão ímpia do mundo, e o comportamento delas reflete
essas crenças.
Elas não somente se desviam, mas, em seguida, fazem com que outros se desviem também: “E disse-lhes
uma parábola: ‘Pode porventura o cego guiar o cego?
Não cairão ambos na cova?’” (Lc 6:39).
É por isso que a Bíblia nos adverte a termos cuidado
com a visão mundana sobre a verdade e a vida: “Tende
cuidado para que ninguém vos engane através de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
(Cl 2:8).
Separe um tempo para estudar a seguinte seleção de
versículos, para você entender melhor a perspectiva de
Deus sobre o “mundo”, em contraposição à verdade do
Seu Reino: João 18:36; Romanos 12:1,2; 1 Coríntios
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
3:18,19; 6:2; 7:31; Gálatas 4:3; Colossenses 2:20; Tiago
4:4; 2 Pedro 1:4; 1 João 2:15-17; 4:4,5.
A Importância de Conhecer s si Mesmo
Se o fundamento das nossas vidas for colocado sobre
filosofias mundanas, tradições dos homens, e princípios ímpios do mundo, não seremos capazes de construirmos uma
casa que pemaneça de pé (Mt 7:24-27). Contudo, até mesmo sabendo isto, uma visão ímpia do mundo frequentemente é algo com o qual ficamos tão confortáveis que temos
dificuldades em mudá-la.
A nossa cosmovisão é moldada desde o nosso nascimento, durante toda a nossa experiência de vida, e se torna
de fato uma boa parte de nós. Isto nos dificulta no sentido
de vermos as coisas de uma perspectiva bíblica ou celestial.
Assim sendo, vemos porque a Bíblia enfatiza a importância
de conhecermos a nós mesmos e julgarmos a nós mesmos
com precisão: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11:31; veja também Jeremias 7:9,10; 1 Coríntios 2:10-16).
Conhecer a você mesmo envolve entender porque você
tem as posições, opiniões, crenças, e percepções que você
formou em sua vida. A obtenção de um entendimento com
relação à razão pela qual você vê a vida da maneira como
você a vê o ajudará a mudar quaisquer percepções errôneas
que talvez estejam afetando o seu discernimento espiritual.
Isto é especialmente importante por estar relacionado
com a liderança espiritual, uma vez que lhe foram confiados a liderança e o cuidado da Noiva de Cristo. Você recebeu influência e responsabilidade sobre algo que Deus ama
muito: a Sua Igreja, o Seu povo. Você precisa ser capaz de
ver a verdade claramente e viver de acordo com ela, para
poder guiar os outros na verdade. &
ATOS / 27 Capítulo 4
Quando Nossa
Cosmovisão
se Torna um
Obstáculo
Como já aprendemos, “cosmovisão” é a perspectiva geral de onde vemos e interpretamos o mundo. É desta perspectiva que tomamos decisões sobre como vivemos – e lideramos – neste mundo.
“Cosmovisão” também inclui as crenças do indivíduo
sobre a vida e o Universo. Estas crenças causam um impacto em seu entendimento sobre tudo, incluindo-se a Bíblia.
Portanto, qualquer coisa em nossa cosmovisão que obscureça ou interfira com a nossa capacidade de vermos a verdade precisa ser resolvida.
Como exemplo disto, o Apóstolo Paulo reconhecia em
sua própria vida como o seu amor pela Lei era um obstáculo, algo que bloqueava a sua visão, que não permitia que
ele visse claramente a mensagem da graça que Jesus trouxe
(Leia 2 Coríntios 3:11-18).
Sete “Véus” que Obscurecem a Verdade
A nossa cosmovisão geralmente é formada por sete influências principais. Devido ao propósito deste ensino, eu
assemelharei cada uma destas influências a um véu. Se não
estivermos cientes da influência do “véu” através do qual
vemos frequentemente, talvez não percebamos porque não
vemos claramente a verdade.
1. O “Véu” da nossa Natureza Pecaminosa
A influência da nossa natureza pecaminosa é sutil, porém muito forte. Todos os seres humanos pecam. “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm
3:23). O pecado é frequentemente definido como “errar
o alvo”, uma falha de se viver à altura das exigências de
Deus.
No entanto, as razões pelas quais falhamos em viver
à altura dos justos mandamentos de Deus – o pecado – são
muito mais profundas. Escolhemos pecar porque todo ser
humano nasce com uma natureza pecaminosa, uma natureza corrupta herdada de Adão. O resultado de uma só transgressão (de Adão) foi a condenação a todos os homens:
“Portanto, assim como pela ofensa de um só homem veio o
juízo a todos os homens, resultando na condenação, assim
também, através de um só ato de justiça de um Homem,
28 / ATOS
veio a graça a todos os homens, resultando na justificação
da vida” (Rm 5:18).
A Batalha Contra a Tentação
Somos completamente perdoados dos nossos pecados
quando recebemos a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador. O poder que o pecado outrora tinha em nossas vidas
também é quebrado na salvação (Rm 6:5-11). Recebemos
uma nova natureza que é capacitada pelo Espírito Santo de
Deus a resistir ao pecado e ao Diabo (Rm 6:12-14; 8:1-8).
Contudo, os efeitos do pecado, ou a dor das escolhas
pecaminosas, às vezes permanecem em nossas vidas. Isto
pode influenciar as nossas escolhas como cristãos. Além
disso, até mesmo após a salvação, continuamos a passar por
tentações. Há ocasiões em que os antigos desejos da nossa
carne tentam nos afundar de volta no pecado (Romanos Capítulo 7; Romanos 13:14; Gálatas 5:16-26; Tiago 4:1-9).
Devido a estes fatores, é como se tivéssemos duas naturezas dentro de nós que estão em guerra uma contra a outra.
Paulo explicou que, apesar das suas melhores intenções,
ainda assim ele era influenciado às vezes pela sua antiga
natureza pecaminosa: “Porque eu sei que em mim (isto é,
na minha carne) não habita nenhum bem; porque o querer
está presente comigo, mas fazer o que é bom eu não consigo. Porque o bem que eu quero fazer eu não faço; mas o
mal que eu não quero fazer esse eu faço” (Rm 7:18,19).
O “véu” da nossa antiga natureza pecaminosa e dos seus
desejos ímpios, quando não-confrontados e vencidos, podem obstruir severamente a nossa capacidade de vermos a
verdade e de obedecermos aos mandamentos do Senhor.
Muito embora todos nós tenhamos que batalhar contra
a nossa natureza carnal e desejos pecaminosos, há uma boa
notícia: Nós podemos ter a vitória contra a natureza pecaminosa através do poder de Cristo pelo Espírito Santo!
2. O “Véu” da Família
Algumas das influências mais fortes que moldam o nosso modo de pensar vêm da nossa criação de família. A interação (ou falta de interação) que temos com os nossos pais,
irmãos, e parentes são as nossas primeiras influências. Estas
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 influências são fortes porque formam os primeiros fundamentos de como processamos as informações e experiências.
A Bíblia revela o poder de formação das nossas primeiras influências familiares: “Instrui o menino no caminho
em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6).
A “instrução” que as famílias dão pode ser ativa ou passiva, intencional ou acidental. As crianças podem aprender
tanto (ou mais) pelo que é exemplificado no lar quanto podem aprender pelo que é dito a elas. Por exemplo, se os
pais oram regularmente com os seus filhos, eles estão lhes
ensinando que a oração é uma prioridade, até mesmo se não
lhes disserem isto. Ou, se os pais têm um medo exagerado
do que poderá acontecer, eles podem estar “ensinando” os
filhos a serem medrosos e inseguros na vida.
Muitas vezes, pelo fato de que os filhos têm pouca idade, eles compreendem erroneamente o que veem ou ouvem, e tomam decisões erradas. Estas conclusões erradas,
por sua vez, influenciam a maneira como vivem ou veem a
vida. O “véu” de uma criação sofrida ou ímpia pode estar
profundamente arraigado e é frequentemente difícil de ser
reconhecido. Isto pode até mesmo fazer com que tenhamos
uma percepção errônea de Deus e dos Seus caminhos.
Por exemplo, se um pai terreno foi cruel ou não-amoroso, talvez seja muito difícil para esta criança crer mais
tarde que Deus-Pai é bondoso e amoroso. O nosso exemplo terreno frequentemente molda as nossas percepções
ou “cosmovisão”. Ó como precisamos da operação do Espírito Santo e da Palavra de Deus para nos libertar e nos
curar!
De Pastor Para Pastor
Eu tenho um bom amigo que foi criado com um pai abusivo.
O pai não era digno de confiança, e frequentemente abandonava
a família, deixando-os com muitas necessidades não-supridas.
Quando o meu amigo finalmente veio à salvação através de Cristo, ele ficou grato em saber sobre o perdão dos pecados e a
possibilidade de um relacionamento restaurado com o seu Pai
Celestial.
No entanto, tão logo o meu amigo enfrentava uma tribulação
séria, ele ficava com medo de confiar em Deus. Ele achava que,
semelhantemente ao seu pai terreno, Deus o havia abandonado
e não o amava verdadeiramente. O meu amigo escolheu não crer
no que a Bíblia revelou sobre Deus, mas, ao invés, via a Deus
através do “véu” da sua infância. Ele acreditava que Deus não Se
importava com as suas necessidades e decidiu que não podíamos confiar em Deus.
Consequentemente, a sua “cosmovisão” o influenciou e o
afastou de um relacionamento de confiança e submissão a Deus.
Ele caiu de volta aos seus caminhos mundanos. Passaram-se
muitos anos antes que ele percebesse como um “véu” da infância
o havia roubado do relacionamento que ele poderia ter desfrutado com Deus e das bênçãos de se crer na Palavra de Deus e
obedecê-la. ●
3. O “Véu” da Educação
As crianças são ingênuas e muito facilmente influenciadas. Como estudantes, elas frequentemente aceitam tudo o
que são ensinadas como sendo verdade.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Consequentemente, as instituições educacionais têm
uma forte influência sobre como os indivíduos pensam e
percebem as coisas, especialmente como veem a vida e a
verdade. “Que ninguém vos engane com palavras vãs, pois
por causa destas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos
da desobediência” (Ef 5:6).
A maioria de nós fomos ensinados coisas na escola que
não se alinham com a verdade da Palavra de Deus. Estas
coisas moldaram a nossa cosmovisão e podem distorcer a
nossa capacidade de vermos a verdade e vivermos de acordo com ela.
Como exemplo disto, muitas crianças são ensinadas na
escola que o mundo não foi criado, mas que apenas “evoluiu”. No entanto, a Bíblia afirma claramente que Deus
criou os céus e a terra (Gênesis Capítulos 1 & 2; João 1:3).
Infelizmente, a cosmovisão de se aceitar que não há nenhum Criador pode impedir mais tarde que acreditemos em
Deus ou que aceitemos que Ele os criou com um propósito.
4. O “Véu” dos Colegas
Os nossos amigos e colegas são uma outra fonte de influência sobre como pensamos com relação à vida e a vemos. O prazer de uma amizade frequentemente faz com que
toleremos as atitudes, palavras, e comportamentos mundanos dos nossos “amigos”. Começamos tolerando, e aí então
aceitando, e, finalmente, concordando com eles. Consequentemente, podemos nos tornar muito semelhantes a eles
(Pv 12:26; 1 Co 5:11; 15:33).
Precisamos aprender como escolher os nossos amigos e
não permitir que os nossos amigos nos escolham. Os amigos e colegas têm um grande poder e influência sobre as
nossas vidas. Eles têm o potencial de influenciar a nossa
visão da vida.
A Bíblia é muito clara sobre a associação com pessoas que zombam de Deus ou que não O levam a sério: “E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões
e escândalos contra a doutrina que aprendestes, e desviaivos deles” (Rm 16:17; veja também Provérbios 12:26; 1
Coríntios 15:33; 1 Timóteo 6:3-5).
5. O “Véu” da Cultura
O ambiente cultural em que crescemos nos influencia de
maneiras muito sutis. Há culturas que creem em perdão e
outras que creem em vingança; culturas que creem em casamento com um só cônjuge (monogamia) e outras que creem
em múltiplas esposas (poligamia); culturas que separam as
pessoas e determinam o seu valor por tribos, castas, sexo,
ou cor da pele, e outras que creem na igualdade de todas as
pessoas.
A lista das diferenças culturais é longa. Contudo, como
cristãos, não estamos mais sujeitos a normas culturais mundanas. A Bíblia é agora o nosso padrão de comportamento.
As Escrituras ensinam que a nossa cidadania está agora no
Céu e que a nossa cultura é uma cultura celestial de retidão,
paz e alegria no Espírito Santo: “Porque a nossa cidadania
está no Céu, de onde avidamente esperamos pelo Salvador,
o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20); “Porque o Reino de Deus
ATOS / 29 Se as práticas da cultura em que
vivemos não concordam com a
Palavra de Deus, precisamos estar
dispostos a cessarmos essas práticas
culturais. Tudo o que somos e tudo o
que fazemos como cristãos precisam
concordar com todo o conselho
da Palavra de Deus. Este modo de
pensar tem a prioridade sobre as
crenças ou práticas da nossa cultura.
não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo” (Rm 14:17).
