UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Dedicatória Dedico este trabalho à minha família, em especial a meus pais pelo apoio e compreensão demonstrados nesses anos de faculdade. -1- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Agradecimentos Este trabalho de conclusão de curso não seria possível sem a colaboração de várias pessoas. Em especial, gostaria de agradecer: - Ao orientador Prof. Dr. Necesio Gomes Costa, por todo apoio, incentivo e amizade demonstrados não só no desenvolvimento deste trabalho, mas durante todo o período faculdade. - Aos professores da Unifei, que são os responsáveis pelo conhecimento técnico. - Aos meus colegas de classe, que por muitas vezes foram meus professores. - Aos funcionários da Unifei, em especial aos técnicos Toninho, do Laboratório de Materiais, e Fernando, da Oficina Mecânica, sem os quais não teria construído o equipamento e realizado os experimentos. - A Agência Nacional de Petróleo, por conceder a bolsa de auxílio. - A todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram com o desenvolvimento deste trabalho. - A Deus, por tudo. -2- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma “As grandes coisas são feitas por pessoas que têm grandes idéias e saem pelo mundo para fazer com que seus sonhos se tornem realidades” Ernest Holmes -3- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Índice 1 - Introdução............................................................................................................................ 9 2 - Revisão da Literatura ....................................................................................................... 11 2.1 - Desgaste ....................................................................................................................... 11 2.1.1 - Influência do ângulo de impacto ........................................................................... 12 2.1.2 - Influência da velocidade de impacto..................................................................... 14 2.1.3 - Influência das características da partícula............................................................. 15 2.1.4 - Influência das características do material alvo...................................................... 16 2.1.5 - Influência da quantidade de partículas impactadas ............................................... 17 2.1.6 - Influência da concentração de partículas .............................................................. 17 2.2 - Carboneto de tungstênio............................................................................................ 18 2.3 - Ensaio de erosão por meio de partículas sólidas ..................................................... 19 3 - Metodologia Experimental ............................................................................................... 22 3.1 - Equipamento do ensaio de erosão............................................................................. 22 3.2 - Areia ............................................................................................................................ 24 3.3 - Amostras ..................................................................................................................... 25 3.4 - Metodologia ................................................................................................................ 26 3.5 - Avaliação de dureza ................................................................................................... 27 3.6 - Micrografias................................................................................................................ 29 4 - Resultados e Discussões .................................................................................................... 30 4.1 - Ensaio de microdureza............................................................................................... 30 4.2 - Ensaio de desgaste ...................................................................................................... 30 4.3 - Micrografia ................................................................................................................. 34 5 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros .............................................................. 36 6 - Referências Bibliográficas ................................................................................................ 37 -4- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Resumo O Pulser é uma ferramenta de carboneto de tungstênio utilizada na perfuração de poços de petróleo. Ela fornece dados de survey e toolface através de pulsos de pressão na lama de perfuração. Entre as principais causas previsíveis que exaurem a vida útil do componente encontra-se o fenômeno do desgaste, que é dito erosivo quando um corpo é desgastado pelas interações mecânicas com um fluido ou impacto de partículas sólidas ou líquidas. A simulação das condições de operação do pulser foi feita em laboratório por impacto de partículas sólidas em meio aquoso. O ângulo de impacto das partículas com o material é um importante parâmetro no desgaste erosivo, sendo o objeto de estudo deste trabalho. A dureza do material também foi avaliada através do ensaio de microdureza. Palavras-chave: desgaste, erosão por partículas sólidas, pulser, carboneto de tungstênio. -5- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Abstract Pulser is a tool made of tungsten carbide used on oilwell drilling. It supplies survey and toolface data through pressure pulses on drilling mud. Between the main probable causes that reduce the tool’s lifetime is wear, that is called erosive when a body is wore by mechanical interactions with a fluid or impact of solid or liquid particles. The simulation of pulser’s operation conditions was carried out in the laboratory by impacting solid particles mixed with water. The impact angle between particles and material is an important parameter at erosive wear, being the object of study of this work. The material hardness was also assessed by microhardness test. Keywords: wear, solid particle erosion, pulser, tungsten carbide. -6- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Lista de Figuras Figura 1.1: Ferramenta Pulser............................................................................................ 