IDENTIFICANDO AS DISCIPLINAS DE BAIXO RENDIMENTO NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO DO IF GOIANO CÂMPUS URUTAÍ SILVA, Luciana Aparecida Siqueira1; SOUSA NETO, José Alistor2 1 Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal Goiano Câmpus Urutaí, Coordenadora de área do PIBID Interdisciplinar ([email protected]) 2 Estudante de pós-graduação: Mestrado em Química, UFG - Câmpus Catalão. RESUMO Entende-se que vários fatores interferem para que apropriação dos conhecimentos por parte do aluno aconteça e que a escola deve empreender esforços no sentido de estimular a aprendizagem significativa. Considerando que a evasão escolar é um dos grandes problemas enfrentados pelas escolas públicas, é importante identificar, em uma instituição de ensino, as disciplinas que apresentam baixo rendimento por parte dos discentes e diagnosticar as causas que levam a essa problemática, como medida preventiva à evasão. O presente trabalho visa identificar as disciplinas do núcleo comum nas quais os alunos dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí apresentam baixo rendimento e disponibilizar o resultado para os docentes das turmas, para que os mesmos reflitam sobre suas práticas pedagógicas. Para esse fim, o PIBID Interdisciplinar atuante na referida instituição recolheu, junto à secretaria do IF Goiano – Câmpus Urutaí, as notas dos alunos de cada disciplina do núcleo comum de todas as séries dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio referente aos anos de 2011, 2012 e 2013. De acordo com os resultados obtidos, as disciplinas apontadas como críticas nos últimos três anos foram Matemática, Química, Física, Português e Biologia, destacando-se entre elas, Matemática e Química. A partir da análise das disciplinas críticas, os professores, principalmente aqueles ligados diretamente à problemática, refletiram sobre suas práticas pedagógicas e sugeriram mudanças. Destaca-se que, os resultados irão auxiliar os alunos bolsistas do PIBID na elaboração de propostas para intervir e melhorar a aprendizagem dos alunos, ocasionando também, conhecimento aos pibidianos acerca da profissão docente. 2 Palavras-chave: Rendimento escolar, Disciplinas críticas, Dificuldade de aprendizagem 1. INTRODUÇÃO A dificuldade de aprendizagem é um problema que está presente em todo meio educacional e quando as dificuldades não são identificadas, acabam se tornando um peso para muitas crianças e adolescentes. Uma vez que a dificuldade não é diagnosticada o aluno é taxado de preguiçoso e outros adjetivos negativos. “A criança que se esforça mas não consegue obter êxito escolar é, frequentemente, rotulada de ‘lenta’, ‘preguiçosa’ e ‘burra’. Isto pode lhe causar danos” (GUERRA, 2002). As dificuldades de aprendizagem apresentam-se como fatores determinantes do baixo rendimento escolar de muitos educandos levando-os, muitas vezes, à evasão e a repetência por não conseguirem aprender significativamente e acompanhar o desenvolvimento da turma na abordagem dos conteúdos curriculares (GOMES, 2011). Paín (1985) considera que dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por problemas neurológico, biológicos, psicológicos ou sociais. O autor, ainda complementa que as dificuldades de aprendizagem abrangem problemas referentes ao sistema escolar, às características individuais dos educandos e às influências ambientais. Smith e Strick (2001) definem dificuldades de aprendizagem como problemas que afetam a capacidade cerebral de entendimento, recordação e comunicação de informações, sendo assim, os alunos que apresentam essas dificuldades necessitam de uma atenção especial, de um trabalho diferenciado e o professor deve se preocupar com a sua metodologia de ensino. As dificuldades de aprendizagem acabam muitas vezes sendo confundidas com distúrbios de aprendizagem. Porém devemos observar que quando se fala em distúrbio de aprendizagem trata-se de um quadro de disfunção neurológica e a dificuldade em aprender é própria do indivíduo. Já a dificuldade de aprendizagem é relacionada a questões de âmbito psicológico e/ou socioculturais, ou seja, não é centrada exclusivamente no indivíduo e somente pode ser diagnosticada em crianças cujo déficit de aprendizagem não se deva a problemas neurológicos (FELIPE e BENEVENUTTI, 2013). 