Se as práticas da cultura em que vivemos não concordam com a Palavra de Deus, precisamos estar dispostos a
cessarmos essas práticas culturais. Tudo o que somos e tudo
o que fazemos como cristãos precisam concordar com todo
o conselho da Palavra de Deus. Este modo de pensar tem a
prioridade sobre as crenças ou práticas da nossa cultura.
Por exemplo, em algumas culturas é considerado como
algo bom mentir ou enganar para se obter algum ganho próprio. Mas a Bíblia é muito clara no sentido de que o cristão
não deve nem mentir nem tirar vantagem dos outros (Ef
4:25; Cl 3:9). Assim sendo, neste caso, a cosmovisão cultural precisa mudar, e o comportamento precisa mudar para
se conformar com o padrão da Palavra de Deus.
6. O “Véu” da Tradição
As tradições são as atividades e comportamentos que
são compartilhados com outros em nosso círculo de relacionamento ou comunidade. Elas representam uma maneira de fazermos as coisas rotineiramente dentro de famílias,
escolas, amizades, culturas, e igrejas. Não é incomum descobrirmos que as tradições às vezes são baseadas em falsas religiões ou outras formas de engano, mundanismo, ou
invenções humanas. Até mesmo se forem práticas comuns
para nós, talvez elas sejam contrárias às doutrinas e ensinamentos bíblicos e precisam ser abordadas em nossas vidas.
Alguns exemplos destes tipos de tradições não-bíblicas
incluem: orar aos mortos ou orar a santos religiosos; participar em superstições ou rituais ímpios; observar celebrações pagãs.
Jesus dirigiu-Se claramente aos que escolheram as suas
tradições acima da obediência às claras verdades da Palavra
de Deus: “Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens – o lavar dos jarros e copos;
e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizialhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição” (Mc 7:8, 9; veja também Colossenses
2:16-23).
30 / ATOS
7. O “Véu” da Experiência
Quase todas as pessoas experimentam tempos de oportunidades e prosperidade, como também de tragédias e dores excruciantes. É nessas horas que podemos tirar conclusões sobre Deus e a vida, que podem estar baseadas ou não
na verdade.
Cada um de nós é moldado por estas experiências e
não há nenhuma predição sobre quais serão as nossas
conclusões. Dois indivíduos podem experimentar o recebimento de grandes riquezas – as riquezas destroem
um deles, ao passo que estas mesmas riquezas produzem um espírito generoso no outro. Dois indivíduos
podem experimentar uma terrível tragédia – num deles
isto leva ao desespero e à falta de esperança, e, no outro indivíduo, ela produz uma determinação de vencer e
não desistir.
É importante que entendamos que estes tipos de experiências de vida influenciam muito a nossa cosmovisão. Os
nossos próprios mal-entendidos sobre o papel de Deus em
meio às situações dolorosas talvez tenham influenciado negativamente a nossa visão de Deus. A cosmovisão que adotamos nestas ocasiões precisa ser avaliada novamente, à luz
da verdade da Palavra de Deus.
De Pastor Para Pastor
Se nós, ou os membros das nossas igrejas, adotamos pensamentos ou práticas que são contrários à revelação da Bíblia sobre Deus ou os Seus propósitos nesta vida, precisamos examinar
em oração essas ideias. Talvez precisemos do toque de cura do
Senhor com relação a:
● uma perda ou outra experiência traumática;
● uma libertação de um temor;
● uma certeza recém-descoberta de que Deus é digno de
confiança;
● um reajuste em nossa forma de pensar com relação ao suprimento de Deus para as nossas necessidades; ou,
● outros possíveis efeitos de desafios ou tribulações.
Durante os seus tempos de oração diária, peça ao Senhor
que Ele mostre se você tem um “véu” das suas experiências
passadas que o esteja impedindo de vê-Lo como Ele realmente é. ●
Libertação da Escravidão da Cosmovisão
Estes “véus” e outras influências moldam a nossa perspectiva. Eles contribuem com a nossa “cosmovisão”, que
afeta as escolhas que fazemos na vida.
Se adotarmos uma cosmovisão baseada nos sistemas
do mundo ou em princípios ímpios, como poderemos representar com precisão o Reino de Deus? Como Deus
pode abençoar o que Ele não aprova? Graças a Deus
que Ele nos deu a Sua Palavra e o Seu Espírito Santo para
nos iluminarem a verdade e para verdadeiramente nos libertarem!
Será que eu Sou Cego ou Será que eu Consigo Ver?
Assim sendo, precisamos perguntar a nós mesmos:
Será que o que eu creio sobre a vida é baseado na verdade
da maneira revelada por Deus através da Sua Palavra, ou
numa falsa cosmovisão? Será que eu estou cego à verdade
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 pela minha cosmovisão, ou será que eu vejo claramente?
Será que a cosmovisão que eu tenho tem uma base bíblica?
A Bíblia nos revela que o poder do Evangelho consegue abrir os nossos olhos e tirar-nos das trevas do poder de
Satanás e introduzir-nos na luz de Deus e em Sua gloriosa
herança (At 26:17,18). Contudo, precisamos também ser
continuamente transformados (2 Co 3:18) e permitir que
sejamos purificados e lavados de qualquer coisa que praticamos ou cremos que seja distorcida, ímpia, ou que não
seja baseada na verdade de Deus.
DEUS
E
D
INHO
M
A
C
O
De Pastor Para Pastor
Como pastores e líderes, teremos um nível maior de responsabilidade diante de Deus pelas nossas palavras, ações, e
decisões. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). Precisamos
nos esforçar continuamente para representarmos, com precisão,
a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e todo o conselho da
Palavra de Deus, aos que lideramos. Precisamos ensinar a verdade. Precisamos viver a verdade.
Isto é alcançado, abrindo os nossos corações a um exame
pela Palavra de Deus e a uma convicção de pecado pelo Espírito Santo todos os dias. Precisamos nos render à contínua e
transformadora obra de Deus que é vital a todos os crentes (Rm
12:1,2). Precisamos responder positivamente à verdade, crer
nela, e agir com base nela (Tg 1:22). ●
A Ignorância Não é Uma Desculpa
Não haverá nenhuma desculpa aceitável para ensinarmos coisas erradas (Tg 3:1). Portanto, precisamos ter muita
certeza de que o que pregamos e ensinamos é verdade.
Jesus diz: “Se permanecerdes em Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:31,32).
Se a verdade nos liberta, então, inversamente, uma
mentira nos coloca em escravidão. A escravidão não é de
Deus, pois Jesus veio a fim de que as amarras da escravidão fossem quebradas e para que fôssemos libertados (Lc
4:18,19).
A ignorância com relação à verdade não será aceita como
uma desculpa para não representarmos a verdade ao povo
de Deus e ao mundo (1 Co 10:1; 12:1). Quer uma mentira
tenha sido intencional ou não-intencional, o resultado é o
mesmo. Isto porque qualquer mentira, até mesmo quando
falada em ignorância, ainda tem o mesmo efeito: morte (Jo
8:42-47; 10:10).
A Palavra de Deus (a Bíblia) e o Espírito Santo (o Espírito da Verdade) foram dados para que conhecêssemos a
verdade, e para que a verdade nos libertasse. Eles conseguem nos transformar continuamente, libertando-nos das
visões ímpias do mundo que querem impedir o nosso claro
entendimento da verdade.
Precisamos estudar a Palavra de Deus diariamente e
respondermos à convicção de pecado trazida pelo Espírito Santo para podermos conhecer e viver a verdade. Esta
liberdade e conhecimento da verdade então nos capacitará
a pregarmos, ensinarmos, e ministrarmos com confiança,
ousadia, e coragem. &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
NOSSAS ESCOLHAS
Capítulo 5
Experiência de Vida
vs. Palavra de Deus
Há ocasiões em que as nossas experiências de vida
nos levam a formarmos conclusões impróprias, contrárias à Palavra de Deus. O resultado pode ser o confiarmos em nosso entendimento humano, ao invés de
colocarmos a nossa total confiança em Deus e em Sua
Palavra (Pv 3:5,6). Isto pode levar a escolhas erradas,
com consequências duradouras para nós e para as pessoas que lideramos.
A Bíblia dá um claro exemplo disto (Gn 15:1–17:21).
Deus disse a Abraão e a Sara que eles teriam um filho
nascido naturalmente (Gn 15:4-6). Sara ficou impaciente
e não ficou firme no que Deus havia prometido. Ao invés,
ela confiou em sua própria ideia humana e ofereceu a sua
criada a Abraão (uma prática comum daquela época).
De fato, a sua criada gerou a Abraão um filho, mas
foi um filho nascido de desobediência e incredulidade
na Palavra de Deus (Gn16:1-4) e isto causou muitos sofrimentos (Gn 16:12). Este filho, Ismael, e os seus descendentes são os ancestrais dos povos árabes. Séculos de
derramamento de sangue e de guerra entre os descendentes de Ismael e o povo de Israel têm sido o resultado.
ATOS / 31 Precisamos nos lembrar
que nenhuma provação ou
dificuldade, nenhuma dor ou
desafio – absolutamente nada
– pode nos separar de Deus ou
do Seu amor (Rm 8:37-39).
Podemos invocá-Lo em nossas
horas de provação e saber que Ele
nos ouvirá e responderá da Sua
maneira e no Seu tempo.
Como pastores e líderes, precisamos decidir que as
experiências nunca poderão substituir a Palavra de
Deus como nosso fundamento de fé. As nossas circunstâncias jamais poderão ser a fonte das nossas decisões. A
Bíblia é a nossa única fonte para o que é verdadeiro!
A Bíblia é a revelação e a sabedoria de Deus à humanidade. Não importa qual seja a situação que você enfrente, a Bíblia tem a resposta da verdade a você. (Você pode
ler mais sobre a importância da Palavra de Deus mais
tarde neste artigo.)
Deus Está Conosco
Algumas experiências da vida podem ser confusas.
Frequentemente temos dificuldades em discernirmos a
fonte das tribulações. Será que estamos sendo tentados
ou provados (Tg 1:2-18)? Será que a tribulação veio de
Deus, de Satanás, ou é somente uma tribulação da minha
própria carne? Talvez nos perguntemos a razão pela qual
estamos passando por uma dificuldade.
Algumas das lições mais difíceis surgem das incertezas da vida. Às vezes coisas ruins acontecem a pessoas
boas, e não parece que a justiça prevalece. Ainda que um
fim justo de uma circunstância talvez não seja realizado
nesta vida, como cristãos nós ainda temos a certeza de
que Deus está ao nosso lado (Rm 8:31) e que a justiça
certamente prevalecerá no fim (Gl 6:7).
As circunstâncias difíceis e os desastres ou tragédias
naturais talvez nos levem a acharmos que Deus é o Autor
destes eventos. Mas precisamos nos lembrar que vivemos num mundo que é arruinado pelo pecado e que ainda está sob a influência de Satanás (1 Jo 5:19). A rejeição
de Deus e de Seus caminhos pela humanidade, associada às escolhas pecaminosas do homem, resultaram num
mundo de sofrimento e dor, um mundo em que “a chuva
desce sobre justos e injustos” (Mt 5:45).
É impossível sabermos ou entendermos tudo o que
gostaríamos de saber sobre esta vida, ou sobre Deus e
Seus caminhos. Mas podemos descansar no fato de que
32 / ATOS
tudo o que precisamos saber para a vida e para a santidade nos foi disponibilizado através de Jesus Cristo: “Visto
como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito
à vida e santidade, pelo conhecimento d’Aquele que nos
chamou por Sua glória e virtude” (2 Pe 1:3).
Não podemos saber tudo o que Deus sabe. Ele é muito maior e mais sábio do que jamais poderíamos ser. Os
pensamentos e caminhos de Deus estão muito acima dos
nossos pensamentos e caminhos: “Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim
são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os
vossos pensamentos” (Is 55:8,9).
Assim sendo, quando acontecem coisas que não conseguimos entender, temos uma oportunidade de amadurecermos como discípulos de Cristo. Podemos escolher
nestas ocasiões a andarmos pela fé e a colocarmos a nossa
confiança em Deus. “Pois andamos pela fé, e não pela
vista” (2 Co 5:7; veja também Hebreus 11). Precisamos
nos lembrar que nenhuma provação ou dificuldade, nenhuma dor ou desafio – absolutamente nada – pode nos
separar de Deus ou do Seu amor (Rm 8:37-39). Podemos
invocá-Lo em nossas horas de provação e saber que Ele
nos ouvirá e responderá da Sua maneira e no Seu tempo.