9 Figura 1.2: Peça desgastada do pulser................................................................................ 10 Figura 2.1: Ângulo de impacto........................................................................................... 12 Figura 2.2: Comportamentos de erosão de metais dúcteis................................................. 13 Figura 2.3: Resistência relativa à erosão............................................................................ 14 Figura 2.4: Variação da taxa de erosão/corrosão................................................................ 15 Figura 2.5: Equipamento de ensaio Slurry pot................................................................... 19 Figura 2.6: Desgaste na amostras ensaiadas no Slurry pot................................................. 19 Figura 2.7: Equipamento de ensaio Coriollis..................................................................... 20 Figura 2.8: Perfil de velocidades no ensaio com Jet-in-silt rig.......................................... 20 Figura 2.9: Equipamento utilizado no trabalho desenvolvido............................................ 21 Figura 3.1: Bomba de alta pressão Gong........................................................................... 22 Figura 3.2: Bico misturador................................................................................................ 23 Figura 3.3: Porta-amostras................................................................................................. 23 Figura 3.4: Recipiente da areia........................................................................................... 24 Figura 3.5: Equipamento para ensaio de desgaste por erosão............................................ 24 Figura 3.6: Areia como utilizada nos ensaios..................................................................... 25 Figura 3.7: Amostras ensaiadas.......................................................................................... 26 Figura 3.8: Microdurômetro............................................................................................... 28 Figura 3.9: Amostra embutida em resina........................................................................... 28 Figura 3.10: Microscópio................................................................................................... 29 Figura 4.1: Taxa de erosão em função do ângulo de impacto............................................ 32 Figura 4.2: Perda de massa acumulada.............................................................................. 33 Figura 4.3: Amostras impactadas....................................................................................... 34 Figura 4.4: Superfície da amostra não impactada, aumento de 500 vezes......................... 34 Figura 4.5: Superfície da amostra impactada, aumento de 500 vezes................................ 35 -7- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Lista de Tabelas Tabela 3.1: Massas iniciais das amostras........................................................................... 26 Tabela 4.1: Dureza das amostras........................................................................................ 30 Tabela 4.2: Perda de massa da amostra impactada a 30°................................................... 30 Tabela 4.3: Perda de massa da amostra impactada a 45°................................................... 31 Tabela 4.4: Perda de massa da amostra impactada a 60°................................................... 31 Tabela 4.5: Perda de massa da amostra impactada a 90°................................................... 31 Tabela 4.6: Média de erosão e taxa de erosão por ensaio.................................................. 32 Tabela 4.7: Perda de massa acumulada.............................................................................. 32 Tabela 4.8: Linearização da perda de massa acumulada.................................................... 33 -8- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 1 - Introdução O Pulser é uma ferramenta utilizada durante a perfuração de poços de petróleo que fornece o survey e o toolface aos operadores de LWD – Logging While Drilling (Registro durante a perfuração) e de perfuração direcional. O survey é o levantamento das coordenadas de onde se encontra a ferramenta com relação a um ponto fixo, geralmente o próprio reservatório. O toolface indica a direção para onde a face da ferramenta está apontando. O pulser utiliza o fluxo de lama que o atravessa para gerar a sua própria energia e transmitir os dados obtidos no poço para a superfície, por meio de pulsos de pressão na lama. Estes pulsos são gerados por uma restrição que é feita no fluxo da lama, gerando um pico de pressão que é sentido na superfície por um transdutor. Este sistema utiliza como força motriz