3 É necessário que essas dificuldades sejam diagnosticadas, e que maneiras de solucioná-las, sejam encontradas, pois segundo Furtado (2007). “Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para o educando, para os pais e para a escola ocorre a "dificuldade de aprendizagem". E antes que a "bola de neve" se desenvolva é necessário a identificação do problema, esforço, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: aluno, pais, professores e orientadores. O que vemos são alunos desmotivados, pais frustrados pressionando o filho e a escola.” (FURTADO, 2007, p. 03). No entanto, o diagnóstico no processo de aprendizagem é um tanto complexo, como afirma MIRA (1968). “A situação do diagnóstico no processo educativo é, porém, mais complexa,uma vez que grande variedade de fatores, entram em jogo, tanto no processo de aprendizagem, como na adaptação escolar e ajustamento pessoal do aluno; poderíamos apontar fatores de ordem interna: físicos, intelectuais, emocionais e fatores externos diretamente ligados ao meio ambiente escolar e extra escolar. Assim sendo, o conceito de diagnóstico na educação, ampliou-se no sentido de acompanhar os objetivos educacionais, sempre voltados para o processo do desenvolvimento integral da personalidade do aluno. A sua importância é demonstrada pela evidência experimental, sobretudo, quando associado a medidas preventivas e corretivas adequadas.” (MIRA, 1968, p. 67) Para a realização do diagnóstico escolar deve-se utilizar recursos, meios e técnicas para identificar as dificuldades dos alunos afim de distinguir as suas limitações, buscando evitá-las e retificá-las (MIRA ,1968). Gomes (2011) considera que as dificuldades de aprendizagem impedem que o aluno aprenda de modo eficaz e se desenvolva plenamente junto à classe. Logo, se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo, tais dificuldades podem construir para a evasão e a repetência escolar posto que, se o educando não consegue aprender de modo significativo pode sentir-se desmotivado, achar-se diferente em relação aos demais colegas de sala de aula e desistir de tentar construir os conhecimentos escolares, sendo reprovado, e até mesmo, abandonando a escola. Nesse contexto, é importante e necessário diagnosticar as disciplinas que apresentam baixo rendimento, o que na maioria dos caso, encontra-se relacionado diretamente com a dificuldade de aprendizagem. 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL: 4 Identificar as disciplinas do núcleo comum dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí que apresentam baixo rendimento, a fim de intervir e melhorar a aprendizagem dos alunos. 2.2 ESPECÍFICOS: Comparar os índices de reprovação dos últimos três anos para que as disciplinas críticas sejam identificadas; Investigar a causa dos índices de evasão e transferência, buscando alternativas de evitá-los ou amenizá-los; Identificar em cada série dos diferentes Cursos Técnicos de Nível Médio oferecidos pelo IF Goiano – Câmpus Urutaí, as disciplinas que apresentam menores rendimentos em cada bimestre do ano letivo corrente. 3. METODOLOGIA Primeiramente foi encaminhada ao responsável pela secretaria do Ensino Médio uma autorização para que as bolsistas do PIBID pudessem coletar os dados referentes ao quantitativo de alunos por turma nos últimos três anos. Em posse da documentação, foram analisados os dados referentes à evasão, transferência e reprovação das disciplinas do núcleo comum do Ensino Médio, nos anos de 2011, 2012 e 2013, dos seguintes cursos técnicos integrados ao Ensino Médio: Administração, Informática e Agropecuária. E também as notas bimestrais das mesmas disciplinas, para identificar aquelas que possuem baixo rendimento de 2014. Os dados coletados foram organizados em tabelas para que pudessem ser gerados os gráficos, a fim de melhor identificação das disciplinas críticas. Os resultados foram comparados a fim de constatar se as disciplinas críticas em reprovação dos anos anteriores são as mesmas identificadas com baixo rendimento no primeiro bimestre de 2014. Os resultados foram expostos à comunidade escolar nos murais da instituição e também apresentados aos professores nos conselhos de classe bimestrais, para que os mesmos pudessem refletir sobre os resultados dos alunos e suas metodologias de ensino. Os motivos que levam à evasão, reprovação e baixo rendimento serão pesquisados. Para isso, serão aplicados questionários e realizadas entrevistas com os 5 professores das disciplinas envolvidas, e também, com alguns alunos de diferentes séries e cursos. Após analisar os questionários e interpretar as entrevistas, serão feitas propostas para aumentar o rendimento escolar dos alunos e diminuir os índices de reprovação e evasão. Tais atividades fazem parte de um projeto de intervenção proposto pelo PIBID Interdisciplinar que atua no IF Goiano - Câmpus Urutaí, a partir do diagnóstico da realidade escolar, em que os altos índices de evasão e reprovação foram levantados como aspectos relevantes na escola. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos, as disciplinas apontadas como críticas nos últimos três anos foram Matemática, Química, Física, Português e Biologia, destacandose entre elas, Matemática e Química. Em 2011, 17,6% dos alunos do Curso Técnico em Informática e 13,3% dos alunos do Curso Técnico em Agropecuária foram reprovados em Matemática, nas outras disciplinas as taxas foram abaixo de 10% (Fig 1). Em 2012, 18,9% dos alunos do Curso Técnico em Informática foram reprovados em Química e 15,3% em Matemática, e neste mesmo ano, 14,8% dos alunos do Curso Técnico em Informática foram reprovados em Química e 12,9% em Matemática, as demais disciplinas apresentaram taxa de reprovação inferior a 10,9% (Fig 2). Já em 2013, 16,4% dos alunos do Curso Técnico em Informática reprovaram em Química e 13,9% em Matemática, e considerando os alunos do Curso Técnico em Agropecuária, 16,1% reprovaram em Química e 15,9% em Matemática. Ainda em 2013, notou-se que 11,9% dos alunos do Curso Técnico em Administração foram reprovados em Química, Matemática e Português, e nas outras disciplinas a taxa de reprovação ficou abaixo de 7,5% (Fig 3). Os resultados foram apresentados aos professores durante o conselho de classe referente ao primeiro bimestre de 2014, para que os mesmos refletissem acerca de suas práticas pedagógicas. Esta etapa foi baseada no raciocínio de Gomes (2011) ao afirmar que não basta apenas que se conheça as principais dificuldades de aprendizagem e nem que se faça um diagnóstico na intenção de conhecer os alunos que sofrem com esse problema, mas deve-se buscar meios de solucionar essa problemática e de facilitar a aprendizagem dos educandos. 6 Posteriormente, os docentes se reuniram e várias estratégias a fim de diminuir ou amenizar a problemática foram propostas. Entre elas, destaca-se a seleção de licenciandos em Química e Matemática que estudam na mesma instituição, para atuarem como monitores das disciplinas de seu curso de formação, que foram identificadas com as maiores taxas de baixo rendimento entre os alunos dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano – Câmpus Urutaí. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que, as disciplinas nas quais os alunos dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano – Câmpus Urutaí apresentaram menor rendimento nos últimos três anos foram Matemática e Química. A partir da análise das disciplinas críticas, os professores, principalmente aqueles ligados diretamente à problemática, refletiram sobre suas práticas pedagógicas e sugeriram mudanças. O levantamento realizado deixa claro que medidas de intervenção no sentido de dinamizar as aulas de Química e Matemática nos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano – Câmpus Urutaí fazem-se necessárias. Destaca-se que, os resultados auxiliarão os alunos bolsistas do PIBID na elaboração de propostas para intervir e melhorar a aprendizagem dos alunos, ocasionando também, conhecimento aos pibidianos acerca da profissão docente. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FELIPE, S. M.; BENEVENUTTI, Z. S. Dificuldade de Aprendizagem. Revista Maiêutica, v.1, n. 1, p. 61-64,2013. FURTADO, A. M. R.; BORGES, M. C. Módulo: Dificuldades de Aprendizagem. Vila Velha- ES, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, 2007. GOMES, S. J. Dificuldade de aprendizagem (da): atuação do professor para a melhoria do aprendizado dos alunos. Revista Artigonal, p. 1-6, 2011. GUERRA, L. B. A criança com dificuldades de aprendizagem: Considerações sobre a teoria modos de fazer. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002. 7 MIRA, M. H. N. O valor do diagnóstico na educação. Boletim da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. v. 5. p. 67-80, 1968. PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. SMITH, C.;STRICK, L.Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Editora ARTMED, 2001. 321 p. 8 ANEXOS: Fig. 1- Disciplinas críticas, por curso, dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano Câmpus Urutaí, em 2011. Fig. 2- Disciplinas críticas, por curso, dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano Câmpus Urutaí, em 2012. 9 Fig. 3- Disciplinas críticas, por curso, dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio do IF Goiano Câmpus Urutaí, em 2012.