O Poder da Influência
As experiências são geralmente acompanhadas de
fortes emoções ou sentimentos. Mas, como você sabe, as
emoções e sentimentos frequentemente podem ser muito
enganosos. Não são previsíveis e podem mudar de dia
para dia. Não podemos confiar em nossos sentimentos
no sentido de nos conduzirem à verdade.
Duas pessoas podem ter a mesma experiência, e, no
entanto, chegarem a conclusões totalmente opostas, com
base em seus sentimentos ou reações. Cada pessoa reage
de uma maneira singular, até mesmo às mesmas circunstâncias. Consequentemente, cada pessoa desenvolve a
sua própria e singular cosmovisão. Esta cosmovisão pode
estar baseada na verdade ou não. Mas ela é certamente
formada em parte pelas experiências do indivíduo.
As nossas experiências de vida podem ser influenciadas por muitas fontes, incluindo-se:
A Influência de Deus
Em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, está claro
que Deus tem um propósito e um plano para as pessoas:
“Porque Eu sei os pensamentos que penso de vós, diz o
Senhor, pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar um
futuro e uma esperança” (Jr 29:11). Embora Deus jamais
viole o nosso livre arbítrio, ou as nossas escolhas, Ele certamente pode estar envolvido nas circunstâncias das nossas
vidas: “Os passos de um homem bom são ordenados pelo
Senhor, e Ele Se deleita no seu caminho” (Sl 37:23).
Até mesmo se Deus não for a causa de uma circunstância, ainda assim Ele pode usá-la para o nosso bem. À
medida que amadurecemos como filhos e filhas de Deus,
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 podemos mais prontamente reconhecer quando Ele está
operando em nossas circunstâncias. Aí então podemos
responder de todo coração à obra do Espírito e permitir
que Ele use a circunstância para nos transformar mais à
imagem de Cristo (Rm 8:28,29).
A Influência de Satanás
O Inimigo da sua alma, Satanás, vem para roubar,
matar, e destruir. Mas graças a Deus que Jesus veio para
dar vida, e vida mais abundantemente (Jo 10:10)!
O Diabo não quer que você experimente a vida e a
liberdade que Cristo dá. Satanás tem muitas maneiras
de tentar desviar as pessoas. Contudo, uma das grandes
ferramentas do Diabo é o engano.
O Diabo usa o engano e as mentiras para tentar criar
dúvidas em sua mente sobre a bondade e a fidelidade de
Deus. Satanás tentará usar as experiências ou tentações
a fim de enfraquecer a sua fé em Deus, ou fazer com
que você não creia nas promessas de Deus e se afaste do
relacionamento com Ele.
Vamos rever algumas passagens bíblicas que revelam
alguns dos métodos de Satanás para nos desviar:
●● “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem,
se possível, até os eleitos” (Mc 13:22).
●● “Para que Satanás não tire vantagem de nós; porque não ignoramos os seus ardis” (2 Co 2:11).
●● “Mas temo que, assim como a serpente enganou
Eva com a sua astúcia, assim também as vossas
mentes sejam de algum modo corrompidas da
simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11:3).
●● “E não é de se admirar! Porque o próprio Satanás
se transforma num anjo de luz” (2 Co 11:14).
●● “Sede sóbrios, sede vigilantes; porque o vosso
adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo
como leão, buscando a quem possa devorar” (1
Pe 5:8).
Mas você não é uma vítima desamparada de Satanás. Você é um filho de Deus, que foi bem preparado
para resistir às obras do Diabo! “Revesti-vos de toda a
armadura de Deus, para que possais resistir às astutas
ciladas do Diabo” (Ef 6:11).
Temos uma defesa certa contra Satanás. Precisamos
colocar a nossa confiança na Palavra de Deus, e, mais
significativamente ainda, colocar a nossa confiança no
Autor desta Palavra, Jesus Cristo. Cada vez que obedecemos a Deus somos fortalecidos em nosso espírito. Isto
nos ajuda a resistirmos ao Diabo, o qual precisa então
fugir de nós (Tg 4:7).
A Influência das Pessoas
As Escrituras ensinam que, muito embora estejamos
no mundo, não devemos ser do mundo (1 Co 2:12; 1
Jo 2:15-17). Isto significa que devemos manter a nossa perspectiva cristã singular em nossos pensamentos e
ações. Devemos viver como cidadãos de um Reino mais
elevado, o Reino do Céu. As leis do Reino de Deus devem ser o que governa e guia o nosso comportamento.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Não devemos ser dirigidos ou influenciados pela sociedade ao nosso redor. Precisamos amadurecer e ficar mais
fortes em nossa fé em Cristo, para que não mais tenhamos
medo do que as pessoas possam pensar de nós (Sl 56:3,4;
118:6-8; Pv 29:25). Está chegando o dia em que muitos
serão desviados, até mesmo os que em certa ocasião professaram fé em Cristo (1 Tm 4:1). É importante que não
sejamos influenciados nem desviados por elas.
Como crentes, devemos ser diferentes das pessoas do
mundo. Devemos ser uma influência positiva para a retidão no mundo ao nosso redor. Este é o significado de
sermos “luz” e “sal” (Mt 5:13-16). A “luz” empurra para
trás as trevas; o “sal” é uma influência de preservação
contra a deterioração.
Somos chamados para sermos testemunhas vivas e
ambulantes, testemunhos do poder transformador de
Deus nas vidas humanas. Uma das maneiras mais poderosas em que isto é realizado e que separa os cristãos é o
nosso amor incondicional pelos outros, que procede de
Deus através de nós. Também devemos ser um povo santo (1 Pe 1:13-19), os que foram separados para servirem
ao Deus Vivo (1 Pe 2:9-12).
Reconhecemos que há pessoas malignas no mundo,
pessoas que são influenciadas por potestades e principados demoníacos. Mas precisamos reconhecer também
que a maioria das pessoas são apenas “ovelhas perdidas”,
dispersas e sem esperança sem Cristo, o Pastor. Elas estão enganadas e cegas. A sua cosmovisão não adota as
verdades apresentadas na Palavra de Deus.
A Nossa Influência nos Outros
O desafio para o crente é estar no mundo – vivendo
como uma testemunha para Cristo e alcançando e amando os perdidos – e, no entanto, não ser negativamente influenciado pelas filosofias e práticas do mundo (Tg 1:27).
Uma abordagem errônea entre alguns cristãos é a de
nos associarmos somente com outros cristãos. Ainda que
isto possa parecer uma boa prática, ela é contrária ao
plano de Deus de salvação para toda a humanidade. Se
todos os cristãos se retraíssem do mundo, como que os
perdidos encontrariam a Cristo através dos nossos atos
de amor (Tg 2:14-16) ou ouviriam sobre o poder do
Evangelho (Rm 1:16; 10:14,15)?
Fica claro com a Grande Comissão que devemos IR
e fazer discípulos para Cristo. Isto não é da responsabilidade de pastores e líderes somente, mas de todos os
crentes do Corpo de Cristo (Mt 28:18-20; Mc 16:14-18;
Lc 24:36-49; At 1:6-8).
A Influência das Circunstâncias
A estratégia de Satanás no mundo é muito simples:
criar experiências na vida que tentem nos separar do
amor de Deus que se encontra em Jesus Cristo.
Mas as Escrituras nos são dadas para nos ajudarem a
sabermos como reagirmos sábia e corretamente em circunstâncias desafiadoras. Especificamente nós temos os
Livros do Antigo Testamento de Eclesiastes, Provérbios,
e partes de Jó. Eles são chamados de Livros de SabedoATOS / 33 ria. Eles descrevem em termos bem práticos como abordarmos as circunstâncias da vida. Você pode aprender
como lidar com todos os tipos de situações práticas, inclusive:
●● Como lidar com uma grande variedade de pessoas, desde os nobres e sábios até os preguiçosos e
tolos.
●● Como lidar com uma ótima saúde e força, como
também com a fraqueza e a enfermidade.
●● Como lidar com as riquezas, como também com a
pobreza e tudo o mais entre estes extremos.
Como cristãos, somos chamados a sermos mais do
que vencedores. Temos que estar totalmente persuadidos, totalmente convencidos, através da Palavra de Deus
e pela fé, de que nenhuma circunstância, absolutamente
nada pode – ou jamais deveria – nos separar do amor
de Deus! Romanos 8:37-39 afirma isto claramente:
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou. Porque estou persuadido
de que nem a morte nem a vida, nem anjos nem principados nem potestades, nem coisas presentes nem coisas
futuras, nem altura nem profundidade, nem outra coisa
criada poderá nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus nosso Senhor.”
Desde o momento em que nascemos somos expostos a todos os tipos de experiências. Precisamos crescer
no discernimento e perceber o que é de Deus e o que
não é.
Quando você estiver passando por uma experiência especialmente desafiadora, esta é a hora para você liberar
a sua fé, colocar a sua confiança em Deus, e, tendo feito
tudo o que você puder fazer, ficar firme (Ef 6:13)!
“Mas sem fé é impossível agradar a Deus, pois o que
se aproxima d’Ele precisa crer que Ele existe e que Ele
é galardoador dos que O buscam diligentemente” (Hb
11:6).
A Influência das Falsas Doutrinas na Cosmovisão
Quando erros em nosso entendimento pessoal de
Deus se infiltram em nossas vidas, isto leva a frustrações, decepções, e fracassos no cumprimento do nosso
potencial total em Jesus Cristo.
Mas, quando erros se infiltram na Igreja, o efeito é
amplo e muito mais catastrófico. Eles podem perdurar
por gerações.
Os pastores e líderes recebem uma responsabilidade
sagrada de Deus no sentido de estudarem e conhecerem
a verdade, e para ensinarem ao povo esta verdade. De
que outra maneira a Igreja será poupada de erros? Deus
responsabilizará os pastores e líderes pelo que eles ensinam, pelo que pregam, e pela maneira como vivem como
exemplos a outros (Jr 23:1,2; Ez 34:1-10; 2 Pe 2:1-22; 1
Jo 2:18,19; 4:4-6).
Através dos séculos, muitas seitas têm sido fundadas
com base em experiências pessoais, e não nas doutrinas
(verdades ou ensinamentos) da Bíblia. Por exemplo, a
Bíblia se refere às doutrinas dos nicolaítas (Ap 2:6,15), à
doutrina de Balaão (2 Pe 2:15; Jd 11; Ap 2:14), e à dou34 / ATOS
trina de Jezabel (Ap 2:20). Ainda que não muito esteja
escrito na Bíblia sobre estas doutrinas, fica óbvio pelo
contexto que muitos foram desviados por estas falsas
doutrinas.
O que sabemos sobre as falsas doutrinas em geral é
que elas são:
●● Contrárias às verdades e doutrinas da Bíblia (Is
8:20);
●● Geralmente baseadas nas experiências, sonhos, ou
interpretações de uma pessoa (Jr 23:25-27);
●● Interessantes e atraentes ao entendimento humano
(2 Tm 4:3,4);
●● Desenvolvidas pelo entendimento humano, e não
pela revelação de Deus (2 Tm 3:7).
Deus pode usar sonhos ou visões para comunicar-Se
conosco de vez em quando (Mt 2:13,19; At 2:17,18).
Mas, se estes sonhos, visões, ou outras experiências forem contrários à Palavra de Deus, precisamos escolher
o sermos fiéis à Bíblia. Sermos fiéis à Bíblia significa concordarmos com o que a Bíblia diz e tomarmos
decisões de vida e escolhas baseadas no que a Bíblia
ensina.
Lembre-se que o Diabo é capaz de disfarçar-se como
um “anjo de luz” (2 Co 11:14) e que muitos caminham
em direção da sua própria destruição, seguindo o que é
interessante às sua mentes ou à sua carne. “Entrai pela
porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram
por ela” (Mt 7:13).
A Supremacia das Escrituras
Como sinceros seguidores de Cristo, o que podemos
fazer para impedir que sejamos desviados pela nossa
cosmovisão natural? Deus nos deu tudo o que precisamos para vivermos vidas santas em Cristo Jesus (2 Pe
1:3,4). Ele nos deu o Seu Espírito Santo para que Ele
habitasse dentro de nós, para que nos guiasse e nos transformasse (Jo 14:16,17).
Deus também nos deu a Sua Santa Palavra, a Bíblia,
para que pudéssemos ser corretamente instruídos: “Toda
a Escritura é dada por inspiração de Deus, e é útil para
doutrina, para repreensão, para correção, para instrução na retidão” (2 Tm 3:16). Vamos analisar mais detalhadamente este versículo bíblico esclarecedor.
“É útil para doutrina…”
“Útil para doutrina” significa que as Escrituras são
essenciais para conhecermos, vivermos, e ensinarmos a
vontade de Deus. Elas nos revelam Quem Deus é. Elas
também revelam o Evangelho da Salvação através de
Jesus Cristo como o Único Salvador e Senhor da humanidade. As doutrinas das Escrituras precisam ser o nosso
fundamento para a nossa vida e ministério!