a lama que é bombeada com vazões entre 400 e 1200 galões por minuto, porém em casos especiais esta galonagem pode chegar a 1500 gpm. O fluxo de lama que atravessa o pulser aciona uma turbina que é montada junto a um gerador que é responsável pela energia que alimenta a solenóide, que por sua vez movimenta o poppet através do orifício, restringindo e liberando o fluxo de lama. A Figura 1.1 mostra a ferramenta pulser. Figura 1.1: Ferramenta Pulser. O desgaste do pulser é esperado, porém tem sido observado o desgaste prematuro em partes essenciais da ferramenta. Este fenômeno está ocorrendo em poços onshore da região de Catú, na Bahia. As peças da ferramenta são construídas de carboneto de tungstênio e são importadas. Os gastos com a reposição das mesmas são elevados, além dos gastos com tempo perdido nas sondas devido à falha da ferramenta e ao tempo necessário para importação. -9- UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Muitas hipóteses para este problema têm sido levantadas, sendo que, dentre elas, o teor de areia na lama e o perfil hidrodinâmico levantam as maiores suspeitas. A Figura 1.2 mostra uma das peças da ferramenta que foi desgastada pelo fluxo de lama durante a operação de perfuração de um poço de petróleo. A parte desgastada está indicada pela seta. Figura 1.2: Peça desgastada do pulser. Os princípios tribológicos podem ser aplicados a diversas áreas visando reduzir os gastos com desgaste: aumentar a vida útil do componente, evitar excessivas paradas das operações, reduzir a manutenção e etc. A tribologia classifica o desgaste em cinco tipos: abrasão, adesão, erosão, fadiga de superfície e reação triboquímica. O fenômeno que ocorre com o pulser classifica-se em desgaste erosivo, mais precisamente desgaste erosivo por partículas sólidas em meio aquoso. Os principais parâmetros que influenciam neste tipo específico de desgaste são: velocidade de impacto das partículas, ângulo de impacto, características da partícula e do material alvo e tempo de exposição ou quantidade de partículas impactadas. Visto que a ferramenta pulser possui um custo muito elevado de fabricação e que trabalha em um ambiente onde as horas de serviço são muito caras, é importante que estudos sejam feitos visando reduzir o tempo de operação e aumentar o seu tempo de vida útil. O objetivo deste trabalho é analisar a influência dos parâmetros que podem influenciar a vida útil do pulser. - 10 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 2 - Revisão da Literatura 2.1 - Desgaste Diversas definições são encontradas para desgaste na literatura, todas muito semelhantes. A norma DIN – Deutsch Industrie Norm define desgaste como sendo a perda progressiva de material da superfície de um corpo sólido devida à ação mecânica, isto é, o contato e o movimento relativo entre este corpo e um contra corpo sólido, líquido ou gasoso [1]. Segundo a ASTM – American Society for Testing Materials, desgaste é a perda progressiva de substância a partir de operação na superfície de um corpo ocorrendo como resultado de movimento relativo naquela superfície [2]. Semelhantemente, a OECD – Organization for Economic Cooperation and Development define desgaste como sendo o dano de uma superfície sólida, geralmente com a perda progressiva de material, devido ao movimento relativo entre aquela superfície e uma ou mais substâncias em contato com ela [3]. As normas DIN e ASTM definem que desgaste implica em uma perda de massa do material desgastado, enquanto que a OECD define que pode haver desgaste do material sem necessariamente ocorrer perda de massa. O desgaste pode ser classificado de acordo com o mecanismo fundamental que opera num processo, sendo que os principais tipos encontrados na literatura são: a) Desgaste por deslizamento ou adesivo: ocorre pela transferência de material de uma superfície par outra durante o movimento relativo, devido à formação de junções na fase sólida [3]. b) Desgaste abrasivo: ocorre pela retirada de material devido a partículas duras ou protuberantes, forçadas contra uma superfície sólida e em movimento relativo com ela [3]. c) Desgaste por fadiga: ocorre através da remoção de partículas por formação e propagação de trincas, devido a variações cíclicas de tensões abaixo da superfície [3]. d) Desgaste por corrosão: ocorre quando as reações químicas ou eletroquímicas com o meio predominam [3]. - 11 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma e) Desgaste erosivo: ocorre quando um corpo é submetido a interações mecânicas com um fluído, com um ou mais componentes, ou pelo impacto sucessivo de partículas sólidas ou líquidas [3]. Os diversos mecanismos de desgaste não ocorrem isoladamente, ou seja, diversos tipos de desgaste podem ocorrer simultaneamente em um processo erosivo. O tema de estudo deste trabalho é o desgaste erosivo que ocorre por partículas sólidas impactadas a alta velocidade através de um meio líquido. Sendo assim, é de interesse observar outras duas definições para desgaste erosivo: e`) O desgaste erosivo é causado em corpos sólidos pela ação do deslizamento ou impacto de sólidos, líquidos, gases ou uma combinação destes [4]. e``) O desgaste erosivo ocorre quando partículas ou ondas de choque mecânico entram em contato com um objeto metálico, geralmente a uma velocidade relativamente alta quando comparada com a abrasão [5]. As três definições citadas para desgaste erosivo são coerentes com tema em estudo. Os principais parâmetros envolvidos neste tipo de desgaste são: ângulo de impacto do fluxo, velocidade de impacto, características da partícula e do material alvo, quantidade de partículas impactadas ou tempo de exposição ao impacto e a concentração de partículas no fluido. 