[email protected] - O Estado do Maranhão - São Luís, 13 de setembro de 2010 - segunda-feira “O povo brasileiro já está sabendo escolher melhor” M Responsável por 15 campanhas eleitorais em todo o país, marqueteiro de Roseana acredita na vitória dela e de todos os governantes que estão realizando boas gestões Biaman Prado Décio Sá Da Editoria Política F O Estado – Como o senhor analisa a campanha em todo o país? Duda Mendonça - É uma campanha diferenciada. Primeiro foi a primeira campanha da entrada do Lula e agora é a da saída do Lula. Realmente o povo brasileiro começou a compreender que através da política pode mudar sua vida. Isso deu a todo mundo a responsabilidade maior de votar. O povo está escolhendo melhor: quem realmente pode melhorar minha vida e quem não pode. Está julgando resultados. Está olhando a eleição de forma mais racional. Quem é que tem condição de fazer o melhor para mim? Está aliado com quem? Isso é muito importante. É lógico que um presidente, um governador tem de melhorar a situação de todos. Mas, se for do mesmo partido e ligado, cria facilidades. O Lula está mudando muita coisa. Tenho a impressão que a gente vai continuar no mesmo caminho, crescendo mais. De uma forma geral, os governantes bem avaliados estão sendo reeleitos. Isso é sinal de que o povo não quer correr riscos. Mudar pra quê, se está dando certo? O Estado – Então é difícil para Serra reverter esse cenário com Dilma 24, 25 pontos à frente? Duda – É quase impossível. Se não acontecer nada, eu acho que a Dilma é a futura presidente da República com a força do Lula. Quando começou o horário eleitoral, ela mostrou o conhecimento que tem de Brasil, mostrou que é bem preparada. A Dilma, tudo indica, vai ter um panorama para governar até mais fácil que Lula. Eles vão eleger muitos senadores e a dificuldade que o Lula tinha no Senado, a Dilma passará a não ter. O Estado – E essa questão da quebra do sigilo que o PSDB está insistindo muito... Duda – Isso fica restrito a uma elite, a uma cidade, basicamente São Paulo. Sabe o que acontece? Independentemente do que aconteceu, do que não aconteceu – acho que as coisas têm de ser apuradas e se houve erros devem ser punidos - mas isso, coincidentemente, na época da eleição, para o povão, é fuxico de campanha. Porque isso acontece durante uma campanha e depois some. Esse é o jogo. É o sagrado direito de espernear que todos têm. O Estado – Hoje os políticos estão muito dependentes dos marqueteiros. Isso significa a profissionalização da política ou seu enfraquecimento? Suplentes de senador uito se tem falado a respeito do sistema de suplência em vigor no Senado. E obedecendo à Constituição Federal, as regras que norteiam o mandato de senador incluem duas suplências, cuja escolha não é limitada por nenhuma encrenca normativa. Para ser suplente de senador, basta ser brasileiro, maior de 30 anos, ser alfabetizado e estar filiado a um partido com a sua situação como eleitor e ser Ficha Limpa. No Maranhão, a corrida para as duas vagas de senador mobiliza, além de 10 candidatos, um pelotão de 20 candidatos a suplente, distribuídos entre os candidatos a titular. Edison Lobão (PMDB) tem como suplentes o empresário Lobão Filho (PMDB) e o pastor Herber Costa (PMDB). João Alberto tem o deputado federal Clóvis Fecury (DEM) e o ex-prefeito Ildon Marques (DEM). José Reinaldo Tavares (PSB) tem como suplentes Socorro Nascimento e Gilnei Barros. Professor Adonilson (PCdoB) é acompanhado por Sérgio Matos e Jorge Antonio. Roberto Rocha (PSDB) tem como suplentes o empresário Pedro Maranhão e o advogado Lula Almeida. Edson Vidigal (PSDB) escolheu o ex-prefeito Léo Costa e o vereador José Joaquim Ramos. Paulo Rios (PSOL) tem como suplentes o professor Saturnino Moreira e Emanuel Chaves. Professora Socorro (PSOL) tem Regivaldo Marques e Ida Machado. Luiz Noleto (PSTU) leva na chapa Janilde Santos e Maria Sales. Claudicéia Durans (PSTU) tem Maria do Carmo Durans e Waldelino Ferreira. E Charles Eletricista (PCB) é acompanhado de Idalcy Coutinho e Aneri Tavares. É esse o quadro de opções oferecido ao eleitor. Conhecidos Duda Mendonça: “No geral, os governantes bem avaliados são reeleitos. O povo não quer correr riscos” Duda – Acho que significa simplesmente