As verdades da Bíblia precisam substituir quaisquer
valores ou práticas éticos e culturais para a vida que contradigam uma visão bíblica do mundo. Essas falsas “verdades” que adquirimos através das nossas experiências
de vida precisam ser rejeitadas e substituídas pela verdade da Bíblia.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 De Pastor Para Pastor
Como pastores e líderes, somos chamados para entendermos e aí então ensinarmos os preceitos da Bíblia. Um preceito é
“uma regra ou princípio que prescreve um determinado curso de
ação ou conduta”.
Por exemplo, Jesus nos dá dois preceitos em Mateus 22:3740: “Jesus lhe disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este
é o primeiro e grande mandamento. E o segundo é semelhante a
ele: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas.”
Nestes versículos, o primeiro preceito é amar a Deus com
tudo o que há em você; o segundo preceito é amar o seu próximo.
Dos preceitos desenvolvemos em seguida os conceitos. Um
conceito é uma ideia geral extraída ou deduzida dos preceitos da
Bíblia. O conceito de Mateus 22:37-40 seria amar a Deus com
todo pensamento, palavra, e ação, e amar todos os outros que
Deus criou com o Seu amor incondicional.
A Bíblia nos revela tudo o que precisamos saber para a vida e
a santidade. O Espírito Santo, o Espírito da Verdade, tem a tarefa
de iluminar a Palavra de Deus para nós (Jo 14:26). “Iluminação”
significa tomar o que está oculto e torná-lo conhecido. “Jesus respondeu e disse-lhe: Bendito és tu, Simão Barjonas, pois não te
revelou isto a carne e o sangue, mas o Meu Pai, que está no Céu”
(Mt 16:17). Quando recebemos esta iluminação, isto é às vezes
citado como uma revelação pessoal (Ef 1:17).
A iluminação sempre concorda com o todo da Bíblia. Não há
nenhuma nova revelação de Deus (ou nenhuma outra fonte), além
do que já está na Palavra de Deus. Assim sendo, pastores, à medida que vocês prepararem os seus ensinos, lembrem-se que da
Palavra de Deus vêm preceitos, conceitos, e iluminação. ●
“Para repreensão…”
As Escrituras também são dadas para convencer ou
trazer convicção ao homem sobre a verdade do amor,
perdão, e aceitação de Deus; e para confundir os que
querem negar a verdade da mensagem do Evangelho.
Não devemos confiar somente nos argumentos ou debates intelectuais para comunicarmos a verdade da Palavra de Deus (2 Co 10:5; 1 Tm 6:4). A Palavra de Deus
é viva e poderosa (Hb 4:12), e pode por si só mudar até
mesmo o coração humano.
As Escrituras devem ser o nosso
guia para restaurarmos as coisas
aos seus usos e lugares apropriados;
para corrigirmos ideias falsas e
visões equivocadas: “Porque Deus
não é Deus de confusão, senão de
paz, como em todas as igrejas dos
santos” (1 Co 14:33).
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Podemos confiar no poder da Palavra de Deus! Devemos falar com confiança o que estudamos e sabemos:
“Antes santificai ao Senhor Deus em vossos corações e
estai sempre preparados para dar uma defesa a todos
que vos perguntarem a razão da esperança que há em
vós, com mansidão e temor” (1 Pe 3:15).
O Apóstolo Paulo reconhecia o poder do Espírito
Santo para também confirmar a verdade do Evangelho e
da Palavra de Deus:
“E eu, irmãos, quando fui ter convosco, não fui com
excelência de palavras ou de sabedoria, declarando-vos
o testemunho de Deus. Porque nada me propus saber
entre vós, senão a Jesus Cristo, e crucificado. Eu estive
convosco em fraqueza, em temor, e em grande tremor.
E a minha palavra e a minha pregação não foram com
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas na demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé
não fosse na sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus” (1 Co 2:1-5).
“Para correção…”
As Escrituras devem ser o nosso guia para restaurarmos as coisas aos seus usos e lugares apropriados; para
corrigirmos ideias falsas e visões equivocadas: “Porque
Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em
todas as igrejas dos santos” (1 Co 14:33).
A Bíblia é a nossa autoridade final para o que é certo
e verdadeiro. Se as pessoas que você lidera querem saber
qual é a coisa certa a ser feita, leve-as à Palavra de Deus
para conselho e sabedoria. Qualquer outro livro, ensinamento, palavra profética, ou dom ministerial precisa
estar em total acordo com o todo da Bíblia antes de ser
aceito por nós.
Qualquer ensino ou profecia que discorde do que
Deus já revelou em Sua Palavra deveria ser rejeitado
imediatamente. Há falsos profetas, falsas religiões, doutrinas de demônios – todas estas coisas estão ativas no
mundo hoje (Mt 7:15-20; 24:4-12; 1 Tm 4:1,2; 2 Tm
4:3,4). Nós temos a Palavra de Deus para nos mostrar
o que é verdadeiro. Precisamos usá-la para instruirmos,
liderarmos, e protegermos o povo de Deus que devemos
pastorear.
Como líderes, qualquer correção que tragamos aos outros deveria sempre ser feita com uma atitude de humildade e com um espírito de mansidão (Gl 6:1; Ef 4:2,3).
“Para instrução na retidão…”
Pelo fato de que Deus é santo, somos chamados a
sermos santos, para termos comunhão com Ele. Isto significa que precisamos ser conscientizados do que é certo
e reto aos olhos de Deus e viver de acordo com esses
padrões somente.
A Bíblia nos diz claramente o que devemos adotar e
o que devemos evitar:
“Ele te mostrou, ó homem, o que é bom; e o que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames
a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?”
(Mq 6:8; veja também Gálatas 5:19-23). &
ATOS / 35 Capítulo 6
Desenvolvendo
Uma Cosmovisão
Bíblica
Agora nós temos um entendimento melhor do que as pessoas creem e porque elas
creem no que creem. Isto realça a importância de ensinarmos, pregarmos, e demonstrarmos através de um exemplo vivo as verdades, da maneira como são encontradas na
Bíblia.
Todos Têm Uma Opinião
Muitas pessoas têm opiniões baseadas em nada mais
do que sentimentos ou nas tradições e sabedoria de pessoas mundanas. Isto geralmente é o resultado de pressões de grupos de colegas, da sociedade, de familiares, e
até mesmo da mídia. Como um exemplo prático, separe
alguns minutos para pensar sobre o que você realmente
crê sobre a moralidade de algumas questões vitais dos
nossos dias, como, por exemplo:
1. A pena de morte por crimes
2. Aborto
3. Homossexualismo
4. Pornografia
5. Partidos políticos
6. O papel do Governo
7. Verdade
8. Relativismo
9. Pecado
10.Deus
11.Igreja
Todos nós temos opiniões e perspectivas, até mesmo
fortes sentimentos, sobre estas questões. A pergunta verdadeira é: Será que as nossas opiniões ou sentimentos
concordam com o que está na Bíblia? Você também pode
perguntar: Qual seria a perspectiva de Jesus em questões
de moralidade ou verdade? Vamos analisar apenas um
pouco do que Ele ensinou:
36 / ATOS
●● “Não penseis que Eu vim para destruir a Lei ou
os Profetas. Eu não vim para destruir, mas para
cumprir” (Mt 5:17).
●● “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará
no Reino do Céu, mas aquele que faz a vontade do
Meu Pai, que está no Céu” (Mt 7:21).
●● “Aí então Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por Si Mesmo
não pode fazer nada, se não vir o Pai fazendo;
porque tudo o que Ele faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5:19).
A questão não é: “Será que temos uma cosmovisão?”,
porque todos nós temos uma cosmovisão. A questão é:
“Qual é a base da nossa cosmovisão?” Como formamos
as nossas opiniões e por quê? Será que as nossas opiniões
estão baseadas numa aceitação casual, em pensamentos
cuidadosamente considerados, ou num fundamento de
crenças essenciais?
Fundamento de Crenças Essenciais
Uma visão bíblica do mundo é a que é baseada nas
regras de ação ou conduta que nos são dadas nas Escrituras. Estas regras foram dadas por Deus, Aquele
que criou a humanidade e que sabe o que é melhor
para nós. Como pastores e líderes, deveríamos estar
proclamando com ousadia esta visão bíblica do mundo.
Uma cosmovisão bíblica é formada num sólido
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 fundamento de crenças essenciais. Para o cristão, estas crenças essenciais consistem basicamente dos Dez
Mandamentos e dos preceitos da Bíblia. Os preceitos
são mandamentos ou princípios com o objetivo de serem
uma regra geral de ação ou conduta.
Das muitas doutrinas e preceitos bíblicos que poderíamos estudar, vamos analisar brevemente dez preceitos
ou doutrinas essenciais que deveriam estar no coração
de uma visão bíblica do mundo:
1. A Bíblia, incluindo-se tanto o Antigo Testamento
como o Novo Testamento, não tem erros, na forma
como foi dada originalmente (2 Pe 1:20,21).
●● A Bíblia foi verbalmente inspirada (“soprada”)
por Deus e é uma revelação completa do Seu caráter e vontade para a salvação dos homens (2 Tm
3:15-17).
●● As Escrituras constituem a única regra divina da
fé e prática cristã (2 Tm 3:17).
2. Há somente um Deus, o qual é infinitamente perfeito (Mt 5:48).
●● Deus existe em três Pessoas: Pai (Fp 2:11), Filho
(Jo 10:30), e Espírito Santo (2 Co 3:17). Cada um
deles é plenamente Deus, e, contudo, estas três
Pessoas são Uma só (Dt 6:4).
3. Jesus Cristo é a imagem (a exata representação
ou revelação) do Deus invisível (Cl 1:15; Hb 1:3),
o que significa dizermos que Ele também é Deus
(Jo 10:30).
●● Ele Se revestiu de uma natureza humana (Fp 2:5-8;
Hb 2:9).
●● Ele foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu de
uma virgem (Mt 1:20-23; Lc 1:34).
●● Ele sofreu e morreu sobre a Cruz (Jo 19:30) como
um substituto, um sacrifício pelo pecado do mundo (Hb 9:26).
●● Ele ressuscitou fisicamente dentre os mortos (Lc
24:1-7) e ascendeu ao Céu (At 2:32,33), onde
Ele está agora, intercedendo por nós como nosso
Sumo Sacerdote (Hb 7:25).
●● Ele virá novamente, pessoal e visivelmente (Lc
21:27; Cl 3:4) para julgar os vivos e os mortos (2
Tm 4:1).
4. O Espírito Santo é uma Pessoa Divina – Deus (2
Co 3:17,18).
●● O Espírito Santo é enviado para guiar (Jo 16:13),
ensinar (Jo 14:26), capacitar (Gl 5:16,17), transformar (Gl 5:22-25) todos os crentes em Jesus
Cristo, e para habitar neles (Jo 14:17).
●● O Espírito Santo convence o mundo do pecado,
da justiça, e do juízo (Jo 16:8-11).
5. O homem foi criado por Deus à Sua imagem e semelhança (Gn 1:27).
●● O homem escolheu a rebelião contra os retos
mandamentos de Deus, caindo assim num estado
de pecado (Rm 5:12). Isto é verdadeiro com relação a todos os homens (Rm 3:23), e, a menos que
o homem nasça de novo, ele não pode ver o Reino
de Deus (Jo 3:3).
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
●● A salvação é através da graça, pela fé em Cristo
somente (Rm 3:24; Ef 2:8,9).
●● A punição dos ímpios e o galardão dos justos são
eternos (2 Ts 1:9; 1 Tm 1:16).
●● Os justos conhecerão e experimentarão os seus
galardões; os ímpios conhecerão e experimentarão a sua punição eterna (Mt 25:31-46; 2
Pe 2:9).
6. A salvação foi fornecida através de Jesus Cristo somente, para todas as pessoas (Jo 3:15-17).
●● Somente os que se arrependem e creem n’Ele nascem de novo (Jo 3:3; At 2:38), pelo Espírito Santo
(Jo 3:5); não há nenhuma outra maneira de salvação, a não ser pela fé em Cristo; não há muitos
caminhos para Deus (Jo 14:6).
●● Os que nascem de novo recebem a dádiva da vida
eterna (Jo 3:16) e se tornam filhos de Deus (Rm
8:16).
7. A santificação, a santidade, e a vida triunfante são o
desígnio e o mandamento de Deus para a Igreja, que
é a Noiva de Cristo (Ef 5:25-27; 1 Pe 1:13-16).
●● A santificação inclui: 1) uma consagração ou
separação da vida de todos os crentes para um
uso santo; e 2) uma purificação progressiva
de todas as impurezas morais em todo o nosso
tempo de vida (2 Co 3:18; 2 Tm 2:19-21; 1 Jo
3:2,3).