2.1.1 - Influência do ângulo de impacto O ângulo de impacto é definido como o ângulo entre a superfície do material alvo e a trajetória da partícula impactada, conforme pode ser visto na Figura 2.1. Figura 2.1: Ângulo de impacto. - 12 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma A influência do ângulo de impacto sobre os metais em meio aquoso não é bem definida pela literatura. Encontram-se três modelos principais de comportamento de taxa de erosão para metais dúcteis, conforme a Figura 2.2. Figura 2.2: Comportamentos de erosão de metais dúcteis. Os metais que apresentam um comportamento conforme o tipo I [6] caracterizado por um crescimento na taxa de erosão até um valor máximo em torno de 30 a 60º e um posterior decréscimo contínuo até o ângulo de 90º. Os metais do tipo II [7] apresentam um crescimento até em torno de 30º, um decréscimo até aproximadamente 80º e um pequeno crescimento até o ângulo de 90º. Os metais do tipo III [8], semelhantemente aos do tipo II, têm um crescimento inicial, um decréscimo até aproximadamente 80º e um crescimento maior até 90º, onde atinge o seu pico, onde a taxa de erosão é máxima. Com relação aos metais frágeis a literatura é ainda pobre, não divulgando muitos resultados. A Figura 2.3 [9] mostra o comportamento comparativo entre diversos materiais, onde os metais frágeis são - 13 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma representados pelos carbonetos de tungstênio (WC). Pode-se notar que a taxa de erosão de metais frágeis é sempre maior para o ângulo de 20º em relação ao ângulo de 90º. Figura 2.3: Resistência relativa à erosão. 2.1.2 - Influência da velocidade de impacto A energia cinética é fundamental para a remoção de material quando a partícula é impactada. Sabendo que a energia cinética varia com o quadrado da velocidade, a taxa de erosão também é proporcional ao quadrado da velocidade para tamanhos de partículas e ângulo de impacto constantes [10]. Trabalhos [11] com o aço SAE 1020 geraram a seguinte equação: E = k . Vb Nesta equação, a velocidade de impacto é denotada por V e a taxa de erosão por E. O expoente b depende do material e das condições de erosão, e k é apenas uma constante. Frequentemente o valor de b está próximo a 2,4 para pequenos ângulos de impacto. Outros - 14 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma trabalhos [12, 13] também verificaram que a fórmula é válida para expoentes entre 2,0 e 2,5 para materiais metálicos e para expoentes entre 2,5 e 3,0 para materiais cerâmicos. A Figura 2.4 [14] mostra a variação da taxa de erosão/corrosão, desgaste erosivo e corrosão induzida por fluxo em função da velocidade de impacto para ligas de titânio e ligas recobertas por nitreto de titânio. Figura 2.4: Variação da taxa de erosão/corrosão (EEC), desgaste erosivo (EE) e corrosão por fluxo induzido (EC) para (a) ligas recobertas por nitreto de titânio e (b) ligas de titânio. 2.1.3 - Influência das características da partícula A partícula a ser impactada pode ser classificada, basicamente, quanto à sua forma, tamanho e dureza. Quanto à forma da partícula impactada, materiais metálicos apresentam taxa de erosão significativamente mais elevada para partículas angulares do que para partículas esféricas de mesmo tamanho [12, 15, 17]. Ligas de alumínio 6061-T6, com ângulo de impacto de 70º e velocidade de 20 m/s apresentam taxa de erosão cerca de 5 vezes maiores com partículas angulares de 270 µm do que com partículas esféricas do mesmo tamanho [17]. Quanto ao tamanho das partículas, estudos mostram que a taxa de erosão por partículas sólidas em meio líquido aumenta linearmente com o tamanho da partícula e quanto maior este tamanho menor é o ângulo de impacto onde a taxa de erosão é máxima [7]. Para a maioria dos plásticos elásticos e ligas de engenharia, a erosão aumenta com o tamanho da partícula até 100 µm, sendo a partir deste ponto o tamanho das partículas não mais afeta a taxa de erosão [12, 18]. Esta característica é chamada de “efeito tamanho”. - 15 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma A taxa de erosão cai drasticamente quando a dureza da partícula impactante é menor que a do material impactado. Se a dureza da partícula é muito baixa e o material alvo é dúctil, a curva de erosão em função do ângulo de impacto pode assemelhar-se à de um material frágil. 2.1.4 - Influência das características do material alvo Dentre as diversas características do material a ser impactado pode-se citar como as mais importantes: microestrutura, dureza e a resistência mecânica. Trabalhos realizados com aço 1018 mostram que taxa de erosão está relacionada com a microestrutura do material constituída de ferrita e perlita. Durante a penetração da partícula a região da ferrita, mais mole, forma depressões se deixa porções de perlita, mais dura, expostas aos impactos subseqüentes, levando à sua remoção [19]. Dentre as diversas microestruturas estudadas, a microestrutura esferoidizada possui a máxima resistência à erosão, enquanto que a microestrutura martensítica mostra a mínima resistência. Aços com maior teor de carbono mostram uma menor resistência à erosão [20]. Diversos estudos mostram que metais dúcteis exibem uma maior taxa de erosão em baixos ângulos de impactos e uma menor taxa de erosão em altos ângulos de impacto, sendo que o oposto é válido para os materiais frágeis (cerâmicos) [18, 21]. Os metais puros recozidos mostram uma boa correlação linear entre resistência ao desgaste erosivo e dureza