a evolução. Essa importância que atribuem ao marqueteiro não é verdadeira – é meio fantasioso. Acontece que alguns políticos já tinham essa intuição natural e já faziam seu marketing. Outros não. São bons executivos, mas não olham o lado estratégico. Na verdade, o que um marqueteiro faz hoje é adequar o discurso ao canal de divulgação. É uma coisa técnica. Exemplo: um governante pode ser um excelente político, mas não sabe como construir uma ponte. E nem precisa saber. Precisa contratar um especialista para aquela área. A questão do marqueteiro existe no mundo inteiro e vai continuar a existir. Não tem essa importância que as pessoas atribuem. Graça a Deus! Acho que o marqueteiro ajuda na vitória, potencializa, faz as coisas direitas. Mas não é ele o responsável pela vitória. O responsável pela vitória é o candidato, seus projetos e seus apoios políticos. É a política quem decide, sem dúvida. O marqueteiro é apenas um instrumento de ajuda. É uma peça. É sempre assim: quando a gente ganha, a vitória é do candidato, quando perde, é do marqueteiro. É que nem técnico de futebol. O Estado – Então, o Duda Mendonça tem essa importância toda? Duda – Graças a Deus que não. A importância do Duda é ser um assessor que tem muita experiência e ajuda. Eu não posso ser visto como uma pessoa que decide a eleição. Acho que a gente potencializa os argumentos do candidato. Não é só Duda. Aqui tem uma equipe inteira. Estamos fazendo 15 campanhas nesse momento. A gente já sabe de alguma coisa. Nossa participação é potencializar as chances do candidato. Isso a gente consegue fazer. Agora, se ele ganha ou não ganha, é a vontade do povo. Seria muita responsabilidade. A gente ganha e perde e dá sorte de pegar bons candidatos - e aí facilita. O Estado – O senhor nunca pensou em entrar em política? Duda - Não. O Estado – O senhor disse em reunião da candidata Roseana Sarney que eleição se vence é no boteco... Duda – Sem dúvidas. O que a gente faz? Dá informações e argumentos para que no bar, no futebol, na praia, no metrô, no ônibus, na escola, as pessoas conversem e cada uma use seus argumentos e aquilo vai formando uma opinião. Quem fez mostra o que fez, e aí não tem jeito. O povo brasileiro está muito esperto. A cada campanha aprende mais. Não adianta bater. Aqueles que batem perdem, e perdem feio. Há mais de 10 anos que eu digo isso. O povo não leva mais em conta esses ataques. Ele quer propostas. O horário eleitoral é feito para você dizer o que pode fazer e o povo olhar: “puxa, esse cara tem propostas mais interessantes para mim, credibilidade no que faz”. E aí ele vai escolhendo o voto dele. O Estado – Aqui os adversários têm batido muito na Roseana... Duda – Eu acho ótimo quando batem porque eles caem. O povo não gosta disso. Só para você ver, a Roseana não bate em ninguém e é ela quem lidera todas as pesquisas. O Estado – Como o senhor vê esse interminável debate sobre a “oligarquia Sarney”. Duda – Esse é um discurso velho. O tempo vai rearrumando as coisas. O que interessa hoje é resultado. A Roseana chegou e em um ano fez muita coisa. Ninguém pode dizer que não porque não é inventado. Ela fez. Estão aí os hospitais, as estradas, os investimentos... A cidade mudou. As pessoas têm condições de checar isso. As obras estão na rua. O povo quer isso: menos discurso e mais resultado. O povo aprendeu que é possível, sim, o político mudar sua vida. E os políticos também descobriram que, se eles melhorarem a vida do povo, serão reeleitos. Acabou o tempo de enganar. Se ele não fizer um bom governo, não vai ser reeleito. De uma certa forma, a visão do povo mudou e mudou também a visão do governador, do prefeito e do presidente. No dia que ele toma posse, já sabe que é candidato à reeleição e vai ser fácil ou vai ser impossível a depender do trabalho. Se ele cai em campo e faz, o povo o reelege. Se ele não cai em campo e não faz, ele perde a próxima eleição. O povo começa a fiscalizar mais e a votar em quem dá resultado. E o político tem a obrigação de dar resultado, sobretudo para o povo mais pobre que descobriu sua força. É quem elege. O Estado – O senhor participou das eleições de 2008 em São Luís, portanto, já conhece alguns políticos locais de oposição. Como o senhor