●● Na área da santificação, a pureza sexual é necessária a todos os filhos de Deus e requer a
abstinência do adultério, fornicação, incesto,
homossexualismo, ou outros relacionamentos ou
práticas sexuais proibidos pelas Escrituras (1 Co
6:18; 1Ts 4:1-8; Hb 13:4; Lv 18:1-30); o casamento é a união de um homem e uma mulher
num compromisso de aliança por toda a vida, e
é uma instituição sagrada estabelecida por Deus
(Mt 19:4-6).
8. O sermos cheios com o Espírito Santo ou o sermos
dirigidos por Ele é a vontade de Deus para cada crente (Lc 11:13; 1 Co 2:12; Ef 5:18).
●● É evidenciado por uma santificação contínua (2
Ts 2:13), sendo separados do pecado e do mundo
(Rm 8:12-14), e sendo plenamente consagrados à
vontade de Deus (Fp 2:13).
●● Leva ao recebimento de poder para uma vida santa e um serviço eficaz que opera através do amor
(Gl 5:6).
9. A Igreja consiste de duas manifestações:
●● A Igreja Global, que consiste dos que creem no
Senhor Jesus Cristo (At 2:38-41,47), são redimidos pelo Seu sangue (Hb 9:14), e são nascidos
de novo do Espírito Santo (Jo 3:5). Cristo é a
Cabeça do Corpo, a Igreja (Cl 1:18), que foi comissionada por Ele a ir a todo o mundo como
testemunha, pregando o Evangelho a todas as
nações (Mt 28:19).
●● A Igreja Local, que é um grupo de crentes em
Cristo numa assembleia local, que estão unidos
ATOS / 37 para a adoração a Deus (Jo 4:23), edificação através da Palavra de Deus (2 Tm 3:14,15), oração
(Is 56:7), comunhão (At 2:42), proclamação do
Evangelho (At 2:47), e a observância das ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor (Lc 22:7-20).
Os dons do Espírito Santo são manifestos dentro
da assembleia para a edificação dos santos, para a
obra do ministério (1 Co 12:4-12).
10.A Ressurreição será uma ressurreição física dos
justos e dos ímpios: para os justos, uma ressurreição
para a vida; para os ímpios, uma ressurreição para o
juízo (Jo 5:28,29; 1 Co 15:50-58).
De Pastor Para Pastor
Pastor: Como ministro do Evangelho, será que você está
pregando, ensinando, aconselhando, e dando um exemplo de
uma visão bíblica do mundo? Infelizmente, muitos hoje em dia
estão apresentando como verdade as suas opiniões pessoais,
humanismo secular, e outras formas das “tradições dos homens”.
Estão pregando ideias que são atraentes à carne humana, mas
que são contraproducentes à formação de discípulos de Jesus
submissos, obedientes, e humildes (1 Tm 4:1,2; 2 Tm 4:3,4).
Lembre-se que o Apóstolo Paulo alerta a Igreja contra ministros que têm uma visão não-bíblica do mundo: “Tende cuidado,
para que ninguém vos engane, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo as tradições dos homens, segundo os princípios
básicos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2:8).
Precisamos ter fé e coragem para irmos contra a corrente de
opinião popular, para sermos homens ou mulheres de convicção,
que pregam a verdade. Como ministros e como indivíduos, se
não defendermos uma visão bíblica, seremos desviados pela
mais nova tendência popular, teoria, ou engano (Ef 4:14).
A cultura de hoje coloca pressão sobre nós para que sejamos
“tolerantes”. Esta tolerância geralmente se expressa com o conceito de que “todas as coisas são permitidas”, ou, “até mesmo se
estiver errado, eu não vou julgar alguém por fazer isto”.
Contudo, os meios-termos são sempre errados quando
significam sacrificar princípios bíblicos. Podemos ser tolerantes com as pessoas quando tropeçam, mas nunca deveríamos
ser tolerantes com relação a qualquer atitude ou comportamento
que não se conforme com a Verdade, a Palavra de Deus.
Não devemos jamais fazer meios-termos ou diluir a verdade
da Palavra de Deus para torná-la mais aceitável. A Bíblia e os
seus padrões serão uma ofensa a alguns (Rm 9:32; 1 Pe 2:4-8),
mas a verdade pode salvá-los da destruição. ● &
Estas dez doutrinas básicas das Escrituras fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de uma
visão bíblica do mundo. No entanto, o fato de termos
uma visão bíblica do mundo vai além do fato de simplesmente termos crenças corretas ou um entendimento correto.
Precisamos estar “de acordo com Deus” do mais profundo do nosso ser, exibindo uma total cooperação com
o Seu Espírito e um desejo de obedecermos a Deus e
fazermos a Sua vontade.
CONCORDÂNCIA
A Bíblia ensina que a nossa caminhada com Deus requer uma concordância com Ele. “Poderão dois andar
juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3).
Uma concordância com Deus significa mais do que
uma mera concordância intelectual ou mental, pois até
mesmo os demônios creem em Deus e tremem (Tg 2:19).
Deus está procurando a nossa concordância intelectual
com Ele que é em seguida confirmada pelas nossas ações
de obediência! Isto se aplica a todos os crentes, mas aplica-se especialmente a pastores e líderes – porque somos
responsáveis pelo que ensinamos em palavras e através
do exemplo de nossas vidas.
“Concordância” significa “entrarmos em harmonia
com relação a uma questão de opinião, compartilhando
a mesma perspectiva”. Deus revelou os Seus caminhos
através da Bíblia.
A nossa responsabilidade é entrarmos numa concordância com a Sua Palavra. Concordar com a cosmovisão
de Deus é mais do que reconhecer que Ele está certo.
“Concordância” significa que substituímos a nossa visão
pela visão d’Ele, e, em seguida, vivemos as nossas vidas
de acordo com os Seus caminhos.
Podemos concordar com uma visão bíblica do mundo
e as crenças essenciais, fundamentadas nas Escrituras,
e, no entanto, ainda assim ser muito inconsistentes na
maneira com que aplicamos o que sabemos em nossas
próprias vidas. Em outras palavras, podemos dizer que
cremos numa coisa e, no entanto, fazer uma outra coisa.
Isto jamais deveria ser assim.
Como pastores e líderes, é imperativo que façamos o
máximo possível todos os dias para vivermos na prática
o que estamos ensinando aos outros através da Bíblia
(Rm 2:21-24).
38 / ATOS
Capítulo 7
O Impacto
Transformador de
Uma Cosmovisão
Bíblica
A esta altura já obtivemos um entendimento melhor da
nossa cidadania celestial e também estamos aprendendo:
●● O que é uma cosmovisão;
●● Como é formada uma cosmovisão;
●● A importância de estarmos cientes da nossa própria cosmovisão; e
●● A necessidade de desenvolvermos uma cosmovisão bíblica.
Como pastores e líderes, será de grande benefício
aprendermos como eficazmente ensinarmos, pregarmos,
e transmitirmos uma visão bíblica do mundo. Um elemento essencial disto é criarmos um ambiente em que o
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Espírito Santo seja bem-vindo a fazer a obra de renovação e transformação nas vidas individuais.
Uma Mente Renovada –
Mudando a Nossa Cosmovisão
“E não vos conformeis com este mundo, mas sede
transformados pela renovação da vossa mente, para
que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus” (Rm 12:2).
Santificação
A santificação é essencial para o crescimento contínuo de todos os crentes. Como já aprendemos, a santificação é tanto uma consagração das nossas vidas a Deus
como também uma purificação progressiva das impurezas morais.
Mas há mais com relação à santificação do que o desenvolvimento de um bom caráter moral. A verdadeira
santificação é um processo que incorpora a verdade liberadora da Palavra de Deus, a nossa fé para recebê-la, e a
obra do Espírito Santo para produzir mudanças na vida
do crente.
Antes de recebermos a Cristo, muito do que éramos e
fazíamos era resultante do sermos conformados aos padrões do mundo (Já estudamos as muitas maneiras pelas
quais uma cosmovisão carnal é formada.).
Mas, após a salvação, e através da obra contínua de
santificação, a nossa cosmovisão pode ser mudada. À
medida que a nossa cosmovisão passa a ter uma base
mais bíblica, podemos mais prontamente crer e obedecer a toda a Palavra de Deus, como também cooperar
melhor com a obra do Espírito Santo.
Vamos estudar este importante aspecto da vida cristã
um pouco mais detalhadamente.
Níveis de Comunicação
Cada pessoa é constituída de três partes: corpo, alma,
e espírito (1 Ts 5:23).
O “corpo” é o nosso corpo físico. O nosso corpo usa
os cinco sentidos – audição, visão, paladar, olfato, e tato
– para comunicar-se com o mundo físico em que vivemos.
A “alma” é o lugar das nossas emoções (sentimentos), da nossa vontade (a capacidade de escolhermos), e
da nossa mente (intelecto). A nossa personalidade é proveniente da nossa alma. A alma é às vezes citada como
sendo “o coração do homem”. A alma fornece um outro
nível de comunicação com as pessoas e o ambiente ao
nosso redor.
O Espírito do Homem
Muito embora as pessoas possam relacionar-se umas
com as outras num nível físico e através das suas almas,
somos limitados em nossa capacidade física e intelectual
de compreendermos plenamente as coisas de Deus: “As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
entraram no coração do homem, são as coisas que Deus
preparou para os que O amam” (1 Co 2:9; veja também
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Isaías 55:8,9; Romanos 11:33-36). Nem o nosso corpo
(“olho/ouvido”) nem a nossa alma (“coração”) podem
entender plenamente a Deus e a Seus caminhos.
Mas Deus também criou a cada pessoa com um espírito. O espírito de cada pessoa está morto no pecado.
Mas, na salvação, o espírito é vivificado pelo Espírito de
Deus (Rm 6:11,13; 1 Co 15:22; Ef 2:1,5; 1 Pe 3:18).
Também na salvação, cada pessoa recebe o Espírito
Santo dentro de si (Jo 3:5-8; At 2:38,39). O Espírito Santo nos ajuda a vermos, ouvirmos, e a compreendermos as
coisas espirituais que nos foram dadas por Deus. “Mas
recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito que
provém de Deus, para que pudéssemos conhecer as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus” (1 Co
2:12).
A comunicação com Deus vai além dos limites do intelecto humano ou da sabedoria do homem. É o Espírito
d’Ele ensinando o nosso espírito: “Estas coisas também
falamos, não com palavras que a sabedoria humana
ensina, mas que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais com as espirituais” (1 Co 2:13).
Como cristãos, também recebemos a “mente de Cristo”
(1 Co 2:16) para nos ajudar em nosso entendimento de
Deus.
Aleluia! Deus nos deu tudo o que necessitamos para
O conhecermos, termos comunhão com Ele diariamente,
e vivermos uma vida cristã santa e vitoriosa (2 Pe 1:3).
Mas, muitas vezes, precisamos aprender como receber e
usar o que Deus nos deu.
Deus disse que os que andam pelo Espírito são filhos
de Deus (Rm 8:12-17). Como Seus filhos, o nosso DeusPai tornou possível que nos comunicássemos com Ele.
Mas, assim como é o caso com qualquer dom de Deus,
geralmente precisamos aprender como usar o que Ele
nos deu.
Jesus afirma: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha
voz, e Eu as conheço, e elas Me seguem” (Jo 10:27).
A maioria de nós aprendemos com pouca idade como
nos comunicarmos física e intelectualmente. No entanto,
a aprendizagem de como nos comunicarmos com Deus
numa dimensão espiritual pode levar algum tempo.
Quaisquer obstáculos à comunhão com Deus precisam
ser removidos de nossas vidas, e nós também precisamos crescer na sensibilidade espiritual.
O Homem Natural
A Bíblia revela que todos pecaram e estão destituídos
da glória de Deus (Rm 3:23). Como humanidade “caída”, todos somos cegos às verdades espirituais de Deus.
O indivíduo que rejeita a dádiva de Deus em Cristo
e não é nascido de novo é citado como um “homem natural”: “Mas o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para ele; nem
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14).
O homem natural somente consegue entender com a
sua mente (alma). Portanto, ele não consegue receber ou
entender as coisas espirituais de Deus.
ATOS / 39 O Homem Espiritual
Contudo, quando nascemos de novo, a capacidade
de entendermos as coisas espirituais de Deus se abre a
nós. A capacidade de desenvolvermos uma visão bíblica
do mundo torna-se possível devido à obra do Espírito
Santo dentro de nós (1 Co 6:19). A Sua obra na reconstituição da nossa cosmovisão é uma parte essencial na
renovação das nossas mentes (Rm 12:2).
Para que as nossas mentes sejam renovadas, precisamos examinar o que cremos. Precisamos comparar o
que aprendemos com o mundo com o que é ensinado por
Deus. As nossas mentes precisam ser renovadas (transformadas) nas áreas em que uma visão ímpia do mundo
assumiu o controle: “Mas vós não aprendestes assim a
Cristo, se é que O tendes ouvido, e n’Ele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus: que, quanto à antiga
conduta, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no
espírito das vossas mentes, e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira retidão
e santidade” (Ef 4:20-24).