Vickers, embora haja exceções como o molibdênio e o tungstênio [12, 22]. O tratamento térmico para endurecimento dos aços ferramenta e 1045 não é eficaz na melhoria da resistência ao desgaste erosivo, sendo isto percebido acima da dureza de 200 Vickers. Este efeito pode ser explicado da seguinte maneira: à medida que a dureza dos aços aumenta, a reação ao ângulo não é mais típica de materiais dúcteis e eventualmente mostra algum comportamento frágil [22]. Apenas no caso de metais puros, aços inox (304, 316 e 410 SS) e ferro fundido existe uma correlação clara entre o aumento da resistência do material e o aumento da resistência à erosão [23]. Porém, para a maioria das ligas, o material com resistência mais baixa (Cu, CuZn, Cu-Al e 17-4 PH SS), ou com resistência intermediária (Al-Li, Ni, Ni-Cr, MA 754 e Ti), exibe a melhor resistência à erosão. Os diversos mecanismos de aumento de resistência dos metais, dentre eles, transformação de fases, solução sólida, precipitação e tamanho de grão, mostram não haver uma correlação entre as propriedades mecânicas e taxa de erosão [12]. - 16 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Especialmente em materiais frágeis, tais como os cerâmicos, o mecanismo de erosão ocorre pela intersecção de trincas produzidas pelo impacto de partículas. Os mecanismos propostos são baseados no modela de fratura, produzido quando uma partícula impacta a superfície do material em um ângulo de 90º [21]. 2.1.5 - Influência da quantidade de partículas impactadas Em processos de erosão no meio gasoso, sob o ângulo de impacto de 90º, nota-se um período curto de incubação, ou seja, uma determinada quantidade de partículas se embute no material alvo de tal forma que ocorre um ganho de massa. Com o passar do tempo o processo de embutimento cessa e a massa embutida permanece constante enquanto a massa perdida aumenta linearmente com a quantidade de partículas impactadas, iniciando-se o chamado estágio estável de erosão [11, 24, 25]. Estudos comparativos entre erosão por partículas sólidas nos meios gasoso e aquoso realizados com alumínio mostram que a função mais importante desempenhada pela água é inibir o embutimento das partículas na superfície metálica, ou seja, em meio aquoso não ocorre embutimento [26]. 2.1.6 - Influência da concentração de partículas A concentração de partículas sólidas no meio aquoso altera a taxa de erosão até determinado ponto, após isto a interferência entre as partículas que estão impactando e as que estão sendo ricocheteadas acabam por proteger a superfície do material, não mais influenciando a taxa de erosão [27, 28]. Para concentrações de areia em água de até 13% em peso, a taxa de erosão aumenta com o aumento da concentração. Em concentrações mais altas a eficiência da erosão independe da concentração, conforme explicado acima. Além disso, o fluxo laminar de partículas em meio fluido torna-se turbulento próximo à superfície formando uma cobertura de partículas. A taxa de erosão relaciona-se com a concentração em volume elevada a um expoente 0,33 [29]. - 17 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 2.2 - Carboneto de tungstênio O Tungstênio não está presente em abundância na natureza e os minerais que o contém, tais como a wolframita, (FeMn)WO4 e scheelita, CaWO4, possuem concentrações muito baixas. Valores de 0,5 a 2 % de tungstênio estão presentes sob a forma de óxido tungstênico. A produção de ligas ferrosas consome 40 % do tungstênio extraído, conferindo resistência e dureza a altas temperaturas. Ele forma ligas com não-ferrosos, todas de elevada densidade e resistência a altas temperaturas. O carboneto de tungstênio substitui o diamante em muitas aplicações industriais (pontas de aparelhos de dentista, perfuradoras, etc.), ferramentas de corte e abrasivos, porque é dotado de excepcional dureza. O tungstênio metálico puro, sob a forma de fios ou barras, é empregado na fabricação de filamentos para lâmpadas incandescentes, tubos de vácuo e em eletrotécnica e eletrônica. Os carbonetos são combinações químicas binárias de carbono e metais com grande interesse industrial. Eles são utilizados como revestimentos em indústria petroquímica, refinarias, indústria de plástico e sede de válvulas. O estudo da aplicação do carboneto como revestimento anti-corrosivo está baseado em suas propriedades mecânicas e químicas. Estes materiais são aplicados para prevenir ou dar o máximo de proteção contra a corrosão e a erosão. Os carbonetos de tungstênio têm excepcional resistência à abrasão, o que é a sua característica mais importante. Em aplicações com abrasivos, o carboneto pode superar algumas ligas resistentes ao desgaste por um fator de 100 para 1. Os carbonetos têm um alto modulo de elasticidade que proporciona uma mínima deflexão quando exposto a forças. Estes apresentam um modulo de elasticidade três vezes maior que o do aço e um módulo de resistência à torção duas vezes maior que um aço rápido, os carbonetos são utilizados com grande preferência em aplicações rotativas. Parece bem estabelecido que a dureza dos carbonetos desempenha um papel importante na transição desgaste brando/desgaste intenso. Quando o carboneto é mais mole que o abrasivo a taxa de desgaste é elevada, uma vez que o abrasivo pode cortar indistintamente a matriz e o carboneto. Porém quando o carboneto é mais duro que o abrasivo ele pode atuar como uma barreira efetiva para a ação do abrasivo [30]. - 18 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 2.3 - Ensaio de erosão por meio de partículas sólidas Várias técnicas são conhecidas para ensaios de desgaste