analisaria esse enfrentamento deles com o grupo Sarney? Duda – Talvez essa eleição marque o fim dessa história. Acompanhei muito isso na Bahia. A eleição girava contra o Antonio Carlos Magalhães. A própria oposição ficava impedida de criar novos caminhos. Acho que aqui essa coisa do lado e do contra Sarney a tendência agora é acabar. Nas próximas eleições vão surgir novas idéias e novos pontos de vista. Ser contra ou a favor 3 Estado maior Duda Mendonça, publicitário azendo 15 campanhas pelo país, o marqueteiro Duda Mendonça diz nessa entrevista exclusiva a O Estado que o trabalho dele é “potencializar” o discurso do candidato no sentido de ajudá-lo a vencer a eleição. E desconversa quando o assunto é a possível vitória da candidata Roseana Sarney (PMDB) no primeiro turno. “Eu acho que ela vai ganhar. Se vai ganhar no primeiro ou no segundo, é o povo quem vai decidir. Se quiser acabar logo no primeiro turno acaba; se quiser esperar mais uns 20 dias, a gente ganha do mesmo jeito”, disse. O marqueteiro mais famoso do país critica os ataques feitos durante a campanha, comenta sobre a oposição no Maranhão e o velho debate em relação ao grupo Sarney. Segundo ele, o “povo brasileiro está ficando esperto”, levando em conta mais os resultados que pode obter com o governo de determinado político e não outros fatos atribuídos a ele. Abaixo, a íntegra da entrevista: Política de Sarney não é o mais relevante. O mais relevante é saber o que você fez pela sua cidade. O que você pode fazer mais. O povo descobriu isso. A chegada do Lula veio quebrar todos esses paradigmas. A família Sarney já fez muita coisa pelo Maranhão. O que interessa é virar a página. Daqui para a frente as pessoas cada vez mais querem resultados. E os resultados estão aí. O trabalho da Roseana está visto e a cidade está aprovando. Se ela fez o que fez em um ano e se continuar nesse ritmo, meu Deus! Ela vai eleger o sucessor porque é isso que as pessoas querem. O Lula está aí. Passou quatro anos e se reelegeu. Agora vai eleger a Dilma. E se quiser voltar, tem tudo para voltar, se a Dilma continuar fazendo exatamente o que ele fez. Time que está ganhando não se muda. O Estado – E como está a campanha de Roseana? Duda – A campanha está maravilhosa. A estratégia está perfeita. A Roseana tem pregado a paz. É isso que as pessoas querem. Ela evoluiu, sofreu. Não adianta semear esta briga. Essa coisa da política de briga é uma coisa antiga e está mudando em todo lugar do país. Na eleição, os candidatos são adversários e não necessariamente inimigos. Depois que acabar a eleição, eles têm de encontrar uma forma, mesmo sendo de partidos diferentes, de procurar ajudar porque senão quem perde é o povo. A Roseana vem com essa mentalidade, já de deixar o passado e as brigas pra lá e governar com todos. E isso as pessoas estão vendo na prática, que é o melhor para o Maranhão. O Estado – Ela vence no primeiro turno? Duda – Eu acho que a Roseana vai ganhar. A gente tem de trabalhar dobrado. Se vai ganhar no primeiro ou no segundo, é o povo quem vai decidir. Acho que ela tem de trabalhar. Ela está bem, mostrando o que ela faz, os projetos... No dia 3 de outubro, o povo vota. Se quiser acabar logo no primeiro turno, acaba. Se quiser esperar mais uns 20 dias, a gente ganha do mesmo jeito. O Estado – E os candidatos ao Senado João Alberto e Edison Lobão. Vai todo mundo embarcar nesse trem da vitória? Duda - Não tenho dúvidas. O Lula tomou um cuidado este ano e a Dilma vai ter facilidade para governar. Ele viu como às vezes é difícil governar com o Senado contra e está elegendo muitos senadores. O Lobão e o João Alberto são políticos fortes e tudo indica que os dois serão eleitos também. O grupo da Roseana e da Dilma está fortalecido no Brasil inteiro. O governo deve fazer a maioria no Senado, e isso é muito bom. Os peemedebistas João Alberto e Edison Lobão optaram por conhecidos e com pés na política. Além de ser deputado federal, Clóvis Fecury preside o DEM no Maranhão, enquanto Herber Costa tem militância efetiva na comunidade evangélica. Por sua vez, Lobão Filho é empresário, já foi suplente e também senador por dois anos, enquanto Ildon marques, além de empresário de ponta, foi duas vezes prefeito de Imperatriz e já