Quando nascemos de novo, o nosso espírito é vivificado e capacitado a comunicar-se com Deus. Esta
comunicação é um diálogo (2 vias) no sentido de que
nós falamos e Ele ouve (Sl 4:3; 1 Jo 5:14). Igualmente
importante é que quando Deus fala conosco, teremos a
capacidade de ouví-Lo (1 Co 2:11-13). Jesus disse que
seríamos capazes de ouví-Lo, e, consequentemente, de
seguí-Lo (Jo 10:27).
Fruto da Obra do Espírito
O Espírito da Verdade, o Espírito Santo, é o nosso Ajudador e habita dentro de todos os crentes. O Espírito Santo
ilumina (traz entendimento sobre ) as verdades da Palavra
de Deus e nos revela a necessidade de fazermos correções
em nossas vidas.
Estas correções fazem parte do processo de renovação
das nossas mentes. Uma mente renovada não tem simplesmente uma capacidade intelectual maior, mas uma capacidade de reconhecer e conhecer a verdade da Palavra de
Deus.
Este processo de renovação resulta na nossa transformação: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do
Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, estamos
sendo transformados à mesma imagem de glória em glória,
como que pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3:17,18).
Quando as nossas mentes são renovadas, isto afeta a
nossa atitude e comportamento, à medida que nos despojamos do “velho homem” e nos vestimos do “novo homem”.
O resultado desta obra do Espírito será o fruto que pode
ser claramente visto em nossas vidas: amor, alegria, paz,
paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, e
domínio próprio (Gl 5:22,23).
Quando vivemos de acordo com os caminhos de Deus,
podemos experimentar uma vida cristã verdadeiramente realizada e vitoriosa. Deus pode abençoar somente o que Ele
aprova.
40 / ATOS
Transformação – Uma Visão Bíblica do Mundo
À medida que as nossas mentes são renovadas, somos
mudados ou transformados. “Transformação” pode ser definida como “uma mudança pronunciada, como na aparência ou no caráter, geralmente para melhor”.
A Bíblia nos diz que, em Cristo, somos novas criações.
“Portanto, se alguém está em Cristo, nova criação é; as
coisas velhas já passaram; eis que todas as coisas se tornaram novas” (2 Co 5:17).
O Espírito Santo habita em todos os crentes, para conduzí-los e guiá-los à verdade. O Espírito Santo é enviado para
habitar dentro do crente (Jo 14:17), para guiar (Jo 16:13),
ensinar (Jo 14:26) e capacitar (Gl 5:16,17) o crente.
O Espírito Santo ajuda os crentes a verem o mundo como
Jesus o vê. “Mas, quando vier aquele Espírito da Verdade,
Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará pela
Sua própria autoridade, mas dirá tudo o que ouvir; e vos
dirá o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e o declarará a vós. Todas as coisas que
o Pai tem são Minhas. Portanto, eu disse que Ele receberá
do que é Meu e vos declarará” (Jo 16:13-15; veja também
João 14:15-17,25,26; 15:26).
O Conflito Interno
Que dádiva maravilhosa que recebemos na Pessoa do
Espírito Santo! Ele está presente para ajudar-nos continuamente, e Ele deseja que vivamos uma vida cristã
vitoriosa.
Contudo, o Espírito Santo não faz a Sua obra em nós
contrariamente à nossa vontade. Cada um de nós precisa
escolher continuamente a responder à convicção de pecado
trazida pelo Espírito Santo, ou rebelarmo-nos. Precisamos
escolher entre o sermos dirigidos pelo Espírito de Deus, ou
apoiarmo-nos em nosso próprio entendimento. Precisamos
escolher entre o obedecermos à Palavra e sermos transformados, ou resistirmos e ficarmos onde estamos.
Às vezes esta escolha precisa ser feita muitas vezes num
só dia. O Espírito Santo sempre está presente, sempre operando dentro de nós para transformar-nos cada vez mais à
imagem de Jesus.
Este processo de transformação nem sempre é fácil. Ele
pode criar um conflito ou luta dentro de nós. Nós queremos
fazer a vontade do Senhor, mas a nossa carne também quer
ter os seus desejos satisfeitos. O Apóstolo Paulo explicou
isto da seguinte maneira: “Porque a carne cobiça contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um
ao outro, para que não façais o que quereis” (Gl 5:17).
Renevoção e Fortalecimento
A Bíblia revela que o Espírito dentro de nós e a nossa carne (a alma do homem) estão em guerra (Rm 7:23; 1
Pe 2:11,12). Tanto o Espírito quanto a nossa própria alma
querem influenciar os nossos pensamentos, ações, e escolhas. Deus deseja guiar-nos em Seus caminhos pelo Seu
Espírito. O Diabo, o mundo, e as nossas próprias concupiscências querem nos afastar de Deus.
“Digo, porém: Andai no Espírito, e não cumprireis a
concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um
ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois
guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5:1618).
Num “homem natural” (alguém que não é nascido de
novo), o seu espírito está morto, separado de Deus. Assim
sendo, não há nenhuma batalha contra o Espírito nele, porque o Espírito não habita dentro dele.
O corpo e a alma fazem tudo o que é desejável fazer, como no período dos Juízes em Israel, quando “todos faziam o que era certo aos seus próprios olhos”
(Jz 21:25).
Mas, quando nascemos de novo, o Espírito Santo começa a operar para nos influenciar à retidão. Em nossa imaturidade, a nossa alma (e frequentemente o nosso corpo) resiste
ao Espírito. Os nossos antigos hábitos ou desejos querem
nos puxar de volta ao pecado. Portanto, pode ser difícil o
sermos guiados pelo Espírito. “E eu, irmãos, não vos pude
falar como a espirituais, mas como a carnais, como a bebês
em Cristo” (1 Co 3:1).
Esta é uma das razões pelas quais é tão importante que
as nossas mentes sejam renovadas pela Palavra de Deus.
Quanto mais conhecermos e entendermos os caminhos de
Deus, tanto mais poderemos reconhecer o que é d’Ele e o
que é da nossa carne. Cada vez que escolhemos os caminhos de Deus, ao invés dos nossos desejos carnais, o nosso
espírito é fortalecido! Devagar e sempre, o nosso espírito
desejará mais uma concordância com o Espírito Santo do
que com os nossos próprios caminhos.
“E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, e agradável, e perfeita vontade de
Deus” (Rm 12:2).
A contínua renovação da mente nos fortalece para escolhermos a obedecer a Palavra de Deus. Uma mente renovada é mais facilmente convencida de pecado e guiada pelo
Espírito Santo. Os nossos antigos hábitos cairão por terra e
serão substituídos por novos hábitos de santidade.
“Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que
O tendes ouvido, e n’Ele fostes ensinados, como está
a verdade em Jesus: que, quanto à antiga conduta, vos
despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito das
vossas mentes, e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira retidão e santidade”
(Ef 4:20-24).
À medida que continua o processo de renovação, a nossa transformação pessoal se torna mais óbvia. “Não mintais
uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem
com os seus feitos, e vos vestistes do novo homem, que se
renova para o conhecimento, segundo a imagem d’Aquele
que o criou” (Cl 3:9,10). Com o passar do tempo, a nossa
mente e o nosso espírito ficam mais de acordo, e o nosso
corpo (carne) perde a sua influência.
Este processo de renovação e transformação é um processo que começa na salvação e não é completado até que
tenhamos chegado ao nosso Lar Eterno (Rm 8:29,30; 1 Co
13:12; 2 Co 3:18).
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
De Pastor Para Pastor
Eu espero que você, pastor, possa ver claramente a importância de você conhecer a Palavra de Deus e de ensiná-la consistente e completamente à sua igreja. Cada um de nós tem elementos da nossa cosmovisão que provavelmente não estão de
acordo com a Bíblia. Todos nós precisamos ter as nossas mentes
renovadas e as nossas vidas transformadas! Isto acontece juntamente com a verdade da Palavra de Deus viva e a obra contínua
do Espírito Santo.
Permita-me lembrá-lo que esta obra de renovação e transformação é um processo que dura a vida inteira. Perguntaram-me
recentemente: “Por que a transformação demora tanto tempo assim, e por que ela é tão difícil assim? Por que Deus simplesmente
não faz a obra em nós imediatamente?”
A minha resposta foi: “Esta é uma pergunta que somente Deus
pode responder. Os pensamentos d’Ele são mais altos do que os
nossos pensamentos. Mas uma coisa eu sei com certeza: Deus
quer que O obedeçamos como uma expressão voluntária do nosso amor. As nossas escolhas são um ingrediente importantíssimo
em nosso relacionamento com Deus. Ainda que a transformação
possa ser uma jornada difícil, Deus nos deu todas as ferramentas, a autoridade, e o poder para sermos bem-sucedidos.” ● &
Capítulo 8
As Ferramentas de
Renovação e
Transformação
Deus, em Sua sabedoria, forneceu tudo o que necessitamos para “a vida e a santidade” (2 Pe 1:3). Deus nos deu:
o Seu Filho como única forma de salvação (Jo 3:16); o Seu
Espírito Santo para nos guiar (Jo 16:13); e a Sua Palavra
para nos instruir na retidão (Sl 119:105).
Como cristãos, o nosso desejo deveria ser o de uma mente renovada que busca ser guiada pelo Espírito de Deus. À
medida que as nossas mentes são renovadas, somos transformados cada vez mais à imagem de Cristo.
Mas que ferramentas Deus usa neste processo de transformação? Vamos analisar agora algumas dessas ferramentas.
1. Estudos Bíblicos Para Informações e Revelações
A importância da Palavra de Deus para a transformação pessoal não pode ser valorizada em demasia. A Bíblia
é a revelação completa de Deus à humanidade, e NÃO
devemos acrescentar nada a ela nem retirar nada dela (Ap
22:18,19).
Podemos ler ou estudar a Bíblia de duas maneiras básicas. A primeira é para adquirirmos conhecimento. Isto
ATOS / 41 pode ser citado como a Palavra Logos ou a Palavra Escrita.
O termo “logos” significa “palavra” no grego.
Adquirir conhecimento significa aprender fatos e informações encontrados na Bíblia, como, por exemplo:
●● As Divisões da Bíblia (Antigo Testamento e Novo
Testamento; Livros Proféticos, Livros Históricos, e
Livros Poéticos)
●● Os nomes dos Livros da Bíblia
●● As Dispensações ou eras da Bíblia
●● As Alianças da Bíblia
●● As histórias e parábolas da Bíblia
●● As personalidades e personagens da Bíblia
●● A cronologia e história da Bíblia
O aprendizado das coisas citadas acima nos ajudará a
adquirirmos a perspectiva apropriada e um entendimento
da Bíblia, como também uma reverência por ela. Aprenderemos sobre a natureza de Deus, a Sua santidade e soberania. Ficaremos familiarizados com as Suas promessas
e condições. Ao mesmo tempo, aprenderemos o que Deus
espera de nós. Aprenderemos que devemos ser santos e separados para os Seus propósitos.
Quando estudamos a Bíblia desta maneira, estamos adquirindo um conhecimento da Palavra Escrita (ou “Logos”)
e estamos colocando um fundamento para o próximo nível,
que é o entendimento.
Entendimento Espiritual
O entendimento da Palavra de Deus vem através da
iluminação (revelação). Há uma outra palavra grega para
“palavra” – rhema, ou “palavra falada”. Isto se refere à natureza espiritual das Escrituras.
A Palavra de Deus não é uma mera coletânea de palavras de aparência religiosa. Ela é inspirada pelo Espírito,
viva, poderosa, e espiritual. “Porque a Palavra de Deus é
viva e poderosa, e mais penetrante do que qualquer espada
de dois gumes, penetrando até mesmo à divisão da alma e
do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12).
Devido à natureza espiritual da Bíblia, o Espírito Santo usa as Escrituras para “falar” conosco – Espírito a espírito! À medida que estamos lendo ou estudando a Bíblia,
as Escrituras podem subitamente ser vivificadas ao nosso
entendimento. É como se Deus pelo Seu Espírito estivesse
falando diretamente conosco pela Sua Palavra sobre algo
específico que tem a ver conosco.
Deus falando conosco através das Escrituras deveria ser
comum entre cristãos nascidos de novo, porque eles são espirituais e as Escrituras são inspiradas espiritualmente (2
Tm 3:16). Os teólogos gostam de dizer que o Espírito Santo
“ilumina” as Escrituras para nos dar um entendimento que
não é simplesmente intelectual, mas espiritual. Isto se transforma numa revelação pessoal da verdade a nós, e frequentemente é algo que transforma as nossas vidas. Um homem
natural (alguém que não é nascido de novo) é incapaz de
receber este entendimento espiritual (1 Co 2:13-15).
Durante estes tempos devocionais na Palavra, a Palavra
Rhema se torna em algo que transforma as nossas vidas.