erosivo por meio de partículas sólidas em meio aquoso. Slurry pot (Pote de lama) [10] é uma técnica que consiste em ensaiar simultaneamente dois corpos de prova cilíndricos acoplados a um disco que gira a altas rotações em meio aquoso, conforme pode ser visto na Figura 2.5. Figura 2.5: Equipamento de ensaio Slurry pot. Neste ensaio, os efeitos de tamanho de partículas e velocidade e ângulo de impacto não podem ser avaliados porque algumas condições de ensaio permanecem indefinidas. As típicas distribuições de desgaste erosivo obtidos por este ensaio são mostradas na Figura 2.6, para matérias dúcteis e frágeis. Figura 2.6: Desgaste na amostras ensaiadas no Slurry pot. - 19 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Montado de maneira similar ao Slurry pot, o Coriollis wear tester (Testador de desgaste Coriollis) [9] ensaio dois corpos de prova simultaneamente, porém estes possuem uma face plana, conforme mostrado na Figura 2.7. Figura 2.7: Equipamento de ensaio Coriollis. Outro método encontrado na literatura é o Jet-in-slit rig (aparelho de jato na fenda) [9]. Neste caso o jato com a mistura de água e lama é impactado contra o corpo de prova e é expulso por uma fenda entre a amostra e um prato guia. A Figura 2.8 mostra o perfil de velocidades obtido por este método. Figura 2.8: Perfil de velocidades no ensaio com Jet-in-silt rig. O método utilizado no desenvolvimento deste trabalho é esquematicamente ilustrado na Figura 2.9. Neste ensaio o jato de água a alta pressão é misturado com areia e impactado - 20 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma sobre a amostra fixada dentro de um recipiente, onde o ângulo de impacto pode ser variado e bem definido. Figura 2.9: Equipamento utilizado no trabalho desenvolvido. - 21 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 3 - Metodologia Experimental 3.1 - Equipamento do ensaio de erosão O equipamento utilizado para a realização dos ensaios de erosão por partículas sólidas em meio aquoso foi totalmente construído nos Laboratórios de Mecânica da Unifei. Ele é constituído basicamente de uma bomba de deslocamento positivo de alta pressão, um bico misturador de areia com água, um porta-amostras dentro de um recipiente fechado, um recipiente para areia e de uma estrutura de aço para suporte. A Figura 2.9 mostra esquematicamente o funcionamento do equipamento. A bomba de alta pressão adquirida para a construção do equipamento é da marca Gong, modelo X-177S, com capacidade de vazão de 8 litros por minuto e pressão de até 2000 psi (140 bar) para o bico original. Nos ensaios a pressão conseguida foi de 1750 psi (125 bar) devido ao bico especial utilizado. A Figura 3.1 mostra uma foto da bomba utilizada. Figura 3.1: Bomba de alta pressão Gong. Nela a água entra pela mangueira vermelha (1) e sai pressurizada pela mangueira preta enrugada (2). Na lateral direita da bomba está a fiação elétrica (3) que a liga na rede. À esquerda está o manômetro (4) que indica a pressão do jato, ajustada pelo botão superior (5). À direita está o botão liga-desliga (6) e na parte de cima está a tampa para completar o nível de óleo (7). O bico conectado à mangueira que sai da bomba é comercialmente conhecido como bico para hidrojateamento de areia. A Figura 3.2 mostra uma foto deste bico. A água entra - 22 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma pelo tubo reto na parte inferior e se mistura com a areia que entra pelo tubo curvado conectado na parte superior. Figura 3.2: Bico misturador. A areia é succionada pelo bico porque na região onde ela se junta com a água há uma geometria interna semelhante a um Tubo de Venturi, ou seja, há uma redução no diâmetro do tubo por onde a água passa, fazendo com que haja aumento de velocidade e queda de pressão. A Figura 3.3 mostra o porta-amostra (1) com uma peça (2) para ensaio experimental montado dentro do recipiente, com o bico (3) já montado em sua posição de funcionamento. O porta-amostra prende a peça penas pelo atrito gerado pela força aplicada pelo parafuso superior (4) de aperto. Há também um parafuso lateral (5) para o ajuste do ângulo de impacto do jato. Pode-se notar também na Figura 3.3 a mangueira (6) por onde a areia é carregada até o bico e o desgaste causado nas paredes (7) do recipiente devido ao impacto da areia ricocheteadas da amostra. Figura 3.3: Porta-amostras. - 23 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma O recipiente da areia (1), ilustrado na Figura 3.4, possui um registro (2) que permite ou não a passagem de areia para a mangueira (3) que a conduz para o bico misturador. O equipamento todo montado sobre a sua estrutura de aço é mostrado na Figura 3.5. Figura 3.4: Recipiente da areia Figura 3.5: Equipamento para ensaio de desgaste por erosão. 3.2 - Areia As partículas sólidas utilizadas no ensaio são de areia de construção passadas em peneiras de 630 µm e secadas ao ambiente ou em estufa, de modo a garantir que ela não bloqueie o seu fluxo ao passar pelo bico misturador, pois foi percebido que areia úmida causava o entupimento do bico e, consequentemente, uma grande perda de tempo durante os - 24 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma ensaios. A Figura 3.6 mostra uma foto da areia já peneirada, do modo como ela foi utilizada no ensaio. Após a utilização em um ensaio a areia era recolhida e secada para ser utilizada em um próximo ensaio. A quantidade de metal desgastado que se misturava à areia que era utilizada em outro ensaio foi considerada desprezível, pois era da ordem de 0,16 gramas de metal em 2,0 kg de areia, ou seja, da ordem de 0,008% em massa. Figura 3.6: Areia como utilizada nos ensaios. 