passou pelo Senado. Mesma linha Também os tucanos Roberto Rocha e Edson Vidigal foram buscar suplentes conhecidos. Rocha chamou o empresário Pedro Maranhão, que desde os anos 80 se envolve com a política local. E Lula Almeida, figura controvertida, mas ativa na política de Imperatriz. Léo Costa já foi prefeito de Barreirinhas, enquanto José Joaquim é vereador de São Luís. Desconhecidos José Reinaldo Tavares optou por suplentes desconhecidos: Socorro Nascimento e Gilnei Barros. O mesmo aconteceu com Professor Adonilson, que tem como suplentes Sérgio Matos e Jorge Carvalho. As demais chapas não surpreendem, exceto no PSOL, onde uma briga intestina sufoca a candidatura de Professora Socorro e seus suplentes José Regivaldo e Ida Machado. Reviravolta I E chegou a reviravolta no PSOL: Paulo Rios não vai mais pontificar sozinho no horário do partido para candidato a senador. O outro candidato, Professora Socorro, que por causa de briga interna foi expurgada no horário eleitoral, deu a volta por cima na Justiça. Conseguiu ontem uma liminar que obriga o PSOL a ceder-lhe espaço no horário eleitoral Reviravolta II O juiz eleitoral Tyrone Silva considerou que a proibição não tinha base legal e determinou a inclusão imediata de Professora Socorro na propaganda do partido. No mandado de segurança que impetrou, Professora Socorro acusou parte do comando estadual do partido de perseguição e intolerância. Professora Socorro vai estrear hoje no horário eleitoral, contra a vontade de Paulo Rios. Mentirinha Terceiro colocado na corrida ao Senado – bem distante dos líderes, os peemedebistas Edison Lobão e João Alberto -, o “socialista” José Reinaldo Tavares parece entrar em parafuso. Disse, em entrevista, que João Alberto, se eleito, deixará o Senado para ser candidato a prefeito de Bacabal. - Com mais de 70 anos de idade, esse senhor deveria se poupar do vício de mentir – diz o deputado Roberto Costa. Peso eleitoral I Numa operação matemática, o jornalista Marco Aurélio D`Eça identificou, em termos percentuais, o peso eleitoral dos 10 maiores municípios do Maranhão. Seguem os colégios e seus números e percentuais são os que se seguem: 1 - São Luís: 668.817 eleitores (15.465%) do eleitorado maranhense; 2 - Imperatriz: 156.922 eleitores (3.629%); 3 - Caxias: 102.386 eleitores (2.368%); 4 - Timon: 100.199 eleitores (2.317%); e 5 - Codó: 77.993 eleitores – 1.803%. Peso eleitoral II Na seqüência dos 10 colégios eleitorais mais importantes do Maranhão, estão os seguintes: 6 - São José de Ribamar: 75.438 eleitores (1,744%); 7 - Açailândia: 70.240 eleitores (1.624%); 8 - Bacabal: 63.475 eleitores (1,458%); 9 - Santa Inês: 54.965 eleitores (1,270%); e10 - Barra do Corda: 54.644 eleitores (1,264%) do eleitorado maranhense. Na avaliação de políticos tarimbados, um desempenho nesses colégios significa passo decisivo nas eleições majoritárias. “Fogo amigo” I Por mais que se esforcem, os líderes da ultra-esquerda no Maranhão não conseguem esconder o fosso que existe entre as correntes. Além de não se juntarem em torno de uma candidatura de consenso, os chefes do PSTU, PCB e PSOL bombardearam a trégua que firmaram no início da campanha. O clima agora entre eles é de animosidade. “Fogo amigo” II E, como sempre, a trégua foi rompida pelo PSTU, cujo candidato ao Senado, Luiz Noleto, disparou chumbo grosso contra seus parentes ideológicos mais próximos. A artilharia foi disparada na semana passada, no horário eleitoral gratuito, onde Noleto acusou seus “primos” partidários de conivência com a burguesia. PCB e PSTU, tudo indica, não responder. E MAIS •Perguntar não ofende: quando Cláudia Durans, candidata a vice- presidente da República pelo PSTU, vai atualizar sua fala no Maranhão e se mostrar ao país? •A deputada Nice Lobão (DEM) intensificou ontem sua campanha em São Luís, com um grande bandeiraço na Avenida Litorânea, no fim da manhã. •Foi assunto intensamente discutido durante o fim de semana a lista de prováveis eleitos elaborada pelo deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB). •O deputado federal Waldir Maranhão faz uma campanha de peso em São Luís, com reuniões e bandeiraço em pontos estratégicos da cidade. •Faltam exatamente 20 dias para a corrida do eleitor às urnas.