Não há dúvida nenhuma de que Deus lhe mostrou algo pro42 / ATOS
fundo e pessoal – somente a você. Você percebe que Deus
está lhe revelando uma verdade impactante à sua vida através das Escrituras.
Lembre-se: Você não deve adquirir conhecimento somente. Você também deve adquirir entendimento (Pv 4:7).
É importante responder de uma maneira apropriada ao
entendimento que você receber. Isto talvez signifique que
você deveria arrepender-se, perdoar alguém, mudar um
hábito ou comportamento, receber novamente o amor de
Deus, ou muitas outras respostas.
Decida-se a querer mais do que um mero conhecimento
(logos) da Palavra de Deus. Sensibilize o seu coração, e ore
e busque revelação e entendimento (rhema).
2. A Importância da Oração
A oração é uma importante ferramenta de transformação, especialmente quando você entende que a oração é um
diálogo entre você e Deus.
Frequentemente nos ensinam a orarmos como um meio
de fazermos com que as nossas petições sejam conhecidas
diante de Deus. Pedimos, mas aí então deixamos de ouvir a
resposta. Não temos a expectativa de que Deus fale conosco.
No entanto, a oração não é uma comunicação de somente uma via. A oração é um diálogo entre um crente e Deus.
Você fala, e Deus ouve; Deus fala, e você ouve – com cada
um se revezando no falar e no ouvir. Deus frequentemente
tem algo a dizer para nós se ouvirmos com expectativa e
com fé.
Ao estudarmos as Escrituras, deveríamos estar orando
por entendimento e revelação. Enquanto estamos lendo,
deveríamos estar perguntando a Deus: “Senhor, o que isto
significa?” A nossa atitude deveria ser a de termos uma expectativa de que o Espírito Santo ilumine, revele, e esclareça as Suas verdades.
Às vezes há obstáculos à nossa capacidade de ouvirmos
a Deus claramente. Precisamos pedir ao Espírito Santo que
Ele revele os obstáculos, a fim de que possamos nos arrepender, vencer, e ir adiante em nosso relacionamento com
Ele.
3. A Importância da Verdadeira Adoração
A palavra adoração é definida como “devoção a Deus”.
A adoração é central ao cumprimento do chamado de Deus
em nossas vidas e à apresentação de uma teologia precisamente correta. Mas, acima de tudo, a adoração é algo que
Deus deseja de cada um de nós.
Em seu significado básico, “adoração” não tem a ver
com um formalismo externo, mas é “adoração espiritual”.
Jesus, enquanto falava com a mulher do poço, disse: “Mas
a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai
procura a tais que assim O adorem” (Jo 4:23).
Ainda que a definição de adoração feita por Deus nunca
tenha mudado, muitos hoje em dia têm se focado em outros
significados de adoração. Por exemplo:
a. Um estilo de música, como, por exemplo, “música
de adoração”; ou
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 b. A atividade de se ir à igreja (“Eu fui a um culto de
adoração no domingo”).
Estes dois conceitos de adoração são válidos. Contudo,
se eles se tornarem a nossa definição básica de adoração,
correremos o risco de substituirmos o significado básico de
adoração por um outro secundário. Torna-se mais fácil desfrutarmos ocasionalmente de uma boa música de adoração
do que vivermos um estilo de vida diário devotado a Deus.
A adoração não faz parte da vida cristã: ela é a vida cristã! “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus,
que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo,
e agradável a Deus, que é o vosso culto [ou adoração] racional” (Rm 12:1).
A adoração verdadeira e sincera é essencial a um cristianismo vitorioso. Precisamos da comunhão “Espírito-a-espírito” com Deus que somente pode acontecer à medida que
nos prostramos diante d’Ele e O adoramos. A nossa adoração externa precisa vir como resultado direto do que se
encontra dentro de nós – um coração totalmente submisso a
Deus como Senhor e Rei. Caso contrário, a nossa adoração
será um mero formalismo sem poder – “tendo uma forma
de santidade, mas negando o seu poder” (2 Tm 3:5).
Como discernimos a diferença entre o formalismo externo e o coração interno de adoração? Qual é a medida da
“verdadeira” adoração?
A adoração espiritual é mais do que uma oferta semanal
na igreja. A adoração espiritual deveria revelar a nossa submissão diária ao senhorio de Jesus Cristo em nossas vidas
e o nosso desejo de sermos obedientes a Ele. A verdadeira
medida da adoração espiritual encontra-se em 2 Coríntios
3:18:
“Mas todos nós, com cara descoberta, contemplando
como que num espelho a glória do Senhor, estamos sendo
transformados à mesma imagem de glória em glória, como
pelo Espírito do Senhor.”
O mais importante fruto do ministério são vidas
transformadas. Como pastores e líderes, precisamos fornecer um ambiente regular em que as pessoas possam encontrar-se com Deus em adoração. É preciso que haja tempo
disponível para expressarmos louvor e honra a Deus, e, aí
então, esperarmos n’Ele, para que Ele opere nas vidas das
pessoas. A verdadeira adoração espiritual é uma submissão
total ao senhorio de Cristo e uma abertura à Sua presença
operando em nossas vidas diárias.
4. A Importância de um Compromisso com Uma
Igreja
“E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa assembleia, como é costume de alguns, antes admoestandonos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai
aproximando aquele dia” (Hb 10:24,25).
A igreja local não é uma construção; a igreja é uma assembleia de crentes unidos sob uma Cabeça, Jesus Cristo (1
Co 12; Ef 1:22,23).
Ao liderarmos (ou frequentarmos) uma igreja, há três
coisas essenciais que deveriam estar presentes:
a. A igreja precisa ser baseada na Bíblia. “Sabendo
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
isto primeiramente, que nenhuma profecia da Escritura é
de particular interpretação, porque a profecia nunca foi
produzida pela vontade do homem, mas os homens santos
de Deus falaram à medida que eram movidos pelo Espírito
Santo” (2 Pe 1:20,21).
Há várias maneiras de discernirmos uma igreja baseada na Bíblia. Todos os ensinos são provenientes de textos e versículos da Bíblia. A congregação carrega e usa as
suas Bíblias. O pastor e a liderança são fiéis estudantes da
Palavra de Deus, vivendo as suas vidas de acordo com a
Bíblia. Não há nenhum livro ou nenhuma outra forma de
mídia que possa substituir a Palavra de Deus, nem acrescentar nada a ela, nem subtrair dela. O fundamento para
todos os ensinos numa igreja espiritualmente sadia é a Palavra de Deus.
b. A igreja precisa ser doutrinariamente sã. “Porque
virá o tempo em que não suportarão a doutrina sã, mas,
de acordo com os seus próprios desejos, porque eles têm
comichão nos ouvidos, amontoarão para si mestres; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se às fábulas” (2
Tm 4:3,4).
Qualquer doutrina que seja ensinada ou vivida como
exemplo precisa ter o seu fundamento na Palavra de Deus.
As igrejas deveriam ter uma “Declaração de Fé” citando as
doutrinas em que creem, apoiadas por referências bíblicas.
c. A igreja precisa reconhecer a importância da obra
do Espírito Santo na vida do crente. “Ou não sabeis que
o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”
(1 Co 6:19).
Tenha cuidado para nunca tentar acrescentar à obra consumada da graça através de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. O sinal mais fácil no sentido de alertá-lo com relação a
este engano é uma preocupação demasiada com as armadilhas da lei – uma ênfase exagerada nas regras e regulamentos de comportamento, vestuário, e linguajar, ao invés de
uma transformação interna e espiritual.
Esta ênfase num formalismo externo é conhecida como
“legalismo”. É Uma vã tentativa externa de se substituir
a genuína obra transformadora interna do Espírito Santo:
“Sois vós tão tolos assim? Tendo começado pelo Espírito,
estais agora sendo aperfeiçoados pela carne?” (Gl 3:3).
Deus não está procurando conformidade, que é apenas
uma mudança externa. Ao invés, Deus deseja uma transformação genuína, que é uma mudança de dentro para fora
(do coração). Esta mudança interna, no entanto, frequentemente resulta em mudanças de comportamento e até mesmo na aparência externa (Cl 2).
Podemos estar confiantes que o Espírito Santo, juntamente com as Suas ferramentas de renovação e transformação – a Bíblia, a oração, a adoração, e a igreja – pode
realizar uma poderosa obra de transformação em qualquer pessoa que se submeta ao senhorio de Jesus Cristo.
Ele nunca desistirá de nós, se não desistirmos d’Ele: “Por
esta razão eu também sofro estas coisas; contudo, não me
envergonho, pois eu sei em quem eu tenho crido e estou
persuadido de que Ele é capaz de guardar o que eu Lhe
entreguei até aquele dia” (2 Tm 1:12). &
ATOS / 43 Capítulo 9
Alguns
Princípios
Adicionais
PALAVR
A
S
CORAÇÃ
O
DIRE
Ao desenvolvermos uma vwisão do mundo bíblica/cristã e direcionarmos outras pessoas a fazerem o mesmo, há
certos princípios que devemos manter em mente.
1. Trabalhando com ou trabalhando para Deus!
É importante encorajarmos os outros em seu entendimento e fé. Devemos ajudá-los a colocarem a sua confiança em Deus e na Sua Palavra. Isto não pode ser realizado,
criando-se um sistema religioso de regras e regulamentos
para que eles os sigam. Ao invés, a nossa meta principal
como pastores e líderes é ajudar aos outros a entrarem num
relacionamento genuíno com Jesus Cristo. Obviamente,
precisamos ter este relacionamento com Cristo também!
Um relacionamento subentende trabalharmos juntos com
Deus. Ele deseja trabalhar em nós, Seus filhos e filhas. Cooperamos com este processo, rendendo-nos à obra do Espírito Santo em nossas vidas pessoais, como também na igreja.
Neste sentido, estamos sendo parceiros de Deus (Jo 15:15).
Em contraste, a ideia de trabalharmos para Deus subentende um relacionamento empregador/empregado, ou um
relacionamento mestre/servo. Como crentes, somos filhos e
filhas do Rei – Seus amigos, e não servos (Jo 15:9-17). Nós
O servimos com alegria, mas por amor e relacionamento.
A nossa cidadania é do Céu e somos embaixadores para o
nosso Rei!
2. Como o homem pensa...
Não é o que você diz, mas o que você realmente crê que
determina quem você é: “Pois como o homem pensa em seu
coração, assim ele é” (Pv 23:7).
Muitos dos testes da vida que Deus permite que experimentemos têm um propósito principal: confirmar ou negar
que o que dizemos que cremos é de fato o que realmente
cremos (Jo 6:6; Dt 8:2).
As nossas ações falam mais alto do que palavras. Deus
não está procurando homens e mulheres que simplesmente
44 / ATOS
ÇÃO
conheçam a verdade, mas que também cumpram a verdade. “Mas todos os que ouvem estas Minhas palavras, e não
as cumprem, serão como o homem tolo, que construiu a sua
casa na areia: e desceu a chuva, vieram as inundações, e
sopraram os ventos e golpearam aquela casa; e ela caiu. E
foi grande a sua queda” (Mt 7:26,27).
As nossas ações precisam estar de acordo com princípios
bíblicos. Já foi dito que, à medida que o homem pensa, ele
desenvolve uma ação; à medida que esse homem age, ele
desenvolve um hábito; à medida que esse homem desenvolve esse hábito, ele desenvolve o seu caráter; à medida que
esse homem desenvolve o seu caráter, ele desenvolve um
destino. O nosso destino final é o de sermos “conformados
à imagem de Cristo” (Rm 8:29).
3. “Amém” ou Concordando com Deus
É importante examinarmos o que cremos, e, aí então,
discernirmos o que se alinha ou não com a Palavra de Deus.
A Palavra de Deus, a Bíblia, é o fundamento sobre o qual
edificamos as nossas crenças essenciais. O que Deus aceita
precisamos aceitar. O que Deus rejeita precisamos rejeitar.
Precisamos concordar com Ele (ou dizer “Amém”) (Am
3:3). Haverá ocasiões em que a nossa experiência pessoal
ou o nosso treinamento secular entrará em conflito com o
nosso entendimento do que a Bíblia requer de nós. É nessas
horas que a nossa fé é testada.
Tomemos, portanto, a atitude do Apóstolo Paulo: “Por
esta razão eu também sofro estas coisas; contudo, não me
envergonho, pois eu sei em quem eu tenho crido e estou
persuadido de que Ele é capaz de guardar o que eu Lhe
entreguei até aquele dia” (2 Tm 1:12).
4. Embaixadores por Cristo
Uma das responsabilidades principais de todos os crentes
aqui na terra é a de viver como um embaixador por Cristo.
Recebemos a autoridade de representarmos a Jesus Cristo
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 como nosso Rei aos outros (2 Co 5:20). É por isso que a
nossa transformação pessoal é tão importante assim! Como
poderemos representar a Cristo adequadamente se as nossas
vidas ou crenças não estiverem alinhadas com as d’Ele?