3.3 - Amostras As amostras são pequenas partes do pulser, porém o pulser não possui peças pequenas para serem ensaiadas e que caibam no porta-amostra. Torna-se então necessário cortar o material, assegurando que não ocorram alterações em suas propriedades mecânicas e, em especial, em sua resistência ao desgaste. O carboneto de tungstênio é um material extremamente duro (1421 HV5, conforme mostrado no tópico 4.1), sendo, portanto difícil e caro de ser cortado. Por ser extremamente duro, o carboneto de tungstênio é também um material muito frágil, quebrando-se facilmente sob impacto. A solução encontrada para se obter as amostras foi partir as peças do pulser em partes menores e utiliza-las, mesmo que com formato irregular. Para prendê-las ao porta-amostra foram utilizados calços de madeira que se deformavam e garantiam uma melhor fixação da amostra. A Figura 3.7 mostra as amostras utilizadas nos ensaios. - 25 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Figura 3.7: Amostras ensaiadas com os ângulos de impacto de (a) 30º, (b) 45º, (c) 60º e (d) 90º. As amostras foram pesadas em balança de precisão e os valores iniciais de massa são apresentados na Tabela 3.1. Tabela 3.1: Massas iniciais das amostras. Amostra Massa (g) (a) 30º 18,3167 (b) 45º 12,1513 (c) 60º 16,4276 (d) 90º 10,6650 3.4 - Metodologia Os parâmetros utilizados em todos os ensaios de desgaste foram os seguintes: - Velocidade de Impacto: 5,6 m/s - Ângulo de impacto: 30º, 45º, 60º e 90º - Tamanho das partículas: até 630 µm - Forma das partículas: angular - Pressão do jato: 1750 psi (125 bar) - Distância entre a ponta do bico misturador à amostra: 50 mm - 26 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma - Quantidade de partículas impactadas (Qimp): 2,0 kg - Temperatura: ambiente A metodologia de ensaios utilizada foi a seguinte, para todos os ensaios: - Limpeza da amostra com detergente e água para a retirada de sujeiras e gorduras provenientes do manuseio direto com as mãos - Pesagem da amostra em balança com precisão de 0,1 mg, obtendo o valor de mi - Fixação da amostra ao porta-amostra e regulagem do ângulo de impacto - Realização do ensaio em conformidade com os parâmetros citados anteriormente - Limpeza da amostra com detergente e água para a retirada de sujeiras e gorduras provenientes do manuseio direto com as mãos - Pesagem da amostra em balança com precisão de 0,1 mg, obtendo o valor de mf - Fotografia macro e microscópica O resultado medido para avaliar o desgaste por erosão foi a alteração de massa das amostras. Esta perda de massa (∆m) é calculada da seguinte maneira: ∆m = mf - mi A taxa de erosão (E) também pode ser calculada em função da massa de material removido (∆m) e da quantidade de partículas impactadas (Qimp) em cada ensaio, de acordo com a seguinte fórmula: E = ∆m / Qimp A partir destes cálculos são obtidos os resultados, montados os gráficos e tabelas e feitas as discussões. 3.5 - Avaliação de dureza Os ensaios de microdureza foram realizados no microdurômetro do Laboratório de Matérias da Unifei, da marca WPM, mostrado na Figura 3.8. Foram realizadas sete medições - 27 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma em uma mesma amostra de material, descartadas a maior e menor medida e feita a média das cinco restantes, chegando ao valor da dureza Vickers com carga de 5,0 kgf. Figura 3.8: Microdurômetro da marca WPM. Para a realização do ensaio de microdureza é necessário embutir a amostra de carboneto de tungstênio em resina, pois a amostra é de formato irregular e não permanece equilibrada sob a aplicação de carga. Depois de embutida a amostra é lixada, respectivamente, nas lixas de granulometria 220, 320, 400 e 600 grãos/cm2. Uma foto da amostra embutida é mostrada na Figura 3.9. A amostra está indicada pela seta, sendo que as demais marcas metálicas são cavacos de ferro fundido utilizados para ajudar a deixar a superfície da amostra plana durante o lixamento. Figura 3.9: Amostra embutida em resina. - 28 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 3.6 - Micrografias As fotos com ampliação mostradas neste trabalho foram tiradas no microscópio do Laboratório de Materiais da Unifei, da marca Jenavert, mostrado na Figura 3.10. Foram tiradas fotos com os aumentos de 50, 100, 200 e 500 vezes. Figura 3.10: Microscópio Ótico da marca Jenavert. - 29 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 4 - Resultados e Discussões 4.1 - Ensaio de microdureza A Tabela 4.1 apresenta os valores de dureza, em Vickers, obtidos nos ensaios com carga de 5,0 kgf. Tabela 4.1: Dureza das amostras. Ensaio Dureza (HV5) 1 1524,0 2 1346,0 3 1413,0 4 1314,0 5 1449,0 6 1449,0 7 1449,0 Média 1421,2 Desvio Padrão 44,8 Para efeito de comparação, sabe-se que um aço SAE 1045 tem sua dureza em torno de 400 HV e uma liga de alumínio AA 2124 em torno de 110 HV. 4.2 - Ensaio de desgaste As Tabelas 4.2 a 4.5 apresentam os valores de massa medidos no decorrer dos ensaios. Tabela 4.2: Perda de massa da amostra impactada a 30° Qimp (kg) mi (g) mf (g) ∆m (g) 2,0 18,3167 18,1349 0,1818 4,0 18,1349 17,9790 0,1559 6,0 17,9790 17,8268 0,1522 8,0 17,8268 17,6845 0,1423 10,0 17,6845 17,5265 0,1580 Média de ∆m 0,15804 Desvio Padrão 0,01459 - 30 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Tabela 4.3: Perda de massa da amostra impactada a 45° Qimp (kg) mi (g) mf (g) ∆m (g) 2,0 12,1513 11,9741 0,1772 4,0 11,9741 11,8014 0,1727 6,0 11,8014 11,6370 0,1644 8,0 11,6370 11,4981 0,1389 10,0 11,4981 11,3574 0,1407 Média de ∆m 0,15878 Desvio Padrão 0,01794 Tabela 4.4: Perda de massa da amostra impactada a 60° Qimp (kg) mi (g) mf (g) ∆m (g) 2,0 16,4276 16,2468 0,1808 4,0 16,2468 16,0701 0,1767 6,0 16,0701 15,9439 0,1262 8,0 15,9439 15,7937 0,1502 10,0 15,7937 15,6389 0,1548 Média de ∆m 0,15774 Desvio Padrão 0,02209 Tabela 4.5: Perda de massa da amostra impactada a 90° Qimp (kg) mi (g) mf (g) ∆m (g) 2,0 10,6650 10,4984 0,1666 4,0 10,4984 10,3407 0,1577 6,0 10,3407 10,2053 0,1354 8,0 10,2053 10,0765 0,1288 10,0 10,0765 9,8757 0,2008 Média de ∆m 0,15786 Desvio Padrão 0,02859 A Tabela 4.6 mostra um resumo das médias das Tabelas 4.2 a 4.5 e mostra também a taxa de erosão, em gramas de material removido por gramas de areia impactada. - 31 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Tabela 4.6: Média de erosão e taxa de erosão por ensaio. Amostra Média de ∆m (g) Taxa de erosão (g/g*E-5) (a) 30º 0,15804 7,902 (b) 45º 0,15878 7,939 (c) 60º 0,15774 7,887 (d) 90º 0,15786 7,893 Os valores encontrados de taxa de erosão para os quatro ângulos ensaiados são muito Taxa de erosão (g/g*E-5) próximos uns dos outros, conforme pode ser visto na Figura 4.1. 10 8 6 4 2 0 0 15 30 45 60 75 90 Ângulo de impacto Figura 4.1: Taxa de erosão em função do ângulo de impacto. Pela Figura 4.1, nota-se que a maior taxa de erosão encontra-se entre os ângulos de 30º e 45º, porém seu valor é muito próximo às demais taxas de erosão calculadas. Porcentualmente, pode-se afirmar que a diferença entre a maior e menor taxa de erosão encontrada para os ângulos experimentados foi de 0,66%, entre os ângulos de 45º e 60º. A perda de massa acumulada em cada ensaio é apresentada na Tabela 4.7 e pela Figura 4.2. Tabela 4.7: Perda de massa acumulada. Ângulo de impacto Massa de areia impactada (kg) 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 30º 0,1818 0,3377 0,4899 0,6322 0,7902 45º 0,1772 0,3499 0,5143 0,6532 0,7939 60º 0,1808 0,3575 0,4837 0,6339 0,7887 90º 0,1666 0,3243 0,4597 0,5885 0,7893 - 32 - Perda de massa (g) UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 30º 45º 60º 90º 0 2 4 6 8 10 Massa impactada (kg) Figura 4.2: Perda de massa acumulada. É possível fazer regressão linear nos pontos plotados na Figura 4.2, mostrando que a perda de massa aumenta linearmente com a quantidade de areia impactada, devido ao alto coeficiente de correlação. A Tabela 4.8 mostra, para cada um dos ângulos ensaiados, as equações obtidas por regressão linear, o coeficiente de correlação e o coeficiente angular da equação, que representa a taxa de desgaste erosivo. Tabela 4.8: Linearização da perda de massa acumulada. 2 Ângulo de impacto Equação da reta Coeficiente de correlação (r ) Coeficiente angular 30º 0,03297+0,075565×Qimp 0,999 0,0756 45º 0,03669+0,076835×Qimp 0,997 0,0768 60º 0,04126+0,07461×Qimp 0,998 0,0746 90º 0,0128+0,07548×Qimp 0,994 0,0755 Nota-se na Figura 4.2 que não há ganho de massa nas amostras, ou seja, não há período de incubação. A Figura 4.3 mostra as quatro amostras após os ensaios. - 33 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Figura 4.3: Amostras Impactadas com os ângulos de (a) 30º, (b) 45º, (c) 60º e (d) 90º. 4.3 - Micrografia As Figuras 4.4 e 4.5 mostram, respectivamente, a superfície do material não impactado e impactado sob um aumento de 500 vezes. A segunda fotografia foi tirada da amostra (a) 30º depois de 6,0 kg de impactante. Figura 4.4: Superfície da amostra não impactada, imagem ampliada de 500 vezes. - 34 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma Figura 4.5: Superfície da amostra impactada, imagem ampliada de 500 vezes. As fotografias apresentam-se desfocalizadas em suas extremidades devido ao formato curvo da amostra, só sendo possível obter foco no centro. Pode-se notar, visualmente, nas Figuras 4.4 e 4.5 a diferença entre uma superfície não impactada, ou seja, apenas usinada, e uma superfície impactada. A segunda mostra-se com rugosidade maior que a primeira. - 35 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 5 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros Os resultados permitem concluir que: - O ângulo de impacto das partículas não influi significativamente na taxa de erosão, sendo que a variação entre a maior e a menor taxa de erosão encontrada foi de 0,66%, entre os ângulos de 45º e 60º. - Não há período de incubação para o carboneto de tungstênio impactado com areia, ou seja, não há ganho de massa inicial. - Para todos os ângulos experimentados a massa removida foi proporcional à quantidade de areia impactada. - O equipamento construído funcionou perfeitamente e mostrou-se adequado para a obtenção dos resultados. Para trabalhos futuros é sugerido: - Realizar experimentos com os mesmos parâmetros estabelecidos no item 3.4, para um ângulo de impacto de 15º. - Realizar experimentos variando outros parâmetros do item 3.4, tais como: granulometria e forma do impactante, pressão do jato, velocidade de impacto e quantidade de partículas impactadas (para verificar a possibilidade de incubação para pequenas quantidades de partículas impactadas). - Ensaiar outros materiais com os mesmos parâmetros para fins de comparação. - Avaliar a rugosidade na região impactada e comparar com uma região não impactada. - 36 - UNIFEI/IEM Trabalho de Diploma 6 - Referências Bibliográficas [1] – DEUTSCH INDUSTRIE NORM - DIN 50320 apud GAHR, 1987 [2] – AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS, Philadelphia. G40, Standard Terminology Relating friction and wear, 6p., 1988. [3] – BLAU, P. J., Glossary of terms and definitions in the field of friction, wear and lubrication. 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