Devemos ser embaixadores em todo o tempo – e não
somente durante as ocasiões de ministério, mas em casa, no
local de trabalho, na escola, ou em qualquer outro lugar que
possamos estar. À medida que nos tornarmos mais semelhante a Ele, e formos sensíveis para sermos dirigidos pelo
Seu Espírito, nós O representaremos muito mais precisamente ao mundo ao nosso redor.
5. Buscadores da Verdade
“Santifica-os pela Tua verdade. A Tua Palavra é a verdade” (Jo 17:17; veja também Salmos 119:160). Precisamos nos tornar buscadores da verdade da forma como ela é
definida pela Bíblia.
A verdade o libertará; uma mentira o colocará em escravidão! “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Uma verdade parcial ainda é uma mentira. Algo ou é
verdadeiro, ou não é. Satanás entende isto, e frequentemente tenta distorcer ou deturpar a verdade a fim de nos tentar
ou nos enganar. Tudo o que cremos e praticamos precisa
alinhar-se completamente com a Bíblia!
6. A Nossa Cidadania
Lembre-se que, como crentes em Jesus Cristo, a nossa
cidadania está no Céu (Fp 3:20). A nossa cosmovisão deveria ser de uma perspectiva celestial. Isto significa que a
cultura em que vivemos ou as tradições que temos são secundárias ao fato de que o nosso lar e a nossa nacionalidade
agora são celestiais.
Não somos mexicanos, indianos, africanos, americanos,
europeus, ou de nenhuma outra nacionalidade, mas somos
primeiramente cristãos! O nosso patriotismo, crenças, e tradições são secundários à nossa identidade como cristãos.
De Pastor Para Pastor
Eu estava certa vez dando uma aula sobre o tema da “Integridade” a um grupo de pastores. No final, eu mencionei que roubar
sempre é errado, independentemente do tamanho ou valor do
que está sendo roubado. Um pastor comentou: “O costume neste país é que quando alguém deixa alguma coisa, como um relógio de pulso, e vai embora, este objeto agora se torna disponível
para que qualquer um tome posse dele. Quem quer que o pegar
poderá ficar com ele, até mesmo se souber quem o deixou.” Eu
os choquei ao responder o seguinte: “Este não é mais o seu país,
e os costumes deste país não se aplicam a você! A sua cidadania agora está no Céu, e é pelas leis do Céu que vivemos como
cristãos. Deus diz: “Não furtarás”. Este é agora o seu costume!”
Os pastores imediatamente entenderam a verdade da Palavra ao
examinarem os seus costumes em contraposição aos padrões da
Palavra de Deus. ●
7. Separando a Cultura da Doutrina
Ao estudarmos a Bíblia, precisamos ter o cuidado de
discernirmos o que é cultural (local) e o que é doutrinário
(universal). Por exemplo, no Novo Testamento há quatro
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
Evangelhos, com cada um deles sendo escrito a diferentes públicos-alvo (locais). Contudo, cada Evangelho contém somente uma mensagem (universal). Esta mensagem
foi escrita, no entanto, para que o seu público-alvo pudesse
entendê-la:
●● O Evangelho de Mateus foi escrito por um judeu
para ser atraente a outros judeus.
●● O Evangelho de Marcos foi escrito por um judeu que
estava despertando o interesse dos gentios.
●● O Evangelho de Lucas foi escrito por um gentio a
outros gentios.
●● O Evangelho de João foi escrito tanto a judeus como
a gentios.
Além disso,
●● O Livro de Romanos foi escrito para despertar o interesse do pensamento romano.
●● O Livro de Hebreus foi escrito para despertar o interesse da mente e das tradições hebraicas.
Em cada um destes casos, a comunicação foi feita com
cuidado, de uma maneira que as pessoas dessas culturas e
tradições (cosmovisão) pudessem entendê-la. Mas jamais
foi mudada ou diluída a mensagem do Evangelho para torná-la mais aceitável à cultura.
De Pastor Para Pastor
Como pastores e líderes, precisamos ser muito cuidadosos
para não cairmos na armadilha do sincretismo. O sincretismo é
uma combinação ou diluição da verdade com outras crenças a
fim de torná-la mais aceitável (ou menos ofensiva) aos outros.
Jamais devemos mudar ou diluir a Palavra de Deus a fim de fazer
com que ela se encaixe na cultura ou prática existente.
Por exemplo:
Dizer que Jesus é somente um profeta, ou simplesmente um
dos muitos deuses porque a cultura crê em muitos deuses, seria
uma grave diluição da doutrina, e, portanto, uma heresia. Isto
levaria a uma escravidão e confusão. Há apenas Um só Deus,
Um Salvador, e esta verdade precisa ser declarada.
Dizer que as mulheres precisam cobrir as suas cabeças na
igreja (Veja 1 Coríntios 11-1-16) reflete uma prática cultural; é
simplesmente uma expressão de uma tradição local de se honrar
a Deus. Não é uma doutrina. ●
8. Não Sejam Ignorantes
O Apóstolo Paulo inicia o Capítulo 12 da sua Carta à
Igreja de Corinto com uma repreensão amorosa com relação a não sermos ignorantes sobre os dons espirituais (1 Co
12:1). Este princípio de “não sermos ignorantes” aplica-se
a muitas áreas da nossa cosmovisão. Ser ignorante simplesmente significa não saber ou não estar ciente de algum fato
ou verdade.
Por exemplo, há uma região em que a prática cultural comum é que os maridos batam em suas esposas. Numa conferência recente, um ministro ensinou, com base em Efésios
5, sobre a importância de amarmos as nossas esposas assim
como Cristo ama a Sua Noiva, a Igreja. A convicção de pecado, através do Espírito Santo, veio sobre os pastores e
eles começaram a clamar em arrependimento. Eles haviam
sido criados em sua cultura, aprendendo que deveriam bater
em suas esposas, e estavam somente fazendo o que haviam
ATOS / 45 visto os seus pais e avôs fazendo. Eles não percebiam que
esta prática era anti-bíblica, prejudicial às suas esposas, e
desagradava ao Senhor.
A cosmovisão destes pastores mudou num só instante.
Eles tiveram uma revelação pessoal da verdade da Bíblia. A
Palavra de Deus e a obra do Espírito Santo os libertaram da
escravidão cultural e os introduziram na liberdade bíblica
em amor. Aleluia!
Você é Uma Galinha ou Uma Águia?
Havia certa vez um fazendeiro que criava galinhas. Certo dia, enquanto caminhava pelos campos, ele encontrou
um ovo grande. Perguntando a si mesmo que tipo de animal
o havia botado, ele o levou para casa para ver se uma das
suas galinhas se sentaria sobre ele e o chocaria. Uma determinada galinha aceitou o ovo, muito embora ele fosse
maior do que os seus outros ovos.
Com o passar do tempo, os ovos da galinha começaram
a ser chocados. De cada ovo saiu cambaleando um pintinho
amarelo. O estranho ovo novo foi o último a ser chocado, e
para fora dele saltou um grande filhote de pássaro, com pés
grandes e uma cor cinzenta escura. Enquanto as outras galinhas observavam esta nova adição, todas elas pensaram:
“Esta é a galinha mais feia que eu já vi!”
A vida foi difícil para a jovem ave. Muito embora ela
tentasse muito se adequar, ela era desajeitada e muito diferente de uma galinha. Ela tinha dificuldades para andar
como as outras galinhas, e bicar a comida era um desafio
com o seu grande bico encurvado. Não demorou muito
tempo antes que as outras galinhas começassem a evitá-la,
porque ela parecia esquisita demais. Ela se sentia isolada e
rejeitada.
Um dia, enquanto ela olhava para o sol, a jovem ave
notou duas lindas e majestosas aves voando alto no céu.
Elas pareciam estar fazendo um círculo sobre ela, fazendo
sons diferentes de qualquer outro que ela havia ouvido as
galinhas fazendo. O grito delas era estranhamente atraente,
quase como se fosse um convite: “Venha voar conosco!” As
aves voaram em cima durante vários dias e aí então desapareceram.
Dessa ocasião em diante, a jovem ave somente conseguia pensar em subir ao céu rapidamente e voar com aquelas aves majestosas. Mas ela sabia que as galinhas não conseguem voar. As galinhas são terrenas, e não celestiais!
Aí então, num certo dia, quando ninguém estava olhando, aquela ave estendeu e bateu as suas asas. Surpreendentemente, ela subiu do chão, graciosa e poderosamente. Mas
ela estava com muito medo de voar de fato para longe. “O
que as outras galinhas diriam?”
Assim sendo, ela sonhava secretamente em voar, querendo ser como aquelas aves que ela viu voando no céu, ao
invés de ser uma galinha incapaz de sair da terra.
Depois que alguns dias se passaram, aquelas aves majestosas voltaram. Uma vez mais elas começaram a voar lá
em cima, em círculos. Elas estavam muito alto no ar, porém
ela conseguia ouví-las, chamando: “Venha voar conosco!”
Aí então, algo estranho começou a acontecer com a jovem
ave. Subitamente ela jogou os ombros para trás, estendeu
46 / ATOS
A nossa cidadania está no Céu.
O poder transformador da Bíblia
e a obra e o direcionamento do
Espírito Santo são suficientes
para vencermos as influências
e impactos negativos que o
mundo tem tido sobre a nossa
cosmovisão.
as suas asas.e, com uma força e poder que ela não sabia que
tinha, ela começou a voar!
Fazendo espirais sempre ascendentes, com os seus olhos
focados no sol, ela logo estava voando nas alturas com aquelas duas aves estranhas. Ao aproximar-se, ela ficou surpresa
em perceber que a sua aparência era exatamente igual à das
outras aves. Elas eram lindas, poderosas, e majestosas. De
repente, ela teve a revelação: “Eu não sou uma galinha… Eu
sou uma águia!” Uma alegria inundou a sua alma ao sentir
que agora ela estava entre familiares. Pela primeira vez em
sua vida, ela sentiu o verdadeiro amor e aceitação.
Uma das águias adultas disse: “Estávamos nos perguntando por que você demorou tanto tempo assim para se unir
a nós.”
A jovem águia respondeu: “Eu não sabia que eu era uma
águia. Pelo fato de que eu nasci no meio de galinhas, e vivi
entre galinhas, eu achava que eu fosse uma galinha.”
A águia mais velha respondeu: “Você agia como galinha
porque você pensava como galinha; mas agora, que você
conhece a verdade, a verdade a libertou... para ser uma
águia. Foi para fazer isto que você nasceu. O seu lar não
é no galinheiro, mas aqui conosco nos céus. Venha, vamos
voar…” “Mas os que esperam no Senhor renovarão as
suas forças; subirão com asas como águias, correrão e não
se cansarão, caminharão we não se fatigarão” (Is 40:31).
Os cristãos são chamados para serem águias, e não galinhas! Ainda que estejamos no mundo, não somos do mundo. A nossa cidadania está no Céu. O poder transformador
da Bíblia e a obra e o direcionamento do Espírito Santo são
suficientes para vencermos as influências e impactos negativos que o mundo tem tido sobre a nossa cosmovisão.
Verdadeiramente é uma aventura emocionante começarmos a ver a nós mesmos, as nossas famílias, as nossas
igrejas, e os nossos ministérios como Deus os vê. É isto que
uma visão bíblica do mundo fornece: reconhecermos que
a nossa cidadania está no Céu; vermos o mundo em que
vivemos de uma perspectiva mais celestial; e encontrarmos
o nosso lugar na obra do Reino de Deus, enquanto estamos
sendo cada vez mais transformados à imagem de Cristo
pelo Seu Espírito!
A minha oração por você é que, “com os olhos do seu
entendimento sendo iluminados… você possa conhecer qual
é a esperança do chamado d’Ele e quais são as riquezas da
glória da herança d’Ele nos santos” (Ef 1:18). Amém! &
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010 URGENTE! • ECONOMIZE POSTAGEM E TEMPO! RENOVE PELO SITE! • URGENTE!
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NOTA: A Revista ATOS não é um “curso por correspondência”. Você não receberá um “certificado” ou “diploma” depois de ler a ATOS. A nossa esperança e oração é que você receba algo
muito mais valioso: ensinamentos com base bíblica e um treinamento ministerial prático! Isso
o capacitará a tornar-se mais eficaz em seu ensino, ministração e testemunho aos outros.
A Revista ATOS é enviada gratuitamente a líderes de igrejas que pedem para recebê-la na
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REMETA ESTE FORMULÁRIO COMPLETO PARA A REVISTA ATOS. VEJA O ENDEREÇO NA PÁGINA 4.
VOLUME 24 – NÚMERO 1 – 2010
ATOS / 47 ATENÇÃO LÍDER DE IGREJA:
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6 meses para que O Cajado do Pastor chegue até você. Obrigado!
48 / ATOS
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HERDEIROS DE DEUS Sua Adoção Espiritual